Construção de estufas para produção de hortaliças nas ...

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ISSN 1415-3033 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 38 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste Circular Técnica Brasília, DF Dezembro, 2005 Autor Neville V. B. dos Reis Eng. Agr., MSc Embrapa Hortaliças C. Postal 218 70359-970 Brasília-DF [email protected] Casas-de-vegetação As casas de vegetação são um instrumento de proteção ambiental para produção de plantas, como hortaliças e flores. Por definição, casas-de- vegetação são estruturas construídas com diversos materiais, como madeira, concreto, ferro, alumínio, etc, cobertas com materiais transparentes que permitam a passagem da luz solar para crescimento e desenvolvimento das plantas. O uso destas estruturas pode ser de caráter parcial ou pleno, dependendo das características exploradas. Um exemplo característico do uso parcial é a utilização de cobertura da estrutura para obter-se o efeito ‘guarda-chuva’, muito comum em regiões tropicais. Por outro lado, é possível explorar todo o potencial deste tipo de estrutura, construindo-se uma casa-de-vegetação completa, com todos os controles para a cobertura e para a proteção das plantas em relação a parâmetros meteorológicos adversos, como a precipitação pluviométrica, e com cortinas laterais para geração e aprisionamento do calor. Neste último caso, utiliza-se o efeito estufa desta estrutura, motivo pelo qual as casas-de-vegetação são mais conhecidas como estufas, embora sua utilização seja restrita à proteção das culturas utilizando-se somente o efeito ‘guarda-chuva’ da estrutura. Estufas de plástico As principais características de uma estufa plástica são a eficiência e a funcionalidade. Entende-se por ‘eficiência’ a faculdade que a mesma tem

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ISSN 1415-3033Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

38

Construção de estufas paraprodução de hortaliças nasRegiões Norte, Nordeste eCentro-Oeste

Circular

Técnica

Brasília, DF

Dezembro, 2005

Autor

Neville V. B. dos Reis

Eng. Agr., MScEmbrapa Hortaliças

C. Postal 21870359-970 Brasília-DF

[email protected]

Casas-de-vegetação

As casas de vegetação são um instrumento de proteção ambiental paraprodução de plantas, como hortaliças e flores. Por definição, casas-de-vegetação são estruturas construídas com diversos materiais, comomadeira, concreto, ferro, alumínio, etc, cobertas com materiaistransparentes que permitam a passagem da luz solar para crescimento edesenvolvimento das plantas. O uso destas estruturas pode ser de caráterparcial ou pleno, dependendo das características exploradas. Umexemplo característico do uso parcial é a utilização de cobertura daestrutura para obter-se o efeito ‘guarda-chuva’, muito comum em regiõestropicais. Por outro lado, é possível explorar todo o potencial deste tipo deestrutura, construindo-se uma casa-de-vegetação completa, com todos oscontroles para a cobertura e para a proteção das plantas em relação aparâmetros meteorológicos adversos, como a precipitação pluviométrica,e com cortinas laterais para geração e aprisionamento do calor. Nesteúltimo caso, utiliza-se o efeito estufa desta estrutura, motivo pelo qual ascasas-de-vegetação são mais conhecidas como estufas, embora suautilização seja restrita à proteção das culturas utilizando-se somente oefeito ‘guarda-chuva’ da estrutura.

Estufas de plástico

As principais características de uma estufa plástica são a eficiência e afuncionalidade. Entende-se por ‘eficiência’ a faculdade que a mesma tem

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2 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

de oferecer um determinado elemento do climanão de maneira estática, porém dentro doslimites de exigências fisiológicas da cultura.A ‘funcionalidade’ é um conjunto de requisitosque permitem a melhor utilização da estufa,tanto do ponto de vista técnico comoeconômico. Estas características devem estarcompletamente harmonizadas com o objetivode definir um sistema produtivo capaz de obtercolheitas fora da época normal, com mercado erentabilidade adequada à sobrevivência doempreendimento. Para se alcançar estesobjetivos na construção de uma estufa, épreciso primeiro analisar os recursos naturais ehumanos disponíveis na área onde se pretendeinstalar a estrutura, e em segundo lugarproceder a um estudo rigoroso sobre aspossibilidades de mercado e comercializaçãodos produtos olerícolas obtidos com aconstrução das estufas.

