CONFERÊNCIAS INOVAÇÃO E TEMPO DE AMI ÍCIPAR O FUTURO · tou, ontem, dezenas de estudantes,...

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CONFERÊNCIAS INOVAÇÃO E FUTURO E TEMPO DE AMI ÍCIPAR O FUTURO Luís Santo, Paulo Soeiro Carvalho, Ana Teresa Freitas, José Santos-Victor e Ricardo Miguel Oliveira conduziram, ontem, para o futuro, foto rui silva/aspress

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CONFERÊNCIAS INOVAÇÃO E FUTURO

E TEMPO DEAMI ÍCIPARO FUTURO

Luís Santo, Paulo Soeiro Carvalho, Ana Teresa Freitas, José Santos-Victor e Ricardo Miguel Oliveira conduziram, ontem, para o futuro, foto rui silva/aspress

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MARIA CATARINA [email protected]

Alguns dos mais conceituados em-preendedores internacionais defen-dem que os portugueses precisamde tempo para cederem a cada novaevolução tecnológica que surge, e

que esse tempo é um pouco maislento quando comparado com o dos

alemães, espanhóis ou ingleses. Masele é cada vez mais escasso e o futu-ro faz-se anunciar cada vez maisapressadamente. A mudança nãoserá apenas para as empresas, maspara todos os planos da sociedade -familiar, amizades, compras, cultu-ra... tudo ganha novos contornoscom a Revolução Tecnológica e a so-ciedade, tal como a conhecemoshoje, pode estar prestes a sofrer umadisrupção (in)esperada ;

Foi por isso que o DIÁRIO organi-zou, em parceria com a NOS e o Ca-sino Madeira, a 3. a edição da 'Confe-rência Inovação e Futuro', que jun-tou, ontem, dezenas de estudantes,empresários e investigadores noCentro de Congressos da Madeira,para falar sobre inovação tecnológi-ca, biogenética, 5G ou robots sociaise cognitivos (já lá vamos).

E a julgar pela curiosidade do pú-blico mas, acima de tudo, pelo traba-lho que os oradores (todos portu-gueses) mostraram que estão a de-sencadear no país, fica a dúvida so-bre se o que disse Tim Hilpert sobreo povo luso faz mesmo sentido: "Os

portugueses adaptam-se muito len-tamente à tecnologia", afirmou oCEO do OLX ao Observador.

O certo é que tanto investigadorescomo espectadores ouviram curio-sos aquilo que os quatro oradorespartilhavam em palco.

Primeiro, falou Luís Santo, res-ponsável na NOS pela Rede Móvel eTerminais: "Venho tentar mostraruma pequenina janela do que será ofuturo ligado ao SG", começou pordizer. E atingiu a meta com sucesso:

contou sobre como surgiu a nova o5G- "no Japão, para dar resposta acoisas como o envelhecimento da

população" e explicou o que é 'latên-cia' - a "capacidade de pegar numpacote e enviá-lo rapidamente" - e asua maior capacidade no SG, paraexplicar que as empresas serão as

primeiras a usufruir da nova rede.Por exemplo, a utilização de carrosautónomos terá uma melhor ou me-nor performance através da latência.Isto porque a rede deve ser muitorápida, explicou, se "quisermos queo carro chegue à curva e saiba se é

para ir para a esquerda ou para a di-reita", e inicie a tarefa em tempo se-

guro. Já nos vídeos, o 5G permite até20 vezes mais velocidade do que o4G.

Luís Santo explicou que haverátrês bandas diferenciadas para cadatipo de produto dentro da mesmarede: a primeira camada vai tratar,por exemplo, de smartphones. A se-

gunda, ficará orientada para senso-

res [como os utilizados na Internetdas Coisas], e a terceira camadapode ser utilizada para os carros au-tónomos. A intervenção de LuísSanto, que viajou para a Madeirapara estar presente nesta iniciativa,continuou, tocando em temas comoa mobilidade, robótica, sensoriza-

ção, cidades inteligentes, entre ou-tros.

