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    CONFORTO EM AUDITRIOS: PROPOSTA DE PROCEDIMENTOPARA O PROJETO

    Soler, Carolina (1);Kowaltowski, Doris C.C.K. e Pina, Silvia A. Mikami G. (2),

    (1) Mestre, Fac. de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Unicamp Brasil, Endereo: Rua Rio Purus,321, Conj. Vieralves, Bairro Nossa Senhora das Graas, CEP: 69053-050, Manaus-AM,

    Telefone: (92) 635-4340, [email protected](2) Docentes , Fac. de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Unicamp - Brasil, [email protected]

    RESUMO

    Este trabalho apresenta um estudo sobre a metodologia de projetos de auditrio de uso mltiplo. proposto um procedimento de projeto com base em entrevistas de Arquitetos e Consultores, bem comode anlise de projetos executivos. Duas salas, com capacidade de 300- 400 foram avaliadas, atravs demedies de conforto ambiental. Os resultados mostram que o processo complexo e que existemfalhas em todas as fases do trabalho; assim, a coordenao e o acompanhamento realizados por umarquiteto so fundamentais para a viabilidade dos diversos projetos especficos. O consultor figuraindispensvel enquanto subsdio para o controle de reas especficas da obra. Observa-se que nemtodos os autores e consultores de projetos de auditrio procedem da mesma maneira, mas que algunsdetalhes especficos so analisados pela maioria deles. A partir dessas anlises, da avaliao dasdificuldades apontadas nas entrevistas e dos acertos e falhas levantadas nos projetos, proposta umaestrutura para o processo de projeto de auditrios, com base na metodologia do MEHTA, JOHNSON e

    ROCAFORT (1999).Palavras-chave: Auditrio, Metodologia de projeto, Conforto ambiental.

    ABSTRACT

    This paper presents a study on the design process of auditorium spaces, with a seating capacity of 300 400. The study verified the design procedures adopted by architects and the role played byconsultants in this process. Buildings in use were assessed through technical measurements andquestionnaires. Results showed that the design process is complex and that a specific design methodshould be used to assure quality design. An outline of a method is presented based on MEHTA,JOHNSON e ROCAFORT (1999).

    1. INTRODUOOs projetos de auditrios de uso mltiplo so reas nobres dentro do conjunto de espaos em que estoinseridos. Assim, o auditrio deve, necessariamente, atender a questes tcnicas, propiciar confortoambiental ao usurio e apresentar qualidade esttica. Dentro desse contexto fundamental que aequipe de projetos possua acesso a conhecimentos diversos e adote processo de projeto que visam aqualidade do ambiente construdo.

    2. O PROCESSO DE PROJETO

    O processo de projeto uma rea que abrange um grande nmero de estudos, tais como a metodologiade projeto, a teoria da arquitetura e pesquisas mais especficas de tipologias de espaos. O processo deprojeto de um auditrio deve levar em considerao um conjunto de funes e espaos de palco eplatia, a recepo, um hall de entrada ou foyer, cabines de projeo, camarins, rea de servio,administrao, entre outros. O auditrio pode estar dentro de um complexo, como de uma instituiode ensino, prximo a salas de aula, ou reas de lazer e at mesmo a complexos administrativos de todo

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    o conjunto. Assim, o espao de um auditrio cumpre uma funo especfica dentro de um conjunto deatividades, muitas vezes correlacionadas.

    O incio do projeto de auditrios deve partir do homem como unidade, ou seja, o objetivo principaldeve ser a relao entre quem pratica a ao (orador) e quem v a ao (platia). O partido do projetodeve ser uma anlise do contexto, do lugar e do programa. Para um projeto de auditrio de usomltiplo, a flexibilidade do espao um grande definidor do projeto inicial. Em seguida necessria

    uma anlise dos dados fornecidos pelo cliente: o terreno, a liberdade plstica, a funo (uso), suarelao com o entorno, as caractersticas tcnicas, etc. Cabe a ele, tambm, conhecer a realnecessidade do cliente e o oramento disponvel, para desenvolver estudos de viabilidade tcnica eeconmica. necessrio tambm priorizar tarefas e definir um bom programa de uso e necessidadesdo auditrio, orientado pelas restries tcnicas e econmicas do projeto.

