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    MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

    CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEMPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - MESTRADO EM ENFERMAGEM

    KHELYANE MESQUITA DE CARVALHO

    CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SOBRE CONSERVAÇÃO DE

    IMUNOBIOLÓGICOS ADOTADOS POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM

    SALA DE VACINA

    TERESINA2013

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    KHELYANE MESQUITA DE CARVALHO

    CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SOBRE CONSERVAÇÃO DE

    IMUNOBIOLÓGICOS ADOTADOS POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM

    SALA DE VACINA

    Relatório final apresentado para defesa dedissertação do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem daUniversidade Federal do Piauí, como partedos requisitos necessários para obtençãodo título de Mestre em Enfermagem.

    Orientadora: Profa. Dra. Telma MariaEvangelista de Araújo

    Área de Concentração: A Enfermagem nocontexto social brasileiro

    Linha de Pesquisa: Políticas e PráticasSócio-Educativas de Enfermagem

    TERESINA2013

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    FICHA CATALOGRÁFICA

    Universidade Federal do PiauíBiblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco

    Serviço de Processamento Técnico

    C331c Carvalho, Khelyane Mesquita de.

    Conhecimentos e práticas sobre conservação deimunobiológicos adotados por profissionais deenfermagem em sala de vacina / Khelyane Mesquita deCarvalho. – 2013.

    79.: il.

    Dissertação (Mestrado em Enfermagem). –Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2013.

    Orientação: Profa. Dra. Telma Maria Evangelista deAraújo.

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    KHELYANE MESQUITA DE CARVALHO

    CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SOBRE CONSERVAÇÃO DE

    IMUNOBIOLÓGICOS ADOTADOS POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM

    SALA DE VACINA

    Defesa em 06 de dezembro de 2013

    Banca Examinadora

    Orientadora:  Profa. Dra. Telma Maria Evangelista de AraújoDepartamento de Enfermagem/Universidade Federal do Piauí

    1ª Examinadora: Profa. Dra. Daniela França Barros PessoaDepartamento de Enfermagem/Universidade de Brasília

    2ª Examinadora: Profa. Dra. Elaine Maria Leite Rangel AndradeDepartamento de Enfermagem/Universidade Federal do Piauí

    Suplente: Profa. Dra. Silvana Santiago da RochaDepartamento de Enfermagem/Universidade Federal do Piauí

    Relatório final apresentado para defesa dedissertação do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem daUniversidade Federal do Piauí, como partedos requisitos necessários para obtençãodo título de Mestre em Enfermagem.

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    Dedico este trabalho a todas aquelas

    pessoas que amo e que fazem tudo valer a

    pena; minha mãe, meus irmãos e meu

    esposo.

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     AGRADECIMENTOS

    Agradeço em primeiro lugar ao meu Deus sempre fiel e providente por me

    conceder o dom da vida permitindo a concretização desse grande sonho.A minha mãe pelo amor incondicional e exemplo de coragem. Meu pai pelo

    exemplo de honestidade e compromisso com o trabalho.

    Minha irmã Khelyne, fonte de inspiração, pela enfermeira dedicada e

    competente que é. Meus irmãos Kharyne, Bernardo e Chagas pela amizade.

    Meus sobrinhos que tanto amo, Júlia, Felipe e Sophia.

    Meu esposo grande amor da minha vida, companheiro, amante e amigo.

    Aurélio, obrigada por sonhar comigo o desejo de ser mestre em enfermagem.

    Minha avó Bernarda pelo amor e pela contribuição na minha formação.Todas as minhas tias e primos pela compreensão de muitas horas ausentes.

    Meus sogros e cunhadas, em especial minha sogra Carminha pelo amor de mãe que

    me dedicou e a confiança em mim depositada.

    A amizade especial da Cynthia, que construí nesse mestrado e que tanto me

    ajudou a superar os momentos difíceis.

    A todas as pessoas amigas que torceram por mim.

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     AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    À Profa. Dra. Telma Maria Evangelista de Araújo, fonte de inspiração pela

    profissional inteligente e competente que é, meus sinceros agradecimentos, porconduzir os ensinamentos em toda a minha trajetória profissional, desde a iniciação

    científica, sempre com compromisso, seriedade, respeito e amizade.

    À Profa. Dra. Daniela França Barros Pessoa pelas valiosas contribuições e

    disponibilidade.

    À Profa. Dra. Elaine Maria Leite Rangel Andrade por me ajudar a reorganizar,

    com muita sabedoria, o conhecimento produzido.

    À Profa. Dra. Silvana Santiago da Rocha pela ajuda na melhor maneira de

    expor minhas ideias.Aos demais doutores professores do mestrado por todas as contribuições ao

    longo dessa formação.

    A Universidade Federal do Piauí, Fundação Municipal de Saúde do Piauí e

    aos profissionais de enfermagem das salas de vacina que me permitiram realizar

    esse estudo.

    Aos alunos da graduação em enfermagem da Universidade Federal do Piauí

    e da iniciação científica, Elane, Andressa e Armano pela valiosa contribuição na

    coleta de dados.A minha turma maravilhosa do mestrado, aquela que jamais esquecerei, pelos

    ricos e inesquecíveis momentos compartilhados. 

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    “É muito melhor lançar-se em busca de

    conquistas grandiosas, mesmo expondo-se

    ao fracasso, do que aliar-se aos pobres de

    espírito, que nem gozam muito nem sofrem

    muito, porque vivem numa penumbra

    cinzenta, onde não conhecem nem vitória,

    nem derrota.”

    (Theodore Roosevelt)

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     ABSTRACT

    BACKGROUND: Vaccination represents major advancement in healthcaretechnology in recent decades and is one of the most favorable measures public

    health intervention. OBJECTIVE: To assess the knowledge and practices onconservation of biological products adopted by nursing professionals in vaccine.METHODS: A descriptive cross-sectional study, carried out by means of anepidemiological survey and non participant observation, with 200 professionals in 73rooms vaccine urban area of Teresina, in the period from March to June 2013.RESULTS: Most participants (92.5 %) consisted of women, 52.5 % technicians andnursing assistants. The average time worked in the vaccination room was 7.2 years.It is noteworthy that although the nursing staff has notable participation in theconservation of biopharmaceuticals process, 18.5 % of the sample had not receivedspecific training for the role and only 47 % reported exclusive functions in vaccine.Regarding the structure of rooms, 94.5 % were unique to the immunization, 82.2 %had easy access, only 34.2 % had adequate size, 56.2 % had no furniture required,

    53.4 % had no sink with countertop and only 48 % of them exhibited adequateprotection against direct solar incidence. The professionals' knowledge regarding theexposure of some vaccines to freezing temperatures was unsatisfactory as well asknowledge about the time allowed for use after opening the bottle. The break in thecold chain was found in 100 % of the units presented for sometime, temperaturesoutside the packaging allowed. The practice and knowledge were rated asinadequate in 65 % and 57%, respectively, and showed no linearity. A statisticallysignificant association between length of service in the room and the time of the lasttraining with knowledge. The nursing staff had 4.8 more likely to have regular (OR =4.8) and 6.4 knowledge (OR - 6,4) have adequate knowledge when compared withnurses . CONCLUSION: Nurses need to better reflect on their practice, emphasizingthe urgency of professional resume leadership of the vaccination room, through

    supervision, monitoring and evaluation of activities carried out in them. It isunderstood that the knowledge generated to subsidize and vaccination strategies,whose practice is complex and great value. Managers of health services need to beaware of the situation and providing means to modify that reality found in theinvestigation.

    Keywords: Knowledge. Practice. Vaccine. Nursing. Conservation. 

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    LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

    Tabela 1 - Características demográficas e funcionais da amostra do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=200)

    32

    Tabela 2 - Estrutura física e equipamentos das salas de vacina do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=73)

    33

    Tabela 3 - Aspectos relacionados aos refrigeradores das salas do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=73)

    34

    Tabela 4 - Conhecimento sobre estrutura física, material, situação frente adescontinuidade de energia e acondicionamento dos imunobiológicos.Teresina/PI, 2013 (n=200)

    35

    Tabela 5 - Distribuição percentual dos acertos e erros da amostra

    relacionados à temperatura de conservação dos imunobiológicos. Teresina/PI,2013 (n=200)

    36

    Tabela 6 - Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos.Teresina/PI, 2013 (n=200)

    38-39

    Tabela 7 - Correlação entre a classificação do conhecimento e prática daamostra com as variáveis: média de tempo de serviço em sala de vacina, detempo de formação e tempo do último treinamento. Teresina/PI, 2013 (n=200).

    41

    Tabela 8 - Classificação do conhecimento dos profissionais de enfermagem ecategoria profissional. Teresina/PI, 2013 (n=200)

    42

    Gráfico 1 - Prazo referido para utilização das vacinas após abertura dosfrascos.Teresina/PI, 2013 (n=200)

    37

    Gráfico 2 - Observação de registros de alteração da temperatura nos mapasde controle diário das salas de vacina do estudo. Teresina/PI, 2013 (n=73)

    40

    Gráfico 3 - Classificação do conhecimento. Teresina/PI, 2013. (n= 200) 40

    Gráfico 4 - Classificação da prática. Teresina/PI, 2013 (n= 200) 41

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    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇ O 121.1 Objetivos 15

    1.1.1 Objetivo Geral 151.1.2 Objetivos específicos 15

    2 MARCO CONCEITUAL 162.1 Abordagem histórica da imunização e sua importância 162.2 Conservação dos imunobiológicos, aspectos conceituais daconservação e sua importância para imunização

    18

    2.3 Conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem em vacinação 20

    3 METODOLOGIA 273.1 Tipo de Pesquisa 273.2 Local do estudo 27

    3.3 População 273.4 Procedimento de coleta de dados/instrumento 283.5 Definição das variáveis do estudo 293.6 Classif icação dos conhecimentos e práticas 293.7 Análise dos dados 303.8 Aspectos éticos 30

    4 RESULTADOS 314.1 Seção I 314.1.1 Identificação da amostra estudada 314.1.2 Estrutura física das salas de vacinas 32

    4.1.3 Aspectos gerais dos refrigeradores das salas de vacina 344.1.4 Conhecimento referente a estrutura física, material, situação frente adescontinuidade de energia e acondicionamento dos imunobiológicos. 

