Conhecer a Deus - O ESTANDARTE DE...

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Conhecer a Deus William Teixeira

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Conhecer a Deus © 2015 William Teixeira

Revisão Ortográfica por Camila Almeida

Capa por William Teixeira

2ª Edição: Outubro de 2015

As citações bíblicas usadas são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF

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Prefácio Comemorativo

Muito louvamos ao e nos alegramos no Senhor por nos conceder fazer esta que já é a

nossa quadringentésima publicação!

Realmente o nosso coração transborda de alegria e gratidão ao Senhor, nosso Deus, por

nos proporcionar este momento tão especial, singular e deleitoso para nós. Também

aproveitamos a oportunidade para agradecer muitíssimo a cada uma das muitas pessoas

que estiveram conosco e que nos ajudaram de forma direta e indireta nestes últimos quase

dois anos. “Agora, pois, ó Deus nosso, graças Te damos, e louvamos o nome da Tua glória".

Há alguns dias estivemos conversando sobre qual seria a publicação que faríamos como o

“marco 400” das publicações do EC. E após considerarmos a importância e solenidade do

momento resolvemos publicar um escrito que é muito valioso e significativo para nós, é

como um precioso memorial do começo de nossas vidas em Cristo.

A presente publicação comemorativa trata-se de uma Carta que eu, William, enviei à Camila

Rebeca em 26 de julho de 2013, pouco tempo antes de fazermos as primeiras publicações

através do EC, no dia 2 de dezembro de 2013 (4 e-books). Na Carta discorro sobre o tema

“Conhecer a Deus”.

Dias atrás, ao relermos este escrito após 2 anos, percebemos o quanto os princípios aqui

esboçados tiveram uma poderosíssima influência sobre nós, e sobre nossa vida com Deus.

Eu, Camila, considero que este escrito é um marco da infinita bondade e misericórdia de

Deus sobre nós. Agradeço a Deus por este escrito ter existido e existir, ontem e hoje, e

amanhã; para nós é de preciosidade crescente; porém para nosso Deus sempre constante

de acordo com o Seu gracioso decreto eterno e segundo os tesouros disposto nEle, por

meio de mero instrumento! Este bem veio dEle! Glória pois a Ele eternamente! Esperamos

com esta publicação tão solene, proferir a memória de Sua grande bondade e engrandecer

e louvar o Seu nome. Grande e maravilhosa é a Sua obra!

Considero um privilégio inefável ler e uma grande alegria agora compartilhar convosco

estas linhas sobre tão necessário e sublime tema. Oh, grande graça de Deus! Eis nossa

grande necessidade, privilégio e deleite: Conhecer e prosseguir em conhecer a Deus, para

que conhecendo-O, O amemos e prossigamos em conhecê-lO e amá-lO hoje e pela

eternidade sem fim. Oh, que Deus Se revele mais a nós e a muitos de Seus amados, que

Ele nos ensine de Si mesmo, e que nós, em resposta de amor, busquemos a Cristo como

quem anela e suspira pelo Tesouro verdadeiro!

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A Carta foi revisada para publicação. Como alterações foram acrescentadas algumas notas

de rodapé a título de referência dos livros citados, e o breve prefácio escrito na ocasião foi

suprimido, no qual em certo lugar se lia: “Escrevo-te sobre um assunto que é do seu mais

alto interesse. Do meu também. Busco o teu crescimento na graça e na piedade. Espero

que estas breves palavras lhe aproveitem tanto quanto foi proveitoso a mim escrevê-las a

ti... Que o Espírito de Deus aplique estas palavras à tua alma com poder e que este

conhecimento não seja infrutífero em ti... A esta altura me sinto obrigado a dizer-te o que

Paulo disse aos Tessalonicenses: ‘Examinai tudo. Retende o bem’ (1 Ts. 5:21)”. O anelo

sincero encerrado nestas poucas palavras é o mesmo hoje, ao publicarmos este escrito,

em relação a cada uma das pessoas que pousarem seus olhos sobre estas linhas.

“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR” (Oséias 6:3). Amém!

Soli Deo Gloria!

Editores EC,

29 de agosto de 2015.

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Conhecer a Deus

Por William Teixeira

“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR.” (Oséias 6:3)

Parece algo contraditório o fato do Senhor nos ordenar que O conheçamos, sendo que to-

dos os homens possuem conhecimento do Deus que existe. Pois, Deus, ao criar o homem,

assim como deu instinto aos animais e leis para regerem a natureza, assim gravou no

coração do homem a seguinte convicção: “Há um Deus Criador”. Deste conhecimento

natural da Existência de Deus, Paulo testifica em Sua Epístola aos Romanos ao dizer:

“Porquanto, [os homens] tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus...”

(Romanos 1:21). Os romanos eram idólatras, humanistas ou ateístas, mas, ainda assim, Paulo

escreve: “tendo conhecido a Deus”.

Em outra ocasião ao pregar o Evangelho em Listra, cidade de Licaônia, Paulo testifica perante

a multidão dizendo: “...vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo,

que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles; o qual nos tempos passados deixou

andar todas as nações em seus próprios caminhos. E contudo, não se deixou a si mesmo

sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos,

enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações (Atos 14:15-17).

No Salmo 19, Davi diz que até mesmo “os céus declaram a glória de Deus e o firmamento

anuncia a obra das suas mãos”, e continua, “Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite

mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz”

(Salmos 19:1-3). Em outro lugar diz o Salmista: “Os céus anunciam a sua justiça, e todos os

povos veem a sua glória” (Salmos 97:6). A Criação nos testifica da existência de um Criador,

ou melhor o Criador nos fala através das coisas que estão criadas. “Porque as suas coisas

invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se

entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem

inescusáveis” (Romanos 1:20). Deus Se manisfesta com tamanha clareza que a Sua

Divindade, existência e poder eterno “se entendem, e claramente se veem pelas coisas que

estão criadas” de maneira que todos os homens que não O adoram, nem O glorificam e nem

Lhe dão graças são considerados “inescusáveis”.

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Por tudo que foi dito até aqui, provado está que há um conhecimento natural de Deus na

alma de todos os homens. O conhecimento de Deus é algo bom e com esta afirmativa todos

concordamos, apoiados nas Escrituras. Mas pense comigo: O que o conhecimento de Deus

tal como Paulo se refere em Romanos 1:20 produziu naqueles que o detinham? Eu resumo

em uma palavra: condenação. Portanto, este conhecimento lhes servirá de carrasco e teste-

munha de acusação perante Deus no Dia do Juízo Final. Assim pesa sobre eles acusação

semelhante a que o Mestre dirigiu aos fariseus: “Se eu não viera, nem lhes houvera falado,

não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado” (João 15:22). Portanto,

concluímos que este conhecimento que eles possuíam a respeito de Deus não era o conhe-

cimento recomendado pelo meu texto que diz: “Então conheçamos, e prossigamos em

conhecer ao SENHOR”.

