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CONHECIMENTO E USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA PERCEPEÇÃO DOS MORADORES DO BAIRRO ABEL LIRA, EM BARRA DO GARÇAS -MT Aline Assunção 1 Bruno Simari 1 Jéssica Fernanda 1 Márcia Andréia 1 Simone Pereira 1 Tatiane Leão 1 Stephania Poleto 2 1. INTRODUÇÃO As plantas medicinais correspondem às mais antigas “armas” empregadas pelo homem no tratamento de enfermidades de todos os tipos, ou seja, a utilização de plantas na prevenção e na cura de doenças é um hábito que sempre existiu na história da humanidade. Sabe-se que a fitoterapia trata-se da utilização de plantas que tenham propriedades medicinais no tratamento de enfermidades (Oliveira e Akisue, 2008). E é encarada como opção na busca de soluções terapêuticas, utilizada principalmente pela população de baixa renda, já que se trata de uma alternativa eficiente, barata e culturalmente difundida (Moraes e Santana, 2001). O consumo de plantas medicinais tem base na tradição familiar e tornou-se prática generalizada na medicina popular. Atualmente, muitos fatores têm contribuído para o aumento da utilização deste recurso, entre eles, o alto custo dos medicamentos industrializados, o difícil acesso da população à assistência médica, bem como a tendência, nos dias atuais, ao uso de produtos de origem natural (Simões et al., 1998). O estudo de plantas medicinais, a partir de seu emprego pelas comunidades, pode fornecer informações úteis para a elaboração de estudos farmacológicos, fitoquímicos e agronômicos sobre estas plantas, com grande economia de tempo e dinheiro. Desta forma, pode-se planejar a pesquisa a partir de conhecimento empírico já existente, muitas vezes consagrado pelo uso contínuo destas plantas, que deverá ser testado com bases científicas (Brasileiro et al., 2008.). 1. Acadêmicos do segundo ano de Farmácia-Matutino, das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, de Barra do Garças MT. 2. Mestra e orientadora. Contato: [email protected]

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CONHECIMENTO E USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA PERCEPEÇÃO DOS

MORADORES DO BAIRRO ABEL LIRA, EM BARRA DO GARÇAS -MT

Aline Assunção1

Bruno Simari1

Jéssica Fernanda1

Márcia Andréia1

Simone Pereira1

Tatiane Leão1

Stephania Poleto2

1. INTRODUÇÃO

As plantas medicinais correspondem às mais antigas “armas” empregadas pelo homem

no tratamento de enfermidades de todos os tipos, ou seja, a utilização de plantas na prevenção

e na cura de doenças é um hábito que sempre existiu na história da humanidade. Sabe-se que a

fitoterapia trata-se da utilização de plantas que tenham propriedades medicinais no tratamento

de enfermidades (Oliveira e Akisue, 2008). E é encarada como opção na busca de soluções

terapêuticas, utilizada principalmente pela população de baixa renda, já que se trata de uma

alternativa eficiente, barata e culturalmente difundida (Moraes e Santana, 2001).

O consumo de plantas medicinais tem base na tradição familiar e tornou-se prática

generalizada na medicina popular. Atualmente, muitos fatores têm contribuído para o

aumento da utilização deste recurso, entre eles, o alto custo dos medicamentos

industrializados, o difícil acesso da população à assistência médica, bem como a tendência,

nos dias atuais, ao uso de produtos de origem natural (Simões et al., 1998).

O estudo de plantas medicinais, a partir de seu emprego pelas comunidades, pode

fornecer informações úteis para a elaboração de estudos farmacológicos, fitoquímicos e

agronômicos sobre estas plantas, com grande economia de tempo e dinheiro. Desta forma,

pode-se planejar a pesquisa a partir de conhecimento empírico já existente, muitas vezes

consagrado pelo uso contínuo destas plantas, que deverá ser testado com bases científicas

(Brasileiro et al., 2008.).

1. Acadêmicos do segundo ano de Farmácia-Matutino, das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, de Barra do

Garças –MT.