    35

    4.1.5 Conhecimento referente a temperatura de acondicionamento dosimunobiológicos

    36

    4.1.6 Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos 374.2 Seção II 41

    5 DISCUSSÃO 43

    6 CONCLUSÃO 55

    REFERÊNCIAS 57

     APÊNDICES 61

     ANEXOS 71

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    1 INTRODUÇÃO

    A vacinação representa um dos grandes avanços da tecnologia para a área

    da saúde nas últimas décadas, constituindo uma das medidas de intervenção maisfavoráveis em saúde pública em termos de custo efetividade, sendo utilizada em

    âmbito mundial, ocupando lugar de destaque entre os instrumentos de política de

    saúde.

    O Programa Nacional de Imunização (PNI) foi instituído em 1973 como uma

    forma de coordenar ações que se caracterizavam pela descontinuidade, caráter

    episódico e pela reduzida área de cobertura. Estas ações conduzidas dentro de

    programas especiais como a erradicação da varíola e o controle da tuberculose,

    necessitavam de uma coordenação central que lhes proporcionassem sincronia eracionalização, tendo suas competências regulamentadas em 1975, tais como

    implantar e implementar ações do Programa, fornecer apoio técnico, supervisionar e

    avaliar a execução das atividades de vacinação em todo o território nacional

    (BRASIL, 2013).

    O PNI é referência mundial, inspirando respeito internacional entre

    especialistas de saúde pública por sua excelência comprovada. Os seus 30 anos de

    existência têm mostrado resultados e avanços notáveis. Todavia as imunizações no

    Brasil, desde os primeiros ensaios, têm demonstrado preocupações com asegurança da disponibilidade comercial dos produtos. Essa preocupação justifica o

    principal objetivo do Programa, que segundo o Ministério da Saúde é contribuir para

    o controle e ou erradicação de agravos evitáveis por imunizantes mediante

    coordenação do suprimento e administração de imunobiológicos (BRASIL, 2003).

    O desenvolvimento de vacinas seguras e efetivas para a prevenção de

    doenças infecciosas associadas à alta mortalidade e morbidade é uma das mais

    relevantes ações da tecnologia em saúde. Tal fato por si só não é suficiente para

    garantir o êxito dos Programas de Vacinação, dessa forma a atividade requerconhecimentos e práticas adequadas que garantam a qualidade efetiva da

    imunização para não comprometer e nem abalar a credibilidade da vacinação.

    Estudos nacionais realizados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,

    Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Norte (ARANDA, MORAES,

    2006; JESUS et al., 2004; LUNA et al., 2011; MELO, OLIVEIRA, ANDRADE, 2010;

    OLIVEIRA et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2010) têm mostrado que algumas práticas,

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    tais como conservação e administração dos imunobiológicos, destino do lixo gerado

    nas salas de vacina, atividades de qualificação profissional, bem como conduta

    frente aos eventos adversos, estão aquém da padronização estabelecida pelo PNI,

    vindo comprometer a qualidade dos imunobiológicos (BRASIL, 2011).No tocante a conhecimentos específicos e práticas relacionadas à

    conservação de imunobiológicos em sala de vacina, estudos realizados no Brasil,

    têm evidenciado o desconhecimento dos profissionais sobre intervalos de

    temperatura adequados para a conservação, inexistência de termômetros ou

    monitoramento diário de temperaturas, detecção de exposição frequente dos

    produtos a extremos de temperatura (10ºC) durante o transporte e o

    armazenamento, organização inadequada dos refrigeradores e não exclusividade

    dos mesmos para estocar vacinas. Essa realidade configura um problema, visto quea prática de vacinação não deseja apenas atingir as metas das campanhas ou de

    vacinação de rotina, no que diz respeito à cobertura vacinal, e sim a soroconversão

    propriamente dita, que garantirá a proteção contra agravos imunopreveníveis.

    No Estado do Piauí, essa situação referida guarda certa similaridade.

    Segundo a coordenação estadual de imunização (BRASIL, 2009), ainda é frequente

    a observação de práticas inadequadas dos profissionais em sala de vacina,

    constituindo preocupação, uma vez que o objetivo final da vacinação não é a

    obtenção de altas coberturas vacinais e sim a redução da morbidade e mortalidadepor doenças imunopreveníveis.

    Dessa forma, a avaliação dos serviços de vacinação não pode ser vista de

    forma isolada, levando-se em consideração apenas o cumprimento da cobertura

    vacinal, e sim das condições ideais de armazenamento, preparo e administração

    dessas vacinas, fazendo-se necessária a verificação das práticas dos profissionais

    que irão impactar na qualidade do serviço e do produto ofertado à população.

    É interesse da Fundação Nacional de Saúde contribuir com a confiabilidade e

    qualidade dos imunobiológicos em todos os recantos deste país, independente desua diversidade geográfica e, consequentemente, garantir o direito de vacinação a

    toda a população, desde a instância central até as salas de vacina, objetivando a

    excelência de qualidade dos imunobiológicos a serem aplicados. Nessa perspectiva,

    é importante promover a máxima segurança nas atividades relacionadas ao

    suprimento de imunobiológicos que são distribuídos às secretarias estaduais de

    saúde por meio da Central de Distribuição de Imunobiológicos (CENADI), que tem

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    competência de receber, armazenar, acondicionar e distribuir os imunobiológicos

    (ARAÚJO, 2005).

    Cabe destacar que as doenças transmissíveis nos últimos anos têm cedido

    lugar às não transmissíveis e tal fenômeno tem sido observado mais particularmentenas doenças evitáveis por imunizantes, o que vem demonstrar que as vacinas dão

    provas incontestes da sua eficácia. Contudo, é necessário destacar o fato de que o

    êxito dos Programas de Vacinação depende não somente da proporção com que os

    imunobiológicos estão sendo utilizados na população, ou seja, da cobertura vacinal

    atingida, mas também das características e do uso desses produtos, de modo a

    promover imunização segura e eficaz.

    É importante evidenciar que as falhas no cumprimento das recomendações

    para a conservação de vacinas têm sido cada vez mais frequentes, o que vemcomprometer a qualidade dos imunobiológicos e, por conseguinte, colocar em

    dúvida a credibilidade da vacinação, levando ao risco de descontrole das doenças

    evitáveis por imunizantes, podendo acarretar em impactos negativos sociais e

    econômicos. Visto que a principal ação de manutenção das características iniciais

    dos imunobiológicos é a sua conservação adequada com a manutenção da cadeia

    de frio.

    A manutenção da integridade da Rede de Frio contempla manter adequada a

    temperatura de acondicionamento dos imunobiológicos entre +20

    C a +80

    C durantetodos os processos de armazenamento, conservação, distribuição, transporte e

    manuseio dos imunobiológicos utilizados nos Programas de Imunização, com o

    objetivo de assegurar que todos os produtos administrados mantenham suas

    características imunogênicas. Esse é um desafio que demanda a completa

    integração entre os diversos níveis, exigindo compromisso e responsabilidade das

    três esferas de governo e em especial das equipes dos serviços de imunizações.

    Nesse sentido, os profissionais envolvidos com a prática de vacinação e, de

    modo especial, aqueles que atuam em sala de vacina, precisam ter a máximasegurança na realização de todos os procedimentos referentes a essa prática, o que

    pode ser possível por meio dos processos de qualificação, os quais precisam

    adequar-se à nova realidade do PNI, mediante processos contínuos e sistemáticos

    de supervisão. Diante desse contexto, este estudo tem como objeto os

    conhecimentos e as práticas sobre conservação de imunobiológicos, adotadas pelos

    profissionais de enfermagem de salas de vacina do município de Teresina.

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    Assim, considerando-se a carência de publicações referentes e esse tema na

    realidade piauiense, entende-se que o estudo fornecerá subsídios que vão contribuir

    de forma expressiva para a melhoria da qualidade das ações do Programa de

    Imunização do Estado, em particular para as ações relacionadas à conservação deimunobiológicos, em consequência, contribuir para o controle das doenças evitáveis

    por imunizantes, além de estimular a produção de outros estudos nessa temática,

    visando o fortalecimento do Programa.

    1.1 Objetivos

    1.1.1 Objetivo geral

    Avaliar conhecimentos e práticas sobre conservação de imunobiológicos

    adotados por profissionais de enfermagem de salas de vacina da rede de saúde

    pública do município de Teresina/PI.

    1.1.2 Objetivos específicos

    Caracterizar os profissionais do estudo quanto ao sexo, a categoria

    profissional, tempo de formação, tempo de serviço em sala de vacina e treinamentopara atuar em sala de vacina;

    Descrever a estrutura física e de equipamentos das salas de vacina;

    Identificar o conhecimento e a prática dos profissionais de enfermagem das

    salas de vacina relativos à conservação dos imunobiológicos;

    Classificar o conhecimento e a prática da população do estudo sobre

    conservação de imunobiológicos;

    Correlacionar o conhecimento e a prática em conservação de imunobiológicos

    com tempo de serviço em sala de vacina, tempo de formação e tempo decorrido doúltimo treinamento da população do estudo do estudo.

    Correlacionar o conhecimento e prática com a categoria profissional.

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    2 MARCO CONCEITUAL

    2.1 Abordagem histórica da imunização e sua importância

    A realidade sanitária no Rio de Janeiro, no século XX, era a falta de

    saneamento básico e as péssimas condições de higiene, que faziam da cidade um

    foco de epidemias, principalmente febre amarela, varíola e peste. Estas pragas

    tropicais condicionaram a necessidade de uma ação imediata, a qual provocou uma

    insatisfação popular em oposição à lei obrigatória proposta pelo sanitarista Osvaldo

    Cruz, como forma de combater essas epidemias. Desse modo, o episódio

    acontecido em 1904 recebeu o nome de “Revolta da Vacina” que induziu

    interpretações equivocadas a essa demanda urgente em combater as epidemiasque castigavam a capital do país. Todavia esse episódio foi considerado o marco da

    saúde pública brasileira (PORTO, 2003). 

