Conservação de Alimento
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CONSERVAÇÃO EFICAZ DE SEMENTES ATRAVÉS DE TRANSFERÊNCIA
DE UMIDADE E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
Escola Estadual Dom Aquino Corrêa; Rua 07 de Maio nº 42 Bairro Centro,
Juruena - MT; Fone: (66) 35531404
e-mail: [email protected];
APRESENTAÇÃO
Atualmente, há grande interesse pela utilização de sementes mais tolerantes
a doenças, pragas e ambientes diversos. No entanto, no Brasil pouco se sabe sobre
práticas de armazenamento de sementes para caráter germinativo.
Umas das técnicas utilizadas atualmente é o armazenamento das sementes
em sacos de papel, e em baixa temperatura. Por causa da baixa temperatura há
uma queda no poder germinativo do grão, isso acontece devido à absorção de
umidade pela semente, o que influencia na viabilidade da mesma.
Sementes variadas podem apresentar melhoras em termos de conservação
se colocadas em frascos de vidros lacrados e com baixa temperatura. Já as
cooperativas, agroindústrias e grandes produtores armazenam seus grãos em silos
ou armazéns que possuem na maioria das vezes sistemas de termometria, aeração
e outros recursos, como tentativa de manter a qualidade dos grãos. De acordo com
Barton citado por Barbosa (2014) "As pesquisas demonstram que o teor de umidade,
temperatura e tensão de oxigênio quando baixos aumentam a longevidade das
sementes durante o armazenamento.” Portanto a secagem é o método mais indicado
para a conservação de grãos.
Os métodos citados acima são muito utilizados no Brasil, grande potência
agrícola atualmente. Esses métodos não conservam a semente com a qualidade
necessária para a germinação, pois a partir de 180 dias, as sementes começam a
sofrer perca no poder germinativo. Hoje conservar grãos no Brasil, é algo muito caro
e pouco acessível para o médio e pequeno produtor, que corresponde a maior parte
da produção agrícola no país. Assim o país sofre perdas no total produzido, além
disso, a falta de alternativas nesse setor faz com que o preço de custo do
armazenamento, venha a influenciar no preço final do produto.
A maior parcela de investimentos no setor agrícola é direcionada a etapa de
produção e não na pós-colheita, porque os investidores desacreditam que o grão
pós-colheita venha a lhes proporcionar qualquer lucro, devido às formas de
conservação de sementes não se apresentarem com eficiência satisfatória, daí a
importância de desenvolver novas tecnologias para esse setor.
Conservar sementes de forma praticamente natural, sem as perdas aparente
de propriedades nutricionais e qualitativas, é quase um sonho para nós brasileiros.
Percebemos através de estudos que a umidade (água) presente nos grãos tem forte
influência e deve ser considerada no processo de armazenamento. Sementes
possuem baixo teor de água e baixo metabolismo, mantendo o embrião em estado
de dormência. Dormência é o período durante o qual o crescimento é suspenso ou
reduzido, em geral quando as condições ambientais são adversas. Para que uma
semente germine é necessário que ela esteja inteira, madura, e sadia, a semente só
deixa o estado de dormência ao absorver água por osmose (embebição).
Grãos são bem resistentes, mas estão sujeitos a ataques de pragas
diversas, e muitas vezes sofrem alterações químicas, feitas nas empresas que os
fornecem. Isso faz com que o grão perda sua originalidade, valor nutritivo e
conseqüentemente o desenvolvimento de substâncias tóxicas, com diminuição do
valor comercial. Muitas espécies são perdidas com o tempo. Esses fatores acabam
comprometendo o produto destinado ao consumo, e até mesmo, para
industrialização, a ineficiência nos métodos adequados de conservação fica mais
evidente.
Com o passar dos anos, as necessidades vão surgindo e a procura de
soluções para essas necessidades são evidentes e devem ser incentivadas.
Atualmente a vontade de inserir alimentos de qualidade em nossas mesas se torna
algo essencial em quaisquer camadas sociais, devido a este aspecto escolhemos o
milho e o feijão para demonstrar a eficácia do método exposto nesse trabalho. O
feijão (Phaseolus Vulgaris L.) é rico em vitaminas do complexo B, proteínas, lipídios,
carboidratos, cálcio e outros. E é considerado indispensável nas mesas brasileiras
por ser um prato tradicional. Já o milho (Pennisetum Glaucum) é rico em fibras,
carboidratos, proteínas, e vitaminas do complexo B. Possui bom potencial calórico
sendo constituído de grandes quantidades de açucares e gorduras. O milho contém
vários sais minerais como ferro, fósforo, potássio e zinco.
Diante de tudo que foi exposto, o presente trabalho teve por objetivo de
demonstrar a conservação de sementes para germinação baseado na transferência
de gradiente de umidade do grão, sem perca aparente das propriedades
característica do mesmo.
Esta obra apresenta informações de acordo com a proposta oficial do prêmio
jovens cientistas edição 2014.
DESENVOLVIMENTO
Para a realização desse trabalho, foram utilizados 100 gramas de feijão
carioca do tipo comum e 100 gramas de milho tipo safrinha ambos adquiridos na
feira municipal, muito utilizado para produção de farináceos. O experimento foi
realizado no laboratório de ciências naturais da Escola Estadual Dom Aquino Corrêa,
situado na cidade de Juruena-Mt.
