Cond. Hig. Sanitárias de Hotéis

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

    Programa de Ps-Graduao em Nutrio e Alimentos

    DISSERTAO

    CONDIES HIGINICO-SANITRIAS DOSSERVIOS DE ALIMENTOS E BEBIDAS DEHOTIS DO MUNICPIO DE PELOTAS/RS

    Jacqueline Valle de Bairros

    Pelotas, 2013

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    JACQUELINE VALLE DE BAIRROS

    CONDIES HIGINICO-SANITRIAS DOS SERVIOS DEALIMENTOS E BEBIDAS DE HOTIS DO MUNICPIO DE

    PELOTAS/RS

    Orientadora: Prof Dr Elizabete HelbigCo-orientadora: Profa. Dra. Lucia Rota Borges

    Pelotas, 2013

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps -Graduao em Nutrio e Alimentos daUniversidade Federal de Pelotas, como requisitoparcial obteno do ttulo de Mestre emNutrio e Alimentos.

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    Banca examinadora:

    Profa. Dra. Elizabete Helbig

    (Universidade Federal de PelotasUFPel)(Presidente)

    Prof Dra. Eduarda Hallal Duval(Universidade Federal de PelotasUFPel)(Titular)

    Prof. Dr. Eliezer Avila Gandra(Universidade Federal de PelotasUFPel)

    (Titular)

    Prof Dra. Lucia Rota Borges(Universidade Federal de PelotasUFPel)(Suplente)

    Prof Dra. Patrcia da Silva Nascente(Universidade Federal de PelotasUFPel)(Suplente)

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    Agradecimentos

    Aos meus pais, Selsso e Vera por torcerem e acreditarem no meupotencial, e ao meu irmo Andr, por ter me mostrado o caminho da pesquisa

    cientfica, sendo o meu maior incentivo. Amo vocs!

    minha querida orientadora professora Dra Elizabete Helbig, que me

    auxiliou durante a elaborao e concluso desse trabalho, sempre muito

    prestativa e atenciosa.

    Aos professores: Eliezer Gandra, Graziele Granada, Lucia Borges e

    Ndia Carbonera, que dedicaram parte de seu tempo para colaborar naconfeco deste trabalho.

    s colegas Denise Pacheco e Luciana Passos que ajudaram nas

    anlises microbiolgicas.

    Aos queridos estagirios: Bianca Schumacher, Fatiele Bonow, Lenon

    Bauer, Karen Damasceno e Patrcia Becerra, por estarem presentes no

    laboratrio de microbiologia e que mesmo nas dificuldades encontradas

    diariamente, no me abandonaram.

    querida secretria Eliane Soares, que mimou com muito carinho os

    seus mestrandetes.

    Aos profissionais do laboratrio de microbiologia de alimentos: Angla

    Almeida, Evelise Sampaio, Jozi Mello, Maria Joana Rodrigues e Rosimeri

    Rossales que colaboraram com suas explicaes, quando solicitadas.

    Ao Edgard que foi pessoa que esteve comigo presente em todas as

    fases para que este trabalho fosse concludo, sendo muito compreensivo e

    prestativo nas horas mais difceis e cansativas, desse perodo.

    A todos os hotis de Pelotas/RS que participaram da pesquisa,

    colaborando para o crescimento, desenvolvimento e melhoria dos hotis do

    municpio.

    instituio CAPESCoordenao de Aperfeioamento de Pessoal de

    Nvel Superior pelo apoio financeiro.

    Fica aqui, o meu muito obrigada!

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    RESUMO

    BAIRROS, Jacqueline Valle de. Condies higinico-sanitrias dosservios de alimentos e bebidas de hotis no municpio de Pelotas/RS.2013. 120f.Dissertao (Mestrado) - Programa de Ps-Graduao em Nutrioe Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

    O turismo tem apresentado resultados positivos no cenrio da economia, nos

    ltimos anos, repercutindo na expanso do mercado hoteleiro. Diante desta

    expanso, cresce a preocupao com o fornecimento de refeies seguras do

    ponto de vista microbiolgico. O objetivo deste estudo foi realizar umdiagnstico das condies higinico-sanitrias do setor de alimentos e bebidas

    (A&B) dos hotis no municpio de Pelotas/RS e propor intervenes com base

    nos conceitos de Boas Prticas. Foi aplicado um questionrio tipo check list

    em acordo com a Portaria n 78/2009 e foram coletadas amostras de

    superfcies de equipamentos e utenslios, mo dos manipuladores e de um

    alimento servido diariamente, para a realizao de anlises microbiolgicas,

    antes e aps a interveno. Os resultados foram descritos conforme oCompendium of Methods for the Microbiological Examination of Foodssegundo

    aAmerican Public Health Association(APHA). Os critrios estabelecidos para

    anlise microbiolgica de alimentos seguiram a RDC n 12/2001. Participaram

    deste estudo quatro hotis localizados na regio central de Pelotas. Os hotis

    foram classificados entre os nveis aceitvel (entre 50 a 75% de atendimento

    dos itens) e bom (entre 75 a 90% de atendimento dos itens). Aps a

    interveno, foram verificadas diferenas significativas (p

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    controle com base no conceito de Boas Prticas para os Servios de

    Alimentao e treinamento dos funcionrios devam ser implementadas nestes

    estabelecimentos.

    Palavras-chave: Boas prticas de manipulao. Controle de qualidade.

    Higiene dos alimentos. Segurana alimentar. Turismo.

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    ABSTRACT

    BAIRROS, Jacqueline Valle de. Sanitary-higienic conditions of servicesfood and drink hotel in the municipality of Pelotas / RS. In 2013.120 f.

    Dissertation (MSc) Programme Postgraduate Nutrition and Food. FederalUniversity of Pelotas, Pelotas.

    Tourism has shown positive results in the scenario of the economy in recent

    years, resulting in the expansion of the hotel market. Given this expansion, a

    growing concern about the supply of safe meals the microbiological point of

    view. The aim of this study was to perform a diagnosis of the sanitary conditions

    of the food and beverages (F & B) hotels in the city of Pelotas / RS and propose

    interventions based on the concepts of Practice. We used a questionnaire type"check list" in accordance with Ordinance No. 78/2009 and samples were

    collected from surfaces of equipment and utensils, handlers' hands and a food

    served daily, to perform microbiological analysis before and after intervention.

    The results were described as the Compendium of Methods for the

    Microbiological Examination of Foods according to the American Public Health

    Association (APHA). The criteria for microbiological analysis of food followed

    RDC n 12/2001. The study included four hotels located in the central region ofPelotas. The hotels have been ranked among the acceptable levels (between

    50-75% coverage of the items) and good (between 75-90% coverage of the

    items). After the intervention, there were significant differences (p

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    Lista de Figuras

    Figura 1. Porcentagem geral de adequao higinico-sanitria antes e aps otreinamento, do setor A&B em hotis de Pelotas/RS, conforme a Lista de

    Verificao em Boas Prticas para Servios de Alimentao, 2013. ............. 754

    Figura 2. Mdia, erro padro e desvio padro de contagens de micro-organismos mesfilos aerbios avaliados no servio de A&B, em quatro hotisde Pelotas/RS, antes e aps o treinamento de funcionrios em Boas Prticas.......................................................................................................................... 81

    Figura 3. Mdia, erro padro e desvio padro das contagens de estafilococoscoagulase positiva avaliados no servio de A&B em quatro hotis dePelotas/RS, antes e aps o treinamento de funcionrios em Boas Prticas.....84

    Figura 4. Mdia, erro padro e desvio padro das contagens de coliformes

    totais avaliados no servio de A&B em quatro hotis de Pelotas/RS, antes eaps o treinamento de funcionrios em Boas Prticas..................................... 86

    Figura 5. Mdia, erro padro e desvio padro das contagens de coliformestermotolerantes avaliados no servio de A&B em quatro hotis de Pelotas/RS,antes e aps o treinamento de funcionrios em Boas Prticas. ....................... 88

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    Lista de Tabelas

    Tabela 1. Caractersticas dos hotis avaliados de acordo com a Portaria n78/2009 em Pelotas/RS, 2013. ......................................................................... 72

    Tabela 2. Perfil do profissional manipulador de alimentos em hotis de Pelotas,RS. 2013. ......................................................................................................... 73

    Tabela 3. Classificao e percentual de adequao geral das condieshiginico-sanitrias antes e aps o treinamento do setor de A&B de hotis dePelotas/RS, aps aplicao da Lista de Verificao em Boas Prticas paraServio de Alimentao, 2013. ..................................................................... 7674

    Tabela 4. Porcentagem de adequao do setor de A&B em hotis dePelotas/RS, antes e aps o treinamento de funcionrios em Boas Prticas, porblocos avaliados, 2013. .................................................................................... 75

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    Lista de Abreviaturas

    ABIH

    ABP

    APPCC

    Associao Brasileira de Indstria de Hotis

    Agar Baird Parker

    Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    APT gua Peptonada Tamponada

    A&B Alimentos e bebidas

    APHA American Public Health Association

    ABRASEL Associao de Bares, Restaurantes e similares

    BHI Caldo Infuso Crebro Corao

    BP

    BPF

    BNDES

    Boas Prticas

    Boas Prticas de Fabricao

    Banco Nacional do Desenvolvimento

    Caldo EC Caldo Escherichia Coli

    CDC

    DOA

    DTA

    Centers for Disease Control and Prevention

    Doena de Origem Alimentar

    Doena Transmitida por Alimentos

    EMB Agar Eosina Azul de Metileno

    E. coli Escherichia coli

    EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

    FAO

    FENADOCE

    HE

    IPHAN

    Food and Agriculture Organization

    Feira Nacional do Doce

    Agar Hektoen Entrico

    Instituto do Patrimnio e Artstico NacionalLEB Caldo Enriquecimento Listeria

    LIA Agar Lisina Ferro

    LST

    MERCOSUL

    MS

    Lauril Sulfato Triptose

    Mercado Comum do Sul

    Ministrio da Sade

    NMP Nmero Mais Provvel

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    OMC

    OMS

    Organizao Mundial do Comrcio

    Organizao Mundial da Sade

    OMT Organizao Mundial do TurismoPCA Agar Contagem de Placas

    POP

    RDC

    Procedimento Operacional Padro

    Resoluo de Diretoria Colegiada

    RS Rio Grande do Sul

    RV Rapapport vassiliadis

    SIH Sistema de Informaes Hospitalares

    TT TetrationatoTSI Agar Ferro Trplice Acar

    UFC Unidade Formadora de Colnia

    UFPel Universidade Federal de Pelotas

    VM Vermelho de Metila

    VP Voges-Proskeur

    XLD

    WTO

    Xilose Lisina Desoxicolato

    World Tourism Organization

    WHO World Health Organization

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    SumrioINTRODUO GERAL .................................................................................... 14

    Projeto de Pesquisa ......................................................................................... 16

    REVISO DE LITERATURA ............................................................................ 38

    Relatrio do Trabalho de Campo ..................................................................... 55

    Artigo ................................................................................................................ 56

    CONCLUSO GERAL...................................................................................... 96

    REFERNCIAS ................................................................................................ 97

    APNDICES ................................................................................................... 104

    ANEXOS ........................................................................................................ 115

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    INTRODUO GERAL

    O turismo vem apresentando crescimento importante no cenrio

    mundial, em virtude do seu papel relevante no desenvolvimento econmico e

    social, gerando renda e empregos diretos e indiretos (ORGANIZAO

    MUNDIAL DO TURISMO, 2009). Segundo informaes do Instituto Brasileiro

    de Turismo (EMBRATUR), o turismo se configura como uma atividade que gera

    anualmente US$ 4 trilhes e aproximadamente 280 milhes de empregos em

    todo o mundo (BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO, 2005).