    Definitivamente, a campanha de vacinação aplicada de forma autoritária e

    violenta, embora tivesse objetivo positivo, foi colocada em prática em 1904, todavia

    as ações relacionadas à prática passaram a ser executadas com descontinuidade,

    pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura. Desse modo, essas ações

    conduzidas dentro de programas especiais de erradicação da varíola e controle da

    tuberculose, associadas a atividades desenvolvidas por iniciativas de governosestaduais, necessitavam de uma coordenação central que lhes proporcionassem

    sincronia e racionalização, dando origem ao Programa Nacional de Imunização

    (PNI) instituído em 1973, com a finalidade de coordenar essas ações (BRASIL,

    2011).

    O PNI, inspirado no modelo de ação deixado pelo sanitarista Osvaldo Cruz, é

    uma prioridade nacional, com responsabilidades dos governos federal, estadual e

    municipal. Erradicar ou manter sob controle todas as doenças imunopreviníveis é um

    dos objetivos desse Programa, que visa não apenas cumpri-lo, uma vez que secaracteriza pela inclusão social, na medida em que assiste todas as pessoas, em

    todos os recantos do país, sem distinção de qualquer natureza em todos os

    momentos de sua vida (BRASIL, 2003).

    O alcance dos objetivos e a adoção de estratégias exigem a articulação

    dessas instâncias, de forma a compatibilizar atividades, necessidades e realidades,

    num esforço conjunto, por ser a vacinação um serviço básico, passando,

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    obrigatoriamente, a ser planejada nas ações oferecidas pela rede de serviços de

    saúde. A vacinação, certamente, tem um espaço privilegiado no modelo de gestão

    descentralizado e de atenção à saúde, preconizado com comando único em cada

    esfera de governo e com participação social. Um modelo de atenção com enfoqueepidemiológico, centrado na qualidade de vida das pessoas e do seu meio ambiente

    e nas relações entre equipe de saúde e comunidade (BRASIL, 2013).

    Dentre os diversos Programas e diretrizes governamentais o PNI é valorizado

    por conferir proteção individual e coletiva, sendo considerada uma prática

    fundamental de saúde pública, que tem resultado na prevenção, controle e

    erradicação das doenças graves, tendo destaque com a erradicação da varíola em

    1973, da poliomielite em 1989 e com o controle do sarampo, tétano neonatal e

    acidental, difteria e coqueluche, em anos mais recentes. Como resultado dessesvários sucessos, os óbitos por doenças imunopreveníveis têm apresentado uma

    constante redução, embora ainda existam diferenças regionais (BRASIL, 2003).

    Buscando manter a excelência e credibilidade, com foco no cumprimento dos

    objetivos do PNI, o Ministério da Saúde vem realizando investimentos para garantir a

    qualidade dos imunobiológicos disponibilizados à população brasileira. Isso se

    traduz em uma Rede de Frio (RF), capaz de garantir as características iniciais do

    produto, do laboratório fabricante até o nível local e na aquisição de produtos mais

    modernos, seguros e eficazes, provenientes de processos de produção queatendem às normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

    (BRASIL, 2011).

    De um modo geral, os imunobiológicos figuram entre os produtos biológicos

    mais seguros para o uso humano, proporcionando benefícios indiscutíveis à saúde

    pública. Todavia são substâncias, como proteínas, toxinas, partes de bactérias ou

    vírus, ou mesmo vírus e bactérias atenuados ou mortos, que ao serem introduzidas

    no organismo de um animal, suscitam uma reação do sistema imunológico

    semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção por um determinado agentepatogênico, desencadeando a produção de anticorpos que acabam por tornar o

    organismo imune ou, ao menos mais resistente, a esse agente e às doenças por ele

    provocadas. No entanto, como qualquer outro produto farmacêutico, elas não estão

    isentas de risco (ANTUNES, 1999).

    O processo imunológico pelo qual se desenvolve a proteção conferida pelas

    vacinas compreende o conjunto de mecanismos através dos quais o organismo

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    humano reconhece uma substância como estranha, para, em seguida, metabolizá-

    la, neutralizá-la e/ou eliminá-la. A resposta imune do organismo às vacinas depende

    basicamente de fatores como aqueles inerentes às vacinas e os relacionados com o

    próprio organismo (BRASIL, 2011).No entanto, para que a prática de vacinação ofereça segurança e eficácia, é

    necessário o cumprimento de todas as diretrizes do PNI visando assegurar que a

    variedade de imunobiológicos oferecidos à população mantenha suas características

    iniciais, a fim de conferir imunidade.

    2.2 Conservação dos imunobio lógicos , aspectos conceituais da conservação e

    sua impo rtância para imunização

    Os imunobiológicos são produtos termolábeis, ou seja, sofrem inativação dos

    componentes imunogênicos quando expostos a temperaturas inadequadas. Para

    garantir a qualidade desses imunobiológicos é necessária equipe técnica qualificada,

    equipamentos e procedimentos padronizados, operações essas realizadas pela

    Rede de Frio ou Cadeia de Frio, cujo objetivo é assegurar que todos os

    imunobiológicos administrados mantenham suas características iniciais. A Rede de

    Frio compreende os processos de armazenamento, conservação, manipulação,

    distribuição e transporte dos imunobiológicos desde o laboratório produtor até omomento em que a vacina é administrada (BRASIL, 2013).

    A imunização apresenta-se como uma das medidas mais efetivas na

    prevenção de doenças, dessa forma a atividade requer conhecimentos e práticas

    adequadas que garantam a qualidade da imunização para não comprometer e nem

    abalar a credibilidade da vacinação.

    Nessa perspectiva, Oliveira et al.  (2009) apontam para a necessidade de

    educação permanente com potencial formação dos profissionais responsáveis pela

    imunização, favorecendo mudança necessária para que a equipe de enfermagempossa garantir qualidade das vacinas disponibilizadas para a população, uma vez

    que seu estudo realizado em Minas Gerais evidenciou falhas na manutenção da

    Rede de Frio das Unidades Básicas de Saúde do município estudado, embora seja

    indiscutível a importância da manutenção da Rede de Frio para assegurar que todos

    os imunobiológicos mantenham todas as características imunogênicas desde o

    laboratório produtor até seu destino final.

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    Melo, Oliveira e Andrade (2010) reforçam o exposto acima ao evidenciarem

    em seu estudo que, apesar dos profissionais reconhecerem a importância da leitura

    diária da temperatura das geladeiras realizadas no início e no final da jornada de

    trabalho e do registro em impresso próprio, a significativa maioria (61,5%) não ofazem. Além disso, muitos também não fazem ambientação das bobinas de gelo,

    contribuindo para a exposição dos imunobiológicos às variações de temperaturas

    que podem provocar inativação desses componentes. Em relação ao

    acondicionamento das vacinas no espaço interno da geladeira, observaram em

    33,3% das salas, vacinas bacterianas na 1ª prateleira e em 100% descumprimento

    do padrão em relação à gaveta inferior que deve ser preenchida com garrafas com

    água tingida. Diante das falhas cometidas, o estudo apontou para a necessidade de

    capacitação dos profissionais que operacionalizam a conservação das vacinas.Em Fortaleza, no ano de 2007, Luna et al.  (2011) obtiveram achados

    incongruentes na conservação das vacinas, o que talvez justifique o fato de muitos

    profissionais de enfermagem referirem não ter participado de treinamento no último

    ano, podendo inferir que a falta de atualização influencia na dinâmica do serviço.

    Estudo realizado no estado de Pernambuco destaca a importância de

    supervisões, monitoramento e avaliação nas salas de vacina, uma vez que

    evidenciaram descumprimento das normas estabelecidas pelo PNI, para um

    melhoramento desse serviço, oferecendo mais suporte aos profissionais e prestandouma melhor assistência à população (ARAÚJO; SILVA; FRIAS 2009).

    Corroboram com o exposto acima, Jesus, et al. (2004), ao identificarem em

    pesquisa realizada no município do Rio de Janeiro uma sucessão de falhas quanto à

    manutenção da Rede de Frio no tocante à observação da abertura e fechamento da

    porta da geladeira durante um turno de observação, pelo menos seis vezes, fato que

    pode explicar o aumento da temperatura interna do refrigerador, demonstrando que

    existem lacunas no cumprimento da manutenção da Rede de Frio, o que de certa

    forma evidencia a irregularidade do trabalho na sala de vacina, acarretandoimpactos na qualidade da vacinação, por interrupção do processo de refrigeração,

    favorecendo a perda da potência e eficácia dos mesmos.

    É importante destacar que as falhas relacionadas ao cumprimento das

    diretrizes do PNI não são pertinentes apenas à manutenção da Rede de Frio nas

    salas de vacina e sim, em relação ao conhecimento para correta atuação da equipe

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    como um todo, no que diz respeito às técnicas corretas de administração da vacina

    e controle dos imunobiológicos.

    2.3 Conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem em vacinação

    O conceito de conhecimento, segundo Pinto (1985), refere-se a capacidade

    que o ser vivo possui para representar o mundo que o rodeia e reagir a ele. Para

    Drucker (1993), conhecimento é um conjunto formado por experiências, valores,

    informações de contexto e criatividade aplicadas a novas experiências.

    Complementando, Marinho (2003) diz que é a habilidade para aplicar fatos

    específicos na resolução de problemas ou emitir conceitos com a compreensão

    adquirida sobre determinado evento. Sobretudo informação e conhecimentofrequentemente têm sido utilizados como sinônimos, e muitas pessoas julgam estar

    gerando conhecimento, quando na verdade estão apenas gerenciando informações.

