Condições Sanitárias Das Águas de Piscinas Públicas e Particulares

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  • 7/26/2019 Condies Sanitrias Das guas de Piscinas Pblicas e Particulares

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    RESUMOAs piscinas representam locais de recreao, porm podem colocar em risco a sade dos usurios pelapossibilidade de veicular agentes danosos. A norma tcnica do Estado de So Paulo para o controlede qualidade das guas de piscina entrou em vigor em 1979, e requer reviso. Este trabalho avaliou ascondies sanitrias das guas de piscinas do Municpio de Praia Grande/SP. Foram coletadas quatroamostras semanais por estabelecimento, sendo duas piscinas pblicas e seis particulares, totalizando-se32 amostras. Os exames microbiolgicos foram realizados segundo a APHA, 2005, para coliformes totais,

    Escherichia coli, Enterococos, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, bolores e leveduras. As anlisesfsico-qumicas de turbidez, cloreto, nitrato, nitrito, cor, condutividade, ferro, sulfato, dureza total, odor,temperatura, pH e cloro residual livre foram efetuadas, de acordo com a ANVISA/MS, 2005. Apenas duasamostras estavam de acordo com a legislao e 30 mostraram no conformidade, quanto aos parmetrosestabelecidos (cloro residual livre e pH). Houve presena de coliformes totais, Pseudomonas aeruginosaeStaphylococcus aureus,no previstos na norma. Alm da necessidade de controle permanente da qualidadedas guas de piscinas localizadas no mencionado municpio, esses achados oferecem subsdios para efetuaratualizao da legislao em vigor no Estado de So Paulo.Palavras-chave.Sade Pblica, guas de piscinas, legislao, cloro residual livre, pH, micro-organismos .

    ABSTRACTTis study aimed to assess the health conditions of water from public and private swimming pools locatedin Praia Grande, So Paulo State, Brazil, regarding the microbiological control and physical-chemical

    characteristics. Four samples were collected weekly from each site, being two public swimming pools andsix private ones (sports academies), and a total of 32 samples were analyzed. Te microbiological tests wereperformed according to APHA, 2005, for coliforms, Escherichia coli, Enterococos, Pseudomonas aeruginosa,Staphylococcus aureus, yeasts and molds.Te physical and chemical analyses were carried out using themethodology described by ANVISA/MS, 2005.urbidity, chloride, nitrate, nitrite, color, conductivity, iron,sulfate, total hardness and smell were determined; in the field, temperature, pH and free residual chlorinewere measured. Only two samples were approved, and 30 were in disagreement in the restricted free residualchlorine and pH parameters, and also coliforms group, Pseudomonas aeruginosaandStaphylococcus aureuswere isolated, which are not included in the specific legislation. A permanent control of water quality ofswimming pools located in the municipality should be monitored, as well as a review on the So PauloState legislation in force is required,and also the inclusion of new parameters.Key words.public health, swimming pools water, legislation, free residual chlorine, pH, microrganisms.

    Rev Inst Adolfo Lutz. 2010; 69(4):446-52

    A O/O A

    Condies sanitrias das guas de piscinas pblicas e particulares

    Sanitary conditions of water from publics and privates swimming pools

    Fabiana Cortez PIMENEL, Ana Carolina Buchalla ALONSO, Ana Ruth Pereira de MELLO, Ccero Vgner de SOUSA,Daniel Santos AVARES, Eduardo GONZALEZ, Estevo de Camargo PASSOS, Maria de Lourdes Paixo da SILVA, MrioAVARES*, Roberto Carlos Fernandes BARSOI

    *Endereo para correspondncia: Ncleo de Cincias Qumicas e Bromatolgicas, Centro Laboratrio Regional de Santos,

    Instituto Adolfo LutzRua Silva Jardim, 90, Vila Nova, 11015-020, Santos/SP, Brasil. E-mail: [email protected]: 01.04.2010 Aceito para publicao: 29.12.2010

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    Pimentel FC, Alonso ACB, Mello ARP, Sousa CV, avares DS, Gonzalez E et al. Condies sanitrias das guas de piscinas pblicas eparticulares. Rev Inst Adolfo Lutz. So Paulo, 2010; 69(4):446-52.

