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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU
CONHECENDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
O que é TDAH? Como lidar?
BIANCA SARKIS DIBE
Professora Orientadora: Narcisa Melo
RIO DE JANEIRO
2015
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU
CONHECENDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
O que é TDAH? Como lidar?
BIANCA SARKIS DIBE
Monografia apresentada ao Instituto A
Vez do Mestre como requisito parcial para obtenção do título de
especialista em Psicopedagogia.
Professora Orientadora: Narcisa Melo
RIO DE JANEIRO
2015
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AGRADECIMENTO
AGRADEÇO A DEUS POR TE ME DADO O DOM DA FORTALEZA E DA SABEDORIA.
E AO MEU MARIDO POR TER ME INCENTIVADO EM TODOS OS MOMENTOS.
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DEDICATÓRIA
DEDICO ESTE TRABALHO A DEUS QUE É ESSENCIAL EM MINHA VIDA, MEU VERDADEIRO GUIA.
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RESUMO
Alguns alunos sofrem sérios preconceitos para o resto da vida e uma das
causas deste mal e o total desconhecimento por parte dos docentes a cerca do
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, esse desconhecimento torna o
trabalho ainda mais difícil. O professor que possui um aluno com transtorno
deverá ter uma trabalho de sala de aula ainda mais organizado e inovador.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é uma das grandes
dificuldades do processo de ensino-aprendizagem e o mesmo, se faz evidente no
período escolar, pois, é o momento em que a criança precisa de um ganho de
concentração um pouco maior. É na escola onde se desconfia de um
comportamento mais agitado de uma criança e a partir dai que os pais são
sinalizados, mas, para que o diagnóstico seja feito de maneira adequada o
especialista deve ter um relato de pais e professores descrevendo o
comportamento da criança antes dos sete anos de idade e que continue pelo
menos com seis meses com estes diagnósticos.
Dentro de um ambiente familiar a criança com transtorno fica ainda mais evidente,
pois, pelo fato de não conseguir cumprir suas obrigações na maioria dos casos o
convívio familiar torna-se bastante complicado.
O tratamento de uma criança com TDAH exige diferentes e empenhados
esforços entre a família, profissionais da área médica e pedagógica. Acredita-se
que com os devidos tratamentos, muitos casos de repetência, evasão escolar,
depressão e distúrbios de comportamento podem ser evitados. A criança não
consegue mudar sem ajuda.
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METODOLOGIA
A razão desta pesquisa foi o meu interesse sobre as crianças com Transtorno
de Déficit de Atenção/Hiperatividade em sala de aula e a problemática sofrida por
alunos e professores envolvidos nesta questão.
A metodologia partiu da revisão bibliográfica em vários livros, sites da internet,
artigos de revistas especializadas no assunto e contou com a minha própria
vivência em turmas de alunos da educação infantil de escolas particulares.
Procurei através da observação direta e do próprio convívio com alunos e
professores, no meu ambiente de trabalho, entender o conhecimento que o
professor possuía sobre o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e de
que forma ele utilizava seu conhecimento em sala de aula. Os professores
conseguem claramente perceber quando o aluno possuía um comportamento
inadequado para sala de aula, mas, ao mesmo tempo, os educadores possuíam
total desinformação na forma de direcionar sua rotina de trabalho a fim de integrar
e não excluir estes alunos com transtorno.
Durante alguns anos, observei alunos “rotulados”, pais insatisfeitos, sem
orientações, e professores desesperados daí notei o tamanho despreparo
profissional dos educadores.
Sendo assim, este trabalho foi desenvolvido para auxiliar docentes diante do seu
grande desafio, um aluno TDAH, como também, os pais que também são
importantes agentes durante todo esse processo do ensino- aprendizagem.
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SUMÁRIO
Introdução-------------------------------------------------------------------------------------- 8
Capítulo 1 – Compreendendo o Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade-----------------------------------------------------------------------------------11
1.1- Transtorno do Déficit de Atenção-------------------------------------------------12
1.2- Desatenção-----------------------------------------------------------------------------13
1.3- Hiperatividade--------------------------------------------------------------------------14
1.4- Impulsividade---------------------------------------------------------------------------15
Capítulo 2- A menina com TDAH, Um diferencial?-----------------------------------17
2.1-Transtorno de Déficit de Atenção- Tipo Desatento-------------------------------18
2.2-Transtorno de Déficit de Atenção- Tipo Hiperativo/Impulsivo-----------------18
2.3-Transtorno de Déficit de Atenção- Tipo Combinado-----------------------------18
2.4-Transtorno de Déficit de Atenção- Tipo Não-Específico------------------------19
Capítulo 3- Os dilemas dos professores em sala de aula--------------------------20
3.1- A Importância do professor------------------------------------------------------------20
3.2- A formação do professor---------------------------------------------------------------22
3.3-O que fazer para ajudar a concentração do aluno-------------------------------22
Capítulo 4- Sugestões de conduta para a família-------------------------------------27
4.1- Garantir o afeto e cuidar da autoestima da criança-----------------------------31
4.2- O tratamento a partir da família------------------------------------------------------32
4.3- Intervenções psicopedagogia sobre o TDAH------------------------------------36
Conclusão--------------------------------------------------------------------------------------40
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INTRODUÇÃO
Este trabalho monográfico descreve o que significa Transtorno de Déficit de
Atenção / Hiperatividade e como se trabalhar com seus agentes que fazem parte
da vida da criança que apresenta este quadro, seja na família, na escola ou na
vida social como um todo.
O Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade é uma das grandes
dificuldades no processo de ensino-aprendizagem enfrentadas pelas escolas,
tendo em vista que nem sempre ocorrem revisões de conceitos e
aperfeiçoamentos por parte dos docentes. Com isso, alguns alunos sofrem
grandes preconceitos para o resto de sua vida.
Na verdade, esse preconceito é causado pelo total desconhecimento acerca
do Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade, bem como outros
redimensionamentos ou outros problemas individuais.
Sendo assim comecei este estudo relatando no primeiro capítulo, que o TDAH é
um transtorno de desenvolvimento do autocontrole que consiste não só em
problemas com os períodos de atenção, com o controle de impulsos e com o nível
de atividade, como também, não se trata apenas de estar desatento ou hiperativo.
O Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade é um transtorno real, um
problema real e frequente.
Como sabemos que as diferenças interpessoais, evolutivas e inclusive
culturais quanto a forma de manifestação dos variados sintomas dificultam
bastante uma definição única e geral do quadro sobre TDAH e fazem com que
muitas linhas de investigação não se considerem como um transtorno único,
resolvi descrever, no segundo capítulo, os subtipos e fatores a eles associados,
como também, aproveitar para desvendar uma dúvida muito comum que se refere
ao TDAH em meninas.
No capítulo seguinte, mostro aos educadores a necessidade de existir
processos pedagógicos adequados aos portadores de TDAH. Com isso se dá a
importância da formação profissional.
Conforme as ideias de Barkley (2002), o mais importante para o sucesso da
criança com TDAH na escola é o professor. Segundo ele, não é o nome do
programa escolar na qual a criança se encontra, nem a localização da escola,
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nem mesmo se a escola é pública ou particular, ou tamanho da classe. Antes de
tudo, está o professor, particularmente a experiência do professor sobre o TDAH
e a boa vontade para desempenhar esforços extras para entender a criança, para
que ela possa ter um ano escolar feliz e repleto de sucessos.
Muitas vezes, a escola é o principal ambiente onde inicialmente se
desconfia de um comportamento mais agitado de uma criança e, é partindo dessa
observação que os pais são sinalizados e orientados a procurarem um
especialista.
No Brasil temos poucas literaturas sobre o assunto na Pedagogia e isto se
dá por vários fatores: falta de pesquisas interdisciplinares que associem saúde e
educação, as poucas pesquisas relacionadas no âmbito da saúde não chegam
aos cursos de formação de professores, já que o paradigma da desmedicalização
tem sido responsável pelo fracasso escolar e pela omissão de todos os conteúdos
que envolvam a saúde no campo da educação.
Geralmente, na escola não se entende muito que seja um aluno que se tem
controle dos seus impulsos, ou quais as especificidades destes distúrbios e nem
existe um projeto diferenciado para se trabalhar com esse tipo de aluno. Estes
alunos acabam sendo rotulados como mal-educados e indisciplinados.