2. Mestra e orientadora. Contato: [email protected]

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A história do uso de plantas medicinais tem mostrado que elas fazem parte da

evolução humana e foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pelos povos. As

antigas civilizações têm suas próprias referências históricas acerca das plantas medicinais e,

muito antes de aparecer qualquer forma de escrita, o homem já utilizava as plantas e, entre

estas, algumas como alimento e outras como remédio. Nas suas experiências com ervas,

tiveram sucessos e fracassos, sendo que, muitas vezes, estas curavam e em outras matavam ou

produziam efeitos colaterais severos (Dorta, 1998).

Nas referências históricas sobre plantas medicinais, podemos verificar que existem

relatos de seu uso em praticamente todas as antigas civilizações. A primeira referência escrita

sobre o uso de plantas como remédios é encontrada na obra chinesa Pen Ts'ao "A Grande

Fitoterapia", de Shen Nung, que remonta a 2800 a.C (Eldin e Dunford, 2001).

No Egito, antigos papiros1 mostram que, a partir de 2000 a.C., grande número de

médicos utilizavam as plantas como remédio e consideravam a doença como resultado de

causas naturais e não como conseqüência dos poderes de espíritos maléficos. No Papiro

Ebers2, que data de cerca de 1500 a.C., foram mencionadas cerca de 700 drogas diferentes,

incluindo extratos de plantas, metais como chumbo e cobre, e venenos de animais de várias

procedências (Almeida, 1993). Neste mesmo papiro, mencionam-se ainda fórmulas

específicas para doenças conhecidas e, dentre as espécies que aparecem na lista, estão

incluídas algumas utilizadas por fitoterapeutas até hoje (Eldin e Dunford, 2001).

No Ocidente, os registros da utilização da fitoterapia são mais recentes, sendo suas

primeiras prescrições datadas do século V a.C. No começo da Era Cristã, o grego Dioscórides,

em sua obra "De Matéria Médica", catalogou e ilustrou cerca de 600 diferentes plantas usadas

para fins medicinais, descrevendo o emprego terapêutico de muitas delas, sendo muitos os

nomes, por ele apresentados, ainda hoje usados na botânica. Esta obra é tida como a principal

referência ocidental para a área de plantas medicinais até o renascimento, o que mostra sua

importância (Lorenzi e Matos, 2002).

No Brasil, a história da utilização de plantas, no tratamento de doenças, apresenta

influências da cultura africana, indígena e européia (Martins e Castro, 2000). A contribuição

dos escravos africanos com a tradição do uso de plantas medicinais, em nosso país, se deu por

meio das plantas que trouxeram consigo, que eram utilizadas em rituais religiosos e também

1 Planta da família das ciperáceas, cuja haste servia antiga-mente, depois de certa preparação, para fazer uma

espécie rudimentar de papel.

2 Um dos tratados médicos mais antigos e importantes que se conhece. Foi escrito no Antigo Egito e é datado de

aproximadamente 1550 a.C.

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por suas propriedades farmacológicas, empiricamente descobertas. Os índios que aqui viviam,

dispostos em inúmeras tribos, utilizavam grande quantidade de plantas medicinais e, por

intermédio dos pajés, este conhecimento das ervas locais e seus usos foi transmitido e

aprimorado de geração em geração. Os primeiros europeus que chegaram ao Brasil

depararam-se com estes conhecimentos, que foram absorvidos por aqueles que passaram a

viver no país e a sentir a necessidade de viver do que a natureza lhes tinha a oferecer, e

também pelo contato com os índios que passaram a auxiliá-los como "guias". Tais fatos

fizeram com que os europeus ampliassem seu contato com a flora medicinal brasileira e a

utilizassem para satisfazer suas necessidades alimentares e medicamentosas (Lorenzi e Matos,

2002).

Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada nº 48/2004 da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária – ANVISA, fitoterápicos são medicamentos preparados exclusivamente

com plantas ou partes de plantas medicinais (raízes, cascas, folhas, flores, frutos ou

sementes), que possuem propriedades reconhecidas de cura, prevenção, diagnóstico ou

tratamento sintomático de doenças, validadas em estudos etnofarmacológicos, documentações

tecnocientíficas ou ensaios clínicos de fase 3. Com o desenvolvimento da ciência e da

tecnologia as plantas medicinais estão tendo seu valor terapêutico pesquisado e ratificado pela

ciência e vem crescendo sua utilização recomendada por profissionais de saúde (Arnous et al,.

2005).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece, na atualidade, a importância

da fitoterapia, sugerindo ser uma alternativa viável e importante também às populações dos

países em desenvolvimento, já que seu custo é diminuído. Pesquisas realizadas nas

universidades brasileiras já identificaram mais de 350 mil espécies vegetais, o que permite

uma ampla variedade aos possíveis usos medicinais. Entre tantas espécies, apenas dez mil têm

algum uso medicinal conhecido (Rezende e Cocco, 2002).

No Brasil há 100.000 espécies catalogadas, sendo apenas 2000 com uso científico

comprovado. Acredita-se que, atualmente, a prática do uso de plantas medicinais é tida como

a principal opção terapêutica de aproximadamente 80% da população mundial. O mercado

mundial de fitoterápicos movimenta cerca de US$ 22 bilhões por ano. Em 2000 o setor

faturou US$ 6,6 bilhões nos EUA e US$ 8,5 bilhões na Europa. No Brasil estima-se que o

comércio de fitoterápicos seja da ordem de 5% do mercado total de medicamentos, avaliado

em mais de US$ 400 milhões (Pinto et al., 2002). Os dados obtidos em levantamento

realizado pelo Departamento de Comércio Exterior demonstraram que, em 1998, foram

exportadas oficialmente 2.842 toneladas de plantas medicinais. De 1999 para 2000, as vendas

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de fitoterápicos aumentaram 15%, contra 4% dos medicamentos sintéticos e já atingem US$

260 milhões/ano. Paraná, São Paulo, Bahia. Maranhão, Amazonas, Pará e Mato Grosso são os

maiores exportadores de plantas medicinais, principalmente para países como: EUA,

Alemanha, Países Baixos, França, Japão, Portugal, Itália, Coréia do Sul, Reino Unido,

Espanha, Suíça e Austrália (Fitoscience, 2003). Em 2010 o mercado de produtos naturais

manteve o forte crescimento visto nos últimos anos, refletindo o interesse crescente dos

consumidores nestes produtos e num estilo de vida mais saudável (Blumenthal et al., 2011)

O aumento do consumo de fitoterápicos pode ser associado ao fato de que as

populações estão questionando os perigos do uso abusivo e irracional de produtos

farmacêuticos e procuram substituí-los por plantas medicinais. A comprovação da ação

terapêutica também favorece essa dinâmica. Além disso, registra-se a insatisfação da

população perante ao sistema de saúde oficial e também a necessidade de poder controlar seu

próprio corpo e recuperar sua saúde, assumindo as práticas de saúde para si ou para sua

família (Leite, 2000).

As plantas medicinais podem ser classificadas por categorias (Rudder, 2002), de

acordo com sua ação sobre o organismo: estimulantes, calmantes, emolientes, fortificantes, de

ação coagulante, diuréticas, sudoríferas, hipotensoras, de função reguladora intestinal,

colagogas, depurativas, remineralizantes e reconstituintes. Algumas características desejáveis

das plantas medicinais são sua eficácia, baixo risco de uso, assim como reprodutibilidade e

constância de sua qualidade. Entretanto, devem ser levados em conta alguns pontos para

formulação dos fitoterápicos de forma correta (Nakazawa, 1999).