    Os projetos de auditrios devem considerar dimensionamentos relacionados a critrios de qualidadeacstica e cenotcnica, ligados questo do partido arquitetnico, como geometria, volumetria,capacidade e distncias. Sabe-se que, se no forem adequadamente fundamentadas, as decisestomadas no processo projetual comprometem de maneira irrecupervel a funcionalidade dos mesmos.

    No caso de uma instituio de ensino, normalmente o auditrio utilizado para a palavra falada.Assim, os dimensionamentos acsticos, cnicos e luminosos devem prioriz-la. praticamente

    impossvel propor um espao que atenda a todos os usos (palestras, teatro, msica, etc.) com excelentequalidade acstica e muito difcil projetar um ambiente perfeito para usos distintos, uma vez que seexige do espao caractersticas e comportamentos tcnicos diferentes entre si. O projeto deve serconceituado previamente, ou seja, devem-se definir os objetivos antes de se comear a concepoformal. Os objetivos relacionam-se com a capacidade de ocupao, anlise do rudo externo,posicionamento e uso do palco e da platia, dimensionamento do foyer, camarins, equipamentoscnicos e audiovisuais, rotas de fuga, circulao, acesso de portadores de deficincia de mobilidade,entre outros.

    A importncia de um estudo do processo projetual de auditrios est relacionada compreensoadequada de suas funes. O arquiteto deve estar atento necessidade de buscar parcerias, com umacoordenao capacitada, para que no exista fragmentao, desarmonia e desintegrao do projeto.

    Neste sentido, o estudo apresentado discute o processo de auditrio a partir da metodologia de projetodo MEHTA, JOHNSON e ROCAFORT (1999) e da abordagem utilizada por consultoresinternacionais e arquitetos brasileiros.

    Os arquitetos buscam consultorias especializadas como as de acstica, mecnica-cnica, sistemasestruturais e luminotcnica devido complexidade das instalaes e uso. Tambm so freqentesconsultorias de conforto trmico (ar condicionado), sonorizao, instalao hidrulica e eltrica,elevadores e esquadrias. Com a diversidade de atividades, o projeto deve facilitar a manuteno e aoperao do auditrio, sendo essenciais o detalhamento de galerias, passarelas, tneis e salas tcnicas.Devem ser priorizadas no projeto, a manuteno, flexibilidade de uso e principalmente a segurana.

    Para o conforto acstico as medies tcnicas so de extrema importncia. Nveis de rudo externo eacompanhamento em obra fazem parte desse contexto, assim como o controle entre projeto acstico e

    eletroacstica. Para conciliar a necessidade de elementos acsticos com a esttica, quando se prioriza apalavra falada, necessrio que a concepo arquitetnica explore a plasticidade dos componentes. Aespecificao dos revestimentos e acabamentos define a acstica e a esttica do auditrio. Soimportantes as escolhas das poltronas o seu tecido, forros de gesso, paredes de alvenaria comsuperfcie interna coberta com gesso ou madeira, piso de carpete ou vinlico e piso do palco emmadeira. Como o rudo externo deve ser reduzido em espaos de auditrios, a ventilao natural torna-se invivel, optando-se pelo uso do ar condicionado para o conforto trmico.

    3. PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE PROJETO

    A figura 3.1 representa uma proposta de procedimentos de projeto a serem realizadas pelo arquiteto/projetista e sua equipe para o desenvolvimento de um projeto de auditrios. Esta proposta foiestruturada com base em entrevistas com projetistas e consultores, avaliao de projetos executivos eps-ocupao de auditrios com capacidade de 300 a 400 lugares. Seguem as descries detalhadasdas etapas do procedimento apresentadas na Figura 3.1.