A seleção de um determinado tipo de estufa éfunção de uma série de aspectos técnicos, taiscomo exigências agroclimáticas da espécie deplanta a ser cultivada, das característicasclimáticas da área onde se pretende implantá-la, da disponibilidade de mão-de-obra e demercado. As estufas podem ser classificadasem relação ao controle dos parâmetrosmeteorológicos em climatizadas,semiclimatizadas e não-climatizadas. As estufasclimatizadas possuem mecanismos elétricos,eletrônicos e mecânicos de acionamentoautomático para controle de temperatura,umidade relativa e luz, e fazem uso de energiatransformada em suas atividades normais. Seuemprego depende de uma exploraçãoeconomicamente rentável e elevada. Até apresente fase de nosso desenvolvimentoeconômico, este tipo de estufa para produçãode hortaliças é inviável, sendo sua utilizaçãorestrita a instituições de pesquisas para fins deexperimentação. Seu uso comercial é maiscomum em países de economia estável e dealto poder aquisitivo, como Japão, Espanha,Holanda, entre outros. As estufassemiclimatizadas são dotadas de determinadograu de automação no controle de temperatura,umidade e luz, sendo também consideradas

inviáveis economicamente para produçãocomercial de hortaliças. No Brasil, sãoutilizadas em instituições de ensino e pesquisaagropecuárias e florestal, em áreas como omelhoramento genético, por exemplo.As estufas não-climatizadas são as que reúnemviabilidade econômica e podem ser utilizadasem processo de exploração comercial paraprodução hortaliças e flores. Este tipo de estufanão possui nenhum tipo de equipamento queutilize energia transformada e sua utilização écondicionada a aplicação de transformação defatores físicos da própria natureza do ambiente.

Diversidade Climática Regional no Brasil

Com dimensões continentais de 8.500.000 km2,o Brasil possui cinco regiões geográficas(Norte, Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste)climaticamente influenciadas pela ação degrandes centros de circulação atmosféricalocalizadas nos Oceanos Pacifico Sul, AtlânticoSul e pelo centro localizado na Zona deConvergência Intertropical. Esses centros decirculação atmosférica atuam sazonalmente nasregiões geográficas brasileiras de modosdistintos, gerando condições de climafavoráveis e adversos à produção agrícola. Emcertas circunstancias, estas condições impõema necessidade de desenvolvimento depesquisas para regularizar o abastecimento decertas espécies hortícolas, tanto na ordemtemporal como espacial. Baseando-se emdados de observações meteorológicas e deoutros, como levantamentos de solo, resultadosde pesquisas, mercado e tecnologias utilizadasna produção hortícola, fez-se uma descriçãosucinta de cada uma dessas regiões e de suasnecessidades de construção de estruturas deestufas baseados na disponibilidade demateriais, mão-de-obra, mercado e relaçãocusto/beneficio.

Região Norte - Amazônia

A região Norte compreende grande parte daAmazônia brasileira, apresenta climapredominantemente tropical quente e úmido,radiação global anual média de 5.462 Wh/m2,

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3Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

umidade relativa média de 90%, nebulosidadevariando entre 10 e 70%, com extremos devariação de intensidade de radiação de um diapara outro. Têm sido observadas reduções naradiação fotossinteticamente ativa de 140 kluxpara 18 klux no quântico de energia que atingea superfície do solo. A região é carente empesquisa em relação à cobertura plástica,exigindo materiais que possa melhor converterradiações de comprimento de onda baixíssimoem radiação fotossinteticamente ativa, comopor exemplo, o uso de plástico fotodifusor.