    INTRODUO

    Dois aspectos devem ser levados em consideraoquando se refere piscina: a importncia social e sanitria.

    Estes dois itens devem ser ressaltados, pois a piscinaconsegue combinar a atividade fsica com a social.Cabe destacar que, como atualmente a natao, a

    hidroginstica, entre outras atividades aquticas, tm sidoesportes muito indicados para a sade e preferidos porpessoas de vrias idades, de ambos os sexos, a qualidadesanitria da gua das piscinas deve ser rigorosamenteobservada. De acordo com Sansebastiano et al1, as guasde piscina podem representar risco para a sade, podendoser veculo na transmisso de infeces dos olhos, do nariz,da garganta e do trato intestinal; disseminar o p de atleta,o impetigo, outras infeces da pele, otites e, at mesmo,

    desencadear complicaes severas.Conforme descrito por Itah e Ekpombok2, o

    fato acima abordado possvel, pois para Alvarenga etal3a sobrevivncia de um microrganismo em condiesde alta temperatura, dessecao e na presena de algunsdesinfetantes qumicos observada pela capacidade doprotozorio de se encistar e da bactria de formar esporos,tornando-o, assim, mais resistente.

    Segundo Russomanno4,o Sub-Committee on WaterQuality Criteriaindica que as atividades com prolongado entimo contato com a gua envolvem considervel perigo

    de ingesto do lquido em quantidade suficiente pararepresentar um significativo risco sade, sendo que afacilidade da transmisso deve-se ao fato das mucosase pele apresentarem menor resistncia por causa dasimerses prolongadas e do atrito com a gua.

    Para La orre et al5, vrios fatores intervm naocorrncia de doenas adquiridas em piscinas, tais como:presena de micro-organismos colonizados no corpo dosbanhistas; poluio da gua, do piso e dos objetos de usodos frequentadores; diminuio da resistncia orgnicado indivduo pela fadiga provocada por exerccios, em

    intensidade, s vezes no apropriada.Com o intuito de impedir ou diminuir apossibilidade dos banhistas adquirirem doenas durantesuas atividades, os proprietrios das academias fazemuso de alguns mecanismos de desinfeco, tais como afiltrao, que tambm eficiente no processo de remoode micro-organismos da gua, mas que de acordo comZholdakova et al6no suficiente para garantir a qualidademicrobiolgica da gua. Ademais, a clorao da gua depiscina tambm realizada no processo de desinfeco

    com intuito de suprir uma possvel falha durante oprocesso de filtragem.

    Existem vrias tcnicas para tratar a gua depiscina, como por exemplo, a luz ultravioleta, porm a

    clorao ainda a mais utilizada devido relao custo/benefcio, apesar das tcnicas disponveis atualmenteserem mais eficientes e aprovadas pela Agncia Nacionalde Vigilncia Sanitria (ANVISA).

    No processo de desinfeco da gua com produtos base de cloro, h a possibilidade de formao desubstncias cancergenas, ou seja, subprodutos da clorao,destacando-se os trihalometanos (HM), que se originamdas reaes entre o cloro e substncias orgnicas, e apresena de outros compostos organoclorados (cidoactico clorado, cloropropanonas, haloacetonitrilos)tambm resultantes do processo de clorao das guas e

    mais perigosos que os prprios HM7.Por sua vez, Menezes e Silva 8 refere que o

    tratamento das guas de piscinas reduz consideravelmentea incidncia de muitas doenas como as j citadas no texto,mas h a necessidade de constante vigilncia, conformeobservado por Mendona e Ruff9.

    Como os critrios microbiolgicos relativos sguas de piscinas no so universalmente padronizados,so seguidas as atuais recomendaes do protocolo daEnvironmental Protection Agency (EPA) dos EstadosUnidos, o qual determina que a qualidade microbiolgica

    da gua de piscina deve obedecer a critrios de ensaiospadronizados, utilizando como indicadores de escolha osseguintes micro-organismos : coliformes totais, Escherichiacoli, enterococos, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcusaureus, bolores e leveduras.

