Concurso - Turma SEUC - Exercício

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11 Site: www.walkermoeira.com.br RESOLUÇÃO DE PROVAS Texto para as questões de 01 a 05 O PAÍS DA MORTE NO CORREDOR 01 05 10 15 20 25 30 35 40 No portão do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas, em São Paulo, há uma placa em que está escrito: PRONTO SOCORRO LOTADO COM EXCESSO DE ( ) PACIENTES SEM LEITO. O espaço que acima está em branco é preenchido a cada dia com um número, como se fosse o placar de um jogo de basquete. Na quarta-feira passada, o número era 69. Na quinta, 59. Tanto se banalizaram as placas, cartazes, e painéis que se espalham pelas cidades que poucos lhes dão bola. Veja-se o que ocorre com o horrendo dedão espetado para cima que a cervejaria Brahma escolheu como símbolo. Não bastasse a iniciativa abusada de tentar emprestá-lo à pátria, forçando uma confusão entre os símbolos nacionais e o próprio símbolo, a cervejaria aproveitou a Copa do Mundo para exibir seu dedão, reproduzido em descomunais proporções, em plena encosta do Morro da Urca, no Rio de Janeiro, o morro que faz par com o Pão de Açúcar. Dá para imaginar a Torre Eiffel, em Paris, envolvida pela bandeira de uma cervejaria? Ou a Ponte Vecchio, em Florença? Tão cansados estão os olhos, no entanto, com a vulgaridade dos apelos publicitários que nos rodeiam, que poucos se deram conta da extensão da afronta. De outras vezes, a indiferença diante de um cartaz de rua pode ser substituída por uma emoção inesquecível. Numa das mais belas frases que jamais abriu uma obra literária, o argentino Jorge Luis Borges começa seu conto “El Aleph” da seguinte forma: “Na ardente manhã de fevereiro em que Beatriz Viterbo morreu, depois duma imperiosa agonia que não cedeu um só instante nem ao sentimentalismo nem ao medo, observei que os painéis de ferro da Plaza Constitución tinham renovado não sei que anúncio de cigarros vermelhos; o fato me esgotou, pois compreendi que o incessante e vasto universo já se afastava dela e que essa mudança era a primeira de uma série infinita”. A frase de Borges remete-nos de volta à do placar do Hospital das Clínicas. Uma ostenta o torneio elegante de um mestre da palavra, outra um raquitismo literário que nem leva em conta a pontuação, e no entanto elas possuem algo em comum: ambas multiplicam a morte. O anúncio de cigarros que se renova depois da morte de Beatriz Viterbo é uma outra morte que vem se somar à dela. Um pedaço da Plaza Constitución, tal qual ela a conheceu, não existe mais, ainda que por um ínfimo detalhe. Quer dizer também que a Plaza Constitución, tal qual é agora, ela jamais virá a conhecer. O tempo, enquanto foge de Beatriz, vai acrescentando sobre sua primeira morte sucessivas camadas de olvido, que são outras mortes. A placa no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas é a sugestão de que naquele espaço, onde por sua própria natureza a morte já ronda com assiduidade, agora ronda ainda mais. Pronto Socorro é lugar aonde as pessoas chegam estropiadas, atropeladas, ou esfaqueadas, quando não em crises súbitas do apêndice ou da diabete. Normalmente já chegam com a vida em perigo. Agora o perigo se multiplica. Aprofunda-se o significado do cartaz à porta do Pronto Socorro quando se ouve o professor Dario Birolini, titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da USP, à qual pertence o Hospital das Clínicas. O doutor Birolini costuma referir-se à “morte administrativa” como uma das mais frequentes causas de morte, hoje, no Brasil. Morte administrativa? Sim, a morte que ocorre não por culpa do médico, que fez o que tinha de fazer, nem da doença, que afinal não era tão grave, mas por algo que se interpôs entre eles. Ou melhor, que não interpôs. Que faltou, num momento crucial um remédio, um aparelho, leito, vaga na UTI. Morre-se muito de corredor, por exemplo, hoje, no Brasil. Morte de corredor é uma modalidade de morte administrativa. Birolini calcula, empiricamente, que as mortes administrativas podem chegar a 40 %, no Hospital das Clínicas. Não ganhamos a Copa do Mundo? Não temos uma moeda que já há um mês um mês inteiro se agüenta forte como o dólar? O placar no portão do Hospital das Clínicas está ali para lembrar no entanto que o Brasilzão sujo, pobre e vergonhoso ainda está firme. “As pessoas ficam chocadas com Ruanda?”, diz o professor Birolini. “Não deveriam, Ruanda é aqui.” Ruanda! É isso o que anuncia o cartaz no portão. (Roberto Pompeu de Toledo. Veja, 03/08/1994) texto adaptado 01. A “morte no corredor” é uma modalidade de “morte admi- nistrativa” bastante frequente no Brasil atual, uma vez que (A) doenças graves, variadas e constantes vitimam os pobres. (B) ricos e pobres morrem no corredor das unidades de saúde. (C) os médicos não estão qualificados para tratar das doenças que vitimam os brasileiros. (D) a deficiência na infraestrutura das unidades de saúde é responsável por numerosas mortes. (E) se morre sem direito a um leito ou a um remédio, por exemplo, mesmo a unidade de saúde tendo condições financeiras de providenciá-los. 02. A afronta, citada no trecho “Tão cansados estão os olhos, no entanto, com a vulgaridade dos apelos publicitários que nos rodeiam, que poucos se deram conta da extensão da afronta.” (linhas 11 e 12) diz respeito à (A) falta de atenção para com as placas e os apelos publicitários no Brasil. (B) representação obscena do dedão da Brahma em tamanho descomunal, num dos pontos turísticos do Brasil. (C) exposição do dedão da Brahma em destaque tal que seja possível compará-lo aos símbolos nacionais. (D) exposição da bandeira do Brasil lado a lado da propaganda da cerveja Brahma; a primeira no Pão de Açúcar; a segunda, no Morro da Urca.

