Construindo um adaptador 35mm para filmadoras digitais
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Alexandre Barcelos de A. Ney
Projeto de monografia apresentado ao Curso de Desenho Indus-trial do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito necessário para a obtenção do grau de Bacharel em Desenho Industrial – Programação Visual.
Aprovado em 29 de setembro de 2009
COMISSÃO EXAMINADORA
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Prof. Jo Name Universidade Federal do Espírito Santo Orientador
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Profª. Rosana Paste Universidade Federal do Espírito Santo
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Profª. Simone Guimarães Universidade Federal do Espírito Santo
Construindo um adaptador 35mm para filmadoras digitais:aspectos da ótica 35mm somados a dinâmica da tecnologia
digital
Vitória2009
Monografia apresentada para aprovação na matéria Projeto de Graduação II do Curso de Desenho Industrial – Programação Visual da Universidade Federal do Espírito Santo.
Orientador: Prof. Jo Name
Alexandre Barcelos de A. Ney
Construindo um adaptador 35mm para filmadoras digitais:aspectos da ótica 35mm somados a dinâmica da tecnologia
digital
Gostaria de agradecer primeiramente a minha família pelo suporte, pelo abrigo, pelo amor. A minha amada companheira Lorena Louzada pelo incentivo e equilíbrio, meus grandes amigos da república Kalakuta pela energia compartilhada, Dalmo, Fe-lipe Mattar, Reinaldo Guedes, Gustavo Senna e todos que contribuíram, direta e in-diretamente, porém coletivamente, com o processo de experimentação deste projeto.
The most beautiful thing we can experience is the mysterious. It is the source of all true art and science. Albert Einstein - 1930
Resumo
Este projeto aborda a possibilidade de uso de lentes 35mm da Nikon com foco manual, em
filmadoras com diâmetro de lente de 58mm (como a Sony VX2100, PD150 e PD170) e 37mm
(Canon HF200, HD), uma vez que a relação das lentes 35mm com a o adaptador varia de acordo
com o tipo de lentes (marca e padrões da baioneta) e o diâmetro da lente da filmadora. Assim,
pode-se explorar uma nova forma de composição com video digital, já que a profundidade de
campo e outras características das lentes 35mm podem desviar o resultado de imagem padrão
do equipamento digital, e seu aspecto se desdobra para um controle diferenciado da imagem.
Palavras-chaves: adaptador, 35mm, design, vídeo, cinema, independente, profundidade
de campo, digital, nikon, ciência, arte.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
CAPÍTULO 1 - A DINÂMICA DO VÍDEO DIGITAL
CAPÍTULO 2 - O SENSOR DIGITAL E SEUS LIMITES
2.1. CONTORNANDO A PROFUNDIDADE DE CAMPO LIMITADA
CAPÍTULO 3 - CONSTRUINDO O ADAPTADOR 35MM
3.1. TELA DE FOCO
3.2. TUBOS DE EXTENSÃO
3.3 ANÉIS DE FILTROS
3.4. SUPORTE PARA TELA DE FOCO
3.5. LENTES 35MM
3.6. DISTÂNCIA FOCAL
CAPÍTULO 4 - ANOMALIAS E SOLUÇÕES
CAPÍTULO 5 - ERGONOMIA
CAPÍTULO 6 - PROTÓTIPO FINAL E ANÁLISE DOS RESULTADOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
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Introdução
O projeto em questão é fruto de uma necessidade que surgiu em trabalhos com produção
de vídeo digital ao lado das pesquisas na área da fotografia em filme no decorrer do curso de
Desenho Industrial. O quase nulo contato com cinema e a película cinematográfica durante o
período de graduação foi um grande incentivador para buscar resultados que pudessem unir
características das lentes para película, como profundidade de campo, e a dinâmica do vídeo
digital.
Produtores de vídeo independentes, em sua grande parte, necessitam cortar custos
como direito autoral de trilha sonora, ou conversão de película para digital e vice-versa. Neste
ponto, o vídeo digital seria uma forte solução, uma vez que o trabalho de captação, edição e pós-
edição é muito mais dinâmico e barato.
Na longa corrida tecnológica, o meio digitai busca a obtenção de uma imagem tão
poderosa em termos de qualidade, definição e resolução quanto a da película cinematográfica,
além de uma nova dinâmica de uso para captação e edição das imagens, mais direta e rápida, o
que otimiza a produção de um vídeo.
Por outro lado, os atributos da imagem da película cinematográfica e das lentes utilizadas
na fotografia 35mm permanecem únicos, inclusive o controle para composição fotográfica.
Os ajustes de velocidade do obturador, da abertura do diafragma e consequente manuseio
da profundidade de campo, resultam numa imagem menos sugerida pela máquina, mais
customizável, que muitas vezes acaba limitada pelo equipamento no campo de vídeo digital. O
tamanho do sensor de uma filmadora digital é pequeno, e isso interfere na sensibilidade de luz
dela, o que dificulta conseguir um resultado de imagem com pequena profundidade de campo,
resumida em uma imagem quase sempre em foco e chapada.
O adaptador 35mm surge então na tentativa de contornar este teto no vídeo digital, já que
possibilita o uso de variadas lentes de máquinas fotográficas de 35 milímetros, permitindo o uso
da profundidade de campo específica de cada lente e suas características como luminosidade,
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alcance, etc.
Os adaptadores encontrados a venda no mercado possuem um preço alto, que também
torna complicado o acesso a esse tipo de solução. Pela construção razoavelmente simples, é
interessante construir seu próprio adaptador, uma vez que é possível desenvolvê-lo com poucas
peças e baixo custo, o que é muito mais coerente com nossa realidade. Apesar disso, o resultado
que se vê, muitas vezes, é prejudicado pela má-adaptação do adaptador construído com a
filmadora que é utilizada, dado a importância de pesquisar peças e materiais adequados a sua
utilização.
O grande ponto forte do uso de adaptadores é abrir novas opções para compor uma
imagem com vídeo digital, sem se limitar ao que a tecnologia do equipamento utilizado oferece
em termos de controle e resultado da imagem.
É importante frisar que a intenção do projeto não é competir no mercado, e sim auxiliar
a produção de vídeo independente, além de permitir um processo de experimentação com
materiais e imagens. Facilitar o acesso dos videomakers a soluções viáveis de diferenciação
no resultado de imagem, disponibilizando as informações de construção do adaptador e seus
benefícios para a composição no vídeo digital. Dessa forma pode-se interferir na realidade da
produção audiovisual independente de alguma maneira positiva.