    Contextualizando o conhecimento e a prática no cotidiano das salas de

    vacina, é importante destacar que saber a temperatura adequada de

    acondicionamento de um determinado imunobiológico não garante com absoluta

    certeza a manutenção da cadeia de frio, uma vez que saber a temperatura

    adequada é uma informação, mas a habilidade de saber usar essa informação de

    modo que gere ação de impacto positivo para a imunização é chamado deconhecimento.

    Nessa perspectiva, observa-se que o conhecimento necessariamente passa

    pela vinculação às pessoas, de modo que o mesmo refere-se a experiências,

    valores e habilidade para aplicar fatos na resolução de problemas, devendo,

    portanto, ser compartilhado como forma de assegurar que os colaboradores possam

    repassar uns aos outros, informações necessárias que possuem, garantindo a

    disseminação das mesmas e desencadeando ação positiva e eficaz na prática

    diária. No serviço de saúde, por exemplo, o conhecimento muitas vezes fica restritoa indivíduos ou a algumas áreas, vindo a impactar negativamente na prática

    cotidiana. 

    Desse modo, informação e conhecimento estão articulados. Porém, a

    informação torna-se estéril sem o conhecimento do homem para aplicá-la

    produtivamente. Nessa perspectiva, é importante destacar, que o conhecimento não

    é apenas uma informação; baseia-se nela, mas vai além, pois para gerar novos

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    conhecimentos é necessário interpretar dados e fatos, além de criar novas

    associações. Na mesma perspectiva, os autores enfatizam que a multiplicação e a

    distribuição de informações são os meios que possibilitam o repasse de

    conhecimento com a finalidade de manter uma linha de continuidade, com opropósito de sua expansão e entendimento (MARX; BENTO, 2004).

    Para que a gestão do conhecimento seja efetiva e útil, é necessário

    transformar dados em informação, informação em conhecimento e conhecimento em

    ação, prática. Para transformar dados em informação, precisamos de conhecimento,

    mas para transformar informação em conhecimento precisamos de tempo (ABREU,

    2002).

    O avanço tecnológico tem colocado evidências muito claras do que é possível

    fazer com a posse de conhecimento, que cada vez mais é agregado a produtos eserviços. A aplicação de conhecimento na conservação, preparo e administração

    dos imunobiológico, por exemplo, pode trazer mudanças no comportamento a partir

    de reflexões e contribuições sobre os fundamentos das atitudes, buscando relações

    consistentes e inconsistentes entre conhecimento, atitude e práticas.

    No atual cenário das organizações, o compartilhamento de conhecimento tem

    mostrado ser de suma importância, mas de difícil concretização, uma vez que ele é

    definido como o comportamento do indivíduo de repassar o que sabe às pessoas

    com quem trabalha e de receber o conhecimento que elas possuem. E,consequentemente, a ação esperada da aquisição do conhecimento é a mudança de

    comportamento que resulte em uma atitude eficaz (TONETE; PAZ, 2006).

    A marca da humanidade no mundo é a racionalidade que se apresenta de

    várias maneiras: técnica, arte, ciência, filosofia e saberes. Todas essas maneiras se

    encontram na prática humana, em que a ação é deliberadamente motivada pela

    idéia, pela teoria. A prática denuncia a racionalidade humana nas mais diferentes

    atividades. No cotidiano da enfermagem coexistem duas dimensões: a do

    conhecimento/saber e a da prática, que diz respeito ao fazer, que envolve todo oprocesso de cuidar em enfermagem. É em nossa prática que percebemos que o

    saber é um dos elementos que utilizamos no exercício da profissão de Enfermagem,

    e esse saber possibilita o fazer na perspectiva da ação por meio da competência,

    habilidade, persistência, paciência e disponibilidade para agir consciente e

    intuitivamente (VALE; PAGLIUCA; QUIRINO, 2009).

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    A aquisição de conhecimento, competências e habilidades, encontra-se

    diretamente vinculada à vida cotidiana por meio do ensino, da prática e da pesquisa

    científica fundada em teorias. Consequentemente a busca pela cientificidade fez

    com que a Enfermagem sofresse a influência dessas teorias definidas na prática.Por contemplar o Programa Nacional de Imunização ações complexas, faz-se

    necessária muita responsabilidade. Erros na técnica de aplicação podem causar

    sérios eventos adversos. Por isso, o vacinador tem que ser treinado para função e

    não depende apenas de dedicação, mas de formação técnica que desencadeie

    conhecimentos e práticas adequadas. O ato de vacinar é complexo, necessitando de

    qualificação das equipes em muitos municípios do Brasil para exercer essa

    atividade.

    Estudo realizado em Recife, por Melo, Oliveira e Andrade (2010) reforça essanecessidade exposta na ideia anterior, uma vez que achados evidenciaram que

    apenas dois vacinadores dos 39 entrevistados receberam treinamento específico

    para trabalhar em sala de vacina no último ano, embora 89,7% dos entrevistados

    trabalhem há mais de um ano na sala de vacina. Resultado semelhante foi

    destacado por Feitosa, Feitosa, Coriolano (2010) em estudo realizado em Iguatu, no

    Ceará, que evidenciou que das 10 auxiliares de enfermagem investigadas, apenas

    duas disseram ter participado de atualizações. É importante destacar que o menor

    tempo de permanência citado na sala de vacina foi de cinco anos.Há um novo e radical paradigma para a humanidade. O surgimento das

    ciências modernas e seu caráter prático e intervencionista revolucionam toda sua

    época e a posteridade. A mensuração, a quantificação e verificação passam a ser

    elementos que ditam as regras da nova forma de conhecimento, de modo que faz-se

    necessário a presença do enfermeiro como responsável técnico dotado de

    conhecimento científico, capaz de supervisionar ações de vacinação, com garantia

    de prática adequada (VALE; PAGLIUCA; QUIRINO, 2009).

    Corroboram com a ideia contida no parágrafo anterior, alguns autores, aoevidenciarem que a presença reduzida do enfermeiro na sala de vacinação pode ser

    considerada um dos entraves em relação ao processo de vacinação, já que se

    observou que os profissionais mantêm uma dicotomia entre a prática de

    procedimento técnico e a educação em saúde, as quais deveriam ser integradas. É

    importante destacar que a presença do enfermeiro na sala de vacina constitui ação

    complexa e imprescindível, já que o mesmo é responsável técnico em 100% desse

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    serviço, dotado de conhecimento para compartilhar e preparar de maneira segura os

    outros profissionais da sala de vacina (OLIVEIRA et al., 2010; QUEIROZ et al.,

    2009).

    Levando em consideração que a unidade básica de saúde constitui espaçoprivilegiado para se desenvolver educação em saúde e que as principais estratégias

    da ação promotora da saúde são o desenvolvimento de habilidades pessoais, a

    criação de ambientes favoráveis à saúde, o reforço da ação comunitária, a

    reorientação dos serviços de saúde sob o marco da promoção da saúde e a

    construção de políticas públicas saudáveis, faz-se necessária a utilização do espaço

    da sala de vacina para envolver de maneira correta os sujeitos dessa ação na busca

    de maior adesão ao Programa de imunização.

    A enfermagem exerce papel fundamental em todas as ações de execução doPrograma Nacional de Imunizações, sendo de suma responsabilidade ter o

    conhecimento para orientar e prestar assistência à clientela com segurança,

    responsabilidade e respeito, prover periodicamente as necessidades de material e

    imunobiológicos, manter as condições ideais de conservação de imunobiológicos,

    manter os equipamentos em boas condições de funcionamento, acompanhar as

    doses de vacinas administradas de acordo com a meta e buscar faltosos, avaliar e

    acompanhar sistematicamente as coberturas vacinais e buscar periodicamente

    atualização técnico-científica.Atualmente é uma realidade de sucesso no serviço público, o envolvimento do

    enfermeiro em todo esse contexto de maneira comprometida, utilizando

    conhecimento técnico-científico para alcance dos objetivos propostos pela OMS e

    pelo próprio PNI. O enfermeiro deve estar ciente da importância de sua participação

    na equipe multiprofissional, em que cada um tem o seu papel e sua importância,

    contribuindo para o controle das doenças imunopreveníveis.

    Cabe aos profissionais da sala de vacina buscar sempre uma conscientização

    de suas atribuições, criando novos processos de trabalho humanizado nos aspectoséticos. Sabe-se que não é fácil mudar o que está enraizado há décadas, porém faz-

    se necessária a realização de um trabalho eficaz de conscientização do profissional

    de sala de vacina, sobre a importância de constante atualização.

    A literatura aponta que entre os profissionais da estratégia Saúde da Família

    a equipe de enfermagem é a responsável pelo gerenciamento e oferta de

    imunobiológicos à população, o que remete à necessidade de acompanhar o

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    processo de trabalho nas salas de vacinas, posicionamento e conhecimento desses

    profissionais sobre o trabalho desenvolvido. Destacando a suma responsabilidade e

    necessidade de conhecimento científico que garantam a qualidade desse serviço

    prestado à comunidade.De outro lado, com o surgimento de estratégias específicas voltadas à

    transformação do modelo de atenção à saúde, como a estratégia Saúde da Família

    e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde, a população passa a ser vista,

    cada vez mais, no seu todo e as ações passam a ser dirigidas às pessoas, individual

    e coletivamente. Com isso, não se justifica um plano de vacinação isolado, ou seja,

    o trabalho casa a casa, mobilização ou a montagem de operações de campo

    somente para vacinar. As oportunidades são potencializadas, oferecendo-se outros

    serviços identificados pela equipe local de saúde como necessários para aquelapopulação determinada (BRASIL, 2003).

    Por ser a atenção básica considerada uma das portas de acesso aos serviços

    de saúde, o modelo assistencial representado na forma da estratégia de Saúde da

    Família constitui campo com excelente oportunidade para desenvolver ações de

    controle aos agravos que possam constituir risco de disseminação nacional ou no

    caso da adoção de instrumento ou mecanismo de controle que exige uma utilização

    rápida e abrangente, como é o caso das campanhas nacionais de vacinação.

