Conexão
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CONEXÃORevista eletrônica do Meio Ambiente - Cooeduba - 1º EM - 2011
EMBAIXADORESDO MEIO AMBIENTE
ECOSSISTEMAS
Relatos do programa de Jean-Michel Cousteau e da USP, realizado pela primeira vez no Brasil, com a Cooperativa Educacional de Ubatuba
E mais:um resumo das boas e más notícias ambientais
Estudos do mangue, da mata e da praia
Textos e fotos:Anita Mello BacichettCaio Ishihata SilvaCamille Abi Karan FilhoDaniel Ramos SztamfaterGabriel GuizzoGabriela Ramos SztamfaterIsabela Teixeira BarbosaJúlia Sorroche dos SantosKauan Guimarães dos SantosKiane Linardi LobãoLuana Zahra ErbaLucas Faraco PereiraNatália Pagliusi MartinsNicole Cunha Canto AzevedoPatricia Danelli Santos GiorgettoRenan Monte Mór GuimarãesVictória Maria do Prado MaiaYaná Allana Conceição
Algumas fotografias foram retiradas de bancos de imagens (royalty-free)
Coordenação geral: Carol CoranoCoordenação de projetos: Marco Antonio Rocha CoelhoDireção:Ângela LovizioColaboração:Carla Barbosa Professora de BiologiaEdição e Editoração Eletrônica:Regina TeixeiraProfessora de Redação Jornalista responsável Mtb 23.909
Cooperativa Educacional de UbatubaProjeto do 1º ano do Ensino Médio Novembro de 2011
Expediente
ECOSSISTEMAS
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Boas e más notícias ambientais
A revista do Meio Ambiente é um projeto do 1º ano do Ensino Médio, desenvolvido nas aulas de Redação, que recebe contribuição de muitas dis-ciplinas, especialmente Biologia. Neste número, Conexão traz um resumo das boas e más notícias ambientais, pu-blicadas na mídia. Resumir é um ex-celente exercício de leitura e escrita, pois só faz um bom resumo quem en-tendeu o que leu, e um ótimo meio de aprimorar o poder de concisão, quase um imperativo hoje em dia. A vantagem de resumir notícias é que, de quebra, os alunos se mantêm bem informados. Conexão deveria ser lançada no Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho. Tínhamos participado do programa Embaixadores do Meio Ambiente fazia duas sema-nas e achamos interessante aproveitar o espaço para falar dessa experiência. Também não podíamos deixar de re-latar o projeto Ecossistemas, que tem tudo a ver com o tema. Já havíamos feito a primeira saída, para a Praia de Ubatumirim, mas faríamos outra, no semestre seguinte. As férias esta-vam chegando e percebemos que não daria tempo de criar a revista. Então, nos desobrigamos de lançá-la naquela data, com a certeza de que o meio ambiente deve ser lembrando todos os dias. Assim, fomos produzindo o ma-terial sem pressa, no nosso ritmo. O resultado desse trabalho você verá nas próximas páginas. Boa leitura.
Editorial
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Se continuarmos destruindo o planeta,
vamos...
... desaparecer
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ECOSSISTEMAS
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O aprendizado fica muito mais significativo quando saímos para conhe-cer, in loco, o objeto do nosso estudo. Neste caso, passamos dois dias entre Ubatumirim e a Praia da Fazenda, estudando a biodiversidade da Mata Atlân-tica, do Mangue e da Praia. Nós, alunos do 1º ano do Ensino Médio, fomos acompanhados da turma do 6º ano do Ensino Fundamental, porque na nossa escola é assim: mesclam-se as disciplinas, unem-se as turmas, para que a gente aprenda a relacionar os conteúdos e a se relacionar com os outros.