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    1. Buscar e analisar repertrios de projetos existentes, literatura especfica do assunto, revistas elivros;

    Ao arquiteto projetista cabe, inicialmente, definir com o cliente as caractersticas do espao deauditrio proposto. Nesta etapa o arquiteto deve analisar obras de repertrio com semelhanas aoprojeto proposto. Deve tambm privilegiar as informaes tcnicas e os resultados de avaliaes ps-ocupao de auditrios, especialmente das construes recentes nacionais e locais.

    Fig. 3.1. Relao das etapas a serem seguidas para o desenvolvimento de um projeto de auditrios.

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    2. Definir junto ao cliente a tipologia do auditrio proposto, com idias preliminares de uso,lotao e previso oramentria;

    Os primeiros contatos com o cliente so para a definio do uso e da tipologia a ser utilizada noprojeto de auditrio e para a definio do oramento e prazos. A partir deste momento pode-seplanejar a contratao de consultores, servios terceirizados e estruturar um programa de necessidadese planejar o processo de projeto.

    3. Selecionar exemplos do repertrio dentro da tipologia proposta;Uma vez definidas estas caractersticas, so necessrias novas buscas e anlises de projetos detipologia semelhante, principalmente dos recentes, para alimentar o processo criativo e atualizar oconhecimento tcnico e das tendncias arquitetnicas.

    4. Analisar dados tcnicos e de APOs desses exemplos;

    A avaliao da construo e do comportamento do pblico so fundamentais para o retorno doconceito projetual e da obra. Pesquisas de avaliao ps-ocupao geram prescries para melhoria doambiente construdo, atravs da correo de falhas de projeto e execuo. Podem ser feitas aferiestcnicas, utilizando-se de instrumentos de medio, ensaios de componentes, prottipos emlaboratrios e observaes gerais e, ainda, podem ser feitos clculos e simulaes, como balano

    trmico, aferio de consumo de energia eltrica, nveis de rudo, tempo de reverberao, dentreoutros. recomendada nesta etapa a conduo pela equipe de projeto de avaliaes ps-ocupao desalas em uso para criar conhecimento em primeira mo.

    5. Levantar e atualizar dados da legislao e normas vigentes, como:

    ? Uso e ocupao do solo;? Cdigo de obras;? Zoneamento Urbano;? Corpo de bombeiros;? Cdigo Sanitrio;? Normas tcnicas ligadas :

    1. Acessibilidade (NBR 9050)2. Conforto ambiental(principalmente a NBR 10150)

    6. Traduzir o levantamento em dados para o projeto:

    ? Nveis de rudos externos e internos;? rea de implantao;? Relao entre o auditrio proposto, prdios existentes e outros planejados;

    7. Definir o programa de necessidades:

    O programa mnimo deve incluir atividades; lotao; equipamento e mveis; layout e reas funcionais;desempenho tcnico e arquitetnico; relacionamento entre atividades; fluxograma

    8. Definir o volume inicial do projeto, considerando:

    ? Orientao da edificao? Evitar rudos externos;? Criar barreira com o prprio edifcio.

    ? Fluxograma;? Lotao e nmero de pessoas;? Relao entre a caixa cnica e os espaos adjacentes;? Acessos principais, secundrios e de servio;? Largura das vias internas para acesso de carros, caminhes, ambulncia e bombeiros.

    9. Definir o tamanho da platia:

    Existem muitas tipologias de configuraes para envolver o espao destinado ao cnica (palco emuitas vezes tambm camarins nesse mesmo ambiente) e disposio do pblico (platia, que podeser em um ou mais nveis) que definem o tamanho da platia. A relao entre o palco e a platia deveser o primeiro ponto desenvolvido no projeto arquitetnico de um auditrio ou teatro, adequando-se os

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    demais espaos tipologia do espao cnico. Para orientar a definio do tamanho e a forma da platiao projetista deve estudar as formas mais usuais de teatros e auditrios:

    ? Arena: Espao teatral coberto ou no onde o palco inserido em nvel inferior platia. Nestatipologia a platia disposta em todos os lados ou em toda a circunferncia do palco, podendo suaforma ser circular, semicircular, quadrada, trapezoidal, 3/4 de crculo, defasado, triangular ou ovalado.Assim como no teatro elizabetano, toda a estrutura do palco fica vista do espectador, como por

    exemplo, grelha para iluminao. Poucos edifcios teatrais so construdos nessa relao de palco eplatia.

