Conheça uma amostra da obra Inveja

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A jovem Katelyn Berkley foi encontrada morta na banheira de sua casa. A cena era horripilante. Seus olhos vidrados e sua pele queimada deixaram a pequena cidade de Port Gamble em choque. A polícia foi rápida em encontrar evidentes sinais de suicídio. É verdade que Katelyn era uma adolescente um tanto deprimida e de aparência soturna, mas nunca havia demonstrado nenhuma intenção de acabar com sua própria vida. As irmãs Taylor e Hayley Ryan, vizinhas e amigas de infância de Katelyn, são as primeiras a duvidar da conclusão oficial. Elas possuem indícios, obtidos de maneira nada convencional, de que o que aconteceu pode ter sido um assassinato. Agindo por conta própria, as garotas saem em busca da verdade. E, quanto mais mergulham no mundo de Katelyn, mais descobrem fatos perturbadores. Até que vem à tona um segredo escondido no passado que elas não podiam nem imaginar.

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invejaGREGG OLSEN

TraduçãoRodrigo Peixoto

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Nota do autor

Alguns trechos desta história são inteiramente reais. Outros não. Assim como a verdade, a maldade se apresenta em diferentes sabores. Alguns amargos, outros enganosamente doces. Às vezes tem um preço muito alto. E, embora grande parte das pessoas não abra suas vidas à mal-dade, ela não precisa de convite. Portas trancadas não adiantam. Nem incríveis sistemas de segurança. A maldade é espantosa quando se pensa nela. Ela sabe como se aproximar.

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capítulo 1A água escorria da torneira enferrujada formando uma poça no fundo da velha banheira de porcelana, junto com alguns longos fios casta-nhos e emaranhados. Chegava facilmente aos cinquenta graus – tão quente que Katelyn Berkley demorou para conseguir mergulhar o pé com as unhas pintadas de verde. A água escaldante tingiu de vermelho sua pele sempre pálida. Sentada na borda da banheira, com a perna direita balançando dentro da água, a garota sorriu. A sensação era dolorosa, mas agradável.

Aos quinze anos, Katelyn sabia algumas coisas sobre a dor.Promessas haviam sido feitas... e quebradas. As coisas mudam. As

pessoas nos decepcionam... Mesmo as mais próximas. As promessas, ela compreendera, são muito, muito difíceis de serem mantidas.

Um sopro de ar gelado invadiu o banheiro pela janela aberta, e a lâmina de barbear prateada próxima ao frasco pela metade de xampu Tea Tree cintilou, chamando sua atenção. Katelyn pensou em tomar o controle da situação – daquilo que ela chamava de vida – da única maneira que era capaz.

Olhou para o espelho de corpo inteiro que havia do outro lado do cômodo. Ele estava parcialmente embaçado com a fumaça que subia da banheira, mas ela ainda assim notou a vermelhidão de seus olhos. Não havia no mundo maquiagem capaz de disfarçar as manchas deixadas pelas lágrimas.

– Feliz Natal, idiota.Voltou-se para dentro de si, para o lugar onde encontraria um pe-

queno alívio.

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A banheira estava praticamente cheia. Fumegante. Esperando.Katelyn não fazia ideia de que, não muito longe dali, alguém fazia

exatamente a mesma coisa: esperava o momento certo para dar o pró-ximo passo.

Novas lágrimas rolaram por suas bochechas. Katelyn tirou o resto da roupa, atirou-a no chão e se afundou na banheira.

No andar de baixo, na cozinha, sua mãe, Sandra, cutucava os restos congelados de uma costela assada. Ela arregaçou enfurecidamente as mangas do seu suéter azul até os ombros. Estava irritada e com frio. Começou a procurar a máquina de expresso.