Durante a Graduação em Pedagogia estudei sobre os índices de evasão
escolar suas causas e consequências, dentre vários autores, podendo destacar
Magda Soares, Emília Ferreiro, Paulo Freire e outros. Aparecem então dois
problemas que ajudam a aumentar este índice. O primeiro é quando o professor
não entende que a criança tenha uma deficiência e simplesmente acredita que a
criança não tem jeito. O segundo é quando a escola sabe do problema do aluno,
porém não sabe como ajudá-lo a melhorar o rendimento em sala de aula.
Em ambos, a criança vai arcar com todas as consequências negativas da
desinformação profissional.
A proposta de uma ação didático pedagógica mais envolvente, que valorize
a afetividade, pode colaborar para a diminuição da evasão escolar, dos problemas
de aprendizagem e de comportamento social do aluno com Transtorno de Déficit
de Atenção/ Hiperatividade, embora o despreparo do educador possa inibir a
aprendizagem mais eficaz por parte do aluno com o Transtorno de Déficit de
Atenção/ Hiperatividade.
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O aluno é hiperativo! Tem esse comportamento não por indisciplina ou
porque é mal-educado, mas simplesmente porque seu corpo não consegue ficar
parado! O que fazer com essa criança, já que é tão grande o número de alunos
que não consegue acompanhar o ritmo escolar, pois na sala de aula estão
sempre a “mil por hora”!
Finalizando meus estudos, no último capitulo eu disponibilizei algumas
sugestões de conduta para a família, assim como, os tratamentos adequados,
tendo em vista que sem dúvida a criança com TDAH é muitas vezes um elemento
perturbador para a família. A família pode ser um meio de proteção, contenção e
apoio, mas também um elemento potencializador das dificuldades.
Sendo assim, este trabalho tem como objetivo, auxiliar pais e professores a
entender o que é o Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade, sabendo
avaliar e analisar comportamento dos filhos e/ou alunos.
Investigar os motivos que estão levando ao aluno a este tal comportamento
e pesquisar meios para facilitar o convívio deste aluno no ambiente escolar e/ou
familiar assim como a relação do mesmo como os colegas e professores e/ou
pais.
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1- COMPREENDENDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM
HIPERATIVIDADE
Desde a primeira descrição desde distúrbio de atenção, no inicio do século XX,
várias foram as denominações dadas: Lesão Cerebral Mínima, Disfunção
Cerebral Mínima, Síndrome da criança Hiperativa, Distúrbio Primário de Atenção
e, atualmente, Distúrbio do Déficit de Atenção com ou sem
Hiperatividade/Impulsividade.
Tipo de comportamento caracterizado pela falta de concentração, atenção e
agitação frequente, o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade,
geralmente, só fica evidente no período escolar, quando é necessário aumentar o
nível de concentração para aprender.
Ansiedade, inquietação, euforia e distração
frequentes podem significar mais do que uma fase na
vida de uma criança. Os exageros de conduta
diferenciam quem vive um momento atípico daqueles
que sofrem do Transtorno de Atenção com
Hiperatividade, doenças precoce e crônica que provoca
falhas nas funções do cérebro responsáveis pela
atenção e memória. (ANDRADE 2000,p.11)
No caso de criança, o Transtorno de Déficit de Atenção /Hiperatividade pode
aparecer desde da gravidez , quando o bebê se mexe além do normal, ou durante
o crescimento, no máximo até os sete anos de idade. Acredita-se que se a
pessoa não for tratada desde cedo à base de estimulantes, antidepressivos e
terapias, na fase adulta poderá ter sintomas de distração, falta de concentração e
deficiência na coordenação de ideias ainda mais acentuadas. (ANDRADE, 2000).
É difícil fazer o diagnóstico em crianças pequenas, pois sua atenção não é
muito exigida antes dos cinco anos e, nesta fase, o comportamento é bastante
instável.
O distúrbio começa a ficar evidente quando a criança ingressa na escola e são
os professores das primeiras séries os que primeiro observam o comportamento
diferenciado da criança.
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É nesse contexto que se percebe que os sintomas de distração, agitação e/ou
impulsividade são mais acentuados em algumas crianças do que em outras e que
este comportamento se apresenta em mais de um espaço social: escola, casa,
clube, pracinha... Estimula-se que cerca de 3% a 5% das crianças na idade
escolar apresentem Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. (ANDRADE,
2000).
A desatenção pode manifestar-se em trabalhos escolares, com falta de
atenção- as crianças começam a fazer uma tarefa, param no meio, começam
outra e não conseguem acabar nenhuma das duas – com falta de cuidado com os
trabalhos e trabalhos confusos.
Essas crianças se distraem com qualquer ruído, perdem a atenção e elas não
dão mais importância ao que estava fazendo, não ficam quietas, mexem-se na
cadeira, balançam as pernas enquanto estão sentadas, ficam mexendo no lápis,
levantam-se por qualquer motivo, o que pode ser confundido com indisciplina.
A intensidade do desconforto trazido
para a família pode ser manejada através
de formas específicas a lidar com essas
crianças. A criança com Transtorno de
Déficit de Atenção / Hiperatividade pode
dar tudo de si e deixar fluir sua criatividade
e entusiasmo inato se for corretamente
estimulada. (SILVA, 2003,p.53).
As crianças e adolescentes com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade têm vários problemas no âmbito familiar e também
escolar, apresentam mau desempenho , repetência, expulsões e suspensões
escolares dificuldade no relacionamento familiar e escolar, podem ter ansiedade,
depressão, baixa autoestima, má conduta, delinquência e uso de drogas. (SILVA,
2003).
1.1-Transtorno de Déficit de Atenção
Em 1994, o DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios
Mentais, quarta edição) elaborado pela Associação Psiquiátrica Americana trouxe
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à comunidade especializada novas descrições para o quadro do que é
considerado atualmente o transtorno psíquico infantil mais estudado.
Para se fazer um diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção /
Hiperatividade, o especialista deve ter um histórico de pais e escola, relatando o
comportamento da criança antes dos 7 anos de idade e que continue pelo menos
por seis meses com estes diagnósticos (DSM IV).
1.2- Desatenção
A desatenção pode manifestar-se em situações escolares, profissionais ou
sociais. Não prestam muita atenção em detalhes ou podem cometer erros por
falta de cuidados nos trabalhos escolares ou em outras tarefas. A atenção em
tarefas até mesmo lúdicas é bastante difícil, a falta de paciência para terminar a
atividade também é algo bastante aparente. Parece que sempre estão no “mundo
da lua”. Mudam de atividades constantemente, sem ter finalizado nenhuma das
anteriores. Os trabalhos que exigem atenção, geralmente, não são muito bem
recebidos. O sintoma mais evidente para efetuar do diagnóstico da criança com
transtorno é não conseguir-se manter-se concentrado em algo, pelo menor tempo
que seja.
Com o passar do tempo, a própria pessoa com Transtorno de Déficit de
Atenção/ Hiperatividade se irrita com seus lapsos de dispersão, pois eles acabam
gerando, além dos problemas de relacionamento interpessoal, grande dificuldade
de organização, gastam muito tempo e muito esforço para realizar suas tarefas
cotidianas. Segundo Silva (2003), muitas pessoas com Transtorno de Déficit de
Atenção /Hiperatividade descrevem períodos de profundo cansaço mental e às
vezes físico. Seu cérebro pode ser descrito como envolto em uma tempestade de
pensamentos que se sucedem incessantemente, dificultando a canalização para a
atenção.
Permanecer concentrado para uma
pessoa com Transtorno do Déficit de
Atenção/ Hiperatividade pode tornar-se um
desafio tão grande como para um atleta de
corrida com obstáculos que precisa
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transpor barreiras cada vez maiores até
chegar ao fim da pista. (SILVA,2003,p.20).
Se por um lado o adulto e a criança com Transtorno de Déficit de Atenção
/Hiperatividade têm profunda dificuldade em se concentrar em um determinado
assunto ou enfrentar situações de obrigatoriedade, por outro lado podem
apresentar-se hiper concentrados em determinados assuntos ou atividades que
despertem interesse espontâneo ou paixão impulsiva, como é o caso da criança
em jogos eletrônicos ou adultos com esportes, computadores ou leitura de
assuntos específicos. Em tais casos, a criança o a adulto com Transtorno de
Déficit de Atenção /Hiperatividade terão dificuldade em desviar sua atenção
(SILVA, 2003). “As características dos vídeo - games conseguem ativar o cérebro
de uma criança com Transtorno do Déficit de Atenção /Hiperatividade de tal forma
que atividades rotineiras e encadeadas não podem, pois não possuem as
características dinâmicas necessárias,” (SILVA, 2003,p.55).
