CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY...

78
UNIVERS CONSTRUÇÃO DOS PROCESSO AÇÕ SIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANT WILLY BIZERRA DE SANTANA ENXUTA ATRAVÉS DA PADR OS DE PRODUÇÃO E PLANEJ ÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL FEIRA DE SANTANA 2011 0 TANA RONIZAÇÃO JAMENTO DE L

Transcript of CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY...

Page 1: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO

DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E PLANEJAMENTO DE

AÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

WILLY BIZERRA DE SANTANA

CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO

DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E PLANEJAMENTO DE

AÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

FEIRA DE SANTANA

2011

0

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO

DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E PLANEJAMENTO DE

AÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Page 2: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

1

WILLY BIZERRA DE SANTANA

CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO

DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E PLANEJAMENTO DE

AÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. MSc. Florentino Carvalho Pinto

FEIRA DE SANTANA

2011

Page 3: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

2

WILLY BIZERRA DE SANTANA

CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO

DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E PLANEJAMENTO DE

AÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado para a obtenção do título de BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL e aprovado em sua forma final pela banca examinadora na Universidade Estadual de Feira de Santana.

Feira de Santana, 12 de setembro de 2011.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof. MSc. Florentino Carvalho Pinto

Mestre em Administração - Orientador

_____________________________________________________

Eng.º Luiz Alberto Moura Alves

Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia, UFBA

_____________________________________________________

Prof. MSc. Cristóvão César Cordeiro

Mestre pela Universidade Federal Fluminense, UFRJ

Page 4: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

3

“Vivemos para servir aos que amamos. Na vida ninguém poderá nos furtar nada, porque tudo que nos pertence, levamos conosco: a dignidade, a bondade, a esperança.”

Edson C. Neto

Page 5: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me iluminou nos momentos mais difíceis

e me fez sentir capaz de chegar as minhas metas. Aos meus pais que sempre me

orientaram, acreditaram e acompanharam os meus passos em toda essa jornada, ao

meu irmão pelo acolhimento e carinho. A minha querida avó Isabel pelo amor e

cuidado que teve em todas as etapas de minha vida.

Agradeço aos eternos amigos do Tocantins por me proporcionar muitos

momentos de alegrias e aos meus amigos do Jardim Acácia dos quais guardo

muitas lembranças.

Agradeço a família Carneiro e em especial ao amigo Neilo pelo constante

apoio nos grandes momentos da minha vida e participação conjunta de felicidades.

Ao meu avô João de Anjo e grande amigo Hamilton Leite, que embora não

mais estejam conosco, me transmitem forças enérgicas para minha sobrevivência.

Agradecer aos meus mestres que compartilharam seus conhecimentos, em

especial ao meu orientador pela motivação, apoio e paciência durante a pesquisa e

ao Eng.º Luiz Alberto Moura Alves pela participação efetiva na complementação de

minha formação como Engenheiro. Aos meus amigos do curso de Engenharia Civil

e a Universidade Estadual de Feira de Santana por proporcionarem a realização de

um grande sonho.

Enfim, muito obrigado a todos que não citei, porém sabem da importância

exercida sobre o êxito dessa pesquisa.

Page 6: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

5

RESUMO

SANTANA, W. B. Construção Enxuta através da padronização dos proce ssos de produção e planejamento de ações na Construção C ivil . Feira de Santana, 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Feira de Santana.

Durante muito tempo, a indústria da construção civil brasileira tem sido configurada expressivamente por um modelo tradicional de gerenciamento de produção, em que convertem os insumos em produtos. As atividades que estão inseridas nos processos desse modelo são negligenciadas, como por exemplo, inspeção, transporte e espera. Na tentativa de adequar às peculiaridades do setor, surge um modelo de produção moderno, denominado Construção Enxuta, que passa além de considerar as atividades de conversão, as atividades de fluxo. O presente trabalho discute as aplicações dos conceitos do novo modelo de gestão que visam minimizar desperdícios, padronizar os processos de produção, aperfeiçoar o tempo do processo e reduzir estoques no setor da construção civil. O Sistema Toyota de Produção e a Produção Enxuta são considerados o referencial teórico dessa nova forma de produzir. Aborda também o estudo do planejamento e controle de produção e sistema de gestão de qualidade, processos de decisiva importância para o aumento da eficiência e qualidade dos serviços e produtos.

Palavras-chave: Construção Civil; Construção Enxuta; planejamento e controle de

produção.

Page 7: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

6

ABSTRACT

SANTANA, W. B. Lean Construction through the standardization of pr oduction processes and action planning in construction . Feira de Santana, 2011. Conclusion Course (Graduate in Civil Engineering) – Universidade Estadual de Feira de Santana.

For a long time, the Brazilian construction industry has been significantly set by a traditional model of management of production, which convert inputs into outputs. Activities that are embedded in the processes of this model are neglected, such as inspection, transportation and waiting. In an attempt to fit the peculiarities of the sector, there is a modern production model, called the Lean Construction, which is also considering the conversion activities, the activities flow. This paper discusses the applications of the concepts of the new management model designed to minimize waste, standardize production processes, improve processing time and reduce inventory in the construction industry. The Toyota Production System and Lean Production are considered the theoretical framework of this new way of producing. It also deals with the study of planning and production control and quality management system, processes of decisive importance for increasing the efficiency and quality of services and products.

Keywords: Construction, Lean Construction, planning and production control.

Page 8: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A Estrutura do Sistema Toyota de Produção ........................................... 21

Figura 2 – A superprodução e os desperdícios (LEAN ENTREPRISE INSTITUTE, 2004) ...................................................................................................................... 24

Figura 3 – Produção em lotes versus fluxo unitário de peças (LIKER, 2005) ........... 24

Figura 4 – Sistemas puxados e kanban (SLACK; CHAMPERS; JOHNSTON, 2002) 25

Figura 5 – Processo de produção convencional baseado no modelo de conversão (KOSKELA, 1992) .................................................................................................. 26

Figura 6 – Produção como um processo de fluxo: ilustração simplista (KOSKELA, 1992) ...................................................................................................................... 28

Figura 7 – Linha de tempo da produção (OHNO, 1997) ............................................ 29

Figura 8 – Estrutura conceitual da construção enxuta (JOHANSEN E WALTER, 2007) ...................................................................................................................... 38

Figura 9 – Exemplo de situação na qual se eliminou uma atividade que não agrega valor (ISATTO, 2000) ............................................................................................. 42

Figura 10 – Minimização no número de passos na execução da alvenaria (ISATTO, 2000) ...................................................................................................................... 46

Figura 11 – Exemplo aplicação do princípio da transferência de processos (ISATTO, 2000) ...................................................................................................................... 48

Figura 12 – Fases do ciclo de planejamento (LAUFER; TUCKER, 1987) ................. 57

Figura 13 – Etapa de Planejamento de Longo Prazo (Adaptado de ISATTO, 2000) 59

Figura 14 – Etapa de Planejamento de Médio Prazo (Adaptado de ISATTO, 2000). 60

Figura 15 – Etapa de Planejamento de Curto Prazo (Adaptado de ISATTO, 2000) 61

Figura 16 – O sistema Last Planner e os níveis hierárquicos do planejamento (adaptado de BALLARD, 2000) ............................................................................. 62

Figura 17 – Símbolos usados no diagrama de processo .......................................... 64

Figura 18 – Exemplo de mapofluxograma de processo para serviço de desforma de Viga (SALES, 2004) ............................................................................................... 67

Page 9: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

8

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Sugestões de aplicação dos princípios da produção enxuta (PICCHI, 2004) ...................................................................................................................... 40

Quadro 2 – Exemplo de folha de registro de processo (ISATTO, 2000) ................... 64

Quadro 3 – Exemplo de lista de conferência (Verificação de projeto estrutural) (ISATTO, 2000) ...................................................................................................... 65

Quadro 4 – Exemplo de ficha de controle de materiais (controle de almoxarifado) (ISATTO, 2000) ...................................................................................................... 68

Quadro 5 – Exemplo de cartão de produção por período (ISATTO, 2000) ............... 68

Page 10: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 11 1.1.1 Problema da pesquisa ...................................................................................... 12 1.2 OBJETIVO ........................................................................................................... 13 1.3 METODOLOGIA .................................................................................................. 13 1.3.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................. 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................... ....................................................... 15 2.1 PRODUÇÃO ARTESANAL ................................................................................. 15 2.2 PRODUÇÃO EM MASSA .................................................................................... 16 2.3 PRODUÇÃO ENXUTA ........................................................................................ 17 2.3.1 Os Pilares de sustentação do Sistema Toyota de Produção: JIT e Jidoka ...... 20 2.3.2 Fluxo Unitário de Peças (One Piece Flow) ....................................................... 23 2.3.3 Kanban, Sistema Puxado e JIT ........................................................................ 25 2.4 MODELOS DE PRODUÇÃO .............................................................................. 26 2.5 SURGIMENTO E CONCEITOS DE LEAN CONSTRUCTION ............................ 29

3 CONSTRUÇÃO CIVIL................................. ........................................................... 32 3.1 CENÁRIO ATUAL ............................................................................................... 32 3.2 CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...................... 35 3.3 ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS ..................................................... 36 3.4 CONSTRUÇÃO ENXUTA ................................................................................... 37 3.4.1 Aplicação dos princípios da construção enxuta ................................................ 39 3.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA CONSTRUÇÃO ENXUTA ....... 51 4 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO ............. ................................ 52 4.1 CONCEITUAÇÃO DE PLANEJAMENTO ............................................................ 55 4.2 PROCESSOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO .............. 55 4.2.1 Dimensão horizontal do planejamento ............................................................. 56 4.2.2 Dimensão vertical do planejamento ................................................................. 57 5 FERRAMENTAS APLICÁVEIS NA CONSTRUÇÃO ENXUTA ..... ........................ 62 5.1 SISTEMA LAST PLANNER ................................................................................. 62 5.2 DIAGRAMA DE PROCESSOS ............................................................................ 63 5.2.1 Procedimentos para a elaboração do diagrama de processos ......................... 64 5.3 MAPOFLUXOGRAMA ......................................................................................... 66 5.3.1 Procedimentos para elaboração do mapofluxograma ...................................... 67 5.4 SISTEMA DE GESTÃO DE QUALIDADE ........................................................... 69 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................................... 71 6.1 CONCLUSÕES .................................................................................................. 71 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................. 73 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 74

Page 11: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

10 1 INTRODUÇÃO

Embora a partir da década de 60 a indústria da construção civil nacional

tenha sido caracterizado por elevado desenvolvimento econômico, nos anos 80

e 90 o setor desestruturou-se, devido às instabilidades e oscilações políticas da

época. Até a década de 80, constituía-se de um número de obras

representativo aliado a poucas exigências no tocante à qualidade. Isto porque,

os clientes não eram preparados para exigirem os seus direitos consumidores.

