CONSTANTE DE TEMPO, INTEGRAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO EM CIRCUITOS RC.pdf

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 F - 429 [03] / 1  CONSTANTE DE TEMPO,  INTEGRAÇÃO E DIFERENCIAÇÃ O EM CIRCUITOS RC 1. Conceitos e técnicas Carga e descarga de um capacitor Constante de tempo do circuito RC e sua determinação. Circuito RC sob alimentação alternada senoidal. Diferenciação e integração num circuito RC. 2. Fundamentos teóricos Considere um gerador de corrente contínua de força eletromotriz E 0  e resistência interna R G conetado, em t = 0, a um resistor em série com um capacitor com carga inicial -q 0  e voltagem - q 0 C = -E 0 . A curva de carga  do capacitor, especificada pela voltagem V C (t) nos seus terminais em função do tempo, é dada pela equaçao V C (t) = E 0  [1 - 2 exp(-t/RC)] (1) Se, por outro lado, o capacitor tiver carga +q 0  e voltagem q 0 C = E 0  e for conetado aos terminais de um gerador de f.e.m. -E 0 , a curva de descarga  do capacitor será descrita pela relação V C (t) = E 0  [2 exp(-t/RC) - 1] (2) onde R é a resistência total do circuito (incluindo a resistência interna do gerador). O produto τ = RC é denominado de constante de tempo  do circuito. Se em um circuito RC série conetarmos um gerador de onda quadrada, isto é, um gerador cuja f.e.m. oscile periodicamente entre +E 0  e -E 0  (Fig. 1) e se τ << semi-período, a tensão no capacitor irá oscilar entre -E 0  e +E 0 , crescendo conforme a eq. (1) no primeiro semi-período, e decrescendo conforme a eq. (2) no segundo. Da curva de descarga do capacitor, (Fig. 1) podemos calcular o valor de τ. A partir das coordenadas de dois pontos, P e Q, determina-se τ pela relação τ = (t 2  - t 1 ) / ln (V C1  / V C2 ) (3) sendo V C1  e V C2  medidos a contar do eixo que passa em V C  = -E 0 . Para um circuito RC série alimentado por um gerador de corrente alternada senoidal de frequência angular ω, demonstra-se que as tensões através do resistor e do capacitor, respectivamente V R  e V C , são dadas pelas equações V R (t) = RC (dV(t)/dt) para ωRC << 1 (4) V C (t) = (1/RC)  V(t) dt para ωRC >> 1 (5) onde o símbolo V(t) é a tensão no gerador: V(t) = V 0  sen ωt. Como podemos ver, a tensão em R é proporcional à derivada da tensão V(t) enquanto a tensão em C é proporcional à integral de V(t). Diz-se portanto que o resistor diferencia enquanto o capacitor integra  o sinal do gerador no circuito série RC. Embora a demonstração das eqs. (4) e (5) sejam feitas para tensões senoidais, é importante lembrar que estas duas equações não se limitam a sinais senoidais mas são válidas para  sinais como onda quadrada, dente de serra, etc . Figura 1

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  • F - 429 [03] / 1 CONSTANTE DE TEMPO, INTEGRAO E DIFERENCIAO EM CIRCUITOS RC

    1. Conceitos e tcnicasCarga e descarga de um capacitorConstante de tempo do circuito RC e sua determinao.Circuito RC sob alimentao alternada senoidal.Diferenciao e integrao num circuito RC.

    2. Fundamentos tericosConsidere um gerador de corrente contnua de fora eletromotriz E0 e resistncia interna RG

    conetado, em t = 0, a um resistor em srie com um capacitor com carga inicial -q0 e voltagem -q0C = -E0. A curva de carga do capacitor, especificada pela voltagem VC(t) nos seus terminais em funodo tempo, dada pela equaao

    VC(t) = E0 [1 - 2 exp(-t/RC)] (1)Se, por outro lado, o capacitor tiver carga +q0 e voltagem q0C = E0 e for conetado aos terminais de umgerador de f.e.m. -E0, a curva de descarga do capacitor ser descrita pela relao

    VC(t) = E0 [2 exp(-t/RC) - 1] (2)onde R a resistncia total do circuito (incluindo a resistncia interna do gerador). O produto = RC denominado de constante de tempo do circuito.

    Se em um circuito RC srie conetarmos um gerador de onda quadrada, isto , um gerador cujaf.e.m. oscile periodicamente entre +E0 e -E0 (Fig. 1) e se 1 (5)

    onde o smbolo V(t) a tenso no gerador: V(t) = V0 sen t.Como podemos ver, a tenso em R proporcional derivada da tenso V(t) enquanto a tenso

    em C proporcional integral de V(t). Diz-se portanto que o resistor diferencia enquanto o capacitorintegra o sinal do gerador no circuito srie RC. Embora a demonstrao das eqs. (4) e (5) sejam feitaspara tenses senoidais, importante lembrar que estas duas equaes no se limitam a sinais senoidaismas so vlidas para sinais como onda quadrada, dente de serra, etc.

    Figura 1

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    Figura 4

    Figura 5

    De fato, uma onda quadrada de tenso de pico (ou amplitude) VP e freqncia (semelhante da Fig. 1) pode ser representada por uma srie infinita de funes senoidais defreqncias discretas conforme a equao

    V = 4VP/pi[ sent + (1/3) sen3t + (1/5)sen5t +...] (6)Evidentemente, para que o circuito RC diferencie, preciso que a frequncia do termo de mais altafrequncia na srie seja tal que RC > 1.

    3. Material

    Osciloscpio de dois canais, gerador de sinal, resistores de 100 , 1 k e 5 k, capacitores de0,047 e 1 F.Obs.: No circuito da Fig. 3 usar R = 100 e C = 1 F.

    4. Objetivos do experimentoA. Monte o circuito da Fig. 3 com o gerador de onda quadradae observe as curvas de carga e de descarga do capacitor natela do osciloscpio.B. Determine o valor da constante de tempo do circuitofazendo medidas na curva de descarga e aplicando a eq. (3).

    C. Uma vezdeterminado ,calcule a resistncia

    interna RG do gerador.D. Deduza a expresso anloga da eq. (3) que permitedeterminar atravs da curva de carga do capacitor. Faa aseguir a determinao experimental de e encontre novamenteRG. Compare os seus resultados para RG com aqueles obtidospela curva de descarga.E. Uma vez montado o circuito da Fig. 4 com R = 1 k e C= 0,047 F, ajuste a frequncia do gerador de tal forma que oproduto RC > 1 e obtenha a onda quadrada e a integradana tela do osciloscpio. Registre suas observaes da mesmaforma que no item anterior.G. Faa uma anlise cuidadosa dos desenhos dos itens E e Fmostrando que, de fato, (i) a tenso no resistor a derivada datenso no gerador, e, (ii) a tenso no capacitor a integral datenso no gerador. No desenho referente integrao, averificao dever ser feita quantitativamente.

    Bibliografia1. D. Halliday, R. Resnick e J Merrill, Fundamentos de Fsica, vol. 3, (Editora LTC, RJ,1994), cap. 29-8 e

    36-2, -3, -4.2. J. J. Brophy, Eletrnica Bsica, (Guanabara Dois, RJ, 1978), pp 49-50 e 57-59.

    Figura 3