Outro fator limitante à produção de hortaliçasnessa região é a dificuldade de transporte decalor e da massa de vapor do interior para oexterior das estufas, devido à quaseinexistência de ventos advectivos, muitoimportante no modelo e tipo de estufa a seradotado. A Amazônia é uma região livre degeadas, com alto índice de precipitaçõespluviométricas, variando entre 1.800 a 3.300mm, concentradas nas estações de primavera-verão, sendo o período de outono-inverno omais seco do ano. A evaporação do ar oscilaentre 400 e 1.600 mm anuais. Em termos detemperatura, a máxima varia entre 30 e 33°C ea mínima entre 18 e 24°C. Com relação aorelevo, a região apresenta planícies compostaspor Argissolos Vermelhos, Argissolos Vermelho-Amarelos a Argissolos Amarelos. Paraincentivar a produção de tomate, pepino,pimentão e alface na região, vêm sendoconduzidos estudos pela Embrapa Hortaliçassobre a modificação de microclimas com o usode estufas construídas artesanalmente com

base em materiais abundantes na região, comomadeiras de lei, mão-de-obra local, boa relaçãocusto/beneficio, preço estimado entre US$ 10-20/m2, com as seguintes características:

- Dimensões: comprimento de nave de 50,0m x8,0 m de largura x 3,0m de pé-direito x 5,0mde altura total até a segunda cumeeira dotelhado.

- Material de estrutura: moirões a base demadeira de lei, trabalhada ou roliças (comoapanhada em seu habitat natural semnenhuma industrialização); também podemser construídos a base de cano de águagalvanizado ou de ferro sem nenhumprocesso de galvanização, ou ainda comoutros materiais, como ferro e cimento,alvenaria ou ferro-concreto.

- Material de cobertura: polietileno de baixadensidade (MEPD), nas espessuras de 75,100, 120 e 150 micra, com durabilidade deuso entre 12 e 36 meses.

- Cortinamento lateral: telas ou malhas depolipropileno de porosidade percentuais entre18 e 50%.

- Geometria de telhado: este modelo de estufaadmite construção em sistemas retilíneos ecurvilíneos.

- Acessórios: não possuem nenhum tipo deacessório especial que implique em usoenergia elétrica (aquecimento, ventilação,exaustão, etc), mas utiliza transformaçõesfísicas atmosféricas, como geração deconvecção para transporte de calor e massaproduzidas pelo modelo de construção detelhado da referida estufa (Figuras 1 a 5).

Fig. 1. Estufa modelo teto

convectivo retilíneo - vista

lateral direita.

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4 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Fig. 2. Estufa modelo teto

convectivo retilíneo - vista

lateral esquerda.

Fig. 3. Estufa modelo teto

convectivo retilíneo -

construído a base de

eucalipto.

Fig. 4. Estufa modelo teto

convectivo curvilíneo.

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5Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Outros modelos de estufas para a regiãoAmazônica

Os modelos de estufa ‘capela’ e ‘lean-to’também são apropriados para as condiçõesclimáticas da Amazônia. Para utilização domodelo ‘capela’ em condições de trópico úmidoe quente foram adaptadas janelas do tipoadvectiva em suas partes frontal e posterior(Figura 6). Este tipo de adaptação permite umfluxo de ar contínuo em seu interior

transportando o calor e massa para o ladoexterno. Esta transferência de calor e massa

tem como vantagem a utilização contínua doexcesso da radiação sensível no processo deevaporativo das superfícies livres das folhasdas plantas e do solo, transportado-os para ascamadas de ar mais elevadas do interior daestufa, diminuindo a temperatura interna daestufa (endotermia) e promovendo a diminuição

da umidade.

Fig. 5. Vista interna da

estufa modelo teto

convectivo curvilíneo.

Figura 6. Estufa modelo

‘capela’ com janelas

advectivas incorporadas.

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6 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Dimensões:

O padrão de estufa capela é de 50,0 m decomprimento, 8,0 m de largura, ‘pé-direito’ de3,0 m de altura, com uma altura total de 4,0 m e14 módulos espaçado de 3,6 m entre moirões(Figura 8). O modelo das tesouras internas tem

um formato da letra “A” em configuração detriângulo isósceles, onde a parte inferior da letra“A” é aberta e correspondente a 1/3 de todaárea do referido triângulo. As tesouras externastem conformação completa de um triânguloisósceles (Figura 7).