“Cadê?”Uma garrafa de Bacardi estava à sua espera, junto com um pe-

queno jarro de gemada. Seria seu último drinque daquele ano. Uma promessa esfarrapada, como tantas que costumava fazer. Afinal de contas, faltava apenas uma semana para o ano acabar. Durante toda a noite, Sandra observara o nível do líquido da garrafa âmbar diminuir, assim como diminuía a temperatura no termômetro preso do lado de fora da janela congelada – uma janela sem isolamento térmico, pois a casa dos Berkley era histórica e não podia ser modificada.

“Será meu último drinque. Prometo. Cadê essa máquina?”Seus pais, Nancy e Paul, tinham finalmente partido após a visita do

feriado, e Sandra precisava do efeito calmante do álcool. Os dois sempre chegavam com uma bomba, e a daquela noite fora inacreditável, mesmo para eles. Nancy e Paul não manteriam a promessa de pagar a faculdade de Katelyn, feita logo após o nascimento da neta. Durante o jantar, Nancy comentou despretensiosamente que não poderiam arcar com tal despesa.

– Sandra, pelo amor de Deus, eu revesti o balcão da minha cozinha com Corian. E eu merecia granito. E, bem, uma coisa levou a outra. Uma reforma de dez mil dólares, você sabe, acabou custando cem mil. Mas eu amei o resultado. Você também vai gostar.

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Katelyn, de repente à mercê de notas melhores, um desempenho atlético inigualável ou pais mais ricos, deixou a mesa em prantos e mur-murou para a mãe, longe do ouvido da avó:

– Odeio essa mulher.– Eu também, Katie – respondeu Sandra.– O quê? – perguntou Nancy.– Estou simplesmente respondendo a Katelyn que também a amo.Sandra agia como se nada tivesse acontecido, como as mães cos-

tumavam fazer de vez em quando. Mas, por dentro, estava destruí- da. Seu marido, Harper, saíra pouco antes do jantar para dar uma olhada em um refrigerador com defeito no Timberline, restaurante que os dois mantinham ao lado de casa.

“Todo santo dia, até no Natal, Harper consegue um motivo para ir para o trabalho.”

– Katelyn? – chamou, aproximando-se da estreita escada de madeira que levava aos quartos do segundo andar. – Você viu a máquina de expresso?

Não houve resposta.Sandra voltou à antiquada cozinha e tomou dois dedos de rum em

um copinho comprado na Disneylândia. Depois limpou a borda do copo para fazer parecer que não havia tomado nada. Aquilo, afinal de contas, não passava de remédio para ela.

“Bebo para acalmar os nervos. Só isso.”Na semana anterior ao Natal, Katelyn levara a máquina de expresso

várias vezes para o andar de cima, pois queria preparar cafés america-nos. E Sandra a repreendeu por isso.

– Não é higiênico, Katie. Nesta casa nós não levamos comida para o quarto.

Katelyn revirou os olhos ao responder à mãe.– Só mesmo uma dona de restaurante chamaria leite e açúcar de

“comida”, mãe.– Não exagere...

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– Tudo bem. Eu já entendi – disse a garota, depois de ponderar que seria inútil repetir que fora obrigada a tirar uma licença de manipula-ção de alimentos aos nove anos e que era capaz de recitar durante o sono a temperatura de cozimento de carnes e vegetais.

As luzes da cozinha piscaram, e os fusíveis estalaram.“Mais uma razão para odiar esta casa velha, mesmo com o banheiro

extra no andar de cima.”Sandra subiu a escadaria escura e entrou no corredor. Ouviu o som

de água correndo. Chamou pela filha e bateu na porta de seu quarto.Não houve resposta.Girou a maçaneta, e seu rosto foi atingido por um forte sopro de ar

gelado. Katelyn deixara a janela aberta. As luzes estavam apagadas. Sandra ligou e desligou o interruptor várias vezes até comprovar o ób-vio: a lâmpada do quarto queimara.

As luzes da casa do vizinho banhavam o chão de madeira.Balançando a cabeça diante da falta de cuidado da filha, Sandra

fechou a janela. Estava quase zero grau no interior do quarto. Levaria a noite inteira para ele ficar aquecido. Ela se perguntou como os adoles-centes conseguiam sobreviver até virar adultos.