    Com o crescimento do turismo, ocorre tambm o desenvolvimento do

    mercado hoteleiro e diante desta expanso, cresce a preocupao com o

    fornecimento de refeies, tanto em qualidade sensorial quanto em qualidade

    higinico-sanitria. Dessa forma importante que esses estabelecimentos

    estejam capacitados para atender as necessidades e expectativas dos clientes,

    produzindo refeies seguras e que no prejudiquem a sade do consumidor

    (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008).

    Sendo assim, fundamental que os setores de Alimentos e Bebidas

    (A&B) dos hotis busquem o aperfeioamento contnuo de seus processos, a

    fim de fornecer uma alimentao adequados do ponto de vista higinico-

    sanitrios, para que o cliente no seja exposto a nenhum tipo de alimento

    potencialmente perigoso resultante de manipulao ou processamento

    inadequado (NASCIMENTO, 2003).Na contaminao dos alimentos, muitos fatores podem estar associados,

    dentre os principais destacam-se a inadequada higienizao de equipamentos

    e utenslios utilizados para o preparo dos alimentos, bem como o

    desconhecimento do manipulador de alimentos quanto s Boas Prticas de

    Manipulao (ANDRADE et al., 2003).

    Segundo estimativas da Organizao Mundial da Sade (OMS),

    aproximadamente 1,8 milhes de pessoas morrem anualmente em decorrncia

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    das doenas veiculadas por alimentos e os turistas acabam tornando-se alvos

    vulnerveis a estas patologias, uma vez que, encontram-se fora de suas rotinas

    alimentares (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008). Comumente tem se

    informaes de surtos de doenas transmitidas por alimentos (DTA) veiculadas

    pela imprensa, servindo de alerta para os empresrios do ramo hoteleiro no

    Brasil. Entretanto estes surtos no so notificados, limitando a atuao de

    rgos governamentais (SECRETARIA DE VIGILNCIA EM SADE, 2005).

    Considerando a necessidade de aes de controle higinico-sanitrio no

    setor de alimentos e a garantia da sade do consumidor, a Agncia Nacional

    de Vigilncia Sanitria (ANVISA) instituiu por meio de Resoluo da Diretoria

    Colegiada a RDC n 216, de 15 de setembro de 2004, instrumentos paraassegurar as Boas Prticas nos Servios de Alimentao (BRASIL, 2004).

    Baseado nisso e visando promover a melhoria das condies sanitrias dos

    servios de alimentao, a Secretaria de Sade do Rio Grande do Sul publicou

    em 28 de janeiro de 2009 a Portaria no78, que aprova a lista de verificao em

    Boas Prticas para Servios de Alimentao, alm de normas para cursos de

    capacitao em Boas Prticas para Servios de Alimentao (RIO GRANDE

    DO SUL, 2009).Em razo da expanso do turismo e do segmento hoteleiro, o

    fornecimento de um alimento seguro neste setor torna-se um fator de grande

    importncia. Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Econmico e Turismo

    (2013), o municpio de Pelotas, dispem de ampla variedade de hotis

    cadastrados, porm no so conhecidas informaes sobre as condies

    higinico-sanitrias nas reas A&B destes estabelecimentos. Diante disso, h

    necessidade de realizar um diagnstico destes estabelecimentos e proporintervenes com base nos conceitos de Boas Prticas para que se possa

    garantir que as refeies servidas nestes estabelecimentos no prejudiquem a

    sade do turista.

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    Projeto de Pesquisa

    MINISTRIO DA EDUCAOUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

    FACULDADE DE NUTRIOPROGRAMA DE PS GRADUAO EM NUTRIO E ALIMENTOS

    AVALIAO DAS CONDIES HIGINICO-SANITRIAS DOS SERVIOSDE ALIMENTOS E BEBIDAS DA REDE HOTELEIRA DE PELOTAS/RS

    Pelotas

    2012

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    MESTRANDA JACQUELINE VALLE DE BAIRROS

    AVALIAO DAS CONDIES HIGINICO-SANITRIAS DOS SERVIOSDE ALIMENTOS E BEBIDAS DA REDE HOTELEIRA DE PELOTAS/RS

    EQUIPE:Mestranda: Jacqueline Valle de BairrosOrientadora: Profa. Dra.: Elizabete HelbigCo-Orientadora: Profa. Ms.: Lcia Rota Borges

    Pelotas2012

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    Resumo

    BAIRROS, Jacqueline Valle de.AVALIAO DAS CONDIES HIGINICO-SANITRIAS DOS SERVIOS DE ALIMENTOS E BEBIDAS DA REDEHOTELEIRA DE PELOTAS/RS. (2012) - Programa de Ps Graduao emNutrio e Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

    A cidade de Pelotas, conhecida como a capital nacional do doce, devido aosinmeros atrativos culturais, naturais e coloniais, recebe muitos visitantes queaqui se instalam em hotis e usufruem de seus servios. Uma daspreocupaes dos empresrios do setor hoteleiro oferecer com qualidade o

    servio de alimentos e bebidas livres de contaminantes que possam colocar emrisco a sade do consumidor. Paralelamente ao incremento do turismo, aincidncia de doenas de origem alimentar est crescendo em todo o mundo.Acredita-se que o consumo de alimentos contaminados seja a principal causade doenas em turistas. Este estudo tem como objetivo realizar um diagnsticoe interveno nas condies higinico-sanitrias dos estabelecimentosprodutores de alimentos e bebidas na rede hoteleira do municpio dePelotas/RS. O intuito verificar quais so os itens mais difceis de seremcumpridos com relao s boas prticas e, se, as estratgias recomendadas

    para concretizar esse intento, so realmente aplicadas. Em cada hotelparticipante ser verificada as condies higinico-sanitrias mediante aaplicao de check list conforme Portaria n. 78/2009 da Secretaria da Sadedo Estado do Rio Grande do Sul. Sendo que a classificao dosestabelecimentos ser abaixo de 50% dos itens atendidos (nvel insatisfatrio),entre 50 a 75% dos itens atendidos (nvel aceitvel), entre 75 a 90% dos itensatendidos (nvel bom) e acima de 90% (nvel muito bom). Devero serapontadas as principais causas das no conformidades encontradas, relatadase discutidas as recomendaes de melhorias com base no conceito de boasprticas estabelecido conforme RDC n 216 de 15 de setembro de 2004. Sero

    coletadas amostras de superfcies atravs da tcnica de esfregao emsuperfcie utilizando swabs estreis para avaliao microbiolgica, dosequipamentos, utenslios, manipuladores e um alimento. Os critrios referentesa limites microbiolgicos sero conforme recomendao descrita noCompendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods, editadopela American Public Health Association (2001), exceto para a anlisemicrobiolgica da fruta (preferencialmente com casca), que ser conforme RDCN 12 de 2 de janeiro de 2001.

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    Palavras-chave: Equipamento e utenslios. Fruta. Mo de manipulador.Segurana alimentar. Turismo.

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    1 INTRODUO

    A cidade de Pelotas, conhecida como a capital nacional do doce,

    durante a poca provincial, cresceu e se desenvolveu como nenhuma outra na

    regio, exercendo grande influncia econmica, cultural e poltica em todo o

    Rio Grande do Sul. Parte disso ocorreu devido a instalao das Charqueadas,

    em 1780 (PREFEITURA MUNICIPAL DE PELOTAS, 2012). As riquezas

    obtidas com a explorao e exportao do charque propiciaram cidade uma

    arquitetura aristocrtica imponente. Diversos elementos arquitetnicos foram

    importados da Europa, consagrando Pelotas como o maior patrimnio

    arquitetnico ecltico do Brasil. Devido ao rico acervo cultural, representado

    pela arte, tradio e memria, a Revista Aplauso lhe concedeu o ttulo de

    Capital da Cultura, no ano de 2006.

    Pelotas dispe de patrimnio cultural, que pode ser comprovado por

    meio dos exemplares arquitetnicos e das diversas edificaes tombadas ou

    inventariadas como patrimnio histrico e cultural. Entre eles, destacam-se as

    Charqueadas, que beiram o Arroio Pelotas, construes em estilo colonial, que

    possuem ornamentos e objetos de uso das antigas charqueadas.

    Atualmente a principal atividade do municpio o comrcio, que atrai

    moradores de todas as cidades vizinhas, devido ao grande nmero de

    estabelecimentos e empresas de prestao de servios (PREFEITURA

    MUNICIPAL DE PELOTAS, 2012). plo industrial na confeco de doces

    artesanais e sua qualidade e sabor so nacionalmente conhecidos e difundidos

    por meio da Feira Nacional do Doce (FENADOCE), que ocorre anualmente.Devido aos inmeros atrativos, crescente o nmero de visitantes que

    optam por conhecer um pouco da histria de Pelotas, e aqui se instalam em

    hotis e usufruem de seus servios.

    Dessa forma, cria-se uma expectativa de bem atender aos turistas que

    aqui se hospedam. Uma das preocupaes dos empresrios do setor hoteleiro

    oferecer com qualidade o servio de alimentos e bebidas, livres de

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    contaminantes que possam colocar em risco a sade do consumidor

    (PREFEITURA MUNICIPAL DE PELOTAS, 2012).

    Nos servios de alimentao um dos quesitos primordiais a

    manuteno da inocuidade do produto alimentcio devido ao elevado nmero

    de ocorrncias por Doenas de Origem Alimentar (DOA), tambm

    denominadas por Doenas Transmitidas por Alimentos (DTA).

    Comumente tem se informaes de surtos de DTA veiculados pela

    imprensa, servindo de alerta para os empresrios do ramo hoteleiro no Brasil.

    Entretanto estes surtos no so notificados, dessa forma limitando a atuao

    de rgos governamentais (SECRETARIA DE VIGILNCIA EM SADE, 2005).

