Conceitos Gerais_Sistemas de Sinalizacao.pdf

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SINALIZAÇÃO Conceitos Gerais Marcar, assinalar e sinalizar não são exatamente sinônimos, mas suas práticas coincidem em ações comuns que derivam da função da informação com o objetivo de direcionar, identificar e informar. Muitos são os termos encontrados e utilizados para denominar esta área do Design. Estas denominações foram se modificando ao longo dos anos refletindo a complexidade ao incorporar novos atributos no seu desempenho. Em fontes especializadas (ADG Brasil, 2004 e MOZOTA, 2003) e na prática profissional, encontra-se o uso de denominações diversas: Sinalização, Programação Visual, Comunicação Visual, Design Ambiental, Design Total, Ambientação, Design da Informação, Wayfinding Design, Design gráfico-ambiental, Sistemas de Sinalização, Sinalização Interna, Identificação de Fachadas, etc. O termo Sinalização, em inglês "Signage" e em espanhol "Señalización", é compreendido geralmente como sinalização viária (a indicação ou advertência destinada a orientar motoristas). Interpreta-se, também, como o suporte físico sobre o qual se aplicam informações de qualquer natureza, ou seja, a placa. "Há dois tipos de design ambiental, o de sinalização e o de ambientação. Projetos de sinalização costumam ser implantados em edifícios complexos, tais como shopping centers, supermercados, escolas e universidades, terminais de transporte (aeroportos, rodoviárias, portos etc.), hospitais, museus e espaços culturais. Sua principal tarefa é otimizar – por vezes até viabilizar – o funcionamento desses edifícios, como também auxilia na regulamentação de eventos de grande abrangência as olimpíadas, copas do mundo, feiras mundiais, etc. Já os projetos de ambientação podem ser chamados de design total: são recintos inteiramente concebidos pelo designer, tais como uma exposição, o estande de um local para abrigar um evento etc." (Guia ADG Brasil, 2004). "Environmental Design, compreende o planejamento do espaço físico para uma empresa, e o projeto de todos os espaços que a representam fisicamente: fábricas, áreas administrativas, áreas de produção, espaços comuns (refeitórios, recepções), espaços comerciais, (lojas, quiosques, corners de lojas de departamentos), exposições e stands" (MOZOTA, 2003). Chris Calori, designer americana e membro da SEGD (Society for Environmental Graphic Designers), em seu recente livro, "Signage and Wayfinding Design: A complete Guide to Creating Environmental Graphic Design Systems (2007), define esta atividade como Environmental Graphic Design (Design Gráfico–Ambiental), que envolve a sistemática da informação coesa e um sistema gráfico visualmente unificado identificando o ambiente construído. Mais uma vez, os designers se deparam com a insuficiência de definições ou definições equivocadas para definir o mesmo campo de atuação e conhecimento. Joan Costa (docente de Imagem e Comunicação da Universidade Autônoma de Barcelona) propõe o uso do termo Señalética para denominar a atividade por ele assim definida: “A Señalética nasce da ciência da comunicação social, ou da informação e da semiótica. Constitui uma disciplina técnica que colabora com a engenharia da organização, a arquitetura, o ambiente e a ergonomia, sob o vetor do design. A Señalética responde à necessidade da informação ou orientação provocada e ampliada pelo fenômeno contemporâneo da mobilidade: deslocamento de grupos de indivíduos de diferentes procedências geográficas, condições socioeconômicas e culturais distintas, implicando na ideia da circunstancialidade, gerando novas situações” (COSTA, 1992).

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SINALIZAÇÃO Conceitos Gerais Marcar, assinalar e sinalizar não são exatamente sinônimos, mas suas práticas coincidem em ações comuns que derivam da função da informação com o objetivo de direcionar, identificar e informar. Muitos são os termos encontrados e utilizados para denominar esta área do Design. Estas denominações foram se modificando ao longo dos anos refletindo a complexidade ao incorporar novos atributos no seu desempenho. Em fontes especializadas (ADG Brasil, 2004 e MOZOTA, 2003) e na prática profissional, encontra-se o uso de denominações diversas: Sinalização, Programação Visual, Comunicação Visual, Design Ambiental, Design Total, Ambientação, Design da Informação, Wayfinding Design, Design gráfico-ambiental, Sistemas de Sinalização, Sinalização Interna, Identificação de Fachadas, etc. O termo Sinalização, em inglês "Signage" e em espanhol "Señalización", é compreendido geralmente como sinalização viária (a indicação ou advertência destinada a orientar motoristas). Interpreta-se, também, como o suporte físico sobre o qual se aplicam informações de qualquer natureza, ou seja, a placa.