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Exercício destinado ao preparatório para o concurso da SEDUC- PA

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RESOLUÇÃO DE PROVAS

Texto para as questões de 01 a 05 O PAÍS DA MORTE NO CORREDOR

01 05 10 15 20 25 30 35 40

No portão do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas, em São Paulo, há uma placa em que está escrito: PRONTO SOCORRO LOTADO COM EXCESSO DE ( ) PACIENTES SEM LEITO.

O espaço que acima está em branco é preenchido a cada dia com um número, como se fosse o placar de um jogo de basquete. Na quarta-feira passada, o número era 69. Na quinta, 59. Tanto se banalizaram as placas, cartazes, e painéis que se espalham pelas cidades que poucos lhes dão bola. Veja-se o que ocorre com o horrendo dedão espetado para cima que a cervejaria Brahma escolheu como símbolo. Não bastasse a iniciativa abusada de tentar emprestá-lo à pátria, forçando uma confusão entre os símbolos nacionais e o próprio símbolo, a cervejaria aproveitou a Copa do Mundo para exibir seu dedão, reproduzido em descomunais proporções, em plena encosta do Morro da Urca, no Rio de Janeiro, o morro que faz par com o Pão de Açúcar. Dá para imaginar a Torre Eiffel, em Paris, envolvida pela bandeira de uma cervejaria? Ou a Ponte Vecchio, em Florença? Tão cansados estão os olhos, no entanto, com a vulgaridade dos apelos publicitários que nos rodeiam, que poucos se deram conta da extensão da afronta.

De outras vezes, a indiferença diante de um cartaz de rua pode ser substituída por uma emoção inesquecível. Numa das mais belas frases que jamais abriu uma obra literária, o argentino Jorge Luis Borges começa seu conto “El Aleph” da seguinte forma:

“Na ardente manhã de fevereiro em que Beatriz Viterbo morreu, depois duma imperiosa agonia que não cedeu um só instante nem ao sentimentalismo nem ao medo, observei que os painéis de ferro da Plaza Constitución tinham renovado não sei que anúncio de cigarros vermelhos; o fato me esgotou, pois compreendi que o incessante e vasto universo já se afastava dela e que essa mudança era a primeira de uma série infinita”.

A frase de Borges remete-nos de volta à do placar do Hospital das Clínicas. Uma ostenta o torneio elegante de um mestre da palavra, outra um raquitismo literário que nem leva em conta a pontuação, e no entanto elas possuem algo em comum: ambas multiplicam a morte. O anúncio de cigarros que se renova depois da morte de Beatriz Viterbo é uma outra morte que vem se somar à dela. Um pedaço da Plaza Constitución, tal qual ela a conheceu, não existe mais, ainda que por um ínfimo detalhe. Quer dizer também que a Plaza Constitución, tal qual é agora, ela jamais virá a conhecer. O tempo, enquanto foge de Beatriz, vai acrescentando sobre sua primeira morte sucessivas camadas de olvido, que são outras mortes.