    Surtos causados por uma DTA geram impactos negativos para oturismo, causando uma m impresso associada rea afetada. Sendo assim,

    relevante que os servios de alimentos e bebidas da rede hoteleira, estejam

    adequados ao que tange a qualidade higinico-sanitria. Como fonte de

    contaminao dos alimentos, muitos fatores podem estar associados, dentre os

    principais destacam-se a higiene inadequada de equipamentos e utenslios

    utilizados para o preparo dos alimentos, bem como o despreparo dos

    manipuladores de alimentos.Para os estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos

    existem procedimentos que visam a sistematizao das aes realizadas

    nestes servios, tais como: Manual de Boas Prticas (MBP), Procedimentos

    Operacionais Padronizados (POP), e o sistema de Anlise de Perigos e Pontos

    Crticos de Controle (APPCC).

    No Brasil, tendo em vista uma produo alimentar segura e de

    qualidade, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), publicou aResoluo de Diretoria Colegiada (RDC) n 216, de 15 de setembro de 2004,

    definindo como ordem primria, a implantao do Manual de Boas Prticas nos

    servios de alimentao bem como a capacitao dos manipuladores de

    alimentos.

    Mais tarde, o Rio Grande do Sul publicou a Portaria n. 78, em 28 de

    janeiro de 2009, que tem como objetivo promover a melhoria das condies

    higinico-sanitrias dos Servios de Alimentao, aprovando a lista de

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    verificao em Boas Prticas para Servios de Alimentao e, tambm, normas

    para cursos de capacitao em Boas Prticas para Servios de Alimentao,

    promovendo dessa forma, aes especficas para o Estado.

    A Associao Brasileira da Indstria de Hotis (ABIH) necessita se

    adequar aos padres de qualidade para tornar-se competitiva, e se posicionar

    de forma a atender as necessidades e expectativas dos clientes. Diante deste

    cenrio, observa-se tambm o crescimento nos nveis de conscincia e de

    cobrana dos consumidores, como tambm se expande a ao esclarecedora

    e fiscalizadora de diversas entidades, governamentais ou no. Sendo assim,

    fundamental que os setores de Alimentos e Bebidas das empresas hoteleiras

    busquem o aperfeioamento contnuo de seus produtos e processos, a fim defornecer uma alimentao dentro dos critrios higinico-sanitrios para que o

    cliente no seja exposto a nenhum tipo de alimento potencialmente perigoso

    resultante de processamento inadequado (NASCIMENTO, 2003).

    Na cidade de Pelotas ainda no se tem informaes relevantes sobre as

    condies higinico-sanitrias da rede hoteleira. Nesse contexto, h

    necessidade de avaliar os aspectos higinico-sanitrios nos servios de

    alimentos e bebidas da rede hoteleira de Pelotas/RS. Entre os intuitos, realizara verificao dos itens mais difceis de serem cumpridos com relao s boas

    prticas e, se, as estratgias recomendadas para concretizar esse intento, so

    realmente aplicadas. Ser realizada tambm uma avaliao microbiolgica de

    superfcies que entram em contato com os alimentos, identificando possveis

    pontos de contaminao cruzada.

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    2 HIPTESES

    O setor de alimentos e bebidas da rede hoteleira de Pelotas/RS

    apresenta muitas no conformidades em relao qualidade higinico-

    sanitrias, refletindo na baixa qualidade dos produtos e servios oferecidos aos

    clientes, tornando possvel a ocorrncia de doenas transmissveis por

    alimentos. A interveno por meio de capacitao de manipuladores de

    alimentos resulta em melhorias na qualidade higinico sanitria destes

    estabelecimentos.

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    3 OBJETIVOS

    3.1 Objetivo Geral

    Realizar diagnstico e interveno para sugerir melhorias nas condies

    higinico-sanitrias dos estabelecimentos produtores e distribuidores de

    alimentos e bebidas na rede hoteleira do municpio de Pelotas/RS.

    3.2 Objetivos Especficos

    Descrever e caracterizar os estabelecimentos de acordo com os itens de

    conformidade e no conformidades em relao aos servios de alimentao;

    Caracterizar o perfil do profissional manipulador de alimentos;

    Avaliar as etapas de produo, identificando as condies higinico-

    sanitrias dos estabelecimentos; antes e aps capacitao de manipuladores

    de alimentos;

    Analisar microbiologicamente superfcies de: equipamentos, utenslios,mos de manipuladores e alimento;

    Sugerir adequaes, quando necessrio com base nos conceitos de

    Boas Prticas.

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    4 MATERIAIS E MTODOS

    O estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva observacional eexploratria, com abordagem quantitativa, enfocando as condies higinico-

    sanitrias da rede hoteleira de Pelotas/RS.

    O projeto ser submetido para aprovao no Comit de tica da

    Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas/RS. A pesquisa

    ser realizada na rede hoteleira de Pelotas/RS mediante autorizao da

    direo de cada hotel (Apndice I). As anlises microbiolgicas sero

    realizadas no Laboratrio de Microbiologia da Faculdade de Nutrio da

    Universidade Federal de Pelotas - UFPel. Todas as amostras sero

    devidamente acondicionados em embalagens adequadas e entregues ao

    servio terceirizado de coleta de resduos (AMBIENTUS), que presta servio

    terceirizado pela UFPel.

    4.1. Amostra

    Para o estudo sero selecionados todos os hotis com funcionamento

    anual (n=13) cadastrados no site da Secretaria Municipal de Desenvolvimento

    Econmico e Turismo, do municpio de Pelotas/RS, sendo includos apenas

    aqueles em que o responsvel pelo estabelecimento autorizar a realizao da

    pesquisa.

    Em cada hotel participante sero amostradas as superfcies de

    equipamentos como, cortador de frios, bancada (de maior manipulao de

    alimentos, indicada pelos colaboradores), tbua de corte, xcara do salo de

    refeies, mo do manipulador e uma fruta.

    4.2 Mtodos

    4.2.1 Procedimentos

    Ser realizada uma visita aos responsveis pelos estabelecimentos para

    discutir sobre os objetivos do estudo e sanar possveis dvidas quanto ao

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    desenvolvimento da pesquisa. A coleta de dados ocorrer no ano vigente de

    2012, utilizando tcnicas de:

    Observao in loco: com o objetivo de avaliar as condies

    higinico-sanitrias e identificar as possveis inadequaes que

    interferem na qualidade dos produtos;

    Coleta de material amostral para anlises microbiolgicas de

    equipamentos, utenslios, manipuladores e frutas, com finalidade

    de quantificar e identificar os micro-organismos presentes;

    Entrevista semi-estruturada com os gestores dos

    estabelecimentos, para conhecer as peculiaridades do processo

    de elaborao dos alimentos produzidos e comercializados no

    setor;

    Aplicao de questionrio aos manipuladores de alimentos, para

    obter informaes socioeconmicas e educacionais e verificar o

    nvel de conhecimento sobre Boas Prticas de manipulao de

    alimentos.

    Coletas de amostras de superfcies de utenslios, equipamentos,

    e de uma fruta (Tabela 01) mediante assinatura do Termo deConsentimento Livre Esclarecido TCLE (Apndice II), pelo

    responsvel do hotel na cidade de Pelotas.

    Coleta de amostras de mos de manipuladores (Tabela 01)

    mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre

    Esclarecido TCLE (Apndice III), pelo manipulador do

    alimento, sendo este representado pela ocupao de maior

    cargo/chefia do servio de alimentos e bebidas de cada hotel nacidade de Pelotas.

    Estas amostras sero coletadas antes e aps o treinamento ao

    manipulador sobre as boas prticas.

    Primeiramente ser aplicado o check list, como forma de verificar a

    utilizao das Boas Prticas. Na seqncia ser realizada a coleta de material

    amostral para as anlises microbiolgicas dos equipamentos, utenslios, mos

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    de manipuladores e fruta, sendo esta preferencialmente de consumo com

    casca.

    4.2.1.1 Aplicao do Check l ist

    Em cada hotel sero verificadas as condies higinico-sanitrias

    mediante a aplicao de check list(Anexo 01), conforme legislao da Portaria

    n. 78/2009 da Secretaria da Sade do Estado. Para o diagnstico, da Lista de

    Verificao em Boas Prticas para Servios de Alimentao, os itens sero

    avaliados em: SIM quando adequados, NO quando inadequados e NA (nose aplica) quando a questo no se aplicar realidade da empresa.

    O clculo da adequao do estabelecimento ser realizado pelo Total de

    Adequao (TAD) e o Total de Inadequao (TIN). Sero somados os dois

    totais obtendo o Total Geral (TG), e por meio de regra de trs, em que: TG est

    para 100% e TAD est para X, ser obtida a percentagem de adequao da

    rea de produo de refeies do estabelecimento. A classificao dos

    estabelecimentos seguir a proposta de Veiros et al. (2009), onde os itens queobtiverem Total de Adequao acima de 90% sero classificados como nvel

    muito bom (Grupo 1), de 75 a 90% como nvel bom (Grupo 2) e nvel aceitvel

    entre 50 e 75% (Grupo 3), os estabelecimentos abaixo de 50% de atendimento

    dos itens sero classificados como nvel insatisfatrio (Grupo 4).

    Sero apontadas as principais causas de ocorrncias das inadequaes

    encontradas, com posterior relato e discusso das recomendaes de

    melhorias com base no conceito de boas prticas estabelecidas conformelegislao federativa vigente, RDC n 216 de 15 de setembro de 2004.

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    4.2.1.2 Delineamento experimental

    Tabela 01. Delineamento experimental para verificao de condies higinico-sanitrias na rede hoteleira de Pelotas/RS, antes e aps o treinamento demanipuladores de alimentos

    HOTISVARIVEIS

    INDEPENDENTES DEPENDENTES

    1. SituaoDiagnstica

    Check l ist

    Amostra

    Ambiente:bancada

    Utenslios:tbua decorte, xcara

    Equipamento:cortadorde frios

    Manipulador:mo demanipulador

    Alimento:fruta

    Total de Conformidades

    Isolamento e/ouQuantificao de Micro-organismos

    - Coliformes totais etermotolerantes

    - Estafilococos coagulasepositiva

    - Mesfilos aerbios

    - Salmonellaspp.

    - Listeria monocytogenes

    2. Aps a

    capacitao

    Check l ist

    Amostra

    Ambiente:bancada

    Utenslios: tbua decorte, xcara

    Equipamento: cortadorde frios

    Manipulador: mo demanipulador

    Alimento:fruta

    Total de Conformidades

    Isolamento e/ouQuantificao de Micro-organismos

    - Coliformes totais etermotolerantes

    - Estafilococos coagulase

    positiva- Mesfilos aerbios

    - Salmonellaspp.

    - Listeria monocytogenes

    Bancada, tbua de corte, xcara, cortador de frios : Coliformes Totais e Termotolerantes,Estafilococos coagulase positiva, Mesfilos aerbios, Salmonella spp. e Listeriamonocytogenes. Mo de manipulador: Estafilococos coagulase positiva.. Fruta: Coliformes Termotolerantes e Salmonellaspp..