O aproveitamento adequado dos princípios ativos de uma planta exige o preparo

correto, ou seja, para cada parte a ser usada, grupo de princípio ativo a ser extraído ou doença

a ser tratada, existe forma de preparo e uso mais adequados. Os efeitos colaterais são poucos

na utilização dos fitoterápicos, desde que utilizados na dosagem correta. A maioria dos efeitos

colaterais conhecidos, registrados para plantas medicinais, são extrínsecos à preparação e

estão relacionados a diversos problemas de processamento, tais como identificação incorreta

das plantas, necessidade de padronização, prática deficiente de processamento, contaminação,

substituição e adulteração de plantas, preparação e dosagem incorretas (Calixto, 2000).

O uso das plantas medicinais deve ser feito cuidadosamente, com muito critério, pois

as mesmas não fazem milagres e podem levar à intoxicação daqueles indivíduos que

desconhecem precauções e contra-indicações destas plantas. Às vezes se imagina que o

produto, por ser natural, não faz mal à saúde, mas sabe-se que o preparo e uso incorreto destas

plantas podem causar conseqüências desastrosas

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O presente estudo tem como objetivo o resgate e a valorização do saber popular por

meio da obtenção de informações sobre as plantas medicinais utilizadas pelas pessoas que

habitam o bairro Abel Lira, em Barra do Garças - MT

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa foi desenvolvida na cidade de Barra do Garças, situada na região oeste

do estado de Mato Grosso, que apresenta população de 56.560 habitantes, dos quais 28.178

são do sexo masculino e 28.382 do sexo feminino. A altitude está entre 320 metros e a

temperatura média anual 30ºC (podendo chegar aos 40ºC), com duas estações bem definidas:

chuvoso de outubro a maio, e seco de junho a setembro. A baixa umidade relativa do ar

durante os meses de agosto e setembro pode ficar inferior a 20% (IBGE, 2010).

Escolheu-se o bairro Abel Lira, localizado aos fundos do terminal rodoviário Lídio

Pereira, de Barra do Garças – MT. Como é possível perceber na Figura 1 parte do bairro tem

ligação com um fragmento de cerrado, o que motivou sua escolha.

Fig. 1 – Imagem de satélite indicando o bairro Abel Lira em Barra do Garças - MT

Após a escolha do local de pesquisa, elaborou-se um questionário com 13 questões,

seis abertas e sete fechadas que serão aplicadas aos moradores do bairro, preferencialmente

aqueles que possuem o quintal voltado para a mata. As entrevistas com os moradores ocorreu

no mês de outubro de 2011.

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Fig. 2 – Imagem de satélite indicando as residências abordadas nesta pesquisa.

Participaram da entrevista os homens ou mulheres, responsáveis pela residência, que

após a explicação da natureza e finalidade do trabalho, aceitaram participar da pesquisa. As

categorias/aspectos analisados serão: plantas mais utilizadas, obtenção, preparo, utilização,

comprovação de resultados e motivo para uso.

Para realização desta pesquisa foram utilizados uma câmera digital Sony Cyber-shot

DSC-S730 7,2 Mega pixels, para fotografar as plantas cultivadas pelos moradores e um

Smartphone Samsung, modelo Galaxy S para captura de áudio de algumas entrevistas.

Também foram utilizados quatro softwares, o Word 2007 para edição dos textos, inclusive do

questionário, o Google Earth versão 6.0.3.2197 para captura das imagens de satélite, essencial

para demonstrar a área a ser estudada e detalhar o espaço demográfico da região, o Adobe

Photoshop CS5 Extended para a edição das imagens que foi utilizado para demarcar o espaço

a ser estudado, e o Excel 2007, utilizado para a análise dos dados quantitativos. Os dados

qualitativos serão analisados após ouvir repetidas vezes as respostas abertas, que em seguida

serão transcritas e interpretadas. As observações e conversas informais também auxiliarão nas

análises qualitativas.

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3. RESULTADOS E DISCUSÃO

A partir do levantamento realizado, foi possível traçar o perfil da população estudada,

cuja idade variou dentro da seguinte proporção: 3,33 % tinham entre 15 a 19 anos, 16,66% de

20 a 29 anos, 25% de 30 a 39 anos, 20% de 40 a 49 anos, 13,33% de 50 a 59 anos e 21,66%

tinham acima de 60 anos. O uso de plantas medicinais ocorre de forma mais acentuada entre a

população mais velha, conforme mostra a Gráfico 1.