1.3- Hiperatividade
A criança hiperativa é muito agitada. Às vezes chegam aos pulos, esbanjando
toda a energia contida dentro de si, mexem em vários objetos ao mesmo tempo e
não conseguem ficar por muitas horas em ambientes fechados. A hiperatividade
pode manifestar-se por inquietação ou remexer-se na cadeira, por não
permanecer sentado quando deveria, por correr ou subir excessivamente em
coisas quando isto é inapropriado, por dificuldade em brincar em silêncio em
atividades de lazer, por frequentemente parecer estar “a todo vapor” ou por falar
em excesso. A hiperatividade pode variar de acordo com a idade e nível de
desenvolvimento do indivíduo (devendo o diagnóstico ser feito com cautela em
crianças muito pequenas).
Os bebês e pré-escolares com esse transtorno diferem de crianças ativas, por
estarem constantemente irrequietos e envolvidos com tudo a sua volta. As
crianças com idade escolar exibem comportamentos similares, mas em geral com
menor frequência do que os bebês ou pré - escolares. Elas têm dificuldade para
permanecer sentadas, levantam com frequência e se remexem ou sentam-se na
beira da cadeira, como se prontas para se levantarem. Elas manuseiam objetos
inquietamente, batem as mãos e balançam as pernas e braços excessivamente.
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Com frequência se levantam da mesa durante as refeições, enquanto assistem
televisão ou fazem os deveres de casa; falam em excesso ou podem fazer ruídos
demasiados durante atividades tranquilas. Em adolescentes e adultos, os
sintomas da hiperatividade assumem a forma de sensação de inquietação e
dificuldade para envolver-se em atividades tranquilas e sedentárias. (DSM IV).
“Alguns não dormem à noite porque seu cérebro fica agitado a tal ponto que não
se consegue desliga.” (SILVA, 2003, p.27).
1.4- Impulsividade
A impulsividade manifesta-se como imprudência, dificuldade para protelar
respostas. Não esperam as perguntas acabarem para respondê-las. Não
conseguem aguardar sua vez e por várias vezes se intrometem nos assuntos de
outras pessoas. A pessoa impulsiva pratica ações perigosas, sem se preocupar
com as consequências, sem ter noção dos resultados de seus atos.
No transtorno de Déficit de Atenção
/Hiperatividade pequenas coisas podem
despertar-lhes grandes emoções e a força
dessas emoções é o combustível aditivado
de suas ações, porém através dessa
impulsividade haverá muita culpa, angústia
e cansaço. (SILVA, 2003,p.23).
Um impulso pode ocasionar grande sofrimento no cotidiano dessas pessoas.
Crianças costumam dizer o que lhes vem à cabeça. Envolvem-se em brincadeiras
perigosas, brincam de brigar com reações exageradas. Considerando que as
raras vezes a impulsividade aparece sozinha, é comum o surgimento do rótulo do
Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade, e com tantos rótulos
desagradáveis a autoestima da criança tende a diminuir.
Com a adolescência a impulsividade diminui, pois a pessoa terá aprendido a
diminuir riscos vitais, mas seu impulso verbal continua, principalmente em
situações em que estejam sob forte impacto ou sob forte pressão social. (SILVA,
2003).
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Para Silva (2003), o comportamento das crianças com Transtorno de Déficit
de Atenção / Hiperatividade, se não for compreendido e bem administrado por
eles próprios e pelas pessoas com que eles convivem, frequentemente poderá se
manifestar sob diferentes formas de agir com impulsividade, tais como:
agressividade, descontrole alimentar, uso de drogas, gastos demasiados, jogos,
tagarelice incontrolável e outros. Para um adulto com Transtorno de Déficit de
Atenção / Hiperatividade, aprender a controlar ou mesmo redirecionar seus
impulsos (para esportes, artes etc.) pode muitas vezes ser uma questão de vida
ou morte. “Os TDAHs têm um profundo amor à vida, tanto que passam a maior
parte do tempo buscando emoções, aventuras, projetos, amores, tudo para viver
mais intensamente...” (SILVA 2003)
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2- A MENINA COM TDAH, UM DIFERENCIAL?
A literatura mais antiga indicava a predominância do TDAH em meninos, mas
no ano de 1968 foi encontrada, por Paine, uma frequência de quatro meninos
para uma menina, e ainda neste mesmo ano, Werry encontrou uma frequência
bem mais distinta de 9:1. Já em 1997, não foi encontrada uma predominância
significativa do sexo masculino, pois, a taxa masculino/feminino foi de 1,7:1.
(ROHDE 2003).
Em estudos mais recentes, Rohde e outros colaboradores, também não
conseguiram identificar uma predominância dos casos de TDAH no sexo
masculino, em uma amostra populacional de adolescentes.
Alguns autores sugerem que o Transtorno de Déficit de Atenção em meninas
poderia compreender um quadro clínico mais grave e com maior
comprometimento funcional do que aqueles observados em meninos
(Golfeto,1997; Taylor,1991; Glow, 1981).
Em um estudo sobre a força do gênero do TDAH, Breen (1989) avaliou 39
crianças divididas igualmente entre meninas e meninos, crianças com e sem o
transtorno. Não encontrou diferenças comportamentais e cognitivas significativas
entre meninos e meninas com TDAH, embora as meninas com transtorno se
diferenciassem das sem transtorno. Nesse sentido, Goldstein (1998) afirma que a
prevalência do TDAH é de 3 a 5% para ambos os sexos.
Carlson e seus colaboradores (1997) enfatizam a escassez de estudos sobre
o TDAH em meninas, ainda mais se tratando de amostras clínicas que em muitos
casos, segundo ele são subestimadas. Enquanto estudos clínicos mostram uma
base de 9 para um , estudos populacionais mostram 2 para 1. Segundo Carlson,
essa proporção menor em meninas pode prevalecer pelo simples fato do
comportamento das mesmas não incomodarem tanto em casa ou na escola e,
portanto, dificilmente são encaminhadas para tratamento.
“Esses achados integrados no contexto dos estudos internacionais sugerem
fortemente que clínicos e pesquisadores possam dar mais atenção ao impacto do
transtorno não só em meninos, mas também nas meninas” (ROHDE, 2003,
p.148).
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Atualmente, há quatro tipos de Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade classificados, segundo SILVA (2003).
2.1- Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade- Tipo Desatento
Predomina a desatenção, os alunos apresentam dificuldade maior de
concentração, de organizar atividades, de seguir instruções, e podem saltar de
uma tarefa inacabada para outra, sem nunca terminar aquilo que começaram.
São pessoas que se distraem com facilidade e frequentemente esquecem o que
tinham para fazer ou onde colocaram seus pertences. Não conseguem também
prestar atenção em detalhes, demoram para iniciar as tarefas e cometem erros
por absoluto descuido e distração, o que pode prejudicar o processo de
aprendizagem e a atuação profissional.
Para estar caracterizada no tipo desatento a pessoa deve apresentar pelo
menos seis das seguintes características:
Não enxerga detalhes ou comete erros por falta de cuidado.
Dificuldade em manter a atenção.
Parece não ouvir.
Dificuldade em seguir instruções.
Evita ou não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado.
Frequentemente perde os objetos necessários para uma atividade.
Distrai-se com facilidade.
Esquece as atividades diárias.
2.2-Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade- Tipo hiperativo/impulsivo
Nos casos em que prevalece a hiperatividade, os portadores do distúrbio são
inquietos, agitados e falam muito. Dificilmente conseguem participar de atividades
sedentárias e manter silêncio durante as brincadeiras ou realização dos trabalhos.
Se é a impulsividade que se destaca os sinais mais marcantes são a impaciência,
o agir sem pensar, a dificuldade para ouvir as perguntas até o fim, a precipitação
para falar e a, intromissão nos assuntos, conversas e atividades alheias
É definido como hiperativo/ impulsivo se a pessoa apresentar pelo monos seis
das seguintes características:
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Inquietação, mexendo as mãos e os pés ou se remexendo na cadeira.