Daqui por diante o meu escrito começa a tomar a composição que desejo, capacitando-me

o Senhor, dar-lhe.

Doravante, a este conhecimento não-salvífico, nem desejável ou recomendado pelas Escri-

turas chamarei de “Conhecer de Deus” e o conhecimento ao qual se referem as palavras

“conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR”, chamarei de “Conhecer a Deus”.

Posto que todos os homens vêm ao mundo trazendo consigo “o conhecer de Deus” e que

em todos os lugares a Criação reforça este conhecimento, não necessitamos buscá-lo nem

tampouco o Senhor poderia estar se referindo a Ele quando disse: “conheçamos, e pros-

sigamos em conhecer”. Já lhe falei de Romanos 1:21 em que Paulo diz: “Porquanto, tendo

conhecido a Deus...”, mas se continuarmos a leitura pelo primeiro capítulo da mesma

Epístola nos surpreenderemos ao ver o mesmo Paulo, nalgumas linhas depois, dizer: “E,

como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a

um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm” (Romanos 1:28); ao nos falar,

ao mesmo tempo e no mesmo contexto, que eles, os gentios, os ímpios, conheciam a Deus,

e em seguida que “eles não se importaram de ter conhecimento de Deus”. O apóstolo faz

distinção entre os dois tipos de conhecimentos de Deus por mim mencionados acima: o

conhecimento natural de Deus e o conhecer a Deus.

Já lhe mostrei que o conhecimento de Deus é nato, porém não podemos presumir o mesmo

sobre o conhecer a Deus, pois o texto exorta: “conheçamos, e prossigamos em conhecer ao

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SENHOR”. Se a exortação é para que O conheçamos, segue-se, portanto, a dedução lógica

de que há um momento em que não O conhecemos.

Então, a minha questão crucial é: Como conhecer a Deus?

O homem não pode conhecer a Deus por esforço e nem por força própria, pois a aquisição

de conhecimento, o aprender, essencialmente, não é uma atividade braçal, muscular ou de

puro esforço motor, mas mental e intelectual. Porém aqui surge outro empecilho, pois o ho-

mem não pode conhecer a Deus pelo poder de seu frágil inteleto carnal, como Arthur W.

Pink, escreveu: “Tampouco o intelecto pode conhecer a Deus. ‘Deus é Espírito...’ (João 4:24)

e, portanto, só pode ser conhecido espiritualmente”.1

Diante disto, podemos pensar algo como: “Então, onde encontraremos conhecimento es-

piritual e verdadeiro de Deus?”.

Você pode haver pensado: “na Escritura!”, mas eu quero que você saiba, e que isto fique

bem claro para você, que a leitura da Bíblia não necessariamente traz o “conhecer a Deus”.

Pode-se mesmo ser um estudante diligente e até mesmo ortodoxo da Bíblia e não se chegar

a conhecer a Deus, mas somente ao conhecimento de Deus. O que difere estes daqueles a

quem Paulo se refere no capítulo primeiro de Romanos é a mera quantidade; aqueles

conheciam o básico de Deus, mas suficiente para condená-los, estes conhecem muito de

Deus, mas ainda assim, não de forma salvífica, embora conheçam muito de Deus, não chega-

ram a conhecer a Deus.

Talvez a mensagem que eu quis transmitir neste meu último parágrafo não tenha sido total-

mente clara para você, então tratarei, pois, agora, de elucidá-la apelando para sua experi-

ência. Acaso não tens visto homens com grande erudição e conhecimento bíblico de Deus,

e discursarem sobre o Santo com eloquência e até mesmo com certa propriedade, autori-

dade e domínio da ciência do Altíssimo, mas que demonstram, na prática, pelo seu exemplo,

obras e atitudes que não são convertidos, mas exatamente o oposto? Paulo fala destes mais

claramente dizendo a Tito: “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as

obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra” (Tito

__________

[1] PINK, A. W. Os Atributos de Deus. São Paulo: Editora PES, 2012. p. 11.

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1:16). Tomando as palavras de Paulo, poderia dizer-lhe que estes “confessam que conhecem

a Deus” quando na verdade, eles somente conhecem de Deus. Eles somen-te conhecem o

texto da Escritura, mas não chegaram ao conhecimento espiritual que opera um poder trans-

formador naquele que o possui. Não chegaram ao conhecimento espiritual e verdadeiro de

Deus.

Assim vimos que o simples fato de eu ler a Bíblia, em si mesmo, não me fará conhecer a

Deus. A Bíblia é o livro mais “conhecido” (famoso) e lido no mundo, no entanto, o Deus da

Bíblia, é talvez o que há de mais desconhecido debaixo do céu. Possivelmente o “conhecer

a Deus” seja o assunto mais desconhecido do mundo. “Estava no mundo, e o mundo foi

feito por ele, e o mundo não o conheceu” (João 1:10); “O Espírito de verdade, que o mundo

não pode receber, porque não o vê nem o conhece...” (João 14:17). Ele continua sendo o

“DEUS DESCONHECIDO” (Atos 17:23) para a maior parte da humanidade.

Ou você talvez tenha pensado: “O conhecimento espiritual, verdadeiro e salvífico de Deus

pode ser adquirido através de ouvir uma pregação do Evangelho por um fiel, consagrado e

verdadeiro ministro de Deus e do Evangelho; afinal de contas, a fé vem pelo ouvir a Palavra

de Deus, e a fé verdadeira traz consigo o verdadeiro conhecimento espiritual e salvífico”.

Mas eu lhe digo que não! Não Rebeca, o verdadeiro conhecimento de Deus, o conhecimen-

to espiritual e salvifico não é comunicado pelo simples fato de ouvir a palavra de Deus sen-

do pregada, mesmo que fielmente e com poder do Alto. Vou mais longe e digo que mesmo

que o pregador seja fiel e verdadeiro como poucos e que suas pregações sejam banhadas

pelo Espirito Santo, o puro ato de ouví-lo não traz conhecimento salvífico e transformador

de Deus. Sim, eu vou ainda mais longe, mesmo que o pregador seja o maior homem que já

pisou por esta terra, ainda que ele seja cheio de toda a plenitude do Espírito de Deus, ainda

que seja o pregador mais santo, piedoso, verdadeiro, poderoso e sábio que já pisou sobre

esta terra, ainda assim, o simples fato de ouví-lo pregar não traz conhecimento regenerador

e salvífico de Deus. Judas Iscariotes ouviu todas as pregações de Jesus Cristo. Muitas, talvez

a grande maioria, das pessoas que seguiram ao Profeta Jesus de Nazaré e ouviram de Seus

lábios santos, os Seus sermões ímpares e salvadores, não se converteram, mas somente

conseguiram “o conhecer de Deus” e trouxeram sobre si maior condenação, como foi o caso

do filho da perdição (João 17:12).

A questão ainda permanece: Como adquirir conhecimento espiritual e verdadeiro de

Deus?

