CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES:...

48
MARIANE MESQUITA CHAPARRO CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES: EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CORUMBÁ- MS UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Corumbá-MS 2014

Transcript of CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES:...

MARIANE MESQUITA CHAPARRO

CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES:

EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CORUMBÁ- MS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Corumbá-MS

2014

UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

MARIANE MESQUITA CHAPARRO

CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES:

EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CORUMBÁ, MS

Corumbá-MS

Julho-2014

MARIANE MESQUITA CHAPARRO

CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES:

EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CORUMBÁ, MS

Monografia apresentada como requisito parcial

para conclusão do Curso de Educação Física para

obtenção do Título de Licenciado em Educação

Física.

Orientadora: Profª. Me. Hellen Jaqueline

Marques

Corumbá-MS

2014

MARIANE MESQUITA CHAPARRO

CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES

EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CORUMBÁ, MS

Trabalho de Conclusão, apresentado ao Curso de Educação Física da Universidade

Federal de Mato Grosso do Sul como requisito parcial para obtenção do Título de

Licenciado em Educação Física.

AGRADECIMENTOS

O que posso dizer, são meus sinceros agradecimentos, a todos que contribuíram

direta e indiretamente, para que eu conseguisse chegar até aqui.

Agradeço com todo o meu amor, a minha família, aos meus tios, tias, primos,

primas e avó, mas principalmente a meu pai Einor que me ensinou a ter princípios; a

minha mãe Maria do Carmo que me ensinou a ter caráter, a minha irmã Edimara, que

sempre me fez ter perseverança na vida, independente dos problemas, e às minhas

sobrinhas Giovana e Gabriela, que ensinaram-me a ser uma tia coruja. E o principal,

obrigada pelo amor que me deram, pois esse sentimento é o mais puro e insubstituível,

que um ser humano possa ter e repassar.

Claro que não podia deixar faltar, em falar das grandes amizades, começando

pelas antigas amigas, que estão comigo desde a época do colégio. Essas mesmo estando

longe nunca me abandonaram, obrigada mesmo por ouvirem minhas reclamações de

quão difícil era a tal da faculdade. Hevelen, Juliana, Gabriela, Tayla, Jéssica e Sara,

obrigada por me aturarem sempre, e por trocar informações sobre TCC, estágios, festas

universitárias e por ai vai.

Ressalto que a ênfase maior dentre todas elas, é para Sara Santana, que tornou-se

um membro da família, minha segunda irmã. Obrigada minha cumplice, por me

proporcionar sempre fortes momentos, me colocando em enrascadas e vice versa. E com

certeza, não podia faltar a senhora tua mãe Anamaria Santana, que também tornou-se

minha outra mãe. Sou eternamente grata, pelo apoio moral e afetivo que sempre me dão.

Muito obrigada aos meus queridos (as) amigos que fiz na faculdade, ressaltando

a primeira turma. Por termos sido a primeira turma do curso de Educação Física,

passamos por muitas situações ruins mas boas. Fomos os cobaias, fomos os primeiros, e

sempre seremos os pioneiros. Confesso que nunca imaginei me tornar amiga de pessoas

tão distintas, uma turma mista, possuindo várias idades, e cada um com seu valor. Mas

aprendi muito com cada um, e devo um pouco da minha maturidade e persistência no

curso a todos vocês. Obrigada do fundo do meu coração ao Edilson, Jonnyffer, Deived,

Bruno, Ronaldo, Gerson, Joeci, Letícia, Amanda, Guto e a todos os outros guerreiros da

turma alfa.

Obrigada também para aquelas amizades que não são menos importantes, e que

fiz na universidade, em especial a Tammi Borges, uma amiga que carregarei para

sempre comigo, e que contribuirá sempre em minha vida.

Sou extremamente grata, a todos os professores deste curso, por terem a

competência, a seriedade, e a vontade de transmitir todo o conhecimento possível, para

eu me tornar conjuntamente uma profissional da área da Educação Física. Obrigada

principalmente a minha orientadora Hellen Jaqueline Marques, pela paciência, pela

dedicação, pelo auxílio e pelo subsídio dado a mim, para que este trabalho fosse

construído e concluído.

Para finalizar meus agradecimentos, gostaria de demonstrar a minha infindável

gratidão, pela Ricelly Aline Camargo de Sousa o amor da minha vida, minha eterna

companheira, que sempre está ao meu lado, me apoiando, me incentivando,

demonstrando todos seus valores, me ensinando a não desistir dos meus sonhos, por

mais que sejam difíceis, mas que eu tenha convicção que vou alcança-los.

Contudo, obrigada a todos os participantes da minha vida, por participarem de

mais essa conquista.

RESUMO

A presente pesquisa trata da concepção de beleza corporal dos adolescentes em uma

Escola Pública no município de Corumbá, MS. Este trabalho teve como objetivo

verificar se os jovens atualmente acreditam existir um padrão de corpo ideal, de qual

forma é disseminado esse padrão, se existe insatisfação corporal dos adolescentes, e

qual o papel da Educação Física na construção da imagem do indivíduo. O trabalho está

dividido em duas partes, sendo a primeira seção bibliográfica, contendo a parte histórica

sobre o corpo na sociedade: a imagem corporal, a concepção de padrão corporal ao

longo das sociedades. A segunda seção, está relacionada com a pesquisa de campo,

desenvolvida em uma Escola Pública no município de Corumbá, através de entrevista

com 12 alunos do ensino médio de ambos os sexos, 9 meninas e 3 meninos com faixa

etária entre 16 à 17 anos. A pesquisa é de cunho qualitativo possuindo um questionário

elaborado com 16 questões abertas. Nos discursos dos jovens, notou-se que a maioria

dos entrevistados acreditam existir e se importam com o padrão de corpo, evidenciando

a insatisfação corporal. A mídia é apontada como o fator crucial para a disseminação da

ideia de beleza corporal. Os adolescentes ainda consideraram relevante o assunto

relativo à concepção de beleza corporal, em que este deve ser discutido no âmbito

escolar, nas aulas de Educação Física, a fim de explanar sobre a existência de um

estereótipo de beleza.

Palavras chave: percepção corporal, corpo, Educação Física.

Abstract

This research deals with the conception of beauty body of adolescents in Corumbá, MS.

This study aimed to verify whether young people today believe there is a pattern of

ideal body, which is so widespread this pattern, if there is body dissatisfaction among

adolescents, and the role of physical education in building the image of the individual.

The work is divided into two parts, the first being bibliographical section, containing the

historic part of the body in society: body image, the conception of body pattern along

the societies. The second section is related to the field survey, developed in a Public

School in the city of Corumbá, through interviews with 12 high school students of both

sexes, 9 girls and 3 boys aged between 16 to 17 years. The research is a qualitative one

having a questionnaire with 16 open questions. In the discourses of youth, it was noted

that the majority of respondents believe exist and care for the body pattern,

demonstrating body dissatisfaction. The media is seen as crucial to the spread of the

idea of body beauty factor. Teenagers still considered it relevant for the design of body

beauty, that this should be discussed in schools, in physical education classes in order to

explain the existence of a stereotype of beauty.

Keywords: body awareness, body, Physical Education.

SUMÁRIO

RESUMO .......................................................................................................................... 7

ABSTRACT ...................................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10

SEÇÃO I – REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 12

1.1 Percepção de imagem corporal .............................................................................. 12

1.2O corpo e suas ressignificações: um olhar sobre o copo do passado e do presente 15

1.2.1 O Corpo na Antiguidade: Grécia e Roma ................................................... 16

1.2.2 Idade Média: o corpo com o advento do Cristianismo e o Renascimento . 16

1.2.3 A Modernidade e o corpo manipulado ...................................................... 19

1.2.4 O corpo do presente: século XX e XXI ..................................................... 20

1.3 O corpo na mídia ................................................................................................... 24

1.4 Adolescentes x corpo ............................................................................................ 26

1.5 O papel da Educação Física escolar para designar a percepção corporal ............. 27

SEÇÃO II – CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES NO

MUNICÍPIO DE CORUMBÁ, MS ................................................................................ 30

2.1 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 30

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 31

2.2.1 A estética corporal na sociedade ..................................................................... 31

2.2.2 O corpo e sua midiatização ............................................................................. 33

2.2.3 O olhar do outro vs o olhar para si .................................................................. 34

2.2.4 Os aparatos modelativos corporais ................................................................ 36

2.2.5 A importância da Educação Física no âmbito escolar como mediadora da

concepção corporal ......................................................................................................... 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 42

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 43

ANEXOS ......................................................................................................................... 45

INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda a temática de concepção da imagem corporal em

adolescentes no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul.

A ideia surgiu com o decorrer do curso de Educação Física da Universidade

Federal do Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, através de algumas aulas teóricas

nas disciplinas de Dança I e II, e na prática com Estágio Obrigatório do curso,

relacionada ao ensino médio, onde o contato direto com os adolescentes de ambos os

sexos e faixas etárias, foi significativo para perceber quanto o assunto sobre imagem

corporal é relevante nos dias atuais, pois influencia na vida do indivíduo e nas aulas de

Educação Física.

Atualmente, a preocupação com o corpo está cada vez mais aguçada entre

indivíduos de ambos os sexos e de várias idades, principalmente entre os adolescentes.

De acordo com Damasceno et al. (2006), a imagem corporal envolve um

complexo de fatores psicológicos, sociais, culturais e biológicos que determinam

subjetivamente como os indivíduos se veem, acham que são vistos e veem os outros. Os

autores acreditam que esses fatores conduzem homens e mulheres a apresentarem um

conjunto de preocupações e insatisfações com a imagem corporal, induzindo-os a se

exercitarem, a cuidarem de seus corpos, direcionando-os a desejos, hábitos e cuidados

com a aparência visual do corpo.

Assim, essa exigência com a própria aparência afeta principalmente os

adolescentes, que vivem em busca constante em estar de acordo com o padrão

estereotipado de beleza atual, pois só assim eles consideram ter uma maior chance de

serem aceitos pelos outros colegas e/ou grupos.

Todavia o presente trabalho teve como objetivos, investigar se há uma

concepção de padrão de beleza corporal dos adolescentes, e caso exista qual seria essa

concepção? Se existem meios ou fatores que influenciam a opinião dos adolescentes em

relação à beleza corporal, e se existe uma preocupação com a própria aparência. Essas

são questões que serão discutidas nesse projeto de pesquisa.

Dessa maneira, consoante ao exposto acima, o trabalho fora dividido em duas

seções, sendo a primeira seção bibliográfica, a qual discute-se a história do corpo em

sua totalidade na sociedade, designando: o que é imagem corporal, qual foi a concepção

corporal ao longo das sociedades, a relação do adolescente com seu corpo em

transformação, e por fim de que maneira a Educação Física pode contribuir para a

construção de concepção da imagem corporal dos alunos.

A segunda seção, está relacionada com a pesquisa de campo, a qual fora

desenvolvida em uma Escola Pública de Corumbá, através de entrevista com 12 alunos

de ambos os sexos, 9 meninas e 3 meninos com idades entre 16 a 17 anos. A pesquisa é

de cunho qualitativo possuindo 16 perguntas com questões abertas sobre concepção de

beleza corporal.

Com os resultados encontrados, discutem-se através de tópicos os relatos dos

entrevistados. Esses tópicos são categorias criadas por englobar questões da entrevista

que se relacionam, ou seja, cada tópico refere-se às questões pertinentes entre si,

facilitando o entendimento ao analisar os dados. Os tópicos são: a estética corporal na

sociedade; o corpo e sua midiação; o olhar do outro e o olhar para si; os aparatos

modelativos corporais e a importância da Educação Física no âmbito escolar como

mediadora da concepção corporal.