A principal preocupação do setor era os indicadores financeiros, isto é, aqueles

que refletiam o retorno sobre o capital investido.

Desta maneira, as construtoras alcançavam altos lucros, pois os custos

elevados eram repassados para os preços dos produtos. Esse cenário

impossibilitou a inserção de novas tecnologias, mecanização nos processos

construtivos e formas de gestão de maior eficiência. Ou seja, havia pouca

preocupação com os indicadores não-financeiros, como por exemplo, os de

racionalização dos serviços, produtividade e satisfação do cliente.

Segundo Kotler (2000), nos dias atuais, o setor da indústria da

construção civil vem experimentando mudanças a partir da modificação do

perfil dos seus clientes. Os clientes têm exigido produtos de qualidade, preço

competitivo e com prazos menores de entrega. A indústria da construção civil

tem tentado se adaptar à essas novas exigências de mercado, adotando

técnicas de gerenciamento e de produção já há algum tempo utilizadas por

setores industriais (automobilísticos, por exemplo), com o objetivo de otimizar

seus processos e produzir produtos cada vez melhores e mais baratos. Sendo

assim, isto é, a possibilidade de obtenção de lucros passa está condicionada à

capacidade de redução de custos de produção e melhoria contínua da

qualidade do produto a ser entregue ao consumidor.

Durante muitos anos a construção civil tem desenvolvido suas atividades

com base em um modelo de administração de produção, com ênfase nas

atividades de conversão, as quais representam atividades de processamento

da forma ou substância de um material. Esse modelo negligencia as demais

Page 12: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

11 atividades envolvidas na realização de um serviço, como inspeção, transporte e

espera, que não sejam consideradas com a devida importância

(KOSKELA,1992).

Devido aos princípios de gerenciamento tradicional, as atividades de

fluxo, normalmente, não têm sido controladas ou melhoradas. A preocupação

tem sido com as atividades de conversão. Isto tem levado a um complexo,

incerto e confuso processo de fluxo nos canteiros de obra e,

consequentemente, ao aumento de atividades que não agregam valor e

redução do custo final dos produtos (KOSKELA, 1992).

A necessidade de um novo modelo de gestão que explicasse, de

maneira transparente, as práticas da construção civil, levou ao surgimento de

Lean Construction que originou do Sistema de Produção da Toyota no Japão

na década de 50. O pioneiro a abordar os conceitos da Nova Filosofia de

Produção foi o finlandês Lauri Koskela e a partir da década de 90 firmou-se

como o novo paradigma gerencial de processos no setor da construção civil.

Em geral, a meta da aplicação dessa nova filosofia de pensamento, é

“enxugar” o processo produtivo das empresas almejando produzir somente

aquilo que é valor para os clientes.

1.1 JUSTIFICATIVA

As construtoras buscam melhorar a eficiência dos seus processos

produtivos, através da criação de um ambiente de transparência em seus

canteiros de obras, utilização de ferramentas, práticas de gerenciamento e

controle de produção. Desta forma, a apresentação dos conceitos da

Construção Enxuta, neste momento, contribui com a formulação de estratégias

de melhoria e apoio gerencial para estas empresas (KUREK, 2005).

Page 13: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

12 Segundo Picchi (2004), são inúmeras as empresas que têm alcançado o

importante passo de estabilização dos processos produtivos, assegurando a

qualidade de seu produto. As empresas buscam formas de dar passos com

intuito de tornarem mais competitivas e obterem ganhos significativos de

produtividade.

A mentalidade enxuta é, sem dúvida, um caminho para este salto

esperado, como tem sido demonstrado, em diversos setores e por experiências

iniciais na construção. Por outro lado, a base propiciada por estes sistemas de

gestão, com a utilização de procedimentos padronizados, controle e melhoria

da qualidade, servem de apoio à implantação da Produção Enxuta (PICCHI,

2004).

Segundo Paliari (1999), se por um lado, a ocorrência das perdas de

materiais/ componentes tem uma expressão significativa, no que se refere à

possibilidade de redução dos custos de produção, por outro, as implicações de

tal ocorrência extrapolam o âmbito dos canteiros de obras, pois ao se

desperdiçar materiais/ componentes, estará implicando em desperdício de

recursos naturais.

A presente pesquisa visa aplicar uma ordenada sequência lógica nos

processos de produção do setor da construção civil a partir do estudo da

fundamentação teórica associada à Produção Enxuta e de métodos propostos

por autores evidenciados no decorrer da dissertação.

1.1.1 Problema da pesquisa

Como adaptar o planejamento de ações, controle de produção dos

processos e ferramentas de qualidade aos conceitos e técnicas da produção

enxuta na construção civil?

Page 14: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

13 1.2 OBJETIVO

Este trabalho visa estudar as inovações e métodos existentes nos

sistemas de construção enxuta, com a padronização dos processos, redução

do desperdício através do planejamento das ações e gestão da qualidade,

adequando às obras de construção civil.

1.3 METODOLOGIA

O trabalho tem como metodologia inicial uma revisão bibliográfica, para

fundamentar o tema a ser estudado, a qual será realizada por meios de livros,

revistas, jornais, internet e tendo como principal fonte de pesquisa artigos

técnicos e teses.

Para o entendimento da filosofia enxuta no cenário econômico atual, foi

necessária a pesquisa da história e da evolução das metodologias de produção

da indústria automobilística que, por algumas vezes, marcou o cenário

econômico e cultural do mundo.

Foi importante também, o desenvolvimento de uma análise voltada para

a cultura e o modo de pensar da sociedade em cada etapa deste

desenvolvimento, assim como os principais problemas enfrentados e as

exigências estabelecidas no mercado.

A proposta metodológica deste trabalho é apresentar uma sequência

ordenada para que se alcance o objetivo proposto na pesquisa.

Page 15: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

14 1.3.1 Caracterização da pesquisa

Este trabalho parte de teorias, hipóteses, observações e generalizações

existentes, porém com novas propostas e contribuições. Segundo

Contradriopoulos (1997), toda atividade científica participa de um processo

cumulativo de aquisição dos conhecimentos e considera a produção do

conhecimento científico como resultado de um processo cíclico de dimensões

ao mesmo tempo indutivas e dedutivas.

O modelo teórico a ser explanado é o Sistema Toyota de Produção.

Considera-se que a Produção Enxuta e sua implementação na construção civil

(construção enxuta) possuem o mesmo fundamento conceitual. A meta deste

trabalho é um estudo científico em que sugere melhorias para as empresas

como um todo baseado em um conjunto de ações que visem um planejamento

ordenado.

Page 16: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

15 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PRODUÇÃO ARTESANAL

Desde a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, o

trabalho manual passou a dividir seu espaço nas atividades produtivas com a

mecanização. A força de trabalho das “indústrias” era composta, na grande

maioria, de artesãos habilidosos que produziam um pequeno número de

produtos. Esses trabalhadores conheciam perfeitamente os princípios da

mecânica e os materiais com que trabalhavam.

Segundo Womack, Jones e Ross (1992), as máquinas e ferramentas

dos anos 90 eram incapazes de cortar o aço com alta pureza, e os

fornecedores normalmente não utilizavam um sistema de metrologia. Por esse

motivo, era impossível a produção de dois carros iguais, embora fossem

fabricados de acordo com o mesmo projeto. As fábricas sequer tentavam

produzir em massa, pelo contrário, estudava-se em ajustar cada produto ao

exato desejo do consumidor individual. A perfeição do trabalho artesanal era

acentuada.

Por volta de 1905, centenas de companhias na Europa Ocidental e

América do Norte estavam produzindo em pequenos volumes e usando

técnicas artesanais. As características principais eram força de trabalho

altamente qualificada; organizações descentralizadas; um volume de produção

baixíssimo e alta variedade entre os produtos.

Devido à falta de volume para aprimorar o projeto de peças de fácil

montagem, tinha-se a dificuldade de associar os defeitos às últimas causas

assim que descobertos, para que nunca mais se repetissem. Por conseguinte,

o problema inicial acabava sendo frequentemente multiplicado e acumulado na

fase subsequente, o que acarretava perda de tempo e retrabalho.

Page 17: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

16 Em suma, o sistema artesanal era incapaz de desenvolver novas

tecnologias e de assegurar boa qualidade na forma de confiabilidade e

durabilidade do produto.

Na intenção de atender as necessidades dos consumidores que

cresciam cada vez mais, as indústrias estudavam uma nova forma de produzir.

Então, após a primeira guerra mundial, a esmagadora maioria das indústrias

artesanais foi convertida para a produção em massa, uma nova concepção de

produção. Embora algumas indústrias não tenham conseguido evoluir,

sobrevivem até hoje, voltadas para pequenos nichos, compostas de

consumidores que tem a possibilidade de lidar diretamente com a fábrica.

2.2 PRODUÇÃO EM MASSA

A chave da produção em massa, ao contrário do que muitos pensavam,

se baseava em uma intercambiabilidade completa e consistente de partes, e na

simplicidade de uni-las. Um dos primeiros passos para tornar este processo

mais eficiente foi à divisão em partes, em cada estação de trabalho; nesse

caso o trabalhador poderia permanecer no mesmo local por todo o seu turno de

produção. Ford conseguiu esta intercambiabilidade entre partes em torno do

ano de 1908, e foi além, decidindo fazer com que o trabalhador realizasse

apenas uma única tarefa. Adiante, em 1913, ele estabeleceu uma linha de

montagem móvel e contínua, na qual o produto percorria a linha de produção

(WOMACK E JONES, 1998).

No modelo de produção em massa, os trabalhadores da linha de

montagem não tinham quaisquer responsabilidades quanto à qualidade do

produto; se recebessem peças defeituosas eles poderiam tanto usá-las como

deixar o carro passar sem esta peça para que isso pudesse ser corrigido mais

adiante. No final dos anos setenta o número de trabalhadores para o reparo de

defeitos em fábricas do oeste dos Estados Unidos aumentou significativamente

(DANLBAAR, 1997).

Page 18: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

17

Segundo Amaral (2004), os EUA começaram a apresentar os primeiros

sinais de desgaste do modelo taylorista de produção. Isto se tornou evidente

por meio de queda nos índices de produtividade em meados do século XX, o

que levou a uma redução da competitividade da economia norte-americana no

contexto internacional.

Apesar das várias características inadequadas existentes no modelo de

produção em massa, Henry Ford representou uma grande influência na

indústria automobilística no início do século XX. Ele introduziu diversas

alterações na organização do trabalho na manufatura; dentre elas podem ser

citadas a padronização do produto final, a intercambiabilidade de peças e a

linha de montagem, um correia transportadora que leva o produto até o

operador (BAUMHARDT, 2002).