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Quando falo sobre conhecer a Deus tudo depende de Deus e nada depende de nós. Já deves

ter percebido que o homem em si mesmo é totalmente impotente para chegar à verdadeira

ciência do Altíssimo. Jamais esqueça disto ou duvide, nem por um só momento.

Aos crentes professos da Galácia, que chegaram ao conhecimento salvífico de Deus (pelo

menos em tese), o apóstolo diz: “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhe-

cidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de

novo quereis servir?” (Gálatas 4:9). Aqui, eu entendo que o apóstolo põe em dúvida o co-

nhecimento que os gálatas tinham adquirido de Deus, se haviam adquirido o conhecimento

verdadeiro ou se somente haviam adquirido o “conhecer de Deus”, pois nestas e em outras

passagens de sua epístola, como esta: “O insensatos gálatas! quem vos fascinou para não

obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado,

crucificado, entre vós?” (Gálatas 3:1), Paulo, nos dá a entender que eles haviam começado a

carreira da fé e a vida Cristã de forma verdadeira e piedosa, mas que agora estavam em

trágico declínio em sua profissão de fé. “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não

obedeçais à verdade?” (Gálatas 5:7).

Mas o que realmente me interessa é que está escrito nesta passagem: “Mas agora, conhe-

cendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus...”. Isto pode ser dito de cada um dos

verdadeiros Cristãos; não foram eles que conheceram a Deus, foi Deus que os conheceu

primeiro. Tudo depende de Deus. Não depende do que quer e nem do que corre. Tudo de-

pende de Deus usar de misericórdia e compaixão (Romanos 9:16).

Em se tratando de conhecer a Deus toda iniciativa é dEle e não nossa. “E Isaías ousadamente

diz: Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado aos que por mim não pergun-

tavam” (Romanos 10:20).

Agora redobre a atenção. O conhecimento de Deus se dá por meio de revelação, atrá-

ves da iluminação de nossas almas e mentes pelo Seu Espírito. Pela ação poderosa de

Deus, o Espírito Santo, nAqueles bem-aventurados a quem Deus, o Pai, de antemão elegeu

para os atrair e fazê-los chegar a Si, redimindo-os na Pessoa de Deus, o Filho (Salmo 65:4).

Sem a ação do Espírito de Cristo os nossos ouvidos permaneceriam tapados e cerrados, para

todo e qualquer conhecimento de Deus. Permaneceríamos surdos, e não somente éramos

surdos, mas éramos “como a víbora surda, que tapa os ouvidos” (Salmos 58:4). Isto é, éramos

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totalmente incapazes de ouvir a voz do Bom Pastor e vir a conhecer a Deus de maneira

salvífica, pois, não somente éramos totalmente incapazes de ouvir correta-mente (surdos),

mas também não queríamos ouvir (tapar os ouvidos).

Portanto, a primeira obra do Espírito Santo em nós é a regeneração (ou ressurreição), por

meio da qual o Espírito, ao nos regenerar, abre-nos os ouvidos para ouvir. “Efatá!” — Diz o

Espírito (Marcos 7:34). Em relação à obra de regeneração, o ouvir é uma das dádivas que

recebemos, como dom gracioso do Pai das Luzes, logo após ressuscitarmos (pois, está-

vamos mortos, completamente mortos, em nossos delitos e pecados e os mortos não estão

côns-cios de nada, não há sabedoria e nem conhecimento na sepultura). E é aqui onde pela

pri-meira vez nós, após recebermos o fôlego da vida e a semente de vida eterna, temos as

nos-sas mentes iluminadas para as primeiras ideias, conceitos, pensamentos e reflexões

corretas a respeito de Deus; pela primeira vez estamos capacitados ao tipo de ouvir que

produz fé salvífica e não condenação.

Depois de regenerados recebemos os primeiros conhecimentos espirituais e verdadeiros de

Deus. Normalmente estes conhecimentos nos fazem tremer e nos comunicam a natureza

santa e poderosa de Deus. Ao conhecermos a Deus verdadeiramente, conhecemos a nós

mesmos verdadeiramente. Assim o homem agora não somente percebe a grandeza da santi-

dade e justiça de Deus, mas também a sua abominável pecaminosidade e injustiça. É, neste

ponto onde o conhecimento transmitido pelo Espírito ao homem o convence do seus peca-

dos, e da justiça e juízo de Deus que virá sobre ele (João 16:7-11).

Nesta altura o regenerado vê a Deus como juiz terrível, que o condenará. Para transmitir-

lhes conhecimento verdadeiro de Deus, primeiro, o Espírito Santo opera temor e tremor

naqueles em quem trata eficaz e salvificamente, afinal de contas “o temor do SENHOR é o

princípio do conhecimento” (Provérbios 1:7).

Após a obra da regeneração onde o Espírito infunde vida e recria (nova criação) o homem

que estava morto em Adão, segue-se a segunda obra: a chamada eficaz.2

Depois de regenerado o homem se vê como pecador e alvo da ira de Deus. Em “O

__________

[2] Aqui eu fiz distinção entre a regeneração e a chamada eficaz simplesmente para dar a entender que é

preciso que o pecador seja vivificado, antes de responder ao eficaz chamado Divino — W. T.

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Peregrino”, John Bunyan retrata este quadro descrevendo que Cristão tinha visões de que

fogo desceria do céu e o consumiria; a ele e à Cidade da Destruição. Assim o regenerado

vê-se debaixo da espada da ira de Deus. Então pela primeira vez ele percebe que não pode

salvar-se a si mesmo deste Deus Santo. Então ele, o regenerado, clama por misericórdia,

estando profun-damente quebrantado e arrependido de seus pecados e ofensas a Deus

(obras do Espírito), então, em seguida, o Espírito Santo o conduz ao Redentor e lhe revela a

Salvação que há em Cristo Jesus. O Espírito Santo não somente revela Cristo ao pecador de

maneira salvífica, mas também da-lhe fé, para que crendo, seja salvo. Ao irregenerado é

impossível crer em Cristo para salvação, enquanto ao regenerado é impossível não crer

em Cristo para salvação. Após a regeneração, segue-se, a vocação (ou chamada), a

justificação, a adoção, a santificação e a glorificação. Antes da regeneração há a eleição e

predestinação dos santos.

A regeneração dá-lhe ouvidos para ouvir, pois somente o novo homem, nascido do Espí-

rito, é capaz de entender o conhecimento de Deus (conhecimento espiritual). A carne não

entende as coisas do Espírito, pois estas lhe parecem loucura. Após a ressurreição dos mor-

tos, segue-se a chamada eficaz, que normalmente se dá por meio da pregação do Evan-

gelho, e possibilita o ouvir que, pela ação poderosa do Espírito Santo, lhe transmite o verda-

deiro conhecimento salvífico de Deus.