    É necessário evidenciar que a participação maciça dos profissionais deenfermagem frente às ações de imunização confirma a responsabilidade por todas

    as atividades que permeiam essa ação no setor público, como atribuição

    fundamental dessa categoria profissional, embora a lei do exercício profissional

    brasileira permita a administração de vacinas por profissionais de enfermagem e

    médicos. Alguns autores confirmam essa informação quando evidenciam que o

    Programa de imunização em São Paulo, semelhante aos demais municípios

    brasileiros, é fundamentalmente exercido pelos profissionais de enfermagem e a

    supervisão da assistência exercida pelos enfermeiros (ARANDA; MORAES, 2006).Todavia, mesmo a responsabilidade da sala de vacina estando centrada

    essencialmente na equipe de enfermagem observam-se práticas inconsistentes

    referentes à imunização, que não estão sendo efetivamente cumpridas de forma

    padronizada no que diz respeito à conservação dos imunobiológicos, estrutura da

    sala de vacina, condutas frente aos eventos adversos, administração da vacina,

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    registro correto dos eventos adversos, controle e destino adequado do lixo produzido

    na sala de vacina.

    São especialmente importantes as capacitações dos profissionais, não só em

    rede de frio, mas em sala de vacina, vigilância de eventos pós-vacinais e sistema deinformação. É essencial, do mesmo modo, garantir a capacitação permanente dos

    gestores e sua atualização constante, uma vez que existe grande rotatividade de

    pessoas nos serviços (BRASIL, 2005). Diante do exposto acima, vale ressaltar que

    estudo realizado em São Paulo demonstrou que o enfermeiro, responsável técnico

    pela sala de vacina, é o profissional que apresenta um menor tempo de

    permanência nesse serviço em função das outras atividades (ARANDA; MORAES,

    2006).

    Considerando que a equipe de enfermagem é responsável pela imunizaçãona rede de saúde pública, é importante maior investimento na formação desses

    profissionais com necessidade constante de aperfeiçoamento, uma vez que as

    normas de vacinação sofrem constante mudanças, sendo a introdução de

    imunobiológicos no calendário de vacinação prática constante.

    O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Gestão do Trabalho e da

    Educação na Saúde (SGTES), tem apoiado e financiado as iniciativas e ações

    apresentadas e pactuadas nos Pólos para formação, mudanças nos currículos de

    formação e educação permanente de profissionais de saúde (BRASIL, 2004).A Educação Permanente, considerada como estratégia fundamental para a

    recomposição das práticas de atenção, gestão e do controle social no setor saúde,

    levou o Departamento de Educação na Saúde (DEGES) da SGTES, a adotar como

    principais, os seguintes pontos de agenda de trabalho: qualificação da formação

    profissional em saúde; formação de trabalhadores e desenvolvimento das profissões

    técnicas da saúde; educação permanente no SUS; educação popular em saúde.

    Na Educação Permanente em Saúde, as necessidades de conhecimento e a

    organização de demandas educativas são geradas no processo de trabalhoapontando caminhos e fornecendo pistas ao processo de formação. Sob este

    enfoque, o trabalho não é concebido como uma aplicação do conhecimento, mas

    entendido em seu contexto sócio-organizacional e resultante da própria cultura do

    trabalho (BRASIL, 2004).

    Dessa forma, é válido destacar que os aspectos operacionais em salas de

    vacinas merecem uma atenção especial, pois tratam de medidas essenciais para a

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    aplicação de um imunobiológico dentro de todos os padrões corretos de

    conservação, armazenamento, manuseio e administração dos mesmos. Além disso,

    a enfermagem exerce um importante papel no tocante às imunizações por monitorar

    todos os aspectos técnicos e operacionais nas salas de vacina, devendo, portanto,ser dotada de conhecimento para exercer competentemente essa função.

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    3 METODOLOGIA

    3.1 Tipo de Pesquisa

    Trata-se de estudo descritivo com delineamento transversal, desenvolvido por

    meio de inquérito epidemiológico e observação não participante.

    3.2 Local do estudo

    O estudo foi realizado em 73 salas de vacina da rede de saúde pública de

    Teresina. Algumas dessas salas de vacina encontram-se situadas nas unidades

    básicas de saúde (UBS) e as demais em alguns hospitais de Teresina, pertencentesa Fundação Municipal de Saúde (FMS).

    Atualmente a FMS dispõe de 50 UBS, nove hospitais e 228 equipes da

    estratégia Saúde da Família, sendo 13 na zona rural e 188 na zona urbana. No

    tocante as salas de vacina, são 73 salas fixas na zona urbana, sendo 22 na zona

    sul, 30 na zona centro/norte e 21 na leste/sudeste, além de 15 salas na zona rural

    das quais sete são classificadas como virtuais, ou seja, não dispõem de estrutura

    física, de equipamentos e funcionários especificamente lotados nas mesmas, mas

    utilizam os espaços de atendimento da estratégia Saúde da Família (ESF), onde sãorealizadas atividades de vacinação em datas fixas, previamente agendadas com a

    população de determinada área. Contudo, foram incluídas no estudo apenas as

    salas de vacina fixas da zona urbana.

    Para efeito deste estudo, se utilizou a definição de salas fixas do PNI, que

    correspondem, aquelas que além de serem cadastradas dispõem de estrutura física,

    de equipamentos e funcionários especificamente lotados nas mesmas e tem

    funcionamento em regime de pelo menos um ou dois turnos diários, de segunda a

    sexta-feira.

    3.3 População

    A população do estudo foi constituída de 200 profissionais de enfermagem de

    nível superior e médio das 73 salas de vacina das unidades básicas de saúde e

    unidades hospitalares da FMS. Cabe mencionar que foram incluídos todos os

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    profissionais de enfermagem que realizam atividades nas salas de vacina do estudo,

    mesmo aqueles recém-ingressos no setor, já que devem ter sido submetidos a

    treinamento específico em imunização, considerando ser requisito para o trabalho.

    3.4 Procedimentos de Coleta de dados/Instrumentos

    A coleta de dados foi realizada pela própria mestranda e por graduandos em

    enfermagem da UFPI, após serem submetidos a treinamento, oferecido sob a

    supervisão da coordenadora da pesquisa. Os dias das entrevistas foram

    previamente marcados de acordo com a coordenação de enfermagem das unidades

    de saúde pesquisadas, de modo a interferir o mínimo possível na dinâmica das

    atividades. Para tanto, foi enviada uma carta de encaminhamento, para informar àdireção e coordenação de enfermagem das respectivas UBS, sobre os objetivos e

    procedimentos que seriam utilizados no estudo, bem como foi apresentada uma

    carta de autorização da FMS para realização da investigação.

    Os procedimentos para coleta dos dados foram realizados por meio de duas

    técnicas distintas, como seguem:

    Entrevistas mediante aplicação de formulário, com perguntas fechadas e

    algumas semi-abertas (Apêndice A). O citado instrumento foi adaptado de um

    formulário padrão do PNI (BRASIL, 2013), utilizado para supervisão.É importante destacar que todas as partes do instrumento continham

    questões que permitiram avaliar a prática e o conhecimento dos profissionais da sala

    de vacina. Antes da aplicação foram realizados dois pré-testes, com o objetivo de

    aperfeiçoar os instrumentos, sendo ambos aplicados com cinco enfermeiros e cinco

    técnicos não participantes da pesquisa. As dificuldades apresentadas foram

    revisadas e no segundo teste não houve dificuldade para compreensão.

    Observação não participante, realizada após às entrevistas, onde observou-

    se refrigeradores, caixas térmicas e termômetros das salas de vacina, bem como omanuseio dos mesmos e registrados em um roteiro padronizado, proposto pelo

    Ministério da Saúde para supervisão das salas (Anexo A) (BRASIL, 2013). Também

    foram analisados os impressos relativos à conservação das vacinas.

    Como contribuição, ao final de cada visita, era deixado relatório com

    observações e sugestões acerca do descumprimento do padrão, estabelecido pelo

    PNI (Anexo B).

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    3.5 Definição das variáveis do estudo

      Identificação da amostra (características demográficas, categoria profissional,

    tempo de serviço em sala de vacina, tempo de formação, treinamento paraatuar em sala de vacina, tempo decorrido do último treinamento);

      Estrutura física das salas de vacina;

      Aspectos gerais dos refrigeradores das salas de vacina;

      Conhecimento referente a estrutura física, material, situação frente a

    descontinuidade de energia e acondicionamento dos imunobiológicos;

      Conhecimento referente a temperatura de acondicionamento dos

    imunobiológicos;

      Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos.

    3.6 Classif icação dos conhecimentos e práticas

    Para classificar o conhecimento dos profissionais do estudo em relação à

    conservação das vacinas, foram avaliadas as respostas às questões numeradas no

    formulário referente ao apêndice A, e atribuídos escores, em adaptação ao estudo

    de Aranda (2005), o qual categorizou o conhecimento em suficiente (9 a 10), regular

    (7 a 8) e insuficiente (6 ou menos). Nesta pesquisa, a cada resposta considerada

    totalmente correta (concordância com o Manual de Rede de Frio do PNI) foi

    atribuído um ponto. Assim, o conhecimento foi categorizado em três intervalos de

    classe, conforme o percentual de acerto das repostas: ADEQUADO (90 a 100%);

    REGULAR (70 a 89%) e INADEQUADO (menor que 70%).

    Para classificar a prática, também adaptou-se a escala utilizada por Aranda

    (2005). Observaram se as condutas relacionadas à conservação das vacinas

    estavam de acordo com as orientações do PNI. Para cada item do formulário de

    observação realizado de forma correta, foi atribuído um ponto. Assim, a prática foi

    categorizada em três intervalos de classe, acerto das condutas: ADEQUADA (90 a

    100%); REGULAR (70 a 89%) e INADEQUADA (menor que 70%).