Um fator crucial dessa pesquisa, pelo mais interessante processo produtivo que transforma
o resultado, é justamente o foco em soluções no campo prático da produção audiovisual, de
maneira que se acrescenta relativa qualidade visual ao produto independente. Um aspecto
diferenciado da imagem digital - semelhante ao da pelicula cinematográfica, somado ao intuitivo
incremento da arte grafica, cria outro sentido de exibição, diferente do padrão utilitarista de
retratação sugerido pela máquina.
A desconstrução dos equipamentos e o estudo da câmara-escura nos permite
compreender de forma mais clara o funcionamento físico da luz, o processo de projeção e
gravação de imagens. A conjuntura do objeto desenvolvido (seus elementos, características,
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formato) funciona de acordo com a expectativa do montador, que ajusta o adaptador e obtém
distorções no resultado final. Isso é experimentar, obter resultados diferentes que podem revelar
efeitos diversos, acrescentando força a conceitos e linguagens neste campo de vídeo em geral.
O processo de pesquisa num todo foi enriquecedor para minha experiência com vídeo.
Quando experimentamos enxergar pelos olhos da ciência, a luz e seus fenômenos, podemos
obter proveitosos frutos na pesquisa artística sob o aspecto da imagem, já que estão amarradas
de alguma forma.
Assim, o projeto passa por um processo científico de compreensão do comportamento
da luz e a construção do adaptador em si, para abrir novas possibilidades de se fazer arte através
da ferramenta de vídeo. Portanto, com o andamento dos estudos, unem-se ciência e arte, que
vários momentos da história duelavam por aparente diferenças metodológicas e por serem
caminhos aparentemente conflitantes, pelo caráter intuitivo da arte e racional da ciência.
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Metodologia
A princípio, será feito uma revisão teórico-conceitual acerca dos autores que sustentam
a idéia do projeto e todo o desenvolvimento do adaptador, desde questões filosóficas relativas ao
homem e suas necessidades, tecnologia e imagem, ao método científico para a estruturação do
projeto como um todo.
Em seguida, passarei a análise técnica relativa a condução da etapa de construção do
objeto, envolvendo os materiais utilizados, as anomalias encontradas, soluções para melhoria,
ergonomia, e componentes da filmadora que interferem no resultado de imagem (como tamanho
do sensor, por exemplo).
Após essa análise, chego ao processo de construção do adaptador propriamente dito, no
qual foi fruto de experimentação com diferentes materiais e medidas. Durante essa etapa, foram
feitas três diferentes construções, permitindo que fossem identificados problemas no decorrer
da experimentação. Assim pude visualizar diferentes soluções e resultados de imagem, dado
a diferença de materiais e das montagens, e então construir um protótipo final e analisar os
resultados de imagem e usabilidade.
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Revisão bibliográfica
No início da pesquisa, todas as informações coletadas foram de sites na internet, textos
com revisões de equipamentos, materiais utilizados em adaptadores profissionais, amadores,
compatibilidades dos elementos envolvidos na construção, e tudo foi sendo aglomerado num
montante de informação pessoal. Me guiava intuitivamente e por minhas experiências com
vídeo num todo. A internet, e a expansão do acesso a informação, foi essencial para essa espécie
de “brainstorm técnico” que eu precisava inicialmente. Mas foi necessário encontrar uma forma
de reorganizar essas idéias a partir dessa primeira etapa.
Foi importante coletar essas informações na internet em uma primeira instância,
uma vez que não se encontram em livros dados técnicos de equipamentos, testes com outros
adaptadores, análises, vídeo-testes, peças, e sim em fóruns especializados e sites com foco em
experimentações com equipamentos de vídeo.
Porém, foi necessário fortalecer o embasamento teórico. Foi assim que, pela convivência
com meus amigos, pude conectar filosofias e pensamentos pessoais a visões de autores que
pesquisavam sobre o comportamento humano, sua relação com a arte, com a tecnologia, e pude
perceber como algumas idéias se aplicavam ao meu projeto. A orientação do prof. Jo Name foi a
diretriz para que eu pudesse estruturar o projeto com todas as idéias que estavam ali, misturadas
em um grande baú de informações amontoadas.
Posso dizer que o projeto se sustenta em 3 pilares principais. Esses pilares seriam Vilém
Flusser e sua teoria da caixa-preta, Silvio Zamboni com a pesquisa em arte e ciência, e Bernard
Lobach em relação ao que é design e o como o homem se relaciona com suas necessidades.
Todos esses pilares provindos da filosofia, ou permeadas por ela. Apesar disso, todos também
possuem um caráter explicativo científico.
Ao lidar com um caminho que possui uma importância do estudo científico para
construção e experimentação física, esta por sua vez abre caminhos direta e indiretamente para
o usufruo artístico da produção audiovisual.
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Não poderia deixar de citar Isaac Newton e sua visão mecanicista da física, de real
importância até os dias de hoje, e que abriu novos caminhos para a ciência e deixou um legado que
permitiu ser mergulhado mais profundamente a frente por Albert Einstein com a relatividade,
e consequente campo da física quântica nos dias atuais. Como dito por Silvio Zamboni, “Isaac
Newton combinou o método empírico e indutivo de Bacon ao método racional e dedutivo de
Descartes.” (ZAMBONI, 2006, pg. 14)
Através de Bernard Lobach, foi possível estruturar a pesquisa através de sua metodologia
dentro do processo de design, uma vez que as etapas divididas se adequam a qualquer modelo de
gestão de rotina e projetos. No livro “Design industrial - Bases para a configuração dos produtos
industriais”, Lobach reforça conceitos de design industrial e métodos para configuração de um
produto a ser produzido em série e escala industrial. Apesar do foco, Lobach também conceitua
design separadamente de design industrial, e é em torno desse conceito que a construção do
adaptador se estabelece.
Como dito anteriormente, não existe a intenção de haver uma produção em série do
adaptador e uma possível competição no mercado, mesmo porque o mercado no Brasil para
adaptadores de lentes 35mm é praticamente inexistente. É por isso que, nesse caso, não se aplica
o conceito de design industrial de Lobach. Porém não deixa de ser design, logo que o processo de
design, colocado por Lobach, é praticamente o mesmo, apenas deixando de ter a configuração
do produto para o mercado.
Dessa forma, o que pretende-se fazer com esse projeto, é interferir na produção
independente de audiovisual de forma positiva, com uma solução passível de ser feita por
qualquer interessado na área e com baixo custo. Antes da comercialização de um produto, o
design está disposto a resolver problemas do homem no seu ambiente, assim como para o homem
primata, descobrindo ferramentas úteis para sua sobrevivência, e repassando tradicionalmente
esse conhecimento para outras gerações.