    ? Anfiteatro grego: A platia definida pelo centro do palco onde acontece a cena, e existemmuitas reas de atuao nas quais o orador ou ator pode se posicionar, podendo mudar de rea sem sernotado; semelhante ao teatro de arena, de maior tamanho e sua configurao implantada ao ar livre,porm preciso observar ventos dominantes e os anteparos naturais como rvores e montanhas aodefinir sua implantao, pois estes so elementos que definiro a acstica do local.

    ? Elizabetano: Apareceu na Inglaterra no perodo de Shakespeare, por isso tambm chamadode Palco Inglesa, ou ainda conhecido como Palco Isabelino. Possui um palco misto que funcionacomo espao fechado, retangular, com grande ampliao de proscnio (retangular ou circular), comoum segundo plano (muitas vezes coberto) onde existem algumas aberturas, tais como janelas. Nessa

    configurao, a relao palco x platia diferente da estabelecida no teatro italiano. A platia envolveo palco em trs lados frente e laterais. No h, na maioria das vezes, a presena da boca de cena e dacaixa cnica, ficando toda a estrutura da rea de cena vista do espectador varas de cenrio,iluminao e outros recursos tcnicos e operacionais. Assim como o palco italiano um dos preferidosno teatro brasileiro.

    ? Italiano/ Teatro com proscnio: Caracterizado pela disposio frontal da platia ao palco, opalco italiano o mais conhecido e utilizado, dentre as tipologias existentes em que o palco fica emum nvel elevado, separado da platia, formando uma caixa "mgica". Possui palco retangular, emforma de caixa aberta na parte anterior, situado frontalmente em relao platia, delimitado pela bocade cena e, geralmente, de bastidores laterais, coxias, bambolinas, urdimento e cortina, alm de umespao frente da boca de cena, chamado de proscnio.

    ? Teatro mltiplo: Os teatros chamados mltiplos so caracterizados pela possibilidade demontagem do palco em diversas posies, no possuindo uma caixa cnica propriamente dita. Varasde cenrio e iluminao, varandas de manobra e carros contrapesados so colocados visveis aos olhosdo espectador, distribudos por toda a extenso do espao possibilitando liberdade de escolha do locale configurao do palco e platia a ser instalada.

    10. Determinar a rea de piso da platia, conforme a tabela 3.1;

    Tab. 3.1. Tabela de rea e volume recomendados por assento.(MEHTA, JOHNSON e ROCAFORT, 1999)

    rea por assento 0.55 - 0.7 m

    Volume por assento 2.0 - 5.0 m11. Desenhar a forma do piso da platia, considerando a capacidade da sala;

    A concepo do projeto arquitetnico de auditrios inicia-se com o estudo da volumetria e dageometria. O formato do auditrio considerado um dos itens mais importantes do projeto e estrelacionado qualidade acstica da sala e visibilidade do palco. Sendo assim, o estudo acstico importante como elemento definidor de questes formais dentro de um auditrio. Definir a forma paraem seguida encaixar a funo, buscando adequ-las arquitetura, um tipo de procedimento quedeve ser evitado por profissionais que desenvolvem projetos de auditrios e de outros espaos denatureza semelhante.

    O volume do auditrio deve ser decidido em proporo intensidade sonora que ser gerada no

    ambiente. Para concertos recomenda-se um volume grande, pois assim haver espao suficiente para adisperso sonora. Para a palavra falada, caracterizada por sons fracos, deve ser usado um espao

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    menor ou um sistema moderno de amplificadores, assim a palavra pode ser compreendida por todo opblico presente (WATSON, 1948).

    ? Formas da platia (figura 3.2):

    ? Retangular;? Leque.