Por fim, serão feitas as considerações finais abordando de modo geral o tema

proposto, mostrando o quanto é relevante a importância sobre concepção de beleza

corporal ser discutida atualmente.

11

1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Percepção de Imagem Corporal

Para entender melhor o que é imagem corporal e de que maneira esta é

perceptível no dia a dia, primeiramente, requer-se conhecer um pouco da sua história e

como ela influencia o indivíduo.

Considera-se o Médico Ambrosié Paré, o precursor de estudos relacionados a

mente humana, quando descobriu no século XVI o “membro fantasma”, devido a um

paciente que havia perdido um membro de seu corpo e que dizia ainda senti-lo. Desde

então, vários outros pesquisadores começaram a se aprofundar sobre estudos

relacionados à percepção de imagem corporal, (OLIVIER,1995).

Mediante esse fato do “membro fantasma”, o campo da neurologia e da

psiquiatria, iniciaram investigações relativas aos distúrbios da percepção corporal, em

pacientes com lesões cerebrais. Muitos pesquisadores tentavam encontrar explicações

para esses distúrbios, queriam descobrir qual área do cérebro seria a centralizadora para

a formação da imagem corporal, bem como a importância relativa do sistema nervoso

central e do sistema nervoso periférico, na formação destes fenômenos (TURTELLI,

2003).

Ainda, segundo a autora anteriormente citada, um grande inovador das linhas de

pesquisas sobre estudos de imagem corporal (esquema) foi Paul Shilder1 , a considerar

que Shilder, ao tratar desse tema, conseguiu abranger diversos fatores que podem

influenciar na construção da imagem do indivíduo, de modo que este, não se restringiu

apenas em uma área de estudo, no qual se aprofundou e analisou o indivíduo de maneira

complexa em distintas áreas das ciências, como as do campo neurológico, psiquiátrico,

filosófico, sociológico e fisiológico.

Mas afinal, o que significam esses termos imagem corporal e esquema corporal?

Será que existe uma disparidade de significados entre eles ou um complementa o outro?

De acordo com Tavares (2003), definir o termo imagem corporal é muito

complexo porque abrange vários aspectos, principalmente os cognitivos – individuais -

e sociais. A autora acredita que, a partir da interação com o mundo externo, nosso corpo

se modifica, e percebendo essas modificações no nosso corpo, nos conhecemos melhor,

1Shilder tinha vastos conhecimentos na área da fisiologia, anatomia, filosofia, sociologia e psicologia.

Sua obra principal, o livro “A imagem do corpo” publicada em 1935.

12

ampliando nossa visão de mundo e ao mesmo tempo desenvolvendo a nossa identidade

como pessoa.

Para Olivier (1995), o termo imagem corporal é uma reconstrução constante do

que o indivíduo percebe de si, e também das determinações inconscientes que ele traz

de seu diálogo com o mundo. Ainda, esta acrescenta e afirma que foi Bonnier, em 1905,

o primeiro a utilizar a expressão de esquema do corpo, configurando-a como o conjunto

de todas as sensações vindas de fora e de dentro do corpo.

Turtelli (2003) define a imagem corporal não sendo apenas a aparência do

indivíduo; acreditando que as imagens não ocorrem essencialmente como memórias ou

imaginações de circunstâncias, mas são também representações de sensações e

processos de pensamento que estamos tendo no presente, pois formamos imagens

visuais, imagens sonoras, imagens olfativas, imagens de palavras, de ações, de

esquemas relacionais, imagens somatossensoriais, imagens de equações matemáticas e

assim por diante.

Afirma-se ainda segundo a autora, que diferentemente do que se possa pensar, as

imagens não são armazenadas como foto, de maneira que estas têm uma dinâmica de

reconstrução baseada em uma ressignificação a cada vez que a imagem é trazida à tona

da memória. Ainda, considera-se que a realidade circunstancial, na qual a pessoa se

encontra, no advento de reconstrução, gera diferentes interpretações que são

constantemente transformadas por nossas experiências, pelo que vivemos no momento

ou pelos planos futuros.

Segundo Gonzalez (2006), a concepção de imagem corporal é a representação

mental do nosso próprio corpo, que reflete de maneira intrínseca o modo como nos

colocamos no mundo, assim, acreditasse que essa representação mental é bem mais

abrangente que a representação unicamente visual, em que a autora completa, ao afirmar

que esta é também resultado da experiência subjetiva de como o mundo, em um dado

instante, se apresenta para nós.

Depois de ver todo esse processo sobre a imagem corporal mental, partimos do

ponto de vista da autora Olivier (1995), que considera, que embora distintos, os termos

esquema e imagem corporal complementam um ao outro. Para a autora, o esquema tem

mais a função neurológica das diversas áreas do corpo, no qual, afirma que não se deve

descartar as trocas com o ambiente como componente do esquema corporal, situando

que o esquema fica localizado no córtex cerebral nas principais zonas de sensibilidade,

por isso é considerado anatomicamente e fisiologicamente estabelecido.

13

Nem todos os autores tem uma visão de que imagem e esquema corporal

possuem praticamente a mesma função ou se completam. Alguns consideram, que

esquema corporal está ligado à estrutura neurológica responsável pelas informações

proprioceptivas que permite o reconhecimento do corpo anatômico. Porém de outra

forma, a imagem corporal estaria ligada a vivência afetiva de nosso próprio corpo

(TAVARES, 2003).

Entretanto, para a autora citada acima, essa suposta diferenciação de conceitos é

extremamente artificial e irreal. A mesma afirma que as estruturas neurológicas e a

vivência afetiva não são isoladas e estão sempre em transformação de forma

indissociável e profundamente inter-relacionada, pois os caminhos neurais não são

isolados e, portanto, o reconhecer e o sentir ocorrem conjuntamente, ou melhor, não

existem isoladamente.

“Essa relação de imagem corporal e esquema corporal são complementares, pois

ambas fazem parte do fenômeno da representação dinâmica que a pessoa faz de si para

ela mesma” (GONZALEZ, 2006, p. 35).

Analogicamente, relacionando o esquema corporal, é como se fosse o alicerce de

uma casa, ou seja, a base a qual receberá todo o acabamento – que são as informações

externas e/ou internas - que se dá a característica de casa. Esse suposto “acabamento”

seria o que chamamos de imagem corporal, que Gonzalez (2006) considera ser, a

transposição psíquica da percepção, no caso do nosso corpo. Ou seja, vai muito além da

percepção, se torna uma construção cognitiva e afetiva, refletindo desejos e atitudes do

sujeito em interação constante com outras pessoas.

De acordo com Tavares (2003), todo esse processo formador da imagem

corporal, varia de indivíduo para indivíduo, porque cada um, como o próprio adjetivo

(indivíduo) indica, é individual e singular, isso acarreta nas experiências que o sujeito

vivencia, pois, os estímulos impostos a cada sujeito é responsável de acordo com suas

possibilidades fisiológicas, características pessoais, circunstância social e ambiental,

além das experiências acumuladas ao longo da nossa vida, já que o corpo possui uma

memória que engloba a história e a identidade corporal.

Ainda a autora citada acima afirma, que a imagem corporal reflete a história de

uma vida, ao qual o percurso de um corpo cujas percepções se inter-relacionam em sua

unidade, marcam sua existência no mundo a cada instante.

A saber, de que este tema não se trata apenas de um aspecto biológico que

interessa apenas para designar a percepção de imagem, e que o mesmo vai muito além

14

disso, à medida que envolve também o lado social, visto que cada sociedade possui

características intrínsecas, como o costume, a cultura, que influenciam na maneira do

indivíduo pensar, agir e se relacionar. Engloba também a experiência espacial, motora,

visual, tátil, auditiva, olfativa, cognitiva e afetiva quando o indivíduo troca informações

com mundo. E a principal característica: a ideia de se renovar a cada momento, através

de suas concepções corporais, pois, vivemos em constante transformação.

Contudo, essa relação de imagem e esquema corporal por ora abordada, fora

fundamental e essencial para tornar possível a compreensão de como funciona a nossa

relação com o corpo.

Portanto, depois de termos entendido o conceito sobre imagem corporal,

utilizaremos dessa terminologia para designar ao longo do trabalho os aspectos

relacionados à concepção de corpo

1.2 O corpo e suas ressignificações: um olhar sobre o corpo do passado e do

presente

Não há como tratar sobre o tema corpo, sem conhecer qual o sentido que possuía

no passado para se tornar o que é no presente. Por isso nesse tópico apresenta-se

sucintamente algumas passagens históricas que foram importantes para dar sentido ao

corpo e, que com o decorrer do tempo, foi se ressignificando2 perante a sociedade.

De acordo com Campos (2010), o ser humano ao longo da história tem sofrido

marcas profundas em todas as suas dimensões. Segundo a autora o corpo já foi

queimado, esquartejado, torturado, moldado, modelado, docilizado, escravizado,

canonizado, apedrejado, explorado, fragmentado.

A ressignificação corporal se torna inconstante porque a história do corpo

humano é uma história da civilização, não linear, a qual cada sociedade, e cada cultura

age sobre o corpo determinando-o, construindo as particularidades de seu corpo,

enfatizando determinados atributos em detrimentos de outros, e criando os seus padrões

(BARBOSA et al.,2001).

1.2.1 O Corpo na Antiguidade: Grécia e Roma

2Ressignificando: (Ressignificar + ando) Ato ou efeito de Ressignificar. / Ressignificar: Dar outro ou

novo significado a, (Dicionário Aurélio, 2011).

15

Na época da Grécia antiga, os gregos cultuavam muito o corpo se tornando um

elemento de glorificação. Nessa época, andar com o corpo nu nas pólis3, era uma prática

comum entre os homens, pois eram vistos com muita admiração, e essa exibição

corporal, de corpo esculpido e forte, significava para os gregos sinal de saúde, de

fertilidade, por isso apreciavam a beleza de um corpo saudável e bem proporcionado

(BARBOSA et al. 2011).

De acordo com Olivier (1995), os gregos davam uma maior importância para

aquele indivíduo que utilizasse o corpo mais como trabalho mental do que braçal. O

homem considerado nobre - homem ideal - era aquele que ocupava o ócio de seu tempo

para elaboração intelectual e também principalmente para cultuar o corpo, tornando esse

aspecto diferenciador com relação as outras pessoas que compunham a sociedade, por

exemplo, a massa escrava, que fazia parte da produção manual, e estava longe de ser

composta por indivíduos considerados como homens ideais.

Deve-se ressaltar que, no relato de Barbosa et al. (2011), esse culto ao corpo era

apenas particular do homem cidadão - excluindo escravos e mulheres -, sendo a

concepção de corpo perfeito grego, totalmente pensado e reproduzido pelo gênero

masculino.

Barbosa et al. (2011) ainda afirmam que diferente dos gregos, os romanos

cultuavam o corpo de maneira distinta. Ao invés de exibi-los a luz do dia como os

gregos o faziam, prezavam a construção de monumentos representando o corpo

masculino. As formas artísticas romanas eram dramáticas, contrastando entre o nu e o

vestido, a vida e a morte, a força e a debilidade física. Os gladiadores representavam a

força romana, porém com seu sacrifício mortal. E embora Roma tenha atribuído um

culto ao corpo um valor pagão, a arte romana manteve-se influenciada pela expressão

do ideal de beleza grego.

1.2.2 Idade Média: O corpo com o advento do Cristianismo e o Renascimento

Quando o cristianismo começou a ser disseminado nas civilizações antigas,

houve uma enorme mudança de concepção corporal. O que antes não existia - pudor

(relativo ao corpo) - nas civilizações greco-romanas, acabou se tornando fonte de

pecado.