– Katelyn Melissa, você vai pegar um resfriado!Passou pela cama ainda desfeita – a qual só ficava arrumada aos do-

mingos, quando ela própria, Sandra, trocava os lençóis. O jeans e o top preto de Katelyn, imitação de Marc Jacobs, estavam jogados no chão.

“Que bagunça!”A porta do banheiro estava entreaberta, e Sandra, ainda congelando,

empurrou-a; as velas aromáticas trepidaram.– O que você pensa que está fazendo? – perguntou em tom duro e

desafiador.Mas Katelyn não estava pensando em nada.A menina de quinze anos estava caída sobre a borda da velha banheira,

olhos e expressão vazios. A água pingava de seus longos cabelos.

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O instinto tomou conta de Sandra, que correu na direção da filha, escorregou no chão molhado e caiu. Ao alcançar a borda da banheira, gritou:

– Eu poderia ter quebrado o pescoço! O que está acontecendo com você?

Não houve resposta àquela pergunta idiota.Com o coração a mil e o rum atacando as paredes de seu estômago,

Sandra tentou se equilibrar à luz das velas. Sentiu gosto de sangue. Do seu próprio sangue. Cortara o lábio ao cair; e vários pingos vermelhos tin-giam o chão. Ela foi invadida por lágrimas, medo e pânico ao olhar para Katelyn sob a fraca iluminação. Sua filha estava sem vida. Era difícil enxergar com a luz apagada. Os cabelos castanho-escuros com mechas mais claras – feitas com um produto caseiro qualquer – de Katelyn caíam pela borda da banheira. Um dos braços estava retorcido, flácido. O outro, imerso na água quente.

– Katie. Katie. Katie! A cada repetição do nome da filha, a voz de Sandra se tornava mais

estridente. A terceira saiu como um grito, que provavelmente todos em Port Gamble escutaram.

Katelyn Melissa Berkley, de apenas quinze anos, estava morta.– Não pode ser – disse Sandra, as lágrimas rolando em seu rosto.Ela estava tonta. Enjoada. Apavorada. Queria chamar por Har-

per, mas sabia que ele havia saído. Estava sozinha na casa onde o inimaginável acontecera. Escorregou mais uma vez ao puxar Katelyn pelo ombro – pálido nos pontos em que o ar congelado o atingia, ro-sado naqueles em que a água quente da banheira o tocava. Dois tons. Como um morango mergulhado em uma calda de chocolate branco.

Katelyn adorava chocolate branco, embora Sandra insistisse que aquilo não tinha nada de chocolate.

– Minha querida, o que aconteceu? – perguntou Sandra, instintiva-mente desligando a água, que enchia a banheira devagar. – Me diz que você vai ficar bem!

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Em um primeiro momento, tudo o que Sandra ouviu foi um silêncio mortal. Depois, o som de algumas gotas caindo da velha torneira. Não houve resposta à sua pergunta. Não poderia haver. Nunca mais.

Sacudiu a filha violentamente em um reflexo que ela não experimen-tava desde o dia em que Katelyn, ainda pequena, mentira sobre algo tão desimportante que a mãe nem sequer se lembrava o que era.

Quando virou o corpo para procurar o telefone, Sandra Berkley no-tou que havia algo mais na banheira. Ela não conseguia enxergar di-reito. Estava muito escuro. Tentando vencer o véu de lágrimas, inclinou o corpo e afastou a espuma do sabão.

A pequena máquina de expresso.Seus olhos seguiram o fio do aparelho. Ele se enrolava e se erguia até

a tomada que havia ao lado da banheira, como uma cobra pronta para dar o bote.

