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Às grandes Conquisfas da llumanidadel A CONQUISTA DO AR lf, coNeuISTA do ar pode ser considerada em A dois aspectos fundamentais: o do seu co- ' I nhecimento e o da sua exploração. Em ambos, muitos ensinamentos, no domínio cien- tífico, técnico e histórico. Pode-se mesmo di- zer, sem exagêro, que nesse estudo, implí- cita, uma História da Civilização. A importância do ar, na história do pensa- mento, é conheçida. AnIsrórpms considerou-o um dos quatro elementos fundamentais, ao lado da água, da terra e do fogo (combinando as qualidades de frio, quente, sêco e úmido). A Garrt,nu, no século XVII, o mesmo Gerrlru gue, pensando como AnIs'rótntrs, destruia algumas idéias de Arusrórrtrs, ins- pirou uma das experiências cruciais das ciências da Natureza, qlue é modêlo admirável do mé- todo experimental. Com efeito, certo lardi- neiro de Florença construiu uma bomba com a qual a água não subia à altura desejada. A ex- plicação, mais de ordem filosófica, do horror ao vácuo, que dita em latim adquiria mais prestí- gio, não podia satisfazer ao espírito de Geu- LEU. r Infelizmente, a morte não lhe permitiu in- vestigação sôbre o assunto, o que viria caber ao seu discípulo EvaNcrr,rsre TonRtcnttt, que, 1 Curso realizado em 1942, na Universidade do Àr, da Rádio \acional do Rio de Janeiro. F. VrNÂNcro Frruo ProÍessor do Instituto de Educação, Rio de laneiro, Distrito Federal em 1642, consegue demonstrar, pela experiên- cia conhecida, que a água só pode subir atê. cêrca de 10m, porque é esta a coluna que equi- libra a pressão atmosférica. Espalhada pela Europa, pelo inopinado das conclusões, ê repe- tida por todos os centros cultos de então. nas paredes da Sorbonne um quadro célebre de CuanrnaN, no qual se vêem Pascar e Dnscan- rrs discutindo-a. Êste teve conhecimento do fato pelo abade MensàNNn. Pescer repetiu a experiência de Florença na tôrre de S. ]acgues em Paris, onde hoje um busto lhe recorda esta glória, e, com o seu cunhado PennteR, no Puy de Dôme, na Au- vérnia, demonstrando, com o mesmo rigor de método, pela variação dos elementos em pre- sença, ser a pressão do ar a causa das colunas de mercúrio e de água se manterem em alturas determinadas, conforme o liquido e a altitude. As páginas do sábio de Port-Royal sôbre pres- são atmosÍérica são das maiores produzidas pelo seu gênio. O estudo do ar ia, mais tarde, servir de alicerce à fundação da Química moderna. Lavotslnn, o gênio imenso, que foi âo Íres- mo tempo homem de rara perfeição e felicidade, que só o crime hediondo da Revolução destrui- ria, demonstra, com outra experiência crucial, em 1774, que o ar é mistura de dois gases: oxi- gênio e azõto ou nitrogênio. A descoberta não' REVISTÀ DO MUSEU NÀCIONÀL 6

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Às grandes Conquisfasda llumanidadel

A CONQUISTA DO AR

lf, coNeuISTA do ar pode ser considerada em

A dois aspectos fundamentais: o do seu co-

' I nhecimento e o da sua exploração. Em

ambos, há muitos ensinamentos, no domínio cien-tífico, técnico e histórico. Pode-se mesmo di-zer, sem exagêro, que há nesse estudo, implí-cita, uma História da Civilização.

A importância do ar, na história do pensa-mento, é conheçida. AnIsrórpms considerou-oum dos quatro elementos fundamentais, ao ladoda água, da terra e do fogo (combinando asqualidades de frio, quente, sêco e úmido).

A Garrt,nu, no século XVII, o mesmoGerrlru gue, pensando como AnIs'rótntrs,destruia algumas idéias de Arusrórrtrs, ins-pirou uma das experiências cruciais das ciênciasda Natureza, qlue é modêlo admirável do mé-todo experimental. Com efeito, certo lardi-neiro de Florença construiu uma bomba com aqual a água não subia à altura desejada. A ex-plicação, mais de ordem filosófica, do horror aovácuo, que dita em latim adquiria mais prestí-gio, não podia satisfazer ao espírito de Geu-LEU. r

Infelizmente, a morte não lhe permitiu in-vestigação sôbre o assunto, o que viria caber aoseu discípulo EvaNcrr,rsre TonRtcnttt, que,

1 Curso realizado em 1942, na Universidade do Àr, da Rádio\acional do Rio de Janeiro.

F. VrNÂNcro FrruoProÍessor do Instituto de Educação, Rio de laneiro,

Distrito Federal

em 1642, consegue demonstrar, pela experiên-cia conhecida, que a água só pode subir atê.

cêrca de 10m, porque é esta a coluna que equi-libra a pressão atmosférica. Espalhada pelaEuropa, pelo inopinado das conclusões, ê repe-tida por todos os centros cultos de então. Hánas paredes da Sorbonne um quadro célebre deCuanrnaN, no qual se vêem Pascar e Dnscan-rrs discutindo-a.