GRÁFICO 1 - Utilização de plantas medicinais de acordo com a faixa etária da população,

no bairro Abel Lira, Barra do Garças - MT (out/ 2011).

Este fato retrata menor atenção da população mais jovem quanto ao conhecimento

transmitido através as gerações, mesmo que pessoas desta faixa etária tenham acesso à

escolaridade (Brasileiro et al., 2008). De acordo com Medeiros et al. (2004), os meios

modernos de comunicação causam a perda da transmissão oral do conhecimento sobre o uso

de plantas, o que reforça a importância de trabalhos que resgatem o conhecimento

etnofarmacológico da população mais velha, conforme comenta Alexiades (1996), bem como

a necessidade de conscientizar a população mais jovem com relação a esse tipo de

3,33%

16,66%

25%

20%

13,33%

21,66%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

15 - 19 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 > 60

Cit

açõ

es

Idade (anos)

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informação. A maioria dos entrevistados era do sexo feminino (68,33%), acredita-se que no

horário das entrevistas os homens estavam ausentes do domicílio devido à mesma ter sido

realizada no período da manhã, ou seja, horário comercial. Com relação à escolaridade,

16,66% eram analfabetos, 35% freqüentaram o ensino fundamental, 43,33% freqüentaram o

ensino médio e apenas 5% da população amostrada apresentou formação superior. Estudos

realizados em países de primeiro mundo demonstram uma prevalência do uso de fitoterápicos

e outras terapias complementares entre indivíduos com alto nível de escolaridade e renda

(Harnack et al., 2001), o que também tem sido observado nos últimos anos em países em

desenvolvimento como o Brasil (Ribeiro et al., 2005). No entanto, a divergência dos

resultados obtidos neste trabalho se justifica pelo fato de que a população estudada era de

baixa renda, portanto, possui menor nível de escolaridade.

Foram citadas 35 plantas, sendo que a Tabela 1 apresenta as cinco mais citadas pela

população estudada. A designação do mesmo nome popular para diferentes espécies vegetais

dificulta a identificação das plantas utilizadas na medicina caseira, o que ressalta a

importância fundamental da coleta e da identificação botânica em trabalhos deste tipo (Penso,

1980). É comum que espécies diferentes tenham o mesmo nome popular dentro de um mesmo

bairro, como é o caso do boldo, que foi a planta mais citada neste trabalho, fato também

relatado por Somavilla e Canto-Dorow (1996).

TABELA I - Principais plantas utilizadas pela população amostrada no bairro Abel Lira,

Barra do Garças - MT (out/ 2011).

Nome popular Número de citações* Parte da planta utilizada Preparação

Boldo 14 Folhas Chá, infusão, macerado.

Hortelã 13 Parte aérea Chá, infusão, macerado.

Erva-cidreira 10 Folhas Chá.

Capim de cheiro 06 Folhas Chá.

Babosa 05 Folhas Suco, in natura, pasta.

* Cada indivíduo podia citar mais de uma planta medicinal

Quanto à cultivação os resultados mostraram que 83,33% dos entrevistados cultivam

plantas medicinais em seus quintais. Acredita-se que o alto índice encontrado deve-se ao fato

de que o bairro está localizado próximo a um pequeno fragmento de cerrado o que facilita a

cultivação destas plantas. A cultura do uso e cultivo de plantas medicinais, em comunidades

da periferia, constitui importante recurso local para a saúde e sustentabilidade do meio

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ambiente urbano (Dias, 2002). Entretanto, é importante a orientação quanto ao cultivo e

manejo correto das plantas medicinais, pois a complementação do conhecimento popular e

científico sobre a produção e o uso de plantas medicinais é fundamental para sua segurança e

eficácia (Brasileiro et al., 2008).