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    3.7 Análise dos dados

    Para análise e tratamento dos dados, as variáveis foram codificadas a fim de

    se estabelecer uma linguagem estatística padrão. Posteriormente, os dados foramtranscritos com o processo de dupla digitação, utilizando-se planilhas do aplicativo

    Microsoft Excel.

    A análise estatística exploratória e inferencial foi realizada utilizando-se o

    Software SPSS (Statistical Package for the Social Science), versão 18.0.

    A análise descritiva das características sociodemográficas e funcionais da

    amostra estudada, foi realizada utilizando-se tabelas de distribuição de frequência

    absoluta e relativa.

    Na comparação de médias entre grupos categorizados em variáveisqualitativas, os testes paramétricos de escolha foram teste t de Student e ANOVA.

    Em virtude da violação do pressuposto de normalidade, avaliada por meio do teste

    de Kolmogorov Smirnov (n>50), utilizaram-se o teste Mann-Whitney e Kruskal-

    Wallis.

    Para testar a associação do conhecimento e prática com a categoria

    profissional, foram utilizados os testes Qui-quadrado, exato de Fisher e Odds Ratio

    com os respectivos intervalos de confiança. Usou-se o teste Exato de Fisher quando

    20% das células tinham valor esperado inferior a 5. Vale destacar que o nível designificância foi fixado em p≤0,05 para todos os testes realizados.

    3. 8 Aspectos Éticos

    Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

    Universidade Federal do Piauí (Anexo C) aprovada (CAAE 07381812.2.0000.5214) e

    respeitados todos os preceitos éticos contidos na Resolução 196/96 do Conselho

    Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).Aos participantes foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento

    Livre e Esclarecido (Apêndice B), após as devidas explicações sobre os objetivos do

    estudo, seus riscos e benefícios, desconfortos, sendo a todos garantido o

    anonimato, a confidencialidade e a privacidade, bem como a prévia autorização da

    Fundação Municipal de Saúde, para realização da pesquisa nas suas salas de

    vacina, observado no anexo D.

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    4 RESULTADOS

    A apresentação dos resultados está subdividida em duas seções, sendo que

    na primeira encontram-se os dados de identificação da amostra estudada (Tabela 1),Estrutura física e equipamentos da sala de vacina, aspectos relacionados aos

    refrigeradores, conhecimento e prática sobre conservação de imunobiológicos

    transporte, recebimento, acondicionamento, armazenamento, manuseio dos

    imunobiológicos e situação frente a descontinuidade de energia (Tabelas 2, 3, 4, 5, 6

    e Gráficos 1, 2, 3).

    Na segunda, apresentam-se a associação da classificação da prática e do

    conhecimento dos profissionais de sala de vacina relacionados a conservação de

    imunobiológico e as variáveis: tempo de serviço em sala de vacina, tempo deformação e tempo decorrido do último treinamento, bem como associação do

    conhecimento e da prática relacionados a conservação de imunobiológico com a

    categoria profissional (Tabelas 7 e 8).

    4.1 Seção I

    4.1.1 Identificação da amostra estudada.

    A Tabela 1 apresenta a caracterização dos profissionais de sala de vacina,

    em que observou-se predomínio do sexo feminino na execução das funções em sala

    de vacina (92,5%), sendo 52,5% técnicos de enfermagem e 47,5% enfermeiras. A

    média de anos trabalhados na sala de vacina foi de 7,2 anos, e 52% tinha até cinco

    anos de exercício da profissão em sala de vacina. O tempo de formação variou de

    um a 46 anos de formado, com média igual a 13,4 anos. Em relação ao tempo

    decorrido do último treinamento em sala de vacina, 18,5% da amostra referiu não ter

    tido treinamento algum para assumir o serviço e dentre os 81,5% que receberamtreinamento, 59,5% foi há menos de cinco anos. É importante destacar que apenas

    47% da amostra estudada referiu exclusividade em relação ao desempenho das

    funções em sala de vacina.

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    Tabela 1 - Características demográficas e funcionais da amostra do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=200).Variáveis n (%) X̅a (dp) b  ± IC 95% Min- Maxc Sexo

    Masculino 15 (7,5)

    Feminino 185 (92,5)Categoria ProfissionalTécnico/auxiliar de

    enfermagem105 (52,5)

    Enfermeiro 95 (47,5)Tempo de serviço em salade vacina (anos)

    7,2 6,9 6,2-8,2 01-34

    Até 05 anos 104 (52,0)Mais que 05 anos 96 (48,0)

    Tempo de formação 13,4 9,6 12,0-14,7 01-46Até 10 anos 99 (49,5)Mais que 10 anos 101(50,5)

    Treinamento para atuar

    em sala de vacinaSim 163 (81,5)Não 37 (18,5)

    Tempo decorrido doúltimo treinamento

    4,6 5,0 3,7-5,4 01-30

    Até 05 anos 119 (59,5)Mais que 05 anos 44 (22,0)Sem treinamento 37 (18,5)

    Funcionário exclusivo desala de vacina

    Sim 94 (47,0)Não 106 (53,0)

    Legenda: x= média, ±= Desvio padrão c, IC95%= intervalo de confiança, Min-Max= Mínima e máxima

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

    4.1.2 Estrutura física das salas de vacina.

    Na Tabela 2, observou-se que 82,2% das salas tinham fácil acesso e 94,5%

    eram de uso exclusivo para vacinação. Quanto às condições de higiene, 21,9% não

    apresentavam condições satisfatórias, em apenas 41% das salas de vacina a

    limpeza era realizada quinzenalmente e o cronograma de limpeza foi evidenciado

    em apenas três delas (4,1%). Verificou-se que 46,6% apresentavam objetos de

    decoração. A temperatura ambiente adequada foi observada somente em 24,7%.

    Quanto ao tamanho das salas, 65,8% estavam fora do padrão preconizado e

    56,2% apresentavam proteção adequada contra luz direta, com destaque para

    inadequação relacionada à mobília, em 56,2%, no que se refere a falta de armários

    para estocagem de insumos e ausência de maca para administração de vacinas. Em

    53,4% observou-se inadequação em relação a ausência de bancadas. O piso e

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    paredes laváveis, só foi observado em 58,9% das unidades. Em 63% das salas as

    tomadas não estavam posicionadas a 1,30cm de altura. (Tabela 2).

    Tabela 2 - Estrutura física e equipamentos das salas de vacina do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=73).Variáveis n %Sala de vacina de uso exclusivo

    Sim 69 94,5Não 04 5,5

    Sala de vacina de fácil acessoSim 60 82,2Não 13 17,8

    Condições de conservação e limpezaAdequada 57 78,1Inadequada 16 21,9

    Periodicidade da limpeza da sala de

    vacinaUma vez por semana 06 8,2Quinzenal 30 41,0Mensal 10 13,7Não sabe 27 37,1

    Existe cronograma de limpeza da salade vacina

    Sim 03 4,1Não 70 95,9

    Temperatura ambiente da sala entre18ºC e 20ºC 

    Sim 18 24,7Não 55 75,3

    Presença de objetos de decoraçãoSim 34 46,6Não 39 53,4

    Tamanho da salaAdequada 25 34,2Inadequada 48 65,8

    Piso e paredes laváveis, impermeávele de fácil higienização

    Adequada 43 58,9Inadequada 30 41,1

    Presença de maca e mobíliaAdequada 32 43,8Inadequada 41 56,2

    Existência de pia com torneira ebancadasAdequada 34 46,6Inadequada 39 53,4

    Proteção adequada contra luz diretaAdequada 32 43,8Inadequada 41 56,2

    Tomada(s) posicionadas a 1,30mSim 27 37,0Não 46 63,0

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

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    4.1.3 Aspectos gerais dos refrigeradores das sala de vacina.

    Em se tratando das condições do refrigerador, destaca-se que em 100% da

    amostra o mesmo era de uso exclusivo para estocagem de imunobiológico, em27,4% das salas de vacinas o refrigerador já havia apresentado algum defeito, e

    21,9% necessitaram de conserto em 2012. Todavia, nenhum refrigerador apresentou

    manutenção preventiva. No quesito capacidade do refrigerador em litros, 100%

    atendiam ao padrão, com predomínio de termômetros do tipo digital com

    temperatura de máximo, mínimo e a temperatura do momento, 84,9%. O

    posicionamento adequado do refrigerador em relação à distância de fonte e

    incidência de luz solar direta foi observado em 79% das salas. (Tabela 3).

    Tabela 3 - Aspectos relacionados aos refrigeradores das salas do estudo. Teresina/PI, 2013(n=73).Variáveis n %Refrigerador exclusivo da sala devacina

    Sim 73 100Não - -

    O refrigerador já apresentou defeitosSim 20 27,4Não 53 72,6

    Quantidade de conserto dasgeladeira(s) da unidade em 2012

    Sim 16 21,9Não 57 78,1

    Manutenção preventiva da(s)geladeira(s) das unidades

    Não 73 100,0Termômetro utilizado na geladeira daUnidade

    Digital (Max;Min;Mom) 62 84,9Analógico (Max;Min;Mom –

    Capela)04 5,5

    Analógico (Mom-cabo extensor) 07 9,6Capacidade da geladeira (em litros)

    Adequada 73 100,0Inadequada _ _

    Posição do refrigerador em relação aincidência de luz solar direta

    Adequada 158 79,0Inadequada 40 20,0Não há outro equipamento 02 1,0

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

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    4.1.4. Conhecimento referente a estrutura física, material, situação frente a

    descontinuidade de energia e acondicionamento dos imunobiológicos.