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    Em cada ponto de amostragem sero coletadas trs amostras, uma

    amostra em cada semana, em dias diferentes, durante trs semanas.

    Ser empregada a tcnica de esfregao, com movimentos do tipo vai-e-

    vem, utilizando-se swabsestreis para a coleta de amostras em superfcies de

    equipamentos sendo esta coleta realizada em rea de 200 cm, utenslios em

    sua totalidade e para as mos de manipuladores a rea amostrada ser a

    superfcie total da mo, utilizando a mesma tcnica do swab.

    Ser realizada a anlise de Coliformes Totais e Coliformes

    Termotolerantes, Estafilococos coagulase positiva, Mesfilos aerbios,

    Salmonella spp. e Listeria monocytogenespara os equipamentos utenslios e

    mo de manipulador. Os procedimentos metodolgicos para a investigao dosreferidos micro-organismos encontram-se descritos no Manual de Mtodos de

    Anlise Microbiolgica de Alimentos 2 edio (SILVA et al., 2010), e

    posteriormente os resultados sero descritos conforme os limites utilizados

    pelo Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods ,

    editado pelaAmerican Public Health Association(APHA, 2001).

    Para a coleta das amostras de fruta, sero utilizados sacos plsticos

    estreis. A seguir, todas as amostras sero acondicionadas em caixasisotrmicas contendo gelo reciclvel, e encaminhadas ao Laboratrio de

    Microbiologia da Faculdade de Nutrio da Universidade Federal de Pelotas,

    para o processamento.

    Os critrios para anlise microbiolgica sero conforme Resoluo RDC

    N 12 de 2 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001) que estabelece o Regulamento

    Tcnico sobre Padres Microbiolgicos para Alimentos. A anlise para frutas

    in natura, inteira, selecionadas ou no, estabelece a investigao deColiformes Termotolerantes e Salmonellaspp.

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    4.3 Coleta das Amostras

    4.3.1 Amostras de Equipamentos, Utenslios e Mos de Manipuladores

    As amostras coletadas pela tcnica do swab sero colocadas

    (mergulhadas) logo aps a coleta em tubos de ensaio contendo 10mL de gua

    salina estril 0,85%. Destes 10mL sero retiradas alquotas de 1mL para

    realizao das anlises e das diluies seriadas.

    4.3.2 Amostras das Frutas

    Para a anlise das frutas sero retiradas 25g das amostras e ento

    colocadas em 225mL de gua peptonada tamponada e a partir destes sero

    retiradas alquotas de 1mL para a realizao das anlises e demais diluies

    seriadas (quando for o caso).

    4.4 Anlise Microbiolgica

    4.4.1 Coliformes Totais

    A amostra ser inoculada em uma srie de trs tubos por diluio de

    caldo Lauril Sulfato com volumes de referncia, contendo em seu interior tubosde fermentao (Tubos de Durhan), com a finalidade de detectar a formao de

    gs a partir da lactose pelos coliformes. Esta considerada um teste

    presuntivo.

    Os tubos sero incubados a 37C, por 48 horas. Aps a amostra ser

    transferida, com o uso da ala de platina para tubos contendo Caldo Verde

    Brilhante a 2%, incubando-se estes a 37C, por 48 horas, finalizando o teste

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    confirmativo. Os resultados para cada srie de verde brilhante sero anotados,

    para posterior contagem do Nmero Mais Provvel (NMP).

    4.4.2 Coliformes Termotolerantes

    Para isolamento e identificao de Coliformes 45C, ser utilizada a

    seguinte metodologia:

    A determinao de coliformes termotolerantes ocorrer a partir dos tubos

    contendo Caldo Verde Brilhante que obtiverem resultados positivos. A partir

    destes alquotas sero transferidas para tubos contendo 10 mL de Caldo EC(Caldo E. coli), com tubos de Durhan. Os tubos sero incubados a 44,5C

    0,2C, por 24 horas em banho-maria e ser observada a produo ou no de

    gs, para posterior contagem do Nmero Mais Provvel (NMP).

    4.4.3 Estafilococos Coagulase Positiva

    Para o isolamento de estafilococos, a amostra ser homogeneizada em

    soluo salina peptonada 0,1% a partir da diluio inicial 10 -1. Inocula-se 1mL

    de cada diluio em duplicata, em placas contendo Agar Baird Parker (ABP), e

    posteriormente incuba-se a 36C durante 24 a 48 horas. Nas placas com

    crescimento de colnias suspeitas, entre 20 e 200 colnias, ser realizado o

    teste bioqumico de coagulase, com plasma de coelho.

    Desta forma, seleciona-se de 3 a 5 colnias, para um tubo de CaldoInfuso Crebro Corao BHI), e emulsionadas ao caldo. Os tubos sero

    incubados a 37C, por 24 horas. Aps, sero transferidos 0,3 mL de cada

    cultura obtida em BHI e 0,3 mL de plasma de coelho para um microtubo

    misturando-os com movimentos de rotao, incubando-os, em estufa a 37C,

    por 24 horas. A formao de cogulo nos tubos indica a presena de

    Estafilococos coagulase positiva. Os resultados sero expressos em Unidades

    Formadoras de Colnias (UFC).

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    4.4.4 Mesfilos Aerbios

    Para a contagem de micro-organismos mesfilos, ser utilizado meio

    Agar Contagem de Placas (PCA) para amostras nas diluies de 10- a 10-.

    Aps inoculao de 1mL da diluio em placas vazias e estreis, adiciona-se

    ao meio gar fundido e resfriado. Assim, atravs de movimentos circulares em

    forma de oito, realiza-se a mistura do inculo ao meio de cultura.

    Aps completa solidificao, as placas sero incubadas invertidas emestufas a 30C, por 48 horas devidamente identificadas. As semeaduras sero

    realizadas em duplicata. Para contagem de bactrias mesfilas sero

    escolhidas placas contendo de 30 a 300 colnias. Os valores das contagens

    das colnias sero transformados em logaritmos decimais de Unidades

    Formadoras de Colnias, UFC mL-1.

    4.4.5 Lister ia mon ocytog enes

    A etapa de pr-enriquecimento ser realizada em caldo LEB com

    incubao a 30C por 24 horas, seguida da incubao de uma alquota em

    caldo Fraser a 35C por 48 horas. Aps, a semeadura ser realizada nos

    gares Oxford e Cromognio a 35C por 48 horas. Os isolados purificados

    sero submetidos a testes bioqumicos de motilidade, fermentao de

    carboidratos (dextrose, xilose, ramnose e manitol) e presena de catalase e de

    -hemolisina.

    4.5 Mos de Manipuladores

    Para a coleta de amostra de mo do manipulador, o funcionrio

    escolhido para amostragem, ser aquele com o cargo de chefia na rea de

    produo.

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    O procedimento ser realizado nas mos do manipulador, aps a

    higienizao cotidiana, (sem interferncia do pesquisador), pelo uso de swab. A

    coleta ocorrer em rea correspondente superfcie da mo. Ser utilizada a

    tcnica do esfregao como movimentos do tipo vai-e-vem.

    Os frascos sero transportados sob refrigerao at o laboratrio para

    as anlises microbiolgicas sendo que os resultados sero expressos em

    Log.UFC.mo1.

    4.6 Frutas

    A coleta ser de uma fruta de consumo com casca, oferecida no caf da

    manh (conforme disponibilidade do estabelecimento no dia da coleta).

    Para isolamento e identificao de Salmonella spp., ser pesado

    assepticamente 25g de amostra, homogeneizada em 225ml de Caldo

    Lactosado (CL), e incubado a 36C por 24 horas. Aps, sero transferidosalquotas para tubos contendo os meios de enriquecimento seletivo Rapapport

    (RR) e Tetrationato (TT) e novamente ser incubado a 36C por 24 horas.

    Posteriormente sero transferidas para placas contendo os Agar

    Hektoen Entrico (HE) e Agar Xilose Lisina Desoxicolato (XLD), atravs do

    mtodo de esgotamento por estrias para obteno de colnias isoladas, e

    novamente incubadas a 36C por 24 horas. Colnias suspeitas sero

    selecionadas para procedimentos de testes bioqumicos nos meios gar LisinaFerro (LIA), gar Trplice Acar Ferro (TSI) e Uria para obteno de

    resultados conclusivos (JAY, 2005). Para o teste sorolgico retira-se uma

    alada da cultura utilizada nos testes bioqumicos e inocula-se em tubo

    contendo 5 ml de Caldo Infuso Crebro Corao (BHI), levando a incubadora

    por temperatura de 35C 2C por 6 horas. A confirmao sorolgica verifica a

    presena de antgenos por testes de aglutinao.

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    4.7 Aplicao de Questionrios

    4.7.1 Questionrio aplicado Empresa

    Para traar as caractersticas fsicas da empresa ser utilizado

    questionrio a ser respondido pelos responsveis dos estabelecimentos,

    adaptado da Resoluo - RDC N 216, de 15 de setembro de 2004

    (APNDICE III). Constar de perguntas referentes identificao doestabelecimento, existncia de responsvel tcnico e inspeo pela

    Vigilncia Sanitria.

    4.7.2 Questionrio aplicado ao Manipulador

    Ser realizado questionrio com perguntas fechadas a fim decaracterizar o perfil do profissional manipulador de alimentos, conforme

    condies socioeconmicas e educacionais, como: sexo, renda individual,

    escolaridade, tempo de trabalho no estabelecimento e participao em

    capacitaes sobre higiene dos alimentos, adaptado de BRASIL, 2011

    (APNDICE IV).

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    5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

    2012

    FASES JAN/FEV/MAR ABR/MAI/JUN JUL/AGO/SET OUT/NOV/DEZ

    RevisoBibliogrfica

    X X X X

    Qualificaodo Projeto

    X

    Aplicao

    check listeColeta dasAmostras

    X X

    AnliseMicrobiolgica

    X X

    Anlise dosResultados

    X X

    Proposta de

    MedidasCorretivas X X

    2013

    FASES JAN/FEV/MAR ABR/MAI/JUN JUL/AGO/SET OUT/NOV/DEZ

    RevisoBibliogrfica

    X

    Redao da

    Dissertao X

    Defesa da

    DissertaoX

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    6 ORAMENTO

    O presente estudo ser custeado com verba do Programa de Ps-

    Graduao em Nutrio e Alimentos da Faculdade de Nutrio, Universidade

    Federal de Pelotas/RS, e dos prprios pesquisadores.

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    7 REFERNCIAS

    APHA - American Public Health Association, Agency Committee OnMicrobiological Methods For Food. Compendium of methods for themicrobiological examination for foods. 4ed.Frances Pouch Downes; KeithIto, 2001.

