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CONCRETO REFRIGERADO
PRINCPIOS FUNDAMENTAIS PARA
PROJETAR ESTRUTURAS DURVEIS
EM CONCRETO REFRIGERADO
Petronilho e Associados Tecnologia das Construes Ltda.
Edson Petronilho
Caio Sgolo
Outubro de 2011
Rev. 01
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Concreto Refrigerado
J na dcada de 1970 surgia a preocupao com a durabilidade dos concretos
lanados na construo das grandes usinas hidroeltricas no Brasil, em virtude da
elevada temperatura desenvolvida nos macios executados. Em geral, os slidos
expandem-se com o calor e retraem-se com o resfriamento, aplicada a grandes
volumes essa condio resulta em fissuras caso no sejam adotadas medidas de
controle .
A construo de barragens impulsionou o desenvolvimento tecnolgico do
concreto e propiciou o desenvolvimento de materiais e aperfeioamento da
tcnica e estudos quanto permeabilidade e fissurao trmica. O estudo dos
efeitos das variaes volumtricas de origem trmica uma das principais
preocupaes em macios de grandes volumes de material, uma vez que o calor
gerado pela hidratao do cimento um importante indutor de fissuras ( id.,
2005).
O crescente conhecimento adquirido na poca extrapolou os limites do canteiro
de obras e influenciou a indstria cimenteira no aprofundamento de estudos sobre
moagem de cimento, controle de produo do clnquer e influncia da petrografia
na obteno de produto mais adequado ao mercado.
A evoluo e o entendimento do concreto aplicado em obras de grande porte
definiram o conceito de concreto-massa, sendo compreendido por aquele
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concreto lanado em grandes volumes e que necessita de meios especiais para
combater a gerao de calor e as variaes volumtricas da provenientes.
O fenmeno trmico no concreto gerado pela hidratao do cimento. O fluxo
de calor passa do interior para o exterior da massa de concreto, que se contrai at
que sua temperatura se equilibre com as temperaturas com o meio ambiente.
Nessa fase, o concreto ganha rapidamente tanto resistncia como rigidez,
gerando tenses internas que, se ultrapassarem sua resistncia trao, levam
fissurao.
Se o concreto possusse a capacidade de deformar-se livremente, as variaes de
volume pouco interfeririam, mas o concreto est sujeito a restries de
movimento, seja pela fundao, pela geometria da estrutura ou pela armadura. A
combinao de variaes volumtricas e restries gera tenses que, se maiores
que aquelas as quais o material pode suportar, resultam em fissuras.
Os principais fatores que influenciam a retrao trmica so: condies
climticas durante a execuo, temperaturas mdias da regio, temperatura de
lanamento, quantidade e tipo de materiais empregados, geometria da estrutura,
propriedades do concreto endurecido, propriedades trmicas e elsticas da
fundao, tipo de cura, altura das camadas de lanamento e seus intervalos de
execuo e dimensionamento de juntas de contrao.
No desenvolvimento de empreendimentos que fazem uso de concreto refrigerado
deve-se considerar:
Controle dos efeitos trmicos de hidratao do cimento, atravs da
reduo do consumo de aglomerante e reduo da temperatura dos
materiais constituintes.
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Cuidados com a geometria da estrutura e da fundao, a fim de
evitar fissuras que podem ser potencializadas pelo efeito trmico.
Estudo dos materiais componentes do concreto para evitar reaes
deletrias, destacando as reaes lcali-agregadas.
A taxa e a magnitude da elevao adiabtica da temperatura do concreto funo
da quantidade, composio e finura do cimento e da temperatura durante sua
hidratao.
Diversas prticas so adotadas para o controle dos efeitos trmicos no concreto,
como a utilizao de cimentos com baixos teores de C3A e C3S, cimentos mais
grossos, adoo de pozolana, pozolana obtida de argila caulintica, utilizao de
centrais de resfriamento e produo de gelo, estudos trmicos utilizando mtodo
dos elementos finitos e outros.
As causas da fissurao podem ser atribudas a falhas ou ocorrncia de no
conformidades nas fases de projeto, execuo ou dosagem do concreto. A
preveno contra a fissurao em cada uma dessas fases atua nos seguintes itens
de cada etapa:
Juntas de contrao; restrio; mudanas de seo; assentamentos
da fundao na fase de projeto;
Tipo e quantidade de cimento, hidratao do aglomerante, tipo e
dimenso mxima do agregado, teor de gua, aditivos, altura das
camadas de concretagem e temperaturas na fase de dosagem;
Temperatura de lanamento do concreto, elevao da temperatura
e resfriamento$, velocidade de execuo, gradiente de temperatura
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com o meio, cura e isolamento, fundao, temperatura do ar e
velocidade do vento na fase de execuo.