Depois, foi a vez de Paulo Soeirode Carvalho subir ao palco. "Sou umfuturista. Mas um futurista não é al-guém que prevê o futuro", começou,captando a atenção do público. Dou-torado em Ciências da Gestão pelaUniversité Jean Moulin, em Lyon, e

mestre em Economia e Gestão deCiência tecnológica pelo ISEG, o

"futurista", explicou que o seu papelé "pensar, antecipar o futuro e daí ti-rar benefícios". E afiançou que ligara antecipação à tomada de decisão é

dos processos mais difíceis: "Namaior parte dos casos os relatóriosvão para a gaveta", sobretudo por-que falta "apropriação". Quer istodizer que é preciso acreditar que "x'

vai mesmo acontecer. E exemplificacom a classe política, ele que lideroua secção de Economia da CâmaraMunicipal de Lisboa durante seteanos: "Os políticos deviam ter uma

carta de condução sobre o futuro". Eperguntar: "Quais vão ser os gran-des problemas, os grandes desa-fios?". Para, claro, se anteciparem. Otambém coordenador da Pós Gra-duação em Prospectiva e Estratégiadas Organizações e o Programa Fu-tures, Strategic Design & Innova-tion, examinou: "Pensemos que ofuturo é um cone de possibilidades"e assim sendo, "não temos um únicofuturo à nossa frente, mas múltiplosfuturos". Ou seja, o "E se?" faz partedo seu dia-a-dia. Para tal, estudamegatendências que, metaforizou,"quando chegam alteram tudo o

que está à volta. São como ondas gi-

gantes". Dentro destas 'megra-trends', está a tal transformação di-gital de que Luís Santo falou, mastambém a transformação biotecno-lógica: "Que será revolucionária. Asorganizações ainda não sentem napele, mas vão sentir com muita for-

ça ". Dentro da transformação bio-tecnológica estão por exemplo, ostestes genéticos.

Este foi mesmo o tema que explo-rou Ana Teresa Freitas durante asua intervenção. A madeirense, quesaiu da ilha para estudar, para ficoua viver no continente, é CEO e co-fundadora da ileartGenetics, Ge-netics and Biotechnology' uma em-presa que actua na área da saúde di-gital e da genética humana. Ana Te-resa Freitas começou por explicarpor que "devíamos todos ter os da-dos da nossa genética". A genéticapode ser aplicada em três grandesáreas: Medicina, Bem-Estar (é esta a

que a sua empresa se dedica) e Ou-tros. Na área do bem-estar, a genéti-ca disponibiliza informação sobre se

alguém tem predisposição, porexemplo, para ganhar peso, e comocontorná-10. No Desporto, percebe-se se uma dada pessoa tem mais ca-pacidade para ser um maratonistaou outro desportista. Ou se um ma-ratonista tem predisposição para termuitas lesões. E por aí fora: "Hojeem dia é muito fácil ter acesso aosdados de um genoma".

Para encerrar a conferência, falouJosé Santos-Victor, investigador doInstituto de Sistemas e Robótica deLisboa onde fundou e dirige o Com-puter and Robot Vision Lab - Vis-Lab: "O nosso desafio é tentar perce-

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ber como funciona o cérebro huma-no. Ninguém sabe exactamentecomo ele funciona". O cérebro hu-mano é composto por cem mil mi-lhões de neurónios, o que quer dizer

que o número de ligações é muitomaior. E o seu trabalho é analisar as

experiências da neurociência, parareplicar o cérebro humano em má-quinas. A verdade é que os robotscognitivos e sociais estão cada vezmais evoluídos - e Santos Victor jácriou pelo menos três no VisLab -

mas, enfatizou o investigador, nãohá nada a temer, pelo menos para já:"Os robots ainda não fizeram tantomal à humanidade como o Face-book, por exemplo, que já permitiuderrubar democracias. Não perceboa desconfiança. Acho que está nos'terminators' e por aí fora". De umaforma ou de outra, ensinou PauloSoeiro Carvalho, "o futuro é umcone de possibilidades". E esses 'Ese?' também tiveram lugar para de-bate com o público, em vários pai-néis moderados pelo director do

DIÁRIO, Ricardo Miguel Oliveira,ao longo de todo o dia.

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