Êste teve conhecimento do fato pelo abadeMensàNNn. Pescer repetiu a experiência deFlorença na tôrre de S. ]acgues em Paris, ondehoje um busto lhe recorda esta glória, e, com oseu cunhado PennteR, no Puy de Dôme, na Au-vérnia, demonstrando, com o mesmo rigor demétodo, pela variação dos elementos em pre-sença, ser a pressão do ar a causa das colunasde mercúrio e de água se manterem em alturasdeterminadas, conforme o liquido e a altitude.As páginas do sábio de Port-Royal sôbre pres-são atmosÍérica são das maiores produzidas peloseu gênio.

O estudo do ar ia, mais tarde, servir dealicerce à fundação da Química moderna.

Lavotslnn, o gênio imenso, que foi âo Íres-mo tempo homem de rara perfeição e felicidade,que só o crime hediondo da Revolução destrui-ria, demonstra, com outra experiência crucial,em 1774, que o ar é mistura de dois gases: oxi-gênio e azõto ou nitrogênio. A descoberta não'

REVISTÀ DO MUSEU NÀCIONÀL6

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ISantos Dumont no Museu Nacional. Fotografia tomada em 17 de dezembro <Ie 1928, por ocasião das svpsd§ngias realizadas com

o aparêlho "Marciano" . ( Fotografia da coleção do Museu Nacioaal l

representava apenas um fato novo, uma grandeconguista sôbre a Natureza. Tinha irradiaçãt-rmuito mais extensa. De um lado, destruia aconcepção elementar de AnrstóTELES, e de ou-tro, demolia uma teoria sôlidamente admitida, a

do flogístico de Srani,, segundo a qual, flâ com-bustão, os corpos perdiam êste flogístico, fluidomisterioso. Ora, o aumento de pêso ocorridoera incompativel com a explicação.

As conseqüências dos estudos de Levor-stER sôbre o ar levarâÍr-oo ao fenômeno funda-mental da respiração, o que o consagra tambémum dos fundadores da fisiologia.

Hunanoror já considerado o espírito maisenciclopédico do século XIX, ao fazer a suaviagem,pelo mundo, na preparação do Cosmos,teve a idéia de levar para a Europa um poucode ar colhido na América, na região amazônica,com o obletivo de verificar se a sua composiçãoeÍa a mesma.

Gav-LussAC, o experimentador mais indi-cado da época em Paris, não só conclui pela

afirmativa, isto é, o ar tem a mesma composiçãomédia, como é levado à descoberta, em 1809, dalei de combinação química dos volumes gasosos,que, com justiça, alguns autores denominam delei de Hunanoror - Gav-Lussec.

Mais tarde, pesquisas químicas mais pro-fundas, sôbre a composição do ar vieram darrelêvo singular à aproximação e precisão a gueatingiu a balança. Renasev e RavrrtcH, em

1895, deteiminam a densidade do azõto, partin-do, de um lado, dos compostos e de outro, doar, e verificam uma diferença para mais, na queresulta do azôto do ar, apenas sensível' na 4."decimal. A humildade dos gue se habituam a

interrogar a natureza face a face, e não pelaelucubração vocabular, levou os dois sábios in-glêses à prudência de admitir um êrro experi-mental. Entretanto, a constância com que se

mantinha aguela diferença levou-os à hipótesede que o azôto do ar continha alguma coisa amais. Eram os 4 gases raros: criptônio (o es-condido), xenônio (o estrangeiro), argônio (de

DEZEMBRO, 1944

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(§ e neônio (o novo). Dêste se obtêm holeabos luminescentes, tão conhecidos. Maisde se acresceu a presença do hélio, êsse ele-

to químico tão singular, porque a espectros-ia o revelou no Sol, antes de ser encontradoterra. Foram, pois, pesquisas sôbre o ar queam relêvo à técnica experimental das pesa-i, que é das que atingiram maior precisão e

sibilidade.

Êste conhecimento íntimo do ar, nas suas

edades gerais, físicas e químicas, seguiaalelo ao da atmosfera, considerada como

vólucro da terra, seja na sua estrutura, sejas conseqüências práticas para a meteorolo-

São : o trabalho monumental do historiadorAnoNso TauNev sôbre BaRroronaru Lou-RENÇO DE GUSMÃO e o que o Ministério das

Relações Exteriores fêz publicar, de autoria dojovem escritor AruÍsto Nepor,BÃo.