2.3 PRODUÇÃO ENXUTA

Na década de 50, após um período de dificuldade, parte da força de

trabalho da Toyota teve que ser demitida, devido a um colapso nas vendas. Até

então, após seus treze anos de funcionamento, a Toyota teria produzido um

total de 2.685 automóveis em todo o período; em contrapartida, as empresas

americanas de automóveis estavam produzindo 7.000 unidades em um único

dia (WOMACK E JONES, 1998).

Diante da necessidade de produzir pequenas quantidades de numerosos

modelos de produtos, Taiichi Ohno, engenheiro chefe da Toyota, estudou os

sistemas de produção norte-americanos, adaptou seus conceitos para a

realidade japonesa da época, que se caracterizava pela escassez de recursos

(materiais, financeiros, humanos e de espaço físico), e aplicou novas

abordagens para a produção industrial, o que acabou consolidando, na prática,

o chamado Sistema Toyota de Produção.

A nova concepção dos sistemas de produção originou-se a partir do

trabalho desenvolvido por Taiichi Onho e Shigeo Shingo. Eles começaram a

Page 19: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

18 trabalhar com equipes e líderes de equipe. As equipes recebiam um grupo de

atividades de montagem e uma área da linha de produção, devendo trabalhar

juntas da melhor maneira para realizar as operações necessárias.

Em um próximo passo, ele deu às equipes as tarefas de organização da

área de trabalho, forneceu ferramentas para pequenos reparos e atribuiu a elas

as tarefas de verificação de qualidade (WOMACK E JONES, 1998).

Diferentemente dos artesãos, de maneira sistemática os trabalhadores

aprenderam a identificar a raiz do problema, implicando a correção para que

este mesmo problema nunca voltasse acontecer. À medida que os

trabalhadores adquiriram experiência em identificar e rastrear os problemas até

a raiz, o número de erros diminuiu drasticamente. Outras consequências foram

à minimização da necessidade de retrabalho e o aumento da qualidade dos

carros fabricados.

O objetivo do sistema Toyota era reduzir os estoques finais e

intermediários; para tal ele trabalhava com pequenos lotes de produção e uma

alta quantidade de entregas e transporte (SHINGO, 1996).

O interesse nas idéias do Sistema Toyota de Produção surgiu

principalmente pelo alto grau de competitividade que ele oferecia. Através da

análise das atividades envolvidas no processo, era possível identificar as

diferenças entre desperdício e valor, a partir da ótica de clientes e usuários

convencionais (KOSKELA, 2004).

Uma das principais características do Sistema Toyota de Produção é a

redução de perdas em todo o processo de produção. Segundo Shingo (1996),

perdas são vistas como qualquer ineficiência que leva ao uso de

equipamentos, materiais e mão-de-obra em quantidades maiores do que as

necessárias para a produção de um produto. Estas perdas podem ser tanto

desperdício de materiais quanto execução de tarefas desnecessárias, que

levam a custos adicionais e não agregam valor.

Page 20: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

19

Em seu trabalho, Shingo (1996), identifica sete tipos de perdas:

1) Superprodução – perdas por produção superior àquela esperada;

2) Espera – perdas de tempo enquanto o produto está sendo convertido;

3) Transporte – perdas em tempo e esforço para o transporte de produtos e

materiais;

4) Processamento – perdas no próprio processamento do produto;

5) Estoque – perdas no uso de uma grande quantidade de estoque, que

mobiliza capital, mão-de-obra, espaço físico, entre outros;

6) Desperdício nos movimentos – perdas na realização de um número

superior ao necessário de movimentos para realizar uma tarefa;

7) Desperdício na elaboração de produtos defeituosos – perda física de

materiais e mão-de-obra.

Shingo (1996) aponta três diferenças básicas entre os sistemas Toyota e

Ford de produção:

1) Lotes grandes x produção em lotes pequenos – enquanto o sistema

Ford produz várias quantidades de poucos modelos, o sistema Toyota

produz pequenas quantidades de vários modelos;

2) Adoção da produção com modelos mistos no processo de montagem –

na produção de modelos mistos, pequenos lotes são utilizados,

eliminando a geração de estoques intermediários;

3) Operações de fluxo consistentes das peças à montagem – todas as

peças utilizadas para a montagem final do produto são produzidas em

pequenos lotes, gerando um fluxo contínuo de peças unitárias.

Contrariamente à linha de produção de Ford, que produzia milhares de

carros diariamente, Taiichi Ohno e seus associados alcançaram o fluxo

contínuo em uma linha de produção de baixo volume, aprendendo a trocar

rapidamente as ferramentas de um produto para o próximo, e reduzindo o

dimensionamento das máquinas de maneira que diferentes tipos de passos do

processo pudessem ser realizados imediatamente adjacentes uns aos outros,

mantendo um fluxo contínuo do produto (WOMACK E JONES, 1998).

Page 21: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

20

Com o surgimento do Just-In-Time que foi criado pela Toyota, criou-se

uma nova maneira de coordenar o fluxo de materiais dentro do sistema de

fornecimento diário de suprimentos. Nesse sistema foi estabelecido que as

partes fossem produzidas apenas quando a próxima etapa as requisitasse.

O sistema de produção e gerenciamento desenvolvido na Toyota foi o

resultado de esforços de tentativa e erro para competir com a produção em

massa já estabelecida nas indústrias de automóvel americanas e européias

(SHINGO, 1996).

Toyoda e Ohno levaram mais de vinte anos para implantar este conjunto

completo de idéias dentro do Sistema Toyota de Produção. No final eles

obtiveram sucesso, trazendo melhorias relevantes na produtividade, na

qualidade do produto e na capacidade de resposta a mudanças do mercado

(WOMACK E JONES, 1998).

Sendo assim, para se conseguir a melhor qualidade, com o menor custo

e no menor tempo, o Sistema Toyota de Produção sustentou-se em dois

“pilares”: A autonomação ou Jidoka e o Just-in-Time (JIT).

2.3.1 Os Pilares de sustentação do Sistema Toyota de Produção: JIT e Jidoka.

Segundo Liker (2005), mesmo durante décadas sem documentar a

teoria do STP, a Toyota saiu-se muito bem na aplicação de melhorias internas

do sistema. Mas, à medida que as melhorias desenvolviam a tarefa de ensiná-

las para outras plantas e fornecedores, mostrava-se complicado. Devido às

dificuldades em difundir as práticas enxutas, Fujio Cho, discípulo de Taiichi

Ohno, desenvolveu uma representação simples do Modelo Toyota: uma casa

representada na figura que se segue.

Page 22: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

21

Figura 1 – A Estrutura do Sistema Toyota de Produção

Em sua composição, cada elemento por si só é crítico, e o mais

importante é o modo como eles se complementam:

• O telhado, com as metas de melhor qualidade, menor custo e menor

lead time;

• As duas colunas externas, representando o JIT, provavelmente a

características mais visível e popularizada do STP; e a autonomação,

que com um toque humano, significa nunca deixar que um defeito passe

para a próxima estação;

• O centro do sistema, onde está a principal ferramenta do Sistema

Toyota, as pessoas;

• No alicerce está a estabilidade que é “preenchida” pelo

comprometimento dos trabalhadores.

O Just-In-Time surgiu da necessidade de se produzir somente o que o

cliente solicitasse, quando e na quantidade solicitada, já que os recursos eram

escassos e o mercado era limitado e variado. Com o JIT, a ordem do processo

produtivo foi invertida e os clientes passaram a “puxar” a produção, fazendo

com que cada processo só produzisse o que fosse demandado pelo processo

subsequente, possibilitando uma produção em fluxo contínuo, ou seja, sem

paradas (OHNO, 1997).

Page 23: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

22

O fluxo contínuo é a resposta à necessidade de redução do lead time de

produção. A implementação de um fluxo contínuo na cadeia de agregação de

valor normalmente requer a reorganização e rearranjo do layout fabril,

convertendo os tradicionais layouts funcionais para células de produção

compostas dos diversos processos necessários à fabricação de determinada

família de produtos.

A conversão das linhas tradicionais de fabricação e montagem em

células de produção é somente um pequeno passo em direção à

implementação da sistema lean. O que realmente conduz o fluxo contínuo é a

capacidade de implementarmos um fluxo unitário (um a um) de produção,

implicando na eliminação de estoques intermediários. Desta forma garantimos

a eliminação das perdas por estoque, perdas por espera e consequentemente

a diminuição do lead time.

A implementação de um fluxo contínuo torna necessário um perfeito

balanceamento das operações ao longo da célula de produção. Na Toyota, o

balanceamento das operações está fundamentalmente ligado ao conceito do

takt time. O takt time é o tempo necessário para produzir um componente ou

um produto completo, baseado na demanda do cliente. Ou melhor, o takt time

associa e condiciona o ritmo de produção ao ritmo das vendas.

Para operacionalização do JIT foi desenvolvido o método kanban –

“quadro de sinalização” – com o objetivo de indicar o que, quanto e quando era

necessário produzir. Além do kanban, o JIT só se tornou possível com o

rearranjo físico da fábrica, de modo que as máquinas passaram a ser dispostas

de acordo com o fluxo do produto; com maior frequência e menor tempo de

troca de ferramentas, possibilitando produzir em pequenos lotes de produtos

variados; e com o nivelamento da produção, buscando a otimização do

processo com um todo e não de cada etapa individual (SHINGO, 1996).

Em 1926, Sakichi Toyoda inventou um tear capaz de parar

automaticamente quando a quantidade programada de tecido fosse alcançada

ou quando os fios da malha fossem rompidos. Desta forma, ele conseguiu

Page 24: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

23 dispensar a atenção constante do operador durante o processamento,

possibilitando a supervisão simultânea de diversos teares.

A invenção revolucionária de Sakichi Toyoda aplicada às máquinas da

Toyota Motor Company deu origem ao conceito Jidoka que significa

autonomação. Ninben no aru Jidoka expressa o exato significado do conceito,

ou seja, que a máquina é dotada de inteligência e toque humano. Jidoka

consiste em facultar ao operador ou à máquina a autonomia de interromper o

processamento sempre que for detectada qualquer anormalidade.

Embora o JIT e a Autonomação sejam considerados os pilares do STP,

ambos só foram possíveis porque foram sustentados pela idéia de melhoria

contínua e de trabalho padronizado. Também a relação estável com os

fornecedores é algo indispensável no STP, já que o atendimento do JIT

depende deles.

O STP foi o responsável pelo sucesso mundial da Toyota na década de

70, justamente quando a grande maioria das empresas passava por sérias

dificuldades. A percepção de que o STP se encaixava as necessidades do

ambiente competitivo ocidental, que começava a se configurar entre as

décadas de 70 e 80, foi o que originou o novo paradigma de produção,

chamado de “Lean Production” (WOMACK, JONES E ROSS, 1992).