    A. rea da platia: 100m B. rea da platia:135m

    C. rea da platia: 225m

    D. rea da platia: 165m E. rea da platia: 135m F. rea da platia: 170m

    Fig. 3.2. Relao entre a forma do auditrio e a rea ocupada pela platia em vrios tipologias deausditrios (MEHTA, JOHNSON e ROCAFORT, 1999).

    12. Verificar a distncia mxima entre a ltima fileira e a palco:

    Ela est mais distante do palco que 25 m (para auditrios) e 20m (para teatros)?

    Tab. 3.2. Relao entre a distncia mxima (visibilidade) e as expresseshumanas (MEHTA, JOHNSON e ROCAFORT, 1999).

    Visibilidade dos elementos queajudam na fala Distncia mxima (em metros)

    Expresses faciais 12Gestos 20Movimentos corporais maiores 30

    Outros ajustes para esta distncia podem envolver a introduo de um balco e a ampliao do ngulodas paredes laterais do auditrio para a introduo de um nmero maior de poltronas nas ltimasfileiras.

    12a. Desenhar o piso da platia com um balco superior para diminuir a distncia das ltimasfileiras em relao ao palco, apresentado no esquema da figura 3.3;

    12b. Verificar a distncia mxima entre a ltima fileira e o palco:Ela est mais distante do palco que 25 m (para auditrios) e 20m (para teatros)?

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    O escalonamento do piso importante para a visibilidade, e tambm desejvel acusticamente, paragarantir a recepo sonora do som direto pela audincia e evitar o paralelismo entre o teto e o piso.Uma audincia sem inclinao e com a fonte no mesmo plano da platia recebe muito pouco somdireto, j um piso escalonado, melhora a visibilidade e faz com que o raio sonoro seja ampliado,aumentando a quantidade de energia sonora recebida pela platia. Se o piso for escalonado e o palcoelevado, a energia do raio sonoro direto para a audincia ser maximizada.

    A. Projeto incorreto do balco resulta em zona desombra acstica.

    B. Relao recomendada entre aprofundidade da platia abaixo do balco e

    sua altura, para evitar a sombra acstica.

    Fig. 3.3. Recomendaes para o projeto de balco em auditrio. (de acordo com MEHTA, JOHNSONe ROCAFORT, 1999)

    12c. Aumentar a largura das paredes laterais, mudar o formato da platia ou aceitar algumano conformidade para no prejudicar a distncia mxima da ltima fileira de poltronas;

    12d. Verificar a salincia do balco e sua abertura para o palco, conforme figura 3.3 para evitarsombras acsticas ;

    13. Escolher o modelo de poltrona a ser usada e definir o fabricante. Considere: tipo, dimenses,cor, material, s istema de fixao, resistncia, qualidade e garantia, acessrios e segurana;

    O projeto de disposio das poltronas est diretamente relacionado diferena de nveis da sala,quantidade de cadeiras por filas e seu posicionamento. Dimenses de corredores e alinhamento dosmesmos favorecem a organizao e definem a capacidade do auditrio. Alm disso, o posicionamentodas poltronas define tambm as linhas de visibilidade e o desenho do palco. Se o palco tem a frentereta, as poltronas em linha se adaptam melhor, e analogicamente, se sua frente for curva, a disposiodas linhas de poltronas pode acompanhar o desenho arredondado.

    importante nesta etapa definir a poltrona que vai ser usada antes de criar o layoutdefinitivo parapropor um projeto seguro e de dimenses corretas. Como questo de conforto, desejvel que as

    fileiras sejam largas, mas isso pode diminuir a capacidade da sala ou distanciar muito as ltimasfileiras do palco. Um espao generoso entre as fileiras pode dispersar as pessoas e quebrar a atmosferade concentrao que intensifica a relao entre a platia e o orador ou ator (HAM, 1988). Comomedida de conforto e segurana, sugere-se considerar um espaamento mdio entre 0.90 (mnimo) e1.00 (confortvel) por fileira (figura 3.4).