"Há dois tipos de design ambiental, o de sinalização e o de ambientação. Projetos de sinalização costumam ser implantados em edifícios complexos, tais como shopping centers, supermercados, escolas e universidades, terminais de transporte (aeroportos, rodoviárias, portos etc.), hospitais, museus e espaços culturais. Sua principal tarefa é otimizar – por vezes até viabilizar – o funcionamento desses edifícios, como também auxilia na regulamentação de eventos de grande abrangência as olimpíadas, copas do mundo, feiras mundiais, etc. Já os projetos de ambientação podem ser chamados de design total: são recintos inteiramente concebidos pelo designer, tais como uma exposição, o estande de um local para abrigar um evento etc." (Guia ADG Brasil, 2004). "Environmental Design, compreende o planejamento do espaço físico para uma empresa, e o projeto de todos os espaços que a representam fisicamente: fábricas, áreas administrativas, áreas de produção, espaços comuns (refeitórios, recepções), espaços comerciais, (lojas, quiosques, corners de lojas de departamentos), exposições e stands" (MOZOTA, 2003).

Chris Calori, designer americana e membro da SEGD (Society for Environmental Graphic Designers), em seu recente livro, "Signage and Wayfinding Design: A complete Guide to Creating Environmental Graphic Design Systems (2007), define esta atividade como Environmental Graphic Design (Design Gráfico–Ambiental), que envolve a sistemática da informação coesa e um sistema gráfico visualmente unificado identificando o ambiente construído. Mais uma vez, os designers se deparam com a insuficiência de definições ou definições equivocadas para definir o mesmo campo de atuação e conhecimento. Joan Costa (docente de Imagem e Comunicação da Universidade Autônoma de Barcelona) propõe o uso do termo Señalética para denominar a atividade por ele assim definida:

“A Señalética nasce da ciência da comunicação social, ou da informação e da semiótica. Constitui uma disciplina técnica que colabora com a engenharia da organização, a arquitetura, o ambiente e a ergonomia, sob o vetor do design. A Señalética responde à necessidade da informação ou orientação provocada e ampliada pelo fenômeno contemporâneo da mobilidade: deslocamento de grupos de indivíduos de diferentes procedências geográficas, condições socioeconômicas e culturais distintas, implicando na ideia da circunstancialidade, gerando novas situações” (COSTA, 1992).

Segundo Joan Costa, entende-se por señalética o funcionamento instantâneo e automático da informação através de sinais visuais relacionados aos indivíduos. É uma disciplina técnica que se aplica à morfologia espacial, arquitetônica, urbana, e à organização dos serviços. Sua finalidade é a informação, inequívoca e instantânea. O seu funcionamento se dá através da interação das mensagens visuais e a reação a estas mensagens. O sistema de comunicação é composto por um código universal de sinais, símbolos (iconográficos, tipográficos, e cromáticos) e um procedimento técnico que estabelece previamente um programa (planejamento). A sua estratégia de comunicação é a distribuição lógica de mensagens fixas, ou estáticas localizadas “in situ”, destinadas à atenção voluntária e seletiva do usuário nos pontos-chave do espaço, que pressupõem dilemas de comportamento. A señalética não impõe a atenção do público, não provoca impacto, nem recorre à atração estética. Talvez seja o exemplo mais significativo da comunicação funcional. Sua linguagem é predominantemente sintetizada, não discursiva e evita a retórica visual. Seu princípio é o da economia generalizada: máxima informação com o mínimo de elementos e com o mínimo de esforço do receptor para sua identificação e compreensão. Sua presença é silenciosa, sua ocupação é discreta, pode ou não ser utilizada, e deve desaparecer de imediato do campo de conhecimento do usuário. Joan Costa considera que a señalética é uma evolução da prática da sinalização, aplicada a problemas particulares de informação espacial, que se integra ao espaço, ao ambiente e contribui para reforçar uma imagem de marca. Os sistemas de señalética se incorporam aos sistemas de identidade corporativa. Sinalização é um termo muito amplo e genérico: pode-se dizer que gestos são utilizados para sinalizar. Uma simples dobra no canto superior de uma página é compreendida como um sinal, uma marca que pode ter um significado: retomar a leitura a partir deste ponto. Quando marcamos um ponto, o destacamos ou o diferenciamos no ambiente, estamos sinalizando aquele ponto.