2.3.2 Fluxo Unitário de Peças (One Piece Flow)

O pensamento enxuto observa o modo da produção em massa de

organizar as operações e produzir grandes estoques de trabalho em processo

(work in process – WIP). Quanto mais rápido os processos mais WIP se

formará. O sistema de produção em massa caracterizada pela superprodução

em grandes lotes acarreta ociosidade do estoque, ocupação de espaço físico e

problemas que passam despercebidos pela falta de transparência.

Page 25: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

24

Figura 2 - A superprodução e os desperdícios (LEAN ENTERPRISE

INSTITUTE, 2004)

A célula do fluxo unitário de peças (Figura 3) reúne as fases de

fabricação de um produto ou serviço de forma que os processos ficam perto um

dos outros e não há acúmulo de estoque entre eles. No fluxo contínuo os

operários não finalizam um produto sem que o mesmo seja imediatamente

necessário na próxima etapa do processo. O resultado é a redução

considerável do tempo de fabricação, pois elimina a superprodução e o

estoque, concentrando-se apenas no tempo de valor agregado.

Figura 3 - Produção em lotes versus fluxo unitário de peças (LIKER, 2005)

Page 26: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

25 2.3.3 Kanban, Sistema Puxado e JIT

Segundo LIKER (2005), o conceito do “sistema de puxar” é inspirado nos

supermercados americanos, onde os itens individuais são recolocados assim

que cada um deles começa a acabar na prateleira. A recolocação do material é

provocada pelo consumo. Aplicada a uma fábrica, o conceito significa que o

passo 1 em processo não deve produzir (reabastecer) peças antes que

próximo processo (passo 2) utilize todo o suprimento de peças do passo 1 (até

chegar a um pequeno estoque de segurança). No STP, quando o passo 2

chega a este estoque de segurança, aciona-se um sinal para requisição de

mais peças do passo 1. Na Toyota, cada passo do processo de produção tem

um medidor (kanban) para indicar a volta ao passo anterior quando o

reabastecimento de peças é necessário. Isso cria o “puxar”, sistema ilustrado

na Figura 4, que continua a acontecer para trás, no sentido do início do ciclo de

produção.

Figura 4 - Sistemas puxados e kanban (SLACK; CHAMPERS; JOHNSTON,

2002)

Para alcançar o processo ideal, ou seja, a produção ou realização de um

serviço exatamente quando este for necessário para o cliente, necessitamos de

um verdadeiro fluxo unitário de peças com estoque zero.

A maioria das empresas utiliza processos com muita perda, pois

desempenha o trabalho no passo 1 em grandes lotes antes de se tornar

Page 27: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

26 necessário no passo 2. O “estoque em processo” deve ser armazenado,

registrado e mantido até que seja requisitado pelo passo 2.

Em suma, o JIT é um conjunto de princípios, ferramentas e técnicas que

permite que a empresa produza e entregue produtos em pequenas

quantidades, com lead times curtos para atender as necessidades específicas

do cliente.

2.4 MODELOS DE PRODUÇÃO

Shingo (1996) observa a produção como uma rede de processos e de

operações. Os processos são fluxos de materiais ao longo do tempo e do

espaço. As operações são caracterizadas pelos trabalhos que devem ser

realizados para que a transformação seja realizada.

De acordo com Koskela (1992), o modelo de conversão, está baseado

em noções de gerenciamento e de organização que se fundamenta na

conversão de entradas em saídas. Em sua aplicação prática ocorre uma

abertura dos processos, em que o processo de conversão pode ser dividido em

subprocessos, que também trabalham com a conversão. Sendo assim, isto é, a

minimização do custo total do processo está diretamente relacionada com a

minimização do custo de cada subprocesso. Ademais, o valor das saídas de

um processo é associado com o valor de suas entradas.

FIGURA 5 – Processo de produção convencional baseado no modelo de

conversão (KOSKELA,1992)

Page 28: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

27

Segundo Koskela (1992), a fundamentação da produção baseada no

modelo de conversão não é propícia para sistemas de produção complexos,

visto que, o modelo não reconhece outros fenômenos na produção além das

transformações, e não reconhece as atividades de transformação que não

atribuem valor ao produto final. Ou seja, os processos de fluxos físicos que

abrangem atividades de movimentação, espera e inspeção são negligenciadas

pelo modelo de produção baseado na transformação.

De acordo com Shingo (1996), através de uma análise separada dos

processos (fluxos de produtos) e das operações (fluxo de trabalhos) é possível

visualizar melhorias significativas no processo de produção. As operações, por

sua vez, dividem-se em dois tipos: aquelas que agregam valor, isto é,

atividades que constituem o processamento, transformando efetivamente a

matéria-prima, e aquelas que não agregam valor, como por exemplo,

desperdícios, retrabalhos e espera. Dentro deste enfoque é possível identificar

a necessidade inicial de eliminar ou reduzir ao máximo as atividades que não

agregam valor ao produto final, ao mesmo tempo em que as atividades de

conversão devem se tornar mais eficientes.

Um importante erro do modelo tradicional baseado na transformação é a

falta do fator tempo no estudo do processo de produção. Ao utilizar o novo

modelo de produção, que leva em consideração todos os processos e

operações de produção, o fator tempo é inserido. Esta introdução do tempo

implica em uma produção concebida como um processo físico, ao invés de

uma abstração econômica em termos de custo ou produtividade. Como

consequência percebe-se que é possível moldar o comportamento da produção

como um processo físico ao se utilizarem os modelos apropriados. Outro fator

importante é a percepção de que o tempo é consumido por dois tipos de

atividades ao se observar do ponto de vista do produto: as atividades de

transformação e as outras atividades, aparentemente atividades de não

transformação. Obviamente estas atividades de não transformação são

Page 29: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

28 desnecessárias, ou seja, quanto menos atividades deste tipo, melhor

(KOSKELA, 2004).

Para melhoria de processos, Shingo (1996), identifica inicialmente quatro

elementos distintos no fluxo de transformação de matéria-prima em produtos:

1) processamento – o material passa por uma mudança física ou de

qualidade, como por exemplo, a montagem ou desmontagem;

2) inspeção – verificação se os padrões estabelecidos são seguidos;

3) movimento – o deslocamento de materiais ou produtos;

4) espera – período em que não ocorre nenhuma das atividades descritas

anteriormente; pode ainda ser dividido em espera do processo, em que

um lote inteiro espera o processamento do lote precedente, e espera do

lote, no qual todo o lote espera o processamento de uma peça.

Esta divisão dos processos também é feita por Koskela (1992), conforme

a Figura 6, a seguir. Ao realizar melhorias nestes elementos, uma melhoria

geral dos processos é obtida.

FIGURA 6 – Produção como um processo de fluxo: ilustração simplista

(KOSKELA, 1992)

A relação do cliente interno pode ser analisada como aquela do cliente

externo; entretanto, deve-se lembrar de que esta relação deve estar

subordinada à consideração do cliente final em si, sendo que a existência e a

lucratividade de um sistema de produção dependem diretamente da satisfação

desse cliente.

Page 30: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

29 2.5 SURGIMENTO E CONCEITOS DE LEAN CONSTRUCTION

O conceito Lean Thinking (Mentalidade Enxuta), é baseado no Sistema

Toyota de Produção (TPS) e foi desenvolvido em um ambiente de manufatura,

mais especificamente, na indústria automobilística. O termo “enxuto” foi

adotado por Womack e Roos (1992), visando caracterizar um novo paradigma

de produção, para contrapor ao paradigma tradicional da produção em massa.

A base da mentalidade enxuta é a eliminação de desperdícios. Na

definição de Taiichi Ohno (1997), “reduzir a linha do tempo, do momento que o

cliente faz o pedido até o ponto de receber o dinheiro, removendo os

desperdícios que não agregam valor ao longo desta linha”, conforme

representa a figura 7.

Pedido Linha do Tempo Dinheiro

(reduz pela remoção dos desperdícios sem valor agregado)

Figura 7 – Linha de tempo da produção (OHNO, 1997)

Nesse enfoque, introduz-se o conceito de construção enxuta como

gerador de melhorias. Esse plano ideal maximiza o valor do produto e minimiza

as perdas através de padronização de produtos e tarefas, bem como entrega

instantânea com estoque zero. Para sua aplicação na construção civil, é

necessária uma mudança na maneira de se enxergar e de se fazer a

construção.

Taiichi Ohno, um dos precursores do desenvolvimento da concepção do

pensamento enxuto, optou pela produção de pequenas quantidades de

numerosos modelos de produtos, para atender a uma demanda diversificada

(com foco no cliente) em substituição à padronização de produtos e obtenção

de redução de custos, através da produção de grandes quantidades (produção

em massa) adotada por Taylor (CORIAT, 1994). O resultado é a flexibilização

Page 31: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

30 da produção. Para ganhar produtividade com essa diversidade, Ohno buscou a

“fábrica mínima”, voltando sua atenção para a redução dos recursos estocados

em fábrica tais como: materiais, equipamentos, recursos humanos e área

construída. A idéia era de que os estoques escondiam as ineficiências do

processo e a explicitação de problemas dava oportunidades para aprender e

melhorar o processo. A transparência predominava no ambiente de trabalho e

nos processos (CORIAT, 1994). Esta “fábrica mínima” exigia mão de obra

multifuncional e que desempenhasse, também, atividades de planejamento e

controle de produção.

Picchi (2004) reúne os esforços de alguns autores mais recentes, para

generalizar o Sistema Toyota de Produção e entender o Lean Thinking. O autor

reúne os cinco princípios de Womack e Jones (1998) para compreender a

Produção Enxuta:

1) Valor: especificar e melhorar o valor. A grande ênfase deste princípio

é que o valor deve ser identificado a partir da ótica do cliente.

Embora pareça óbvio, são inúmeros os exemplos de empresas que

projetam seus produtos e determinam a forma como os serviços

serão prestados, negligenciando aspectos fundamentais para os

clientes.

2) Cadeia de Valor: identificar a cadeia de valor e remover os

desperdícios na realização de um produto, desde a matéria prima até

sua entrega ao consumidor final. Observam-se inúmeras atividades

que não agregam valor, do ponto de vista do cliente como:

transportes, estoques, retrabalhos. Em geral diversas empresas

participam desta cadeia de valor, com visão restrita a suas

atividades, não enxergando os enormes desperdícios que ocorrem,

considerando-se a cadeia como um todo.

3) Fluxo: fazer o produto fluir. A produção ideal, do ponto de vista da

Mentalidade Enxuta, é um fluxo contínuo, peça a peça, sem estoques

intermediários e nem paradas durante o processamento. Isto traz

Page 32: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

31

inúmeros benefícios, dentre os quais: menor lead times (tempos de

produção), obrigatoriedade de qualidade em 100% e eliminação de

vários tipos de desperdícios, tais como movimentos e transportes

desnecessários.