Mas existe outras formas de “ouvir”; a minha, por exemplo, foi lendo a Bíblia em minha casa,

e sozinho. Apesar de haver lido uma Bíblia adulterada, o Espírito a usou para me dar os

primeiros conhecimentos salvíficos de Deus. Era uma Tradução do Novo Mundo das Escrituras

Sagradas publicada pelas falsas Testemunhas de Jeová. Um adultério das verdadeiras Escri-

turas Sagradas feito pela liderança dos russelitas para produzir uma versão da Escritura que

se conformasse ao e confirmasse os seus ensinos heréticos. Li esta “bíblia” 3 vezes em menos

de um ano. Literalmente eu “comi o rolo” (Ezequiel 3:2).

Mas como já te falei, o que ensina e transmite conhecimento não é o papel e as letras gra-

vadas nele; quem transmite o verdadeiro conhecimento é o Espírito naqueles a quem Lhe

agrada. Ainda assim, levei alguns meses, e até anos, para me livrar de muitas heresias que

absorvi como sendo verdade, naquele tempo. Porém, o mais importante: o Santo Espírito

começou a sua obra em minha vida através daquele “tipo de ouvir”, ainda que falho, e até

mortal. Deus tem muitos meios de chamar a Si aquele que agrada aos Seus olhos.

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É durante/após a chamada eficaz que o eleito é matriculado definitivamente na Escola do

Espírito Santo, desta fase em diante, ele começará verdadeiramente a conhecer a Deus,

conhecimento este que será gradualmente infinito, por toda a eternidade de eternidades.

Visto que, YHWH, o SENHOR, é Deus sempiterno, não poderá esgotar-se o que há para

conhecer referente ao Seu glorioso e bendito Ser Eterno. Desta forma começamos a co-

nhecer aqui Aquele que, mesmo passadas eras de eras e eternidades e eternidades, nunca

vamos conhecer completamente: Deus.

Querida Rebeca, penso que com estas breves e deficientes palavras tenho lhe mostrado que

o conhecimento do Santo se dá por meio de revelação do Espírito de Deus, naqueles em

quem Ele eficazmente trata; para salvação eterna. E que o meio externo que Ele utiliza

normalmente é o ouvir (ouvir, ler ou qualquer outra forma natural por meio da qual os filhos

dos homens adquirirem conhecimento), tendo antes capacitado o homem a ouvir de forma

salvífica a mensagem de Deus.

E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Ele,

respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus,

mas a eles não lhes é dado; porque àquele que tem, se dará, e terá em a-bundância;

mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por

parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem com-preendem.

E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreen-

dereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endu-

recido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que

não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e

se convertam, e eu os cure.

Por tudo que foi dito até gora, e pelas palavras desta porção da Escritura supracitada, as

seguintes palavras de Cristo ganham um peso infinitamente glorioso que nos traz uma

alegria indizível e gozo inefável:

Mas, bem-aventurados os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, por-

que ouvem (Mateus 13:10-16).

O verdadeiro conhecimento de Deus é a vida eterna: “E a vida eterna é esta: que te conhe-

çam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).

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Entretanto, a questão ainda permanece: Como fazer para adquirir conhecimento espiritual e

verdadeiro de Deus? Como fazer para obedecer ao texto: “Então conheçamos, e prossigamos

em conhecer ao SENHOR”.

O conhecimento de Deus é dado por Ele mesmo de forma soberana e graciosa. Porém, Deus

normalmente usa meios pelos quais comunica Sua ciência. Deus não está preso aos meios,

mas frequentemente age por determinados meios. Porém, o mais importante é: Deus nos

ordenou a usar os meios. Não podemos esperar que Deus nos abençoe se não estamos

usando os meios que Ele nos prescreveu em Sua Palavra. Embora sejamos totalmente

impotentes para conhecer a Deus, Ele nos ordena em Sua Palavra a usar certos meios e desta

forma ordena: Conheçam, e prossigam em Me conhecer.

Sabemos que o livre-arbítrio é um escravo, que não existe. Também sabemos que o homem

não é livre em suas escolhas e nem pode decidir pelo bem sem que a mão Divina o conduza

a isto. Mas entenda isto e que fique claro: O homem é um ser de escolhas, e o mais

importante: Deus o responsabilizará pelas escolhas que ele fizer em vida, não sendo

levado em conta se ele teve a graça de Deus para fazê-las ou não. No Dia do Juízo, as

obras de todos os homens cairão sobre as suas cabeças. A obra de Cristo cairá sobre a

cabeça do salvo e será, graciosamente, contada como sendo a sua obra (do salvo) e a obra

do perdido cairá sobre a sua própria cabeça como sendo ele não somente quem as praticou,

mas também o único responsável por elas.

Deus ordena: Conheçam, e prossigam em Me conhecer. E, não podemos replicar a Deus algo

como: “Não posso fazer isto, Deus, visto que não posso conhecer-Te por mim mesmo tam-

bém não tentarei fazê-lo. Se o Senhor quiser, então pode revelar-Se a mim, mas quanto a

mim não buscarei conhecer-Te, posto que é impossível obedecer a este Teu mandamento”.

Ora, Rebeca, se você, ao ler isto, cruzar os braços e esperar que Deus venha, e Se revele a ti,

na tua inércia; certamente esperarás em vão e mui perigosamente, pois, as Escrituras me

autorizam a dizer-te que isto não acontecerá. Mas por outro lado que ou quem te impede

de usar os meios que Deus prescreveu em Sua Palavra? Não podes esperar conhecer a Deus

pelos meios, tampouco pode esperar conhecer a Deus sem eles.

Não digo que você tem um livre-arbítrio, mas digo que nada lhe impede de levantar e usar

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um meio para conhecer a Deus, como, por exemplo, ler a Escritura. Não deves pensar algo

do tipo: “Se Deus me elegeu para salvação, então Ele me fará conhecê-lO e de uma forma

ou de outra, me levará ao Céu, não importando o que eu faça”. Ora, não podemos usar as

grandes doutrinas bíblicas da Eleição e Predestinação como desculpa para nossa letargia e

como travesseiro para nossa preguiça. O mandamento é: “conheçamos, e prossigamos em

conhecer ao SENHOR”. Disponha-se a obedecer este mandamento e ao fazer isto sincera e

verdadeiramente saiba que Deus a predestinou e decretou que isto acontecesse, então seja-

Lhe grata e glorifique-O por revelar-Se e dar-Se a conhecer a ti, e conceder-lhe tão grande

graça.

Assim podemos responder à questão: Como adquirir conhecimento espiritual e verda-

deiro de Deus?

Resposta: Usando os meios que Deus nos prescreveu em Sua Palavra. Embora saibamos

que estes meios em si não poderão fazer-nos conhecê-lO sem que Ele Se revele a nós;

usaremos os meios, trilharemos o caminho que Ele nos ordenou e então esperaremos que

Ele graciosamente venha ao nosso encontro e nos revele quem Ele É e quem nós somos

perante Ele.

O mesmo Santo Espírito que nos revela e nos comunica a excelência do conhecimento de

Deus, este “mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”

(Romanos 8:16), e de que realmente O conhecemos ou não. Muitas vezes a dúvida quanto

a este conhecimento é uma das maiores evidências de que verdadeiramente O conheces,

pois aqueles que não O conhecem estão endurecidos demais para suspeitar da certeza do

conhecimento de Deus que, ilusoriamente, supõem possuir.