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[...] Daí podemos deduzir que o design é uma idéia, um projeto ou um plano para a solução de um problema determinado. O design consistiria então na corporificação desta idéia para, com a ajuda dos meios correspondentes, permitir a sua transmissão aos outros. Já que nossa linguagem não é suficiente para tal, a confecção de croqui, projetos, amostras, modelos constitui o meio de tornar visualmente perceptível a solução de um problema.” (LOBACH, 1976)
[...] As fases deste processo se denominam design, tanto em nível parcial, como na totalidade do processo. A confusão cresce ao ampliarmos ainda mais o conceito e considerarmos que o design também é a produção de um produto ou sistema de produtos que satisfazem às exigências do ambiente humano. Aqui podemos afirmar que o termo design é apenas um conceito geral que responde por um processo mais amplo. Ele começa pelo desenvolvimento de uma idéia, pode concretizar-se em uma fase de projeto e sua finalidade seria a resolução dos problemas que resultam das necessidades humanas.” (LOBACH, 1976)
Já Vilém Flusser foi o pilar filosófico que guiou a percepção em torno do que envolve
o conhecimento da caixa-preta e a tentativa infinita, nunca absoluta, de reverter, contornar ou
subverter o que é colocado pelas grandes desenvolvedoras de tecnologia. Através desse caminho
desconstrutor, tanto estrutural de equipamentos, como de idéias a respeito da relação homem/
máquina, surgiram vários questionamentos em torno do poder de controle dos desenvolvedores
de tecnologia, a aceitação do que nos é oferecido por eles, e como essa sugestão/imposição dita
o que se consegue obter em termos de imagem com os ditos aparelhos. Também contribuiu para
adentrar fenômenos físicos da luz, seu comportamento em uma lente, a projeção resultante, e
como essa compreensão permite que seja modificado resultados de imagem propostos pelas
máquinas em geral.
“[...] A autonomiia dos aparelhos levou à inversão de sua relação com os homens.
Estes, sem exceção, funcionam em função dos aparelhos.” (FLUSSER, 1998)
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O terceiro pilar, não menos importante, pelo contrário, equilibrou as visões metodológicas
de Lobach com a idéia desconstrutiva de Flusser. Silvio Zamboni em seu livro “Pesquisa em
arte e ciência”, mostra a importância do incremento da metodologia em pesquisas no campo
da arte, e que a intuição e processo criativo não se ferem ao dialogar com o método. São
complementares. No caso deste projeto, o processo de construção e análise dos resultados foi
de extrema importância para o a estrutura final do adaptador. E a partir de todo esse processo
e observação dos resultados gerados, é que pôde ser observado outro caráter tão importante
quanto o processo de construção: a nova imagem gerada e como o equipamento se desdobrou
em diferentes possibilidades para novas composições da imagem no vídeo digital.
Foi respeitando os diferentes caráteres da ciência e da arte, fortalecido pelas idéias de
Zamboni, que foi possível executar a etapa científica e metodológica de construção do adaptador,
para que, adiante, isso se transformasse em novas e diferentes possibilidades para o processo
criativo artístico com vídeo.
“[...] A atividade do pensamento permeia todo e qualquer tipo de conhecimento humano, e é nesse sentido que se pode falar em ambos como pertencentes ao conhecimento humano como um todo. (ZAMBONI, 2006, pg. 21)
[...] A arte e a ciência, como faces do conhecimento, ajustam-se e complementam-se perante o desejo de obter entendimento profundo. Não existe a suplantação de uma em detrimento da outra, existem formas complementares do conhecimento, regidas pelo funcionamento das diversas partes de um cérebro humano e único.” (ZAMBONI, 2006, pg. 23)
Então, a partir da tentativa de modificar o resultado de imagem da máquina digital
proposto pelos fabricantes, para acrescentar ao vídeo digital uma profundidade de campo
diferenciada, um aspecto característico das óticas 35mm, aliou-se o processo de experimentação
a uma metodologia para organização do processo de construção e produção de imagens, para
fortalecer o processo intuitivo e criativo de composição de imagens com vídeo digital.
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Capítulo I: a dinâmica do vídeo digital
Há alguns anos atrás, toda a tecnologia disponível para produção de vídeo eram filmes e
fitas, no qual eram editadas em um sistema de edição linear, uma plataforma analógica de edição
de fitas e inserção de caracteres, bem diferente da forma que vemos hoje com a edição não-linear
em computadores.
Com o surgimento da edição não-linear, na década de 90, a forma de lidar com vídeo
mudou radicalmente, uma vez que a nova plataforma permitia uma edição com múltiplas trilhas
de vídeo, tratamento de imagem e uso de efeitos antes limitados pelo modo linear.
Os pontos positivos da era digital do vídeo são evidentes, e envolvem facilidades como
armazenamento de imagens, flexibilidade na edição, pós-edição, equipamentos mais compactos
e tecnologia de formatos de vídeos diversificado. Existem variados formatos e um leque de
possibilidades de compressão de vídeo para vários fins, dependendo do uso do material de
vídeo, como web e plataformas online como youtube, vimeo, mídias como dvd, blue-ray, mini-
dv, cartões SD, entre outros.
Além disso, também houveram mudanças na forma de se produzir cinema. A moviola,
por exemplo, mecanismo grande e pesado para montagens de filmes, foi paulatinamente
substituída por softwares de edição de imagem.
Muitas realizações cinematográficas sempre envolveram um custo muito alto de
produção, principalmente em relação aos equipamentos utilizados para filmagem. Tudo isso
envolve maiores cuidados e um sistema que demanda maior atenção na produção, já que o
processo de gravação de cenas e equipamentos utilizados necessita de uma estratégia de uso
delicada, principalmente quando se trata de película 35mm e outros formatos de filme.
As câmeras de filme possuem um sistema complexo, e geralmente existe uma equipe
responsável pelo manuseio, com assistência em relação aos rolos de filme, controle de câmera,
luz, etc. O processo de revelação também aumenta ainda mais o orçamento da produção
cinematográfica.
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Com a chegada de equipamentos digitais de poderio tecnológico capazes de gerar
imagens semelhantes as de um filme 35mm, o cinema passou a se beneficiar de uma nova
dinâmica de uso, e isso incentivou e mudou a maneira de se produzir um filme com menores
custos, e de forma independente.
Até os dias de hoje, a película 35mm é o mais bem sucedido formato para projeção de
filmes. Essa tecnologia remete à técnica utilizada pelos irmãos Lumiére há mais de 100 anos.