“Encontrar o caminho não é um dom ou uma capacidade inata que qualquer um tem ou não tem. É uma condição para a própria vida (...). Viver com nossas respectivas formas de navegar (wayfinding) é uma premissa básica para a nossa liberdade e a nossa autoconfiança. Sabendo onde estou, a minha localização, é condição prévia para saber onde eu tenho que ir, onde quer que seja” (AICHER apud UEBELE, 2007, pág. 7).

Já o projeto de mobiliário urbano, segundo Mourthé (1998), sempre esteve presente em nossas cidades como complementação do espaço urbano e sejam eles de serviço, de lazer ou de comércio, são produtos de uso público que ajudam a compor o espaço. E dessa maneira, deve ser pensados de forma conjunta com os demais elementos, assim como a sinalização (SERRA, 1996). Funções da sinalização A sinalização não deve dar lugar a interpretações diferentes. Sua função é comunicar uma mensagem pelo caminho direto, o mais efetivo. Desta maneira na comunicação gráfica a aplicação de signos e símbolos tornou-se de suma importância. Símbolos universalmente entendidos foram desenvolvidos para diversas finalidades, tais como, por exemplo, as regulamentações de tráfego. Neste contexto, as funções da sinalização podem ser classificadas em identificar, direcionar e advertir (Follis e Hammer, 1979). Porém Bastos (2004) salienta que além destas três funções, a sinalização ainda trabalha com as questões de advertir, ambientar e particularizar a informação. É importante também, quando trabalha-se com sinalização, ater-se ao significado atribuído, a

mensagem transmitida e a atmosfera criada, ou seja, deve participar da construção da mensagem ambiental do espaço ou do prédio em que está inserido. Locais de grande fluxo de pessoas são talvez os maiores desafios para os projetistas de sistemas de sinalização. Hospitais, shoppings centers, aeroportos, rodoviárias, estádios de futebol ou vilas olímpicas tendem a receber pessoas de todas as partes do mundo. Essa miscelânea étnica obriga o profissional a criar padrões - unidades identificáveis de uma família de signos - formais, de fácil reconhecimento para uma determinada atividade, local ou serviço, independente da origem do usuário, cultura ou fator social. A sinalização tem como objetivo primário a indicação rápida e eficiente dos caminhos, das direções, da localização de elementos espaciais que estão dispersos em um ambiente amplo. A sinalização tem caráter de informar além do que se vê, propor decisões em tempo hábil, alertar para a segurança do espaço e ainda confere uma identidade ao lugar, através de grafismos, suportes instalados em fachadas ou paredes etc. É, portanto, um dispositivo de interface da instituição, dona do espaço, com o usuário que o usufrui. O modo como as pessoas se localizam no espaço construído (edificações) ou aberto (paisagem) é chamado Wayfinding, e tem a ver com as características de cognição pessoal, além do contexto cultural do usuário. O trabalho realizado pelo designer de sinalização também pode ser chamado, segundo Per Mollerup, de Wayshowing. Destaca-se que é sempre necessário manter diálogo com o espaço e/ou a arquitetura da edificação onde será implantado o projeto. Geralmente é um trabalho realizado em parceria, onde o arquiteto já pensou na circulação e na distribuição da área - concepção do espaço - cabendo ao designer facilitar a orientação e a comunicação dentro dele. São necessários conhecimentos nos campos do Design Gráfico, da Arquitetura, do Design de Interiores (iluminação, texturas, cores etc.), além da contribuição de outras áreas como Engenharia, Psicologia e Sociologia, dependendo da particularidade do projeto. Os Sistemas de Sinalização devem durar muitos anos, devido ao alto investimento exigido em materiais e desenvolvimento. Materiais como polímeros, vinil, aço, alumínio, acrílico, vidro, entre outros, oferecem uma série de possibilidades disponíveis no mercado, facilitando o trabalho dos profissionais da área em relação aos possíveis partidos adotados para o ambiente estudado. O material escolhido influencia na percepção do usuário (Ex: ele não pode refletir demais, ou ser escuro demais etc.), precisa ter durabilidade, ser legível etc. Além disso, materiais recicláveis podem ser utilizados nos suportes, trazendo uma nova qualidade aos objetos e ambientes. Os materiais podem ser abordados, de uma maneira geral, segundo a classificação de Gibson (2009): os Básicos (metal, vidro, madeira e pedra, e todas as suas subclassificações), os Sintéticos (plásticos flexíveis, plásticos duros e materiais compostos) e os Sustentáveis (os certificados e reciclados). E as técnicas, por sua vez, consistem no trabalho com os materiais e podem ser divididas em Gráficas (gravação e impressão), de Geração de Formas (corte e fabricação), de Montagem (fixação e sustentação) e de Acabamento (Figura 5).