4) “Puxar”: deixar o cliente “puxar”. Para a Mentalidade Enxuta,

produzir mais que o necessário, criando estoques (superprodução) é

a forma de desperdício mais combatida, inclusive por ser esta uma

cultura largamente difundida pela produção em massa. Produção

enxuta significa produção na quantidade certa, na hora certa,

somente para atender a demanda.

5) Perfeição: gerenciar em direção à perfeição. Melhoria contínua, com

participação dos níveis operacionais, identificando as causas dos

problemas, faz parte da Mentalidade Enxuta.

Considerando o contexto, surge a preocupação em relação à

capacidade da indústria da construção civil quanto à sobrevivência e à

evolução no ambiente contemporâneo, uma vez que estas trazem a

característica de serem atrasadas tecnologicamente, de adotarem mão-de-obra

desqualificada e de apresentarem elevado desperdício de material, de mão-de-

obra e outros recursos (MARUOKA, 2003).

Page 33: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

32 3 CONSTRUÇÃO CIVIL

O trabalho está inserido na vida do homem desde a civilização. A

princípio o trabalho era a forma de sobrevivência e ao iniciar esta luta, o

homem além da alimentação, buscava também proteção, tanto assim que

desenvolveu utensílios e aprendeu devagar a transformar elementos da

natureza para seu benefício próprio. Desta forma, surgiram as primeiras obras

de engenharia, mesmo que ainda rudimentares feitas através da

experimentação e da evolução do conhecimento leigo.

Durante muitos anos de experiência e a conquista do conhecimento

científico da matemática, física e química, o ser humano passou a conhecer as

características dos materiais, as possibilidade do seu uso, as leis físicas e as

equações necessárias da matemática. Com aplicação dessas ciências surgiu

à engenharia civil com o propósito de estudar e desenvolver técnicas e

conhecimentos no sentido de atender as necessidades de habitação,

saneamento, transportes, etc.

No entanto para atender estas necessidades foram criadas empresas

voltadas para execução de “obras de engenharia”. Estas empresas deram

origem ao setor da construção civil.

3.1 CENÁRIO ATUAL

Segundo Koskela (2004), em contraste com a maioria das produções

industriais, a produção artesanal prevaleceu amplamente na construção na

primeira metade do século XX, e persistiu até a segunda metade do século. A

evolução da construção não foi similar à da manufatura, na qual a

Page 34: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

33 produtividade aumentou durante o século XX devido às mudanças nos modelos

de produção.

A organização do projeto de construção é normalmente uma

organização temporária, projetada e montada com o fim de desenvolver um

projeto particular. Esta organização é constituída por diferentes companhias e

escritórios de projeto, que não necessariamente tenham trabalhado junto antes,

e que estão ligados ao projeto por meio de diversos acertos contratuais. A

natureza temporária da organização se estende à força de trabalho, que pode

ser contratada para um projeto em particular, ao invés de permanentemente.

Esta característica reflete a natureza única de um produto construído: várias

alternativas de produto podem ser utilizadas, cada uma requerendo um

especialista para projeto e para instalação (KOSKELA, 2004).

A indústria baseada no modelo tradicional de produção, segundo

Baumhardt (2002), é visto com uma indústria com processos obsoletos,

improdutivos e geradores de desperdício; estas características também podem

ser encontradas na indústria da construção civil. Vários são os fatores que

levam a estas características, como a necessidade para a produção de uma

grande variedade de materiais provenientes de diversas fontes, e do uso de

mão-de-obra muitas vezes sem treinamento, improvisada e com baixo nível

tecnológico e cultural.

É possível perceber, segundo Branco (2004), que a construção civil

apresenta uma relação interna e externa entre seus componentes bem mais

complexa do que o pressuposto pelas técnicas de gestão tradicionais. Os

processos da construção civil, especialmente, na área de edificações, estão

sendo vistos com maior responsabilidade por parte das empresas envolvidas.

Nota-se uma preocupação dos profissionais e empresários em buscar novas

formas de ação que os torne mais competitivos.

Page 35: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

34 A construção trabalha com base em cronogramas, e a princípio com um

cronograma bem estruturado: com equipes que trabalham de acordo com este

cronograma deveria ser atingido um desempenho máximo na construção.

Entretanto, raramente projetos ocorrem desta maneira. Vários percalços

ocorrem ao longo do processo que podem afetar a programação proposta.

Caso haja muitas folgas no cronograma, as datas finais são mantidas, mas em

situações com menos folgas há uma pressão para que as equipes acelerem a

produção (BALLARD E HOWELL, 1997).

A incerteza é um elemento bastante presente na construção, feito como

um processo de desenvolvimento de produtos. O objetivo deste processo é

identificar e resolver as relações entre meios e fins, desde o desenvolvimento

do projeto até a fase da construção. Sendo assim, a construção é um diferente

tipo de produção em comparação com a manufatura, na qual há maior

incerteza a variação do fluxo (BALLARD E HOWELL, 1997).

Ao se trabalhar com a construção, os envolvidos estão acostumados a

verificar a utilização de recursos, deixando de lado outros itens envolvidos no

processo, como o fluxo de trabalho. Uma das razões que leva a esta falta de

visão é a inabilidade dos participantes individuais do projeto. Muitas vezes são

buscadas melhorias no desempenho individual das operações e não na

melhoria no desempenho do projeto.

Grande parte das empresas que buscam desenvolver seu processo de

produção para obter maior produtividade, redução de desperdícios e melhoria

da qualidade, tem uma preocupação em equacionar o custo e a qualidade dos

empreendimentos. Contudo, a alteração das características atuais do processo

de produção de edifícios representa um grande desafio para estas empresas

(BRANCO, 2004).

Page 36: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

35 3.2 CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Para Ballard e Howell (1997), a construção é fundamentalmente

diferente da manufatura que deu origem a Produção Enxuta. Querer

transformar os processos construtivos nos do tipo da manufatura, com iniciativa

de normalização e repetição de processos, poderá ser fácil em projetos

pequenos, simples e de longa duração, mas torna-se extremamente

complicado efetuar o mesmo para projetos mais dinâmicos, isto é, os que são

rápidos, complexos e imprevisíveis. Mais do que tentar tornar a construção

numa produção do tipo da manufatura deve-se desenvolver uma cultura lean

adaptada a uma construção dinâmica.

Frente às indústrias onde já são aplicadas com sucesso a Produção

Enxuta, a construção civil apresenta uma natureza diferenciada, Lauri Koskela

(1992) chama a atenção para três particularidades da natureza da construção,

a saber:

1) Natureza específica de cada projeto;

2) Produção estabelecida em determinado local e em torno do produto;

3) Multi-organização de diversas especialidades e de caráter temporário.

O relacionamento com o cliente também é diferenciado. O tipo de cliente

depende da zona onde o produto é estabelecido e este tem a possibilidade de

ver o produto e interferir em sua produção.

Outra característica desse setor é o fato de estar sujeitos a fatores

variáveis como o tipo de solo, a ação sísmica, ao vento e as ações agressivas

dos agentes naturais, a restrição física das proximidades, a aplicação de

códigos e legislação específica, os períodos de requisição e aprovação, o clima

da região, entre outros.

Page 37: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

36 3.3 A ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

A concepção de um canteiro de obras é definida, segundo Saurin (1997),

como “o planejamento do layout e da logística das instalações provisórias,

instalações de movimentação e armazenamento de materiais e instalações de

segurança”.

A otimização de um canteiro de obras significa setorizar e organizar,

espacialmente, a maneira de dispor os materiais, os funcionários,

equipamentos e instalações necessárias ao processo de produção, objetivando

a realização das tarefas diárias, segundo um cronograma de execução, no

menor tempo possível, com a racionalização dos recursos disponíveis, ou seja,

recursos materiais (insumos, equipamentos e ferramentas), recursos humanos

(mão-de-obra) e financeiros (SAURIN,1997).

Esta abordagem tem o objetivo de proporcionar transparências aos

processos físicos, podendo-se identificar e compreender o fluxo de materiais e

o motivo das falhas relacionadas à ocorrência de perdas. O layout pode ser

entendido, segundo Saurin (1997), como a disposição física de homens,

materiais, equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem e, de modo geral,

a disposição racional dos diversos serviços dentro de um local de trabalho.

Segundo Heineck et al. (2001), modificações no layout de canteiro de

obra ajudam, também, a aumentar a segurança e higiene na obra, criando um

ambiente agradável para os trabalhadores; influenciam na diminuição dos

problemas ergonômicos; proporcionam maior facilidade de controle dos

estoques de materiais e, consequentemente, contribuem para a redução de

perdas, além de minimizar o efeito do duplo manuseio.

Page 38: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

37

A mentalidade enxuta (Lean Thinking), em canteiros de obra, possibilita

criar um ambiente ideal para o recebimento, transporte e armazenagem dos

insumos, numa obra de edificações, bem como no processamento inicial de

corte e montagem das matérias-primas, além de auxiliar na concepção do

layout dos canteiros, de forma a minimizar a adoção de critérios subjetivos,

para a disposição física dos setores, tornando o processo mais sistemático e

criterioso.

A importância da definição de um layout, adequado para a indústria da

construção, pode ser verificado através da influência que exerce sobre as

atividades de fluxo, como o armazenamento, movimentação de materiais,

equipamentos e aproveitamento de mão-de-obra.

3.4 CONSTRUÇÃO ENXUTA

Os vários problemas da construção levaram ao desenvolvimento de

esforços na busca por melhorias, de acordo com Koskela (1992). Esses

esforços incluem industrialização e mecanização, tentativas de mudar relações

contratuais e organizacionais, computação integrada e automação na

construção, qualidade e, recentemente, a Lean Construction (KOSKELA,

2004).

A partir da década de 80 é registrada no setor da construção civil uma

tendência para a aplicação de ferramentas de Gestão da Qualidade Total. Este

sistema surgiu para melhorar os processos produtivos, mas interage

principalmente com as necessidades parciais de uma empresa, não atuando

diretamente na eficiência do sistema de produção (SALES, 2004).

A análise de desperdícios apresentadas por Ohno foi criada com base

na análise da manufatura, em que operações que não geram valor podem ser

identificadas e eliminadas. Contudo, em sistemas imprevisíveis como a

Page 39: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

38 construção há uma maior dificuldade em identificar quais operações são

desperdícios; talvez seja possível perceber depois que a atividade ocorreu,

mas devido à complexidade é possível que em uma próxima vez o sistema se

comporte de maneira distinta.

Na comunidade da construção enxuta atualmente parece haver a

compreensão da complexidade da indústria e da dependência mútua de seus

participantes. Novas idéias, apresentadas na Figura 8, a seguir, foram

incorporadas ao desenvolvimento e à aplicação de suas técnicas e de aspectos

humanos da construção enxuta (JOHANSEN E WALTER, 2007).