M a t a
M a t a
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Encontramos a trilha da Mata de Encosta, notando a riqueza
da estratificação vegetal. Próximas ao solo, as herbáceas têm folhas verde-escuras porque investem mais em clorofila para aumen-tar sua capacidade de captar luz solar. De fato, os raios pene-tram filtrados por ar-bustos e pelo dos-sel, como é chamada a cobertura contínua formada pelas copas das árvores, que se tocam e desenham uma trama artística. A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios, mamíferos e aves das mais diver-sas espécies. É uma das áreas mais sujei-tas a precipitação. As chuvas são orográficas, em função das eleva-ções do planalto e das serras.
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A vida é mais intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que po-dem chegar a 60m de altura. Esta cobertura forma uma região de sombra, que cria o microclima típi-co da mata, sem-pre úmido e som-breado. À época do descobrimento do Brasil, a Mata Atlântica estendia-se por uma faixa de 3.500km, que cobria 17 Estados. Hoje restam me-nos de 8%. Apesar de toda a devas-tação, esse bioma ainda abriga um dos mais importantes conjuntos de biodi-versidade de todo o planeta.
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praia é um ecossistema na região costeira, onde as ondas revolvem ativamente o sedimento. Abrange desde o mesolitoral, ou região en-tremarés, até aproximada-mente 20m de profundidade. O sedimento é constituído ba-sicamente de areia. A praia de Ubatumirim, lo-calizada ao norte de Ubatuba, é extensa. Por conta do longo processo da ação marinha, das ondas e das marés, a praia é plana e dura e sua areia escura tornou-se fina. Essa característica faz com
que a praia seja propicia à circulação de carros, o que de fato ocorre, impactando a paisagem. Ela é fechada por uma baía, que não permite ondas grandes, fazendo o mar ser liso como uma piscina. Chapéus-de-sol, aroeiras e jundus compõe a baixa di-versidade vegetativa da praia de Ubatumirim. Mesmo a fauna estando escondida, percebemos a exis-tência de crustáceos, aves, animais marinhos e insetos, através de seus vestígios: as delicadas pegadas na areia
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da praia. Própria para banho, Ubatumirim infelizmente pos-sui uma quantidade, ainda que mínima, de lixo. O lixo pode ser encontrado em maior quantidade perto da vegetação e das construções em frente à praia, que modificaram aquele espaço, destruindo o jundu, cuja importância é segurar a areia, evitando a erosão. O lixo que nós, seres hu-manos, jogamos prejudica o meio ambiente. Como os ani-mais não conseguem diferen-ciar lixo de comida, acabam comendo-o, e podem tanto
morrer engasgados como in-toxicados. Além de prejudi-car a biodiversidade, quem também sai prejudicado é o homem, que se alimenta des-ses animais. As praias, em geral, tor-nam-se poluídas com uma quantidade de lixo excessiva, não podendo ser utilizadas para o lazer e nem como fonte de renda (pesca, aquicultura, etc). Esse não é o caso de Uba-tumirim, porém devemos ficar atentos para evitar um proces-so maior de degradação.
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U b a t u m i r i m
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Quando andamos pela praia do Itaguá, a bandeira vermelha de imprópria confirma a nossa percepção de que a praia não é muito confiável. Conforme caminhávamos, centenas de lixos e restos de animas eram vistos, mas o
A formação geológica da praia de Ubatumirim e do Itaguá é extremamente pareci-da. Ambas são extensas, pla-nas, com areia dura e escura e quase sem ondas. Porém, são praias ex-tremamente diferentes.
mais chocante eram os esgo-tos desembocando ao longo de toda a praia, o que, em Uba-tumirim, não foi visto, apenas lixos, mas não em tanta quan-tidade como no Itaguá. Outra diferença é que a vegetação da praia do Itaguá
foi retirada para a construção de comércios e casas; já em Ubatumirim, a vegetação prati-camente intacta faz a beleza da praia.
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Estávamos na praia de Ubatumirim e íamos conhecer o manguezal. Na extensa praia, entramos num pequeno riozi-nho que desembocava no mar. Esse riozinho levou a gente para o manguezal, onde há o encontro da água salgada e da água doce, formando uma água salobra.