O modo de preparo das plantas medicinais para utilização no tratamento de doenças é

um ponto de grande importância neste estudo visto que daí depende, muitas vezes, a ação

terapêutica da planta utilizada. Neste estudo, 67,56% das citações (incluindo todas as plantas

citadas pelos entrevistados) apontam a preparação na forma de chá como principal meio de

utilização das plantas medicinais, conforme o Gráfico 2. Este processo também foi registrado

como o mais usado em trabalho semelhante realizado por Kubo (1997). Os relatos para “chá”

incluem a utilização da planta tanto na forma de decocção quanto na forma de infusão.

GRÁFICO 2 - Modo de preparo das espécies medicinais utilizadas pela população do bairro

Abel Lira, Barra do Garças – MT (out/ 2011, podendo cada indivíduo marcar mais de uma

alternativa por planta medicinal indicada).

A Tabela 2 apresenta as principais finalidades e a indicação de cinco plantas mais

citadas, pela população estudada, sendo que, muitas vezes, várias plantas foram citadas para

tratamento de uma mesma enfermidade. Em muitos casos, a utilização popular confere com a

literatura (Lorenzi e Matos, 2002). Conforme verifica-se na Tabela II, muitas enfermidades

67,56%

20,27%

5% 4% 2,70%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

Chá Macerado Sumo Xarope Suco

Cit

açõ

es

Modo de preparo

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primárias, que levam a população a adquirir medicamentos industrializados, com custos

elevados, podem ser tratadas com plantas medicinais com custo muito menor ( Martins et al.,

2000). Este trabalho reforça a necessidade de se orientar a população quanto à utilização das

plantas medicinais que podem ser responsáveis pelo tratamento de muitas doenças primárias,

com bons resultados econômicos e de melhoria da saúde da população de baixa renda.

Entretanto, este objetivo só poderá ser alcançado a partir de trabalho participativo e bem

orientado.

TABELA 2 - Principais afecções e as respectivas plantas medicinais utilizadas pela

população do bairro Abel Lira, Barra do Garças - MT (out/ 2011)

Principais Afecções Número de citações* Principais plantas ultilizadas

Gripe 16 Hortelã, Capim de cheiro

Dores estomacais 15 Boldo, Babosa

Tensão nervosa/ Stresse 11 Erva-cidreira, Erva-doce

Lesão/ Infecção 08 Algodão, Mastruz

Vermífugo 06 Mastruz, Hortelã

* Cada indivíduo podia citar mais de uma planta medicinal

Ao indagar os entrevistados sobre os possíveis efeitos adversos das plantas que faziam

uso como medicamento, 92% responderam não, ou seja, nunca se sentiram mal ao fazerem

uso de tais plantas, resultado semelhante ao de uma pesquisa realizada no Reino Unido que

sugere uma incidência de evento adverso atribuído a fitoterápicos em torno de 7% (Abbott et

al., 1996; Pinn, 2001). Outros estudos realizados em hospitais de Taiwan e Hong Kong

mostraram uma significante admissão hospitalar ocasionado por plantas, variando entre 0,2 a

0,5% (Pinn, 2001). Porém os 8% encontrado nesta pesquisa não devem ser desprezados, pois

esses números vêm crescendo cada vez mais. Segundo Campesato (2005) casos de

intoxicação devido ao uso pouco cuidadoso de plantas medicinais vêm em uma crescente,

onde foram registrados 1.728 casos de intoxicação humana por plantas no país, a Região Sul

foi responsável por 35,7% destes casos. Entre os grandes centros, Porto Alegre destaca-se

como a cidade com o maior número de registros, sendo a sua quase totalidade na zona urbana.

Entre os casos de intoxicação mencionados pelos entrevistados, a planta pião-roxo

(Jatropha curcas), muito utilizada na fitoterapia popular no tratamento de feridas, foi a planta

mais citada (cerca de 38% dos 8% encontrados). Segundo o CIT (centro de informações

toxicológicas) os glicosídios presentes na casca da semente do pião roxo agem deprimindo a

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respiração e o sistema cardiovascular e estimulando a musculatura gastrointestinal. A curcina

(principio ativo) age como irritante da mucosa gastrointestinal, tendo ainda, ação

hemaglutinante. Na Tabela 3 encontram-se outros exemplos de substâncias tóxicas presentes

em plantas medicinais (Davis, 1996).