A placa no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas é a sugestão de que naquele espaço, onde por sua própria natureza a morte já ronda com assiduidade, agora ronda ainda mais. Pronto Socorro é lugar aonde as pessoas chegam estropiadas, atropeladas, ou esfaqueadas, quando não em crises súbitas do apêndice ou da diabete. Normalmente já chegam com a vida em perigo. Agora o perigo se multiplica.

Aprofunda-se o significado do cartaz à porta do Pronto Socorro quando se ouve o professor Dario Birolini, titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da USP, à qual pertence o Hospital das Clínicas. O doutor Birolini costuma referir-se à “morte administrativa” como uma das mais frequentes causas de morte, hoje, no Brasil. Morte administrativa? Sim, a morte que ocorre não por culpa do médico, que fez o que tinha de fazer, nem da doença, que afinal não era tão grave, mas por algo que se interpôs entre eles. Ou melhor, que não interpôs. Que faltou, num momento crucial – um remédio, um aparelho, leito, vaga na UTI. Morre-se muito de corredor, por exemplo, hoje, no Brasil. Morte de corredor é uma modalidade de morte administrativa. Birolini calcula, empiricamente, que as mortes administrativas podem chegar a 40 %, no Hospital das Clínicas.

Não ganhamos a Copa do Mundo? Não temos uma moeda que já há um mês – um mês inteiro – se agüenta forte como o dólar? O placar no portão do Hospital das Clínicas está ali para lembrar no entanto que o Brasilzão sujo, pobre e vergonhoso ainda está firme. “As pessoas ficam chocadas com Ruanda?”, diz o professor Birolini. “Não deveriam, Ruanda é aqui.” Ruanda! É isso o que anuncia o cartaz no portão.

(Roberto Pompeu de Toledo. Veja, 03/08/1994) – texto adaptado

01. A “morte no corredor” é uma modalidade de “morte admi-

nistrativa” bastante frequente no Brasil atual, uma vez que (A) doenças graves, variadas e constantes vitimam os

pobres. (B) ricos e pobres morrem no corredor das unidades de

saúde. (C) os médicos não estão qualificados para tratar das

doenças que vitimam os brasileiros. (D) a deficiência na infraestrutura das unidades de saúde é

responsável por numerosas mortes. (E) se morre sem direito a um leito ou a um remédio, por

exemplo, mesmo a unidade de saúde tendo condições financeiras de providenciá-los.

02. A afronta, citada no trecho “Tão cansados estão os olhos, no entanto, com a vulgaridade dos apelos publicitários que nos rodeiam, que poucos se deram conta da extensão da afronta.” (linhas 11 e 12) diz respeito à

(A) falta de atenção para com as placas e os apelos publicitários no Brasil.

(B) representação obscena do dedão da Brahma em tamanho descomunal, num dos pontos turísticos do Brasil.

(C) exposição do dedão da Brahma em destaque tal que seja possível compará-lo aos símbolos nacionais.

(D) exposição da bandeira do Brasil lado a lado da propaganda da cerveja Brahma; a primeira no Pão de Açúcar; a segunda, no Morro da Urca.

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(E) comparação do Morro do Pão de Açúcar e do Morro da Urca, no Rio de Janeiro, com a Torre Eiffel, em Paris; e com a Ponte Vecchio, em Florença, com a intenção de desvalorização do Brasil em relação aos demais países.

03. A placa do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas é

comparada ao anúncio de cigarros da Plaza Constitución, uma vez que ambos retratam a morte. No caso do anúncio de cigarros, a relação com a morte é sugerida pelo(a)

(A) fato de divulgar um produto que pode levar à morte. (B) fato de Beatriz Viterbo, personagem do conto, ter

falecido no exato momento em que o narrador observou os painéis de ferro.

