Conquistas e aprendizados da família de Eriberto e Eliene

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Conquistas e aprendizados da família de Eriberto e Eliene Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1057 Julho/2013 Monteirópolis Há quem faça do seu sonho uma realidade em construção. Há pessoas que não desistem na primeira decepção. E essa gente sonhadora vai contagiando mais gente. Vai mostrando outros caminhos, vai espalhando sementes. Fazendo da convivência uma imensa corrente. Não há quem não se anime com a emoção que transborda dos olhos de Eriberto Felix, quando mostra sua obra. “Estou apenas começando” diz ele todo feliz, ao contar que só agora está fazendo o que sempre quis. Na vida e na agricultura ele vem se descobrindo. Transformando a si e o ambiente, vida nova construindo. Pela televisão ele conheceu uma tecnologia bonita. Uma barragem subterrânea podia mudar sua vida. Foi isso que ele pensou ao ver aquela alternativa. Participando de reuniões na sua comunidade, o Povoado Paus Pretos, surgiu a oportunidade. Participante de associação, pôde então se cadastrar. De família agricultora, não tinha como negar. No Município de Monteirópolis, o P1+2 tinha chegado. Eriberto logo soube o que tinha conquistado. Seu sonho estava bem perto, pois sabia o que queria. Uma barragem subterrânea pra trabalhar com a família. Mas à primeira visita, uma grande decepção. O técnico achou que seria impossível a construção. Ele ficou desanimado, mas não desistiu da produção. Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Realização Apoio “De tudo um pouco quero plantar”, conta seu Eriberto. Com a lida de cada dia, vai ficando mais esperto. Sabe que precisa variar, na pouca terra que tem. Produzir de tudo um pouco, sem prejudicar ninguém. Nem seu solo, nem quem precisa da rua roça comer. Trabalhar o agroecológico, garantir um bom viver. Tem hortaliças, legumes, ervas e frutas também. A barragem é pequena, mas já produz muito bem. Tem também feijão de corda, milho e criação de ovelhas. Faz tudo em 2 tarefas, mas já não são mais alheias. É pequena, mas é sua, a terra que hoje planta. Alimenta-se e ainda vende, sua experiência encanta. Isso sem falar na água, que já não é mais problema. Ainda ajuda os vizinhos, que tem perto seus sistemas. A barragem represa a água na terra deles também. “Fica úmido por mais tempo”, Eriberto explica bem. Tem pro plantio e pra consumo, Eliene também aproveita. Vem sempre lavar a roupa, mas sem prejudicar a colheita. Mesmo descobrindo aos poucos, a vontade está a vista. Tudo isso só e possível porque essa família acredita. Sonha e constrói o sonho, não vive de esperar. A cada passo uma conquista, mais um sonho a semear. E o semiárido vai se enchendo dessa gente que acredita. Vai mudando a paisagem, transformando tudo em vida.

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Conquistas e aprendizados da família de Eriberto e Eliene

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1057

Julho/2013

Monteirópolis

Há quem faça do seu sonho uma realidade em construção. Há pessoas que não desistem

na primeira decepção. E essa gente sonhadora vai contagiando mais gente. Vai

mostrando outros caminhos, vai espalhando sementes. Fazendo da convivência uma

imensa corrente.

Não há quem não se anime com a emoção que

transborda dos olhos de Eriberto Felix, quando

mostra sua obra. “Estou apenas começando” diz

ele todo feliz, ao contar que só agora está

fazendo o que sempre quis. Na vida e na

agricultura ele vem se descobrindo.

Transformando a si e o ambiente, vida nova

construindo.

Pela televisão ele conheceu uma tecnologia

bonita. Uma barragem subterrânea podia mudar

sua vida. Foi isso que ele pensou ao ver aquela

alternativa. Participando de reuniões na sua

comunidade, o Povoado Paus Pretos, surgiu a

oportunidade. Participante de associação, pôde

então se cadastrar. De família agricultora, não

tinha como negar.

No Município de Monteirópolis, o P1+2 tinha chegado. Eriberto logo soube o que tinha

conquistado. Seu sonho estava bem perto, pois sabia o que queria. Uma barragem

subterrânea pra trabalhar com a família. Mas à primeira visita, uma grande decepção. O

técnico achou que seria impossível a construção. Ele ficou desanimado, mas não

desistiu da produção.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Realização Apoio

“De tudo um pouco quero plantar”, conta seu

Eriberto. Com a lida de cada dia, vai ficando

mais esperto. Sabe que precisa variar, na pouca

terra que tem. Produzir de tudo um pouco, sem

prejudicar ninguém. Nem seu solo, nem quem

precisa da rua roça comer. Trabalhar o

agroecológico, garantir um bom viver.