    O palco deve se situar entre 70 e 90 cm em relao ao piso, uma vez que o espectador da primeirafileira tem sua viso a 1,10 m, em mdia. Um palco muito baixo cria dificuldades por exigir umagrande inclinao da platia, mas a altura excessiva tambm obstculo aos bons preceitos deergonomia. A viso normal, em descanso, tem um ngulo de caimento em relao linha horizontal de15 graus. Quando o posicionamento do palco ou da tela de projeo so definidos em ngulos acimadessa linha, o espectador obrigado a forar a musculatura do olho ou do pescoo, o que desconfortvel e cansativo (MELENDEZ, 1996).

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    Fig 3.4 . Dimenses da linha de visibilidade entre fileiras de poltronas em auditrios.

    14. Definir os acessos e circulaes de acordo com as normas tcnicas, cdigo de obras e normasde segurana do corpo de Bombeiros;

    No Brasil utilizam-se as normas de incndio do Corpo de Bombeiros, que por meio do Departamentode Segurana Contra Incndio, regulamenta, analisa e vistoria as medidas de segurana contraincndio nas edificaes e reas de risco, bem como realiza pesquisas de incndio. Essas medidasobjetivam principalmente a evacuao segura das pessoas de uma edificao, atravs da organizaoadequada dos espaos de circulao e sadas. Um projeto de segurana bem implantado, em geral,inclui poltronas com assento rebatvel, corredores largos e nmero de sadas suficientes. Umasegurana eficiente permite tranqilidade para os responsveis tcnicos e empreendedores, alm deajudare o pblico a evacuar o local mais rapidamente, ideal para espaos com grande concentrao depessoas.

    Os equipamentos necessrios para proteo das edificaes so dimensionados no Decreto Estadual n46076/01 (CORPO DE BOMBEIROS, 2004), sendo que a forma de apresentao das plantasarquitetnicas e memoriais descritivos seguem os termos da Instruo Tcnica 01/01 (ProcedimentosAdministrativos), e o dimensionamento realizado de acordo com as respectivas Instrues Tcnicasdo Corpo de Bombeiros - de 01 a 38 Considere:

    ? Lotao e rea por pessoa;? Largura dos corredores;? Localizao; nmero e dimenses de sadas de emergncia ;? Rotas de fuga (abertura de portas no sentido do fluxo de fuga com barras anti-pnico);? Equipamentos e sinalizao de emergncia (detectores de fumaa, alarmes e sprinklers)? Acessibilidade plena e o desenho universal. Os principais parmetros da NBR 9050, deacessibilidade para pessoas portadoras de deficincias, se baseiam nas medidas espaciais depessoas com dificuldade de locomoo. Deve-se considerar dimensionais como: espao paracadeira de rodas, inclinao e largura de rampas, poltrona para obesos e corrimo com alturasespeciais.

    15. Finalizar o desenho da inclinao da platia, do balco (se existir), alturas do palco e doproscnio e verificar a relao entre a platia e o palco, atravs da curva de visibilidade;

    16. Desenhar as placas refletoras acsticas do teto, estabelecendo as reas da platia que devemreceber acrscimo de som refletido para melhor inteligibilidade da palavra;

    As superfcies que ficam prximas da fonte e todas as superfcies prximas do palco devem serreflexivas, para que o som possa chegar s ltimas fileiras. Os materiais absorvedores de som, senecessrio, devem ficar ao fundo da sala, conforme a figura 3.5.

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    Fig 3.5. Recomendaes gerais para as superfcies refletoras e absorvedoras das diversas partes doauditrio (de acordo com MEHTA; JOHNSON; ROCAFORT, 1999)

    17. Calcular o volume da sala;

    18. Verificar se a relao entre o volume e o nmero de pessoas da sala est dentro dos valores

    recomendados conforme tabela 3.1;18a. Redesenhar as placas refletoras do teto caso o volume no esteja dentro do recomendado eaceitar alguma no conformidade;

    19. Verificar o comprimento do trajeto dos raios sonoros diretos e refletidos;

    Eles excedem a diferena de 20m?;

    19a. Substituir os materiais refletores por absorventes, nas placas cujos raios sonoros tiveremseus comprimentos excedentes;

    20. Estabelecer o tempo timo de reverberao e calcular a necessidade de absoro da sala,conforme tabela 3.3;

    Tabela 3.3. Relao das limitaes de um auditrio entre seu tamanho e o tempo de reverberaorelacionado com o seu uso. (Fonte: BARRON, 1993).

