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Consideraes Sobre a Reciclagemde Embalagens Plsticas

Flvio J. Forlin, Jos de Assis F. FariaDepartamento de Tecnologia de Alimentos, FEA, UNICAMP

Resumo: Este artigo aborda consideraes atualizadas sobre a reciclagem de embalagens plsticas com focono setor de alimentos. No contexto mundial avaliado o crescente volume de utilizao de embalagensplsticas na preservao de alimentos e levantados os componentes sanitrios, mercadolgicos, scio-econ-micos e ambientais associados. So avaliadas como potenciais vias de reciclagem a transformao mecnicade embalagens plsticas em novos materiais ou produtos, a recuperao de resinas, a transformao trmica,a reutilizao de embalagens e a degradao ambiental. O contexto brasileiro mostra potenciais caractersti-cas de viabilidade scio-econmica e empresarial para a reciclagem de embalagens plsticas, exigindo, toda-via, maior conjuno de aes governamentais, empresariais e de pesquisa no setor.

Palavras-chave: Reciclagem, embalagens plsticas, alimentos.

Considerations About Packing Plastics Recycling

Abstract: This article addresses up-to-date considerations on the recycling of packing plastics, with focus onthe food sector. In the worldwide context, an evaluation is provided of the increase in the volume of packingplastics for food preservation and comments are made on the associated sanitary, marketing, social, economicand environmental aspects. Potential recycling ways for packing plastics are evaluated, such as the mechanictransformation in new materials or products, resin recuperation, thermal transformation, packing refill andenvironmental degradation. The Brazilian context points to a potential viability of the recycling of packingplastics in terms of economical, social and marketing aspects. An efficient recycling industry demands, however,concerted actions from government and companies, in addition to further research in this field.

Keywords: Recycling, packing plastics, foods.

Autor para correspondncia: Jos de Assis F. Faria, Departamento de Tecnologia de Alimentos, FEA, UNICAMP, Caixa Postal 6121, CEP: 13081-970,Campinas, SP. E-mail: jaff@fea.unicamp.br

Introduo

A reciclagem de embalagens plsticas preocupaa sociedade, mundialmente, face ao crescente volu-me de utilizao e as implicaes ambientais ineren-tes ao seu descarte no racional ps-consumo, comono setor de alimentos.

Os hbitos de consumo da sociedade moderna, adefinio de regulamentaes especficas, a imple-mentao de centros de pesquisa e o desenvolvimen-to de tecnologias adequadas, constituem pauta deaes especficas de setores governamentais e em-presariais na reciclagem de embalagens.

A rentabilidade do mercado de reciclagem de em-balagens plsticas no Brasil, como em outros pasesdesenvolvidos, mostra aspectos atraentes para inicia-tivas empresariais do setor, com reflexos scio-eco-nmicos diretos relacionados com a melhoria daqualidade de vida da populao, gerao de renda,economia de recursos naturais e atenuao de pro-blemas ambientais.

A consolidao e o incremento do volume dosmateriais plsticos utilizados em embalagens na vidamoderna representa um desafio sob o ponto de vistada sua reciclagem racional, exigindo uma abordagemintegrada entre os processos de transformao das

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Forlin, F. S.; Faria, J. A. F. - Reciclagem de embalagens plsticas

matrias-primas, fabricao das embalagens e suafuncionalidade na conservao do produto.

Panorama brasileiro e mundial da utilizao deembalagens

Os principais mercados mundiais para embala-gens esto apresentados na Tabela 1.

O mercado de embalagens no mundo em 2000alcanou a cifra de US$ 431 bilhes, da qual 22%refere-se Amrica do Norte; 27% Europa Ociden-tal; 15% ao Japo; 5% Amrica Latina; e, 31% aoresto do mundo. A participao do Brasil de 1,65%do mercado mundial[1].

A produo brasileira de embalagens foi estima-da em 5,5 milhes de toneladas, ou US$ 10 bilhes,em 1998, correspondendo a 1,3 % do PIB, dos quais61% referem-se a alimentos. O setor deve crescer emtorno de 35% em volume at o ano 2005, alcanando7,4 milhes de toneladas ou US$ 8,7 bilhes, aos pre-os de 1999. Estas projees esto baseadas no pa-norama atual, no considerando substituies, excetoa tendncia da mudana das latas de alumnio porembalagem de polister (PET), no setor de bebidas[1].

Na Tabela 2 est apresentada a segmentao domercado de materiais de embalagem no Brasil.

A produo de plsticos no Brasil alcanou 3,4milhes de toneladas em 1999, em comparao com41,6 milhes de toneladas nos EUA e 26,3 milhesde toneladas na Europa (1994). Em 1998, aproxima-damente 31% da produo de resina foi destinada paraa produo de embalagens plsticas, transformandoeste setor no mercado mais importante para mate-riais plsticos no Brasil. O consumo de plsticos paraembalagens nos EUA foi equivalente a 31%. Estima-se que o consumo de plsticos no Brasil crescer de3,3 milhes de toneladas em 1998 para 4,3 milhesde toneladas at 2005[1].