Mas não podemos deixar de considerar que a história do vídeo e do cinema sempre foi marcada
pelas mudanças na tecnologia ao longo do tempo. O som, por exemplo, transformou o cinema
em 1920, assim como a cor em 1930. A maioria dos cineastas não crê que o vídeo digital vá
substituir de alguma forma a estupenda imagem que se obtém com um filme 35mm, mas abre
possibilidades de maior comunicação e produção. A nova tecnologia digital está possibilitando
aos cineastas uma sensação de desfrute de liberdade para criação de imagens.
Arte da mão porque, com a câmera DV, estamos diante de uma promessa de renovação ensaística, de renovação artesanal do cinema, com toda promessa democrática que isso implica. E arte da palavra, porque acredito que a grande evolução trazida por essa câmera - para além do aspecto de ligação com o mundo visível com o mundo sensível - está na relação com a palavra, pela facilidade de se registrar o som. Denomino a câmera DV que utilizo como um “gravador de alta resolucão icônica”. É um gravador que permite olhar um rastro vivo e visual das pessoas que encontro, mas que não supõe necessariamente o primado da imagem sobre o som (ROTH, s.d.)
O equipamento digital possibilita um uso mais direto, como um “plug and play” (plugar
e usar), ou “point and shoot” (apontar e gravar). Dessa forma, passou-se a permitir uma nova
forma de se produzir cinema, diferente da elaborada logística vista em grandes empresas como
em Hollywood.
A câmera digital é fruto de um movimento antropológico e político no qual de fato estamos individualmente livres para circular e viajar. Essa câmera nos permite prolongar o desejo de liberdade, de movimentação, de indiferenciação, de troca e, ao mesmo tempo, como em Festa de Família, estamos sob o controle de uma câmera
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totalizadora, que é o ponto de vista tanto do espectro quanto de um poder que está recôndito, de um poder inominável. Talvez esse poder seja responsável por estarmos mergulhados na ilusão de uma liberdade, e, fundamentalmente, a divulgação dessas imagens fica mais do que nunca controlada por poderes que agora são mundiais e que estão no campo de um domínio absoluto do planeta (ROTH, 2005).
Essa tecnologia trouxe uma certa leveza para o cinema, gerando uma renovação que
pode ser observada tanto tecnicamente quanto na estética de novos filmes.
Essa idéia se fortalece no movimento vanguardista dinamarquês intitulado Dogma
95, idealizado por Lars Von Trier e Thomas Vinterberg, em uma união de vários diretores que
escreveram e produziram juntos filmes com um selo desse movimento, que tem como objetivo
principal a produção de um cinema mais simplista, primitivo, sem efeitos especiais, com forte
foco nas construções narrativas e interpretações dos atores.
Esse movimento pede a libertação do peso das câmeras 35mm e busca outro aspecto
do cinema, partindo da tecnologia digital como fortalecimento e expansão de suas propostas
estéticas, respeitando e ao mesmo tempo transgredindo as normas da linguagem cinematográfica
clássica de grandes diretores.
Dessa maneira, podemos perceber como a nova dinâmica gerada pela tecnologia digital
contribui para uma nova forma de se gerar imagens e se fazer cinema, assim como outros
trabalhos relacionados ao vídeo em geral.
É a partir desse novo paradigma que o adaptador 35mm se estabelece, para somar as
características de profundidade de campo das óticas 35mm à nova plataforma tecnológica de
produção digital. Essa somatória existe pois, apesar dos pontos positivos como flexibilidade,
mobilidade, liberdade de compor imagens com vídeo digital, grande parte dos equipamentos
são limitados em relação aos aspectos técnicos como profundidade de campo, possíveis em
câmeras 35mm por se utilizarem de óticas que permitem um maior controle fotográfico da
imagem.
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Capítulo 2: O sensor digital e seus limites
As filmadoras digitais possuem um sensor interno, composto por milhões de pequenos
pixels, responsável por receber uma quantidade variada de fótons, e converter o sinal ótico
analógico em sinal elétrico, gerando assim a imagem.
Existem variados tipos de sensores, e cada um tem suas características específicas de
sensibilidade a luz baixa, alcance dinâmico e relação sinal-ruído. Nesta sessão, não vamos entrar
em muitos detalhes técnicos, e sim comentar um fator que se relaciona diretamente com o
resultado de imagem final: o tamanho do sensor.
Em uma matéria no site Gadgetwise, que aborda temas sobre tecnologia em geral, Rik
Fairlie (2009) diz que o tamanho do sensor é o que mais influencia a qualidade da imagem, e que
em geral quanto maior o sensor, melhor a qualidade. Isso porque o sensor pequeno capta menos
luz, ao contrário dos sensores de maior área que conseguem captar mais luz rapidamente, e a
consequência disso é maior fidelidade com as velocidades do obturador, menos ruído e maior
sensibilidade a luz.
Com menos sensibilidade a luz, significa também uma maior dificuldade de controle e
resultado de profundidade de campo. Sensores largos com resolução considerável vão produzir
imagens de melhor qualidade, já que podem capturar mais luz em menos tempo, e assim
superam um pequeno sensor com mesma resolução já que as fotocélulas são bem menores no
sensor menor, assim como sua sensibilidade a luz.
Abaixo está uma relação dos variados tamanhos de sensores de equipamentos digitais, que
abrange desde sensores menores presentes em câmeras mais populares, até o sensor fullframe
35mm de filmadoras profissionais.
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Relação de tamanho entre sensores
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2.1. Contornando a profundidade de campo limitada
Para compensar a dificuldade dos sensores pequenos em proporcionar um controle de
profundidade de campo, o adaptador funciona fazendo da tela de foco um sensor falso. Esse, por
sua vez, recebe a projeção da imagem, a filmadora se utiliza do zoom para enquadrar a área da
tela e focar nela, permitindo que seja utilizada a profundidade de campo característica da lente.
A importância de se ter um controle de profundidade de campo é de poder evidenciar
elementos em uma cena. Sem esse controle, a atenção estaria sujeita a todos os elementos do
frame, uma vez que tudo está em foco.
Utilizando o adaptador, podemos nos beneficiar dos atributos das lentes 35mm, e
contornar o resultado de imagem do equipamento digital puro, incrementando à imagem a
profundidade de campo impossibilitada pelos sensores pequenos, tornando-a mais orgânica.
Exemplo de pequena profundidade de campo com o adaptador. Nikon 55mm, 2.8 macro.
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Maior profundidade de campo com o adaptador. Nikon 55mm, 3.5.
Nikon 55mm, 2.8.
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Canon HF200 com adaptador 35mm.
Canon HF200 sem adaptador 35mm.