A primeira coisa que percebemos ao entrar no manguezal foi o solo. Ele afun-dava quando pisávamos, pois é um solo lodoso muito rico em nutrientes, o que faz com que apresente um odor ruim com a decomposição de muitas ma-térias orgânicas. Embora seja BE
RÇÁR
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rico em nutrientes, ele é pobre em oxigênio. Todas as árvores do manguezal são diferentes das que vemos, suas raízes são muito longas e aéreas para que pos-sam se sustentar no solo. Essas raízes são importantes para pro-teger os animais que vivem nesse ecossistema. Ficamos pa-rados por algum tempo e começa-mos a observar a existência da vida naquele lu-gar. Eram muitos pequenos peixi-nhos que pas-savam rapidamente de um lado para o outro, pareciam voar porque saltavam da água. Nota-mos também a presença de aves como urubus e gaivotas. Depois apareceram os caranguejos, que se camuflavam debaixo do solo. Esse ecossistema, que mui-tas pessoas acham feio, tem um
papel importantíssimo para o meio ambiente, pois é uma espécie de berçário. Como o ambiente é muito fértil, muitos animais en-contram as condições ideais para reprodução, eclosão, criadouro e abrigo. Os manguezais produzem mais de 95% do alimento que o homem captura no mar. A vege-
tação exerce outra função além da de proteger os animais, pois serve para fixar os solos, impe-dindo a erosão e, ao mesmo tem-po, estabilizando a linha da costa. As raízes do mangue funcionam como filtros na retenção dos sedi-mentos e constituem ainda impor-tante banco genético para a recu-
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Grupo praia
peração de áreas degradadas. Esse importantíssimo ecos-sistema, tanto para o ser humano quanto para o meio ambiente, é infelizmente poluído ou destruí-do pelo homem, virando casas, estradas, indústrias, fazendas, lixões, áreas de lançamento de esgoto etc.
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Mostra fotográfica
Mostra fotográfica
A Cooperativa Educacional de Ubatuba foi convidada pela Jean-Michel Cousteau`s Ocean Futures Society para participar de um projeto piloto no país, fo-cado na Educação Ambiental, tema transversal com o qual a escola trabalha habitualmente, desde as primeiras séries. Trata-se do programa Embaixadores do Meio Ambiente, um acampamento educacional que reúne conceitos atuais de ecologia e sustentabili-dade, em atividades que levam os jovens a identificar as interde-pendências existentes no planeta, respeitá-las e defendê-las, para
Alunos do Ensino Médio participam do programa realizado em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
o bem das presentes e futuras gerações. Realizado nos Estados Uni-dos e em alguns países da Eu-ropa, o AOTE (Ambassadors of the Environment, em inglês) foi desenvolvido por Jean-Michel Cousteau e Richard Murphy, que veio ao Brasil acompanhar o tra-balho com os alunos da Coopera-tiva. Ph.D. em ecologia marinha pela Universidade do Sul da Califórnia, Murphy é cientista, fo-tógrafo, escritor, educador e dire-tor de projetos. Começou a tra-balhar com a família Cousteau em 1968, tendo participado de várias
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expedições de mergulho com Jean-Michel e o pai, Jacques Cousteau. Coordenador mundial do programa Embaixa-dores do Meio Ambiente, Murphy nem sempre participa dos eventos, o que confere uma importância ainda maior à edição brasileira.
Ilustração: Yaná
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Este texto foi escrito por alunos do 2º E.M., distribuído à imprensa local e publicado nos veículos Imprensa Livre, A Cidade, O Guaru-çá, O Ubatubano, El politizador, Jornal Folha do Litoral Norte e Ubatuba em Revista
cadas, quanto pelas atividades realizadas, que culminaram em uma missão aos Embaixadores do Meio Ambiente: retransmitir a aprendizagem nas suas comuni-dades. O entusiasmo e comprome-timento dos alunos chamaram a atenção dos educadores. “Richard Murphy e eu queremos agradecer todos os professores pelos dias que passamos juntos durante o programa Embaixadores do Meio Ambiente em Ubatuba. Os alu-nos da Cooperativa Educacional de Ubatuba são encantadores, além de muito inteligentes, es-pertos e educados. Vocês estão de parabéns, foi muito gratifi-cante trabalhar com eles”, elo-giou a presidente da Ocean Fu-tures Brasil.