Esse modelo de estufa pode ser construídocom madeira de lei, madeira roliça, perfil deferro tipo “U” enrijecido, concreto armado e deferro galvanizado. Esta estrutura pode ser

Fig. 7. Configuração das

tesouras internas e

externas de estufa modelo

‘capela’.

construída em sistema de vão livre, usando astesouras acima mencionadas, como pode servisualizado na planta baixa (Figuras 7 e 8 ) ouadaptado para sistemas de terças.

Fig. 8. Estufa modelo

‘Capela’, com planta

baixa exibindo detalhes

dimensionais.

Fig. 9. Croquis de estufa

modelo ‘capela’.

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7Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Material de cobertura e cortinamento

A cobertura do telhado desse modelo de estufapode ser feito de duas maneiras: (a) pelosistema fatiado, que corresponde aocobrimento de cada módulo individualmentecom uma tira de plástico correspondente alargura de cada módulo ( 3,60 m) mais umacréscimo de 0,40 m; e (b) pelo recobrimentodas duas águas do telhado com uma únicafolha de plástico inteiriço. A principal vantagemdo primeiro método (‘sistema fatiado’) sobre osegundo é a possibilidade de substituir asfaixas defeituosas individualmente, emboratenha como desvantagem o aumento do custode mão-de-obra e dificuldades para suainstalação. No segundo método, se houver uma

ruptura em qualquer extensão da folha deplástico que não puder ser corrigida porvulcanização, haverá necessidade de suasubstituição total.

O material plástico de cobertura é o polietilenode baixa densidade (PEBD) aditivado contraradiação ultravioleta, nas espessuras de 75,100, 120, 150 micra. Como no modelo anterior,o material de cortinamento utilizado são malhasde polipropileno na porosidade entre 18 e 50%.A relação custo/benefício para esse modelo deestufa está entre US$ 15-30 por metroquadrado, condicionado à disponibilidade e aotipo de material empregado na construção daestrutura, custo e qualidade de mão-de-obra,entre outros.

Fig. 10. Estufa modelo

‘lean-to’.

Fig. 11. Planta baixa da

estufa modelo ‘lean-to’.

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8 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Esse modelo de estufa, em sua essência, é umsistema ‘guarda-chuva’ (Figuras 10, 11, 12 e13), sendo por esta razão apropriado paralocais onde o principal fator climático adverso éo excesso de pluviosidade. É de fácilinstalação, quando montado em sistema deuma nave simples. Também pode ser instaladoem módulo de naves conjugadas, formando um

modelo de estufa em sistema de ‘dente-de-serrote’. Nesse sistema, os módulos sãoquadrados 3,0 x 3,0 m (Figura 11), o que facilitaos trabalhos de mecanização de aração,gradagem e subsolagem do terreno da estufaem qualquer sentido. Os moirões são instaladosde 3 em 3 metros igualmente distanciado emtodas as direções.

Dimensões:

Esse modelo de estufa tem as seguintesdimensões: comprimento - entre 27 e 60 m;largura - de 9 a 12 m; pé-direito: 6 m de altura

(mais alto) e 3 m (mais baixo), na parte maisbaixa em nave isolada. Quando conjugado,forma um modelo de estufa de ‘dente dederrote’, de teto retilíneo (Figura 13).

Fig. 12. Croquis de estufa

modelo ‘lean-to’.

Fig. 13. Estufa modelo

‘dente de serra’ retilíneo

adaptado do modelo

individual ‘lean-to’.

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9Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Material de cobertura e cortinamento

Esse modelo de estufa é coberto com filmeagroplástico de polietileno de baixa densidade(PEBD) aditivado contra radiação ultravioleta,em sistema fatiado longitudinal ou transversal,disposto em posição de contra-ataque defavorabilidade dos vento advectivos. Asespessuras adotadas são de 75, 100, 120 e150 micra. O seu emprego é feito em maiorescala para efeito ‘guarda-chuva’, comcortinamento lateral feito por malhas depolipropileno nas porosidades de 12 a 50%,podendo, entretanto, ser adaptado para efeito‘estufa’ com o uso de cortinas de agroplásticodas espessura mencionadas acima.

