I- ESTRUTURA DO ACTO DE CONHECER

O acto de conhecer envolve um sujeito e um objecto; o primeiro é o cognoscente, aquele que conhece; o segundo é o cognoscido, aquilo que é conhecido.

II- TIPOS DE CONHECIMENTO

1- TIPOS DE CONHECIMENTO:1- Conhecimento Prático (SABER-FAZER)

É um conhecimento que consiste num saber-fazer, isto é, um conhecimento que se expressa por intermédio de uma actividade (exercício de uma habilidade)Ex: Saber nadar.Saber tocar piano.

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2- Conhecimento por Contacto

É um conhecimento imediato, directo de pessoas, coisas ou lugares.

Ex: Ana conhece as sonatas de Beethoven.

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3- Conhecimento Proposicional (SABER-QUE)

É um conhecimento de proposições (teórico), ou seja, de entidades que têm valor de verdade.

OBJECTO DE CONHECIMENTO: as verdades

Ex:Ana sabe que Beethoven compôs sonatas.

III- O CONHECIMENTO COMO CRENÇA VERDADEIRA

JUSTIFICADA

DEFINIÃO TRADICIONAL DE CONHECIMENTO

Conhecimento é CVJ (conhecimento verdadeiro justificado)

Que condições são necessárias para haver conhecimento?

As três condições (3) normalmente aceites para que uma proposição seja considerada um conhecimento são:

1- que ela seja uma crença

2- que seja verdadeira

3- que seja justificada.

Verdade

Crença

Justificação

1- PARA HAVER CONHECIMENTO BASTA HAVER CRENÇA?

Não. Nem todas as crenças são verdadeiras, ou seja, há crenças verdadeiras e crenças falsas. Exemplo de uma crença falsa: o Pai Natal existe.

Quais são as condições necessárias para haver conhecimento?

2- PARA HAVER CONHECIMENTO BASTA HAVER CRENÇA VERDADEIRA?

Não. O exemplo: “Miguel está convencido de que vai ter um carro porque é Natal e tem um palpite”, mostra que é necessário uma justificação (evidências ou boas razões).

3- PARA HAVER CONHECIMENTO BASTA HAVER CRENÇA COM JUSTIFICAÇÃO?

Não. Pode haver justificações indutivas deste tipo: O Sol vai nascer amanhã porque até hoje nasceu todos os dias.

4- CONCLUSÃO: PARA HAVER CONHECIMENTO TEM DE HAVER CRENÇA VERDADEIRA COM JUSTIFICAÇÃO.

S sabe que p se, e só se: a) S acredita que p.b) p é verdadeira.c) há uma justificação para S

acreditar que p.

EXEMPLOAntónio sabe que o carro do pai

está estacionado na garagem se, e só se:

acredita que o carro do pai está estacionado na garagem;

é verdade que o carro do pai está estacionado na garagem;

tem razões (observação) para acreditar que o carro do pai está estacionado na garagem.

CONCLUSÃO:Para que exista conhecimento têm

de estar reunidas três condições: crença, verdade e justificação.

Isoladamente as três condições são encaradas como necessárias, mas não suficientes.

Em conjunto são suficientes e isso basta para que uma proposição seja um caso de conhecimento.

Formas de justificação do conhecimento

Quando se fala de justificar (provar) as nossas crenças verdadeiras, dois tipos de justificação são frequentes:

1. A justificação que se faz independentemente da experiência (pensamento) e que recebe o nome de conhecimento a priori.

Ex: “A soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a dois rectos”.

2. A justificação que se baseia na experiência, ou a posteriori.

Ex: “Todos os habitantes desta casa são mulheres”.

Um sujeito sabe que p (conhecimento) é a priori se, e só se, sabe que p pelo pensamento apenas.

Um sujeito sabe que p (conhecimento) é a posteriori se, e só se, sabe que p pela experiência apenas.

O conhecimento a posteriori (conhecimento empírico) é aquele que depende da experiência sensorial.

Exemplo: Estão três jovens nesta sala.

O conhecimento a priori é aquele que é constituído por crenças que podemos justificar recorrendo unicamente ao pensamento (razão).

Exemplos: 2+2=4 ou os solteiros são não casados.

Objecções à teoria CVJCONTRA-EXEMPLOS DE GETTIER: Smith e

Jones /Jones e o Ford

Conclusão de Gettier:

As três condições não são suficientes, apesar de necessárias. Ele mostrou que a teoria tripartida do conhecimento (CVJ) não descreve adequadamente o conhecimento, visto que é possível deduzir proposições verdadeiras de proposições falsas