Sistemas de sinalização - Tipologias e Usos Um sistema de sinalização deve sempre objetivar o usuário eventual – aquele que utiliza o serviço pela primeira vez. O tratamento dado aos sinalizadores deverá contribuir para a humanização e ambientação dos espaços onde estão inseridos. Dentre os critérios convencionais de informação podemos citar alguns elementos de comunicação: • Painel de “Humanização”: geralmente propostos para edifícios e ambientes onde

predominam a monotonia ou grandes panos de paredes.

Fotos: Vânia Bueno | Painel:(Tomie Otake)

• Letreiro: São elementos de comunicação de longa distância, visíveis a uma distância média de duas a três quadras, no mínimo, algo em torno de 500m e 700m, dispostos em pontos estratégicos de forma tal a propiciarem a referida visibilidade. Podem ser luminosos ou iluminados. Identificam a entidade ou empresa.

• Pórtico: Também denominados “MARCO” tem por objetivo marcar, identificar e definir

acessos principais dos diversos edifícios e sobre os quais serão aplicadas as informações referenciais a cerca da instituição.

• Totem: Os totens tem funções similares ao pórtico, que também são utilizados em pontos

estratégicos cumprindo seu papel informativo e dando suporte aos demais elementos. Eles podem ser apresentados em tamanhos diversos, que vão de “totem de mesa” ao de grande porte (internos e/ou externos).

• Sinalização dinâmica: Composta de informações e pictogramas de direção

(indicadores/setas) direcionam fluxos externos e internos, indicando caminhos e acessos. São colocados normalmente em pontos de conflito como grandes espaços de espera, halls, diante de escadas, elevadores e corredores. De acordo com as condições locais, paredes, pé direito e tipos de piso e forros ou lajes estes elementos podem ser fixados no teto, no piso e ou na parede.

Sinalização aérea dinâmica Sinalização dinâmica com mapa referencial

Totem c/ sinalização dinâmica Sinalização estática e dinâmica

Sinalização estática: São utilizadas para identificar os ambientes com informações compostas por imagens e/ou textos aplicados geralmente ao lado das portas, sobre as portas, elevadores, extintores de incêndio entre outros.

• Pictogramas: Elementos convencionais de caráter internacional, identificam ambientes, caixa

de energia, incêndio, sanitários, copa, saídas, saídas de emergência entre outros. Componentes de um sistema de sinalização Um sistema de sinalização pode ser composto pelo conteúdo, pela forma e pelos materiais e as técnicas. O conteúdo representa a demanda, o problema e a solução com que o designer tem que trabalhar. A forma representa a maneira com que o conteúdo vai ser apresentado ao usuário.

Ela pode ser representada através de tipos e figuras, além da cor. Os materiais e as técnicas são os meios de materializar o conteúdo e a forma (Figura 1).