3Pólis Grega é o nome dado para às cidades- estados gregas.

16

Para Barbosa et al. (2011) durante muito tempo, a espiritualização e o controle

de tudo que era material foi o centro das atenções do cristianismo. Ainda, segundo estes

autores, complementa-se a afirmativa justificando que esta imposição posta pela Igreja

Católica é devido ao Deus cristão, no qual essa doutrina cristã pregava que homens e

mulheres deviam ocultar seus corpos, e nem mesmo os casais poderiam em suas

intimidades serem tão ousados. Dessa maneira, constata-se que o cristianismo reprimia

exacerbadamente o corpo.

Silva (2001) relata que para os estóicos4, o prazer e as paixões são relacionados,

sendo um desequilíbrio – por isso não natural – na composição do corpo e que assim

devem ser evitados. Ou seja, para a autora o fato de rejeitar torna-se um prazer, então,

uma virtude, menosprezar o corpo é desejável, consolidando essa doutrina cristã.

Olivier (1995) afirma que a religião cristã, é a religião do corpo sofredor - de

todas as passagens da vida de Cristo, a que é enfatizada é a que diz respeito a sua

crucificação, à agonia do corpo para a salvação das almas humanas.

De acordo com Barbosa et al. (2011) praticamente em toda a Idade Média, foi

dominada e influenciada pelo cristianismo com as noções de vivências de corpo da

época. Esse ato de renegar o corpo, que delineou-se a concepção de separação de corpo

e alma.

Para o cristianismo, o corpo sempre teve característica de fé; é o corpo

crucificado, glorificado, e que é comungado por todos os cristãos. As

técnicas coercitivas sobre o corpo, como castigos e execuções públicas

e o auto-flagelo marcam a Idade Média. (Barbosa et al. ,2011, p.27).

Para Olivier (1995) a Idade Média foi marcada pela opacidade da carne pecadora

e pelo peso esmagador do espírito de DEUS habitando o corpo humano. Com esse

domínio religioso cristão sobre o corpo, ficara difícil o campo da medicina estudar o

corpo humano em sua totalidade sem a intervenção da igreja.

Muitas explicações sobre as doenças que atingiam o corpo e as grandes

epidemias era totalmente de cunho religioso, considerando como expiação dos pecados

cometidos e/ou ainda, imputadas as possessões diabólicas. O corpo se tornou o

verdadeiro local de confronto entre o bem e o mal, entre o milagre e o pecado, o desejo

e o castigo (OLIVIER, 1995).

Silva (2001) nos aponta que no período Medieval, alguns avanços da medicina

só ocorreram porque os estudiosos da época, tinham que pedir permissão a Igreja para

4Membro da corrente filosófica que se refere ao estoicismo.

17

fazerem seus procedimentos no corpo da pessoa, isso apenas em casos de

esclarecimentos de assassinato. Porém, com o decorrer do tempo a igreja passou a

tolerar essas práticas de dissecar os corpos, abrindo espaço para os filósofos, médicos

desmistificarem anatomicamente e fisiologicamente o corpo humano.

Apesar da igreja tolerar algumas vezes as práticas anatômicas no corpo humano,

não significava que esta mesma toleraria outras práticas empíricas que não tivessem seu

consentimento. O papel da Inquisição que antes tinha como intuito salvar a alma aos

hereges5 e/ou indivíduos que fossem contra as doutrinas católica, tornou-se um ato

punitivo utilizando da violência como a tortura e a fogueira. Estes acontecimentos eram

cerimônias públicas para que toda a sociedade e autoridades da igreja, vissem a punição

do corpo pecador, e que servisse de lição a todos (BARBOSA et al. 2011).

Logo após a decaída da Idade Média, surge o Renascimento, época marcada

pelos métodos científicos, pela preocupação de liberdade humana, contribuindo para

que o cristianismo perdesse um pouco de sua força opressora. Para Barbosa et al. (2011)

no Renascimento, o avanço científico e técnico produziu nos indivíduos, um apreço

sobre o uso da razão científica como única forma de conhecimento, mudando mais uma

vez a concepção corporal dotada de experiências científicas.

“O homem do Renascimento confiava no progresso e nas ciências de seu tempo”

(OLIVIER, 1995, p.32).

Devido ao fato da ciência começar a ter condições de explicar acontecimentos,

como exemplo, as doenças, que antes eram consideradas como castigo divino,

descobriu-se que sua origem é orgânica, possuindo cura. O ser humano segundo Olivier

(1995) voltou a ser o centro das atenções, pois sua curiosidade intelectual levou-o a

novos inventos, sua avidez por descobertas levou-o a novas terras, sua alegria pela vida

levou-o a construir castelos amplos e luminosos, passando à apreciar as artes com

refinamento e a cuidar do corpo com dietas e exercícios.

O corpo dessa época foi redescoberto. A disciplina e o controle

corporal eram preceitos básicos. E todas as atividades físicas eram

prescritas por um sistema de regras rígidas, visando a saúde corporal.

(BARBOSA et al., 2011, p.27).

Com o decorrer do Renascimento, o corpo humano começa a se desprender dos

conteúdos pragmáticos catolicistas, a alma não é mais a essência da existência humana,

5Era algo ou alguém que professa uma heresia ou pratica doutrinas contrárias aos dogmas concebidos pela

igreja.

18

o que se torna onipresente é o modo de pensar, a razão. O corpo tornou-se objeto de

estudo, abstraindo de seu contexto pecador, renegado, para desenvolver sua morfologia

e cuidados corporais disseminando essa nova concepção para a sociedade.

Considerando que os corpos são basicamente iguais em sua totalidade, o que diferencia

os homens de suas individualidades é a mente pensante – razão. Esse corpo analisado,

generalizado, permitiu que fossem criadas juntamente com o capitalismo, condições

para o surgimento do corpo manipulado, (OLIVIER, 1995).

Contudo, devido ao crescimento e aperfeiçoamento da produção agrícola e dos

meios de transporte da sociedade feudal medieval, assim como o acréscimo da

produtividade agrícola aliado à expansão comercial, promoveram-se algumas das

condições necessárias para o desenvolvimento da indústria moderna. Essas

modificações, aliadas a mudanças sociais, desembocaram no surgimento do sistema

capitalista vigente (BARBOSA et al. 2011).

1.2.3 A Modernidade e o corpo manipulado

A era da Modernidade, como o próprio termo sugestivo explana, “moderno”

sinônimo de algo novo, trouxe novos conceitos nos âmbitos sociais, econômicos,

culturais. Houve uma verdadeira Revolução na sociedade, com o novo modelo

econômico: o Capitalismo.

A forma de produção do sistema capitalista, a partir do século XVIII, causou

mudança drástica nas relações com os trabalhadores. Nesta lógica de produção

capitalista, o corpo mostrou-se tanto oprimido, como manipulável, passando a ser

regido por uma nova forma de poder: o poder disciplinar (BARBOSA et al., 2011).

Para Olivier (1995), o sistema capitalista apropriou-se desse corpo dócil,

disciplinado e controlado. Essa Revolução Industrial no século XIX, trouxe em cena o

corpo utilitário – corpo desnutrido, massacrado por longas jornadas de trabalho nas

fábricas, adoecendo a classe dominada nas máquinas -, que produz alienadamente. De

acordo ainda com a autora, o Taylorismo6 buscava a economia e precisão dos gestos,

tornando o corpo do operário uma máquina, devido aos movimentos mecanizados.

6Sistema de organização do trabalho, criado por Taylor, e que pretende obter, com a maior economia de

tempo e de esforço, o máximo em produção e rendimento.

19

De certa forma, o corpo continua sendo explorado e castigado – não de maneira

punitiva explícita física – mas através da jornada de trabalho extenuante, sem o operário

ganhar o valor merecido de sua mão de obra.

Para Barbosa et al. (2011) com o decorrer do tempo, a evolução da sociedade

industrial proporcionou um elevado desenvolvimento técnico-científico. As autoras

consideram, que essas possibilidades tecnológicas proporcionaram à sociedade, um

crescimento de técnicas e práticas sobre o corpo.

Visto que, essa era Moderna, foi marcada pela forte exploração da mão de obra

nas indústrias, e conjuntamente nesse mesmo período, houve o desenvolvimento

acelerado da tecnologia, a autora Silva (2001) nos ressalva que ocorreu também uma

exigência maior de cuidados corporais, pois expandiu-se o mercado de produtos e

serviços voltados para o corpo, a higiene que antes era fundamentada apenas para a

saúde, vai sendo substituída pelo sentido do cuidar como prazer corporal, contribuindo

para o processo de formação da construção da identidade, e personalidade dos

indivíduos através da aparência.

Todavia, Barbosa et al. (2011) considera que a padronização dos conceitos de

beleza, ancorada pela necessidade de consumo criada pelas novas tecnologias e

homogeneizada pela lógica da produção, foi responsável por uma diminuição

significativa na quantidade e na qualidade das vivências corporais do homem

contemporâneo. O corpo passa a ser reproduzido em série através da fotografia, do

cinema, da televisão.

Essa homogeneidade de produção, imposta pelo processo de globalização que

ocorre naturalmente no modelo capitalista, desperta no indivíduo o desejo de ser igual

ao padrão social, (SILVA,2001).

Para Barbosa et al (2011), atualmente há uma necessidade humana de se

encaixar em padrões estéticos, desencadeando uma imagem individual em crise,

aumentando assim as indústrias de beleza e da saúde, para seu corpo, o seu maior

consumidor.

Olivier (1995) ainda complementa contextualizando, que a sociedade não deixa

de se insinuar no espaço do indivíduo, indagando se o prazer (relacionado a satisfação

corporal), é espontaneamente buscado ou imposto.

1.2.4 O corpo do presente: século XX e XXI

20

Anteriormente em algumas passagens históricas, o corpo teve seus significados.

Com o decorrer dos anos, o corpo foi sendo construído e reconstruído, sofrendo

constante transformação, ganhando novos sentidos. Se (passado) na Grécia o corpo era

enaltecido, na Idade Média era proibido, não podia ser exibido – o pudor prevalecia. Na

Era Moderna o corpo era uma máquina de produzir.

Perceber-se-á que o culto ao corpo, de uma forma ou de outra, estará sempre

relacionado à imagem de poder, beleza, mobilidade social, tornando-se atualmente, de

fácil identificação uma crescente insatisfação das pessoas com a própria aparência,

dentro de um contexto que valoriza muito os corpos fortes e magros, (PEREIRA et al.,

2009).

Para Sohn (2009), não existia antes do século XX, o corpo sexuado como objeto

de cuidados tão atenciosos. A autora acredita que cada um o exibe, tornando o corpo

onipresente no espaço visual, ocupando igualmente um papel sempre maior no meio

científico e/ou midiático.

Ainda, segundo a autora, se atualmente é comum os corpos “nus” fazerem parte

do nosso cotidiano, é devido a corrosão prolongada do pudor ao longo da sociedade.

Ainda em 1900 – ano que marca o início do século XX - o pudor tradicional hereditário

era tão intenso, que as mulheres não podiam mostrar as pernas, nem mesmo o calcanhar,

e os homens não podiam exibir também suas pernas ou tronco, para não despertarem

pensamentos pecaminosos ao sexo oposto, baseado na concepção da moral cristã.