O programa foi realizado nos dias 22, 23 e 24 de maio, no Instituto Oceanográfico da USP, em Ubatuba. Vinte e dois alunos do 1º e 2º ano do Ensino Médio cumpriram uma agenda repleta de atividades, que giravam em torno de quatro princípios: tudo funcio-na à base de energia, existe uma conexão entre a terra e o mar, na natureza não há desperdício, a biodiversidade é muito importante. Além de Richard Murphy, os alunos foram acompanhados pela presidente da Ocean Futures Bra-sil, Leda Bozaciyan; pela Profª. Drª. Elisabete de Saraiva, do Depto. de Oceanografia Biológi-ca do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, e por estudantes de cursos de gradua-ção ou pós-graduação da USP, que atuaram como monitores. Os alunos da Cooperativa relatam que a experiência foi en-riquecedora, tanto pela vivência com pessoas altamente qualifi-
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No começo, quando nos informaram que partici-paríamos de um projeto de educação sobre o meio ambiente, confesso que não fiquei muito entusiasmada, Comecei a pensar sobre o que eles nos diriam. Será que diriam para reciclar, não desmatar? Isso eu já achava que sabia, mas não passei nem perto: muito mais me esperava. Yaná Allana da Conceição
VÉSPERAS
Minha mãe foi na reunião de apresenta-ção do projeto e achou o máximo! Disse que queria ir conosco. Esse passeio seria muito importante, porque eu iria aprender demais e não é qualquer um que tem essa oportuni-dade. Eu estava muito feliz, me sentindo uma dessas pessoas privilegiadas. Gabriela Ramos Sztamfater
Estávamos na aula de História quando o professor
nos comunicou que haveria uma saída de campo. Con-
fesso que pensei que seria muito chato e não estava com
vontade de ir, mas meu pai voltou da reunião com os
professores determinando que eu iria. A razão do meu
desânimo era ter que acordar às 9h em pleno domingo!
Renan Monte Mor Guimarães104
Estávamos em aula quando fomos avisados de que faríamos parte de um projeto chamado “Ambassadors Of The Enviroment” (Embaixadores do Meio Ambiente), que aconteceria no final de semana, na base do Instituto Oceanográfico da USP, na praia do Lamberto, Saco da Ri-beira. Fiquei confusa e principalmente curiosa sobre o que seria esse projeto. Logo foi passado o roteiro para a gente. Quando ouvi, pensei que seria algo chato, algo que não traria nenhum novo conhecimento para mim, pois, afinal, a nossa escola sempre fez projetos e atividades em que ex-ploramos e passamos a conhecer o nosso meio ambiente. Passei a notícia para minha mãe, e ela me falou que seria uma oportunidade incrível, que eu e minha irmã não poderíamos deixar de participar. Foi marcada uma reunião, para que os pais conheces-sem melhor o projeto. Infelizmente minha mãe não pôde ir, mas eu fui no lugar dela. A partir dessa reunião, passei a entender como seria essa saída, e comecei a ficar bem in-teressada em participar, pois, por mais que conheçamos o assunto, sempre haverá uma nova abordagem, um novo olhar. Luana Zahra Erba
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O dia amanheceu lindo naquele domingo, em que tive-mos de acordar cedo. Nos en-contramos na base do IO-USP. Todos os pais e responsáveis
1º DIA
foram convidados para conhe-cer o local e ficaram encantados com a infraestrutura. A equipe se apresentou e falou sobre o pro-jeto, que procura criar defensores
da natureza, com base em quatro princípios, que vocês já vão saber e ficarão até cansados de escutar.Isa
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A finalidade do projeto é conectar os jovens com a natu-reza, nos ajudar a ver, perceber, observar e nos tornar defensores dessa natureza tão rica em bio-divesidade, nos fazer defensores de um estilo de vida sustentável e responsável. Nesse programa, são discutidas formas alternativas de energia, reciclagem e com-postagem, além de desenvolvidos conhecimentos, atitudes e habili-dades necessárias à preservação e melhoria ambiental. Yaná
Uma das nossas primeiras atividades foi analisar uma árvore e nela enxergar os quatro princí-pios do programa: - Tudo depende de energia - Biodiversidade - Tudo está conectado - Na natureza, não há des-perdício. A árvore precisa da ener-gia do sol para fazer fotossíntese; ela faz parte da biodiversidade e apoia diversas formas de vida,
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como bromélias e formigas; a ár-vore está relacionada com o solo, que é a fonte de nutriente dela; está relacionada com o sol, que é a sua fonte de energia; está relacionada com os animais, que fazem dela sua moradia; e está relacionada com as plantas, como a bromélia, que nela se apoia para receber mais luz e água. Se a árvore morrer, ou se suas fo-lhas e galhos caírem, tudo será decomposto,tornando o solo rico em nutrientes, que irão ser utilizados pelos seres vivos, não havendo, por-tanto, desperdício.