    BRASIL. Resoluo RDC n 12, de 2 de janeiro de 2001. Estabelece padresmicrobiolgicos de alimentos.Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria.Braslia: Ministrio da Sade, 2001.

    ______. Resoluo RDC n 216, de 15 de setembro de 2004. RegulamentoTcnico de Boas Prticas para Servios de Alimentao.Agncia Nacionalde Vigilncia Sanitria. Braslia: Ministrio da Sade, 2004.

    JAY, J.M. Microbiologia de Alimentos.6. ed. Editora Artimed, Porto Alegre,711p. 2005.

    NASCIMENTO, Lucilene Bentes. Aplicao das Boas Prticas deFabricao no Preparo de Refeies como Garantia de Qualidade doProduto Final Oferecido aos Hspedes dos Hotis dos Setores Hoteleiros

    Norte e Sul da Cidade de Braslia.Monografia de Especializao emQualidade em AlimentosUniversidade de Braslia. Centro de Excelncia emTurismo. Braslia, 2003.

    PREFEITURA MUNICIPAL DE PELOTAS. Palavras digitadas: ECONOMIA.. Acessado em 14 de junho de 2012.

    __________________________________. Palavras digitadas: TURISMO.. Acessado em 14 de junho de 2012.

    RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Sade. Portaria n. 78, de 30 de janeirode 2009. Aprova a lista de verificao em Boas Prticas para servios dealimentao, aprova normas para cursos de capacitao em BoasPrticas para servios de alimentao e d outras providncias. 2009.

    SECRETARIA DE VIGILNCIA EM SADE. Boletim eletrnicoepidemiolgico: Vigilncia epidemiolgica das Doenas Transmitidas porAlimentos no Brasil, 1999-2004. v. 5, n. 6, 2005.

    SILVA, N. et al.Manual de Mtodos de Anlise Microbiolgica de

    Alimentos e gua. Editora: Livraria Varela. So Paulo, 2010.

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    REVISO DE LITERATURA

    Potencialidades Tursticas de Pelotas

    O turismo vem apresentando resultados positivos em relao aspectos

    econmicos dos ltimos anos, consolidando-se no Brasil como um importante

    vetor de desenvolvimento socioeconmico (MINISTRIO DO TURISMO, 2007).

    Hotel designado como um estabelecimento comercial especializado

    em proporcionar acomodaes para viajantes. O principal desafio da gestohoteleira e de hospitalidade, de acordo com Kuo (2009) est em prestar um

    servio de qualidade aos turistas e mant-los satisfeitos.

    Dados de 2007, fornecidos pela Secretaria Municipal de Turismo

    evidenciam o crescimento do nmero de atendimentos dos postos e o aumento

    do nmero de turistas em circulao na cidade (914 atendimentos a

    1.618pessoas/4 trimestre de 2007), superando o ano anterior em 32,55%

    (SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO ECONMICO ETURISMO, 2008).

    Em Pelotas, o maior movimento turstico d-se durante a Feira Nacional

    do Doce (FENADOCE). A Feira um evento anual, realizado para promover a

    cultura doceira da cidade, para todo o Brasil e exterior. Os famosos doces

    pelotenses, herana da colonizao portuguesa, alem e italiana, so

    responsveis pelo desenvolvimento deste setor que exporta as iguarias para

    diversos do Estados do Brasil. Atrai visitantes de fora do pas, de outras partes

    do Brasil e do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), alm de convidados

    ilustres da rea da poltica e do entretenimento.

    Conforme nmeros disponibilizados pela Secretaria Municipal de

    Turismo (2011), durante a FENADOCE/2011, os 42 apartamentos de

    determinado hotel da cidade obtiveram lotao mxima. Em outro

    estabelecimento com 74 apartamentos disponveis, 80% destes estavam

    reservados para os 19 dias de feira. Esta demanda caiu em 20% aps o

    trmino do evento. Dos 95 apartamentos de um total de 195 leitos, de outro

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    estabelecimento da cidade, cuja ocupao de 50% dos leitos ao longo do

    ano, durante a 19 FENADOCE, apresentou aumento em torno de 15%. Tais

    dados demonstram a grande movimentao no setor hoteleiro do municpio.

    Outros pontos tursticos, motivos de grande atrao de visitantes ao

    municpio, com destaque pela importncia cultural, so o Parque Museu da

    Baronesa, registrada toda a opulncia vivida por Pelotas durante o sculo XIX,

    moblia de mogno, enxovais bordados, vesturio de poca, leques, bas e

    bibels. Castelo Joo Simes Lopez, Catedral So Francisco de Paula,

    Chafariz As Trs Meninas, Caixa Dgua Escocesa, entre tantos outros

    atrativos.

    J no centro da cidade de Pelotas, situa-se a Praa Coronel PedroOsrio rodeada por prdios histricos como o antigo prdio do Banco do Brasil

    - o edifcio dotado de elementos que mostram o poder financeiro da poca,

    com cpula, sacadas de plpito, delicados arabescos, pilastras com capitis

    corntios e embasamento em pedra. O relgio acima do acesso principal

    orientou, por muitos anos, a populao que por ali transitava. No alto da cpula

    um pequeno mirante ainda lembra os velhos tempos das observaes das

    embarcaes no porto, indispensvel na poca do intenso comrcio dePelotas.

    O Teatro Sete de Abril foi tombado em 1972, como patrimnio histrico

    nacional ttulo reconhecido pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico

    Nacional (IPHAN), motivo de orgulho para os pelotenses.

    Os casares 2, 6 e 8: formam o maior conjunto arquitetnico Neo-

    Renascentista preservado na Amrica Latina. Alm destes, ao entorno da

    praa esto outros prdios como, a Prefeitura Municipal, Biblioteca Pblica,Casas Geminadas, Casa de Pompas Fnebres, Casa da Banha e Clube

    Caixeiral, Teatro Guarany e Mercado Pblico.

    Grande Hotel: o edifcio tem quatro andares, possui 76 quartos, 6

    apartamentos tipo sute, salo de ch, um grande vestbulo coberto por

    clarabia de vidros coloridos e restaurante. No vestbulo encontra-se escadaria

    com piso em mrmore e corrimo em ferro trabalhado. Na esquina, o acesso

    marcado por um corpo arredondado coroado por uma cpula de bronze,

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    importada da Frana, que abriga em seu interior um alojamento sob a caixa

    d'gua. Atualmente, o prdio foi repassado a Universidade Federal de Pelotas

    (UFPel).

    Segurana Alimentar no setor de Alimentos e Bebidas

    Hotel conceituado por Torre (1989), como uma instituio de carter

    pblico que oferece ao viajante, alojamento, alimentos e bebidas, assim como

    entretenimento. Segundo Janeiro (1991), hotel definido como sendo um

    estabelecimento que dever fornecer um bom servio de alojamento, de

    refeies, bar, tratamento de roupas, informaes tursticas e de carter geral.

    Para Castelli (1991) o hotel geralmente oferece aos hspedes, uma quantidade

    de servios alm de acomodao, como por exemplo, os servios de

    alimentao. Desse modo, fica evidente que para conceituar hotel, deve-se

    pensar tambm no servio de alimentos e bebidas.

    O setor de alimentos e bebidas de um hotel um dos mais complexos

    de toda a estrutura. Se for bem administrado, a comercializao de alimentos e

    bebidas muitas vezes capaz de superar os gastos com a hospedagem. Em

    um nico dia, um turista, gera uma diria de hospedagem e mais no mnimo

    trs refeies, o que representa uma grande fatia da receita no setor de

    alimentos e bebidas de um hotel. Segundo Kinton (1999), a gastronomia

    representa 30 a 40% da receita bruta do setor hoteleiro.

    O setor de alimentos e bebidas de hotis agrupa fundamentalmente as

    seguintes reas: cozinha, restaurante, copa e servio de quarto (TORRE, 2001;CASTELLI, 2003). Muitas vezes, o restaurante do hotel aberto para o pblico

    em geral. Alm disso, muitos hotis oferecem entre os servios de alimentos e

    bebidas, coffe break, happy hour, banquetes e recepes para pblicos

    diferentes.

    A dimenso do setor de alimentos e bebidas varia conforme o tamanho e

    tipo de cliente do hotel. Enquanto alguns hotis servem apenas o chamado

    caf da manh continental, que consiste basicamente em caf, po, manteiga,

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    e gelia, h outros que possuem pequenos restaurantes ou at mesmo vrios

    restaurantes, cafs e bares, como os hotis de luxo (TORRE, 2001).

    Para Santos (2004), no ramo hoteleiro, a qualidade precisa estar

    associada a todos os procedimentos, pois, importante que os setores e as

    pessoas envolvidas tenham como objetivo a qualidade total para a completa

    satisfao do cliente. No mercado hoteleiro define-se qualidade como a

    prestao contnua de servios e apresentao de produtos com base nos

    padres de estabelecimentos individuais e cadeias (DAVIES, 2001).

    Castelli (2003), afirma que a higiene deve estar presente em todos

    ambientes do hotel, sendo que a rea de produo de alimentos requer um

    cuidado especial por interferir na sade dos hspedes. Essa questo particularmente importante para garantir ao hspede uma alimentao segura

    sob o ponto de vista higinico-sanitrio e para promover a manuteno da

    sade.

    Todas as etapas que envolvem a produo de refeies devem ter

    ateno especial, desde a escolha do fornecedor, a recepo dos produtos, o

    armazenamento, o preparo, a manuteno e distribuio corretas e so pontos

    importantes de constante monitoramento (SANTOS, 2004).A maioria dos hspedes est mais exigente por uma alimentao

    balanceada e segura, fazendo com que o mercado hoteleiro proporcione a

    satisfao de seus clientes atravs dos benefcios de uma boa alimentao,

    destacando-se aqui a importncia do profissional de nutrio neste setor

    (ORGANIZAO MUNDIAL DE TURISMO, 2003).

    prudente no descuidar dos aspectos nutricionais e principalmente da

    inocuidade dos alimentos porque o sucesso de uma viagem inclui entre muitascoisas as experincias com a alimentao que podem ser inesquecveis por

    uma lembrana extraordinariamente deliciosa, ou pelo contrrio, uma

    experincia inesquecvel por ter sido desagradvel (ORGANIZAO MUNDIAL

    DE TURISMO, 2003). A alimentao est diretamente relacionada ao cotidiano

    do turista, portanto, os prestadores desse servio devem estar cientes sobre os

    procedimentos de manipulao segura de alimentos e adot-los, garantindo ao

    visitante uma experincia positiva.

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    Qualidade e Segurana dos Alimentos

    O conceito de qualidade dinmico, pois sugere e envolve uma

    melhoria continuada e leva a organizao buscar novos nveis de

    desenvolvimento. Qualidade, conforme Mezzomo (2002) no um estado, mas

    um processo.