As soluções trácnicas do aerostato estavamnecessàriamente condicionadas a outras desco-

bertas e invenções.Baseado no chamado princípio de AnouI-

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Àssim os fenômenos meteorológicos, prin-lnente após o brado de LBvrnnIEn, levaram

países civilizados a criarem serviços de pre-são do tempo, de conseqüências significati-

fr-a-. para a segurança e economia dos povos.I Durante a suerra da Criméia, em 1854,,Ln-rRRrEn, o célebre descobridor de Netuno,por r-ia exclusivamente matemática, demonstrouter sido possível a previsão da tempestade quedi:imara a esquadra francêsa no Mar Negro,pois a sua trajetória poderia ser determinada.

Recentemente, com o aperfeiçoamento darêcnica aerostática, principalmente a partir doprofessor belga Prcano, a atmosfera, que temcêrca de 75 km de espessura (atmosfera efeti-va ). foi dividida em duas camadas fundamen-tais: a troposfera e a estratosfera. A primeira,que atinge a cêrca de 12 km, se caracteriza pelapresença de vapor d'água, que gera a maioriados meteoros, de influência direta sôbre a vi-da: nuvens, chuva, granizo, geada.

A segunda tornou-se popular, principa'..mente graças às grandes ascensões de balões,feitas na Europa e nos Estados Unidos.

A história da exploração do ar é um doscapítulos mais lindos da audácia, da coragem e

do idealismo da espécie humana. E o velho so-nho mitológico de Ícano, de voar os espaços,como o f.azem as aves.

Coúo se sabe, não é apenas pela imitaçãodc vôo das aves gue se tem resolvido a con-quista do ar, pelo mais pesado, mas tambémpelo mais leue.

Em um, como em outro caso, cabe ao Bra-sil a glória de serem filhos seus os pioneiros.

Recentemente duas obras documentadas[:ravam em têrmos indiscutíveis essa glória.

: REVISTÀ DO MUSEU NÀCIONAL

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Argos e neônio (o novo). Dêste se obtêm hôjeos tubos luminescentes, tão conhecidos. Maistarde se acresceu a presença do hélio, êsse ele-mento químico tão singular, porque a espectros-copia o revelou no Sol, antes de ser encontradona terra. Foram, pois, pesquisas sôbre o ar quederam relêvo à técnica experimental das pesa-das, que é das gue atingiram maior precisão e

sensibilidade.

Êste conhecimento íntimo do ar, nas suaspropriedades gerais, físicas e químicas, seguiaparalelo ao da atmosfera, considerada comoenvólucro da terra, seja na sua estrutura, sejanas conseqüências práticas para a meteorolo-gia.

Assim os fenômenos meteorológicos, prin-cipalmente após o brado de LevennIER, levaramos países civilizados a criarem serviços de pre-visão do tempo, de conseqüências significati-vas para a segurança e economia dos povos.

Durante a guerra da Crimêia, em 1854,LrvrnRIBR, o célebre descobridor de Netuno,por via exclusivamente matemática, demonstrouter sido possível a previsão da tempestade quedizimara a esquadra francêsa no Mar Negro,pois a sua trajetória poderia ser determinada.

Recentemente, com o aperfeiçoamento datécnica aerostática, principalmente a partir doprofessor belga PrcARo, a atmosfera, gue temcêrca de 75 km de espessura (atmosfera efeti-va), foi dividida em duas camadas fundamen-tais: a troposfera e a estratosfera. A primeira,que atinge a cêrca de 12 km, se caracteriza pelapresença de vapor d'água, que gera a maioriados meteoros, de influência direta sôbre a vi-da: nuvens, chuva, gtanizo, geada.

A segunda tornou-se popular, principa'i^mente graças às grandes ascensões de balões,feitas na Europa e nos Estados Unidos.

A história da exploração do ar.ê um doscapítulos mais lindos da audácia, da ceragem e

do idealismo da espécie humana. E o velho so-nho mitológico de Ícano, de voar os espaços,como o f.azem as aves.

Coóo se sabe, não é apenas pela imitaçãodo vôo das aves que se tem resolvido a con-quista do ar, pelo mais pesado, mas tambémpelo mais leue.

Em um, como em outro caso, cabe ao Bra-sil a glória de serem filhos seus os pioneiros.

Recentemente duas obras documentadasfixavam em têrmos indiscutÍveis essa glória.

São : o trabalho monumental do historiadorAroNso TauNev sôbre Bentoronanu Lou-RENÇO on GUSnaÃO e o que o Ministério dasRelações Exteriores fêz public ar, de autoria dojovem escritor ALuÍslo Napor,eÃo.

As soluções técnicas do aerostato estavamnecessàriamente condicionadas a outras desco-bertas e invenções.