    As anlises fsico-qumicas para controle daqualidade das guas de piscinas, em termos de legislaodo Estado de So Paulo, baseiam-se numa Norma cnicaEspecial, que no atualizada desde a dcada de 1970,especfica aos parmetros cloro residual e pH, limpidez eobservao da superfcie da gua10. Alm destes, a literatura

    e a Associao Brasileira de Normas cnicas recomendamoutros parmetros tais como turbidez, temperatura,cloretos, nitrato, nitrito, cor, condutividade, slidos totaisdissolvidos, alcalinidade total, ferro, sulfato, dureza total,odor e oxidabilidade, visto que estes dados podero serde relevncia para uma atualizao na legislao, visandosempre a importncia da sade pblica11,12.

    Segundo Signorelli et al13, alm de uma fiscalizaoeficiente de acordo com os padres analticos estabelecidos, preciso uma educao ao banhista quanto aos seus

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    hbitos pessoais e higinicos, como evitar o uso de leosou solues bronzeadoras, seguir orientaes para que nourine ou defeque dentro da piscina, como tambm no sealimentar dentro da mesma, pois a introduo de matria

    orgnica na gua pode comprometer toda uma desinfecorealizada adequadamente.Com base no exposto, o presente trabalho

    objetivou avaliar as condies sanitrias das guasem piscinas pblicas e particulares (em dias de maiorfluncia de banhistas), localizadas em estabelecimentos domunicpio de Praia Grande, Estado de So Paulo, e oferecerdados para uma atualizao da legislao estadual paulistaquanto ao controle microbiolgico e fsico-qumico dasreferidas guas.

    MATERIAL E MTODOS

    Foram coletadas durante os meses de agosto esetembro de 2008, 04 amostras de gua de cada piscina,semanalmente (segunda-feira, sendo a primeira coletarealizada entre 6 e 7 horas, antes da utilizao da piscina,codificada pelo nmero 1 e a segunda coleta por volta das11 horas, aps seu uso pelos banhistas, codificada pelonmero 2; este procedimento foi repetido na sexta-feira,sendo codificadas pelos nmeros 3 e 4, respectivamente),perfazendo o total 32 amostras.

    As coletas abrangeram seis piscinas particulares,

    instaladas em academias desportivas, codificadas pelasletras A, C, E, F, G, e H, e duas piscinas pblicas, codificadaspelas letras B e D, todas localizadas no Municpio de PraiaGrande/SP. O ponto de coleta foi na borda da piscina quecontm a escada para a entrada dos banhistas, em umaprofundidade de pelo menos 30 cm.

    odas as piscinas examinadas eram equipadas comsistemas de recirculao e tratamento de gua.

    Os exames microbiolgicos foram realizadosutilizando frascos estreis, com tampas, contendo 0,4 mLde tiossulfato de sdio a 10% para cada 480 mL de gua, a

    fim de inibir a ao do cloro, de acordo com a metodologiadescrita pela APHA14, item 9213 B. Swimming Pools. Apesquisa de coliformes totais e Escherichia colifoi realizadapela tcnica do nmero mais provvel, dissolvendo umsache contendo substrato cromognico (colillert) em100 mL da amostra de gua de cada da piscina. Apsa dissoluo do sache, a amostra foi transferida paracartelas Quanty-tray e incubada a 35C por 24h. A leiturafoi realizada visualmente, sendo que a colorao amarelaindicou a presena de coliformes totais e a visualizao

    em iluminao ultravioleta com presena de fluorescnciaindicou a presena de Escherichia coli.