Região Nordeste

A predominância das condições climáticas doNordeste brasileiro é de semi-árido, comprecipitação pluviométrica variando entre 300 e1800 mm. Em termos de radiação solar, a

região tem uma média de 5.880 Wh/m2. Atemperatura máxima varia entre 18 a 36°C e amínima de 15 a 27°C. Devido a irregularidadede relevo, possui áreas montanhosas quegeram microclimas especiais que permitem aprodução tomate, pimentão e alface a céuaberto. É também a região do país maiscastigada pelas oscilações causadas pelosfenômenos meteorológicos El Niño e La Ninã,havendo em sua série histórica de observaçõesmeteorológicas registro de período de estiagemsuperior a quatro anos consecutivos. Nessaregião, a produção de hortaliças paraabastecimento dos grandes conglomeradosurbanos começou a receber tecnologia deproteção a partir da década de 90. O plantioprotegido para produção de hortaliçasnecessita de estufas cobertas com plásticosreflectivos e modelos que permitam a liberaçãode calor e controle de umidade. Os modelos deestufas mais adequados são teto convectivoretilíneo, ‘capela’, ‘lean-to’, ‘capela’ e teto emarco formato raso em parábola invertida comflecha variando entre 0,9 e 1,1 m (Figuras 14).

A estufa modelo ‘teto em arco’ pode ser deconstrução industrial (Figura 14) ou deconstrução artesanal usando conduítes de

água de ferro galvanizados e de bitolasvariáveis entre 1,5 a 3,5 cm de diâmetro eespessura de parede de 3,04 mm (Figura 15).

Fig. 14. Estufa modelo

‘teto em arco’ no formato

de parábola invertida de

flecha rasa.

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10 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Como nos demais modelos de estufa, o modelo‘teto em arco’ de construção artesanal ouindustrial utiliza em sua cobertura ecortinamentos os mesmos materiaismencionados para os modelo anteriores.

A região Nordeste do Brasil é carente demodelos estufas adaptadas as suas condiçõesclimáticas características, com elevadastemperaturas e baixos índices de umidade.Possui vento de alta velocidade nas localidadesda costa do Oceano Atlântico, combinados ateores médios de umidades. No interior destaregião, as estações de primavera-verão sãocaracterizadas pelo domínio de altastemperaturas e baixos teores de umidadedevido ao elevado índice de radiação solar efalta de mananciais de água, onde essa energiapoderia ser atenuada pelo processoevaporativo e evapotranspiratórios das culturasnaturais e agrícolas. Pesquisas com controle deradiação solar global direta devem serimplementadas com a utilização de plásticosespeciais para atenuar o excesso de radiação,sem prejuízos da radiação fotossinteticamenteativa e com a projeção de novos modelos deestufas adaptadas para este clima.

Região Centro-Oeste

Com a predominância de clima tropical úmido eseco, observam-se dois períodos sazonais bemdistintos cobrindo as quatro estações do ano. Aprecipitação pluviométrica tem início na

Fig. 15. Croquis de

estufa ‘teto em arco’ raso

de construção artesanal

com canos de ferro

galvanizado.

primavera se estendendo até o principio daestação de outono, quando então começa umperíodo seco e frio, que dura até a primavera.Os fatores adversos para a produção dehortaliças são a combinação de temperaturasmais acentuadas com umidade relativa superiora 70% e precipitações intensas, que dificultama produção de tomate, alface, pimentão eoutras culturas a céu aberto. No verão tambémpodem ocorrer precipitações de granizo empequena intensidade. A Embrapa Hortaliçasiniciou as pesquisas com plantio protegido em1985 para regularizar o abastecimento detomate, pepino, pimentão e alface na região. Osprimeiros trabalhos foram dedicados àconstrução de estufas de forma artesanal, commateriais de maior disponibilidade e de mão-de-obra capacitada. O primeiro modelotrabalhado foi o túnel alto construído a base debambu (Figura 16).