TABELA 3 – Efeitos adversos que podem ocorrer pelo uso de plantas medicinais.

Ao perguntarmos sobre a preferência entre plantas medicinais e medicamentos

industrializados, obtivemos os seguintes resultados: 60% responderam ter preferência pelas

plantas, 36,66% pelos medicamentos industrializados e 3,33% disseram fazer uso dos dois.

(Gráfico 3). Aqueles que optaram pelas plantas, ao serem indagados o porquê da sua

preferência, a grande maioria respondeu que preferiam as plantas por se tratar de um método

de tratamento de baixo custo e por serem natural, o aumento no uso de plantas medicinais está

provavelmente relacionado à deterioração das condições econômicas nos países do terceiro

mundo (Hersch-Martínez 1995). Os que optaram pelos medicamentos industrializados

afirmaram que o mesmo é mais confiável e seu efeito acontece com maior velocidade e os que

disseram fazer uso dos dois responderam que na falta de um usava o outro.

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GRÁFICO 3 – Preferência dos moradores do bairro Abel Lira, Barra do Garças – MT entre

medicamentos industrializados e plantas medicinais. (out/ 2011)

Plantas

medicinais

60%

Medicamentos

industrializados

36,66%

Plantas e

Medicamentos

3,33%

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a investigação realizada neste trabalho buscou-se a valorização do saber popular

que secularmente utilizam as plantas com finalidades medicinais, uma vez que esse saber em

algum intervalo de tempo foi/é/será um saber científico (CHASSOT, 2000; 2003).

A partir dos resultados obtidos, verificamos que mesmo tratando-se de uma área

urbana, a utilização de plantas medicinais é bastante difundida, sendo que apenas 3,33% dos

entrevistados não utilizavam plantas medicinais. O uso popular das plantas medicinais

comprova que existem muitas aplicações curativas e preventivas e que o conhecimento –

popular e científico – é imprescindível para se obter os resultados desejados (LIMA, LIMA &

DONAZZOLO, 2007).

De acordo com os dados obtidos, em ambos os sexos e em diferentes faixas etárias,

percebeu-se que a transmissão do saber popular (mesmo que involuntária) em relação à

utilização das plantas aqui estudado, vem ocorrendo de forma significativa. Além disso, foi

possível observar que o saber popular acerca das propriedades medicinais é transmitido por

gerações de entrevistados, ainda na atualidade, se mantém vivo e confiável por grande parte

da população estudada, apesar de que a população mais jovem ainda é uma minoria.

Espera-se com este trabalho contribuir com uma proposta de orientação do uso de plantas

medicinais nas comunidades de menor renda, escolas (Jovens) e profissionais na área de saúde em

Barra do Garças – MT e cidades circunvizinhas.

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5. REFERÊNCIAS

1. ABBOT NC, White AR, Ernst E 1996. Complementary medicines.Nature 381: 361.

2. ALEXIADES, M. N. Selected guidelines for ethnobotanical research: a field manual. New

York: Botanical Garden, 1996. 306p.

3. ALMEIDA ER. Plantas medicinais brasileiras. São Paulo: Hemus; 1993.

4. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 48, de 16 de

março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. ago/2011.

Disponível em < http://portal.anvisa.gov.br>. Acesso em 22/08/2011.

5. ARNOUS AH et al,. 2005. Plantas medicinais de uso caseiro - conhecimento popular

e interesse por cultivo comunitário.

6. BLUMENTHAL et al., Vendas de produtos naturais mantêm o crescimento - até 3,3%

em 2010. HerbalGram, 90, p. 64-67, 2011. Disponível em:

<http://fitocontemporanea.blogspot.com/2011/06/vendas-de-produtos-naturais-

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