CONSTRUÇÕES COM TERRA

CONCEITO E DEFINIÇÕES

Define-se como construção com terra toda e qualquer técnica que se utiliza do solo como matéria-prima com estabilização feita com a adição de aglomerantes, fibras e/ou por compactação, sem que se altere sua composição mineralógica, logo, excluem-se as cerâmicas por passarem pelo processo de cozimento.

Sendo o material mais abundante do planeta, o solo já foi utilizado como matéria-prima para construção por várias culturas em várias épocas. Atualmente, a construção com terra vem ganhando destaque por seu baixíssimo impacto ambiental, sendo muitas vezes empregada juntamente com outras técnicas que envolvem energias renováveis, reciclagem de resíduos, reutilização da água, entre outros. Desse modo, ela terra têm tomado espaço no mercado da construção civil.

HISTÓRICO NO BRASIL E NO MUNDO

A construção com terra como matéria prima é utilizadas há milênios, muito antes da descoberta do Cimento Portland como conhecemos hoje; sendo que muitas das antigas civilizações, como os mesopotâmicos, egípcios, assírios e povos pré-colombianos, serviam-se desses métodos para a construção de seus monumentos, fortalezas, obras religiosas e moradias, entre as quais, podemos destacar os zigurates na Mesopotâmia e a Grande Muralha da China (na qual se empregara a técnica da taipa de pilão, sendo posteriormente coberto com pedras).

As técnicas de construção com terra chegaram ao Brasil na época da colonização, tanto por parte dos portugueses, quanto pelos africanos que chegaram como mão-de-obra escrava. Os métodos construtivos mais utilizados foram a taipa de pilão, pau-a-pique e adobe. As principais obras realizadas na época são de incontáveis igrejas espalhadas por todo o país, boa parte delas ainda em bom estado.

Com a Revolução Industrial, essas técnicas deixaram de ser exploradas, voltando à tona apenas na década de 1970, quando se percebeu a necessidade do conceito de sustentabilidade e reaproveitamento de recursos naturais. A partir disso, vêm-se retomando e aprimorando os métodos construtivos com terra, devido ao seu baixíssimo impacto ecológico;

MÉTODOS CONSTRUTIVOS

ADOBE (em tópico específico)

TAIPA DE PILÃO

A técnica consiste no apiloamento do solo devidamente preparado, por meio de pilões ou soquetes, dentro de moldes (geralmente de madeira) denominados de taipal. A compactação também pode se dar de forma mecanizada. Entende-se por solo preparado como a terra “traçada” que atende às condições de utilização, seja pelas proporções adequadas de areia e argila, umidade ótima e adição de aglomerantes, se necessário.

No projeto, deve-se atentar à forma da obra e aos esforços sobre ela submetidos, já que não resiste bem à tração e torções. Já na execução, é de suma importância a correta impermeabilização da fundação e da parede. Em áreas de atividade sísmica há a necessidade de se fazer reforços na estrutura, algumas vezes com a incorporação do próprio concreto.

Tem como vantagens, além do baixo impacto ecológico e abundância de matéria-prima, a alta eficiência acústica e térmica. Além disso, a técnica resulta em paredes monolíticas muito sólidas e resistentes a compressão. E como desvantagens apresenta-se a limitação de no desenvolvimento em altura, devido à baixa resistência aos esforços horizontais, baixa resistência à agua e sismos.

PAU A PIQUE (ou taipa de mão)

Nesta técnica, primeiramente, é executada uma trama com madeira ou bambu, que é encaixada em uma fundação (de pedra ou concreto) e fazem-se as aberturas das portas e janelas. Posteriormente esse quadro é coberto com uma mistura de barro e palha. Esse revestimento se dá, geralmente, em três etapas, desse modo recobre-se as trincas ocasionadas pela retração do material.

Assim como a taipa de pilão, apresenta bom isolamento térmico e acústico e baixa resistência na presença de água, sendo muito importante sua impermeabilização. Porém, por ser composta por paineis leves, apresenta melhor desempenho em construção com mais pavimentos.

COB

É a técnica que mais dá espaço à liberdade criativa na construção, pois, literalmente, a obra é esculpida com as mãos com uma massa de solo, água e palha. Desse modo, ela permite a entalhar nichos e móveis embutidos.

A massa é misturada com os pés e por ser moldada com as mãos, é uma técnica completamente independente da utilização do cimento, sendo que, mesmo dentre as técnicas de bioconstrução, é a que apresenta o menor custo. E mesmo sem a incorporação de aglomerantes apresenta excelente durabilidade e resistência à água, desde que feita a impermeabilização e execução adequadas.

Porém, é uma técnica mais demorada, podendo levantar-se, no máx, 40 cm de parece por dia, pois para a aplicação da próxima camada, a anterior tem que estar seca o suficiente para obter resistência mecânica.

Assim como as demais, tem ótimo desempenho térmico e acústico.

PROBLEMAS E PATOLOGIAS

Devido à heterogeneidade do solo, deve-se dar grande importância ao estudo do mesmo e fazer as correções necessárias, tanto granulométricas quanto químicas.

Na execução, deve-se atentar á impermeabilização da fundação e das superfícies da estrutura e realizar os procedimentos da forma adequada, principalmente no que diz respeito à umidade e compactação (nas que se utilizam de estabilização mecânica, como a taipa de pilão, hiperadobe e superadobe).

Em qualquer um dos casos, as patologias encontradas são o comprometimento e instabilidade da estrutura e fissuração.