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Capítulo 3: Construindo o adaptador 35mm
Durante toda a caminhada do projeto, essa etapa foi primordial para que se chegasse a um
resultado estrutural final e de imagem satisfatórios na pesquisa. Foi através da experimentação
que pude perceber como cada elemento utilizado na construção gerava diferentes resultados no
final de uma montagem.
Através dessa fase experimental, o direcionamento na pesquisa tomou vários rumos que
acabaram indicando anomalias no decorrer das construções. Assim, pode-se concluir que a
maneira apropriada para desenvolver melhorias para aprimorar o objeto final e seu resultado de
imagem, nesse caso, foi experimentar no decorrer da construção.
Houve diferentes tipos de montagens, desmontagem, reconstrução, análise dos materiais
e das peças. Todo esse processo foi muito importante para questionar e reavaliar a usabilidade
de todo o conjunto, tanto para a qualidade da imagem resultante como para sua estrutura e
consequente ergonomia.
É possível separar a fase de construção do adaptador em três diferentes construções,
que possibilitaram revisões para que o objeto se adequasse cada vez mais aos problemas e às
necessidades encontradas durante a experimentação.
Para começar, podemos separar o adaptador por algumas partes comuns em todas as três
montagens e comentar suas importâncias:
1. tela de foco (focusing screen);
2. tubo de extensão com encaixe para lentes Nikon (metal e PVC);
3. anéis de filtros e filtros (UV e Close-up 4X)
4. suporte para tela de foco;
5. lentes 35mm.
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3.1.Tela de foco (Focusing Screen)
Primeiramente, o estudo girou em torno do tipo de tela de foco. Era ideal que essa tela
fosse lisa, sem marcação ou referência de centro marcadas, já que a filmadora capta a imagem
projetada pela lente 35mm em toda área da tela de foco, que age como um falso sensor, como
dito anteriormente.
Existem diversos tipos de tela de foco, e variam de acordo com a intenção fotográfica.
Algumas são específicas para precisão de foco manual em fotografia macro, enquanto outras
funcionam para fotografia em geral, entre outras variações. Neste projeto, três telas de foco
foram utilizadas para testes:
- Nikon F3 tipo “C”;
- Canon EOS Ec para 5D;
- Canon EOS Eea para 5D;
As telas de foco têm relação com a nitidez do foco, definição da imagem projetada, e
com a exposição do diafragma e velocidade do obturador da filmadora em uso. Portanto, foi
importante testar diferentes tipos de tela de foco para observar seu comportamento e sua ligação
com a câmera, sempre buscando obter fidelidade na fotometria entre as lentes e a filmadora, ou
melhor, um padrão fotométrico, sem perda de luminosidade ou aberrações comuns.
Na construção final, a tela que apresentou melhores características e melhor relação de
fotometria com as filmadoras em teste, foi a Canon EOS Eea.
Tela de foco Canon EEa. Fonte: www.bhphoto.com
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3.2. Tubo de extensão
O tubo de extensão é necessário para que a imagem da lente 35mm, projetada na tela
de foco, mantenha fidelidade na metragem do foco em geral, tendo o infinito como referência.
A tela de foco precisa estar a uma distância precisa de 4,65cm da baioneta da lente, para que
a varredura de campo esteja coerente com a metragem de foco. Por isso, o tubo de extensão
é utilizado para que esta distância esteja correta e permita que a profundidade de campo e as
distâncias de foco sejam utilizadas de acordo com as medidas das lentes.
Neste projeto, o tubo de extensão utilizado foi uma peça chinesa, com o diâmetro
de 58mm, que se divide em vários encaixes, que facilita o ajuste do comprimento de 4,65cm
específico entre o encaixe da lente 35mm e a tela de foco.
Além de ter o mesmo diâmetro de 58mm da filmadora, o tubo de extensão possui uma
última peça que é um encaixe para baionetas de lentes Nikon, que mantém as lentes segura e
firme.
Como o padrão chinês desta peça não corresponde precisamente ao padrão ocidental, a
rosca existente na peça não faz o encaixe com os anéis de filtros utilizados. Foi necessário então
continuar o tubo de extensão com outro elemento. Neste caso, foi usado um bocal de PVC,
também com diâmetro de 58mm. Assim, foi feito uma rosca no PVC por um torneiro mecânico,
fazendo o encaixe do tubo de extensão chinês e o tubo de PVC.
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3.3. Anéis de filtros
Os anéis de filtros são as peças de encaixe geral do adaptador. Elas fazem a rosca da
parte do tubo de extensão de PVC com a filmadora. Podem ser utilizados filtros UV para evitar
a entrada de resíduos que se acumulam na tela de foco, que acabam interferindo na imagem
captada pela filmadora. Na construção final, encontra-se um filtro UV na parte anterior do
adaptador, que faz encaixe com a filmadora, com essa função de evitar a entrada de resíduos.
Por possuírem um comprimento de aproximadamente 0,5cm, também podem ser
utilizadas substituindo o tubo de extensão por uma sequência de filtros. Porém, isso envolve um
custo mais alto, já que o tubo de extensão tem um valor mais económico.
3.4. Suporte para tela de foco
Esta peça foi a que recebeu maior atenção e tempo para ser desenvolvida. Ela faz o
suporte para tela de foco, dentro do tubo de extensão. Dentre suas funções, ela precisa manter a
tela de foco necessariamente paralela a baioneta das lentes Nikon, sem inclinação, para que não
haja aberrações e distorções na imagem.
Na primeira e segunda construção do adaptador, esse suporte foi feito com papel paraná,
cortado com aproximadamente 57mm de diâmetro, ficando presa às laterias do tubo de extensão.
Na construção final, a peça foi feita em um torneiro mecânico, com um material plástico
de diâmetro de 56mm, sem tocar as laterais do tubo de extensão. Ela se mantém estática na
parte interna, suspensa por três parafusos que funcionam com hastes. Isso foi feito para que,
futuramente, a pesquisa possa ter continuidade e tenha estrutura para receber um motor
para retirar a textura da tela de foco quando se utiliza o diafragma mais fechado para maior
profundidade de campo.
Os parafusos, que servem de hastes, têm roscas que permitem uma variação da distância
entre a tela de foco e a lente Nikon, e isso possibilita a utilização de lentes Canon ou outras que
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têm padrões de distância focal diferentes do padrão Nikon.
As peças plásticas foram pintadas com spray preto fosco, para evitar que a luz que
penetra em direção a tela se dissipe. Isso promove uma concentração de luz maior na área da
tela, aumentando a definição e o constraste da imagem projetada.
3.5. Lentes 35mm
Grande parte dos testes foram feitos com três lentes da Nikon, cada qual com sua
luminosidade e alcance. Todas as três lentes são fixas e com controle manual de abertura.