O conteúdo consiste na informação propriamente dita. E já que diferentes espaços e diferentes situações requerem diferentes elementos de sinalização, o conteúdo a ser apresentado pode ser classificado, segundo Gibson (2009), em: sistemas de identificação, sistemas direcionais, sistemas de orientação e sistemas regulatórios (Figura 2).

Segundo Bormio (2005), pode-se dividir a sinalização da seguinte maneira: - Sinalização Direcional: indicando espaços, escadas, saídas e outras dependências que envolvam a segurança; - Sinalização Locacional: indica o exato local onde se encontra e sua função (sanitários, auditórios etc.); - Sinalização Informativa/de Conscientização: para dar mensagens de natureza geral, não prescritas nos itens antes descritos (informações históricas, horário de funcionamento, categoria de vegetação etc.); - Sinalização de Perigo/Emergência; - Sinalização de Restrição/Precaução/Instrução de Segurança; Ainda, segundo o mesmo autor, um bom sistema de sinalização ainda deve possuir as seguintes qualidades: 1. Máxima visibilidade; 2. Agir com oportunidade (máxima facilidade de interpretação); 3. Obedecer a uma padronização, isto é, familiarizar o trabalho com as indicações que se pretende estabelecer (a padronização envolve: caracteres gráficos empregados, cores, dimensões, localização e disposição); 4. Não deve ser dispersiva (não haja acúmulo de sinais, não deve haver misturas de avisos); 5. Não deve ser agressiva, isto é, não criar outro risco. A forma é então representada pelos tipos e pelas figuras, que ainda podem ser subdivididas, além de imagens, em pictogramas, grafismos e mapas. A escolha do tipo ou da fonte, ou ainda da família tipográfica a ser usada, deve levar em consideração aspectos técnicos como a legibilidade e estéticos como a adequação ao ambiente e a mensagem ser passada. Neste ponto, é importante abordar os conceitos de legibilidade e facilidade de leitura, que não são a mesma coisa, como pode parecer em um primeiro momento, embora uma influencie a outra (JURY, 2007). Legibilidade diz respeito ao grau de nitidez que permite distinguir caracteres individuais uns dos outros ou ao tamanho e ao contraste destes em relação ao seu suporte. Facilidade de leitura diz respeito a composição e a diagramação desses caracteres. Os pictogramas são extremamente úteis e devem ter alto poder de concisão e entendimento universal, embora possa e deva estar contextualizado ao ambiente (Figuras 3 e 4). Os pictogramas são representações pictóricas1 que apresentam fatos complexos não através de palavras ou sons, mas através de significados visuais (KAPITZKI in ABDULLAH, 2007). Devem ter uma interpretação aberta, clara e completa como um sistema. Existem formas padronizadas de pictogramas, como a sinalização para banheiros, achados e perdidos, restaurantes, casas de câmbio. O mais famoso foi criado pela AIGA e amplamente utilizado desde a década de 1970. No Brasil foram padronizados os pictogramas da área de segurança: saídas de emergência, rotas de fuga e aparelhos de combate a incêndio. Os grafismos podem ser representados pelas setas, com função de direcionar, e por outros elementos usados com função de diagramar e ambientar a informação nos seus suportes. E, por sua vez, os mapas descrevem a organização de um espaço e as relações entre os elementos de um lugar e seus caminhos (podem ser divididos em categorias, cada uma com suas próprias necessidades: espaços urbanos, espaços públicos, espaços internos e complexos de comércio).

E no que diz respeito a cor, segundo Uebele (2007), ela entra no processo de projeto emprestando seu significado e simbolismo através da criação ou reforço de uma identidade e como elemento chave na localização e percepção da informação.

Figura 3: Pictogramas desenvolvidos na disciplina na área do Parque Germânia – Porto Alegre RS. Fonte: Alunos Stefan Fernandes e Caroline Führ (2009).