Sohn (2009) afirma, que a revolução sexual tanto masculina como feminina,

desenvolveu-se ainda mais com a chegada do traje de banho. Muitas mulheres foram

consideradas ousadas por usarem maiô – calção de banho longos, mangas compridas,

sobressaia para não marcar as curvas – para tomar banho de mar. Houve muitas críticas

por parte dos mais velhos conservadores, que ainda acreditavam no pudor corporal

religioso. Com o tempo, o maiô progressivamente vai diminuindo até virar biquíni

(mostrando pernas, barriga e o decote); as mulheres trocam seus espartilhos por sutiãs; e

os homens puderam andar sem camisa. Entretanto, isso também acarretou que ambos os

sexos mantivessem uma preocupação com a manutenção do corpo – mulheres e homens

magros- para exibir suas belezas físicas perante a sociedade.

“O recuo do pudor implica assim um novo trabalho sobre o corpo entre

musculação e dietética incipiente” (SOHN, 2009, p. 111)

Devido a isso, a temática da beleza começou a intensificar-se com muita

preocupação, na elite da sociedade no início do século XX, Castro (2007) revela que no

21

início desse século a importância principalmente da mulher em se embelezar, foi criada

pela necessidade de ascensão social através dos casamentos com homens de classe alta.

Frois et al. (2011) afirma, que atualmente a valorização do culto aos músculos, e

a conquista de corpos cada vez mais magros e rejuvenescidos, acarreta um constante

aumento na busca pelo ideal, de um corpo moldado e esculpido, que esconde as marcas

do tempo e as vivências a que o sujeito está submetido.

De acordo com Maldonado (2006), os padrões estéticos mudam de uma época

para outra. Como por exemplo, na Idade Média que até ao final do século XIX,

valorizava-se um corpo gordo e forte, pois representava sinônimo de saúde. A partir do

início do século XX o padrão de beleza corporal começa a mudar mais rapidamente,

influenciado por um momento de guerra: o corpo belo era mais magro, e quem possuía

silhuetas de seios e quadris largos, procuravam esconde-los.

Ainda, segundo a autora citada acima, considera que ao início do século XXI, a

mulher consegue moldar seu corpo como quiser, através de ginástica, de cirurgia

plástica e também demonstrando uma preocupação com uma alimentação consciente. É

a era dos implantes de silicone, da lipoescultura que transformam a mulher a qualquer

momento, possibilitando que ela se aproxime mais facilmente do ideal de beleza do

momento, (MALDONADO, 2006).

As pessoas que não alcançam o padrão desejado sofrem por serem

consideradas diferentes, por desejarem ser diferentes ou por serem

influenciadas por esse padrão e rejeitarem a si próprio. (SERRANO,2007, p. 34).

Essa preocupação com o corpo é reflexo da cultura capitalista vigente, marcada

por valores dominantes como a competição, consumismo e individualismo, tornando o

ser humano cada vez mais narcisista. Em consequência desses fatores sociais, o corpo

tornou-se objeto, mercadoria, consumo, aparência, e instrumento de trabalho para gerar

lucro ao capital, sujeitando-se as leis do mercado, (CAMPOS, 2010).

Silva (2001) acredita, que o corpo torna-se objeto quando é transformado para

servir a exploração do capital, de modo que a aquisição de mercadorias relativas ao

corpo, torna-se um elemento indispensável para a cultura de aparência, ou seja, o capital

cria um padrão o qual o indivíduo de maneira inconsciente idealiza ter - e não ser um

corpo -, e que este apenas se satisfaz quando alcança esse padrão corporal.

Dever-se-á ressaltar, que essa preocupação com a beleza, de cultuar o corpo, já

existia desde os tempos mais remotos, porém os padrões estéticos se modificam

22

influenciados por fatores sociais, culturais, econômicos e históricos, enfim, de acordo

com o momento que vive o indivíduo dentro do seu grupo social, (MALDONADO,

2006).

Hoje, vive-se a revolução do corpo, através de valores relativos à beleza, saúde,

higiene, lazer, alimentação e exercício físico, que têm reorientado um conjunto de

comportamentos na sociedade, criando um novo estilo de vida, mais aberto à

diversidade por um lado, porém mais narcísico e hedonista no que diz respeito à

experiência do corpo, por outro, (BARBOSA et al. (2011).

Para Serrano (2007), o local, a época e a cultura são alguns fatores que definem

qual será o padrão de beleza e aceitabilidade social, que também definem as regras do

jogo social na intensificação à escravidão do físico.

Todavia, o que pode determinar o sujeito a ter essa preocupação com sua

imagem, para Silva (2001) são dois fatores: a) a insegurança ante o cotidiano: pois a

sociedade tornou-se um emaranhado de dúvidas sobre a vida, a morte, a saúde,

facilitando que os meios de comunicação penetrem informações para a massa, sobre a

valorização corporal no presente; b) a criação de necessidade de consumo, paralela ao

oferecimento de mercadorias, ou seja, por mais que o indivíduo não precise daquele

produto para viver, o condicionamento da necessidade de consumir tal produto, o faz

querer ter.

Considera-se relevante a condição financeira, que também influencia de maneira

importante a imagem corporal do indivíduo. Um exemplo específico, seriam indivíduos

da área rural que consideram um o corpo belo e saudável, o corpo grande e forte,

relacionando isto a força de trabalho. Para os indivíduos da área urbana que também

produzem a força de trabalho, porém possuem contato maior com os veículos de

comunicação, não conseguem se satisfazer com sua própria aparência pois o que a mídia

lhe mostra, é um corpo ideal muitas vezes diferente do seu próprio corpo, gerando

frustração pessoal, (MALDONADO, 2006).

Entretanto, Serrano (2007) alerta-nos, de que a preocupação exagerada pelo

corpo ocasiona doenças patológicas. Os regimes de pessoas que não são tão gordas,

cirurgias plásticas em jovens, os esforções físicos em academias são extremamente

prejudiciais para o indivíduo, por se tornar obsessão e não saúde.

Essa obsessão que a pessoa cria de si mesmo, é considerada para Silva (2001)

uma ditadura corporal, porque o indivíduo se obstina a ter força de vontade e a persistir

em um trabalho corporal árduo, ou usar de meios tecnológicos que o mercado dispõe,

23

para alcançar o padrão estético que lhe é criado. Dever-se-á ressaltar, que essa atitude

individual também é coletiva, constituindo-se de uma cultura de massa que se expande

globalmente através da influência midiática.

1.3 O corpo na mídia

De acordo com Silva (2001), a universalidade do padrão de beleza corporal,

refere-se a uma criação midiática, para uma expectativa imaginária de corpo a ser

desejada. Ou seja, existe um padrão estético difundido pela mídia ao qual o indivíduo

deseja estar dentro deste, sentindo-se supostamente satisfeito quando alcançado aquele

padrão de corpo ideal.

Campos (2010) nos atenta para uma questão importante, que a insatisfação em

relação ao corpo sempre existirá enquanto o padrão idealizado pela mídia continuar

mudando, ou seja, por mais que o indivíduo consiga estar dentro do padrão de beleza

pré-estabelecido, este nunca terá satisfação plena, pois o ser humano não é somente

corpo, é também dotado de diversas dimensões, sempre em constante transformação,

levando em conta, o que lhe é importante hoje, amanhã pode não ser mais.

Entretanto, para que essas informações corporais cheguem até aos olhos e

ouvidos da massa, precisam-se de meios de comunicação para disseminar essa

valorização do corpo e apelo ao consumismo. A mídia é um dos meios mais utilizados

para divulgação de produtos e/ou informações. Campos (2010) nos alerta porém, que os

meios de comunicação em sua maioria são tendenciosos, não divulgam as informações

com imparcialidade e geralmente se colocam a serviço da classe dominante, a detentora

do capital.

Essa divulgação midiática para a massa – classe dominada – pode ser considera

como um controle social, percebido pela forma de como o corpo é explicito pela mídia,

através de modelos, artistas ou atrizes magérrimas, com corpos idealizados como

perfeitos, insinuando o tempo todo que esse é o padrão de beleza que as mulheres

devem seguir, (MALDONADO, 2006).

Silva (2001) ressalta-nos, que a mídia cria diversas imagens a partir de uma

expectativa de corpo, de modo que seja constituído e reforçada a cada novo momento

idealizado.

A insatisfação com a imagem corporal aumenta à medida que a mídia expõe

belos corpos, fato que nas últimas décadas tem provocado uma compulsão a buscar a

anatomia ideal, (DAMASCENO et al., 2006).

24

Segundo Frois et al. (2011) os veículos midiáticos, por exemplo e

principalmente a televisão e a internet, têm influído na divulgação e valorização do

corpo perfeito. As autoras, consideram que são corpos-imagem, que se refletem como

estampa idealizada em um processo de projeção do corpo promovido pelas mídias.

O marco da midiatização, para expor seus produtos através de propagandas,

ocorreu imputada pelo meio publicitário ao qual criou uma forma de incentivar de

maneira sucinta a sociedade, disseminando uma ideia de beleza pautada pelo modelo

higienista. De acordo com Castro (2007), os discursos sobre saúde e estética, se

convergem com relação ao culto do corpo na mídia. Segundo a autora, os sentidos de

beleza, saúde e higiene, estão entrelaçados, sendo responsabilidades das ações de

políticas públicas, incorporando-as nas práticas cotidianas da sociedade para a

manutenção de uma vida saudável.

Castro (2007) ainda aponta-nos, que não demorou muito para que os

publicitários fizessem uma relação do apelo higienista ao estético, vendendo a ideia de

que a pele limpa era bonita tornando-se assim saudável. Para chamar à atenção dos

consumidores, colocaram estrelas de cinema para os comerciais de sabonete, junto com

produtos estéticos, pois esses produtos tinham a possibilidade de reparação de pequenos

defeitos na aparência, e os de higiene pessoal, relacionava à limpeza da pele, que são

fatores essenciais para garantir uma vida saudável.

Com o tempo, o cuidar do corpo tornou-se uma necessidade, porque o indivíduo

começa a ter zelo por uma boa aparência ao qual projetara em público. Criou-se então,

uma estrutura de mercado de aparências, aumentando o desenvolvimento do número de

profissionais especializados nas áreas médicas, estéticas, farmacêuticas, tecnológicas e

de atividades físicas, (SILVA, 2001).

Entretanto, a verdadeira essência da publicidade em vender esse discurso, de

buscar um corpo belo para manutenção da saúde, é puramente financeiro. Fato

comprovado devido ao aumento exacerbado das indústrias de cosméticos nas últimas

décadas, e a procura obsessiva dos consumidores para atividades físicas através das

academias, cirurgias plásticas e moda, (CASTRO, 2007).

Dessa forma, os meios de comunicação (televisão, revistas, rádios, internet)

tornam-se um grande transportador dos ideais socioculturais. Essa presença midiática

impregnada no cotidiano dos indivíduos, divulgando padrões de beleza, contribui de

maneira extremamente significativa para os altos índices de insatisfação corporal e

desordens alimentares, (DAMASCENO et al., 2006).

25

1.4 Adolescentes x corpo

De acordo com Fidelix et al. (2011), revelam que a Sociedade Brasileira de

Cirurgia Plástica informou que o Brasil ficou atrás apenas somente dos Estados Unidos

em relação ao número de cirurgias plásticas realizadas mundialmente, em 2004. Este

fato torna-se preocupante quando revelado que a maioria das intervenções cirúrgicas

foram de natureza estética, sendo que 11% desses procedimentos foram realizados em

adolescentes na faixa etária de 14 a 18 anos.

Enfatizar-se-á no relato acima, de que os adolescentes estão modificando seus

corpos por questão de estética. Indaga-se então, o que hipoteticamente ocorre nessa fase

de adolescência, que os leva a insatisfação corporal a ponto de querer modificar-se.