Tem hortaliças, legumes, ervas e frutas

também. A barragem é pequena, mas já produz

muito bem. Tem também feijão de corda,

milho e criação de ovelhas. Faz tudo em 2

tarefas, mas já não são mais alheias. É pequena,

mas é sua, a terra que hoje planta. Alimenta-se e

ainda vende, sua experiência encanta.

Isso sem falar na água, que já não é mais

problema. Ainda ajuda os vizinhos, que tem

perto seus sistemas. A barragem represa a

água na terra deles também. “Fica úmido por

mais tempo”, Eriberto explica bem. Tem pro

plantio e pra consumo, Eliene também

aproveita. Vem sempre lavar a roupa, mas sem

prejudicar a colheita.

Mesmo descobrindo aos poucos, a vontade

está a vista. Tudo isso só e possível porque essa

família acredita. Sonha e constrói o sonho, não

vive de esperar. A cada passo uma conquista,

mais um sonho a semear. E o semiárido vai se

enchendo dessa gente que acredita. Vai

mudando a paisagem, transformando tudo em

vida.

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Seu cadastro então foi feito, pra uma

cisterna-enxurrada. Não era o que sonhava,

mas garantia sua safra. Na hora de marcar o

buraco, para a cisterna construir, outro

técnico o visitou e viu uma barragem ali.

Grande foi sua alegria, ao saber que

conseguiria no seu sonho investir.

Seu Eriberto nem pensou, mudou a

implementação. Refez o seu cadastro e

começou a construção. Mas, nesse mundo

também há muita gente que já não sonha. Conformou-se com a sorte, vive uma vida

medonha. Acredita na ideia que sempre foi repassada. Que no Semiárido a vida é

dura, que aqui só se passa invernada.

“Muita gente ria de mim, achava que eu era besta”, diz hoje seu Eriberto, olhando a

barragem feita. Até mesmo sua esposa não acreditava muito. “Achava muito difícil”,

diz ela mudando de assunto. Mas o sonho de seu Eriberto conquistou toda família.

Dona Eliene empolgada, hoje não mais

duvida.

“Hoje ela tem mais gosto de vir para cá do

que eu”. Conta seu Eriberto, é mais um dos

feitos seus. Contagiou primeiro a esposa,

mas não parou por aí. Recebe muitas

visitas, encanta os que passam ali. Seu

sonho está se espalhando e a produção vai

crescendo. Pena que sua vontade é maior

que seu terreno.

Nem a pouca quantidade de terra os

desanima. Ao contrário é incentivo, quer

provar o que ensina. “Meu sonho sempre

foi provar pra toda essa gente que um

pequeno pedaço de terra pode ser

suficiente.” Ele sabe e está provando,

acredita e vem fazendo. “Hoje podia tirar só

daqui nosso sustento”.

Articulação Semiárido Brasileiro – Alagoas

A história de Eriberto e Eliene, parece com tantas outras. De uma gente que trabalha

e que tem horas ruins e boas. Tinha tempos por aqui, outros que precisava ir embora.

Eriberto conseguiu funcionário se tornar, mesmo assim na agricultura não deixou de

trabalhar. Queria mesmo era só viver dela, se ocupar de sua terra, viver só do que

plantar.

Para completar a família, os filhos não

poderiam faltar. Fazem a alegria do casal

Érica, Elielson e Edmar. Todo mundo sempre

ajuda a cuidar da produção, não explora e

nem atrapalha o divertimento e a educação.

Só ajuda a garantir o gosto pela natureza,

pelo trabalho, o respeito e a vida vira

riqueza.

Antes mesmo da barragem, a família já

produzia. Usava terra da família, a produção

dividia. Plantavam feijão e milho, mas

também plantava abóbora. Todo ano

garantia o cultivo da sua roça. Era pouca a

produção, mas grande a sua vontade.

Mesmo sem ter a terra, plantar era

necessidade.

Junto com a barragem subterrânea, muitas

outras coisas vieram. Aprendeu muitas práticas, muitas coisas lhe disseram. Ele

participou de cursos, visitas e reuniões. Conheceu experiências e tirou muitas lições.

Continua aprendendo e ensinando também, quem chega à sua casa aumenta o saber

que tem.

Ensina aos visitantes receitas que aprendeu.

Só trabalhar com aquilo que a natureza já

deu. Pra afastar os insetos, só ingredientes

naturais. Para adubar a terra, o esterco dos

animais. Mesmo sem ter assistência, nem

acompanhamento técnico. Eriberto vai

aprendendo e fazendo o que é certo.