Em cidades pequenas como Port Gamble, no estado de Washington, as notícias se espalhavam em altíssima velocidade. À velocidade 4G. Poucos instantes após os gritos angustiados de Sandra Berkley, os mo-radores começaram a se reunir em frente à grande casa vermelha com portas de madeira e janelas com molduras brancas. As luzes de Natal brancas, verdes e vermelhas brilhavam na atmosfera gélida da noite. Um forasteiro poderia achar que aquelas pessoas faziam parte de um coral natalino.

Port Gamble era esse tipo de lugar. Pelo menos, tentava ser.Uma sirene de ambulância se fez ouvir desde longe na estrada que

vinha de Kingston, seu som era cada vez mais alto.Que a adolescente estava morta, era de conhecimento de todos. Mas,

o que havia acontecido de fato, ninguém sabia.Alguém murmurou que Katelyn tinha caído na banheira e aberto

a cabeça. Outro sugeriu que a menina tinha “alguns problemas” e que tirara a própria vida.

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– Talvez tenha se matado, quem sabe? Os adolescentes fazem esse tipo de coisa hoje em dia. É uma espécie de apelo final por atenção.

– Não sei... Ela não parecia ser desse tipo.– É difícil saber o que se passa na cabeça de um adolescente.– É verdade, mas não acredito que ela fosse capaz de ferir a si mesma.As cenas de tragédia repentina revelam uma hierarquia macabra na

posição das pessoas. Próximas à porta, estavam aquelas que conheciam e amavam a menina morta: sua mãe, seu pai e um ou dois primos. Logo atrás, os amigos, o pastor da igreja e um representante da polícia, cha-mado para garantir a ordem. Depois, vinham conhecidos, vizinhos e curiosos, que se encontravam ali porque aquilo era mais interessante do que a reprise de Real Housewives.

Em outra época, Hayley e Taylor Ryan estariam mais perto da porta da casa dos Berkley. As gêmeas já não eram tão íntimas de Katelyn, mas haviam crescido juntas. Como costuma acontecer, o colégio as separou. O que antes era um trio perfeito se desfez por causa do ciúme e das fofocas bobas que transformam amigas em inimigas.

O que aconteceu entre elas poderia ser facilmente esquecido após o ensino médio. As meninas poderiam reatar a amizade, e tudo voltaria a ser como na época em que costumavam zombar das horríveis cami-setas de beisebol que Colton James usava todo santo dia.

– Só um idiota torceria para o Marines – disse Katelyn certa vez, en-carando Colton, que estava parado à sua frente com um ar desafiador, os pequenos braços cruzados sobre o peito magro, balançando a cabeça em defesa do próprio time.

Mas isso acontecera há milhões de anos. As crianças de Port Gamble haviam se transformado em adolescentes. Taylor e Hayley, ainda idênti-cas, tinham cabelos loiros, olhos azuis e espinhas ocasionais. Colton tro-cara as camisetas de beisebol por outras em tributo a bandas de rock dos anos oitenta e, agora, namorava Hayley. E Katelyn, bem, estava morta.

– Quando foi a última vez que você falou com ela? – perguntou Hay-ley, tentando entender o que tinha acontecido.

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Taylor afastou a franja irritante – que estava deixando crescer – e fez que não com a cabeça.

– Não sei. No mês passado, acho – disse, seu hálito quente gerando um vapor branco.

– Você acha que ela estava deprimida? Eu li em algum lugar que a taxa de suicídio aumenta muito na época do Natal.

Taylor balançou a cabeça.– Deprimida? Como é que eu vou saber?– Você tem um tino social melhor que o meu – respondeu Hayley.

– Estão dizendo que ela se matou porque estava chateada com alguma coisa.

– Katelyn ainda se cortava?Hayley pareceu surpresa.– Você também sabia disso?– Claro – respondeu Taylor, desejando ter tido a mesma ideia da irmã

e pegado luvas, pois seus dedos já estavam dormentes. – Todo mundo sabe. Dylan, aquele menino do segundo ano que tem a cabeça raspada e usa brinco, andou espalhando a notícia por aí na semana passada.