De acordo com D’Ávila (1998), não existe apenas uma definição para à

adolescência, mas ressalta que é um período de mudanças físicas, cognitiva e social que

se entrelaçam marcando definitivamente a passagem da criança para o ser adulto.

Para Frois et al. (2011), é comum o processo da vida a reconstrução da imagem

corporal, sendo principalmente na adolescência, pois esta se dá de modo estruturante,

tornando-se a passagem da imagem construída de criança para configurar uma busca

pela identidade corporal adulta, propondo, um desfecho com uma corporeidade bem-

estruturada e equilibrada na relação com o mundo. Dessa maneira, o adolescente possuí

a necessidade de ajustar sua imagem corporal a novas demandas, que deve ser seguida

pela correspondente reorganização dessa imagem, promovendo estabilidade do corpo e

consequente o seu reposicionamento com mundo.

A adolescência é uma etapa na qual ocorre o desenvolvimento

biopsicossocial da pessoa. Nesta fase, além das transformações

biológicas (mudanças das características de um corpo infantil para um

corpo adulto), o indivíduo estrutura traços finais de sua identidade e

personalidade. (CÉSAR, 2003, p. 19).

Como característica da adolescência é a transformação, consequentemente essa

relação que o adolescente possui com sua imagem corporal pode ser desastrosa, porque

os jovens têm essa dificuldade de lidar com muitas mudanças repentinas fisicamente e

psicologicamente, (MIRANDA, 2011).

Fidelix et al. (2011) acreditam, que essa característica de mudanças físicas e

mentais na adolescência, quando relacionadas a um estereótipo físico idealizado

(mulheres magras e homens corpo atlético) explicito pela mídia, está totalmente

interligada com a satisfação da imagem corporal entrelaçada com a auto estima.

26

Segundo Damasceno et al (2006), essa imagem corporal é um dos fatores

importantes sobre o aspecto psicológico e interpessoal durante a fase da adolescência.

Os autores ainda ressaltam, que durante esse período de puberdade, que há uma

tendência de aumento do peso corporal, envolvendo a gordura corporal no abdômen e

nos glúteos no caso das meninas, devido ao desenvolvimento hormonal, contrário dos

meninos que possuem o desenvolvimento tardio do aumento da massa muscular e da

estatura.

Nesse período da modificação natural corporal, é o causador do

descontentamento no adolescente, pois a cultura da magreza como padrão de corpo, é

que determinam os valores e normas, que influenciam a construção da identidade adulta,

(SANTOS et al., 2011).

Estes autores acima, ainda acreditam que essa insatisfação corporal pode causar

danos aos jovens, pois estes podem adotar comportamentos alimentares anormais,

práticas inadequadas para controlar o peso – propenso a desenvolver bulimia e/ou

anorexia – ou realizar atividades físicas de maneira exacerbada para a obtenção do

corpo ideal.

De acordo com Pereira et al. (2009), a mídia de maneira em geral, desempenha

um papel muito importante na vida desses adolescentes pois, dissemina a ideia de uma

perfeição corporal, no qual a magreza torna-se sinônimo de competência, sucesso e

atração sexual, enquanto a obesidade por sua vez, representa a preguiça, autopiedade e

menor poder de qualidade de vida.

Portanto, a quantidade de informação divulgada no meio social seja ela por

imagens ou não, tem como função fazer o adolescente ser consumidor. Para Santos et al.

(2003), a sociedade está criando jovens conformistas, com identidades homogêneas do

padrão de beleza.

Por isso faz-se necessário refletir e compreender, a respeito do comportamento e

tendências relacionadas a mídia e ao corpo nas aulas de Educação Física, contribuindo

para uma atitude individual e coletiva, crítica e questionadora diante dos meios de

comunicação e da sociedade do consumo, (BENTO e JUNIOR, 2006).

1.5 O papel da Educação Física no âmbito escolar para designar a percepção

corporal

A Educação Física escolar é constituída por um leque amplo de conteúdo

(fisiológico, sociológico, psicológico, histórico, pedagógico, dentre outros aspectos),

27

porém, é quase sempre dirigida apenas para o aspecto fisiológico, priorizando atividades

relacionadas a frequência cardíaca, processos metabólicos, desenvolvimento motor,

frequentes no âmbito esportivo, (BENTO e JUNIOR, 2006).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), a Educação Física

no ensino médio, utiliza da mesma metodologia de práticas esportivas desenvolvidas no

período do Ensino Fundamental, sendo distintos apenas o aprofundamento tático do

grau de dificuldade de execução. Ainda ressalva que, nem sempre os alunos têm

internalizado esses fundamentos, acarretando o desinteresse pelas aulas de Educação

Física, por não conseguirem ter uma performance desejada. Constatação essa através da

evasão da maioria dos alunos, na prática escolar do ensino médio, buscando em outros

locais fora desse âmbito, experiências corporais que lhes seja satisfatória.

Devido a esse fator, a Educação Física tem sido muito questionada e repensada

nos últimos anos, pautada pelo conteúdo do componente curricular que deveria ser

transmitido pelo professor para o ensino médio (MALDONADO, 2006).

Em sua totalidade, no âmbito escolar o corpo está sempre em segundo plano.

Campos (2010) acredita que há uma maior valorização mental do que corporal,

tornando-se perceptível as vezes, a falta da organização do espaço físico nas escolas, e

também pelo número reduzido de aulas de educação física, principalmente nos últimos

anos do ensino médio; pelo pouco incentivo ao teatro, danças ou outro tipo de

atividades, em suma, pela pouca importância ao conteúdo que envolve as questões

corporais, valores e ética.

A Educação Física quase sempre foi compreendida como um simples

treinamento muscular. Segundo Furter (1967), limita-se muitas vezes a arejar o

adolescente, distender seus corpos, assegurar-lhes um mínimo de higiene suficiente para

criar o necessário equilíbrio fisiológico.

Entretanto, Serrano (2007) afirma que ensinar o conteúdo corporal nas aulas de

Educação Física, é imprescindível pois implica em explicar o que o movimento corporal

proporciona ao aluno, sendo que este conteúdo faz parte da relação que o indivíduo

constrói consigo e com o outro.

A autora ainda acredita que é através da escola, das práticas corporais

planejadas, possuindo fins educacionais, são as melhores oportunidades que crianças e

adolescentes possam ter para enriquecer suas experiências, aumentar seus sentidos e

formas de movimentação, ou seja, o profissional de Educação Física tem o papel

28

essencial de proporcionar aos alunos através da vivência a construção da cultura

corporal, contribuindo para a formação completa do indivíduo.

Para Barbosa et al. (2011) é através do nosso corpo que expressamos o efeito e

significados que as relações tiveram ou têm em nós, a nossa existência corporal está

imbuída num contexto, relacional e cultural, sendo este o canal pelo qual as nossas

relações são construídas e vivenciadas.

Contudo, ao professor de Educação Física cabe a responsabilidade, de intervir e

levar à sala de aula questões como a alimentação, a atividade física com

responsabilidade, os cuidados com suplementos alimentares, de anabolizantes, enfim, a

aceitação de seu corpo e os limites ao cuidar deste (SERRANO, 2007).

29

SEÇÃO II

CONCEPÇÃO DE BELEZA CORPORAL EM ADOLESCENTES EM UMA

ESCOLA ESTADUAL NO MUNICÍPIO DE CORUMBÁ, MS

2.PESQUISA DE CAMPO

2.1 MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa foi realizada em uma Escola Estadual no município de

Corumbá, MS. O nome da escola será mantido em sigilo.

A escola foi escolhida por sorteio, onde foram selecionadas todas as escolas

estaduais por serem as únicas que lecionam o ensino médio, no município de Corumbá,

MS. O sorteio foi realizado da seguinte maneira, foram escritas em papel o nome das

escolas, depois de dobrado os papéis, foram colocados dentro de uma pequena caixa e

foram misturados. Em seguida, pegou-se o papel e abriu-se, no qual estava presente o

nome da escola.

Para a realização da entrevista na escola participante, foi solicitado um termo de

autorização perante a direção, e para os pais e/ou responsáveis dos alunos (as) a serem

entrevistados, (Anexo I- termo de autorização).

A pesquisa caracteriza-se como uma entrevista contendo 16 perguntas

relacionadas a concepção de beleza corporal, utilizando a abordagem de cunho

qualitativo. Foram estudados 12 adolescentes de ambos os sexos, alunos do ensino

médio, referentes ao 3º ano, do período matutino, (Anexo II- as questões da entrevista).

As questões da entrevista foram desenvolvidas com base ideológica, no

questionário da autora Campos (2010). Algumas questões foram retiradas desse

questionário, porém modificadas para melhor se enquadrar no modo de entrevista,

referentes ao assunto de concepção de beleza corporal.

As questões sintetizadas para a entrevista possuíam sim e não como respostas

padrão, mas com justificativa, sendo gravada em áudio a entrevista não havendo a

necessidade de identificação nominal dos participantes, por isso ao decorrer da

exposição dos resultados, os entrevistados serão identificados como aluno 1 (A1), aluno

2 (A2), aluno 3 (A3), e assim sucessivamente.

Deve-se ressaltar que, os alunos que não concordassem com a pergunta referente

ao tópico da Estética Corporal na Sociedade, não poderiam responder as outras 3

questões sucessivas dentro deste tópico, por estas relacionarem-se entre si.

30

Os entrevistados eram 12 alunos, de uma turma de 40 do ensino médio. Desses

12 adolescentes, 9 eram do sexo feminino, e 3 do sexo masculino com faixa etária entre

16 à 17 anos. Contudo, não será discutido a relação de gênero, mas a sua totalidade de

resultados. A entrevista ocorreu durante apenas na aula de Educação Física no período

matutino, com o consentimento do professor.

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES

2.2.1. A estética corporal na sociedade

Dos 12 alunos entrevistados, 10 responderam acreditar existir um padrão de

corpo ideal na sociedade. Apenas A10 e A12, relataram não existir um padrão de corpo

ideal na sociedade, por possuírem a concepção de que todo mundo é livre, que as

pessoas não seguem um padrão, e fazem o que querem.

Desses 10 alunos, 6 entrevistados descreveram um padrão de corpo ideal

feminino sendo igual ao masculino. Os 6 alunos relataram que o homem e a mulher

devem ter corpos malhados, ter um porte atlético, serem magros, e possuírem uma

condição física ideal.

Entretanto para os outros 4 alunos, acreditam que há uma diferença de padrão,

quando estes referem-se que o homem deva ter um corpo escultural, musculoso, sarado,

maromba, forte e alto, diferentemente da mulher, onde necessariamente a cintura deve

ser fina, não ter barriga, ser magra, alta, ter glúteos e seios grandes.

Essas definições também estão relacionadas no estudo de Damasceno et al.

(2006), pois estes apresentam que o padrão de beleza feminino são mulheres

extremamente magras, altas, enrijecidas mas não musculosas. Ainda para os autores, ao

que tange o padrão de corpo ideal masculino deve ser, homens definidos e musculosos,

com ombros largos, tendo o maior desenvolvimento da parte superior do corpo –

peitorais, dorsais e braços – e quadris e pernas estreitos.

Dos 10 alunos que responderam existir um padrão de corpo ideal, 8 afirmaram

que não concordam com essa ideia de corpo. Em relação a essa questão, 2 alunos

explicam o motivo de concordar com o padrão de corpo, da seguinte forma:

“Concordo, porque eu acredito que muita gente vai seguir esse padrão,

mais de 90 por cento da sociedade. Concordo porque se não tivesse

esse padrão, muita gente “taria” perdido, é como, vamos dizer assim,

se não tivesse esse padrão de corpo ideal, muita gente “taria” meio

assim gordinho no futuro”. (A9)

31

Entretanto a indecisão ficou clara ao relato do A1, como este afirma abaixo.