Depois dessa nossa aná-lise, andamos pelo Instituto e verificamos os mesmos quatro conceitos no ambiente marinho. Conosco sentados nas pedras, a nossa monitora explicou as relações do ambiente aquático e terrestre. O ambiente aquático, através das suas correntes, traz vento e umidade, controlando o clima terrestre. O ambiente ter-restre leva nutrientes para o mar através dos rios, portanto o am-biente costeiro possui mais nu-
trientes que o alto mar. Esses ambientes tam-bém estão inter-ligados pelo ciclo da água e pela alimentação e reprodução dos seres vivos. Isa
Fomos almoçar; a comida estava muito boa. Depois, o Dr. Richard Mur-phy aproveitou os restos de cas-cas de frutas do almoço e nos mostrou que não há desperdício na natureza (um dos princípios do programa), então fizemos uma composteira. Colocamos pequenos peda-ços de folhas, terra e grama em uma caixa e tampamos para que, com o tempo, víssemos o resul-tado. Dani
Foi bem engraçado, pois ele falava inglês, e, embora fosse um inglês bem fácil de entender, tínhamos uma tradutora, a Leda. Que chiques, não é? Murphy nos ensinou que as algas e os fungos dão o princípio para a riqueza da terra, possibi-litando a vida, e todas as decom-posições tornam o solo mais fértil. Isa
Desperdício zero
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Após o almoço, tivemos uma aula muito interessante e abrangente sobre estudos ocea-nográficos, com a Profª. Drª. Elisabete de Saraiva. Ela relem-brou que 97,5% da água do planeta é salgada e os 2,5% de água doce encontram-se em geleiras ou em regiões subter-râneas, sendo que somente 0,4% é encontrada em rios e lagos. O Brasil abriga 1/10 da água doce do planeta, estando 80% na Amazônia, onde vivem 5% dos brasileiros. O aquífero Guarani é a maior reserva da América do Sul, com extensão de 1.195.000 km², so-mando 48 mil km³ de água. For-mado entre 200 e 300 milhões de anos atrás, o reservatório sofre a ameaça dos agrotóxicos, que podem percolar o solo e po-luir suas águas. “O Brasil está sendo acusado de poluir o aquí-fero, o que pode gerar problemas políticos”, afirmou a especialista.