    Os bolores e leveduras foram analisados semeando1,0 mL e 0,1 mL da amostra de gua de cada da piscina, em

    placas de Petri contendo meio de cultura gar Dextrose Batataacrescentado de cido tartrico, incubando a 25C por 5 dias.A tcnica da membrana filtrante foi utilizada

    para a pesquisa de enterococos, Staphylococcus aureusePseudomonas aeroginosa, filtrando 100 mL da amostra degua de cada piscina em membrana filtrante de 0,45m, esemeando em gar m-Enterococos, seguido de incubaoa 35C por 48h, e para Staphylococcus e Pseudomonasemmeio AP 1%, incubando a 35C por 24-48h. Nas amostraspositivas de Staphylococcuso meio tornou-se turvo, sendosemeado 0,1 mL em gar Baird Parker a 35C por 48h,seguindo-se nova semeadura no meio BHI a 35C por

    48h. A identificao das amostras positivas foi realizadapor meio da prova da coagulase a 35C por 6h, complasma coagulase com formao de cogulo. Nas amostraspositivas de Pseudomonas aeroginosao meio tornou-seturvo, sendo semeado uma alada em gar Cetrimide a35C por 48h, seguindo-se nova semeadura no meio IAL a35C por 24h, e no gar Leite a 35C por 48h. As amostraspositivas apresentaram colnias com halo de hidrlise dacasena e pigmento amarelo a verde.

    Para efetuar os exames fsico-qumicos foram utilizados04 frascos de 200 mL, limpos e secos, sendo o material igualmente

    coletado nos 04 pontos diferentes da piscina.Este mesmo material foi utilizado para a

    determinao em laboratrio da turbidez, cloreto, nitrato,nitrito, cor, condutividade, ferro, sulfato, dureza total e odor,enquanto que a medio da temperatura, pH e cloro residuallivre foi realizada em campo nos 04 pontos de coleta.

    As anlises fsico-qumicas foram realizadassegundo a metodologia descrita pela ANVISA/MS15.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    De um total de 32 amostras analisadas, apenasduas estavam de acordo com a legislao vigente10, sendo aprimeira relativa piscinapblica (B1) e a outra particular(G4), e 30 estavam em desacordo. Ressalte-se que a normatcnica se restringe aos parmetros pH e cloro residual livre.

    Em relao ao pH, 25 amostras apresentaramvalores de acordo com a legislao paulista em vigor (entre6,7 e 7,9)10. Por sua vez, 06 amostras apresentaram valoresacima do mximo permitido, cabendo ressaltar que umvalor de pH acima de 7,9 reduz a eficcia do cloro e poder

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    causar problemas como gua turva, incrustaes brancas,cinzentas ou marrons nos tubos e em outras partes dosistema de circulao de gua, alm de irritar os olhos eressecar a pele e os cabelos dos usurios11.

    Apenas uma amostra foi insatisfatria por apresentarum valor abaixo do mnimo permitido, destacando que umpH abaixo de 6,7 pode causar irritao na pele e nos olhose corroso nos equipamentos metlicos11.

    Em relao ao cloro residual livre, apenas 03amostras estavam de acordo com a legislao em vigorno Estado de So Paulo14, enquanto 16 apresentaramvalores acima do mximo permitido (0,8 mg.L-1) e 13apresentaram valores abaixo do mnimo permitido pelalegislao vigente (0,5 mg.L-1)10.

    Cabe ressaltar que a maioria destas 13 condenaesocorreu na segunda coleta do dia, pois, com o uso das

    piscinas pelos banhistas, houve uma degradao do clororesidual livre presente na gua devido a vrios fatores, comopor exemplo, a temperatura, que acelera esta degradao

    natural devido interao qumica que ocorre. Esta pode tersido tambm favorecida por um p direito baixo, permitindoque uma temperatura elevada seja mantida.

    Quanto concentrao de cloro residual livre

    presente nas piscinas foi levado em considerao seeste era cloro granulado ou lquido, j que o granuladomantm o seu teor ativo por at 12 meses, enquantoo lquido, quando estocado, perde seu teor de cloroativo muito rapidamente. Em uma semana, a taxa dereduo pode alcanar at 25%, sendo necessria umadosagem superior normal para manter o mesmo efeitomicrobicida na piscina.