Talvez pudesse discorrer um pouco mais sobre as evidências de quem possui este conheci-

mento espiritual e verdadeiro de Deus, isto é, aqueles que realmente conhecem a Deus. Mas,

agora, tratarei de dar-lhe uma aplicação e lhe falar sobre alguns meios pelos quais poderá

não somente conhecer, mas também, e penso que este seja o teu caso, prosseguir em

conhecer ao SENHOR, Deus Eterno.

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Meios Para Conhecer A Deus

Pela Leitura

A leitura a qual me refiro é a leitura das Santas Letras. A Escritura é a fonte da qual jorram

as palavras vivas de Deus. Porque você saciaria sua sede em vasilhas de homens, mesmo

que sejam limpas e as tenham enchido na Fonte, sendo que podes tu mesma ir lá e beber

direto da Fonte? O Espírito de Cristo lhe guiará à Fonte da água de vida, ao “poço de Belém,

que está junto à porta” (1 Crônicas 11:17), que é Cristo Jesus o tema e a personagem

principal da Escritura. As Escrituras falam de Cristo e de Cristo somente.

As Escrituras constituem um Livro ímpar, todo-maravilhoso. É uma obra milagrosa de Deus

Espírito. Por ela a mente do Onisciente foi revelada aos homens. O pensamento do Eterno

Deus foi simplificado e condensado até ao ponto, em que, nós, pequenos átomos efêmeros

na obra da Criação, pudéssemos compreender e desfrutar deste conhecimento Divino, ain-

da que não por nós mesmos. Assim a Bíblia é a única revelação visível e concreta de quem

Deus é e do que Ele faz, pensa e diz. Cada sentença das Escrituras permanece inabalável

através dos séculos, mais firme do que o céu e a terra. Como desprezarias tu tal dádiva?

Como não lerias tal Livro? Deus escreveu grandezas e somente grandezas, portanto, não as

tenha como coisa estranha (Oséias 8:12).

Os livros te reformam, mas somente a Escritura te transforma. A leitura humilde e sincera da

Bíblia é sumamente eficaz não tanto pelo que está escrito no Livro, mas pelo que atua

através do que está escrito no Livro de Deus. Se insistires na letra, morrerás; mas o Espírito

Santo que atua pela letra lhe dará vida e graça abundante.

Leia a Bíblia. É totalmente inadmissível que exista um “til” ou “j” do Livro de Deus, sobre o

qual os teus olhos nunca repousaram. Como pode ser que o Deus do Universo, em Seu

cuidado e providência, escreve-te uma Carta de Amor e tu não a lês?

Depois de comer o Rolo Santo, então leia livros que contenham as palavras do mesmo. Estes

livros só serão eficientes e abençoadores à tua alma à medida que contenham as palavras e

a aprovação daquele Autor.

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Leia outros livros e não os despreze. Se Deus dá luz e entendimento a uns mais do que

outros para escrever, e se o Espírito Santo capacita alguém a usar a pena; então seria um

ato de arrogância, soberba, ultraje e tolice de nossa parte rejeitarmos e desprezarmos os

dons do Espírito pelo simples fato de eles nos serem dados através de vasos de barro.

Leia livros, mas a Escritura é soberana. Creia, ame, leia, pratique e viva as Escrituras Sagradas

para a glória do Deus Bendito e para tua bem-aventurança eterna.

Pela Consideração E Pela Meditação

Consideração e meditação como partes da leitura.

Certa feita em minha sala de aula o professor nos propôs uma pergunta, ele nos perguntou

o que significa: consideração. Eu respondi que era algo que tinha a ver com estima, “Eu

considero tal pessoa... eu estimo tal pessoa”, dei o exemplo. Eu não estava errado, pois este

também é um dos significados para consideração: respeito, importância que se dá..., etc.

Mas a consideração a qual me refiro aqui tem a ver com exame atento, reflexão e arrazoa-

mento. Tem a ver com esquadrinhar minuciosamente e sendo tão sincera e realista quanto

possível. Medir-se pela Palavra.

Considerar é reconsiderar seus caminhos, a trajetória já percorrida. Olhar para as veredas

antigas, para o bom caminho e buscá-lO, diga ao Senhor: “Andarei neles, buscarei o caminho

santo e a Tua Palavra será lâmpada para o meu pé e luz para o meu caminho” (Jeremias 6:16;

Isaías 35:8 e Salmo 119:115).

Consideração diz respeito a quem você é diante do que você leu (autoconsideração, auto-

exame, examinar-se pelo espelho da Palavra e repensar teus caminhos) e meditação fala

sobre a representação que você leu diante de quem tu és (reflexão, raciocínio, ponderação,

estudo, buscar a significação de determinados dados para aquisição de conhecimento

teórico; ou para executar uma ação; ou determinado empreendimento).

É importante olhares para trás e aprenderes com o passado. Tudo que foi, é e será. Não há

nada de novo debaixo do céu. Ao olhar para trás estarás vendo o que acontecerá no futuro

e o que acontece no presente. O sábio possui um olho na testa e outro na nuca.

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Medita e considerada as tuas leituras ao fazer isto, peça em oração a ajuda e iluminação do

Espírito Santo. Como disse o nosso amado John Bunyan: “Clamem a Deus que lhes revele

Jesus Cristo! Não há quem ensine como Ele”.3

Pontos Negativos Do Conhecimento Pela Leitura

A leitura é a maior fonte de conhecimento de Deus. Mas também é por ela que os homens

adquirem somente o “conhecer de Deus”. Pois na Escritura, há “pontos difíceis de entender,

que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria

perdição” (2 Pedro 3:16).

A palavra de Deus é racional, e, portanto, um homem pode entendê-la (não verdadeira-

mente) com o cérebro, mas ficar estéril na alma e no coração.

Existem três níveis de racionalidade:

1 - A irracionalidade: Falta de conhecimento

2 - A racionalidade: inclui o conhecimento; a sabedoria; o raciocínio lógico; e o pensamen-

to racional, tudo isto nos torna capazes de formular, desenvolver e aprender palavras, ideias,

conceitos e sentenças abstratas, embora que fazendo uso dos órgãos dos sentidos tais

como visão e audição.

3 - A supra-racionalidade: Existem certas verdades que não conseguimos abarcar e enten-

der com a nossa pobre razão. Aqui o homem erra, e desmerece o que não consegue

entender, acusando este algo de irreal e loucura. Os pensadores iluministas-cartesianos

postularam que não podemos aceitar como válido e verdadeiro nada que não seja aprova-

do e comprovado pela nossa razão. É um ato de arrogância e estupidez supor que os mar-

cos do conhecimento se limitam e findam-se dentro das fronteiras da razão humana.

Entretanto há um conhecimento superior ao qual não conseguimos alcançar. O conheci-

mento de Deus é infinito como um abismo sem fundo. O conhecimento de Deus é como

__________

[3] BUNYAN, John. Graça Abundante ao Principal dos Pecadores. Uma Autobiografia de John Bunyan. 1ª ed.