Oceanografia pura
Bete observou que o ser vivo é um ser hidratado: quando perdemos 5% de água do nosso corpo, significa que estamos com sede; se perdermos 10%, ficamos com muita sede; se perdermos 15%, teremos desitratação profun-da. Ela comentou que o mar é o grande provedor do ciclo da água e declarou: Yaná
“Os oceanos estão temperando o clima. Se eles pararem de fazer isso, a variação climática será muito maior. Se este mar mudar, estamos perdidos”
“A pior poluição não é aquela que a gente vê, é a que a gente não vê”
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“Sem água, a estrutura da vida se rompe”
Gabi
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Depois da palestra, nos foi oferecido um lanchinho, com bolos deliciosos, para então ter início a nossa outra atividade. Isa Fomos ao laboratório, onde havia animais conservados em formol, com informações sobre: reino, filo, subfilo, classe, or-dem, família, gênero, espécie e subclasse. Achei interessante e anotei dados do peixe morcego, moreia, rêmora, cavalo marinho, arraia e polvo. Só não anotei informações de todos os ani-mais porque nosso tempo tinha acabado. Gabi
Os três que mais chama-ram a minha atenção foram: o peixe morcego, pois tem cauda e asa ao mesmo tempo, além de uma cara assustadora; uma tartaruga com olhos de vidro, que constatamos ser um exem-plar macho, por causa da bar-riga côncava, para encaixar no dorso da fêmea; e um cavalo marinho “grávido”. Yaná
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Após essas atividades, che-gou a hora do ‘descanso’, quando tomamos banho, jantamos e es-crevemos em nosso diário. Ouvimos uma palestra que focou em um dos quatro princí-pios: tudo está conectado. Mos-traram para a gente como a na-tureza funciona e as relações que temos com ela. Foi uma palestra com muitas fotos de animais marinhos e terrestres para expli-car o que eles são e como eles funcionam, sempre mostrando a cadeia alimentar. Em seguida, foi apresentado um filme de Murphy mergulhando em alto mar, se eu não me enga-no, a uma profundidade de 10 a 30 metros Eram aqueles animaisestranhíssimos, florescentes, moles e engraçados; foi bem in-teressante.
Fotos: Richard Murphy
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Fotos: Richard Murphy
Depois dessa apresenta-ção, Murphy nos falou sobre as baleias. Elas se alimentam dos pequenos plânctons e são grandes para guardarem muita comida e conseguirem sobreviver meses sem comer. Após tudo isso, fiquei para assistir a um filme opcional, que mostrava vários animais e seus hábitos. Havia animais cativantes e assustadores, minúsculos e gigantes, horríveis e belos, es-tranhos e comuns, que tornavam tudo espetacular. Já estávamos morrendo de sono quando o filme terminou, por volta de uma hora da madru-gada. Quando chegamos ao quarto, capotamos. Isa
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Fomos à Ilha Anchieta. O barco chegou e entramos, mor-rendo de medo de passar mal, mas ninguém, ainda bem, enjoou. No caminho, uma monitora nos explicou sobre alguns instrumen-tos utilizados em pesquisas. Ao chegarmos à Ilha, fomos avisados das regras, que eram: não alimentar os animais, não re-tirar algum elemento, como con-chas e plantas, e não deixar lixo. Em seguida, fizemos uma trilha à Praia do Engenho, ob-servando a diversidade de plan-tas e animais. Murphy chamou a atenção, em inglês claro, para a riqueza da biodiversidade. Vic
2º DIA 23/05/ 2011
Um território cercado de águas
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Durante a trilha, Murphy contou que as plantas, através dos animais, conseguem se re-produzir. Como não podem se locomover, fazem flores maravi-lhosas, com a intenção de atrair insetos que irão levar o pólen para outras plantas. Então, a planta que recebe o pólen é ca-paz de gerar as sementes. Em troca dessa distribuição, os ani-mais recebem o néctar, com o qual as abelhas fazem o mel. As plantas também produzem as fru-tas para os animais distribuírem as sementes. Assim, garantem a dispersão da espécie e evitam que, no ambiente onde vivem, só tenham plantas iguais a elas, competindo pelos mesmos nutri-entes. Isa
Zoom na mata
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Na Praia do Engenho, fomos mergulhar com máscara na pis-cina natural. O lugar é muito bo-nito, mas, no dia, a água estava congelando. Tínhamos que escolher um animal visto durante o mergulho e descrevê-lo. Eu escolhi um peixe compri-do, prateado, com listras pretas.Aprendi que estas listras serviam de camuflagem, para confundir o predador. Gabi
Vi corais, cardumes, pepi-nos-do-mar, estrela-do-mar e ascídias, um tunicado encon-trado em água costeira, fixado a rochas, que usa uma espécie de sifão para filtrar a água e retirar nutrientes. Yaná
Mergulho gelado
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Ermitão
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As rochas transformavam o mar em uma piscina natural. Apesar de a água naquele dia estar fria, um pouco turva e ser bem rasa, conseguimos fazer o nosso mergulho e executar a atividade proposta pelo Murphy: observar os animais e escolher um para falar sobre suas adapta-ções. Eu, na verdade, não escolhi um animal, e sim uma planta, a alga. Achei interessante essa alga por ter o formato de várias bolinhas. O monitor contou que, dentro dessas bolinhas, existe ar, que faz com que as folhas fiquem mais próximas à superfície, por-tanto mais expostas ao sol, faci-litando a fotossíntese. Sim, nós seguramos um ouriço! Sentíamos ele se mexendo em nossas mãos e grudando nela. Isa
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Olha quem apareceu na hora do lanche!