    Atualmente, a qualidade componente fundamental dos alimentos,

    como a segurana componente indispensvel da qualidade (PANETTA,

    1998). Segurana dos alimentos, segundo a Food and Agriculture Organization

    e a World Health Organization (FAO/WHO), consiste em: garantir o acesso

    continuado para todas as pessoas a quantidades suficientes de alimentosseguros que lhes assegurem uma dieta adequada; atingir e manter o bem-estar

    de sade e nutricional de todas as pessoas; promover um processo de

    desenvolvimento socialmente e ambientalmente sustentvel, que contribua

    para uma melhoria na nutrio e na sade, eliminando as epidemias e as

    mortes pela fome (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION, 2011).

    Pode-se dizer que segurana dos alimentos o acesso assegurado do

    indivduo a alimentos incuos, em quantidade necessria que satisfaam assuas necessidades nutricionais considerando seus hbitos alimentares, de

    modo a garantir uma vida saudvel (REGO,2001).

    De acordo com S e Moretto (2004), a segurana dos alimentos um

    desafio e visa a oferta de alimentos livres de agentes que possam colocar em

    risco a sade do consumidor. Segundo Ges et al. (2001), a segurana dos

    alimentos pode ser definida como o direito inalienvel de todos os cidados

    terem acesso permanente aos alimentos necessrios vida, em quantidade equalidade, que a torne digna e saudvel.

    Para Ferreira (2001), a segurana dos alimentos torna-se o fator

    principal nos setores de alimentao e nutrio, pois um dos grandes objetivos

    garantir uma vida saudvel por meio de refeies equilibradas com padres

    adequados sob o ponto de vista nutricional e sanitrio.

    Considera-se cada vez mais necessrio que os profissionais ligados

    produo e processamento de produtos alimentcios, incorporarem sua

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    prtica diria um conjunto de aes voltadas para o controle de qualidade dos

    alimentos, desde a escolha da matria-prima at a obteno do produto final

    (GES et al., 2001).

    Para assegurar a qualidade de um alimento, a inspeo sanitria age

    como forma de preveno e controle. As inspees, porm, nem sempre

    podem ser realizadas com frequncia e/ ou profundidade suficientes para

    garantirem um grau satisfatrio de segurana sanitria do alimento

    (INTERNATIONAL ASSOCIATION OF MILK, FOOD AND EVIROMENTAL

    SANITARIANS - IAMFES, 1997).

    De acordo com Mezono (2001), para garantir a qualidade, no

    necessrio apenas ter a higiene dos alimentos. Deve-se salientar a importnciada higiene como um todo, verificando o tipo e condies de transporte,

    utenslios, equipamentos, inclusive a qualidade da gua.

    A higiene dos alimentos visa mant-los livres de contaminao e

    multiplicao dos micro-organismos patognicos. Segundo o WORLD

    TOURISM ORGANIZATION WTO (1991), a segurana dos alimentos e a

    preveno de doena de origem alimentar, devem ser as principais

    preocupaes e as maiores responsabilidades de todo servio de alimentaode estabelecimentos tursticos.

    O setor de alimentos e bebidas, principalmente a rea da produo,

    possui fatores que favorecem a multiplicao de micro-organismos, como por

    exemplo: gua, pH neutro a ligeiramente cido, oxignio, nutrientes e

    temperatura prxima a 35C (CHIARINI e ANDRADE, 2001). Para que a

    cozinha no se transforme em um timo habitat de micro-organismos,

    necessrio proceder a higienizao dos utenslios, equipamentos e doambiente, incluindo superfcies, piso, paredes, janelas e portas, e tambm dos

    manipuladores.

    de suma importncia a higienizao dos utenslios e equipamentos,

    estabelecimento e tambm dos manipuladores a fim de garantir a segurana

    dos alimentos.

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    Doenas Transmitidas por Alimentos

    Define-se como surto de Doena de Origem Alimentar, episdio no qual

    duas ou mais pessoas apresentam em um determinado perodo de tempo,

    sinais e sintomas semelhantes aps ingesto de um mesmo alimento

    considerado contaminado por evidncia clnica-epidemiolgica e/ou laboratorial

    (CENEPI, 2001).

    As Doenas Transmitidas por Alimentos (DTA) so uma ameaa

    considervel para a sade pblica e para a economia dos indivduos e pases.

    O seu controle exige um esforo concentrado por parte dos governos, da

    indstria de alimentos e dos consumidores (WORLD HEALTHORGANIZATION, 2002).

    Na cadeia de transmisso das DTA, os alimentos so considerados

    veculos dos agentes infecciosos e txicos. Eles podem ser contaminados

    durante todas as etapas da cadeia alimentar por perigos biolgicos, qumicos

    ou fsicos. Entre as principais formas de contaminao, destacam-se a

    inadequada manipulao e conservao dos alimentos.

    H relatos citados por Banwart (1989) de que utenslios e equipamentoscontaminados participam do aparecimento de aproximadamente 16% dos

    surtos. Existe tambm preocupao com os manipuladores, pois representam

    um dos principais veculos de contaminao, e conforme dados da

    Organizao Mundial da Sade (OMS), chega a atingir at 26% dessas causas

    (SILVA JR, 1991; FREITAS, 1995). Os manipuladores representam um

    importante elo na cadeia epidemiolgica das DTA (SECRETARIA DE

    VIGILNCIA EM SADE, 2005).As DTA tm sido consideradas um dos problemas de maior importncia

    em sade pblica, estando mais comumente relacionadas contaminao

    microbiolgica. Os seus efeitos podem ser diretos por ingesto e infeco do

    prprio micro-organismo no organismo humano ou indireto, causado por

    toxinas produzidas pelo micro-organismo, antes de ele ser ingerido (CHAVES,

    2004).

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    De acordo com os registros da Organizao Mundial da Sade (OMS)

    so detectados, anualmente, nos pases em desenvolvimento, mais de um

    bilho de casos de diarreia aguda em crianas menores de cinco anos, das

    quais 5 milhes chegam a bito (CMARA, 2000).

    Entretanto, apesar do progresso na medicina, na cincia e tecnologia de

    produo de alimentos, as enfermidades causadas por micro-organismos

    patognicos continuam apresentando problemas significativos para a sade e

    economia. Existem clculos que at 100 milhes de indivduos em todos os

    pases contraem doenas decorrentes de alimentos (GERMANO & GERMANO,

    2001). Calcula-se que de 1 a 100 milhes de indivduos no mundo contraem,

    anualmente, intoxicaes decorrentes do consumo de alimentos e de guacontaminados (GERMANO & GERMANO, 2001).

    Os Centros de Controle e Preveno de Doenas (Centers for Disease

    Control and Prevention-CDC) estimam que 76 milhes de pessoas sofram de

    DTA, a cada ano, nos Estados Unidos, o que provoca 325.000 hospitalizaes

    e mais de 5.000 mortes nesse pas. No Brasil, das internaes em hospitais

    pelo Sistema nico de Sade no perodo de 1998 a 2001, 4,5% a 4,8% foram

    diagnosticados com infeces intestinais como a clera, febre tifide,shigelose, amebase, entre outras doenas infecciosas intestinais com nmero

    de internaes entre 560.905 - 568.516. Estas doenas representaram cerca

    de 50% do total de internaes por doenas infecciosas e parasitrias neste

    perodo (TOLEDO & VIANNA, 2002).

    Quando se agrega grande nmero de casos, v-se que as DTA so

    extremamente custosas. Estima-se que o custo das DTA nos Estados Unidos

    de 5 a 6 bilhes de dlares em gastos diretos e perda de produtividade.Infeces somente pela bactria Salmonellaspp. implicam perda de 1 bilho de

    dlares em custos diretos e indiretos. No Brasil, os custos com os casos

    internados por DTA, de 1999 a 2004, chegaram a 280 milhes de reais, com

    mdia de 46 milhes de reais por ano (SECRETARIA DE VIGILNCIA EM

    SADE, 2005).

    No Brasil, de 1999 a 2004, dados do Ministrio da Sade, mostram a

    ocorrncia em mdia de 3,4 milhes de internaes por DTA, com uma mdia

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    de 568.341 casos por ano. Quanto mortalidade, de 1999 a 2002, ocorreram

    25.281 bitos por DTA, com uma mdia de 6.320 bitos/ano (SECRETARIA DE

    VIGILNCIA EM SADE, 2005). Sendo mais prevalente na faixa etria de 20 a

    49, seguida de 1 a 4 anos, apresentando uma sazonalidade com maior

    incidncia no vero e no outono; com 21.386 expostos e 2.233 doentes

    (10,4%) e dois bitos (BRASIL, 1999).

    As pessoas esto suscetveis s Doenas Transmitidas por Alimentos

    durante todo o ano, mas o aumento de surtos no vero est associado s frias

    e viagens. Paralelamente ao incremento do turismo, a incidncia de doenas

    de origem alimentar est crescendo em todo o mundo. Portanto, os servios

    prestados aos turistas, tm uma grande responsabilidade com a sade daspessoas, pois visto que a alimentao est relacionada questo do turismo

    (WORLD TOURISM ORGANIZATION, 1991).

    Acredita-se que a alimentao contaminada a principal causa de

    doenas em turistas. Estima-se que de 20 a 50% de todos os viajantes sofrem

    de problemas gastrintestinais como diarreia, porm somente uma pequena

    porcentagem reconhecida e registrada. A proporo entre a real situao e

    os casos notificados de 100 para 1. Estatsticas indicam que a maioria dasdoenas de origem alimentar est associada com refeies consumidas fora de

    casa (WORLD TOURISM ORGANIZATION, 1991).

    Em alguns Estados e Municpios do Brasil, pouco se conhece a real

    magnitude do problema, pois os casos e surtos de DTA no so notificados.

    Para caracterizar casos e surtos de doenas de origem alimentar necessrio

    que a populao esteja informada sobre sintomas desta classe de ocorrncia

    como diarreias brandas e episdios de vmitos, pois estes so consideradospelo prprio afetado como um mal estar passageiro e no necessariamente

    associados ao consumo de alimentos (SILVA, 2006), o que torna irreal os

    resultados apresentados nas estatsticas brasileiras (FRANCO, 1996;

    HIROOKA, 1997; SECRETARIA DE VIGILNCIA EM SADE, 2005).

    As enfermidades de origem alimentar ocorrem quando uma pessoa

    contrai uma doena devido ingesto de alimentos contaminados com micro-

    organismos ou toxinas indesejveis (FORSYTHE, 2000). Conforme Galvo

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    (1993), as doenas alimentares so classificadas de acordo com os agentes e

    sintomas. Elas variam em razo da quantidade do alimento contaminado

    ingerido e sua concentrao microbiana, do tipo de micro-organismo

    contaminante e o estado de sade do indivduo acometido pela doena.

    Infeco alimentar: causada pela ingesto do micro-organismo, em

    alimento ou gua contaminados.

    Intoxicao alimentar: ingesto da toxina produzida pelo micro-

    organismo, em alimento ou gua contaminados.