FIGURA 8 – Estrutura conceitual da construção enxuta (JOHANSEN E

WALTER, 2007)

Ao utilizar a filosofia da construção enxuta uma empresa transfere o

máximo de tarefas e responsabilidades para os operários, as pessoas que

realmente agregam valor ao produto (SANTOS E FARIAS FILHO, 1998).

Page 40: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

39 3.4.1 Aplicação dos princípios da construção enxuta

Santos (1999) apud Bernardes (2003) constata que, a aplicação de

algumas ferramentas lean, em canteiro de obras, apresenta-se de maneira

isolada e fragmentada, mas argumenta que estas iniciativas são passos

importantes na disseminação do uso de técnicas da Construção Enxuta, em

canteiro de obra, porém a implementação destes conceitos, de maneira

integrada, aumenta o escopo de ação, certamente, trará resultados mais

relevantes.

Para Picchi (2004), as aplicações observadas até o momento da

Mentalidade Enxuta, no fluxo de obra, também focam, principalmente, na

aplicação isolada de ferramentas. Estas aplicações demonstram que as

ferramentas lean podem ser aplicadas em canteiros de obras, apesar das

características específicas da construção. Esta forma de aplicação leva a

resultados limitados e ocorre, também, em setores manufatureiros mais

próximos do ambiente onde o conceito lean foi desenvolvido. O grande desafio,

tanto para pesquisas futuras, quanto para empresas e profissionais, que

busquem a aplicação prática do Lean Thinking, no setor da construção, é a

busca de metodologias que traduzam formas de implementação dos princípios,

para o ambiente da construção, sendo a aplicação específica de ferramentas

uma decorrência.

Rother e Shook (1999) apud PICCHI, 2004, enfatizam que a aplicação

do Lean Thinking, em um ambiente produtivo, deve iniciar por uma análise do

fluxo de valor porta a porta. Isto inclui todo o fluxo de informação e materiais,

da matéria-prima ao produto acabado, dentro dos limites da unidade estudada,

o que, no caso da construção, equivaleria a uma obra. Isso possibilita que

todas as melhorias e aplicação de ferramentas fiquem subordinadas a uma

visão sistêmica, cujo objetivo é melhorar o fluxo como um todo, e não

melhorias pontuais.

Page 41: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

40

Os níveis superiores de desempenho obtidos pelo Sistema de Produção

são decorrentes, na realidade, da aplicação dos princípios lean, não só na

produção, mas também na empresa toda, constituindo-se um sistema de

negócio que abrange desenvolvimento de produtos e processos, relações com

clientes e fornecedores, gestão de pessoas, finanças (WOMACK e JONES,

1988; LIKER, 2005).

No Quadro 1 apresentam-se as sugestões de Picchi (2004) para

aplicação dos conceitos de Lean Thinking, ao fluxo de obra, de maneira mais

ampla e integrada.

Princípios Exemplos de ferramentas já aplicadas na construção

Sugestões para a aplicação mais amplas e integradas

Valor

> Iniciativas de racionalização construtiva, em geral, visando a redução de custos, sem partir de uma identificação sistemática do que é valor, para o cliente, como regra geral.

> Identificação do que é valor para o cliente. > Revisão sistemática de processos construtivos visando aumentar o valor oferecido ao cliente, tanto reduzindo os desperdícios, quanto oferecendo novas características desejadas.

Fluxo > Aplicação de mapeamento de processos.

> Mapeamento do fluxo de valor, considerando informações e materiais. > Desenho de um estado futuro de fluxo de valor identificando as melhorias necessárias e ferramentas decorrentes.

Fluxo e Valor

> Aplicação de ferramentas específicas, tais como controles visuais e poka-yoke, em aspectos de segurança. > Uso de last planner para melhorar a estabilização de fluxos de trabalho. > Uso de work structuring para identificação e minimização de desperdícios em processos.

> Criação de fluxo entre atividades, revendo a estrutura e divisão de trabalhos entre equipes e entre operadores, de forma a minimizar interrupção e espera entre atividades. Adoção de trabalho padronizado, definindo sequência, ritmo, estoques.

Page 42: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

41

Puxar > Aplicação de just-in-time entre serviços ou fornecimento de materiais específicos.

> Utilização extensiva de formas de comunicação direta, para puxar, no momento que sejam necessários, serviços, componentes e materiais.

Perfeição

> Uso de sistemas de qualidade com foco prioritário em padronização de aspectos do processo que afetam o produto.

> Adoção de processos que possibilitem a rápida exposição de problemas. > Estabelecimento, na base hierarquia funcional, de procedimentos sistêmicos de melhoria e aprendizado contínuos, acionados sempre que ocorra qualquer variação no trabalho padronizado.

Quadro 1 – Sugestões de aplicação dos princípios da produção enxuta

(PICCHI, 2004)

Koskela (1992) e diversos autores apresentam um conjunto de princípios

para a gestão de processos. Explanam exemplos de aplicação destes

princípios e os benefícios proporcionados, no sistema de produção, através de

modificações tecnológicas simples. São onze os princípios discutidos a seguir:

1) Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor

Para Koskela (1992), as atividades podem ser definidas com: a)

atividades que agregam valor ou atividades de transformação/ conversão de

material ou informação, na direção do que é requerido pelo consumidor; b)

atividades que não agregam valor, também denominadas de desperdício;

atividades que consomem tempo, recursos e espaço, mas que não

acrescentam valor ao produto.

Este é um dos princípios fundamentais da Construção Enxuta, segundo

o qual a eficiência dos processos pode ser melhorada e as suas perdas

reduzidas, não só através da melhoria da eficiência das atividades de

conversão e de fluxo, mas também pela eliminação de algumas atividades de

fluxo (ISATTO et al., 2000). Isso significa reduzir as atividades que consomem

Page 43: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

42 tempo, recurso ou espaço, mas não contribuem para atender aos requisitos

dos clientes (KOSKELA, 1992).

O estudo e a elaboração de um arranjo físico do canteiro, que minimiza

distâncias entre os locais de descarga de materiais e seu respectivo local de

aplicação, podem reduzir a parcela das atividades de movimentação (SANTOS,

1999 apud BERNARDES, 2003).

A utilização do processo de planejamento e controle da produção facilita

a implementação deste princípio da Lean Construction, à medida que busca

reduzir as atividades de movimentação, inspeção e espera, bem como aquelas

que consomem tempo, mas não agregam valor ao ciente final (BERNARDES,

2003).

Figura 9 – Exemplo de situação na qual se eliminou uma atividade que não agrega valor (ISATTO, 2000)

Page 44: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

43

2) Aumentar o valor do produto através da considera ção das

necessidades do cliente

Segundo Koskela (1992), o valor não é uma qualidade inerente ao

processo de conversão, mas é gerado como consequência do atendimento aos

requisitos do cliente. O cliente pode ser o consumidor final ou a próxima

atividade no processo de produção. A aproximação prática a este princípio

passa por sistematizar a projeção para os fluxos, onde o cliente é definido para

cada estágio e suas necessidades analisadas.

Para Isatto et al. (2000), este princípio pode ser atendido, ao longo do

processo de projeto, com a disponibilização de dados relativos aos requisitos e

preferências dos clientes finais, através de pesquisas de mercado e avaliações

pós-ocupação de edificações. O mesmo autor exemplifica a aplicação deste

princípio, no processo de produção, com o controle de tolerâncias dimensionais

de uma tarefa, para que os processos seguintes não sejam dificultados.

3) Reduzir a variabilidade

A padronização de procedimentos é, normalmente, o melhor caminho

para conseguir reduzir variabilidade, tanto na conversão quanto no fluxo do

processo de produção (SHINGO, 1996).

Para Bernardes (2003), existem várias razões para se reduzir a

variabilidade no processo produtivo. Inicialmente, do ponto de vista do cliente,

um produto uniforme é mais bem aceito. No que tange aos prazos de

produção, a variabilidade tende a aumentar o tempo de ciclo, bem como o

percentual de atividades que não agregam valor.

Segundo Isatto et al. (2000), existem diversos tipos de variabilidade,

relacionados ao processo de produção, como por exemplo, a variação

Page 45: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

44 dimensional dos materiais entregues, a variabilidade existente na própria

execução de um determinado processo e a variabilidade da demanda, que está

relacionada aos desejos e às necessidades dos clientes de um processo.

Os mesmos autores sugerem a aplicação deste princípio, através de

procedimentos padronizados de execução de processos, reduzindo o

surgimento de problemas e eliminando incidências de retrabalho.

O processo de planejamento e controle da produção facilita a

implantação deste princípio, na medida em que se busca a proteção da

produção, através da consideração sistemática de tarefas passíveis de serem

executadas, e da identificação das reais causas dos problemas, o que permitirá

uma tomada de decisão mais condizente com a realidade da obra

(BERNARDES, 2003).

4) Reduzir o tempo do ciclo de produção

Santos (1999) apud Bernardes (2003), conclui que uma das formas de

minorar as atividades que não agregam valor é através da sincronização do

fluxo de materiais e mão-de-obra, bem como do desenvolvimento de

programações mais repetitivas e padronizadas.

O fluxo de produção pode ser caracterizado pelo tempo de ciclo de

produção, que é o tempo necessário para que uma peça particular percorra o

fluxo. Esse processo pode ser implementado pelo processo de planejamento e

controle da produção, na medida em que se consegue reduzir a parcela das

atividades que não agregam valor ao processo produtivo, através das decisões

nos diferentes níveis de planejamento (BERNARDES, 2003).

Page 46: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

45

Isatto et al. (2000), apresentam algumas vantagens da redução do

tempo de ciclo, com a entrega mais rápida ao cliente, a gestão dos processos

torna-se mais fácil, o efeito aprendizagem tende a aumentar, a estimativa das

futuras demandas é mais precisa e o sistema de produção torna-se menos

vulnerável às mudanças de demanda.

Heineck e Machado (2001) apud Pozzobon et al. (2004) sugerem

vantagens no uso da linha de balanço em relação às demais técnicas, em

decorrência de sua eficiência em responder às perguntas básicas do

planejamento, referentes a quando fazer, o que fazer, quanto fazer, onde fazer

e com que recursos fazer.

Para Bernardes (2003), um planejamento de médio prazo (tático) aliado

ao ritmo das equipes de produção, é um instrumento potencial para que o fluxo

seja analisado na busca da sincronização. No nível de curto prazo

(operacional), as ações destinadas à proteção, para a produção possibilitam a

continuidade das operações no canteiro, diminuindo a variabilidade e seu

consequente tempo de ciclo.

5) Simplificar através da redução do número de pass os ou partes

A simplificação pode ser entendida como a redução do número de

componentes num produto ou a redução do número de pares ou estágios num

fluxo de materiais ou informações (BERNARDES, 2003). Através da

simplificação pode-se eliminar atividades que não agregam valor ao processo

de produção, pois quanto maior o número de componentes ou de passos num

processo, maior tende a ser o número de atividades que não agregam valor

(ISATTO et al., 2000).