São Paulo: Editora Fiel, 2012, p. 72.

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um círculo, não possui fim. Paulo chegou próximo deste mar da imensidão do saber Divino

Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que

quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?” (Romanos 11:33-

34).

Penso que na Queda perdemos a verdadeira capacidade de pensar e raciocinar logicamen-

te; tivemos a capacidade intelectual de nosso cérebro terrivelmente afetada pelo pecado.

Assim o nosso cérebro perdeu a capacidade de entender muitas “coisas altas”.

Por exemplo, eu não consigo entender como do nada Deus fez tudo; como do nada surgiu

matéria e vida. Eu não consigo entender, muito menos explicar, como o mundo foi criado.

Mas na regeneração Deus nos restaura, assim creio, parte do que perdemos no Éden e nos

dá algo chamado fé. A fé é maior do que a razão. A fé nos eleva acima da razão humana na-

tural caída. Pois, com a minha razão não consigo entender como foi que Deus criou os mun-

dos, mas “pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de manei-

ra que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hebreus 11:3).

Assim todo aquele que lê sem fazer uso dos óculos da fé não obterá o “conhecer a Deus”,

mas somente obterá um conhecimento errado, adulterado, falho, distorcido e humanista-

racional acerca da Pessoa Bendita de Deus. Aquele que lê sem o auxílio da verdadeira fé no

máximo encontrará “o conhecer de Deus”. Está escrito que a alguns foram pregar as boas

novas, “...mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada

com a fé naqueles que a ouviram” (Hebreus 4:2). Quando for ler use a fé para que possas

entender corretamente. A dúvida traz ignorância, coração dobre e falta de firmeza, mas a fé

lhe enriquecerá “da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai,

e de Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”

(Colossenses 2:2-3).

Há também o perigo do prazer intelectual. É muito bom ler e ser entendido sobre qualquer

assunto. Como disse Henry Scougal4, é prazeroso ser eloquente no falar sobre determinados

assuntos. O conhecimento é bom, mas cuidado para que o conhecimento não te inche, e te

__________

[4] SCOUGAL, Henry. A vida de Deus na alma do homem. São Paulo: Editora PES, 2007. p. 46.

Henry Scougal enumera como uma característica daqueles que possuem meramente uma vida natural (em

contraponto àqueles que possuem a vida Divina), o fato de que aqueles, por vezes, deleitam-se “em ouvir e

compor excelentes discursos sobre temas da religião, pois a eloquência é muito agradável, seja qual for o

assunto”.

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faça intelectualmente soberba, e leve embora todo o teu amor, afeto e sensibilidade, tanto

para com Deus quanto para com o próximo. Quantos há que estão presos neste tipo de

falso conhecer maligno?

Com a leitura tu correrás também o risco de conhecer demais e praticar de menos ou nada.

Lembre-se de que o conhecimento teórico visa um comportamento prático. A ortodoxia é

somente o ponto de partida para a ortopraxia, isto é, o conhecimento somente é o início da

piedade e da santificação.

E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.

Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem

que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-

se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita

da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra,

este tal será bem-aventurado no seu feito (Tiago 1:22-25).

É desta forma que o “conhecer de Deus” condena o homem, porque ele conhece o que de-

ve ser feito e não o faz, trazendo sobre si condenação.

Quando fizeres as tuas leituras guarde-te destas coisas: Ausência de fé e confiança em teu

próprio entendimento; prazer intelectual soberbo e falta de prática.

Pela Oração

Nossos joelhos nos ligam ao Céu. Para que tua alma tenha saúde é preciso que os teus

joelhos padeçam. Assim a oração é a alma e a saúde da vida do Cristão.

O propósito principal da oração é a glória de Deus e depois a nossa comunhão com Ele, e a

nossa alegria nEle.

Oração não é monólogo, nem solilóquio, é diálogo. À medida que falas a Deus, Deus fala a

ti. Deus não te deixará falando sozinha.

Como o conhecimento vem por revelação Divina podes aprender mais sobre Deus em uma

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hora de joelhos do que em uma hora de leitura, pois a oração traz um tipo conhecimento

vivo e íntimo de Deus que não se aprende em livros, nem mesmo na Escritura.

Não podes conhecer uma pessoa intimamente sem que converses com ela frequentemen-

te. Também não podemos conhecer a Deus se não passarmos horas a falar com Ele.

Não pare de orar por pensar que não está orando direito ou que está sendo ineficaz na

oração. Veja o que diz Spurgeon, no sermão de número 700, Order And Argument In Prayer:

A oração em si mesma é uma arte que somente o Espírito Santo pode nos ensinar. Ele

é o doador de todas as orações. Rogue pela oração — ore até que consiga orar, ore

para ser ajudado a orar e não abandone a oração porque não consegue orar, pois nos

momentos em que você acha que não poder, é que realmente está fazendo as

melhores orações. Às vezes quando você não sente nenhum tipo de conforto em tuas

súplicas e teu coração está quebrantado e abatido, é que realmente está lutando e

prevalecendo com o Altíssimo.

“Nada tendes, porque não pedis” (Tiago 4:2). O que Tiago está lhe dizendo aqui? Não está

lhe dizendo que você terá de qualquer maneira, muito menos que você terá se não pedir,

pelo contrário o irmão do Senhor está dizendo: “Rebeca, você não tem porque você não

pede, se você pedisse conforme a vontade de Deus e não para gastar com qualquer tipo de

deleite seu, então você teria”. A questão aqui é: Crês tu isso?

E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; por-

que qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. E

qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também,

se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou, também, se lhe pedir um ovo,

lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos

filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?

(Lucas 11:9-13).

Peça, peça com a mais alta sabedoria, peça a seu Pai que lhe dê o Seu Espírito Santo. Abra

a sua boca e peça. Peça muito e sempre.

A maneira mais rápida de se fazer “merecer” e conseguir o que queremos é pedindo. Então,

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peça. Como brilhantemente fala Lewis Bayly5, citando Zacarias 12.10: O Espírito de graça é

o mesmo Espírito de súplica. Portanto, ao suplicar tenha em mente a certeza e firme

esperança de que o mesmo Deus que te levou a clamar também agraciará as tuas orações

concedendo-lhe o que deseja o seu coração, pois tu te deleitas nEle e faz o que é reto e

agradável aos Seus olhos. Assim como a súplica legítima foi decretada na eternidade, o

atendimento de tal súplica também o foi. Deus não retém nenhum bem a seus filhos porque

ama-os com amor eterno.

Sinto que sou muito frágil neste assunto, digo, mais do que nos outros; também não me

sinto muito à vontade para falar sobre ele tanto pelo pouquíssimo conhecimento quanto

pela pouca experiência prática.

Por hora calo. Espero que aprendamos juntos sobre o que realmente é a oração; e um dia,

querendo Deus, voltarei a te escrever sobre a sagrada arte da oração a Deus.