“Acho que tipo... Não, não concordo muito porque... Aaahh eu

concordo mas discordo ao mesmo tempo. Tenho duas opinião, é que

tipo assim... eu concordo pelo fato de as pessoas quererem passar uma

imagem mais bonita sobre elas, e ao mesmo tempo, eu discordo

porque tem umas pessoa que são realmente obcecada por isso. Tipo

assim, a pessoa que não chega naquele corpo não se sente bem

tendeu?! Por não ter aquele corpo, essa imagem também passa é

ruim”.

Os entrevistados A3, A7 e A11 não concordam com o padrão porque eles

acreditam que a busca pelo corpo ideal acarreta na discriminação de pessoas obesas e/ou

magras de mais excluindo-os da sociedade, ocasionando problemas psicológicos,

desenvolvendo os distúrbios alimentares, como a anorexia e/ou bulimia. Esse fator está

entrelaçado também com os depoimentos dos alunos 2 e 8 onde afirmam, que há um

exagero dos indivíduos em buscar o corpo ideal, pois este torna-se obcecado em

alcançar o corpo padrão. Ainda 3 alunos completam relatando o que realmente importa,

é o indivíduo ser saudável, cuidar do corpo sem seguir um padrão.

Todavia, esses excessos podem ocorrer seja por obediência às regras estipuladas

para o alcance do corpo ideal, e/ou por sucessivos fracassos no cumprimento dessas

mesmas regras, coerentes aos excessivos apelos receitados pela mídia, (SEVERIANO,

RÊGO e MONTEFUSCO, 2010).

Em relação ao surgimento do conceito de corpo ideal na sociedade, apenas 1

aluno não tinha uma opinião formada sobre essa pergunta, mas para A2 esse conceito de

corpo ideal surgiu através de aparatos televisivos, nas novelas, em programas que

mostram mulheres e homens semi nus exibindo seus corpos. Da mesma forma aponta-

nos o A3, que para ele foi através das modelos; o A4 afirma que ocorreu devido a

disseminação pela mídia. Os alunos 5, 6 e 8 acreditam que tenha surgido pela vaidade

da preocupação com a beleza, que a vontade em ter uma beleza corporal é maior em ter

um corpo saudável. Os alunos 7 e 11, acreditam que surgiu com o decorrer do tempo na

sociedade capitalista, e para A9 relata que foi através de vários estudos científicos,

elaborando um corpo padrão para ser divulgado.

Esses relatos podem ser identificados na pesquisa de Iriart, Chaves e Orleans

(2009), onde garantem que essa valorização da aparência corporal foi um processo

potencializado pela mídia, pelo qual adquiriu um enorme poder de influência sobre as

pessoas na contemporaneidade, tornando-se um papel importante na disseminação de

valores e padrões estéticos, contribuindo para a criação de novas necessidades humanas.

32

Os 10 alunos foram indagados se consideram que o próprio corpo está dentro do

padrão ideal descritos no item 1 por eles. Dentre os alunos, apenas o A5 respondeu de

forma imparcial expondo que o seu tipo físico está sim dentro do padrão ideal de corpo

feminino, pois esta considera possuir traços brasileiros como bunda e coxa (padrão

nacional), porém esse não é o tipo físico ideal para a sua carreira de bailarina.

Entretanto, as respostas dos outros 9 alunos foram totalmente semelhantes, pois

estes afirmaram que o próprio corpo não se encaixa dentro desse padrão ideal. Os

alunos 4, 7 e 8, relataram que se consideram acima do peso, por isso não se encaixam

nesse padrão magro enrijecido, e gostariam de emagrecer. Os outros 6 entrevistados não

reclamaram de seus corpos, apenas referiram-se cobiçar ter um pouco mais de massa

muscular, por achar que são magros demais. Esses resultados com a insatisfação

corporal, também foram verificados em outros estudos (Santos et al., 2010; Fidelix et

al.,2011; Damasceno et al.,2006; Miranda 2011).

2.2.2 O corpo e sua midiatização

Os 12 alunos foram indagados, de que maneira estes obtêm acesso às

informações sobre o corpo na sociedade. Para os 12 entrevistados responderam que foi

disseminado pela mídia, pelos meios de comunicação como a televisão, através das

novelas, de programas interativos, de propagandas, via rádio, pela internet e por revistas

de moda. Ressalta-se que 3 alunos, mencionaram que é através também da conversa

com amigos e/ou familiares e no âmbito escolar.

Esses relatos também são explanados no estudo de Campos (2010), quando esta

afirma que os meios de comunicação (televisão, rádio, internet) ao mesmo tempo que

publicam notícias sobre o corpo visando teoricamente o bem-estar, a saúde, esta mesma

publica de maneira as vezes subliminarmente o corpo consumo, ou corpo como

mercadoria, incorporado por modelos que sempre se mantém dentro dos padrões de

beleza canonizados pela mídia.

Os entrevistados quando interrogados se utilizam de alguns desses meios de

comunicação - citados por eles na questão anterior -, para ter acesso às informações

sobre o “corpo ideal”, 6 alunos responderam que não, alegando que nunca se

importaram com isso. Mas para os outros 6 alunos que disseram sim, relatando que

buscam informações através de pesquisas na internet, ressalvando, que a conversa na

roda de amigos dentro e fora da escola também é um aspecto para obter informações

33

relacionadas ao corpo. Estes resultados também foram encontrados na pesquisa de

Campos, (2010).

2.2.3 O olhar do outro e o olhar para si

Este tópico está relacionado com a temática de bullying e com a questão de

comparação entre corpos.

Os 12 entrevistados, quando questionados se já haviam sofrido (ou sofrem)

algum tipo de agressão física, verbal e/ou exclusão, no âmbito familiar, escolar ou na

rua devido à aparência, 50% responderam Sim e outros 50% Não.

Dois alunos tiveram semelhanças nas respostas, afirmando que foram ofendidos

devido a massa corporal elevada para suas estaturas, como relata A6 abaixo.

“Já, já, na escola. Porque tipo antes eu era bem gordinha, bem

rolicinha então é, na escola sempre tinha alguém que falava:

-Aah olha aquela baleia. Mas isso quando eu era bem mais criança.

O mesmo acontece ao inverso, quando o indivíduo é considerado magro, como

relata A2 na fala seguinte.

“A minha família... eles falam que sou magra di más, aii fala tanta

coisa! A minha mãe me chama de magrela o tempo todo!”

Ainda complementando, apresenta-se A3:

“Quando eu era pequena na escola me chamavam de Olívia palito,

mas isso quando eu era bem pequena, quando eu estava no pré.”

A4, revelou que sofreu bullying verbalmente, devido a sua nacionalidade

boliviana, mas que de certa forma, subentende-se que seria sim por sua aparência, por

ela ter outros traços diferentes dos demais. A11 relatou que sofreu agressão verbal por

ter sido considerada totalmente diferente dos outros alunos, como estatura, cor de pele e

cabelo, e o sotaque, quando mudou de um estado para outro.

Através da pesquisa realizada por Gressi & Santos (2009), observaram que a

grande maioria das situações de bullying, envolve xingamentos, discussões, fofocas,

ameaças, apelidos pejorativos e/ou maldosos e outras situações orais. Ainda fazem parte

as agressões físicas como brigas, empurrões, roubos, destruição de material escolar,

ocorrem em mais de 40% dos conflitos, mas sempre precedidos de discussões.

Portanto, averiguou-se que os adolescentes se preocupam com o julgamento do

outro pois precisam dessa aceitação do grupo, e quando esse olhar alheio é negativo, as

agressões verbais e/ou físicas tornam-se cotidianas.

34

Os adolescentes entrevistados foram questionados se já comparam o próprio

corpo com outra pessoa, e sentiram-se em desvantagem. De todos os 12 alunos, apenas

o A4 respondeu não ter-se comparado com outra pessoa, alegando gostar do jeito que é,

porém os restantes responderam sim, já compararam o seu corpo.

Nessas comparações, todos deixaram claro o desejo de ter o corpo parecido com

do outro que ponderam ser bonito, sendo que a cobiça no quesito de aumentar as

silhuetas ocorre principalmente no caso das meninas, que em específico gostariam ter

bumbum, coxa ou seios um pouco maiores e não ter barriga. Ressaltando que aquelas

que já possuem um corpo muito avantajado querem diminuir suas curvas. A mesma

vontade de aumentar a silhueta porém nos membros superiores, também ocorre no caso

dos 3 alunos meninos, como relata A9 ao comparar-se:

“Já, porque você pensa assim, “pow” a pessoa da mesma idade que

você, daí você pensa a variedade de cada um de corpo. Ai você pensa

assim, por exemplo, se eu sou magro e a outra pessoa é forte, daí você

pensa se eu fizesse academia eu poderia estar ai sim também”.

A ênfase dessa questão não é obter dados por gênero, mas perceber que ambos

os sexos, se preocupam com a própria imagem, claramente observado na admiração que

estes possuem ter ao compararem seu corpo com o outro, criando o desejo de ter aquele

corpo considerado ideal, bonito pelos mesmos.

De acordo com Campos (2010), a autoestima é correspondente a satisfação dos

indivíduos aceitarem bem o próprio corpo, seus limites, dificuldades e diferenças.

Sendo que este relacionamento torna-se conflituoso, quando o indivíduo começa a

sustentar a importância à beleza física, como se fosse possível adotar modelos

idealizados como parâmetro para si próprio e para as massas, sem levar em conta a

diferença estrutural do corpo de cada um.

2.2.4 Os aparatos modelativos corporais

Os alunos foram indagados respectivamente, se praticam academia e por qual o

motivo.

Os entrevistados justificam a vontade e/ou motivo por não praticarem academia:

o A1 (mas quer começar, para chegar ao padrão que deseja), A2 (praticaria, por causa

das amigas que já fazem), A3 (por falta de ânimo), A4 (nunca pensou em fazer), A8 e

A12 (reclamam que os preços das academias são muito elevados), A10 (alega falta de

tempo, por estudar integralmente), A11 (por falta de interesse, apesar de achar

necessário para a saúde, acredita que não seria o momento fazer).

35

Os que já praticaram academia são: o A5 (iniciou por recomendação do

professor de ballet, que pediu que fizesse mais exercícios aeróbicos para perder um

pouco de massa muscular), A6 (começou a fazer para cuidar do corpo, e também por ser

uma atividade diária), A7 (praticava com o intuito de ter o corpo ideal, mas parou de

fazer), A9 (começou a fazer por incentivo dos amigos, mas parou devido ao alto custo).

Quando questionados se praticam exercícios físicos, os alunos A1, A3, A7, A10

responderam que não, alegando falta de tempo, por possuírem horas de estudo integral;

A4, A6, A11 e A12 raramente caminham ou fazem alguns exercícios na escola quando

participam das aulas de Educação Física.

Aos alunos que praticam atividade física são: A2 (joga em time de futsal dentro

e fora da escola), A5 (é bailarina desde os seis anos, e atualmente é aluna do Moinho

fazem uns 5 anos), A8 e A9 (relatam caminhar, por ser uma atividade gratuita).

Nota-se, que a maioria dos entrevistados que não praticam academia alegam

falta de tempo, principalmente o alto custo financeiro, e até mesmo falta de interessante

em praticar. Aos que por sua vez já fizeram academia, de alguma forma param de fazer,

devido ao encarecimento das mensalidade e por isso desistem. Mas a maioria tinham

como intuito cuidar do corpo.