    Segundo Souza e Silva (2004), o aparecimento das DTA associadas aos

    servios de alimentao est intimamente ligado s condies higinico-

    sanitrias e, principalmente, ao baixo ndice de conhecimento das boasprticas de manipulao. Dessa forma, o controle higinico-sanitrio tanto dos

    estabelecimentos quanto dos manipuladores essencial para garantir a

    qualidade dos alimentos, tornando-se o principal instrumento de defesa contra

    os surtos de enfermidades veiculadas pelos alimentos.

    Por isso, torna-se necessrio a implantao de ferramentas que

    assegurem a qualidade nos setores de alimentao, como por exemplo, as

    Boas Prticas de Fabricao (BPF), ou apenas Boas Prticas (BP), osProcedimentos Operacionais Padronizados (POP), e o Programa Anlise de

    Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC).

    Assim, com a implantao dessas ferramentas, problemas considerados

    crticos so prevenidos antes que ocorram. Atualmente, essa estratgia de

    controle de qualidade reconhecida como instrumento para produo de

    alimentos seguros e recomendada por diversas entidades internacionais

    inclusive pela Organizao Mundial da Sade (OMS) e Ministrio da Sade(MS) (BORGES e FREITAS, 2002).

    Conceituam-se as BP como procedimentos que devem ser adotados

    pelos servios de alimentao a fim de garantirem a qualidade higinico-

    sanitria e a conformidade dos alimentos com a legislao sanitria (BRASIL,

    2004). O Manual de Boas Prticas (MBP) um documento que descreve as

    operaes realizadas pelo estabelecimento, incluindo, no mnimo, os requisitos

    higinico-sanitrios dos edifcios, a manuteno e higienizao das instalaes,

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    dos equipamentos e dos utenslios, o controle da gua de abastecimento, de

    vetores e pragas urbanas, a capacitao profissional, higiene e sade dos

    manipuladores, manejo de resduos e controle e garantia de qualidade do

    alimento preparado (BRASIL, 2004).

    Os servios de alimentao devem dispor, alm do MBP, os POP

    acessveis aos funcionrios envolvidos e disponveis autoridade sanitria,

    quando requeridos (BRASIL, 2004). O POP um procedimento escrito de

    forma objetiva que estabelece instrues seqenciais para a realizao de

    operaes rotineiras e especficas na produo, armazenamento e transporte

    dos alimentos (BRASIL, 2002). De acordo com Saccol et al. (2006), uma das

    diferenas entre a RDC 275/2002 (ANVISA) dos estabelecimentos produtorese industrializadores de alimentos e a RDC 216/2004 (ANVISA) dos servios de

    alimentao, alm do mbito de aplicao, o nmero de POP exigidos.

    De acordo com Arruda (2002) a metodologia do sistema APPCC teve

    incio em meados dos anos 60, atravs da necessidade de que os alimentos

    consumidos pelos primeiros astronautas fossem seguros, sob o ponto de vista

    sanitrio. O APPCC uma ferramenta reconhecida internacionalmente para o

    uso na gesto pr-ativa de temas ligados segurana de alimentos.Associada ao interesse pelo cumprimento da legislao sanitria, a

    busca pela qualidade tem motivado vrias empresas a normatizar, em manual

    de boas prticas, os processos de produo de alimentos dentro de critrios

    tcnicos definidos pelo mtodo APPCC, a fim de se tornarem mais competitivas

    em um mercado cada vez mais exigente. O Sistema recomendado por

    organismos internacionais como a Organizao Mundial do Comrcio (OMC),

    Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura (FAO),Organizao Mundial de Sade (OMS) e pelo Mercado Comum do Sul

    (MERCOSUL) e exigido pela Comunidade Europeia e pelos Estados Unidos.

    No Brasil, o Ministrio da Sade e o Ministrio da Agricultura Pecuria e

    Abastecimento j tm aes com objetivo de adoo do Sistema APPCC pelas

    Indstrias Alimentcias (MINISTRIO DA SADE, 2012). O sistema APPCC

    tem se revelado uma das ferramentas teis aos setores de alimentao para a

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    preveno de possveis surtos de DTA, pois procura identificar perigos

    potenciais inocuidade dos alimentos e mant-los sob controle.

    Embora o APPCC seja um sistema amplo para a garantia da inocuidade,

    manuteno da qualidade e da integridade do alimento, no deve ser

    considerado nico e independente. Considera-se o sistema uma ferramenta

    para controle de processo e no para o ambiente onde o processo ocorre. As

    BPF e os POP constituem os pr- requisitos essenciais implantao do

    APPCC.

    Micro-organismos Indicadores de Higiene e Sanidade

    impossvel determinar exatamente quando, na histria da humanidade,

    o homem tomou conhecimento da existncia de micro-organismos e da sua

    importncia para os alimentos (FRANCO & LANDGRAF, 2003).

    Apesar dos avanos tecnolgicos que as indstrias de alimentos vem

    sofrendo, as enfermidades causadas por patgenos alimentares continuam

    apresentando problemas significativos para a sade e para a economia

    (FORSYTHE, 2002). Assim sendo de extrema importncia todas as tentativas

    no sentido de reduzir as possibilidades de ocorrncias das doenas

    transmitidas por alimentos (DTA).

    Os micro-organismos indicadores podem ser empregados para refletir a

    qualidade microbiolgica dos alimentos quanto a sua vida til ou por sua

    inocuidade em no conter micro-organismos patgenos. Em geral, os micro-

    organismos indicadores so usados com maior frequncia para determinar a

    higiene dos alimentos.So considerados como deteriorantes os micro-organismos que se

    desenvolvem no alimento, podendo causar alteraes nas suas propriedades

    sensoriais. So considerados patognicos aqueles que, produzem substncias

    txicas (toxinas) que causam danos sade do consumidor ou apresentem

    capacidade de colonizar o intestino causando infeces (CHITARRA, 2000;

    FORSYTHE, 2002; FRANCO & LANDGRAF, 2003).

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    Servindo de parmetro microbiolgico bsico s leis de consumo criadas

    pelos governos, as bactrias do grupo coliforme so utilizadas como

    indicadores de contaminao da gua e de alimentos, por deficincia de

    higiene.

    Os coliformes totais so um grupo de bactrias constitudo por bacilos

    gram negativos, aerbios ou anaerbios facultativos, no formadores de

    esporos, oxidase-negativos, capazes de crescer na presena de sais biliares

    ou outros compostos ativos de superfcie (surfactantes), com propriedades

    similares de inibio de crescimento, e que fermentam a lactose com produo

    de aldedo, cido e gs a 35C em 24-48 horas (JAY, 2005). Este grupo no

    significa agravo sade, mas indicam falta de higiene, uma vez que socapazes de habitar o intestino humano.

    Os coliformes termotolerantes constituem um grupo de bactrias gram

    negativas no-esporuladas, com capacidade de fermentar lactose com

    produo de cido e gs temperatura de 45C em um perodo de 48 horas.

    Do ponto de vista sanitrio, funcionam como indicadores capazes de evidenciar

    uma maior probabilidade de que o alimento tenha entrado em contato com

    material de origem fecal, indicando, com maior grau de certeza, a possvelpresena de patgenos entricos (JAY, 2005).

    Os estafilococos so classificados como cocos gram positivos, imveis,

    anaerbios facultativos, no formadores de esporos e produtores de catalase.

    Apresentam-se aos pares, ttrades, cadeias curtas ou em aglomerados

    irregulares em cachos. Algumas espcies produzem enzimas e toxinas como:

    coagulase, hialuronidase, enterotoxinas, toxinas, hemolisinas e leucocidinas

    (BANNERMAN, 2003).A intoxicao alimentar estafiloccica atribuda a ingesto de toxinas

    produzidas e liberadas pela bactria durante sua multiplicao no alimento

    (STAMFORD et al.,2006). A partir do momento da contaminao, havendo no

    alimento condies favorveis a sua multiplicao, em poucas horas, certas

    cepas produzem tais toxinas termostveis responsveis pelo quadro clnico de

    gastroenterite, sendo que os sintomas aparecem dentro de uma a seis horas

    aps a ingesto do alimento (RADDI et al.,1988).

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    Os fatores que mais predispem a contaminao por estafilococos vm

    justamente da inadequada manipulao dos produtos, resultando em

    contaminao cruzada na exposio dos produtos temperaturas adequadas

    ao crescimento bacteriano (MESQUITA, 2006).

    As bactrias aerbias mesfilas so constitudas por genros e famlias

    de Enterobacteriaceae, Bacillus spp., Clostridium spp., Corynebacterium spp. e

    Streptococcus spp.. A contagem padro em placa (Agar PCA) serve como

    indicador da qualidade higinica dos alimentos. Sua presena em grande

    nmero indica matria-prima excessivamente contaminada, limpeza e

    desinfeco de superfcies inadequadas, higiene insuficiente na produo e

    condies inapropriadas de tempo e temperatura durante a produo ouconservao dos alimentos (SIQUEIRA, 1995). Segundo Tortora et al.(2003), o

    tipo de micro-organismo mais comumente encontrado so os mesfilos

    apresentando a temperatura tima de crescimento entre 25C e 40C.

    Salmonella spp. trata-se de um bacilo gram negativo, no esporulado

    amplamente difundido na natureza, sendo o homem e os animais seus

    principais reservatrios naturais (MESQUITA, 2006). Sua presena em

    alimentos torna os mesmos imprprios para o consumo, uma vez que a doseinfectante baixa capaz de desenvolver surtos de infeco alimentar

    (SALVATORI et al.,2003).

    A Salmonelose uma doena infecciosa provocada por grupo de

    bactrias do gnero Salmonella spp., que pertencem famlia

    Enterobacteriaceae, existindo muitos tipos diferentes desses micro-organismos.

    Indivduos adquirem salmonela quase exclusivamente devido ao consumo de

    gua e alimentos contaminados com fezes animais ou humanas,principalmente atravs de ovos crus utilizados para a confeco de maioneses,

    cremes doces utilizados em tortas, carne moda, lingias, ovos, carnes e

    frutas de baixa acidez (SCARCELLI et al.,2006).

    Listeria monocytogenes uma bactria gram-positiva, anaerbia

    facultativa, no esporulada e no formadora de cpsulas. So mveis a

    temperatura de 25C devido presena de flagelos peritrquios. Este micro-

    organismo pode multiplicar-se em uma ampla faixa de temperatura (1C

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    45C) e pH (4.3 9.6), alm de tolerar concentraes salinas elevadas (

    10%). A doena por ela provocada, denominada Listeriose, ganhou importncia

    como enfermidade de origem alimentar no incio dos anos 1980, sendo

    responsvel por casos de aborto, meningite e septicemia, diagnosticada

    principalmente em pessoas pertencentes a grupos de risco tais como

    imunodeprimidos, idosos, crianas e mulheres grvidas (FARBER &

    PETERKIN, 1991).