    O conhecimento dos profissionais a respeito da estrutura física, foi adequado

    em 38% da amostra, seguido de 37% dos que conheciam de maneira satisfatória aestrutura adequada e 25% que relataram não conhecer de forma alguma essa

    estrutura adequada. Quando questionados sobre a presença da mobília como

    equipamento fundamental para desempenho das atividades na sala de vacina 39,5%

    responderam desconhecer sua importância. Em relação as condutas frente a

    descontinuidade de energia 97,5% da amostra referiu conhecer e 87,5% sabiam

    acondicionar corretamente os insumos. No tocante a temperatura fora do padrão,

    63,5% relataram avisar imediatamente ao nível superior no caso dessa ocorrência.

    A notificação de ocorrência de temperatura fora do padrão era realizadasempre em 34% dos casos e 65,5% somente se a alteração for grande. (Tabela 4).

    Tabela 4 - Conhecimento sobre estrutura física, material, situação frente a descontinuidadede energia e acondicionamento dos imunobiológicos. Teresina/PI, 2013 (n=200).Variáveis n %Estutura física

    Sim 74 37,0Não 50 25,0Em Partes 76 38,0

    MobiliárioSim 121 60,5Não 79 39,5

    Condutas frente a descontinuidade deenergia

    Sim 195 97,5Não 05 2,5

    Acondicionamento dos insumosSim 175 87,5Não 25 12,5

    Conduta mediante temperatura deacondicionamento das vacinas fora dointervalo

    Notifica SMS sempre 68 34,0Notifica a SMS somente se a

    alteração for grande131 65,5

    Inutiliza as vacinas e solicitareposição

    33 16,5

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI. 2013.

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    4.1.5. Conhecimento referente a temperatura de acondicionamento dos

    imunobiológicos

    Questionados sobre os imunobiológicos que poderiam ser expostos atemperaturas negativas 100% da amostra cometeu algum erro. O conhecimento

    equivocado mais relacionou-se a vacina rotavirus em que 30,9% dos profissionais

    responderam que pode ser submetida a temperatura de zero graus, seguido da

    hepatite B (16,5%) e BCG (15,1%). (Tabela 5).

    Tabela 5 - Distribuição percentual dos acertos e erros da amostra relacionados àtemperatura de conservação dos imunobiológicos. Teresina/PI, 2013 (n=200).Vacinas Acertos Erros

    N % n %BCG 192,4 84,9 7,5 15,1

    Tetravalente 198,5 97,1 1,4 2,9

    Rotavirus 184,5 69,1 15,4 30,9

    Tríplice viral 185,2 70,5 14,7 29,5

    Pneumo 198,2 96,4 1,8 3,6

    Meningo 196,7 93,5 3,2 6,5

    Dupla adulto 194,9 89,9 5,0 10,1Poliomielite oral 187,4 74,8 12,6 25,2

    Hepatite B 191,7 83,5 8,2 16,5

    Febre amarela 187,7 75,5 12,2 24,5

    Pentavalente 196,7 93,5 3,2 6,5

    Soros 197,8 95,7 2,1 4,3Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

    Com relação ao conhecimento dos profissionais da sala de vacina a respeito

    do prazo para utilização dos frascos de imunobiológico após sua abertura, o

    destaque maior foi para a vacina hepatite B, em que 63% dos profissionais não

    souberam responder satisfatoriamente. Os prazos mais conhecidos foram das

    vacinas que seguem: Pólio (70,5%), VTV (68,5%), febre amarela (67%), BCG

    (66,5%) e Rotavirus (65,5%) (Gráfico 1).

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    Gráfico 1 - Prazo referido para utilização das vacinas após abertura dos frascos.Teresina/PI,2013.

     Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

    4.1.6 Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos

    Outras irregularidades também foram observadas, como por exemplo, em

    relação a periodicidade da leitura da temperatura do refrigerador que esteve

    inadequada em 9%. Observou-se que em 87% das salas de vacina do estudo, oregistro da temperatura era feito em local apropriado, corretamente nos mapas

    padronizados. Todavia em 6% das salas de vacina do estudo foi possível observar

    que não era feito nenhum registro de temperatura, mesmo que fosse em local não

    padronizado (Tabela 6).

    A frequência de limpeza da geladeira visualizada na Tabela 6 foi referida

    quinzenalmente em 43% do total de salas visitadas. Um item que chama atenção, é

    o fato de um elevado número de profissionais referir limpeza da geladeira

    mensalmente (43%). Quando indagados sobre a reacomodação das vacinas apóslimpeza das geladeiras os funcionários responderam corretamente em 87,5% das

    salas.

    Ainda com relação a reacomodação dos imunobiológicos após limpeza das

    geladeira, vale chamar atenção aos 7,5% dos profissionais enfermeiros que que

    referiram não ter tempo para acompanhar o procedimento em sala de vacina.

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    É importante destacar que em 5,5% das unidades pesquisadas foram

    encontrados imunobiológicos acondicionados na porta do refrigerador. Em relação

    ao posicionamento do bulbo do termômetro no interior da geladeira, 28% das

    unidades não atendiam o padrão. As garrafas tingidas estavam presentes apenasem 55% da amostra. (Tabela 6).

    O padrão correto para acondicionamento adequado de insumos só foi

    observado em 87,5% das salas, vale destacar que um significativo percentual

    (12,5%) não acondicionavam corretamente os insumos utilizados para a realização

    da atividade de vacinação. Em 17% das salas de vacina estudadas não havia

    padronização das caixas térmicas da rotina. O registro de temperatura adequado

    das caixas térmicas só estava sendo cumprido corretamente em 55,5%.

    Quanto à ambientação das bobinas de gelo para montagem das caixastérmicas da rotina, 95,5% da amostra referiu realizar.

    Durante observação da distância correta dos imunobiológicos e as paredes da

    geladeira foram observados em 16,5% de descumprimento do item e adequação de

    83,5% das salas.

    Quanto à existência de formulário de imunobiológico sob suspeita, apenas

    32% da amostra referiram ter e conhecer o impresso.

    Tabela 6 - Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos. Teresina/PI, 2013(n=200).Continua

    Variáveis n %Periodicidade da leitura datemperatura do refrigerador

    Correto 182 91,0Incorreto 18 9,0

    Local de registro da leitura detemperatura

    Não registra 12 6,0Caderno da sala de vacina 14 7,0

    Mapa de registro de temperaturapadronizado 174 87,0

    Frequência da limpeza interna dageladeira

    1x/semana 86 43,0Quinzenal 86 43,0Mensal 15 7,5Outros 13 6,5

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

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    Tabela 6 - Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos. Teresina/PI, 2013(n=200).

    ConclusãoVariáveis n %Tempo de reacomodação das vacinas

    após limpeza do refrigeradorCorreto 175 87,5Incorreto 08 4,0Não companha o procedimento 15 7,5Não soube informar 02 1,0

    Porta livre de qualquer materialSim 189 94,5Não 11 5,5

    Localização do bulbo do termômetrona 2ª prateleira

    Sim 144 72,0Não 56 28,0

    Presença de garrafas com água

    tingidasSim 110 55,0Não 90 45,0

    Acondicionamento adequado deinsumos

    Sim 175 87,5Não 25 12,5

    Organização padronizada da caixatérmica da rotina

    Adequada 166 83,0Inadequada 34 17,0

    Registro adequado de temperatura dacaixa térmica

    Sim 111 55,5Não 89 44,5Ambientação das bobinas de geloreciclável para uso nas caixastérmicas

    Sim 191 95,5Não 09 4,5

    Distância correta entre osimunobiológicos e as paredes dorefrigerador de no mínimo 2cm

    Sim 167 83,5Não 33 16,5

    Existência de formulário de

    imunobiologicos sob suspeitaSim 64 32,0Não 136 68,0

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

    De acordo com o gráfico 2, observou-se registros da ocorrência de

    temperaturas máximas elevadas em 82,8% das salas de vacina, com 34,5% das

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    temperaturas na ocasião da pesquisa alteradas e 37,1% das temperaturas mínimas

    alteradas.

    Gráfico 2 - Observação de registros de alteração da temperatura nos mapas de controlediário das salas de vacina do estudo. Teresina/PI, 2013 (n=73).

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

    Os gráficos 3 e 4 demonstram, respectivamente, classificação do

    conhecimento e classificação da prática dos profissionais de enfermagem em sala

    de vacina, em que observou-se um discreto percentual de profissionais com

    conhecimento adequado de 11,3%, todavia 57% tinham conhecimento inadequado e

    31,5% conhecimento regular.

    Gráfico 3 - Classificação do conhecimento. Teresina/PI, 2013 (n= 200).

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

    Em relação a classificação da prática, observou-se que apenas 35%

    realizavam prática de forma regular, estando a maioria da amostra (65%)

    executando-a de maneira inadequada.

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    Gráfico 4 - Classificação da prática. Teresina/PI, 2013 (n= 200).

    Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.

    4.2 Seção II

    Quando realizado cruzamento do conhecimento e da prática dos profissionais

    de sala de vacina com as variáveis média de tempo de serviço em sala de vacina,

    de tempo de formação e de tempo decorrido do último treinamento, observou-se

    associação estatisticamente significativa do conhecimento com o tempo de trabalho

    em sala de vacina e com o tempo decorrido do último treinamento (p0,05) (Tabela 07).

    Tabela 7 - Correlação entre a classificação do conhecimento e prática da amostra com asvariáveis: média de tempo de serviço em sala de vacina, de tempo de formação e tempo doúltimo treinamento. Teresina/PI, 2013 (n=200).

    Classificação do ConhecimentoVariáveis Adequado Regular Inadequado P valor*

    n média n média n médiaTempo de serviço emSala de vacina

    23 4,9 63 8,9 114 6,7 0,01

    Tempo de formação 23 10 63 14,8 114 13,2 0,08Tempo decorrido doúltimo treinamento

    22 3,3 58 4,3 85 5,3

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    Quando realizada associação da classificação do conhecimento dos

    profissionais de enfermagem e a categoria profissional, observou-se que os

    auxiliares/técnicos de enfermagem apresentaram 4,8 mais chances de ter o

    conhecimento regular (OR=4,8 IC95% 2,4-9,4) e 6,4 mais chances de ter oconhecimento adequado quando comparado com o dos enfermeiros (IC95% 2,4-9,4

    e 2,2-18,5), respectivamente. (Tabela 08).