Aos poucos alunos que fazem exercícios físicos praticam mesmo, porque

realmente gostam ou por ser também atividades gratuitas. Entretanto, a maioria que não

pratica, subtende-se que é por falta de interesse, pois alegam falta de tempo, e relatam

que raramente fazem atividades na aula de Educação Física.

Provavelmente essa falta de interesse, pode ser justificada pela possível vontade

que a maioria tem em praticar academia, talvez por assimilarem à academia uma forma

de modelação corporal, já que as atividades físicas por sua vez, não possuem o caráter

modelador de corpo, tão pouco como forma de cultua-lo.

Para Iriart, Chaves e Orleans (2009), declaram que essa obsessão pelo corpo

midiático, proporciona status à pessoa, contribuiu para conquistar à admiração e

popularidade no seu meio social, permitindo também a conquista afetiva de pares com

mesmo nível de beleza.

Aos 12 entrevistados, foram questionados se fazem algum tipo de dieta, ou já

pensaram em fazer, e qual a forma que utilizaram para ter acesso às informações sobre

essa dieta.

Os 4 alunos relataram que nunca fizeram algum tipo de dieta, mas que já

pensaram em fazer para aumentar o peso corporal ou para diminui-lo. Somente 3 alunos

36

disseram nunca terem feito ou pensado em fazer dieta, por sentir-se bem com o corpo

que possuem.

Aos que já fizeram algum tipo de dieta para emagrecer, por conta própria através

de pesquisas na internet e/ou dicas de amigos, de parentes, com personal, foram os

alunos A4, A5, e A2 que afirma:

“Tirei da minha cabeça! Foi quando eu sentei e vi uma dobrinha na

minha barriga, daí eu fiquei desesperada! Só que tipo é normal, depois

que eu fui saber que era normal de tanto as pessoas vir falar pra mim!

Daí me falaram que eu estava magra de más”.

Todavia, 2 alunos relataram que fazem a dieta apenas para cuidar da saúde, mas

que teve auxílio de uma nutricionista.

Quando questionados se usam algum tipo de suplemento, 7 alunos disseram

nunca ter usado, mas que conhecem um pouco a respeito desses através de pesquisas na

internet, ou conversa com amigos, parentes. Somente 1 aluno, afirmou ter o

conhecimento sobre suplementos através de um especialista, a nutricionista. E apenas 2

alunos, relataram que nunca usaram e não tem ideia do que sejam, por não ter interesse.

Porém um entrevistado afirmou que apesar de não tomar suplementos, faz uso de

capsulas para emagrecimento, e já tomou shakes. Entretanto, outro aluno relatou já ter

usado suplemento, por indicação do próprio dono da academia em que malhava,

alegando que seria necessário para ganhar mais massa muscular.

Considera-se então, a maioria dos entrevistados relataram que não fizeram

nenhum tipo de dieta e muito menos utilizam suplementos, porém, possuem

conhecimento sobre estes. A maioria das informações obtidas pelos adolescentes sobre

dietas e suplementos, ocorre através da curiosidade em pesquisar na internet, ou em

trocar informações principalmente entre eles, ou seja, subtende que a maioria dos alunos

obtém essas informações conforme o jeito mais viável para eles, que não tenham um

custo financeiro.

Os 12 alunos foram indagados também, se fariam alguma cirurgia plástica, tanto

para retirar algo do corpo que não lhe agrada ou para acrescentar.

Para 7 alunos, afirmam que não teriam coragem em realizar uma cirurgia

plástica por considerar satisfação de si próprio, e por ser apelativo modificar o corpo

para sempre. Esse fato pode ser constatado no relato de dois alunos logo abaixo:

“Não. Cirurgia eu não tenho coragem, tipo...eu poderia mudar alguma

coisa em mim, mas eu preferiria ralar numa academia fazendo as

coisas, do que eu fazendo uma cirurgia” (A5).

37

“Não, eu não faria nenhuma cirurgia plástica, eu tentaria ver primeiro

se o meu corpo modifica eu fazendo exercícios físicos, mas mesmo se

não mudasse eu não faria, porque eu me sinto bem comigo mesmo.

Porque eu posso fazer uma cirurgia, e as pessoas gostarem do jeito

que eu era antes e eu não sabia, então não tem como reverter, prefiro o

natural” (A8).

No entanto, 5 alunos admitem que modificariam o corpo através de cirurgia,

como podem ser vistos nos discursos abaixo:

“Aah eu acho que sim, primeiro assim eu entraria numa academia tipo

assim, pra criar massa muscular, e dependendo do meu desempenho,

do que eu precisar ainda pra melhorar o meu corpo eu acho que eu

colocaria talvez silicone no seio” (A11).

“Sim. Eu fazia uma lipo, porque é muito bom... não que seja uma

coisa segura, porque tem gente que morre por causa disso”(A6).

“Sim, só no meu nariz, porque eu acho que ele é muito grande” (A12).

“Eu tiraria minhas estrias... (risos) impossível, mas eu gostaria” (A7).

Nota-se neste item 13, que os 7 alunos que não fariam cirurgia, preferem usar

outros tipos de recursos para modificar algo em seus corpos de modo temporário, de

forma que não altere sua estrutura anatômica para sempre. Diferente dos outros 5

alunos, que afirmam ter vontade de fazer algum tipo de cirurgia para modificar sua

aparência, confirmando sua intensidade de insatisfação corporal. Todavia, esse resultado

é semelhante aos encontrados no estudo de Campos (2010).

2.2.5 A importância da Educação Física no âmbito escolar como mediadora da

concepção corporal

Foi questionado para os alunos se esse assunto sobre o corpo, já foi alguma vez

discutido em sala de aula, e caso tenha sido, em qual aula aconteceu.

Dentre os 12 alunos, 9 afirmaram que esse tema já foi debatido na escola, na

aula de Educação Física, no ano passado, quando estavam no segundo ano do ensino

médio e recentemente no terceiro ano.

O aluno A5, alegou que teve apenas uma discussão sobre o corpo no Moinho

Cultural, local que esta faz ballet; o A11, relatou que teve um debate em uma aula

chamada de Introdução Interativa na escola; sendo que A12, afirmou que houve apenas

uma palestra na antiga escola em que estudava.

38

Logo em seguida, perguntou-se aos entrevistados, se esse tema debatido em sala

de aula, foi o suficiente para sanar as dúvidas de todos. E com unanimidade disseram ter

sido uma aula boa, mas que era preciso ser discutido mais vezes, para tirar mais dúvidas

que muitos alunos ainda possuem.

A pergunta seguinte indaga se esse tema discutido influenciou de alguma

maneira o modo de pensar a respeito do corpo. Para 10 alunos disseram ter sim

modificado alguns conceitos, o modo de pensar. Todos acreditam que aprenderam o

quão importante são atividades físicas para manutenção corporal, que são prejudiciais

dietas sem o auxílio de um especialista, que não se deve dar ênfase ao padrão de corpo

e/ou de estética, pois cada um possui suas individualidades, suas características físicas.

Como relatam A11e A12 sucessivamente, logo abaixo.

“Acho que influenciou mais assim, eu aprendi a me aceitar, tipo no

início do ano eu me arrumava muito pra vir pra escola, passava

maquiagem, arruma meu cabelo, mas esse ano eu to mais tranquila, eu

prendo meu cabelo do jeito que eu quiser, não to mais preocupada

com que os outros vão pensar de mim, eu to mais preocupada comigo

mesmo, com minha saúde. Não importo mais com a roupa, com que

os outros vão pensar.”

“Bom, me ajudou um pouco, pra eu ver que tem que pessoas que não

estão satisfeitas com seu corpo e não é bem assim, a gente tem que se

aceitar.”

Entretanto para os alunos 3 e 10 consideraram que não houveram influencias,

que não modificou-a maneira de pensar a respeito do corpo, porque estes relatam que

continuaram a pensar da mesma maneira, apenas obteve mais informações.

Pode-se afirmar que das poucas aulas que os alunos tiveram na escola,

contribuiu de maneira significativa, para a construção sobre a concepção corporal dos

entrevistados, onde a maioria alegam ter aprendido ou repensando alguns conceitos

sobre o corpo.

Todavia, os alunos ainda ressalvam, afirmando que deveriam ter mais aulas

sobre o corpo por considerarem interessante os cuidados corporais e até mesmo na

própria aceitação corporal, pois esta fase da adolescência é onde ocorrem diversas

transformações fisiológicas e psicológicas, em que o jovem procura encontrar sua nova

identidade para a fase adulta, como explanam D’Ávila (1998) e Frois et al. (2011).

Para finalmente encerrar o questionário, foi perguntado aos 12 entrevistados, se

estes consideram importante o assunto sobre corpo no âmbito escolar.

39

Ocorreu a unanimidade dos alunos ao afirmarem que o assunto deve sim ser

debatido em sala de aula, pois alegam que existem alunos que não buscam informações

a respeito, e a escola seria uma mediadora por ensinar conteúdos aos alunos. Como os

alunos afirmam nos relatos abaixo:

“Sim. Porque nem todos tem a curiosidade de buscar saber as coisas, e

na escola a gente é meio que obrigado a entender isso né?!” (A3)

“Acho até pra isso, pra outras pessoas se sentirem bem, que se

satisfaçam do jeito que são, porque tipo ninguém precisa agradar

ninguém, eu acho o mais importante você estar satisfeito com você,

você tem que fazer o melhora pra sua saúde, e não por estética.” (A11)

“Sim, considero, porque tem muitas meninas que acabam tendo

anorexia, e eu acho isso muito nada a ver... Têm amigas minhas que se

acham gordas e nem são, tem um corpo perfeito, e ficam fazendo

dietas. Daí tipo eu acho muito nada a ver, porque eu acho que é falta

de informação.” (A12)

“Porque agora, que a gente tá numa faze adolescente então muitas

pessoa já... assim, já querem ter aquele corpo mesmo, é..., se sentir

gostosa ou gostoso e eu acho importante porque faz com que umas

pessoa que pensam indo só pelo lado positivo indo naquilo e se viciar

tendeu?! Porque tudo que é um vício faz mal..iiihh isso fez um pouco

a gente pensar que não tem só um lado positivo mas tem um lado

negativo.”(A2)

Nesta questão, observa-se que os alunos ressaltam a importância de ser

questionado o tema sobre concepção de corpo, por considerar que o âmbito escolar é um

meio onde ajuda na construção crítica do indivíduo perante a sociedade, bem como as

aulas de Educação Física deveriam abranger outros assuntos que não fossem

relacionados aos esportivos, como relata o aluno 5 abaixo.

“Sim, porque eu não acho que deve ter futebol, futebol, futebol o tempo

todo!”

Contudo para Serrano (2007), essa cobrança pela beleza e o julgamento da

aparência corporal inseridos na escola influenciam e são influenciadas pelos

adolescentes e crianças. Estes possuem grandes chances de se tornarem adultos

extremamente preocupados com a própria aparência, como consequências muitas vezes,

prejudiciais à saúde.

A autora acima ainda afirma, que as implicações emocionais nas crianças e nos

adolescentes são inúmeros, e muitas vezes acabam não se desenvolvendo nas aulas de

40

Educação Física como deveriam, ocasionando nos adolescentes a exclusão, e a privação

da aprendizagem e da vivência durantes as aulas.

41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dessa pesquisa realizada com os adolescentes em uma escola pública no

município de Corumbá, notou-se qual a concepção de corpo ideal que estes acreditam

existir na sociedade atual.