    Legislao Sanitria Brasileira

    Segundo Valejo et al.(2003), o principal meio legal que visa a promoo

    da sade do consumidor so as legislaes para alimentos que servem para

    regular a produo, a manipulao e sua comercializao. As Vigilncias

    Sanitrias Estaduais e Municipais so rgos capacitados e responsveis pela

    fiscalizao e aplicao de penalidade aos estabelecimentos que no operam

    com adequadas instalaes, equipamentos, higiene em geral, entre outros

    (NETO, 2003).A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) tem o dever de

    proteger e promover a sade, garantindo a segurana sanitria de produtos e

    servios, com o direito de punir as empresas que possam vir a colocar em risco

    a sade pblica. No Brasil, a ANVISA o rgo que considera a necessidade

    de constante aperfeioamento das aes de controle sanitrio na rea de

    alimentao, visa a proteo sade da populao; considera a necessidade

    de harmonizao da ao de inspeo sanitria e a necessidade de requisitoshiginico-sanitrios gerais para servios de alimentao aplicveis em todo

    territrio nacional (GERMANO & GERMANO, 2001).

    A qualidade do alimento oferecido populao sempre foi uma

    preocupao do governo brasileiro no que diz respeito a legislaes de

    alimentos. Essa preocupao pode ser observada a partir da publicao, em 27

    de fevereiro de 1967, do Decreto Lei n. 209 que instituiu o Cdigo Brasileiro de

    Alimentos, revogado posteriormente pelo Decreto Lei n. 986/1969 (BRASIL,

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    1967, 1969). Ambos preconizam a proteo da sade individual e coletiva,

    relativo a alimentos, desde a sua obteno at o seu consumo (BRASIL, 1967,

    1969).

    Em 26 de novembro de 1993, foi publicada a Portaria do Ministrio da

    Sade n. 1.428, cujo contedo direciona e define os procedimentos de

    controle higinico-sanitrio de alimentos. O objetivo dessa Portaria foi

    estabelecer as orientaes necessrias que permitiram executar as atividades

    de inspeo higinico-sanitria, de forma a avaliar as Boas Prticas para a

    obteno de padres de identidade e qualidade de produtos e servios na rea

    de alimentos com vistas proteo da sade da populao (BRASIL, 1993).

    Em 30 de julho de 1997, foi publicada a Portaria do Ministrio da Saden. 326, que aprovou o regulamento tcnico sobre as condies higinico-

    sanitrias e de Boas Prticas de Fabricao para estabelecimentos

    produtores/industrializadores de alimentos (BRASIL, 1997).

    A ANVISA, considerando aes de controle sanitrio na rea de

    alimentos, visando a proteo sade da populao aprovou a RDC n 12 de 2

    de janeiro de 2001 que dispe sobre a Regulamentao dos Padres

    Microbiolgicos para Alimentos, indispensveis para a avaliao das BoasPrticas de Produo de Alimentos e Prestao de Servios, da aplicao do

    Sistema de Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC/HACCP)

    e da qualidade microbiolgica dos produtos alimentcios, incluindo a elucidao

    de Doena Transmitida por Alimentos (DTA).

    Em 21 de outubro de 2002, foi publicada pela ANVISA a Resoluo

    RDC n 275, que dispem sobre o regulamento tcnico de Procedimentos

    Operacionais Padronizados (POP) aplicados aos estabelecimentosprodutores/industrializadores de alimentos e apresentou uma lista de

    verificao de Boas Prticas de Fabricao (BPF) (BRASIL, 2002).

    No mbito de servios de alimentao, em 15 de setembro de 2004, a

    ANVISA publicou a ResoluoRDC n 216, que consta que todo Servio de

    Alimentao deve ter um manual de Boas Prticas. Ficou preconizado que

    todos os manipuladores dos alimentos devem ser submetidos ao curso de

    capacitao, abordando, no mnimo, os seguintes temas: contaminantes

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    alimentares, DTA, manipulao higinica dos alimentos e Boas Prticas

    (BRASIL, 2004). Para os servios de alimentao, que tm requisitos algumas

    vezes diferentes dos demandados pela indstria, pela diversidade de matria-

    prima, linha de produo, equipamentos e utenslios, a ANVISA em 2004

    regulamentou a produo dessas unidades por meio da RDC 216/04.

    O Secretrio da Sade do Estado do Rio Grande do Sul, no uso de suas

    atribuies e considerando que a RDC, n216/2004 da ANVISA, pode ser

    complementada pelos rgos de Vigilncia Sanitria Estadual e Municipal

    visando abranger requisitos inerentes s realidades locais, aprova, pela

    Portaria n 78/2009, a Lista de Verificao em BP para Servios de

    Alimentao e as normas para Cursos de Capacitao em BP para essesestabelecimentos (RIO GRANDE DO SUL, 2009).

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    Relatrio do Trabalho de Campo

    Acrescentou-se o micro-organismo Escherichia coli nas anlises

    microbiolgicas de todos os pontos amostrais.

    Devido a metodologia utilizada, optou-se por realizar anlise de micro-

    organismos Mesfilos Totais, ao invs de Mesfilos Aerbios.

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    Artigo

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    CONDIES HIGINICO-SANITRIAS DOS SERVIOS DE ALIMENTOS E

    BEBIDAS DE HOTIS NO MUNICPIO DE PELOTAS/RS

    EVALUATION OF SANITARY-HYGIENIC CONDITIONS OF SERVICES

    FOOD AND DRINK OF HOTELS IN THE CITY OF PELOTAS/RS

    Jacqueline Bairros, Lucia Borges, Elizabete Helbig.

    Programa de Ps Graduao em Nutrio e Alimentos - Universidade Federalde Pelotas DoutoraDocente do curso de Nutrio - Universidade Federal de Pelotas DoutoraDocente do Programa de Ps Graduao em Nutrio e Alimentos -Universidade Federal de Pelotas

    Rua: Gomes Carneiro n 1 CEP: 96010-610 Pelotas/RS Faculdade de

    NutrioCampus [email protected]

    O manuscrito encontra-se nas normas do peridico Brazilian Journal of

    Microbiology (ISSN 1517-8283) revista escolhida pelos autores parasubmisso, aps apreciao da banca avaliadora.

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    RESUMO

    BAIRROS, Jacqueline Valle de. Condies higinico-sanitrias dosservios de alimentos e bebidas de hotis do municpio de Pelotas/RS.2013.120f. Dissertao (Mestrado) - Programa de Ps-Graduao em Nutrioe Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

    O turismo tem apresentado resultados positivos no cenrio da economia, nos

    ltimos anos, repercutindo na expanso do mercado hoteleiro. Diante desta

    expanso, cresce a preocupao com o fornecimento de refeies seguras do

    ponto de vista microbiolgico. O objetivo deste estudo foi realizar umdiagnstico das condies higinico-sanitrias do setor de alimentos e bebidas

    (A&B) dos hotis no municpio de Pelotas/RS e propor intervenes com base

    nos conceitos de Boas Prticas. Foi aplicado um questionrio tipo check list

    em acordo com a Portaria n 78/2009 e foram coletadas amostras de

    superfcies de equipamentos e utenslios, mo dos manipuladores e de um

    alimento servido diariamente, para a realizao de anlises microbiolgicas,

    antes e aps a interveno. Os resultados foram descritos conforme oCompendium of Methods for the Microbiological Examination of Foodssegundo

    aAmerican Public Health Association(APHA). Os critrios estabelecidos para

    as anlises microbiolgicas de alimentos seguiram a RDC n 12/2001.

    Participaram deste estudo quatro hotis localizados na regio central de

    Pelotas. Os hotis foram classificados antes e aps a interveno entre os

    nveis aceitvel (entre 50 a 75% de atendimento dos itens) e bom (entre 75 a

    90% de atendimento dos itens). Aps a interveno, foram verificadas

    diferenas significativas (p

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    micro-organismos. Sugere-se que medidas de controle com base no conceito

    de Boas Prticas para os Servios de Alimentao e treinamento dos

    funcionrios sejam implementadas nestes estabelecimentos.

    Palavras-chave: Boas Prticas de manipulao. Controle de qualidade.

    Higiene do alimento. Segurana alimentar. Turismo.

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    ABSTRACT

    BAIRROS, Jacqueline Valle de. Sanitary-higienic conditions of services

    food and drink hotel in the municipality of Pelotas / RS. In 2013.120 f.Dissertation (MSc) Programme Postgraduate Nutrition and Food. FederalUniversity of Pelotas, Pelotas.

    Tourism has shown positive results in the scenario of the economy in recent

    years, resulting in the expansion of the hotel market. Given this expansion, a

    growing concern about the supply of safe meals the microbiological point of

    view. The aim of this study was to perform a diagnosis of the sanitary conditions

    of the food and beverages (F & B) hotels in the city of Pelotas / RS and proposeinterventions based on the concepts of Practice. We used a questionnaire type

    "check list" in accordance with Ordinance No. 78/2009 and samples were

    collected from surfaces of equipment and utensils, handlers' hands and a food

    served daily, to perform microbiological analysis before and after intervention.

    The results were described as the Compendium of Methods for the

    Microbiological Examination of Foods according to the American Public Health

    Association (APHA). The criteria for microbiological analysis of food followedRDC n 12/2001. The study included four hotels located in the central region of

    Pelotas. The hotels have been ranked among the acceptable levels (between

    50-75% coverage of the items) and good (between 75-90% coverage of the

    items). After the intervention, there were significant differences (p

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    Food security. Tourism.

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    INTRODUO

    O setor de turismo vem apresentando resultados positivos no aspecto

    econmico dos ltimos anos, ocupando um papel relevante no panorama

    mundial, sendo uma das atividades com bastante representatividade neste

    setor. No Brasil, esta atividade consolida-se como um vetor de

    desenvolvimento socioeconmico, tendo em vista a realizao de importantes

    eventos esportivos e a grande representatividade no mercado internacional (24,

    27). Segundo informaes do Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), o

    turismo se configura como uma atividade que gera anualmente US$ 4 trilhes e

    aproximadamente 280 milhes de empregos em todo o mundo (8).

    Com o crescimento do turismo, ocorre tambm o desenvolvimento do

    mercado hoteleiro e diante desta expanso, cresce a preocupao com o

    fornecimento de refeies, tanto em qualidade sensorial quanto em qualidade

    microbiolgica. Segundo informaes da Organizao Mundial do Turismo

    (OMT), ocorrem reivindicaes por parte dos prprios hspedes quanto ao

    fornecimento de uma alimentao balanceada e segura do ponto de vista

    higinico-sanitrio, exigindo, portanto, do segmento hoteleiro, a capacitao do

    profissional manipulador de alimentos (20, 27).

    A qualidade higinico-sanitria das refeies um fator fundamental de