    Quando realizada associação da classificação da prática de enfermagem em

    sala de vacina com a categoria profissional, não se verificou significância estatística.

    (p=0,26). (Tabela 08).

    Tabela 8: Classificação do conhecimento dos profissionais de enfermagem e categoriaprofissional. Teresina/PI, 2013 (n=200).

    Categorias ProfissionaisConhecimento Enfermeiro Aux. Téc.Enf.

    n % n % OR IC95% Pvalor

    Inadequado 73 76,8 41 39,0 1

    Regular 17 17,9 46 43,8 4,8 2,4-9,4

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    5 DISCUSSÃO

    A amostra referente ao estudo foi composta por 200 profissionais de sala de

    vacina, em que observou-se predominância de técnicos de enfermagem, com amaioria das salas funcionando em dois turnos. Em relação ao tempo de trabalho em

    sala de vacina, observou-se profissionais com até cinco anos, o que se justifica pelo

    fato das novas oportunidades de concurso permitirem estabilidade desses

    profissionais com redução da rotatividade, o que pode trazer impactos positivos para

    a prática em sala de vacina, além de favorecer uma relação de segurança,

    estabilidade e progressão no trabalho.

    Quanto aos aspectos relacionados ao acesso às salas de vacina, observou-se

    que embora 100% não estivessem de acordo com o padrão estabelecido, 82,2%encontravam-se bem localizadas e as 17,8% restantes, embora não estivessem em

    posições privilegiadas, também não se localizavam em lugares que comprometesse

    a busca pela vacina. Um fator de descumprimento do padrão de sala que merece

    destaque, diz respeito ao uso não exclusivo de algumas salas para atividades de

    vacinação, as quais dividiam espaço com laboratório e sala de reuniões, utilizadas

    para debater assuntos da estratégia de saúde da família.

    A sala de vacina que não é de uso exclusivo, traz impacto negativo, uma vez

    que todas as atividades realizadas na sala devem contar com uma estrutura quegaranta acondicionamento, manipulação, estocagem, transporte e recebimento dos

    insumo de maneira segura, reduzindo ao máximo riscos que possam trazer prejuízos

    à população. Segundo o PNI (BRASIL, 2011), é importante que todos os

    procedimentos desenvolvidos garantam a máxima segurança, prevenindo infecções

    nas crianças e adultos atendidos. Os imunobiológicos são líquidos estéreis que por

    sua vez devem assim permanecer a fim de garantir o processo de vacinação livre de

    danos, juntamente com as boas práticas e procedimentos. É importante ressaltar

    que é terminantemente proibido dividir o espaço de manipulação de vacinas commateriais para exames laboratoriais, os quais podem funcionar como veículo potente

    de contaminação dos imunobiológicos.

    Em relação à estrutura física das salas de vacina do estudo, encontrou-se um

    quadro que merece destaque e atenção dos órgãos de saúde da capital piauiense,

    pois segundo o manual de estrutura física de sala de vacina (BRASIL, 2013) torna-

    se imprescindível que as mesmas possuam condições para promover máxima

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    segurança na atividade de vacinação, devendo levar em consideração o

    atendimento as condições mínimas exigidas, tais como ter 9m2 de área física, ser de

    fácil acesso, bem iluminada, porém sem incidência direta de luz que possa

    comprometer a estabilidade dos imunobiológicos, conter pia preferencialmente emaço inox, em mármore ou granito, com torneira e água corrente para facilitar a

    limpeza, um balcão para preparo dos imunobiológicos, paredes e piso laváveis e de

    cor clara para facilitar a desinfecção. Não se deve utilizar pisos de madeira,

    carpetes, cortinas, pois nestes tipos de pisos e acessórios é grande a formação de

    fungos e outros microrganismos. E, além de ter uso exclusivo para atividades de

    vacinação, se possível deve ter entrada e saída independentes.

    Tem-se observado que o atendimento dos quesitos relacionados ao padrão

    de estrutura física das salas de vacina está muito aquém do preconizado peloMinistério da Saúde. Comparando-se o perfil das atuais salas com o observado em

    estudo realizado no Piauí há dois anos (DEUS, 2011), percebeu-se que houve

    pouco avanço nesse aspecto, o que faz deduzir que o governo pouco investiu em

    reformas que pudessem estruturar melhor essas salas, o que leva a crer que a

    atividade não está recebendo a devida valorização, provavelmente porque mesmo

    com uma estrutura inadequada o sucesso da vacinação ainda é perceptível.

    A situação da estrutura física de salas de vacina no Piauí guarda certa

    similaridade com a encontrada em estudo realizado em Marília (SP), que evidenciouque aproximadamente dois terços das salas de vacina alcançaram índice regular no

    item aspectos gerais das salas, no tocante à estrutura física, destacando-se como

    ponto crítico o elevado percentual de salas (34%) não serem de uso exclusivo para

    vacinação (VASCONCELOS, ROCHA, AYRES, 2012). Outro fator observado no

    presente estudo chama a atenção, como a ausência de maca observada em mais da

    metade das salas de vacina.

    A recomendação para administração dos imunobiológicos é que as crianças

    tome-os deitadas em macas que são superfícies firmes e não no colo das mães,favorecendo possíveis erros na aplicação, como perfuração de algum vaso

    sanguíneo ou administração equivocada, o que poderá trazer sérias consequências.

    Nessa perspectiva, corroboram com achados relacionados a falta de estrutura física

    de sala de vacina Luna et al.  (2011) que identificaram em 41,7% das unidades

    observadas ausência de maca, bancadas e armários

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    O atendimento aos aspectos preconizados para estrutura física da sala de

    vacina em relação à proteção dos imunobiológicos contra luz direta é um fator que

    visa minimizar os riscos relacionados. Entre outras medidas de proteção dos

    imunobiológicos destaca-se a proteção contra luz, devido à sensibilidade à luzultravioleta. A vacina deve ser protegida da luz solar direta. Se não for usada

    imediatamente após a reconstituição, a vacina deve ser mantida em local que a

    proteja da luz, bem como acondicionada de modo a manter a temperatura entre +

    2ºC e + 8ºC.

    A disposição correta dos equipamentos, quando avaliada a distância da

    geladeira para a parede, deixou a desejar em algumas unidades, o que associado à

    falta de proteção da luz direta, às elevadas temperaturas da cidade de Teresina e a

    capacidade da geladeira em manter as vacinas bem refrigeradas, pode colocar emrisco o poder imunogênico desses imunobiológicos que são constituídos, em sua

    grande maioria, de vírus vivos atenuados, sensíveis a exposição à luz e

    temperaturas elevadas. Estudos realizados em outros estados brasileiros também

    evidenciaram falta de proteção adequada a incidência solar direta (LUNA et al.,

    2011; ARAÚJO, SILVA, FRIAS, 2009).

    Outra consideração relevante diz respeito à correta disposição dos

    imunobiológicos no interior do refrigerador que esteve em desacordo com o padrão

    estabelecido, uma vez que foi possível observar no presente estudoacondicionamento de vacinas que não podem ser congeladas ou submetidas a

    temperatura inferior a +20C, tais como BCG, rotavirus e hepatite B na primeira

    prateleira, podendo comprometer a termoestabilidade das mesmas que contêm

    adjuvantes, tendo que ser dispostas corretamente na segunda prateleira.

    Demais estudos realizados também apontam para inúmeras deficiências no

    armazenamento de vacinas nas unidades de saúde de outros países que podem

    comprometer a qualidade imunogênica, evidenciada pelos 39,7% das salas de

    vacina em Valência na Espanha, em que as vacinas encontravam-se dispostasincorretamente (BARBER-HUESO et al., 2009). Widsanugorn et al.  (2011) em

    estudo realizado em Kalasin na Tailândia, também identificaram manutenção

    inadequada da temperatura do refrigerador para acondicionamento de vacinas que

    não podem ser congeladas em 13% das unidades de saúde.

    Com relação a geladeira, o PNI preconiza que as salas de vacina disponham

    de geladeira comercial de 280 litros e que seja para uso exclusivo de

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    imunobiológico, realidade encontrada em 100% da amostra estudada (BRASIL,

    2003). Vale frisar que, com base em estudos realizados (ARANDA; MORAES, 2006;

    QUEIROZ et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2009), a aquisição de refrigeradores foi o

    aspecto de maior evolução. Tal fato pode se justificar por ser um item que traz umimpacto direto ao imunobiológico e por ser um equipamento de fácil aquisição

    associado ao fato de ter longa vida útil, aproximadamente seis a oito anos. Todavia,

    convém mencionar que foi observado em todas as salas, a falta de manutenção

    preventiva desses equipamentos, o que reflete desatenção por parte dos gestores.

    Este resultado corrobora com os estudos realizados no estado do Rio de

    Janeiro, (OLIVEIRA et al., 1991; LUNA et at., 2011; MELO; OLIVEIRA; ANDRADE,

    2010), em que foram identificados refrigeradores com capacidade e estado de

    conservação satisfatórios, que atendem parte das condições de estocagem corretados imunobiológicos.

    Quando pesquisado o conhecimento dos profissionais a respeito da estrutura

    física, menos da metade da amostra emitiu resposta correta; o que demonstra

    desconhecimento sobre a importância da mesma, tornando-os passivos diante de

    uma realidade que precisa ser modificada, impossibilitando-os de lutar por

    melhorias.

    A maior parte da amostra quando questionada a respeito de conhecer

    condutas frente à descontinuidade de energia, respondeu que sim. Entretanto, esseconhecimento não gerou prática positiva, pois se observou que em todas as salas

    foram identificados registros de temperaturas inadequadas, sem descrição da

    ocorrência ou da conduta tomada frente à situação. Alguns profissionais se

    posicionaram em favor da notificaç