Os principais tipos de fissuras em concretos massivos so aqueles devidos
retrao plstica, ao ataque de sulfatos, s reaes lcali-agregado e similares
decorrentes da corroso da armadura, ao assentamento do concreto, aos
movimentos das formas, assentamento das fundaes, formao de etringita
tardia e aquelas formadas por alteraes volumtricas de origem trmica no
concreto.
Entre as fissuras que surgem antes do endurecimento, ou seja, no estado plstico
do concreto, destacam-se:
Assentamento do concreto: os materiais mais finos comeam a
assentar, expulsando gua e ar, mas os agregados maiores e as
armaduras oferecem restrio a esse deslocamento da massa,
resultando em fissuras.
Retrao plstica: a fissurao causada pela secagem rpida do
concreto fresco quando a taxa de perda de gua da superfcie, por
evaporao, excede a taxa disponvel de gua de exsudao. As
principais causas so as altas temperaturas, baixa umidade relativa,
ventos e absoro do agregado.
J entre as fissuras que surgem aps o endurecimento as mais comuns so:
Retrao por secagem ou hidrulica: inicialmente, a gua
perdida por evaporao no est presa estrutura dos produtos
hidratados e sua fuga do concreto no causa retrao significativa.
Entretanto, quando a maior parte dessa gua livre perdida,
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prosseguindo a secagem, observa-se que uma perda adicional de
gua resulta em retrao considervel, que por sua vez causa
fissuras.
Reao lcali-agregado: processo qumico em que alguns
constituintes mineralgicos dos agregados reagem com os lcalis
(hidrxidos de sdio e de potssio) provenientes do cimento, da
gua, agregados, pozolanas, etc. que esto dissolvidos na soluo
dos poros do concreto, formando um gel expansivo que gera
diversas patologias, sendo a principal a formao de fissuras.
Corroso das armaduras: fenmeno eletroqumico, causado pela
despassivao da armadura que tem seu volume expandido
mediante carbonatao ou ataque de cloretos, cujo mecanismo de
penetrao no concreto depende diretamente de sua
permeabilidade.
Retrao trmica: por ser a principal caracterstica a ser
controlada no concreto-massa, constitui o objeto de estudo do
presente trabalho.
A fissurao em tais estruturas est diretamente relacionada sua vida til, pois
altera as condies de permeabilidade do macio e d incio aos fenmenos de
deteriorao do material em seu interior.
As manifestaes patolgicas mais comuns oriundas da fissurao so: lixiviao
do concreto, que pode reduzir sua resistncia, e corroso das armaduras atravs
da penetrao de agentes agressivos.
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Retrao Trmica
Conceito
O concreto-massa est sujeito s elevaes considerveis de temperatura nas
primeiras idades, devido s reaes exotrmicas de hidratao do cimento. O
aquecimento causa expanso que, sob restrio, provoca tenses de compresso.
Nessa idade, o mdulo de elasticidade do concreto baixo e a relaxao da
tenso alta, portanto, a tenso de compresso pequena a ponto de poder ser
desprezada.
Aps atingir um pico mximo de temperatura e expandir seu volume, o concreto
contrai-se at equilibrar a sua temperatura com a do meio ambiente, atingindo,
assim, a temperatura de equilbrio. Esse processo, denominado retrao trmica,
faz com que o concreto fissure.
Nessa fase inicial, o concreto ganha rapidamente resistncia e rigidez, gerando
tenses de expansivas que, se ultrapassarem sua resistncia trao, levam
fissurao.
O grfico abaixo mostra a variao de temperatura do concreto em funo do
tempo.
TEMPERATURA AMBIENTE
ELEVAO DA TEMPERATURA
T
TEMPERATURA DE LANAMENTO DO CONCRETO
TEMPERATURA MXIMA
TEMPO EM DIAS
TE
MP
ER
AT
UR
A
(C
)
Figura 1 Variao da temperatura do concreto em funo do tempo.
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A hidratao segue trs processos bsicos: a nucleao e o crescimento dos
cristais, a interao entre as vizinhanas das fases e a difuso. Esses processos
podem provocar aumento de temperatura de 50C a 60C em condies
adiabticas, dependendo do tipo de cimento empregado.
As estruturas massivas encontram-se permanentemente em uma situao de troca
de energia calorfica por meio de suas superfcies de contorno (CALMON, 1995
apud IBRACON, 2005). Logo, o fenmeno est ligado basicamente s restries
quanto s variaes volumtricas de origem trmica e por variaes das
condies ambientais.
Diversas propriedades esto relacionadas a este fato: mecnicas, como resis