Page 47: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

46 Os mesmos autores apresentam formas de atingir a simplificação, como

a utilização de elementos pré-fabricados, o uso de equipes polivalentes e o

planejamento eficaz do processo de produção, buscando eliminar

interdependências e agregar pequenas tarefas em atividades maiores.

Bernardes (2003), apresenta a implementação destes princípios, através

do planejamento e controle da produção, na medida em que se consegue

estabelecer, durante a etapa de preparação do processo de planejamento e

desenvolvimento da produção, zonas de trabalho similares. Isto pode garantir

certa repetitividade ao processo facilitando a identificação de possíveis

simplificações.

Figura 10 – Minimização no número de passos na execução de alvenaria (ISATTO, 2000)

6) Aumentar a flexibilidade na execução do produto

A primeira vista isto parece contraditório com a simplificação. Na

realidade podem ser complementares. O projeto de produtos ou componentes

modulares pode ser combinado com redução do tempo dos ciclos e maior

transparência (KOSKELA, 1992).

Segundo Isatto et al. (2000), o aumento de flexibilidade de saída está

também vinculado ao conceito de processos, como gerador de valor, e refere-

se à possibilidade de alterar as características dos produtos entregues aos

Page 48: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

47 clientes, sem aumentar substancialmente os custos dos mesmos. A aplicação

desse princípio pode ocorrer na redução do tamanho dos lotes, no uso de mão-

de-obra polivalente, na customização do produto, no tempo mais tarde

possível, e na utilização de processos construtivos, que permitam a

flexibilidade do produto, sem grande ônus para a produção, ou seja, a

flexibilidade permitida, planejada (ISATTO et al., 2000).

7) Aumentar a transparência do processo

Pode-se diminuir a possibilidade de ocorrência de erros na produção,

proporcionando maior transparência aos processos produtivos. Isso ocorre

porque à medida que o princípio é utilizado, podem-se identificar problemas

mais facilmente, no ambiente produtivo, durante a execução dos serviços

(KOSKELA, 1992).

Para este autor, a identificação desses problemas é facilitada,

normalmente, pela disposição de meios físicos, dispositivos e indicadores, que

podem contribuir para uma melhor disponibilização da informação nos postos

de trabalho. Pouca transparência no processo incrementa propensão ao erro e

diminui a motivação para melhorias.

Isatto et al. (2000), citam algumas formas de aumentar a transparência

no processo como: a remoção de obstáculos visuais, tais como divisórias e

tapumes; utilização de dispositivos visuais, tais como cartazes, sinalização e

demarcação de áreas; emprego de indicadores de desempenho, que tornam

visíveis atributos do processo e a aplicação de programas de melhorias da

organização e limpeza do canteiro como o 5S.

Esse princípio pode ser implementado através do processo de

planejamento e controle da produção, na medida em que se disponibilizam

Page 49: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

48 informações, de acordo com a necessidade de seus usuários no ambiente

produtivo (BERNARDES, 2003).

Figura 11 – Exemplo aplicação do princípio da transferência de processos (ISATTO, 2000)

8) Focar o controle no processo global

O controle de todo o processo possibilita a identificação e a correção de

possíveis desvios, que venham a interferir sobremaneira no prazo de entrega

da obra (BERNARDES, 2003).

Para Isatto et al. (2000), um grande risco dos esforços de melhorar um

subprocesso é sub-otimizar essa atividade específica, dentro de um processo,

com um impacto reduzido (ou até negativo) de desempenho global. De acordo

com os autores, esse princípio pode ser aplicado na medida em que haja

mudança na postura, por parte dos envolvidos na produção, no que tange à

preocupação sistêmica dos problemas. Nesse caso, a integração entre os

diferentes níveis de planejamento (longo, médio e curto prazo) pode facilitar a

implantação desse princípio (BERNARDES, 2003).

Page 50: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

49

9) Introduzir melhoria contínua no processo

Segundo Koskela (2002), os esforços para a redução do desperdício e

do aumento do valor do produto devem ocorrer de maneira contínua na

empresa. O princípio de melhoria contínua pode ser alcançado na medida em

que os demais vão sendo cumpridos.

Iniciativas de apoio e dignificação da mão-de-obra são importantes.

Pode-se destacar a utilização de caixa de sugestões, a premiação pelo

cumprimento de tarefas e metas, o estabelecimento dos planos de carreira, a

adoção das medalhas por distinção, entre outros (POZZOBON et al., 2004).

Para Isatto et al. (2000), o trabalho em equipe e a gestão participativa

constituem os requisitos essenciais para a introdução de melhoria contínua no

processo.

Esse princípio pode ser implementado através do processo de

planejamento e controle da produção na medida em que são analisadas as

decisões tomadas, para a correção de desvios oriundos da coleta de dados do

plano de curto prazo (BERNARDES, 2003).

10) Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxo s e conversões

Para Koskela (1992), no processo de produção há diferenças de

potencial de melhoria em conversões e fluxo. Em geral, quanto maior a

complexidade do processo de produção, maior é o impacto das melhorias e

quanto maiores os desperdícios inerentes ao processo de produção, mais

proveitosos os benefícios nas melhorias do fluxo, em comparação com as

melhorias na conversão.

Page 51: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

50

O mesmo autor ainda complementa que a questão central é que

melhorias no fluxo e na conversão estão intimamente interligadas: a) melhores

fluxos requerem menor capacidade de conversão e, portanto, menores

investimentos em equipamentos; b) fluxos mais controlados facilitam à

implementação de novas tecnologias na conversão; c) novas tecnologias na

conversão podem acarretar menor variabilidade e, assim, benefícios no fluxo.

Nesse contexto é necessário que exista um equilíbrio entre ambas.

Isatto et al. (2000), sugerem para a aplicação deste princípio, uma

consciência, por parte da gerência de produção, de que é necessário atuar em

ambas as frentes. Primeiramente, eliminar perdas nas atividades de transporte,

inspeção e estoque de um determinado processo e, apenas posteriormente,

avaliar a possibilidade de introduzir uma inovação tecnológica.

Para Bernardes (2003), esse princípio deve ser observado durante a

etapa de projeto, bem como ao longo da formulação da estratégia de ataque à

obra.

11) Referenciais de ponta ( benchmarking )

Consistem em um processo de aprendizado, a partir das práticas

adotadas em outras empresas, tipicamente consideradas líderes, num

determinado segmento ou aspectos específicos (ISATTO et al., 2000).

Os mesmos autores reúnem linhas gerais, para a aplicação deste

princípio: conhecer os processos próprios da empresa; identificar boas práticas

em outras empresas similares; entender os princípios por trás dessas boas

práticas e adaptar as boas práticas encontradas à realidade da empresa.

Page 52: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

51 3.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA CONSTRUÇÃO ENXUTA

Com a mudança de conceitos a produção na construção civil, mudou a

velha forma de ver a produção e passou a visualizar sob o prisma de novo

modelo da construção enxuta. Isatto (2000) justifica que o modelo conversão

não é errado, mas apresenta-se ineficiente frente a gama de complexidade dos

sistemas produtivos e dos novos conceitos de eficiência e eficácia atualmente

considerados.

Conceitos apenas não promovem mudanças se não tiverem métodos e

técnicas para que seja possível operacionar, transformar em ações aquilo que

é pretendido pelas definições teóricas. Sendo assim a fixação das bases

teóricas que deve orientar a produção deve acontecer e estar muito bem

definida e organizada. Recursos práticos em uma obra viabilizam alinhar o

sistema produtivo com o modelo desejado.

A estratégia da organização lida com as definições conceituais e define

o modelo bem como, as diretrizes a serem seguidas. O nível tático deve

assimilar esses conceitos trabalhando entre o campo teórico e o operacional,

possibilitando condições para que a produção aconteça de acordo com o

sistema proposto.

Devem-se operacionar os conceitos de forma a torná-los aplicáveis. Isto

é, as mudanças são necessárias operar a produção sob a ótica da construção

enxuta. Essas devem ser relativas ao assunto no processo de solução de

problemas e tomada de decisões abrangendo assim atitudes gerenciais.

Page 53: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

52 4 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO

A indústria da construção no país tem sofrido nos últimos anos devido ao

crescente grau de competição existente entre as empresas do setor. A

globalização dos mercados, o crescente nível de exigência por parte dos

consumidores e a reduzida disponibilidade de recursos financeiros para a

realização de empreendimentos têm estimulado as empresas a buscar

melhores níveis de desempenho, através de investimentos em gestão e

tecnologia da produção. Assim, a função produção vem assumindo um papel

cada vez mais estratégico na determinação do grau de competitividade das

empresas de construção.

Neste quadro, o processo de planejamento e controle da produção

passa a cumprir um papel fundamental nas empresas, à medida que o mesmo

tem um forte impacto no desempenho dos processos. As deficiências no

planejamento e controle são as principais causas da baixa produtividade do

setor, das elevadas perdas e da baixa qualidade dos seus produtos.

Segundo Isatto (2000), existem várias causas da falta de planejamento

na indústria da construção civil, que são:

a) Falta de visão de processo: O planejamento e controle da produção

normalmente não são analisados como um processo gerencial, sendo

confundido com o trabalho isolado de um setor da empresa ou a simples

aplicação de técnicas para a geração de planos. Os planos gerados sob

esta sistemática carecem tanto de uma base de informações

consistentes, quanto de procedimentos que garantam a disseminação

das informações geradas aos seus usuários, num formato adequado e

no tempo certo. Várias são as atividades desenvolvidas no PCP,

incluindo a coleta e o processamento de dados, o envio de informações,

a realização de reuniões, a elaboração de planos e a tomada de

Page 54: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

53

decisão. Sendo um processo gerencial, o planejamento deve ser

adequadamente modelado, planejado e controlado.

b) Negligência da Incerteza: A incerteza é frequentemente negligenciada,

sendo que muitas pessoas têm a errônea expectativa de eliminá-la

através de um estudo detalhado das atividades e operações, já nas

etapas iniciais do empreendimento. A incerteza é inerente ao processo

de construção em função da variabilidade do produto e das condições

locais, na natureza dos seus processos de produção, cujo ritmo é

controlado pelo homem, e da própria falta de domínio das empresas

sobre seus processos.

