Construção de cisterna muda vida de família em Imaculada

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº 1351 Novembro/2013 Imaculada Construção de cisterna muda vida de família em Imaculada Conheça uma história de luta pela permanência no campo. A construção de cisternas tem contribuído com a permanência de famílias no campo. Os reservatórios representam, além do acesso à água, geração de renda para agricultores e agricultoras do semiárido. Para o agricultor Edmilson Gomes, que reside na comunidade Serraria, no município de Imaculada, Sertão da Paraíba, a experiência como construtor de cisternas transformou a vida de sua família. Edmilson, sempre quis proporcionar melhores condições de vida para a esposa e os filhos. Por diversas vezes, devido à falta de oportunidades de trabalho na sua região, teve que viajar para o sudeste do país, em busca de emprego para sustentar a família. Geralmente, viajava para São Paulo (SP), onde trabalhava como pedreiro. O que ganhava, mal dava para suprir as necessidades da família, porque também dividia o salário para se manter por lá. Sua rotina de vida era dividida em idas e vindas, passava mais tempo fora do que em casa, deixando a esposa Ivonete Gabriel (Neta) e os filhos Elissandra, Felipe, Alberto e José Victor, com muita saudade. Neta conta que um dos filhos adoecia, na ausência de Edmilson. “Felipe só tinha saúde quando o pai estava em casa. Ele tinha febre com frequência, teve uma época que chegou a desmaiar, deu até convulsão. Eu só vivia com ele no médico, também fazia remédios caseiros. Com o passar do tempo descobrimos que a causa da febre era emocional, porque quando o pai chegava de viagem, o menino melhorava! Isso aconteceu até os 10 anos de idade”, relata.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº 1351

Novembro/2013

Imaculada

Construção de cisterna muda vida de família em Imaculada

Conheça uma história de luta pela permanência no campo.

A construção de cisternas tem contribuído com a permanência de famílias no campo. Os reservatórios

representam, além do acesso à água, geração de renda para agricultores e agricultoras do semiárido.

Para o agricultor Edmilson Gomes, que reside na comunidade Serraria, no município de Imaculada,

Sertão da Paraíba, a experiência como construtor de cisternas

transformou a vida de sua família.

Edmilson, sempre quis proporcionar melhores condições de vida para

a esposa e os filhos. Por diversas vezes, devido à falta de

oportunidades de trabalho na sua região, teve que viajar para o

sudeste do país, em busca de emprego para sustentar a família.

Geralmente, viajava para São Paulo (SP), onde trabalhava como

pedreiro. O que ganhava, mal dava para suprir as necessidades da

família, porque também dividia o salário para se manter por lá.

Sua rotina de vida era dividida em idas e vindas, passava mais tempo fora do que em casa, deixando a

esposa Ivonete Gabriel (Neta) e os filhos Elissandra, Felipe, Alberto e José Victor, com muita saudade.

Neta conta que um dos filhos adoecia, na ausência de Edmilson. “Felipe só tinha saúde quando o pai

estava em casa. Ele tinha febre com frequência, teve uma época que chegou a desmaiar, deu até

convulsão. Eu só vivia com ele no médico, também fazia remédios caseiros. Com o passar do tempo

descobrimos que a causa da febre era emocional, porque quando o pai chegava de viagem, o menino

melhorava! Isso aconteceu até os 10 anos de idade”, relata.

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No ano de 2004, numa dessas temporadas que passava com a família,

Edmilson começou a trabalhar na construção de cisternas, através do

Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), executado pela Central das

Associações Comunitárias do Município de Cacimbas e Região (CAMEC).

Inicialmente, trabalhou como ajudante de pedreiro, depois participou de

uma capacitação, construiu sua própria cisterna e a partir daí não parou mais

de trabalhar, não viajou mais para São Paulo e nem o filho adoeceu.

Os programas, Um Milhão de Cisternas e Uma Terra e Duas Águas (P1+2),

têm exercido um papel fundamental na geração de renda para a família de Edmilson. Ele também

constrói cisternas, para além dos programas, quando é convidado.

O seu talento profissional permitiu criar inovações, a exemplo

da cobertura do decantador da Cisterna de Enxurrada, ele teve

a ideia de fazê-la no modelo cuscuz. O decantador fica

parecendo uma pequena cisterna. “Este novo modelo facilita a

limpeza porque tem mais espaço, é seguro, rápido de construir

e fica mais bonito”, destaca Edmilson. Outros pedreiros

também, já estão replicando a ideia.

Construir cisternas aumentou a autoestima do agricultor. “Me

sinto muito orgulhoso em ver cisternas construídas por mim,

me dedico ao máximo e procuro fazer um trabalho bem feito,

gosto de ver as famílias satisfeitas e isso me alegra”, conta. Por onde passa, além de construir

cisternas, Edmilson constrói amizades.

A atividade gerou conquistas significativas para a família. Além da união, possibilitou perceber a

importância de investir na agricultura como alternativa econômica que viabiliza a permanência no

campo. “Despertamos e passamos a investir na propriedade. Reformamos a casa, compramos

móveis, uma moto e animais. Temos galinhas, perus, ovelhas e

alguns bovinos. Também construímos um barreiro. Esta

oportunidade contribuiu para que a gente acreditasse que é

possível viver bem aqui”, enfatiza Neta.

Com a construção da cisterna de enxurrada pelo P1+2, através do

Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS), a família

agora faz planos de cultivar hortas. No quintal, Edmilson e Neta já

produzem plantas medicinais.

A história de vida desta família assume características próprias

que inspiram aprendizados, mostra que é possível viver com

dignidade na região semiárida, a partir de oportunidades e iniciativas transformadoras. “Agora

temos uma família de verdade, com todos em casa!” Conclui Neta.

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