Lembrando que as lentes utilizadas no adaptador devem ter o controle de abertura e foco
manuais, preferencialmente. Lentes de máquinas digitais com controle eletrônico de foco e
abertura não apresentam resultados positivos, e os ajustes de fotometria ficam prejudicados. As
lentes utilizadas foram:
1. 24mm Nikkor Lens - 2.8
2. 55mm Micro Nikkor Lens – 3.5
3. 105mm Nikkor Lens – 2.5
Todas as três lentes em questão são lentes bem luminosas e assim permitem testes com
menor e maior profundidade de campo.
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3.6. Distância focal
Para obter um resultado de foco correto, ou seja, coerente com a referência de distância
de foco das lentes, foi necessário estudar essa relação de distância entre os padrões das lentes
Nikon e a filmadora. O que acontece é que a filmadora grava agora o que é projetado na tela de
foco. Portanto, deve-se calcular precisamente a distância entre a baioneta das lentes Nikon e a
tela de foco, necessária à sincronia entre a marcação de infinito das lentes e o foco infinito da
imagem.
A distância focal, entre a tela de foco e a filmadora, deve ser suficiente para que haja um
ajuste do tamanho da tela de foco com o tamanho da tela da filmadora. Isso porque o tamanho
dos sensores das filmadoras geralmente são menores que a projeção do frame da tela de foco,
e se faz necessário ajustar a área de gravação da filmadora com a área da tela de foco. Perde-se
cerca de 5% de área no ajuste. Em alguns casos, como nesse, é recomendável o uso de um filtro
close-up, que funciona aumentando o poder de foco macro da filmadora, facilitando o acerto
das áreas.
Usando uma régua, descobriu-se que a distância focal entre as lentes Nikon e a tela de
foco é de 4,65 centímetros. Então foi preciso criar um tubo de extensão que respeitasse esse
valor.
Os primeiros testes para descobrir a distância focal foram feitos com tubos de extensão
improvisados, com o objetivo de simplesmente encontrar uma faixa de valores que incluíssem
o valor exato de foco infinito de aproximadamente 4,65 centímetros. Uma vez que o foco
correspondente ao infinito esteja de acordo com a metragem da lente, a varredura de campo se
torna fiel as medidas e controle da lente 35mm.
No primeiro teste, foi usado um material plástico de embalagem de shampoo, cortado
com estilete e dobrado de maneira circular com um diâmetro de 58 milímetros, coerente com
o diâmetro da filmadora. Cortando aos poucos o tubo de plástico, a faixa de valores passou a
ser 4,5 e 4,8 centímetros. Esse material mostrou características translúcidas, e a entrada de luz
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indireta comprometia a definição da imagem. Logo, foi descartado.
O segundo teste, foi utilizada cartolina preta, de melhor manuseio e opacidade alta.
Foram cortados quatro pedaços para se fazer os tubos, com 4,5, 4,6, 4,7, 4,8 centímetros. Pôde-se
constatar então que o foco mantinha-se bem definido com a distância entre 4,6 e 4,7 centímetros.
Confirmado o valor da distância focal, o terceiro teste foi feito com tubo de PVC e alguns
anéis de filtro como tubo de extensão.
No terceiro teste, houve uma maior preocupação com o encaixe do adaptador na
filmadora. Ao encaixar toda a peça na filmadora, a tela de foco não se mantinha vertical e
paralela a baioneta da lente. Assim, foi trocado o anél de encaixe na filmadora por outro anél
giratório, permitindo assim o ajuste da horizontalidade da tela de foco independente da posição
que ficar a tela de foco, ao rosquear e encaixar na filmadora.
Ainda no tubo de extensão, dois filtos UV (ultravioleta) protegem a tela de foco de
sujeiras que podem interferir na imagem. O primeiro filtro do tubo de extensão é um filtro
close-up de magnificação 4x, permitindo a filmadora ajustar sua área de gravação com a área da
tela de foco sem precisar utilizar muito zoom da filmadora. (não foi usado um close-up de maior
magnificação para evitar distorções na imagem)
Primeiros testes com tubo de extensão improvisado. Maio, 2008.
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Capítulo 4: Anomalias e soluções
Com os testes de distância focal e materiais para encaixe, suporte e tela de foco, os
problemas ficaram evidentes e puderam ter uma atenção para soluções e melhoria.
Antes de falarmos da montagem final do adaptador, é interessante que visualizemos os
problemas comuns encontrados e as soluções elaboradas. Podemos enumerar os problemas
encontrados dessa forma:
1. Filtro close-up e distorções na imagem;
2. Horizontalidade da tela de foco ao encaixar o adaptador;
3. Suporte da tela foco estável;
4. Compatibilidade da rosca do tubo de extensão com os anéis;
5. Imagem invertida;
6. Bordas ao enquadrar a tela de foco na área da gravação da câmera;
7. Abertura limite do diafragma até 5.6;
O filtro close-up é muito utilizado para aumentar o poder de macro da filmadora, e neste
caso, para que possa facilitar o ajuste do enquadramento da tela com a área de gravação da
filmadora.
No fim da pesquisa, pude constatar que o close-up não era essencial, uma vez que a
distância entre a tela de foco e a filmadora foi reduzida. Isso permitiu que a filmadora pudesse,
sem problemas, enquadrar na tela sem ter problemas com o foco na tela.
Já sobre a horizontalidade da tela ao encaixar o adaptador na filmadora, foi muito
importante resolver de maneira simples essa questão. Isso porque, durante os testes, o ajuste
para manter a tela horizontal era feito com um filtro de rosca falsa, que facilitava o giro e ajuste
para manter a tela horizontalmente. O problema do filtro de rosca falsa, é que ao girar para fazer
o ajuste, o giro se confundia com o giro do adaptador todo, o que tornava inseguro a fixação do
mesmo.
Dessa forma, a solução encontrada foi fazer uma marcação na peça de PVC, alinhada com
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o eixo central superior da filmadora. Ao fazer o encaixe, com a marcação do adaptador alinhada
ao eixo central, basta enroscar até que fique firme, e a tela se mantém horizontal.
O suporte da tela de foco foi, até um último teste, o papel paraná. Sua gramatura permitia
estabilidade e proporcionava uma estável fixação da tela de foco. Porém, era complicado manter
a tela precisamente paralela a baioneta das lentes, fazendo-se necessário ajustes manuais até
encontrar uma posição aproximadamente paralela. Então, pensando em manter uma estrutura
mais segura e que permitisse a continuação da pesquisa adiante, incluindo um motor para redução
de sujeira na tela e possibilidade de se utilizar maior profundidade de campo, foi confeccionada
uma peça, de menor diâmetro que o tubo de extensão, suspensa por três parafusos, que mantém
a tela seguramente fixa e preparada para uma futura utilização de um motor para um sistema de
vibração. Esse sistema possibilita que os padrões da tela de foco não apareçam quando utilizado
o diafragma de 5.6 em diante.