Pelo Tempo

Quem quer conhecer a Deus precisa gastar tempo com Deus. Já disseram que Deus não Se

dobrou e nem se conformou à era das máquinas, da tecnologia e da velocidade, essa na

qual vivemos, portanto, se você quiser conhecer a Deus precisa parar e passar horas com

Deus. Horas em silêncio com Deus. O silêncio de Deus é altamente didático.

As preocupações da vida, entrando fazem com que a boa semente, a Palavra de Deus que

foi enxertada em ti pela pregação do Evangelho, se torne infrutífera e morta; e você fique

estéril no conhecimento de Deus.

Nosso tempo é pequeno e a Seara do Senhor é muito grande. Nosso tempo é pequeno e

nós menores ainda. Passe tempo com o Senhor da Seara, antes de passar tempo na Seara.

Se preocupe mais em passar tempo com o Deus das coisas e não com as coisas de Deus.

Todo homem é uma espécie de camaleão. Ele acaba, mesmo que não queira, absorvendo as

__________

[5] BAYLY, Lewis. A Prática da Piedade. Diretrizes para o cristão andar de modo que possa agradar a Deus. 1ª

ed. São Paulo: Editora PES, 2010, p. 173.

“A verdade é que aquele que não toma consciência do dever de orar não tem em seu ser nenhuma graça do

Espírito Santo, porquanto o Espírito de graça e o de oração são um só (Zc 12.10)”.

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características do lugar e das pessoas com quem convive. Daniel, foi levado da Terra Santa,

Judá, para a terra de impiedade, a Babilônia, mas não praticou os costumes daqueles peca-

dores, não, nem mesmo comeu a mesma comida que eles comiam. Daniel não se misturou

com o povo daquele lugar, antes, ele era amigo somente de “Hananias, Misael e Azarias,

seus companheiros”, eles eram companheiros, isto é, viviam na companhia uns dos outros,

viviam juntos e oravam juntos (Daniel 2:17-18). Os três se tornaram parecidos com Daniel e

Daniel com eles; e ambos com o seu Deus.

Ao ler estas palavras não diga em seu coração que podes contrariar este preceito de sepa-

ração e santidade e não se contaminar com os ímpios e com seus lugares sujos, idólatras e

abomináveis. Cananeu não é amigo, é laço para o teu pé, açoite para tuas costas e espinho

para os teus olhos.

Assim — preste muita atenção — se passares muito tempo em lugares profanos onde o

Santo Nome de Deus não é piedosamente reverenciado e na presença de pessoas ímpias e

naturais, sem dúvida alguma, acabará absorvendo as características delas e parecendo com

elas, falando como elas, pensado no que elas pensam, imitando-as para tua perdição. MAS,

se permaneceres na presença de Deus; se constantemente adentrares ao Céu em oração; se

viveres no interior do antigo véu que Cristo rasgou por e para você; se habitares no santo

dos santos; se poderes dizer como Elias: “Vive o SENHOR Deus de Israel, perante cuja face

estou” (1 Reis 17:1), então viverás na presença de Deus, portanto acabará absorvendo a

características de Deus; falará como Ele fala, amará o que Ele ama e odiará o que Ele odeia.

Andará como Deus andou e assim andará com Deus. Serás imagem e semelhante de Deus.

Para ir falar com o diabólico Acabe, Elias não entrou na presença do SENHOR, e isto é mara-

vilhoso! Ele não entrou na presença de Deus, porque ele nunca saía da presença dEle! Elias

vivia, em tempo integral, perante a face de Jeová, seu Deus.

Viva de tal maneira.

Há tempo para todo propósito debaixo do céu, mas o maior e melhor tempo deve ser para

Aquele que está acima no Céu. Este é o nosso maior propósito: conhecer a Deus, fazer a sua

vontade e viver para a Sua glória. Ele nos deu vida e tempo para isto.

Use o seu tempo para conhecer a Deus.

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Pelo Desejo

Quando a Palavra de Deus vem ao povo, pelo ministério de Jeremias, é dito: “E buscar-me-

eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jeremias 29:13). O que

você acha que Deus estava dizendo ao povo? Algo como: Buscar-Me-eis e Me achareis

quando vocês lerem a Torá exaustivamente? Buscar-Me-eis e Me achareis quando vocês

sacrificarem animais? Buscar-Me-eis e Me achareis quando vocês comparecem ao Meu Tem-

plo? Buscar-Me-eis e Me achareis quando rasgarem as suas vestes? Buscar-Me-eis e Me a-

chareis quando vocês sentirem remorso e se lamentarem por perceber que estavam erra-

dos? Não! Não em absoluto!

O que Deus está dizendo é: No dia em que vocês perceberem a loucura que cometeram ao

desprezar os Meus justos mandamentos que ordenei para a vida, lançando-os para trás de

suas costas; no dia que vocês perceberem que ao se desviarem de Mim seguiram a vaidades

e se tornaram vãos, coisas que nada lhes aproveitaram, antes causaram a vossa ruína; quan-

do os males e as recompensas de vossas rebeliões vos alcançarem e vocês gemerem

profundamente sob o peso da angústia e opressão com que vos castigarei pelas mãos dos

gentios incircuncisos; no dia em vocês caírem em si, e se arrependerem de coração, e

perceberem que Eu Sou o bem mais precioso, mais desejável e que todo o mais que há na

terra não se pode comparar a Mim; só então é que vocês verdadeiramente se converterão a

Mim, e então buscar-Me-eis, e Me achareis, quando Me desejares com todo o vosso

coração.

O desejo! O desejo move os nossos corações a buscarem a Deus violenta e verdadeira-

mente. Buscar-Me-eis, e Me achareis, quando Me buscardes com todo o desejo do vosso

coração.

O que te fará ler, orar e conseguir tempo para Deus em sua vida? O desejo! O desejo nos

motiva e nos move a praticar as ações. Quem quer fazer dá um jeito e faz; quem não quer,

inventa uma desculpa e se omite, desculpa esta que nada mais é do que falta, ausência de

desejo.

Então, a questão é: você quer a Deus, você O deseja? A Pessoa de Deus? Deus e nada mais?

A comunhão com Deus? Você O ama violentamente? Você O deseja mais que tudo nesta

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vida? A sua carne clama pelo Deus vivo, como as corsas mui sedentas anseiam por águas

vivificantes!?

Um pouco de desejo não é desejo, muito desejo não é desejo, o que Deus requer de ti é

todo o teu desejo, afinal de contas Ele não é muito desejável, mas Totalmente Desejável!

Menos do que isto é um insulto Àquele que é mais formoso do que os filhos dos homens,

o Príncipe da Paz!

Se você desejar a Deus; se clamar de dia e se suplicar à noite; se gemer e suspirar pela Sua

presença, quando O desejares com todo o desejo do teu coração, então Ele Se revelará a ti

e será achado por ti. Ele será teu Amigo.

Se disseres:

Aguardo ao SENHOR; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra. A minha alma

anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que

guardam pela manhã (Salmo 130:5-6).