    Uso Capacidade mximade poltronas

    Distncia mxima entre aplatia e o palco (m)

    Tempo timo deReverberao (seg)

    Msica Popular ------ ------ < 1,0

    Teatro para Drama 1300 20 0,7-1,0

    Opera e Ballet 2300 30 1,3-1,8

    Msica de Cmara 1200 30 1,4-1,8

    Orquestra 3000 40 1,8-2,2

    21. Estabelecer a necessidade de absoro da sala comeando pela parede do fundo, depois ofundo das paredes laterais, em seguida a parte de trs do teto e, finalmente, as partes do tetoperto das paredes laterais;

    22. Definir os projetos complementares, relativos a ar condicionado, iluminao, cenotcnica,sanitrios, outros.

    Atravs dos consultores de iluminao cnica e luminotcnica so definidos diferentes tipos deiluminao: do orador, platia , tela de projeo, emergncia e segurana. importante que oscomandos de controle estejam prximos de uma s pessoa e que exista um sistema de dimerizao. Odesenho do forro recebe interferncia direta da iluminao e necessita de projeto integrado.

    23. Analisar as condies acsticas finais da sala (j na obra), seu nvel de rudo de fundo

    (verificar as curvas NC) e providenciar reforo sonoro para ambientes acima de 100 lugares;24. Definir os detalhamentos tcnicos e estticos do projeto, tais como: cores das superfcies,cortinas, detalhamento arquitetnico, desenho da iluminao entre outros.

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    25. Acompanhar a obra em todas as fases de desenvolvimento para subsidiar a fase de sntese eevitar erros e correes;

    26. Visitar a obra concluda e em uso, fazer medies tcnicas para avaliar a qualidade final doprojeto e avaliao de satisfao dos usurios, para subsidiar novos projetos de mesmoprograma arquitetnico.

    4. CONSIDERAES FINAISProjetar um auditrio desenvolver uma atividade complexa que necessita de informaes, anlises eprocedimentos de projeto, envolvendo um grande nmero de aspectos tcnicos e arquitetnicos. Osarquitetos so conscientes da complexidade de um auditrio e a consultoria de profissionaisespecializados dada como fundamental. A coordenao, realizada pelo arquiteto, fundamental paraa viabilidade dos diversos projetos especficos e fornecem subsdio para o controle de toda a obra. Oconforto ambiental de um auditrio est diretamente ligado produtividade das pessoas dentro desseambiente. Poder enxergar sem esforo, ouvir com clareza e sentir-se confortvel so os primeirospassos para o sucesso da sala e a avaliao do pblico e as medies nas salas em uso, sofundamentais para se verificar os critrios de conforto ambiental. O procedimento de projetoapresentado neste trabalho deve apoiar as tarefas de projeto de auditrio, alertando a equipe dearquitetura sobre a multiplicidade de fatores que devem ser levados em conta para garantir umaqualidade projetual.

    REFERNCIAS

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 10152: Nveis de rudo paraconforto acstico. Rio de Janeiro, 1987. 7p.

    ______.NBR 5413: Iluminncia de interiores. Rio de Janeiro, 1969. 7p.

    ______.NBR 6401: Instalaes centrais de ar condicionado para conforto: parmetros bsicos deprojeto. Rio de Janeiro, 1980. 21p.

    ______.NBR 12179: Tratamento acstico em recintos fechados. Rio de Janeiro, 1992. 21p.

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    BARRON, M. Auditorium acoustics and architectural design. London: E & FN Spon, 1993. 443 p.

    CORPO DE BOMBEIROS. Normas de segurana, Decreto Estadual n 46076/01, So Paulo, 2001.Disponvel em . Acesso em 12 abr. 2004.

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