Hayley olhou para o chão.– Pensei que ela tivesse parado com isso – disse em um fio de voz.Taylor fez que não.– Eu me lembro de ouvir Katelyn dizer que gostava de se cortar, que

isso a fazia se sentir no controle.– No controle do quê? Isso não faz sentido – disse Hayley.– Sei lá. Isso ela nunca disse.A multidão se espremeu para abrir espaço para a maca. Coberta

dos pés à cabeça, ali estava a figura da menina morta. Algumas pessoas não aguentaram a cena e viraram o rosto. Era uma invasão. Triste. Não parecia certo olhar.

A ambulância partiu, lançando sua luz vermelha sobre os espectado-res. Não houve urgência. Não houve sirene. Nada. Simplesmente partiu em silêncio.

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A multidão se agitou um pouco, quando, instantes depois, a porta da casa se abriu, e surgiu a imponente figura da delegada de Port Gamble, Annie Garnett. Ela vestia uma saia de lã escura e uma jaqueta, e levava um cachecol de tricô enrolado no grosso pescoço. Os longos cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo. Com a voz ligeiramente trêmula, Garnett pediu a todos que voltassem para suas casas.

– Uma tragédia aconteceu aqui esta noite – disse ela, incapaz de mascarar suas emoções.

Annie era uma mulher grandona com mãos enormes, voz profunda e retumbante e uma preocupação especial com meninas problemáticas. A morte de Katelyn era dura para ela, sobretudo se fosse confirmado que ela se suicidara.

Hayley cutucou a irmã, que começara a chorar.– Melhor irmos para casa, Taylor.Naquele exato momento, o choque se transformou em angústia. Os

olhos de Hayley também se encheram de água, e ela ignorou o sinal avisando que recebera uma mensagem de texto de Colton, que estava fora da cidade e perdia a coisa mais emocionante que ocorrera em Port Gamble desde o terrível acidente de ônibus. As gêmeas deram uma olhada em volta à procura de rostos de amigos e vizinhos.

Hayley meteu a mão no bolso do casaco. Não encontrou nenhum lenço de papel. Secou as lágrimas com a luva. Estava mais frio do que nunca. O ar era cortante. Ela abraçou a irmã.

– Estou me sentindo mal – disse Taylor.– Eu também – respondeu Hayley, que, deixando a curiosidade se

sobrepor à tristeza, acrescentou: – Quero saber o que aconteceu com ela e por quê.

– Por que ela fez isso? O que você acha? – perguntou Taylor.– Fez o quê? – perguntou Hayley. – A gente ainda não sabe o que

aconteceu.– Só estou repetindo o que as pessoas estão falando – disse Taylor,

apontando para os demais.

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– Eu quero saber como... Quer dizer, como uma cafeteira foi parar dentro da banheira? Isso deve ser algo inédito.

Taylor concordou com um gesto, enxugando as lágrimas. Para ela, aquilo era um completo absurdo.

– Algum blogueiro cruel vai dizer que essa é a prova de que café não faz bem.

– E o título do post será: garota de port gamb le tem um f im

amargo .Os curiosos se prepararam para ir embora. Todos tremiam com o

ar frio da baía. Nenhum deles notou que alguém os observava. Alguém observava a todos eles. No meio da aglomeração, uma pessoa estava ado-rando a trágica cena que tomara conta de Port Gamble. Estava desfru-tando aquele triste momento até a última gota.

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Sobre o autor

Conhecido por seus relatos sobre os crimes que chocaram a sociedade americana, o aclamado autor de não ficção Gregg Olsen faz sua es-treia no universo infantojuvenil com Inveja – um livro baseado em fatos reais. Olsen usa um caso de cyberbulling ocorrido em 2006 no estado de Missouri como inspiração para a morte trágica de Katelyn Berkley.Olsen nasceu em Seattle, mas vive em Washington, com sua esposa, duas filhas gêmeas e seus animais de estimação – três galinhas, Milo (um obediente cocker spaniel) e Suri (um dachshund mimado).

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