(C) constante renovação do estado das coisas no mundo. (D) indiferença das pessoas em relação às placas e aos

anúncios publicitários no Brasil. (E) agonia imperiosa pela qual passou Beatriz Viterbo antes

de morrer, personagem do conto retratada no anúncio. 04. A alternativa em que o segmento assinalado expressa a

consequência de um fato é (A) “Tão cansados estão os olhos, no entanto, com a

vulgaridade dos apelos publicitários que nos rodeiam, que poucos se deram conta da extensão da afronta.” (linhas 11 e 12)

(B) “[...] observei que os painéis de ferro da Plaza Constitución tinham renovado não sei que anúncio de cigarros vermelhos.” (linhas 17 e 18)

(C) “O anúncio de cigarros que se renova depois da morte de Beatriz Viterbo é uma outra morte [...]” (linhas 23 e 24)

(D) “O tempo, enquanto foge de Beatriz, vai acrescentando sobre sua primeira morte sucessivas camadas de olvido, que são outras mortes.” (linhas 26 e 27)

(E) “Birolini calcula, empiricamente, que as mortes administrativas podem chegar a 40 %, no Hospital das Clínicas.” (linha 39 e 40)

05. Há inversão da ordem de um termo da oração, como

recurso para dar ênfase a uma circunstância (expressa pelo adjunto adverbial), no enunciado:

(A) “Na quarta-feira passada, o número era 69. Na quinta, 59.” (linha 4)

(B) “a indiferença diante de um cartaz de rua pode ser substituída por uma emoção inesquecível.” (linhas 13 e 14)

(C) “O anúncio de cigarros que se renova depois da morte de Beatriz Viterbo é uma outra morte que vem se somar à dela” (linhas 23 e 24)

(D) “Pronto Socorro é lugar aonde as pessoas chegam estropiadas, atropeladas, ou esfaqueadas.” (linhas 29 e 30)

(E) “Morte de corredor é uma modalidade de morte administrativa.” (linha 38 e 39)

Texto para as questões de 06 a 08

O Facebook como espelho Ainda me lembro da época em que o público de um

espetáculo musical estava lá para ouvir música, talvez para cantar e dançar, certamente não para fotografar e ser fotografado. Silenciosamente algo mudou. A popularização das câmaras e das redes de compartilhamento parece ter despertado até nos mais tímidos uma compulsão por mostrar tudo o que é vivido, mesmo que seja um acontecimento banal.

“Se não fotografou e não publicou, então não existe.” O exibicionismo é expresso em páginas, video casts, perfis e linhas do tempo que parecem relatórios clínicos de narcisistas compulsivos, em suas várias formas: fotografias com caras e bocas, opiniões rasas a respeito de praticamente tudo, vídeos em que nada de interessante acontece e a triste alegria coletiva com o grotesco e a

humilhação. A exposição é razoavelmente recente. Uma das primeiras autobiografias dedicadas ao registro do cotidiano é Confissões, de Rousseau. Arrojado e provocador para o século 18, o iluminista francês ficaria chocado com o tamanho da exibição de hoje. Desde os anos 1980, quando yuppies, computadores pessoais e o culto ao corpo abriram canais para a expressão individual, o particular é cada vez mais público e amplificado.

Celulares e redes de compartilhamento transformaram os 15 minutos de fama em uma espécie de Show de Truman universal em que registros banais e confissões diversas tornaram todos um pouco inseguros, verificando a composição de sua figura no espelho do Facebook e corrigindo seu discurso e conduta de acordo com as menções e aprovações recebidas.

Nem o Narciso mitológico seria tão autocentrado. Aquele que morreu afogado ao se apaixonar por sua figura refletida em um espelho d’água poderia argumentar que não sabia que via um reflexo. Como muitos usuários de redes sociais, ele se apaixonou por uma tela e sucumbiu ao confundi-la com a realidade. Essa confusão entre o real e o fictício publicado é uma das faces mais assustadoras do narcisismo digital. Muitos têm uma visão de realidade tão distorcida pela percepção alheia, tão fragmentada e amplificada pelos perfis e grupos a que pertencem que geram especulações maiores do que pode supor sua vã fenomenologia.

A vida na vitrine da interface, livre da moderação e da compostura que qualquer grupo social demanda, cria uma gigantesca câmara de eco, em que mensagens são referências de referências de referências, perdendo significado e substância no processo. O sucesso de uma trilogia pornô, derivada de uma fantasia de fã da série Crepúsculo, que por sua vez é derivada das clássicas histórias de vampiros, é o exemplo mais recente. Impulsionado pela indicação do amigo do amigo do amigo nas redes sociais, 50 Tons de Cinza se transformou no maior best-seller do país que um dia foi de Shakespeare e Charles Dickens.