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Depois, ouvimos um caiçara que trabalhou na ilha, na época em que funcionava o presídio. Ele contou muitas histórias daquele tempo. Fomos até a vila militar, vi-mos as casas das pessoas que viviam lá naquela época, como a do dentista e a do diretor, e fo-mos também ao quartel. Julia
Na ilha, é normal ver capi-varas, que foram introduzidas pelo
homem, e agora se multiplicam na ausência de predadores. Tam-bém há cotias, saguis e quatis. Encontramos, ainda, uma aranha, que virou alvo de “fotógrafos”. Yaná
Estava cansada das tri-lhas e de tanto conhecimento, era diferente de um dia normal, porque, em dia normal, nós só aprendemos nas cinco horas de escola, e, nesse passeio, aprendíamos o dia inteiro! Gabi
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Entramos nas celas, vimos as marcas dos presos, falamos da rebelião e ficamos por dentro de histórias reais do antigo presídio (Renan)
Fomos à praia das Palmas, recolhendo lixo no caminho. Na trilha não havia muito, mas na praia, sim. Chegamos até a en-contrar, na areia, um absorvente usado; uma amostra do que o turismo trouxe àquela ilha, em especial àquela praia. A natureza nos favorece com tamanha beleza e biodiversidade, e o modo que retribuímos é polu-indo praias, desmatando, fazendo tráfico de animais, jogando lixo. Hoje em dia, apesar de tan-tos recursos e ideias para a re-utilização de materiais recicláveis, tantas campanhas incentivando que reciclemos, tanta informa-ção, preferimos jogar o nosso lixo na praia ou na mata e fazer com que, no final, nós mesmos seja-mos prejudicados.Yaná
Para refletir
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Enquanto alguns corajosos banhavam-se no mar gelado, tomávamos aquele sol fraquinho de fim de tarde (Yaná)
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Voltamos ao cais e embarcamos de volta ao IO. No caminho, fomos privilegiados e avistamos golfinhos que saltavam em bando, rente à água. Fechamos o nosso passeio com “chave de ouro”, vendo o sol se pôr atrás das montanhas Yaná
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Chegando ao Instituto, fomos tomar banho, e tivemos um jantar gostoso, para começara nossa próxima atividade com o Murphy. Ele observou que o ser hu-mano têm inteligência, sendo capaz de adaptar o meio a si próprio, ao contrário dos animais, que se adaptam ao meio. Porém, ao adaptar o meio, o homem causa impactos na natureza, por isso precisa pensar na susten-tabilidade, ou seja, usar a in-teligência. Foi proposta, então, uma atividade, em que cada grupo recebia um produto. O meu grupo recebeu uma latinha, e tínhamos que contar sobre o seu processo de fabricação: de onde vieram os insumos, o meio alterado, as pegadas ecológicas etc. Fiquei chocada quando terminamos o primeiro passo dessa atividade, pois, para produzir uma simples
Pegada ecológica
latinha, é preciso passar por mui-tas etapas que agridem o meio ambiente. Com os produtos anali-sados pelos outros grupos, um tênis e um hambúrguer, também acontecia a mesma coisa: a fa-bricação passava por vários pro-cessos que deixavam uma pe-gada significativa na natureza. Na segunda e última etapa, Murphy sugeriu que nós apontássemos as alternativas para uma redução dessa pegada no meio ambiente. Nosso grupo fez a seguinte lista:• Buscar recursos mais próximos aos locais de produção;• Empregar fontes de energia lim-pa;• Utilizar embalagens retornáveis;• Reciclar, para substituir a maté-ria-prima in natura;• Promover campanhas de incen-tivo à redução, reutilização e re-ciclagem.Isa