Dificuldade em permanecer sentada.
Corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente.
Dificuldade em engajar-se em uma atividade silenciosamente.
Fala excessivamente.
Responde as perguntas antes de elas serem formuladas.
Age como se fosse movida a motor.
Dificuldade em esperar sua vez.
Interrompe os outros e interrompe a si mesma.
2.3- Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade- Tipo combinado
É caracterizado pela pessoa que apresenta os dois conjuntos de critérios dos
tipos desatentos e hiperativo/impulsivo.
Normalmente o aluno Apresenta maior prejuízo no funcionamento global.
Quando comparado aos outros dois tipos é o que apresenta também maior
número de comorbidades.
2.4- Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade- Tipo não – específico
A pessoa apresenta algumas dificuldades, mas com números insuficientes de
sintomas para chegar a um diagnóstico completo. Esses sintomas, no entanto,
desequilibram a vida diária. O critério passa a ser então mais dimensional do que
quantitativo.
3- OS DILEMAS DOS PROFESSORES EM SALA DE AULA
Na literatura existem vários trabalhos sobre o como funciona um cérebro com
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, quais são os sintomas, as
consequências, os tratamentos médicos e os tratamentos paralelos que se podem
utilizar.
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Não se pode falar em Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade sem
remeter este assunto diretamente à escola. Geralmente é na escola que se
percebe o comportamento “a mais” do aluno, sua inquietação, a falta de
concentração, as brincadeiras com mais intensidade, que às vezes, acabam por
machucar a própria criança ou a um colega. (SILVA 2003). É o professor que fará
essa percepção, irá conversar com os pais para buscarem um diagnóstico clínico
e redirecionar seu trabalho para ajudar o aluno com o Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade.
O meu foco, neste momento, se dirige ao professor. Qual o conhecimento do
professor e como trabalhar o aluno com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade?
Por experiência própria, percebi que geralmente os professores e auxiliares de
ensino, conhecem o assunto superficialmente, ou seja, desconfiam que a criança
seja hiperativa, porém as técnicas que podem ser utilizadas em sala de aula nas
crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade são pouco
conhecidas.
3.1- A importância do Professor
Foi possível perceber com mais ênfase a diversidade entre os seres humanos,
como são diferente uns dos outros, logo uma criança apresenta diferentes
comportamentos conforme o ambiente e a situações em que se encontra. É
bastante comum queixas de um aluno realizadas apenas por um determinado
professor, ou seja, existem alunos que são agitados, inconscientemente, em
determinadas aulas e em outras apresentam um comportamento mais
interessado. Por outro lado, temos os alunos que são agitados em todos os
ambientes. Cabe ao professor analisar a causa da falta de atenção e o
comportamento inadequado do aluno. São várias as causas que podem gerar
esse tipo de comportamento, tais como: problemas familiares, socioeconômicos,
auditivos, visuais, falta de limites e neurológicos.
Entre os problemas neurológicos, o Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade deve ser tratado com atenção especial por educadores. O
professor é fundamental e determinante na vida de uma criança. É na escola que
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o professor vai observar sinais como agitação, dificuldade de assimilação, quando
a criança não consegue ficar parada por um período maior de tempo, se no
intervalo da aula a criança costuma se meter em brigas ou quase brinca sozinha e
outras situações em que se pode perceber o Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade. (ANDRADE, 2000).
Para Barkley (2002) o ingrediente mais importante para a criança na escola é o
professor. O professor poderá ajudar a excluir uma criança com Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade e diminuir sua autoestima, como ao contrário,
poderá perceber o dilema que essa criança vive e ajudar a tornar a sua vida mais
feliz.
“A hiperatividade só fica evidente no período quando é preciso aumentar o
nível de concentração para aprender.” (ANDRADE, 2000).
Indisciplina, agressividade, inquietação e mau humor são sintomas que podem
indicar problemas psicológicos de crianças, como no caso do Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Antes de apelar para conclusões precipitadas é preciso saber que a criança
com Transtorno não pode ser julgada como rebeldes, elas não se dão conta das
ordens que recebem. A rebeldia pode ser consequência do transtorno. A criança
desenvolve uma baixa autoestima que surgem quando elas notam que são
diferentes das demais ou estão em alguma posição diferente , quando, por
exemplo, são as únicas a não concluir alguma tarefa.
Os três fatores principais (agitação motora, impulsividade e falta de
concentração) que distinguem uma criança com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, devem ser constantes pelo menos seis meses seguidos.
(DSM IV) O professor deve relatar a família e pedir um diagnóstico especializado
que pode ser realizado por um psicopedagogo, neurologista ou psicólogo (SILVA
2003). “O diagnóstico clínico deve ser feito com base no histórico da criança”.
(ANDRADE, 2000).
22
3.2- A formação do Professor
O trabalho do professor em sala de aula é muito complexo. Lidar com uma sala
de aula não é tarefa fácil, afinal, manter mais de 30 crianças com a atenção
voltada ao quadro negro é um grande desafio. Mas o que fazer com uma criança
que não respeita regras básicas de disciplina e interfere no rendimento dos
colegas, como é o caso de algumas crianças com Transtorno do Déficit de
Atenção/Hiperatividade? Quando o professor desconhece o Transtorno do Déficit
de Atenção/Hiperatividade esse trabalho fica mais difícil.
Os princípios básicos da educação inclusiva devem ser os de deslocar o eixo
das dificuldades que uma criança apresenta para as suas potencialidades e a
escola precisa lidar com as diferenças, quaisquer que sejam de raça, gênero,
condições sociais e alterações orgânicas.
Os professores que possuem alunos com Transtorno do Déficit de
Atenção/Hiperatividade devem ter muita paciência e disponibilidade, precisam
perceber que os alunos são pessoas únicas e têm individualidades.
Alguns alunos têm mais facilidade no aprendizado, já outros são mais lentos e
o professor deve estar sensível a estas questões. Um elogio, um incentivo pode
ajudar a melhorar a autoestima do aluno.
É assim que nos pequenos gestos o educador fará a diferença. Mas ao mesmo
tempo, lhe exigirá um trabalho organizado e inovador.
Louzã Neto (2010) afirma que a formação adequada dos professores capacita-
os para lidar com os alunos TDAH.
3.3- O que fazer para ajudar a concentração do aluno
Dentre varias intervenções o professor deve proporcionar ao aluno com
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade atividades variadas que ocupem
a criança o maior período de tempo possível dando a ela a liberdade de escolha e
de movimentos. O trabalho livre e diversificado favorece a criança, que também
se mostra satisfeita na incumbência de realizar tarefas auxiliando o professor.
23
Uma sala de aula eficiente para a criança deve ser organizada e estruturada. A
estrutura supõe regras claras, um programa previsível. Os prêmios devem ser
coerentes e frequentes. Um programa de reforço baseado em ganho e perda
deve ser parte integral do trabalho da classe. A avaliação do professor deve ser
frequente e imediata. Interrupções e pequenos acidentes têm menores
consequências se ignorados. O material didático deve ser adequado à habilidade
da criança.
Estratégias cognitivas que facilitam a auto- correção assim como melhoram o
comportamento das tarefas, devem ser ensinadas. As tarefas devem variar, mas
continuar sendo interessantes para o aluno.
Os horários de transição, bem como os intervalos e reuniões especiais, devem
ser supervisionados. Pais e professores devem manter uma comunicação
frequente.
Os professores devem ter conhecimento do conflito incompetência x
desobediência, e aprender a discriminar entre os dois tipos de problema. É
preciso desenvolver um repertório de intervenções para poder atuar
eficientemente no ambiente da sala de aula de uma criança com TDAH. Essas
intervenções minimizam o impacto negativo do temperamento da criança. Um
segundo repertório de intervenções deve ser desenvolvido para educar e
melhorar as habilidades deficientes da criança com TDAH.
O trabalho do educador em sala de aula é bastante difícil e complexo, com os
projetos da educação inclusiva, foi depositada no professor a responsabilidade de
se adequar as crianças e adolescentes que nela vêm buscar educação e
escolarização.
O aluno com Transtorno de Déficit de Atenção necessita de uma série de
intervenções que o professor precisa utilizar em sua prática pedagógica para
melhor desempenho da aprendizagem do aluno.