Há uma certa melancolia na situação. Ambientes que permitem tanta exposição e manifestação de identidades múltiplas demandam coerência de pensamento para que seus atores não se tornem reféns das personagens que representam.

Sem contar que todo esse egocentrismo é muito, muito chato.

Luli Radfahrer, 11/09/2012, edição 711. Reproduzido do suplemento “Tec” da Folha de S.Paulo, 10/9/2012; intertítulo do OI. Disponível em:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed711_o_facebook_como_espelho

06. O texto é construído a partir de paradoxos. A única relação não contemplada é :

a) particular X público. b) virtual X real. c) superficial X profundo. d) moral X imoral. e) reclusão X exposição.

07. Assinale a tese defendida no texto. a) As redes sociais funcionam como um retrocesso para a

sociedade atual, que perdeu seu significado e referência, razão pela qual deveriam ser evitadas.

b) A exposição nas redes sociais exige cautela dos usuários, a fim de que não se confundam realidade e ficção.

c) Os recursos digitais de celulares e redes de compartilhamento são negativos, pois propiciam a exposição pública sem limites.

d) A participação do sujeito em redes sociais faz com que os índices de leitura de obras literárias diminuam.

e) A pornografia é uma realidade constante nas redes sociais, o que confirma o uso indevido desse recurso.

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Avenida Almirante Barroso Nº

08. O título do texto aponta para a seguinte interpretação, em correspondência com o que defende o texto como um todo:

a) A figura do espelho remete à vaidade de Narciso e à preocupação com a estética das pessoas, que, de forma egoísta, prendem-se às suas próprias opiniões.

b) O Facebook é apontado como o espelho de uma sociedade que, cada vez mais, busca o aprofundamento dos vínculos, mesmo que virtuais.

c) Ter o Facebook como espelho representa estar voltado à modernidade e, ao mesmo tempo, à simultaneidade dos fatos.

d) O termo “espelho” está ligado semanticamente à figura de Narciso e à ideia das personagens que os usuários da rede “representam”.

e) A vaidade e a necessidade de afirmação explicam o interesse feminino pelo recurso tecnológico Facebook.

Leia o texto 1 para responder às questões seguintes Texto I

Por que quem dirige mal é chamado de “barbeiro”? Relacionar o ofício a quem dirige mal tem a ver com as múltiplas funções exercidas pelos barbeiros até o fim do século 19. Nessa época, tanto no Brasil como na Europa, barbeiros eram profissionais que, além de cortar e aparar pelos, faziam pequenos trabalhos médicos e odontológicos por falta de mão de obra especializada. Ou seja, os profissionais da navalha (palavra que também designa maus motoristas em português) também arrancavam dentes e faziam pequenas cirurgias e sangrias (retirada do sangue para eliminação de doenças). Por causa das condições de trabalho precárias e da falta de conhecimento, os barbeiros faziam trabalhos com pouca qualidade e que não agradavam muito aos seus pacientes. Tudo isso estimulou o uso, em Portugal, da expressão “barbeiro” para classificar quem fazia coisas malfeitas. Ao vir para o Brasil, a gíria passou a ser usada especificamente para bobagens cometidas no trânsito.

Revista Mundo Estranho. São Paulo: Editora Abril, set. 2013, p.43.

09. Sobre o texto, são feitas as seguintes afirmações:

I - Tanto em Portugal como no Brasil, o termo “barbeiro”,

em sentido conotativo, significava pessoas que agiam

de maneira criminosa.

II - No século 19, os barbeiros tratavam as pessoas como

pacientes, uma vez que também fazia parte de seus

afazeres profissionais efetuarem consultas médicas.

III - Como havia barbeiros em abundância, para manterem o

padrão de vida, eles realizavam procedimentos

cirúrgicos.

IV - Por faltarem médicos especialistas e dentistas, os

barbeiros eram habilitados para exercerem as três

profissões.

V - Em português, as palavras barbeiro e navalha reportam

à ideia de pessoas que não dirigem bem.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)

a) I, II, III, IV e V. d) V apenas.

b) I, II, III e IV apenas. e) IV apenas.

c) I, II e V apenas.