    Dentre as piscinas analisadas utilizava-se na maioriao cloro lquido devido ao seu menor custo no mercado.A elevada taxa de condenaes obtidas em relao a esteparmetro no pode ser associada ao fator preo.

    A Figura 1 apresenta os percentuais obtidos paraos micro-organismos analisados nas amostras de gua depiscinas do municpio de Praia Grande/SP.

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    Figura 1.Percentuais de deteco de micro-organismos em amostras de gua de piscinas do municpio de Praia Grande/SP

    De um total de 32 amostras apenas 13 amostras(40,63%) apresentaram ausncia de todos os micro-

    organismos pesquisados. Por sua vez, 14 amostras (43,75%)apresentaram Staphylococcus aureus, microrganismoprevalente nesta pesquisa, o qual est correlacionado coma transmisso de infeces dos olhos, do nariz, da garganta,entre outros. J 04 amostras (12,50%) revelaram a presenadePseudomonas aeruginosa, um dado que deve ser destacado,uma vez que este microrganismo apresenta uma alta relaocom o desenvolvimento de otite, alm de leses eritematosas.Apenas 01 amostra (3,1%) apresentou coliformes totais, sendoeste um indicador de contaminao fecal.

    O microrganismo Staphylococcus aureus estevepresente em ambas as coletas, ou seja, antes e aps o uso

    das piscinas, o que indica que os sistemas de tratamentoutilizados nas piscinas em questo no foram eficientespara elimin-lo. No caso da Pseudomonas aeruginosa edos coliformes totais, estes se apresentaram apenas nasegunda coleta do dia, o que indica uma contaminaorecente, provavelmente ocasionada por algum banhistaque fez uso da piscina no dia da coleta.

    A amostra B1, coletada em piscina pblica, reveloua presena de Pseudomonas aeruginosaque, no entanto,no est contemplada na legislao10.

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    Tabela1.

    Valoreso

    btidosparaasanlises

    fsico-qumicas

    dasamostras

    degua

    depiscinas

    doMunicpiodePraiaGrand

    e/SP

    Anlisefsico-qumica

    A1

    A2

    A3

    A4

    B1

    B2

    B3

    B4

    C1

    C2

    C3

    C4

    D1

    D2

    D3

    D4

    CRL(mg.L

    -1)*

    1,5

    0

    3

    1

    0,5

    0,4

    1

    0

    5

    3

    3

    3

    2

    2

    3

    3

    pH*

    7,5

    7,6

    7,4

    7,8

    7,2

    7,4

    7,7

    7,8

    7,2

    7,2

    8

    7,7

    8,2

    8,1

    8

    8

    Temperatura

    (0C)*

    32

    31

    36

    33

    32

    32

    31

    31

    30

    30

    30

    29

    25

    25

    27

    27

    Turbidez

    (UT)

    0,9

    0,9

    0,8

    0,9

    0,3

    0,5

    1,8

    2

    0,5

    0,6

    0,8

    1,4

    1,2

    1,3

    1,8

    2

    Cor

    (uHz)

    3

    3,4

    6,1

    5,6

    1,6

    1,9

    6,5

    5,8

    3,4

    5

    4,8

    2,4

    6,7

    6,8

    4,5

    5,3

    Odor

    NO

    N

    O

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    Cloretos

    (mg.L

    -1)

    88

    95

    107

    117

    471

    475

    422

    401

    180

    148

    135

    133

    191

    192

    142

    170

    Nitrato(mg.L

    -1)

    7,9

    9,7

    8,8

    8,4

    4,9

    5,7

    7

    7,9

    12

    11

    11

    8,4

    15

    15

    11

    13

    Nitrito(mg.L

    -1)

    0,1

    0,1

    ND

    ND

    0,0

    2

    0,02

    ND

    ND

    0,0

    1

    0,0

    1

    0,0

    1

    0,0

    1

    0,0

    1

    0,0

    1

    0,0

    1

    0,0

    1

    STD(mg.L

    -1)

    239

    2

    38

    518

    515

    539

    541

    1236

    1244

    471

    469

    454

    456

    695

    684

    653

    654

    Con

    dutivida

    de

    (S.