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Pegada ecológica são todos os recursos que usamos para viver, é o nosso impacto na Terra. Achei incrível a palestra sobre esse tema, pois nos levou a refletir, pensar se precisamos comprar mesmo de-terminado produto, pesquisar de onde ele veio, que materiais foram necessários para fazê-lo e se de fato compensa. Gabi
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3º DIA 24/05/ 2011
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Acordamos, nos arrumamos e deixamos as malas prontas, pois seria o nosso último dia.O lixo que catamos na Ilha foi dividido, para que dois grupos fizessem uma linha do tempo de decomposição de cada material. Primeiro separamos o lixo orgâni-co do inorgânico, então calcula-mos o que se pedia. Quando ter-minamos, fizemos a correção. Não fiquei chocada com o
O humano e seus resídos
tempo de duração, porque eu já tinha noção, mas me espan-tei quando vi que erramos quase toda a linha. Eu tinha certeza de que a garrafa de plástico se de-compunha antes que o alumínio, e achava que o isopor era o últi-mo a se decompor. Mas, na ver-dade, era tudo invertido. Criei um esquema para você saber qual é a ordem certa: Isa
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Conhecer o tempo que o lixo leva para se decompor é o primeiro passo para se conscientizar e mudar de atitude
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Após montarmos a linha do tempo de decomposição do lixo, nos dividimos em duplas e cada uma escolheu um animal. En-quanto narrávamos suas carac-terísticas, segurávamos uma cor-da, que então era passada para a próxima dupla. Ao final, a corda havia formado uma teia, mos-trando que tudo está conectado. Richard Murphy escolheu um aluno, o Renan, para deitar na teia, assim pôde nos mostrar que o homem também está conectado a todos os animais. Murphy então pediu para que uma dupla sol-tasse um pedaço da corda, o que fez com que o Renan caísse, nos mostrando que qualquer impacto sobre a teia da vida também é prejudicial a quem impacta: o próprio ser humano. Isa
Tudo está conectado
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Nessa atividade, vimos como tudo em um ecossistema é interligado Vic
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Alunos do 1º e 2º ano do E.M. falam ao vivo no programa Conexão Gaivota, sobre a missão dos Embaixadores do Meio Ambiente: praticar e difundir a ideia da sustentabilidade
Na rádio!
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Para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Instituto Trata Brasil pro-moveu um concurso de ações sustentáveis. Participamos com o Programa Embaixa-dores do Meio Ambiente e vencemos!160
Estamos cumprindo direitinho a missão de disseminar o nosso aprendizado!
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Nós, embaixadores do Meio Ambiente, nos encon-tramos com as crianças do projeto Onda Educacional, em Itamambuca, para falar de meio ambiente. Entre outras atividades, organiza-mos a “teia da vida” (fo-tos), para mostrar como tudo está conectado. Também
aproveitamos o aprendizado do projeto Ecossistemas, desen-volvido nas aulas de biologia, para falar de biodiversidade. Ficamos surpresos com os pequenos, pois são muito es-pertos e sabidos. Pretendíamos assar um bolo de chocolate no forno à base de energia solar, mas o tempo nublado não per-mitiu. No entanto, prometemos que vamos voltar!
Onda educacional
A bandeira ver-melha é um sinal de que a nossa missão ainda vai longe!
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