10. Observe: “... além de cortar e aparar pelos.”

Segundo o Acordo Ortográfico de 1990 – entrou em vigor no início de 2009 no Brasil – as formas pelo (contração da preposição por com o artigo o), pêlo (substantivo) e pélo (forma do verbo pelar) deixam de se distinguir pelo acento gráfico, passando a haver apenas uma forma (pelo) para três palavras, que estabelecem uma relação de

a) paronímia.

b) homonímia.

c) sinonímia.

d) antonímia.

e) Hiperonímia

Leia o texto 2, para responder ás questões seguintes

Texto II

POR QUE OS TRIATOMÍNEOS SÃO CHAMADOS DE “BARBEIROS”?

O inseto transmissor do Trypanoswoma cruzi, causador da doença de Chagas, recebeu no Brasil, em linguagem popular sertaneja, vários nomes, conforme a região geográfica. De todos eles, o mais comum nas regiões sudeste e centro oeste, é o de barbeiro, onde a doença de Chagas passou a ser conhecida popularmente como “a doença do barbeiro”. O próprio Chagas usou a expressão “doença do barbeiro” em uma de suas publicações.

É de admitir que a denominação popular de “barbeiro” tenha sido inspirada no comportamento do inseto, relacionando-o com a profissão de barbeiro.

Duas interpretações são encontradas na literatura médica: a primeira, mais difundida, é de que o triatomíneo suga o sangue das pessoas principalmente na face, por ficar esta parte do corpo descoberta e, portanto, mais acessível ao ataque. Estabelece-se, assim, uma relação de face com barba e, desta, com a profissão de barbeiro. A segunda interpretação é de que, sendo o triatomíneo inseto hematófago, ao sugar o sangue das suas vítimas à noite, enquanto estas dormem, pratica verdadeiras sangrias.

Até o século XIX, os profissionais barbeiros, além de cortar o cabelo e a barba, tinham outras atribuições, dentre as quais a de fazer sangrias por indicação médica e, até mesmo, por conta própria. A sangria era, então, uma panaceia universal que se aplicava a todas as doenças. Esta atribuição conferida aos barbeiros vem desde a Idade Média e era comum a todos os países europeus. Disponível em: <http:/usuarios.cultura.com.br/jmrezende/barbeiros.hm>

Acesso em: 7 set. 2013.

11. Observe o seguinte fragmento: “Estabelece-se, assim,

uma relação de face com barba e, desta, com a

profissão de barbeiro.”

O vocábulo desta refere-se à palavra a) profissão.

b) uma

c) barba.

d) face.

e) relação.

12. Sobre os dois textos, são feitas as seguintes afirmações:

I - O texto 1 é considerado literário porque se trata de uma

narrativa poética acerca de uma curiosidade.

II - O texto 2 é considerado literário porque a palavra

literatura, no terceiro parágrafo, assegura tal condição.

III - Os dois são considerados não literários por se tratarem

de textos informativos.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)

a) I, II e III. b) I e II apenas. c) II apenas. d) III apenas. e) I e III apenas.

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Leia o Texto I para responder as questões de 1 a 8. Texto I

E SE NÃO HOUVESSE NOITE

Uma megalomaníaca, hollywoodiana intervenção humana poderia instalar überrefletores na órbita da Terra e assim acabar com a escuridão. Mas, até este momento da história não há motivo para fazer algo tão faraônico. Então fiquemos com a alternativa astronômica. A única maneira de não haver noite é pela sincronização dos movimentos da Terra. Ou seja, se a rotação fosse igual à translação. Só assim o mesmo lado do planeta daria toda a volta ao redor do Sol sem deixar de ser iluminado. E, para isso, a velocidade da Terra no Sistema Solar deveria ser constante, o que implica uma órbita circular, e não elíptica.

Mesmo com essas condições, seria dia para sempre somente em um lado do planeta. No outro, noite eterna. Um lugar inóspito, com temperaturas que podem ser baixas como as dos pólos e onde as formas de vida seriam diferentes das do lado iluminado. Algo como as profundezas abissais dos oceanos, mas na superfície. Teríamos dois planetas em um só. “Em movimento sincronizado, as condições climáticas seriam radicalmente diferentes. Dificilmente haveria a explosão da vida”, diz o astrônomo da USP, Enos Picazzio.