Algumas experiências já realizadas apontam algumas intervenções que o
professor pode utilizar em sala de aula com os alunos portadores, tais como:
24
Evite colocar alunos nos cantos da sala, onde a reverberação do som é maior.
Eles devem ficar nas primeiras carteiras das fileiras do centro da classe, e de
costas para ela;
Faça com que a rotina da classe seja clara e previsível, crianças com Transtorno
de Déficit de Atenção/Hiperatividade têm dificuldade de se ajustar a mudanças de
rotina;
Afaste-as de portas e janelas para evitar que se distraiam com outros estímulos;
Deixe-as perto de fonte de luz para que possam enxergar bem;
Não fale de costas, mantenha sempre um contato visual;
Intercale atividades de alto e baixo interesse durante o dia, em vez de concentrar
o mesmo tipo de tarefa em um só período;
Repita ordens e instruções; faça frases curtas e peça ao aluno para repeti-las,
certificando-se de que ele entendeu;
Procure dar supervisão adicional aproveitando intervalos entre aulas ou durante
tarefas longas e reuniões;
Permita movimentos na sala de aula. Peça a criança para buscar materiais,
apagar o quadro, recolher trabalhos. Assim ela pode sair da sala quando estiver
mais agitada e recuperar o autocontrole;
Esteja sempre em contato com os pais: anote no caderno do aluno as tarefas
escolares, mande bilhetes diários ou semanais e peça aos responsáveis que
leiam as anotações;
O aluno deve ter reforços positivos quando for bem sucedido. Isso ajuda a elevar
sua autoestima. Procure elogiar ou incentivar o que aquele aluno tem de bom e
de valioso;
Crianças hiperativas produzem melhor em salas de aula pequenas. Um professor
para cada oito alunos é indicado;
Coloque a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do
professor na parte de fora do grupo;
Proporcione um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de
maneira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma
atitude;
Nunca provoque constrangimento ou menospreze o aluno;
25
Proporcione trabalhos de aprendizagem em grupos pequenos e favoreça
oportunidades sociais. Grande parte das crianças com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade consegue melhores resultados acadêmicos,
comportamentais e sociais quando estão no meio de grupos pequenos;
Adapte suas experiências quanto à criança, levando em consideração as
deficiências e inabilidades decorrentes do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade. Por exemplo: se o aluno tem um tempo de atenção muito
curto, não espere que se concentre em apenas uma tarefa durante todo o período
de aula;
Proporcione exercícios de consciência e treinamento de hábitos sociais da
comunidade. Avaliação frequente sobre o impacto do comportamento da criança e
sobre os outros ajuda muito;
Coloque limites claros e objetivos; mantenha uma atitude disciplinar equilibrada e
proporcione avaliação frequente, com sugestões concretas e que ajudem a
desenvolver um comportamento adequado;
Desenvolva um repertorio de atividades físicas para a turma toda, como
exercícios de alongamento ou isométricos;
Repare se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso pode
ser um sinal de dificuldades: de coordenação ou audição, que exige uma
intervenção adicional.
Desenvolva métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão,
tato) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade;
Reconheça os limites da sua tolerância e modifique o programa da criança com
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade até o ponto de se sentir
confortável. O fato de fazer mais do que realmente quer fazer, traz ressentimento
e frustração.
Permaneça em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da escola.
A conscientização do professor sobre seu papel sócio político é condição
fundamental para que se possa atuar construtiva e positivamente no processo
ensino-aprendizagem.
26
A atuação do professor, apesar de comprometida com a escola var depender de
sua eficácia e de sua motivação para viabilizar o processo educativo, enfrentando
as adversidades que o trabalho lhe impõe.
É necessário que o professor tenha uma formação voltada também para a
educação especial. Com esta formação será possível que professores de alunos
com transtorno possam utilizar o conhecimento obtido em sua prática pedagógica,
estará familiarizando com as estratégias e consequentemente poderá auxiliar as
dificuldades do aluno. Acompanhando as transformações ocorridas na área da
Educação, tornará a vida destes alunos melhor.
27
4- SUGESTÕES DE CONDUTA PARA A FAMÍLIA
Programas de treinamento para pais de crianças com TDAH frequentemente
começam com ampla divulgação de informações. Existe uma grande quantidade
de livros e vídeos disponíveis com dados a respeito do transtorno em si e
estratégias que podem ser usadas por familiares.
A criança com TDAH, costuma ser mais vulnerável que as outras aos efeitos
negativos que o entorno familiar pode causar. Normalmente dentro das
disfunções familiares ou até mesmo das brigas de casal, os pais acabam,
consciente ou inconscientemente, desviando a atenção do seu problema para “o
problema do filho”.
O membro da família que tem TDAH, muitas vezes não consegue cumprir com
todas suas obrigações, o que na maioria dos casos torna o convívio familiar bem
complicado. Diante disso, a família se irrita pelo que parece ser um problema de
atitude, mais dependente da vontade do que de problemas neurológicos
atribuíveis ao TDAH. Frequentemente vive de castigo, o que o torna ainda mais
desafiante, menos cooperador e mais isolado da família.
Quando a criança vai se transformando em “o problema” , as relações só
tendem a piorar, pois a criança é muitas vezes culpada por tudo o que acontece
de negativo e por todos os conflitos familiares. Supõe-se que está em suas mãos
(em sua vontade) mudar, mas não muda porque não quer.
O discurso que a criança escuta diariamente é que deve mudar. Pois se
perguntam por que a criança age assim, ela responderá que não sabe por quê. E
isso é verdade.
É muito difícil a criança mudar sem ajuda, assim como é difícil mudar o sistema
familiar, ordenado e estabilizado durante muito tempo em torno dessa “criança-
problema”, que serve para esconder outros conflitos familiares.
Hallowell e Ratey (1995) oferecem uma lista de 25 sugestões de conduta para
o interior da família.
Em primeiro lugar é imprescindível um bom diagnóstico. É ponto de partida de
qualquer tratamento.
28
Educar a família. O ideal é que toda a família aprenda sobre o TDAH. Muitos
problemas são solucionados quando a família compreende do que se trata. Todas
as perguntas devem ser respondidas.
A família deve mudar sua narrativa, seu discurso sobre o membro com TDAH. É
preciso rever a profecia auto cumprida. Independentemente dos problemas, a
criança com TDAH também tem características positivas. Destacá-las, mudar o
discurso é o foco do negativo para o positivo pode contribuir para desenvolver
esses aspectos ocultos: quem sabe bom humor, criatividade, energia, etc. A
família, mais do que ninguém, pode contribuir para resgatar esse potencial
positivo da criança com TDAH.
Deixar claro que o TDAH não é culpa de ninguém. Não têm culpa os pais, nem os
irmãos, nem a pessoa que sofre dele. Isso deve ser aceito por todos, pondo fim a
crença de que só é uma desculpa para condutas irresponsáveis ou preguiça. Se
for assim, o tratamento não terá efeito algum.
Basicamente, deverá ser aceito que o TDAH é um assunto de família, não de
apenas um de seus membros. Diferentemente de outros problemas médicos, o
TDAH afeta a família no cotidiano. O fato de todos se sentirem parte do problema
fará com que todos se comprometam com sua solução.
Cuidar do equilíbrio da atenção. O fato de um irmão apresentar TDAH faz com
que a atenção da família se concentre em torno dele, em detrimento dos outros
irmãos. Isto acontece apesar de a atenção poder ser negativa, ou seja, atraída
pelas condutas disruptivas da criança ou do adolescente. Tal pode acarretar
ressentimentos entre os irmãos. É preciso cuidar para que a pessoa com TDAH
não concentre sobre si os cuidados e as preocupações da família, dominando a
cena, controlando o que se faz e o que não se faz.
Tentar evitar a briga, o conflito. Seja porque o problema ainda não foi
diagnosticado ou, se o foi, porque ainda não foi tratado, sempre ocorre de a
criança ficar enfrentando o resto da família, ou o marido enfrentando a esposa.
Assim como o dano e a incapacidade podem definir a família do alcoólatra, da
mesma maneira o enfrentamento e a briga podem consumir as energias da
família com TDAH.