O tubo de extensão utilizado foi uma peça chinesa, com a rosca diâmetro sutilmente
menor que o diâmetro dos anéis de encaixe. Isso tornava incompatível fazer a fixação do tubo
nos anéis. A solução encontrada foi fazer a rosca na peça de PVC, com o torneiro mecânico,
garantindo que a rosca se efetivasse seguramente.
Outra questão a ser resolvida foi a projeção da imagem invertida. Quando a luz penetra
na lente 35mm, ela é projetada na tela de foco invertida, assim como acontece nas máquinas
fotográficas em geral. O problema é que, nas máquinas fotográficas, existe um sistema de
reversão da imagem, e no adaptador, é necessário um pentaprisma para que isso ocorra.
Com o pentaprisma, toda a estrutura do projeto teria que mudar, pois o tamanho e o
peso desta peça é destoante. Portanto, a solução encontrada foi fazer a inversão da imagem em
softwares de edição. Durante a monitoração das imagens durante uma filmagem, por exemplo,
pode-se girar a tela de LCD da filmadora e fazer a checagem da composição. Outra forma de
resolver essa questão seria adquirir um monitor externo de vídeo para melhor visualização
da imagem a ser composta. Por fim, sem o pentaprisma, o adaptador mantém sua estrutura,
compacta e leve.
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Prosseguindo, outra questão encontrada foi o enquadramento da tela de foco com a área
de gravação da filmadora de alta definição. O LCD desta filmadora não exibe toda a área de
vídeo que é capturada.
Quando ocorre o enquadramento, visível na tela de LCD da filmadora, ainda pode-se ver
as bordas da tela de foco na imagem quando transferida para um computador. Neste caso, a
solução foi calcular intuitivamente a área de sobra da tela de foco, e a partir do enquadramento,
utilizar ainda mais o zoom da câmera, até seu limite de macro, para compensar essa área.
Sobre a abertura limite do diafragma até 5.6, isso é constatado em praticamente todos os
adaptadores profissionais dos quais foram pesquisados, como o Letus, Brevis e Cinevate. Porém,
estes possuem um sistema de vibração da tela de foco, que remove ruídos e ameniza os padrões
da tela vistos quando utilizado acima de 5.6. Isso acontece porque quando ocorre uma menor
entrada de luz para maior profundidade de campo, a textura da tela de foco se destaca, já que
a câmera não é tão sensível a luz quanto a câmera fotográfica, pelo tamanho menor de seus
sensores.
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Capítulo 5: Ergonomia
“[…] Em todas as aplicações seu objeto é comum: se trata de adaptar os produtos, as tarefas, as ferramentas, os espaços e o entorno em geral à capacidade e necessidades das pessoas, de maneira que melhore a eficiência, segurança e bem-estar dos consumidores, usuários e trabalhadores.” (Tortosa et al, 1999)
Desde o início da pesquisa, a principal preocupação foi desenvolver um adaptador
compacto, leve, que não prejudicasse o manuseio da filmadora. A princípio, um adaptador de
lentes que fosse pesado e grande, prejudicaria o uso do equipamento com tripé ou qualquer
plataforma de suporte.
O adaptador se utiliza de lentes com controle de abertura e foco manual, e por isso é
preciso pensar numa maneira de proporcionar um manuseio eficiente, já que o controle manual
de foco demanda uma atenção especial e mão firme. A idéia seguiu uma linha de construir toda
a peça com menos elementos possíveis, já que o mais pesado seria a própria lente 35mm. Com
sua forma reduzida e compacta, o controle de foco e abertura não se torna desagradável, já que
se mantém uma semelhança ao modo de operação de uma máquina fotográfica. Grande parte
dos adaptadores profissionais necessitam de outros elementos como suporte para o adaptador,
e acabam por dificultar sua montagem e seu controle, sem contar o aumento no peso do
equipamento.
Quanto menor o corpo do adaptador, mais cómodo fica o controle de foco da lente. Não
é necessário esticar o braço muito a frente para controlar o foco, pois o adaptador possui um
tamanho total de 9,5 cm, e um peso de 145 gramas, o que evita qualquer demasiado esforço
físico para manuseio, como já é conhecido de outros adaptadores mais robustos, como Cinevate,
e Letus Pro.
Um ponto fraco ainda é a imagem invertida, que gera um leve desconforto ao compor a
imagem e fazer o monitoramento da filmagem.
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Capítulo 6: Protótipo final e análise de resultados
Após todos os testes com os diferentes materiais, a construção final do adaptador foi
baseada no conjunto de elementos que possibilitasse o uso seguro, estável e com uma perda de
luz mínima no interior do tubo de extensão.
Na parte anterior do adaptador está um filtro “step-down 58-37”, que permite a utilização
do adaptador com filmadoras de menor porte e com 37mm de diâmetro de lente. Ao tirar o filtro,
o adaptador mantém sua rosca para filmadoras com lentes de 58mm com um filtro ultravioleta,
que ajuda a evitar o depósito de sujeira na tela de foco.
Anexada a este filtro UV, está a primeira parte do tubo de extensão, feita de PVC, e pintada
com spray fosco preto, externamente e internamente. A pintura interna com spray funciona
para preservar o espaço escuro no interior da peça, evitando a dissipação de luz e contribuindo
para que haja maior absorção de luz direta por parte da tela de foco. Isso aumenta a capacidade
de definição e contraste na imagem.
A segunda parte do tubo de extensão é de metal leve, e faz a rosca com o PVC. Essa peça,
juntamente com o PVC, completam o tubo de extensão, responsável por manter a distância focal
na distância necessária de 4,65 cm. Ao final do tubo de extensão está a peça de encaixe para
baionetas de lente Nikon.
Na parte interna do adaptador, se encontra o suporte para tela de foco. Esta peça foi feita
por um torneiro mecânico. Ela possui dois elementos iguais, plásticos, circulares e de 56mm de
diâmetro. Seu diâmetro menor faz com que ele permaneça na parte interna sem tocar as laterais
do tubo de extensão. A peça circular superior recebe a tela de foco, que é encaixada por pressão
numa área vazada, de mesma área da tela. Esta se mantém suspensa por três parafusos.