Então, Deus lhe dirá:

Eu amo aos que me amam, e os que cedo me buscarem, me acharão (Provérbios 8:17).

A suma

De tudo que tens ouvido até aqui, a suma é: Deseje Deus de todo o teu coração. Empre-gue

o máximo de teu tempo para ler a Bíblia e fazer leituras edificantes; e ore. Empregue todos

os meios, recursos e forças possíveis para conhecer a Deus, porque esta é a coisa principal.

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O Fim do Conhecimento

Até aqui eu lhe falei sobre o conhecimento de Deus e dos meios pelos quais você pode

chegar ao mesmo. Desta forma lhe falei de meios (ouvir, leitura e etc.) que devem ser usa-

dos para atingir um fim (conhecer a Deus).

Mas, agora eu quero que você entenda que o conhecimento de Deus não é um fim em si

mesmo, mas somente um meio para o fim último para o qual foram criados todos os ho-

mens, a saber, amar a Deus e glorificá-lO.

Por meio do conhecimento de Deus o homem vem a ama-lO, pois como amaria a alguém

se antes não o conhecesse? O verdadeiro conhecimento de Deus deve gerar não apenas

instrução, sabedoria e ciência do Altíssimo, mas principalmente amor. O homem ama a

Cristo, e por meio deste amor que produz obediência e conformação com a Sua santa von-

tade, glorifica a Deus, que é o fim último de toda a criação (1 Pedro 4:11).

Assim como O conhecemos porque Ele nos conheceu desde a eternidade (Salmos 139:16),

“Antes que te formasse no ventre te conheci..” (Jeremias 1:5); da mesma forma “nós o

amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1 João 4:19).

Paulo escrevia a sua primeira epístola aos Cristãos de Corinto, ou melhor ditava a carta a um

escritor desconhecido. E quando ele chega ao que hoje nós conhecemos com o verso 31 do

capítulo 12 ao qual ele dedicou para falar dos dons, ele escreve algo, uma expressão que

amo muito. Paulo, após discursar sobre os dons, diz: “Portanto, procurai com zelo os

melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente” (1 Coríntios 12:31). Esta

expressão é a introdução do capítulo 13 onde Paulo minuciosamente descreve o que é o

amor, e o seu papel essencial e indispensável no exercícios dos dons. Mas aqui Paulo cha-

ma o amor de “caminho mais excelente”, assim tenho segurança e ousadia para lhe dizer

que o real conhecimento de Deus tem como fim dirigir você a este caminho mais excelente,

este é o Caminho de Amor, o Caminho de Deus, a estrada que leva à Sião de Jeová dos

Exércitos. O nome deste caminho é Jesus. Ele disse: “Eu sou o Caminho” (João 14:6).

O correto conhecimento de Deus te levará a Jesus, te levará a amar Cristo. Amá-lO com todo

o teu amor. Amá-lO de “todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças,

e de todo o teu entendimento” (Lucas 10:27).

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O fim do conhecimento espiritual e verdadeiro de Deus é o amor puro e não fingido pelo

Deus conhecido, Amoroso e Amorável.

Como tu me falas, o conhecer bíblico é afetuoso, e o mero conhecimento intelectual não é

suficiente para produzir este afeto verdadeiro e poderoso. O coração foi feito para amar e

ele amará, se não for o Deus será qualquer outro deus, mas inescapavelmente será aquele

que acupar a nossa mente. A pessoa a quem amamos ocupa a nossa mente antes de

ocupar o nosso coração.

Agora, para finalizar, brevemente darei um pequeno exemplo do que é o amor a Deus e do

que ele deve produzir naquele que verdadeiramente o possui.

Dizem que quando um exemplo é posto diante de nosso olhos, vale por uma multidão de

palavras; neste caso eu concordo com isto e, portanto, lhe darei exemplos.

Paulo escreve aos Coríntios: “Porque o amor de Cristo nos constrange...” (2 Coríntios 5:14).

Então nós pensamos: “Como Cristo amou a Paulo! E por causa disso Paulo fez coisas ex-

traordinárias e deu fruto, como nenhum outro, para a glória de Cristo. O amor a Cristo fez

de Paulo uma árvore sumamente frutífera”. Mas não foi isto que aconteceu com Paulo. O

que aconteceu foi que o amor de Cristo dominou Paulo de uma tal maneira que o levou a

fazer tudo que ele fez, e ser quem ele foi! Não foi Paulo que fez o que fez, mas foi o amor

de Cristo pelo qual ele era dominado que fez. O verdadeiro amor nos leva a fazer para Deus,

porém o simples fazer para Deus não nos leva amá-lO nem é evidência certa de que O

amamos verdadeiramente.

Em Romanos 8 Paulo nos diz que os Cristãos podem suportar a tribulação, a angústia, a

perseguição, a fome, a nudez, o perigo e a espada, e ainda serem “mais do que vencedo-

res” (vv. 35-36). Mas como eles suportariam tamanhas provas e aflições, e ainda obteriam

tão retumbante triunfo? O mesmo Paulo nos responde esta questão no verso 37: “por Aque-

le que nos amou”! Paulo era um homem dominado pelo amor de Cristo e isto lhe dava força!

Paulo podia fazer tudo nAquele que lhe fortalecia, por meio de Seu Poderoso Amor!

Os primeiros Cristãos foram constrangidos, dominados pelo amor de Cristo e isto fez deles

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mais do que vencedores, mais valentes e corajosos do que os soldados das legiões roma-

nas do exército de César, mais gloriosos do que os atletas vencedores das olimpíadas gre-

gas, mais poderosos do que os gladiadores e do que as feras selvagens. Capazes de fazer

proezas e suportar sofrimentos e tormentos inimagináveis, mas se olhássemos para eles não

veríamos força e nem suspeitaríamos de poder, eram Perpétuas e Felicidades, Estêvãos e

Policarpos; então, como eles não apenas venceram, mas assustadoramente se tor-naram

mais do que vencedores? Como? Por quê? Por amarem a Cristo mais do que tudo!

Cristo deu Seu sangue por eles e eles somente sagraram o sangue de Cristo. Eles foram

constrangidos pelo poder do amor. Cristo os amou e este amor os controlou.

Conheça a Cristo e ame-O. Este amor te controlará e fará proezas. Proezas de amor.

Encerro meu escrito a ti pondo-me de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,

do qual toda a família nos céus e na terra toma o Nome, para que, segundo as riquezas da

Sua glória, tu, sejas corroborada com poder pelo Seu Espírito na mulher interior; para que

Cristo habite pela fé em teu coração; a fim de que, estando arraigada e fundada em amor,

possas perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o com-

primento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o

entendimento, para que sejais cheia de toda a plenitude de Deus.

Peço isto Àquele que é Poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo

que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera. A esse seja a glória, por

Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre.

Amém e amém!

William Teixeira.

São Paulo, 26 de julho de 2013.

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Scriptura • Sola Gratia • Sola Fide • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.