Uma vez em que o diagnostico foi feito é que a família compreende o que é o
quadro, sugere-se reunir seus membros para negociar qual é o papel de cada um
29
nesta situação em que todos estão comprometidos. Seja como for, é bom que a
família adote o habito de negociar, mais do que de lutar entre si. Deve-se
explicitar os termos da negociação, e inclusive é aconselhável escrevê-los, que
cada um indique explicitamente qual será sua participação, seu aporte e também
quais seriam as consequências para cada um no caso de não se cumprir os
acordos.
Se a negociação fracassar, deve-se considerar a participação de um terapeuta
familiar que escute cada um e consiga um consenso entre as diferentes posições,
em especial quando se trata de família com estilos de relação muito violentos ou
explosivos.
Dentro do contexto de terapia familiar, aplicar técnicas e interpretações de papéis
pode ser útil para que cada um mostre o que vê no outro e, por sua vez, saiba
como os outros o vêem. Considerando que as pessoas com TDAH são
observadores pouco competentes , verem-se através da maneira como os outros
as vêem pode ser muito útil para tentar mudanças.
Se o conflito não pode ser evitado, o aconselhável é retirar-se , já que uma vez
que ele foi produzido, não é possível sair. O ideal é não entrar nele; manter-se à
margem.
Dar a cada um a possibilidade de ser escutado, em especial aos que falam
menos.
Romper, interromper os processos negativos e transformá-los em positivos.
Incentivar cada vez que ocorre algo nessa direção, dirigir cada um para metas
possíveis, em vez de crer que as situações e os problemas são inevitáveis. Uma
das tarefas mais difíceis da família com TDAH é assumir quer todos podem fazer
algo para reverter a situação
(que não só o afetado deve mudar).
Esclarecer, tantas vezes quanto for necessário, o que se espera de cada um,
quais são as regras e as normais e quais as consequências acarreta transgredi-
las.
A estabilidade e a confiança no amor dos pais são fundamentais. O filho com
TDAH os desafia constantemente, mas o amor não pode flutuar em relação a
isso; se ele é amado quando se porta bem e odiado quando se porta mal, o
sistema familiar torna-se turbulento e imprevisível.
30
Os pais devem apresentar-se em comum acordo com a conduta a ser adotada
com os filhos, independentemente das diferenças que eles possam ter. A
consistência apoia qualquer manejo do TDAH.
Não manter a criança afastada da família ampliada. Esta também pode ajudar no
tratamento. Muitas vezes, por temor que a criança “não se porte bem”, ela é
privada de participar de atividades e rituais familiares, que têm grande significado
para seu desenvolvimento emocional.
Determinar áreas de problemas. Áreas clássicas de problemas são, por exemplo,
os horários. Convém determinar com precisão quais são as características
especificas do problema, para em seguida, cada um se aproximar do tema de
forma construtiva, negociar com cada um como pode fazê-lo menor, escutar
sugestões.
Fazer reuniões do tipo tempestade de ideias para que cada um exponha suas
ideias de que modo pode-se melhorar o sistema. Tentar conseguir que a família
funcione como uma equipe.
Utilizar o feedback proporcionando por fontes externas a família , tais como
professores , parentes, amigos, outras crianças, etc. Provavelmente, se alguém
não quiser escutar os membros de sua família , pode estar interessado em fazê-lo
se a informação vier de fora.
Considerar o TDAH como uma condição de normalidade na família, tão normal e
aceitável como outras condições que talvez também, interfiram no funcionamento
normal das rotinas familiares. Embora isso possa ser muito difícil, especialmente
em momentos de crise, tente fazê-lo.
O TDAH pode desgastar uma família, colocar uns contra os outros. Os
tratamentos não são eficazes de imediato e o fundamental pode ser justamente a
persistência no reforço e na manutenção de um certo “senso de humor”. É de se
esperar que passem às vezes períodos mais ou menos longos e que não se
percebem mudanças, mas nem assim se deve abandonar o esforço.
O TDAH não pode ser abordado de forma individual. Deve-se buscar ajuda e
apoio profissional, envolvendo a maior quantidade possível de redes relacionadas
com o tema: pediatras, escola, amigos, grupos de pais, etc.
Dar atenção aos limites e ao controle excessivo na família. A clareza e
consistência das normas não implicam excesso de controle. Cada um deve se
31
sentir parte, mas ao mesmo tempo também é uma pessoa, um indivíduo,
independentemente do sistema familiar. As atitudes muito controladoras
provocam por si só rebeldia e interferem no desenvolvimento individual, além dos
limites do sistema familiar.
Manter a esperança. É bom deixar espaço para escutar os sofrimentos e os
problemas de cada um, mas também é preciso ser capaz de estimular a reação
positiva para que se possa seguir adiante.
4.1- Garantir o afeto e cuidar da autoestima da criança
Todas as pessoas gostam de ser amadas e aceitas por seus pais, amigos e
familiares. Este desejo deve ser entendido de forma positiva, para apoiar cada
um, mas ao mesmo tempo, é tão potente que também pode ser utilizado para
prejudicar ou acabar com a confiança em si próprio e nos demais.
É preciso que a família aceite o desafio de mudança para que ela faça uso do
seu poder de curar. Todos os grupos, em especial as famílias, sentem-se
ameaçados diante de uma mudança em sua situação atual, não importa até que
ponto seja bom ou mau esse estado. Quando uma pessoa com TDAH, que mudar
é preciso que toda a família mude com ela e, isso não é uma tarefa fácil, pois,
exige muito trabalho, estímulo, reforço e apoio.
Neste sentido recomenda-se manter uma relação familiar estimulante, tranquila
e acolhedora, focando mais nos aspectos positivos da relação do que nos
conflitos. Da mesma maneira, concentra-se nos pontos fortes que a criança possa
ter, de modo a assegurar-lhe uma imagem pessoal e autoestima positivas.
Motivá-las para conseguir o desenvolvimento máximo de suas capacidades.
Transmitir-lhe confiança em si, utilizando expressões motivadoras, tais como:
“você pode!”, “vá em frente!”, “você é capaz de vencer esse desafio!”. Isso não
implica em negar a dificuldade do desafio e sim, transmitir um sentimento de
confiança sua competência para enfrentar desafios.
É importante não se conformar com os pontos fracos da criança, sem
desenvolver uma perspectiva integral do indivíduo, tendo também presentes sua
32
virtude, pontos fortes. Como diante de qualquer problema que se deva enfrentar,
é indispensável ter à vista não só as fragilidades e limitações, mas também os
pontos fortes do sistema. A partir dos pontos fortes, começa-se a concluir uma
solução.
Em famílias com climas afetuosos, estímulos adequados, organização clara e
meios econômicos suficientes as situações cotidianas favorecem vínculos
positivos e fortalecedores dos recursos. As pessoas constroem subjetividade
confirmatória. Em contra partida, em contextos adversos, os conflitos secundários
ficam mais complexos e podem facilitar o aparecimento de outros transtornos
importantes.
Não deve-se permitir que as dificuldades façam com que a maioria das
interações com a criança sejam negativas , marcadas por castigos ou críticas.
4.2- O tratamento a partir da família
O tratamento do TDAH é tão controverso quanto ao seu diagnóstico. Inúmeras
modalidades foram propostas nas últimas décadas, tais como medicamentos
psicotrópicos (incluindo psicoestimulantes, antidepressivos e etc.), intervenções
psicossociais incluindo psicoterapia, terapia cognitivo-comportamental,
treinamento dos pais, técnica de soluções de problemas ,etc. intervenções
pedagógicas, manejo da dieta, homeopatia, medicação, treinamento/ estimulação
da percepção e suplementos de vitaminas.
Dessas estratégias medicamentos e as intervenções psicossociais têm sido
objeto da maioria das pesquisas e é o que realmente apresenta evolução do
quadro. O tratamento de crianças com TDAH exige um esforço coordenado entre
os profissionais das áreas médica, de saúde mental e pedagógica, em conjunto
com os pais.
O melhor tratamento, nem sempre envolve
medicamentos, existem outros caminhos
que antecedem a esse. Pode envolver:
uma terapia onde a criança aprenderá a se
reposicionar diante de suas dificuldades e
33
descobrir outras formas de lidar com o que
ela tem de melhor e não apenas com o que
lhe falta, um acompanhamento
psicopedagógico pode ajudar a criança e o
jovem a criar outras estratégias de
aprender a estudar. (HADDAD, 2013,
P.31).