Os parafusos permitem que a distância da peça de suporte da tela possa ser ajustada
futuramente, caso seja usado outros padrões de lentes que possuem uma distância focal diferente
do padrão Nikon. O ajuste é dado por pequenas porcas presentes nos parafusos. O suporte da
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tela de foco também foi pintada com spray preto fosco.
No PVC foram feitos dois furos os quais receberam dois parafusos que mantém o suporte
interno da tela focal firme. Sem esses dois parafusos, o suporte pode sofrer deslocamentos
involuntários que interferem na distância entre a tela de foco e a lente 35mm, prejudicando o
resultado de imagem.
Esse conjunto propiciou um resultado satisfatório tanto em termos de imagem final como
de segurança na usabilidade do adaptador. Com este protótipo, foram feitas filmagens com as
três lentes Nikon citadas anteriormente, e as três lentes apresentaram resultados fiéis a fotometria
de cada uma.
Foram feitas imagens em vários lugares como Viana, Linhares, Domingos Martins,
Manaus, Fortaleza, Rio de Janeiro, além de Vitória. Em Manaus e no Rio de Janeiro, por exemplo,
foi usado o adaptador na sua primeira fase de teste, ainda com suporte de tela de foco feito com
papel paraná, e com a filmadora DV da Sony. As filmagens foram feitas em situações de boa luz
e também de baixa luz, e apresentou ótimos resultados de imagem, com definição e contraste
positivos. Nessa fase, o problema encontrado era no encaixe inseguro do adaptador, e algumas
vezes as lentes ficavam na iminência de queda.
Nas últimas saídas para filmar, grande parte foi feita com a filmadora da Canon HF200,
com tecnologia de alta definição. Foi possível testar o adaptador em lugares com natureza
abundante, várias condições de luz, e os resultados mais uma vez foram satisfatórios em todos
os casos. Inclusive, o adaptador foi testado por companheiros de trabalho, como Gustavo Senna
e Felipe Mattar. Ambos acharam o resultado de imagem surpreendente, apesar da dificuldade
de compor com a imagem invertida. Porém, o uso do adaptador foi bem visto por todos que
puderam observar as imagens obtidas.
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Protótipo final do adaptador 35mm. Setembro, 2009.
Adaptador 35mm sem lente. Setembro, 2009.
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Considerações finais
Ao final do projeto pude perceber claramente o caráter interdisciplinar do design.
Durante toda a graduação, essa característica não chegou a se mostrar tão importante quanto é.
Poderia haver um incentivo de troca ou busca de conhecimentos presentes em outros pontos da
universidade.
Meus primeiros dois anos na UFES foram no curso engenharia mecânica. Sempre achei
a engenharia em geral muito rica em conhecimento, um campo de pesquisa científico forte. O
projeto do adaptador 35mm foi fruto também de meu interesse pela relação do homem com a
tecnologia, e seu uso como ferramenta para a produção artística.
O que me surpreendeu durante a pesquisa foi a quantidade de pessoas que participaram
direta e indiretamente de todo o processo. Entre eles, um dentista, um engenheiro elétrico,
um administrador, estudantes de artes, músicos, um torneiro mecânico, fotógrafos. Com cada
pessoa um aprendizado diferente, que somou muito para o resultado final da pesquisa.
Para mim, o design envolve tudo isso, e o curso poderia ser mais claro a respeito desse
caráter interdisciplinar, incentivando a busca por conhecimentos que extrapolam a grade
curricular do curso de desenho industrial.
Os resultados finais foram positivos, e vários problemas esperados não foram constatados.
Inclusive o uso do adaptador com uma filmadora de alta definição, com diâmetro de 37mm, no
qual era esperado um sombreamento dos cantos do frame, mas isso não ocorreu, assim como
não houve granulação excessiva e perda de luz.
Os testes de imagem ajudaram a promover melhorias, e findou em um banco de imagens
mais do que suficiente para análise de usabilidade e testes em várias situações de luz. Essas
imagens foram testadas tanto em televisões de alta definição e monitores de computador, quanto
em televisões de padrão standard, e os resultados foram positivos.
A experimentação é de fundamental importância para qualquer campo do conhecimento
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humano. Este processo deve ser respeitado, incentivado, vivenciado. É a tentativa e o erro que
fortalecem o aprendizado. A mão na massa. Esse projeto é um ponto final de um processo dentro
de outro processo maior, que continuará a ser alimentado adiante com possíveis desdobramentos
da pesquisa, científica e artisticamente falando.
Muito além das leituras e influências bibliográficas desse projeto, as experiências com
meus amigos no campo da arte em geral, o respeito e companheirismo, me impulsionou de
maneira inexplicável. A República Kalakuta foi um abrigo, um lugar possível de se experimentar,
compartilhar idéias, experiências, e com certeza me influenciou imensuravelmente.
E é a partir de todo esse processo, de troca e experimentação, tanto científico como
artístico, que as idéias surgem, se adaptam, se transformam, e movimentam o fluxo criativo do
homem, rizomático, quântico, que tende ao infinito.
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Bibliografia
FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta: ensaios parauma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.
LOBACH, Bernard. Design Industrial: bases para a configuração de produtos industriais.São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda, 2001.
ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em arte: um paralelo entre arte e ciência. 3ª ed. CampinasSP: Autores Associados, 2006. (Coleção polêmicas de nosso tempo, 59)
SILVA, Sávio Leite. Dogma 95: tudo é angústia. Dissertação de mestrado, Escola de Bela
Artes, UFMG. Belo Horizonte, MG, 2007
GUALTER & ANDRÉ, Física Volume Único, São Paulo: Saraiva, 1998
FAIRLIE, Nik. What sensor size means, and why it matters. in Site. Último acesso em
29/09/2009.
Sites na internet:
http://www.freshdv.com/2008/01/freshdv-hands-on-review-brevis35-flip-adapter.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Depth-of-field_adapter
http://www.redrockmicro.com/micro35.html
http://www.letusdirect.com
http://www.vimeo.com/philipbloom
http://www.jetsetmodels.info/news.htm
http://es.wikipedia.org/wiki/Ergonom%C3%ADa
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ANEXOS
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Teste de material para o tubo de extensão. Maio, 2008.
Primeiro teste de distância focal. Maio, 2008.
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Suporte para tela de foco
Filtro UV enroscado ao PVC
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Frame de um teste com baixa luz. Agosto, 2009
Área da tela de foco sem o enquadramento com zoom da filmadora. Setembro, 2009
43
Nikon, 55mm. Setembro, 2009
Nikon, 105mm. Setembro, 2009
44
Protótipo final do adaptador 35mm. Setembro, 2009
Tela de foco. Setembro, 2009
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