O procedimento foi iniciado da seguinte maneira, foi escolhida uma amostra
de feijão tipo comum (grãos selecionados) 100g de acordo com a balança de
precisão, é colocada em um recipiente a parte. O próximo passo foi aferir com o
auxílio de uma balança de precisão desconsiderando a massa do recipiente plástico
com tampa, 300g de substrato orgânico (Transferidor de gradiente), logo após foi
repartido à amostra de feijão em duas parcelas de 50g cada, e foram envoltas em
tecido sintético (TNT) limpo e seco, colocando-as depois no recipiente plástico na
seguinte seqüência;
Primeiramente, uma camada de substrato de 100g, depois colocar um dos
saquinhos contendo o feijão, novamente outra camada de substrato, e o outro
saquinho de feijão, para finalizar outros 100g de substrato. Depois disso, o recipiente
é tampado, nele é envolto fita adesiva para garantir que não haja a passagem de ar
formando um sistema fechado. O teste realizado com um termo higrômetro munido
de uma sonda que foi inserida dentro do sistema mostrou não haver variações
significativas de temperatura e humidade neste período, conforme demonstrado na
figura 1.
O procedimento deve ser realizado com agilidade, devido o substrato
absorver rapidamente a umidade presente no ar, o que pode interferir nos resultados
do experimento. Veja a seguir nos gráficos 1 e 2, os números obtidos com o
processo.
Figura 1. Imagens registradas em diferentes dias durante o período de secagem, os
valores registrados pelo termo higrômetro referem-se à temperatura e
porcentagem de umidade externa (linha superior), temperatura e porcentagem de
umidade no interior do sistema (linha inferior).
O Calculo utilizado para determinar esses resultados foi o seguinte:
% de Umidade (𝑈) =100(P−p)
P−t
Onde:
P= peso inicial, peso do recipiente e sua tampa mais o peso da semente úmida;
p= peso final, peso do recipiente e sua tampa mais o peso da semente seca;
t= tara, peso do recipiente com sua tampa. (Ministério da Agricultura, Pecuária
Abastecimento (p.312, 2009)
Dados do feijão; P= 133,95g, p= 131,35g, t= 33,95g.
Gráfico 1
Gráfico 2
𝑈 =100(133,95 − 131,95)
133,95 − 33,95= 2,6
Dados do milho; P= 131,86g, p= 128,46g, t= 31,86g.
𝑈 =100(131,86 − 128,46)
131,86 − 31,86= 3,4
A maioria dos grãos armazenados em processos convencionais apresenta
contaminação fúngica, acidez e baixo poder germinativo, o que não foi observado
nesse método. Os resultados apresentados são muito significativos em comparação
com as formas atuais de armazenamento.
À medida que ocorre a transferência de gradiente de umidade, absorve-se
água contida no grão, com isso o risco de proliferação como fungos, bactérias,
ácaros... Diminui significativamente, o grão não perde seu poder germinativo,
nutritivo e o mesmo pode ser guardada assim por tempo indeterminado, dando aos
agricultores uma produção sustentável, mais autonomia, melhor produtividade, e nos
garante riqueza de espécies (conservação de espécies antigas), barateamento em
todo o processo de estocagem, diminuição do preço do produto final, resultando na
união de múltiplos benefícios sejam eles ambientais, econômicos e até mesmo
sociais.
O teste germinativo foi feito de acordo com as Regras para análise de
sementes do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. As sementes
germinaram em cerca de vinte e quatro horas, com 100% de aproveitamento, ou
seja, todo o lote utilizado para o teste germinou.
O substrato utilizado é orgânico e pode ser reutilizado várias vezes, o custo
do processo é baixo, pensado como um conceito de sustentabilidade (sem agressão
alguma ao meio ambiente) e com o objetivo de ser utilizado em qualquer espécie de
sementes contribuindo para evitar a extinção de muitas espécies. Ou seja, o mesmo
tipo de substrato que foi utilizado na pesquisa poderá ser reutilizado em outros tipos
de sementes (Variação na quantidade utilizada de acordo com, o tamanho da
semente e da umidade da mesma).
CONCLUSÃO
O presente trabalho avaliou a influência da umidade, no armazenamento de
sementes, e demonstra uma forma eficaz de conservar sementes em boa qualidade.
O feijão analisado tinha porcentagem média inicial de 14% de umidade que foi
reduzida para 2,6% em quinze dias, por secagem em meio á substrato, transferência
de gradiente. O milho que apresentava umidade inicial média entre 12 á 14% que foi
reduzida para 3,4% em quinze dias em meio ao substrato.
Não há ocorrência de sementes com deformações ou qualquer mudança em
sua aparência. As sementes quanto atritadas apresentaram um barulho
característico de pedrinhas sendo agitado, o nível de secagem fica evidente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, W. CONSERVAÇÃO E GERMINAÇÃO DE SEMENTES E
DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DA PEREIRA PORTA ENXERTO TAIWAN
NASCHI-C. Disponível em: <http//www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
90161997000200006&script+sci arttext>. Acessado em: 19/11/2014.
BENTO, LARISSA FATARELLI. QUALIDADE FÍSICA E SANITÁRIA DE GRÃOS DE
MILHO ARMAZENADOS EM MATO GROSSO. <Disponível em:
http://www.ufmt.br/ppgat/arquivos/5b63df2857b05cb2b949bbbd28beb857.pdf
>acessado em: 17/12/2014.
BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.
REGRAS PARA ANALISE DE SEMENTES/ Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento. Secretária de defesa Agropecuária. – Brasília: Mapa/ACS, 2009.
399p.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Produção sustentável. Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-
sustentavel/conceitos/producao-sustentavel>. Acessado em: 17/12/2014.