Fig. 16. Túnel alto construído de bambu verde.

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11Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

As culturas utilizadas como teste de produçãopara esse modelo foram o tomate de mesa epepino tipo ‘Japonês’. Observou-se que estemodelo de estufa proporcionou boa produçãode pepino no outono-inverno, sem anecessidade de cortinamento lateral, mas nãofoi adequada para a produção de tomate naprimavera-verão do Brasil Central, devido àgeração de temperatura e umidadeinadequadas para a cultura. Os próximostrabalhos de pesquisas com as culturas detomate de mesa, pepino (tipos ‘Caipira’ e‘Japonês’) e pimentão foram realizados com aestufa modelo ‘lean-to’, sem cortinamentolateral de plástico ou de malhas, nas estaçõesde primavera-verão e com adaptações decortinas laterais de plástico de polietileno de

baixa densidade (PEBD) para as estações deoutono-inverno. Para o tomate, observou-seuma produção significativamente maior para acultura plantada sob proteção em relação aosproduzidos a céu aberto, e para o pepino amelhor produtividade teve lugar no outono-inverno, atribuído ao ‘efeito estufa’ produzidopelo cortinamento lateral da estrutura.Atualmente, a produção de hortaliças comproteção de agrofilmes plásticos vem utilizandoestufas modelos ‘teto em arco’, ‘capela’, ‘tetoconvectivo’, ‘Mansard’, túnel baixo e estruturacoberta com malha de aluminete, tanto defabricação artesanal como industrial. Asdimensões variam de 50m comprimento x 7,5 a8,0m de largura e pé-direito de 3,0 m de altura(Figuras 17 a 23).

Fig. 17. Estufa modelo

‘teto em arco’ tipo não

climatizada de fabricação

industrial.

Fig. 18. Estufa modelo

‘teto convectivo’ de

fabricação industrial.

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12 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Fig. 19. Estufa modelo

‘Mansard’ de fabricação

industrial.

Fig. 20. Estufa modelo

‘teto em arco’, com

geminação de oito naves,

de fabricação industrial.

Fig. 21. Sistema de

proteção com uso de tela

ou malha de aluminete

para a produção de

pimentão.

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13Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Fig. 22. Estufa modelo

‘teto em arco’ com janela

zenital acoplada.

Fig. 23. Túnel baixo de

construção semi-industrial.

Outros tipos de estufa semiclimatizadosencontram aplicação nas instituições de

Fig. 24. Conjunto de

estufas modelo ‘teto em

arco’ geminadas e

dotadas de janela

evaporadora (‘padfan’)

tipo semiclimatizada da

Embrapa Hortaliças.

pesquisas com acessórios de controle deumidade e temperatura (Figuras 24 a 27 )

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14 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Fig. 25. Sistema de

exaustão de uma estufa

modelo ‘teto em arco’ de

construção industrial do

tipo semiclimatizado.

Fig. 26. Instalação de

sistema de evaporação

(‘padfan’) de estufa

modelo ‘teto em arco’ tipo

semiclimatizada.

Fig. 27. Estufa modelo

‘capela’ com cobertura e

cortinamento de vidro,

semiclimatizada e com

malha de proteção negra

da Embrapa Hortaliças.

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15Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

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16 Construção de estufas para produção de hortaliças nas Reigões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

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Endereço: BR 060 km 9 Rod. Brasília-Anápolis

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1a edição

1a impressão (2005): 500 exemplares

Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento

Comitê de Presidente: Gilmar P. Henz

Publicações Secretária-Executiva: Sulamita T. Braz

Editor Técnico: Flávia A. Alcântara

Membros: Nuno Rodrigo Madeira

Miríam Josefina Baptista

Alice Maria Quezado Duval

Paulo Eduardo de Melo

Expediente Supervisor editorial: Paula Cochiane Feitosa

Fotos: Waldir A. Marovelli

Dejoel B. Lima

Editoração eletrônica: José Miguel dos Santos

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