Esta combinação de tratamentos oferecidos por diversas fontes é
denominada de intervenção multidisciplinar. Um tratamento com esse tipo de
abordagem inclui:
treinamento dos pais quanto a verdadeira natureza do TDAH e em
desenvolvimento de estratégias de controle efetivo do comportamento;
um programa pedagógico adequado;
aconselhamento individual e familiar, quando necessário, para evitar o
aumento de conflitos na família;
uso de medicações quando necessário.
O tratamento deve conter pelo menos, três modalidades de intervenções:
psico-educação, recursos psicofarmacológicos, e abordagens psico-sócio
educacionais, além do tratamento da condição comórbida.
Psico-educação:
Esse deve ser sempre, na ordem de execução, o 1º recurso a ser utilizado. O
paciente e seus familiares devem receber informações claras sobre o assunto,
sua natureza e tratamento adequado. A instrução do paciente e de sua família
com respeito a natureza do TDAH e da sua etiologia costuma trazer grande alivio
da culpa que essas pessoas carregam por anos consecutivos. Sempre que
possível, fornecer material para leitura e estimular a compreensão das questões
relacionadas com o transtorno. Esclarecimento detalhado sobre o tratamento,
incluindo efeitos desejáveis ou indesejáveis dos medicamentos, não devem ser
esquecidos. Convém ressaltar que tratamentos breves raramente dão resultados,
uma vez que o TDAH é um distúrbio que data de anos, desde a infância do
34
paciente. É da maior importância estimular a participação ativa do paciente no
desenrolar do tratamento, pesquisando sobre o assunto, apoiando sobre o próprio
tratamento, ligando-se ativamente a grupos, etc.
Tratamento farmacológico:
A ação farmacológica dos estimulantes ocorre principalmente através do
bloqueio da receptação dos neurotransmissores dopamina e norepinefrina dos
neurônios pré- sináptico e do aumento da liberação das monoaminas nas fendas
sinápticas. Esta ação decorre da ligação dos estimulantes à proteína
transportadora de dopamina, a qual recupera a dopamina presente na sinapse e a
devolve ao citoplasma neuronial. Portanto, a inibição desta proteína resulta numa
maior quantidade de dopamina disponível nas fendas sinápticas para exercer sua
função neurotransmissora. Um modelo teórico propõe que os estimulantes
ampliam as influencia inibidoras da atividade do córtex frontal sobre estrutura
cerebrais inferiores (núcleos da base) por meio de efeitos agonistas diretos da
dopamina.
O uso dos estimulantes tem como efeitos clínicos a inibição do comportamento
e redução dos sintomas predominantes de hiperatividade, impulsividade e
desatenção.
A cafeína foi sugerida como substituta ou adjuvante dos estimulantes para o
tratamento do TDAH, porém a maioria dos estudos concluiu que ela não tem um
efeito terapêutico significativo em crianças com TDAH. Os estudos fisiológicos e
comportamentais sugerem que a cafeína e a anfetamina exercem farmacológicos
distintos.
Abordagens psicoterápicas:
Além da intervenção medicamentosa, outras medidas são de especial
importância.
Terapia comportamental. São úteis certas estratégias de conduta como o uso
de agendas de notas, lembretes, adesivos, diários, etc. Estabelecer uma pessoa
de confiança como uma espécie de “tutor” ajuda muito. Diversas outras
35
estratégias podem ser estabelecidas entre o terapeuta e seu paciente, de acordo
com as dificuldades predominantes em cada caso.
Psicoterapia. Quando a autoestima do paciente já foi prejudicada pela
sequência de fracassos, pelas experiências vividas de rejeição e pela falta de
respostas ambientais satisfatória que comumente ocorrem, uma psicoterapia é
necessária enfocando principalmente os danos a si mesmo.
Grupos de ajuda mútua. A participação em grupos de ajuda mutua contribui
para reparar o dano a autoestima ao proporcionar a oportunidade para a vivencia
de uma generalidade salutar, ou seja, encontrar outros com iguais dificuldade
constitui, muitas vezes, uma vivência de inigualável impacto restaurador para si
mesmo.
Finalmente, cabe assinalar que toda a pessoa com TDAH possui, como
qualquer ser humano, traços positivos de personalidade e que é parte
fundamental do tratamento reconhecer e acentuar essas qualidades.
A melhor de ver o tratamento farmacológico do TDAH é como parte de uma
abordagem multimodal, que inclui a orientação, aconselhamento, manejo do
comportamento e trabalho familiar além da medicação.
Para Louzã Neto (2010), durante o tratamento psicopedagógico os pais e a escola
são orientados, fazendo-se necessário relembrar os compromissos que eles têm
com a criança portadora do TDAH, pois acima de qualquer tratamento, elas
precisam de um ambiente estruturado e um controle externo para que possam se
desenvolver adequadamente.
36
4.3- Intervenções psicopedagogia sobre o TDAH
Dentro de um grupo de alunos com TDAH é importante estabelecer objetivos
possíveis a serem alcançados.
Segundo Rief (2010), é necessário modificar vários aspectos no processo de
ensino-aprendizagem do aluno com TDAH, como por exemplo, o meio ambiente,
a estrutura da aula, os métodos de ensino, materiais utilizados, as tarefas
solicitadas, as provas, o tempo despendido, o tamanho e a quantidade das
tarefas.
O professor de um aluno com TDAH deve ser capaz de fazer uma reflexão
constante a respeito de sua atuação em sala de aula pois, ele deve manter uma
constante flexibilização para adaptar seu ensino ao estilo de aprendizagem do
aluno, atendendo as suas necessidades educacionais individuais .
É importante que essas intervenções com as crianças se iniciem, o quanto antes,
na idade da pré-escola, já que esse é um transtorno de início precoce. Haddad
(2013) diz que o quanto mais cedo se intervêm mediante a capacitação dos pais e
professores trabalhando juntos, cada um em sua função, conseguirão alcançar o
sucesso. Acreditam que agindo assim, o portador de TDAH terá habilidade
acadêmica dentro da média e aceitação por parte dos colegas.
Rief (2010) relata algumas estratégias eficazes de manejo dos sintomas do
TDAH no ambiente escolar. Segundo ele, os objetivos devem cumprir os
princípios da interação e da individualização, apontando assim objetivos que
sejam comuns a todos e outros mais individualizados sempre considerando as
possibilidades e as necessidades de cada aluno.
Os conteúdos deverão incluir não apenas os conteúdos relativos a aquisição
dos conceitos, princípios ou fatos, mas de procedimentos, normas, valores ou
atitudes. A carga dos conteúdos do tipo mais “acadêmico”, no currículo escolar,
negligencia as áreas mais importantes do desenvolvimento e contribui para o
aumento de alunos com problemas de aprendizagem. Deve-se visar o
desenvolvimento global do aluno abrangendo todas as áreas do desenvolvimento
humano e não só a parte cognitiva.
37
A metodologia deverá favorecer a atividade do aluno preparando o trabalho de
forma simples, estruturada e com o maior número de instruções possíveis.
O processo avaliativo tem que ser concentrado exclusivamente no aluno para
medir se ele alcançou ou não os objetivos propostos. A avaliação não deve ser
feita só com o aluno, deve-se avaliar todo o contexto educacional no qual se
desenvolve o processo de ensino- aprendizagem. É importante que o professor
não deixe a sua avaliação centrar apenas no trabalho escrito pois, ele também
poderá fazer a verificação de aprendizagem também de forma oral.
Os fatores existentes no meio ambiente são determinantes para a variação do
desempenho escolar dos alunos, até mesmo daqueles bem sucedidos
academicamente. Os alunos com TDAH, necessitam ainda mais que essa
organização externa seja bem definida. Não se trata de uma sala de aula rígida,
tradicional e sim de uma sala, ativa, colorida, estimulante e criativa.
Para Teixeira (2011), crianças com TDAH, têm dificuldade de organização e
seguir rotinas, por isso seus pais e professores tem o dever de ajudá-las. Uma
orientação é ensiná-las a separar as atividades, pois ajuda na realização das
tarefas, tornando-as menos cansativas.
O autor ainda apresenta algumas dicas para pais e professores fazerem uso em
casa e na escola. Em casa ajustarem um horário fixo para estudo ajuda na
organização e estabelece uma rotina, um lugar silencioso, contendo poucos
objetos de distração faz com que a criança se concentre mais.