No lado iluminado, as coisas tampouco seriam fáceis. A vida na Terra está programada para reagir à luz. A galinha, por exemplo, é fotossensível. Em condições naturais, ela só bota ovos quando o Sol nasce. Com ele a pino sempre, a ave como conhecemos dificilmente existiria. Já as plantas vivem de acordo com a duração da noite e do dia. Em noites curtas, como no verão, elas crescem. Na primavera elas florescem. “A ausência de sinais temporais poderia impedir a floração e a produção de frutos”, diz Sérgio Tadeu Meirelles, biólogo da USP. A vida como um todo seria adaptada não às andanças do Sol no céu, mas à mobilidade dele. E ele não serviria mais para contarmos o tempo. Essa função seria da Lua.

In: Revista Superinteressante. nº306 - Jul/2012 13. O fenômeno descrito chamaria a atenção dos habitantes

da parte iluminada da Terra, mais rica e povoada. Assim sendo, haveria uma grande procura por:

a) passeios turísticos para o lado escuro para comprovar a intervenção humana.

b) passeios turísticos para o lado escuro, guiados por habitantes das profundezas abissais.

c) passeios turísticos para o lado escuro, guiados por habitantes da trevas.

d) passeios turísticos para o lado escuro para compreender a explosão da vida.

e) passeios turísticos para o lado escuro para ver o Sistema Solar.

14. Ainda o fenômeno descrito sugere que as pessoas que

moram no lado escuro do planeta: a) sejam gente à margem da sociedade. b) sejam gente realizando obras faraônicas. c) sejam gente de elevado poder econômico. d) sejam gente intervindo na rotação do planeta. e) sejam gente intervindo na translação do planeta. 15. Na passagem: Um lugar inóspito, com temperaturas que

podem ser baixas como as dos pólos e onde as formas de vida seriam diferentes das do lado iluminado. A palavra “das” se refere a:

a) podem ser baixas d) temperaturas baixas b) do lado iluminado e) formas de vida c) seriam diferentes

16. Sem a noite, haveria a necessidade premente de se produzirem câmaras de sono, isto porque:

a) nosso organismo se deixa influenciar pela Lua. b) nosso organismo tem necessidade de condições

climáticas. c) nosso organismo foi feito para se adaptar ao sol sem se

cansar. d) nosso organismo foi feito para repousar no escuro. e) nosso organismo tem necessidade de escuro porque é

fotossensível.

17. Quem não tivesse condições econômicas de ter as câmaras de sono, teria um organismo com problemas de pressão alta e de estresse, e também seria:

a) saudável devido ao número de doenças se relacionarem com o escuro da noite.

b) baixinho porque o hormônio do crescimento age principalmente durante o sono.

c) corpulento porque o organismo entraria em sincronia com os movimentos do Sol.

d) megalomaníaco porque o organismo humano é sensível à rotação da Terra.

e) doentio porque o hormônio da reprodução já estaria comprometido há muitas gerações.

18. O lado escuro do planeta seria habitat natural de animais carnívoros, já que:

a) não haveria luz para diminuir a temperatura corporal dos animais.

b) não haveria luz para desenvolver a ultrassensibilidade visual das plantas.

c) não haveria luz para desenvolver bactérias para plantas comestíveis.

d) não haveria luz para produzir hormônios para peles sensíveis dos animais.

e) não haveria luz para fazer a fotossíntese das plantas.

19. A influência da noite na cultura seria outra. Assim sendo, não teríamos:

a) Caetano Veloso cantando “Às vezes no silêncio da noite”.

b) lugares inóspitos e sem vida no planeta Terra. c) máquinas e equipamentos movidos à energia solar. d) a sensação de habitar dois planetas num só. e) a vida adaptada aos movimentos do Sol.

20. Ainda em relação à cultura, com a influência da noite, personagens como Drácula e Batman não existiriam, mas, ainda assim:

a) a viveríamos indiferentes à alternativa astronômica da humanidade.

b) b viveríamos preocupados com a velocidade do tempo no Sistema Solar.

c) c viveríamos alegres com a noite eternamente iluminada artificialmente.

d) viveríamos obcecados por lendas de monstros do lado de lá. e) viveríamos estranhando as condições climáticas

radicais. 21. A conjunção “se” exprime noção de condição em: a) de um lado do planeta muito sol, se bem que ninguém

repara no clima. b) se a Terra fosse menos poluída talvez tivesse um futuro

melhor. c) a humanidade se incumbiu de criar sua própria noite na

Terra. d) o ser humano não se adaptou aos novos contornos do

tempo. e) o dia se transformará em noite eterna quando a

superfície da Terra esfriar.