O Pictograma se difere do Iconograma, que é uma ilustração representativa, com ênfase nos pontos em comum entre significado e significante; do Diagrama, que é uma representação funcional, mais que pictórica; e do Ideograma, que é a representação de um conceito, independente de qualquer relação formal com o objeto representado. Procedimentos sequenciados para Projetos / Sistemas de Sinalização e Comunicação Visual Diagnóstico Consiste no levantamento de dados necessários e suficientes para o entendimento do conjunto da(s) obra(s) a serem sinalizadas. Os levantamentos consistem em: Inventário fotográfico e Projeto de Arquitetura atualizada ou cadastral. É sempre conveniente uma verificação, in loco, do material fornecido pelo cliente. 1. Inventário fotográfico: 1.1 Exterior As fotografias deverão abordar ângulos e situações que simulem a visualização possível dos diversos tipos de usuários e de que modo estes se aproximam do edifício em estudo; ou seja, de veículo particular, de veículo coletivo ou a pé. Deste modo é recomendável que as tomadas sejam feitas a partir de pontos estratégicos visando compreender os pontos fortes do objeto arquitetônico. As distâncias são definidas a partir de, pelo menos, 200,00 metros em ambos os sentidos, reduzindo-se gradativamente para 100,00 50,00 e 10,00 metros respectivamente. Sempre que possível é recomendável o uso de câmeras filmadoras a partir dos mesmos percursos- estas possibilitam outras visualizações e simulam movimentos que contribuem no sentido de ampliar a percepção da paisagem urbana.

Com base nas fotografias e, simultaneamente, com a planta de implantação torna-se possível a constatação de diversos fatores determinantes e definidores de conceitos e partidos. Utilizando as bases fotográficas pode-se traçar os primeiros estudos quanto às localizações de letreiros, totens, elementos de comunicação visual tais como cromatismos, tarjas, proposições de revestimentos e um elenco de elementos que conferirão identidade ao edifício ou conjunto de edifícios. 1.2 Interior Da mesma forma que nos ambientes externos, internamente, as fotografias deverão ser efetuadas considerando a posição e altura dos observadores dentro de uma trajetória obvia e corriqueira. Não se trata de obter o ângulo mais fotogênico ou que valorize aspectos dos ambientes, mas aqueles que revelam a percepção dos usuários. Nas análises dos resultados obtidos devem ser levadas em conta as larguras, comprimentos, alturas, materiais de piso, teto e parede, cartazes, aberturas, texturas cores, mobiliário, iluminação natural e artificial. 2. Projeto de arquitetura atualizado O projeto de arquitetura ou plantas cadastrais deverão estar atualizados sob pena de invalidar o projeto/sistema de sinalização. Existe uma correlação entre todos os elementos sinalizadores e determinadas indicações e esclarecimentos são parte do conteúdo destes elementos. Basta que um ambiente esteja em desconformidade para que todo o sistema apresente falhas- principalmente em sistemas alfanumérico onde a proposição parte de uma sequencia de entendimentos lógicos e imediatos. O projeto ou planta cadastral deve contemplar os seguintes conteúdos: 2.1 Implantação: Com definição de acessos, estacionamentos, áreas verdes, áreas construídas e áreas pavimentadas. As coberturas e caixas d água muitas vezes aparecem na implantação e em outras a planta do andar térreo. Na implantação, ficam registradas a locação de letreiros, totens, sinalizadores dinâmicos, caracterização de vagas com respectivos pictogramas. 2.2 Planta do subsolo: Quando houver subsolo no edifício torna-se necessário a caracterização das vagas com pintura amarelo ouro reflexivo nos pisos, nos pilares e nas paredes, assim como as sinalizações de emergência, acessibilidade, saídas, e demais sinalizadores de trânsito que se fizerem necessários. 2.3 Planta dos pavimentos: Sinalizadores dinâmicos com respectivos indicadores de fluxos, sinalizadores estáticos identificando ambientes, sinalização de piso por código cromático e táteis, mapas referenciais, terminais para PNE com sonorização e código Braile e pictogramas para dispositivos de incêndio, acessos de emergência, máquinas e equipamentos. Detectar pontos de interesse, pontos estratégicos e pontos de conflito. 2.4 Cortes: Nos cortes aparecem especificações e definições de alturas de piso a teto, piso a forro e piso a peitoris. São utilizados em sinalização e comunicação visual para detalhar aspectos do projeto. 2.5 Fachadas: As fachadas ou elevações servem como elemento de projeto para a definição de comunicação visual a partir do uso de cores, materiais e texturas e respectivos sinalizadores. 2.6 Maquetes: Quando o projeto/sistema de sinalização é elaborado concomitantemente aos projetos de arquitetura e complementares faz-se necessário o uso de maquetes eletrônicas do exterior e do interior sobre as quais são simuladas imagens que darão a noção exata dos conceitos contidos no projeto.