Em sala de aula, complementa o autor, a rotina também é importante,
facilitando o entendimento e a aprendizagem. Uma dica é colocar o aluno sentado
na frente da sala de aula para auxiliar em sua concentração, ensinar os
conteúdos mais complexos no início das aulas, por terem mais chances de serem
assimilados; permitir que a criança tenham um tempo maior para fazer os
exercícios, também contribui para alcançar os objetivos traçados pelo professor.
É importante que o professor disponibilize pela sala alguns cartazes de
orientação, assim como esteja a todo o momento, circulando pelas carteias,
usando a proximidade física para controlar a disciplina ou o foco de atenção.
38
Para Teixeira (2011), existe uma série de princípios de intervenção para o manejo
de situações específicas, decorrentes do TDAH que podem ser usadas
separadamente ou associados. O objetivo final é o desenvolvimento adequado na
estruturação das tarefas.
Princípios de intervenção para atividade motora excessiva (hiperatividade):
Não tentar reduzir a atividade, mas intermediar até que possa ficar dentro
de condições aceitáveis.
Encorajar movimentos dirigidos e não o comportamento diruptivo.
Permitir que o aluno se levante da carteira, especialmente no final da
tarefa.
Usar a atividade como uma recompensa
Dar recompensa para a tarefa desempenhada (apagar o quadro, sentar
na carteira do professor...) como um reforço por sua melhora.
Usar respostas ativas nas instruções
Usar atividades de ensino que estimulem respostas ativas (falar, mover-
se, organizar, trabalhar no quadro)
Encorajar diariamente a linguagem escrita, pintura, redação
Ensinar a criança fazer perguntas sobre o tema ou a matéria.
Princípios de intervenção para a impulsividade:
Dar ao aluno uma atividade que substitua a manifestação verbal ou
motora, para ele fazer enquanto espera ou em que seja possível
imaginar, ou planejar alho nesse meio - tempo
Instruir a criança em como realizar as tarefas mais fáceis ou fazer outra
tarefa enquanto espera a ajuda do professor
Antes de iniciar uma atividade, realçar com o aluno ou reescrever as
instruções com lápis coloridos, para ele ter clara as instruções e as
informações relevantes.
Estimular atividades com argila, organização de papeis, tomar água
enquanto espera as próximas instruções
Encorajá-lo a tomar nota (apenas das palavras chaves)
39
Quando a inabilidade para esperar manifestar-se a impaciência e
descontrole, retomar a liderança, mas não assumindo posições impulsivas
ou comportamentos agressivos
Sugerir/ reforçar meios alternativos , por exemplo, ler uma linha, contar
uma história
Para as crianças que interrompem, ensinar quando reconhecer as pausas
na conversação e como preservar e colocar suas ideias
Sugerir à criança o que fazer ante as dificuldades ou tarefas que
necessitam de mais controle
Instruir e reforçar rotinas sociais ( olá, obrigada, até logo, por favor).
Princípios de intervenção para a dificuldade em manter a atenção nas
atividades e tarefas rotineiras:
Diminuir o tempo das tarefas
Fazer a tarefa em pequenas partes para que possa ser completada em
diferentes tempos
Dar duas tarefas, e que a tarefa preferida possa ser completada depois da
tarefa menos preferida
Dar menos ortografia, problemas e matemática
Usar menos palavras para a explicação das tarefas. As instruções devem ser
verbais, concisas e globais
Usar mais a prática de tarefas dirigidas
Tonar as tarefas mais interessantes
Dar trabalhos em duplas ou em pequenos grupos
Alternar as tarefas de alto e baixo interesse
Usar retroprojetor durante a leitura
Deixar a criança sentada perto do professor
Trazer novidades, especialmente dentro das tarefas que consomem um tempo
mais prolongado
Fazer jogos de checagem do trabalho
Fazer jogos que utilizem materiais que levem ao aprendizado
40
Conclusão
Com a necessidade de entender melhor o transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade e auxiliar pais e professores no decorrer do desafio de
ensinar e lidar com portadores deste transtorno foi possível elaborar esta
monografia.
Geralmente alunos com Transtorno de Déficit de Atenção /Hiperatividade são
rotulados como mal-educados, rebeldes, a todo o momento são chamados a
atenção, o que gera uma baixa autoestima.
Para os professores ocasiona um dilema, alunos que vivem no mundo da lua,
agitados e alunos que têm maior rapidez acabam seus deveres primeiro,
tumultuando a turma, será que são rebeldes ou eles não conseguem conter seus
impulsos por conta de um distúrbio neurológico?
O professor percebe o comportamento “a mais” do aluno, pede aos pais uma
avaliação especializada e se depara com uma questão; como fazer uma ação
didática pedagógica que auxilie um aluno com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, vai depender da disponibilidade e capacitação do
professor, do colégio e das condições de trabalho que o colégio proporcione.
É necessário, portanto, para ajudarmos este aluno que na escola tenha um
acompanhamento especial com professores capacitados, já que não consegue
conter seus instintos, tumultuando a sala de aula, a vida dos colegas e
professores. Uma ação didática pedagógica é importante, visando estimular sua
autoestima, criando atividades diversificadas para que não haja um
comprometimento durante sua aprendizagem.
Inúmeros são os documentos que enfatizam com seriedade a questão da
inclusão social e a defesa dos direitos dessa população, a política de inclusão
para todos que vivemos no início deste século XXI, provavelmente irá se estender
por muitos e muitos anos e o fato dos professores compreenderem que precisam
se adaptar para trabalhar com esta população, já é um grande passo.
Neste sentido estaremos auxiliando a diminuir a exclusão escolar, percebendo
que o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade pode estar escondido em
rebeldias ou em pensamentos distantes. As pessoas com TDAH até podem saber
o que deve ser feito, mas não conseguem fazer aquilo que sabem devido à
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inabilidade de realmente poder parar de pensar antes de reagir, não importando o
ambiente ou a tarefa.
Acredita-se que, através de diagnóstico e tratamentos corretos, um grande
número de problemas, como repetência escolar e abandono dos estudos,
depressão, distúrbios de comportamentos, problemas vocacionais e de
relacionamentos pode ser adequadamente tratados ou, até mesmo, evitados.
As características do TDAH aparecem bem cedo para a maioria das pessoas,
logo na primeira infância. O distúrbio é caracterizado por comportamentos
crônicos, com duração de no mínimo seis meses, que se instalam definitivamente
antes dos sete anos.
Na idade escolar, crianças com TDAH apresentam uma maior probabilidade
de repetência, evasão escolar, baixo rendimento acadêmico e dificuldades
emocionais e de relacionamento social. Supõe-se que os sintomas do TDAH
sejam catalisadores, tornando as crianças vulneráveis ao fracasso nas duas áreas
mais importantes para um bom desenvolvimento – a escola e o relacionamento
com os colegas.
À medida que cresce o conhecimento médico, educacional, psicológico e da
comunidade a respeito dos sintomas e dos problemas ocasionais pelo TDAH, um
número cada vez maior de pessoas está sendo corretamente identificado,
diagnosticado e tratado. Mesmo assim, suspeita-se de um grupo significativo de
pessoas com TDAH ainda permanece não identificado ou com diagnóstico
incorreto. Seus problemas se intensificam e provocam situações muito difíceis no
confronto da vida normal.
O controle do comportamento é uma intervenção importante para crianças com
TDAH. O uso eficiente do reforço positivo combinado com punições num modelo
denominado “custo de resposta” tem sido uma maneira particularmente bem
sucedida de lidar com crianças portadoras do transtorno.
Aumenta a cada dia o reconhecimento da eficiência dos tratamentos na
redução dos sintomas imediatos apresentados por pessoas com TDAH não traz
resultados satisfatório ao longo prazo. Assim aumenta a consciência de que os
fatores que predispõe todas as crianças à uma vida bem sucedida são
especialmente importantes para as crianças que apresentam problemas
relacionados a distúrbios como o TDAH. Há uma maior aceitação de necessidade
de “equilibrar a balança” para as pessoas com TDAH.
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Portanto, os tratamentos são aplicados para permitir alívio dos sintomas enquanto
se trabalha no sentido de assistir a pessoa a construir uma vida bem sucedida. A
máxima “tornar as tarefas interessantes e fazer o pagamento valer a pena” parece
ser extremamente importante para as pessoas com TDAH.
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