Contaminantes dos materiais plsticosUma importante caracterstica dos materiais pls-

ticos utilizados como embalagem de alimentos nasoperaes de reciclagem o seu comportamento ter-mo-fsico, classificados segundo o qual em termo-plsticos e termofixos. A caracterizao e a separaode contaminantes so aes imprescindveis no pro-cesso de reciclagem.

Os materiais de embalagem termoplsticos ca-racterizam-se como produtos de reaes de polimeri-zao completas com cadeias lineares ou ramificadas.As propriedades fsicas so afetadas quando subme-tidos ao calor e resfriamento em indefinidos ciclos,ocorrendo a formao de reduzido ndice de ligaescruzadas, as quais esto associadas com a rigidez dos

Tabela 1. Principais mercados mundiais de embalagens 1995-2005 (US$bilhes)

Fonte: UN, World Bank, PIRA, DATAMARK[1]* Estimativa

saP 5991 0002 *5002

danaC/AUE 0,521 6,69 6,69

opaJ 0,06 6,56

ahnamelA 8,92 3,42 9,62

anarF 9,91 3,81 4,02

ailtI 5,61 0,61 7,71

odinUonieR 0,51 1,31 7,41

anihC 0,41

lisarB 6,21 1,7 7,8

ahnapsE 4,6 6,7 6,8

anitnegrA 6,4

ocixM 0,4 0,5

elihC 1,1 4,1 6,1

aibmoloC 0,1

edlairetaMmegalabme

0991 8991 99915002

)avitamitse(

)TEPotecxe(socitslP 483 937 587 630.1

TEP 4 372 672 453

lepaP 892 103 113 773

odaludnoolepaP 519 616.1 247.1 903.2

otraC 432 093 673 934

sievxelF 531 343 053 884

oinmulA 91 481 081 522

saciltemsahloF 485 866 866 877

oA 851 911 121 831

ordiV 415 294 184 485

Tabela 2. Segmentao do mercado de materiais de embalagem no Brasil(mil toneladas)

Fonte: DATAMARK [1]

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Forlin, F. S.; Faria, J. A. F. - Reciclagem de embalagens plsticas

mesmos[2]. Os materiais termoplsticos compemquase integralmente o volume dos plsticos utiliza-dos como embalagens primrias em alimentos.

Os materiais plsticos termofixos so produtosde polimerizao em que ocorre a formao de ele-vado nmero de ligaes cruzadas. Quando amoleci-dos, pela ao do calor e resfriados, endurecemirreversivelmente, fenmeno conhecido como cura,conferindo-lhes caractersticas de extrema rigidez. Asresinas epxi e os componentes moldveis base deformaldedo e fenol so alguns exemplos desses ma-teriais. Em embalagens plsticas a maior utilizaode materiais termofixos verificada na confeco epreparao de tintas, vernizes, termosselantes, adesi-vos, sistemas rgidos para embalagens flexveis (tam-pas, sistemas de dosagem, etc.), entre outros. Emfuno de suas caractersticas fsico-qumicas, quan-do em composio com materiais termoplsticos deembalagens de alimentos (laminados, garrafas e po-tes plsticos, etc.), diminuem o valor relativo dereciclabilidade destes materiais, constituindo-se emelementos contaminantes dos mesmos.

A presena de materiais estranhos, como ao, alu-mnio, vidro, papel/carto, tintas, vernizes, entre ou-tros, utilizados nos processos de laminao e conversode materiais plsticos com a finalidade de otimizar ouaumentar a eficincia do sistema de embalagem, cons-tituem-se, igualmente, em contaminantes na reciclagemde embalagens plsticas[3], bem como os resduos dealimentos remanescentes na embalagem ps-consumo,ou sujidades adquiridas aps o seu descarte.

A incompatibilidade de natureza qumica de de-terminadas resinas que compem os diferentes ma-teriais plsticos representam um srio problema nareciclagem de embalagens plsticas, parte de ou-tros contaminantes[4].

De forma geral, quanto menor o nmero de com-ponentes polimricos e complexidade do sistema deembalagem, maior o seu valor de reciclagem, conse-qncia da reduo das etapas e recursos tecnolgicosdispendidos no processo, como limpeza, separaodos materiais que compe a embalagem (delami-nao), recuperao de coadjuvantes utilizados nalimpeza e delaminao (gua e solventes) e energianecessria para estas operaes[5,6].

A reciclabilidade de embalagens plsticas estintrinsicamente relacionada com a viabilidade eco-nmica de implementao de determinadas rotas dereciclagem. O dilema de compatibilizar a funo in-

trnseca do sistema de embalagem com os problemasambientais decorrentes pelo descarte ps-consumosem critrio um desafio para as entidades de pes-quisa, empresas fabricantes de embalagens e socie-dade, na viabilizao de tecnologias, processos eprogramas que compatibilizem as vantagens da utili-zao de embalagem plsticas em alimentos e a suareciclagem racional, em um contexto integrado nacadeia produo-utilizao-consumo[7,8].

Fontes reciclveis de materiais plsticosDistingue-se, essencialmente, duas fontes

reciclveis de materiais plstic