Observação: Durante a fase de diagnóstico fundamental tentar perceber o nível de dificuldade que cada tipo de usuário pode ter. Tão importante quanto um bom diagnóstico é efetuar uma entrevista com questionário pré-elaborado e aplicado aos funcionários e usuários cotidianos destes espaços. • Proposta teórica e bases conceituais: Antes de elaborar os estudos preliminares e projeto é

prudente elaborar uma proposta de intervenção global que considere aspectos conceituais onde se definem aspectos essenciais do projeto/sistema. Por exemplo: código cromático, materiais de suporte, tecnologias, mensagem, imagem dirigida e público alvo.

• Estudos preliminares, anteprojeto e projeto executivo: Com base na proposta teórica

pode-se dar início aos estudos preliminares para apresentação aos clientes e contratantes. Após a aprovação dos estudos são elaborados os anteprojetos para orçamentos e por fim o projeto executivo, prototipagem e detalhamento.

Segue abaixo uma síntese do processo de projeto que auxilia na esquematização do projeto de sinalização: 1. Passos do processo de projeto:

• Defina o problema • Elabora o programa de necessidades • Desenvolva o conceito do projeto • Avalie as alternativas • Tome decisões de projeto • Desenvolva e refine o projeto • Implemente o projeto • Reavalie o projeto final

2. Defina o problema:

• Identifique as necessidades do cliente - quem, o que, quando, onde, como, por quê? • Estabeleça os objetivos preliminares - exigências funcionais, imagem estética e estilo,

estímulo psicológico e significado. 3. Elabore um Programa de Necessidades:

• O que existe? Colete as informações relevantes, documente o contexto físico/cultural, descreva os elementos existentes.

• O que se deseja? Identifique necessidades e preferências do(s) usuário(s), esclareça objetivos, desenvolva matrizes, tabelas, diagramas deadjacências espaciais (o que deve existir naquele ambiente, quais intenções, aspectos estéticos e sensoriais, espacialidade etc.).

• O que é possível? O que pode ser alterado... o que não pode? O que pode ser controlado... o que não pode? O que é permitido... o que é proibido? Defina prazos e limites econômicos, legais e técnicos (neste caso não considerem o fato custo/preço ok).

4. Desenvolva o conceito do projeto:

• Considere todas as ideias - Faça diagramas dos principais relacionamentos funcionais e espaciais (qual relação entre função/espaço/uso); Atribua valores a questões e elementos fundamentais; Busque formas de combinar várias boas ideias numa ideia única e ainda

melhor; Manipule as partes para ver como uma modificação poderia afetar o conjunto; Analise a situação sob diferentes pontos de vista.

• Definia do conceito - Verbalize, ilustre, apresente as principais ideias de projeto de maneira concisa.

• Desenvolva desenhos esquemáticos - Estabeleça as principais relações funcionais e espaciais; Mostre os tamanhos e formatos relativos dos elementos importantes; Desenvolva diversas alternativas para estudos comparativos.

5. Avalie as alternativas:

• Compare cada alternativa com os objetivos do projeto • Pese os benefícios e os pontos fortes contra os custos e riscos de cada alternativa • Classifique as alternativas em termos de adequação e efetividade

6. Tome decisões de projeto:

• Combine os melhores elementos de projeto no projeto final - Faça desenhos preliminares; Desenhe em escala; Mostre detalhes importantes da arquitetura de interiores;

• Faça uma seleção dos materiais - Desenvolva esquemas de cores e acabamentos alternativos; Colete amostras de materiais.

• Faça uma seleção preliminar dos móveis, elementos de sinalização e de iluminação. • Prepare uma apresentação para aprovação preliminar.