Baseado no chamado princípio de AnouI-MEDES, seria necessário obter um sistema que

deslocasse um volume de ar cujo pêso fôsse

maior que o do sistema, a fim de que a dife-rença entre os dois pesos fôsse dirigida de baixopara cima, gerando aquilo que se chama fotçaascensional.

Quatro foram as soluções dadas atê hoje:

- Ar guente.

- Hidrogênio.

- Gás de iluminação.

- Helio.

É certo e evidente que nenhuma é ideal,

tendo cada qual suas vantagens e inconve-nientes.

O ar quente exige aparêlho permanente de

aquecimento ou meio de impedir a perda do

calor.O hidrogênio, que, por sua pequena densi-

dade tem ótima indicação, atravessa corir facili-dade o envólucro, além de ser combustível.

O gás de iluminação, desde que se espa-

lhou pela Europa, passou a ser usado nos ba-lões, embora exija maior volume para conseguirfôrça ascencional conveniente.

Esta é de 1.200 g por m3 para o hidrogê-nio, e de 750 para o gás de iluminação.

O hélio, que apresenta maior número de

vantagens, pois é pouco mais denso que o hidro-gênio, menos que o gás de iluminação, além de

ser inflamável é raro e portanto dispendioso.

Os aerostatos ou balões não resolviam a

conquista do ar, porgue estavam à mercê das

correntes aéreas. Surge o problema de sua di-rigibilidade, isto é, aparelhá-los de motor, ca-paz de as vencer, servindo de propulsor.

A solução, em seus têrmos mais simples,

foi dupla: fusiÍorme o envólucro, para diminuira resiStência do ar, e motor leve.

Eucr,Ions DÀ CuNHA, em 1903, em uma de

suas sínteses geniais, escreveu que "o automo-

bilismo libertou a velocidade do trilho", pensa-mento que se referia ao motor de combustão in-

l.')2,")3,")4..")

I REVISTÀ DO MUSEU NÀCIONAL

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terna, gue permitiu as grandesvelocidades das rodo e aeroviasmodernas.

Tal a solução usada por SaN-Tos DuMoNT, empregando o rno-tor de explosão, mas dispondo otubo de escapamento para baixo,longe do deposito de gás, com oque logrou o prêmio Deutsch, em19 de outubro de 1901.

Desta data memorável na his-tória da civilização até os nossosdias, os dirigÍveis não tiveram osurto gue era de esperar. Salvoo caso dos zepelins, tão tràgica-mente encerrado, não se genera-lizou o seu uso.

SaNros DunaoNr, após a gló-ria da dirigibilidade do mais leue,consagrou-se à do mais pesado,e em 23 de outubro de 1906 es-creve, com o 14 áis, um outro"minuto memorável" na históriahumana.

O princípio do mais pesado éinteiramente outro, semelhanteao velho papagaio dos brinquedosinfantis e ao vôo dos pássaros.

Ocorre aqui um fato pouco di-vulgado e que nos liga mais umavez à história da aviação.

O grande sábio francês Cuen-lrs RIcHpr, um dêsses espíritosuniversais, a que nada de huma-no era estranho, visitou o Brasil,em 1907, com o propósito dedeterminar a relação entre o pêsoe a superfície das asas das gran-des aves amazõnicas, dados comos quais organizou tabelas aindahoje em uso.

O princípio do avião ou aeroplano é basea-do na resistência do ar, isto é, na fôrça que se

produz tõda vez que uma superfície se deslocacontra o ar. Esta resistência, de sentido opostoao movimento, é dada por uma Íórmula deNnwtoN, segundo a qual é ela diretamente pro-porcional à superfície que se desloca, ao quadra-do da velocidade do movimento e a um coefi-ciente dependente da forma da superfície.

O problema que se põe e êste: desenvol-ver uma velocidade tal que se produzâ umê re-sistência do ar, que se desdobra em duas com-ponentes - uma horizontal e outra vertical -devendo esta ser superior ao pêso do avião.

Berthollet visita Lavoisier em seu laboratório na Sorboone(Reprodução de um qua

Poucas técnicas atingiram o desenvolvi-mento tão rápido e tão grande quanto a avia-ção, com o avião ou aeroplano.

Pena é que o homem não tenha atingidoum grau de moralidade, como queria AucusroCoMTE, que lhe permitisse usar os produtos doseu gênio, só em bem comum. Mas, de qual-quer forma, são ainda sem conta os benefíciosque nos trouxe a aviação.

Para o Brasil, já chegou aquêle dia recla-mado pelo patriotismo de Arnrnro RANGEL emque "os passarões, fabricados pelos hom.n+encurtarão as distâncias". A vastidão do Brasilcomo êle ansiava em 1912, jít é vencida em ho-ras e minutos.

DEZEMBRO, 1941

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