    cm-1)

    479

    4

    75

    1036

    1030

    1070

    1075

    2472

    2488

    942

    938

    908

    912

    1390

    1368

    1306

    1308

    Ferro

    (mg.L

    -1)

    ND

    N

    D

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    ND

    Su

    lfato

    (mg.L

    -1)

    46

    46

    51

    50

    21

    20

    23

    23

    4,3

    4,7

    4,6

    4,3

    2,7

    1,9

    3,3

    4,2

    Durezatotal(mg.L

    -1)

    13

    15

    38

    52

    191

    190

    278

    274

    113

    98

    107

    115

    145

    98

    184

    178

    Anlisefsico-qumica

    E1

    E2

    E3

    E4

    F1

    F2

    F3

    F4

    G1

    G2

    G3

    G4

    H1

    H2

    H3

    H4

    CRL(mg.L

    -1)*

    0,2

    0,1

    0,2

    0,2

    3,4

    2,8

    2

    1,5

    0,3

    0,4

    0,3

    0,7

    0,2

    0,2

    0,3

    0,7

    pH*

    7,2

    7,2

    7,5

    7,7

    6,7

    6,5

    7

    7

    7,5

    7,6

    7,9

    7,8

    7,6

    7,7

    7,9

    8,1

    Temperatura

    (0C)*

    28

    28

    27

    27

    29

    29

    28

    27

    30

    30

    31

    31

    31

    29

    31

    30

    Turbidez

    (UT)

    0,3

    0,3

    0,3

    0,3

    0,3

    0,4

    0,3

    0,3

    0,3

    0,3

    0,3

    0,3

    0,9

    0,7

    0,8

    0,8

    Cor

    (uHz)

    2

    0

    4

    2,5

    0

    0

    2

    2

    2

    4

    0

    1

    12

    4

    1,5

    5

    Odor

    NO

    N

    O

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    NO

    Cloretos

    (mg.L

    -1)

    89

    2

    30

    198

    185

    105

    246

    667

    687

    913

    898

    202

    278

    3483

    3336

    1112

    1146

    Nitrato(mg.L

    -1)

    7

    8,8

    7

    7,5

    15

    14

    14

    14

    30

    34

    40

    36

    13

    12

    8,8

    13

    Nitrito(mg.L

    -1)

    ND

    N

    D

    0,0

    1

    0,0

    1

    0,0

    1

    0,01

    0,0

    1

    0,0

    1

    2

    2,3

    0,0

    1

    0,0

    1

    2,8

    2,3

    0,0

    1

    0,0

    1

    STD(mg.L

    -1)

    301

    3

    03

    323

    320

    791

    796

    812

    807

    2300

    2570

    2620

    2850

    7630

    7180

    8310

    8090

    Con

    dutivida

    de

    (S.

    cm-1)

    602

    6

    06

    646

    640

    1582

    1592

    1624

    1614

    4600

    5140

    5240

    5700

    15260

    14360

    16620

    16180

    Ferro

    (mg.L

    -1)

    ND

    N

    D

    0,0

    5

    0,0

    2

    0,0

    2

    0,01

    0,0

    2

    0,0

    2

    0,0

    2

    0,0

    2

    0,0

    3

    0,0

    1

    0,0

    3

    0,0

    3

    0,0

    3

    0,0

    2

    Su

    lfato

    (mg.L

    -1)

    32

    32

    35

    35

    62

    68

    71

    26

    47

    42

    43

    49

    49

    46

    39

    38

    Durezatotal(mg.L

    -1)