Averiguou-se com o relato dos entrevistados, de que a concepção de corpo ideal

masculino são indivíduos de corpo escultural, malhados e a concepção do corpo ideal

feminino seriam mulheres com glúteos, seios e coxas grandes, definidas e sem barriga.

Esses estereótipos descritos pelos adolescentes revelam, que há uma insatisfação

corporal desses jovens quando relatam terem comparado seu próprio corpo ao padrão

ideal disseminado pela mídia, afirmando a vontade em querer modificar a si próprio

para estar dentro do padrão de beleza idealizado.

Por isso a importância de modo geral em estudar essa temática, para uma melhor

compreensão de, qual maneira criamos e modificamos nossas concepções corporais

perante a sociedade, contribuindo para o desenvolvimento da construção crítica corporal

dos jovens.

Essa tomada pela consciência de concepções de corpo pelos adolescentes, está

intrínseca ao âmbito escolar, pelo fato dos entrevistados relatarem a escola ser

geralmente a ferramenta para aprendizagem e obterem informações atuais.

Contudo, ressalvamos pensar, como se faz importante e necessário que haja

informações a serem discutidas e debatidas dentro da escola para colaborar na

construção da identidade corporal do indivíduo. Apesar dessa pesquisa não ter o intuito

de investigar profundamente o papel da Educação Física na temática de concepção

corporal, esse assunto poderia ser abordado em uma próxima pesquisa.

42

6. REFERÊNCIAS

BARBOSA, Maria Raquel; MATOS, Paula Mena; COSTA, Maria Emília. Um olhar

sobre o corpo: o corpo ontem e hoje. Psicologia & Sociedade, 23(1), 24-34, 2011.

BENTO, Clovis Claudino; GONÇALVES JUNIOR, Luiz. O corpo na mídia:

percepções de alunos de educação física de uma escola pública estadual. In: VI

EDUCERE - CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO - PUCPR - PRAXIS, 2006,

Curitiba. Anais.Curitiba: PUCPR, 2006. v. 1.

CAMPOS, Ivanir Glória de. A influência da mídia sobre o ser humano na relação

com o corpo e a auto-imagem de adolescentes. Caderno de Educação Física (ISSN

1676-2533| e-INSS 1983 -8883). Marechal Cândido Rondon, v.9, n.17, p.87-99, 2. sem.,

2010.

CASTRO, Ana Lúcia de. Culto ao corpo e sociedade: mídia, estilos de vida e cultura

de consumo. 2º edição, São Paulo: Annablume: Fapesp, 2007.

DAMASCENO, Vinicius Oliveira; VIANNA, Viviane Ribeiro Ávila; VIANNA,

Jeferson Macedo; LACIO, Marcio; LIMA, Jorge Roberto P.; NOVAES, Jefferson Silva.

Imagem corporal e corpo ideal. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Editora

Universa, 2006.

FIDELIX, Yara Lucy et al. Insatisfação com a imagem corporal em adolescentes de

uma cidade de pequeno porte: associação com sexo, idade e zona de domicílio. Revista Brasileira Cineantropom Desempenho Hum. 2011, 13(3): 202 – 207.

FURTER, Pierre. Livro Juventude e tempo presente – parte 1. Editora Civilização

Brasileira S.A. Rua 7 de Setembro, nº 97. Rio de Janeiro, GB, Brasil, 1967.

FROIS, Erica; MOREIRA, Jacqueline; STENGEL, Márcia. Medios de comunicación y

laimagen em la adolescência: elcuerpoenel debate. Psicol. estud. vol.16 no.1

Maringá Mar. 2011.

GROSSI, Patrícia Krieger; SANTOS, Andréia Mendes dos. Desvendando o fenômeno

bullying nas escolas públicas de Porto Alegre, RS, Brazil. Rev. Port. de Educação.

2009, vol.22, n.2, pp. 249-267. ISSN 0871-9187.

GONZALEZ, Maria Cristina Rey. Imagem corporal e obesidade infantil.Tese

(Mestrado em Educação Física). Campinas, SP: [s.n], 2006.

IRIART, Jorge Alberto Bernstein; CHAVES, José Carlos; ORLEANS, Roberto

Ghignone de. Culto ao corpo e uso de anabolizantes entre praticantes de

musculação. Cad. Saúde Pública. 2009, vol.25, n.4, pp. 773-782. ISSN 0102-311X.

MALDONADO, Gisela de Rosso. A Educação Física e o adolescente: a imagem

corporal e a estética da transformação na mídia impressa. Revista Mackenzie de

Educação Física e Esporte – Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré, 2006.

43

MIRANDA, Valter Paulo Neves. Insatisfação corporal em adolescentes de

municípios de pequeno porte / Tese (Mestrado em Educação Física) – Universidade

Federal De Juiz de Fora, 2011.

OLIVIER, Giovanina Gomes de Freitas. Um olhar sobre o esquema corporal, a

imagem corporal, a consciência corporal e a corporeidade. Tese (Mestrado em

Educação Física). Campinas, SP: [s.n], 1995.

Parâmetros Curriculares Nacionais. Ensino Médio. 2000. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>. Acesso em: 23 mai. 2014.

PEREIRA, Érico Felden et al. Percepção da imagem corporal de crianças e

adolescentes com diferentes níveis sócio econômicos na cidade de Florianópolis,

Santa Catarina, Brasil. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant, Recife, 9 (3):253-262, jun. /

set, 2009.

SANTOS, Eduila Maria C. et al. Satisfação com o peso corporal e fatores associados em

estudantes do ensino médio. Revista Paul Pediatr 2011;29(2):214-23, 2011.

SERRANO, Luana Marcello. A influencia da aparência corporal nas aulas de

educação física: uma reflexão a partir da pesquisa bibliográfica / Luana Marcello

Serrano. – Campinas, SP: [s.n.], 2007.

SEVERIANO, Maria de Fátima Vieira; REGO, Mariana Oliveira do; MONTEFUSCO,

Érica Vila Real. O corpo idealizado de consumo: paradoxos da hipermodernidade.

Rev. Mal-Estar Subj. 2010, vol.10, n.1, pp. 137-165. ISSN 1518-6148.

SILVA, Ana Márcia. Corpo, Ciência e Mercado: reflexões acerca da gestão de um

novo arquétipo de felicidade. Campinas/Florianópolis: Autores Associados/

EDUFSC, 2001.

TAVARES, Maria da Consolação G. Cunha F. Imagem Corporal: conceito e

desenvolvimento. Barueri, SP: Manole, 2003.

TURTELLI, Larissa Sato. Relações entre imagem corporal e qualidades de

movimento: uma reflexão a partir de uma pesquisa bibliográfica. Tese (Mestrado

em Educação Física) – Campinas: [s.n], 2003.

44

ANEXO-I

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA PAIS E/OU RESPONSÁVEIS

Corumbá, 26 de Maio de 2014.

Senhores pais e/ou responsável,

Vimos por meio deste documento solicitar a autorização dos senhores

(as) para que seu filho (a) possa participar de uma entrevista a ser realizada

em sala de aula, como parte da minha pesquisa de monografia sobre o tema

“As concepções e percepções do corpo de estudantes do ensino médio”.

Sou acadêmica do 8º semestre do curso de Licenciatura em Educação

Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal,

matriculada na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação da

Profª Me. Hellen Jaqueline Marques.

Buscamos com esta pesquisa investigar qual a concepção de beleza

corporal dos adolescentes do município de Corumbá / MS e identificar a

percepção dos adolescentes quanto à sua própria imagem corporal a partir

dessa concepção.

Sua participação é de grande importância para a realização desta

pesquisa e irá contribuir para as reflexões e debates acerca do processo de

ensino-aprendizagem na escola.

Os (as) alunos (as) não terão que se identificar na entrevista, ou seja,

não precisarão informar o nome.

Desde já agradecemos sua compreensão e colaboração.

Atenciosamente,

________________________________________ Mariane Mesquita Chaparro

Acadêmica do Curso de Educação Física UFMS/CPAN

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Eu,_________________________________________________ autorizo meu

filho(a)_________________________________________ a participar da

entrevista.

45

ANEXO- II Entrevista

Data de nascimento: ___/___/______ Sexo: F ( ) M ( ) Série: __________ Escola:___________________________________________Data:___/___/___ 1 – Existe um padrão de corpo ideal na sociedade? Sim ( ) Não ( ) Se sim, O que é um corpo ideal para os homens e as mulheres na sociedade em que vivemos? Descreva. Se não, justifique e comente sua opinião sobre esse assunto. O que seria um corpo ideal para você. ______________________________________________________________________________________________________________________________ 2- Você concorda com essa ideia de corpo ideal? Porque? Sim ( ) Não ( ) ______________________________________________________________________________________________________________________________ 3- De que maneira você acredita que surgiu esse conceito de corpo ideal na sociedade (ou para você)? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 4- Você considera seu corpo dentro deste padrão considerado ideal? Porque? Sim ( ) Não ( ) ______________________________________________________________________________________________________________________________ 5- De que forma temos acesso às informações sobre corpo na sociedade? (amigos, escola, televisão, jornais, revistas, outros...?) ______________________________________________________________________________________________________________________________ 6- Você utiliza alguns desses meios para ter acesso às informações sobre “corpo ideal”? ( ) Sim ( ) Não SIM - indique qual meio você geralmente usa? NÃO - relate porque você não busca informações sobre o “corpo ideal”? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 7- Você já sofreu bullying (agressões físicas, verbais e/ou exclusão) na rua, no ambiente familiar ou âmbito escolar referentes ao seu corpo? ( ) Sim ( )Não -SIM, relate brevemente o fato ocorrido, e qual o termo pejorativo utilizado que tenham lhe ofendido? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 8- Você é praticante de academia? ( ) Sim ( ) Não

46

-SIM nessa questão, descreva quanto tempo faz que você pratica academia? Porque você começou a fazer? -NÃO, comente qual o motivo de não praticar academia? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 9- Você faz alguma atividade física? Qual? ( ) Sim ( ) Não -Sim, relate porque começou a fazer essa atividade física? -Não, relate porque não pratica alguma atividade ______________________________________________________________________________________________________________________________ 10- Você já pensou em fazer ou já fez alguma dieta? ( ) Sim ( ) Não -SIM, relate qual a dieta que já fez, onde você achou essa dieta, se alguém te recomendou, ou se simplesmente você deixou de comer para emagrecer? -NÃO, comente porque você nunca pensou em fazer isso? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 11- Você já usou ou usa suplementos alimentares? ( ) Sim ( ) Não -SIM, descreva quais suplementos que você usa ou já usou? Porque você começou a usa-los? E quem indicou esses suplementos para você? -NÃO, comente porque não usa suplementos? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 12- Você já comparou o teu corpo com alguém e sentiu-se em desvantagem? ( ) Sim ( ) Não -SIM, relate o que admira na outra pessoa e gostaria de ser parecido? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 13-Se você pudesse, você faria alguma cirurgia plástica? ( ) Sim ( ) Não -SIM, relate porque você faria isso, e o que você mudaria em teu corpo? -NÃO, relate o porquê nunca teve vontade de mudar algo em você? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 14-Na escola esse assunto já foi discutido ou ensinado de alguma forma? Sim ( ) Não ( ) Em qual disciplina? O que foi discutido? Em que série você estava? Foi suficiente ou o assunto precisaria ser mais apresentado e debatido? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 15- Estas aulas, se ocorreram, influenciaram em sua maneira de pensar a respeito do corpo? Sim ( ) Não ( ) Em que sentido (modificou alguma coisa? O que?) ______________________________________________________________________________________________________________________________

47

16-Você considera esse assunto importante para ser aprendido e debatido na escola? Sim ( ) Não ( ) Porque? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

48