    56

    56

    134

    65

    82

    100

    63

    101

    82

    82

    88

    82

    234

    235

    243

    247

    1=1co

    leta,segun

    da-

    feira;2=2co

    leta,segun

    da-

    feira;3=1co

    leta,sexta-feira;4=2co

    letasexta-feira

    STD=Slidostotaisdisso

    lvidos;NO

    =Noo

    bjetvel;ND=Nodetectado

    *mdiada

    dosagem

    de4pontosnam

    esmaco

    leta

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    451

    Assim sendo, a amostra G4, coletada em piscinaparticular, foi a nica que no s atendeu aos padresestabelecidos legalmente, como no apresentou quaisquermicro-organismos nesta coleta, pois nas outras trs

    realizadas neste mesmo estabelecimento (G1, G2 e G3)verificou-se a presena de Staphylococcus aureus. Cabeinformar que o mencionado estabelecimento possui osistema de tratamento de oznio, com dosador de cloronum intervalo 1 a 2 ppm, sendo aquele tratamento muitoreferido atualmente para esterilizao das guas depiscinas, mas com restries devido toxicidade do gs ede seu desaparecimento da gua com facilidade.

    O fato acima citado indica que o referido mtodono to eficiente ou est sendo utilizado de formainadequada pelo proprietrio, visto que no eliminoutodos os micro-organismos presentes, bem como

    apresentou um valor elevado para condutividade (5.700S.cm-1) e slidos totais dissolvidos (2850 mg.L-1), aocontrrio do descrito pelo fabricante, j que o nicosubproduto formado o oxignio.

    Dentre os 14 parmetros fsico-qumicosrelacionados na abela 1, 3 merecem destaque:condutividade, slidos totais dissolvidos (SD) e cloretos.

    No tocante condutividade, 14 amostrasapresentaram valores de acima de 1500 S.cm-1, indicadorda mineralizao da gua. Estes valores elevados alertampara a sobrecarga de banhistas e envelhecimento da gua11.

    No caso dos SD, 08 amostras apresentaramvalores superiores a 1500 mg.L-1, que correspondem aopeso total dos constituintes minerais presentes na gua, porunidade de volume. Este parmetro tem correlao coma condutividade, visto que esta aumenta com a adio deslidos dissolvidos na gua.

    Por sua vez, 08 amostras apresentaram valorespara dosagem de cloretos acima de 500 mg.L-1, sendo queestes esto associados contaminao com origem nosbanhistas, deficincias na renovao da massa de gua,provocando corroso dos equipamentos metlicos, sendo

    tambm indicativos de envelhecimento da gua11

    .

    CONCLUSO

    Considerando os resultados obtidos e adesatualizao das legislaes quanto aos padresfsico-qumicos e microbiolgicos, sugere-se umareviso das mesmas.

    A maioria dos mtodos utilizados para a desinfecodas guas de piscinas no se mostrou eficiente, bem como

    Pimentel FC, Alonso ACB, Mello ARP, Sousa CV, avares DS, Gonzalez E et al. Condies sanitrias das guas de piscinas pblicas eparticulares. Rev Inst Adolfo Lutz. So Paulo, 2010; 69(4):446-52.

    a forma de se tratar a gua utilizada pelos banhistas, cujonmero vem aumentando consideravelmente.

    A nica piscina que utilizava o sistema detratamento base de oznio possui um dosador de cloro

    com um intervalo superior ao estabelecido pela legislaoem vigor no Estado de So Paulo, visto que os aparelhosexistentes no mercado so, em sua maioria, importados,seguindo a legislao do pas fabricante.

    Os resultados obtidos neste trabalho oferecemdados para uma atualizao da legislao com basenos parmetros pesquisados, bem como a aplicao dequestionrio fornece subsdios para um melhor controlede qualidade por parte dos proprietrios de academias compiscinas, alm de auxiliar na fiscalizao das mesmas pelaVigilncia Sanitria.

    AOs autores agradecem a Equipe cnica da VigilnciaSanitria da Prefeitura do Municpio de Praia Grande,Estado de So Paulo, pela valiosa colaborao.

    REFERNCIAS1. Sansebastiano G, Zoni R, Zanelli R, Bigliardi R. Microbiological

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    Pimentel FC, Alonso ACB, Mello ARP, Sousa CV, avares DS, Gonzalez E et al. Condies sanitrias das guas de piscinas pblicas eparticulares. Rev Inst Adolfo Lutz. So Paulo, 2010; 69(4):446-52.