É comum a elaboração antecipada de planos de obra excessivamente

detalhados, cuja atualização demanda grande esforço. Em geral, quanto

maior o prazo entre a elaboração de um plano e sua execução, maior

tende a ser o nível de incerteza existente. Logo, os planos que

apresentam a combinação horizonte de longo prazo com alto grau de

detalhamento tendem a ser pouco eficazes. Por outro lado, o esforço

despendido para a elaboração de tal tipo de plano, por vezes, é

realizado em detrimento do esforço que poderia estar sendo empregado

na coleta e difusão de informações pertinentes aos horizontes de médio

e curto prazo, para os quais o nível de incerteza tente a ser menor. Isto

não significa que se deve negligenciar o planejamento da produção nas

fases iniciais do empreendimento. Ao contrário, nestas fases são

tomadas decisões que proporcionam um impacto global no

empreendimento, tais como definições de tecnologias a serem

empregados, ritmos dos serviços previstos e plano de ataque da obra.

c) Informalidade do Planejamento: A execução da obra é guiada por um

planejamento informal, realizado, de forma improvisada pelo mestre de

obras ou pelo engenheiro responsável, que tem pouca relação com o

planejamento formal realizado a nível tático. Quando muito detalhados,

Page 55: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

54

os planos táticos tendem a se tornar rapidamente desatualizado, sendo,

por esta razão, ignorados pela gerência operacional.

A falta de um planejamento operacional formal e da vinculação deste

aos demais níveis de planejamento resulta na falta de planos de

alocação de materiais, equipamentos e mão-de-obra de médio e longo

prazo, acarretando a utilização ineficiente desses recursos. De uma

forma geral, a excessiva informalidade dificulta o estabelecimento de

consistência entre diferentes níveis de planejamento, dificultado a

comunicação entre os vários setores da empresa.

d) Necessidade de Mudanças Comportamentais: A melhoria do PCP

envolve não só aspectos técnicos, mas também mudanças de caráter

comportamental. Tais mudanças são necessárias para que haja um

efetivo envolvimento dos agentes do processo de produção no processo

de planejamento.

Podem ser destacadas duas principais barreiras para este envolvimento.

A primeira dela refere-se à falta de percepção por parte de gerentes de

produção quanto aos benefícios do planejamento. É comum encontrar

nestes profissionais uma cultura de “tocador de obras”, ou seja, uma

postura de tomar decisões rapidamente, apenas com base na sua

experiência e intuição, sem o devido planejamento, uma vez que esta

tarefa é considerada perda de tempo. Pela falta de planejamento, forma-

se, então, um círculo vicioso, já que passa a existir a necessidade de um

profissional com o perfil de “tocador de obras”. A outra barreira refere-se

à necessidade de trabalho em equipe. Em geral, a execução do

planejamento necessita da participação de várias pessoas, incluindo um

profissional com tempo disponível para processar os dados coletados e

gerar planos de obra, o gerente de produção, que é o principal tomador

de decisões, mestre de obras, sub-empreiteiros, equipe de suprimentos,

entre outros. Se este trabalho em equipe não for devidamente

gerenciado, dificilmente o processo de planejamento e controle

alcançará um estágio de consolidação.

Page 56: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

55 4.1 CONCEITUAÇÃO DE PLANEJAMENTO

Existem muitas definições de planejamento na literatura, não existindo

um consenso sobre a abrangência do termo (LAUFER; TUCKER, 1987). O

ponto comum das diversas definições se concentra no fato de considerar o

planejamento como um processo de antecipação de um futuro desejado.

Laufer e Tucker (1987) definem o planejamento como um processo de

tomada de decisão com objetivo de antecipar uma ação no futuro, com a

utilização de meios eficazes para realizá-la. Segundo Formoso (2000), o

planejamento pode ser definido como o processo de tomada de decisão que

envolve o estabelecimento de metas e dos procedimentos necessários para

atingi-las, sendo efetivo quando seguido de um controle.

4.2 PROCESSOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO

O planejamento ocupa uma posição central nas funções do gerente.

Suas responsabilidades podem variar de acordo com a filosofia organizacional

e com as contingências, mas o planejamento invariavelmente permanece um

ingrediente essencial de seus deveres (LAUFER; TUCKER, 1987).

Com relação à construção civil, muitos esforços sobre este tema de

pesquisa têm sido realizados nas últimas décadas, principalmente no

desenvolvimento de técnicas para a produção de planos. Entretanto, o

progresso das técnicas não fez desaparecer as insatisfações com as

aplicações e resultados do planejamento de construção (LAUFER; TUCKER,

1987).

Page 57: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

56 Segundo Laufer e Tucker (1987), são quatro os objetivos básicos do

PCP:

1) Assistir o gerente na direção da empresa;

2) Coordenar as várias entidades envolvidas na construção do

empreendimento;

3) Possibilitar o controle da produção;

4) Permitir a comparação de alternativas, facilitando a tomada de decisão.

O processo de planejamento e controle da produção pode ser

representado através de duas dimensões básicas: horizontal e vertical. A

dimensão vertical refere-se às etapas pelas quais o processo de planejamento

e controle da produção é realizado. A dimensão horizontal refere-se à

vinculação das etapas citadas com os diferentes níveis gerenciais de uma

organização (LAUFER; TUCKER, 1987).

4.2.1 Dimensão horizontal do planejamento

Segundo Laufer e Tucker (1987), o processo de planejamento pode ser dividido

em cinco etapas:

1) Planejamento do processo de planejamento;

2) Coleta da informação;

3) Preparação dos planos;

4) Difusão da informação;

5) Avaliação do processo de planejamento.

Page 58: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

57

A Figura 12 apresenta esquematicamente a dimensão horizontal do

planejamento.

FIGURA 12 - Fases do ciclo de planejamento (LAUFER; TUCKER, 1987)

Nota-se na figura 9 que as cinco etapas do planejamento formam dois

ciclos de controle: o ciclo de preparação e avaliação do processo, que tem

caráter intermitente e refere-se às definições do processo de planejamento e

controle, com o horizonte e o nível de detalhes do planejamento, a frequência

de replanejamento e do grau de controle a ser efetuado; e o ciclo do

planejamento e controle, que se repetem várias vezes durante a realização de

um empreendimento, em diversos níveis hierárquicos, baseado nas definições

formuladas a partir do ciclo anterior. É importante observar que a função

controle diferencia-se do simples monitoramento da produção, pois o controle

pressupõe a realização de ações corretivas, enquanto o monitoramento

restringe-se à coleta e processamento de dados (ISATTO et al, 2000).

4.2.2 Dimensão vertical do planejamento

Em função da complexidade típica de empreendimentos de construção e

da variabilidade de seus processos, em geral existe a necessidade de dividir o

Page 59: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

58 planejamento e controle da produção em diferentes níveis hierárquicos

(LAUFER; TUCKER, 1987). A hierarquização é uma das principais formas de

proteger a produção contra os efeitos nocivos da incerteza e da variabilidade

(ISATTO et al, 2000). Segundo Bernardes (2003), pode-se definir três grandes

níveis hierárquicos no planejamento e controle da produção: estratégico, tático

e o operacional. No nível estratégico são definidos os objetivos estratégicos do

empreendimento, definindo o escopo e as metas do empreendimento com a

definição dos prazos para alcançar os objetivos estabelecidos, a partir do perfil

do cliente. Neste nível, as decisões tomadas para a preparação dos planos

estão relacionadas a questões de longo prazo (HOPP; SPEARMAN, 1996). No

nível tático são definidos os meios e suas limitações para que as metas sejam

alcançadas. Busca-se vincular as metas fixadas no plano estratégico com

aquelas designadas no plano operacional, servindo de elo entre o

planejamento de longo e de curto prazo. Finalmente, o nível operacional refere-

se à seleção do curso das ações através das quais as metas serão alcançadas

(LAUFER; TUCKER, 1987). Assim, faz-se a designação das tarefas para as

equipes e realiza-se o controle do processo.

A seguir se abordam três níveis de planejamento passíveis de serem

aplicados na construção civil. São eles:

1) Planejamento Global ou de Longo Prazo: tem como horizonte todo o

período de construção e tem como objetivo a definição dos ritmos das

atividades que constituem as grandes etapas construtivas do

empreendimento como, por exemplo, a estrutura, a alvenaria e as

instalações (MENDES JR.; HEINECK, 1998). Em função do fluxo de

recursos financeiros desenvolvidos no estudo de viabilidade e da

estimativa de custo, são dadas instruções para a coordenação destas

atividades (TOMMELEIN; BALLARD, 1997).

O plano mestre deve ser atualizado periodicamente, em função de

mudanças no andamento na obra, motivadas por atrasos na execução,

mudanças no fluxo de receitas, ou por outros fatores. As principais

Page 60: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

59

atividades envolvidas nesta etapa do processo são as seguintes (Figura

13):

Figura 13 – Etapa de Planejamento de Longo Prazo (Adaptado de ISATTO,

2000)

2) Planejamento de Médio Prazo: normalmente considera-se uma janela

móvel de tempo, dentro da qual os pré-requisitos das tarefas vão sendo

gradativamente realizados. É elaborado para permitir que o gerente

possa sistematicamente identificar as tarefas que podem ser

programadas nas semanas seguintes e remova as restrições existentes

para que as mesmas possam ser executadas. Se não for possível

remover as restrições, deve ser realizada uma reprogramação das

tarefas. O plano referente à primeira semana serve de base para a

preparação do plano de curto prazo (BALLARD; HOWELL, 1996). As

principais atividades envolvidas no planejamento de médio prazo são as

seguintes (Figura 14):

Page 61: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

60

Figura 14 – Etapa de Planejamento de Médio Prazo (Adaptado de ISATTO,

2000)

A realização do planejamento de médio prazo é normalmente de

responsabilidade da gerência da obra. Em cada ciclo de replanejamento são

geradas informações, que dão transparência à alta direção da empresa, quanto

ao andamento da obra. Através desta retro alimentação que se garante

consistência entre os vários níveis de planejamento.

3) No planejamento de curto prazo são listadas as tarefas a serem

realizadas, podendo somente ser incluídas aquelas para as quais os

materiais, ferramentas e equipamentos necessários para a execução

estão disponíveis (TOMMELEIN; BALLARD, 1997). Esse plano deve ser

realizado de forma participativa, de forma a obter o comprometimento

dos responsáveis pelas tarefas. O horizonte de tempo adotado neste

nível é, em geral, de uma semana, podendo ser alterado em função do

grau de incerteza existente. A eficácia do planejamento de curto prazo é

controlada por meio de um indicador de eficiência dos planos: o PPC

(Percentual de Planos Completos), dado pelo quociente do número de

tarefas concluídas pelo número de tarefas planejadas (BALLARD, 2000).

Page 62: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

61

A investigação e a correção das causas da não-realização dos planos

levam à melhoria contínua (KOSKELA, 2004). A figura 15 representa em

linhas gerais a etapa de planejamento de curto prazo, cujas principais

atividades são as seguintes:

Figura 15 – Etapa de Planejamento de Curto Prazo (Adaptado de ISATTO,

2000)

Page 63: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

62 5 FERRAMENTAS APLICÁVEIS NA CONSTRUÇÃO ENXUTA

5.1 SISTEMA LAST PLANNER

O sistema Last Planner, concebido por Ballard e Howell (1996), foi

desenvolvido inicialmente como o propósito de aumentar a confiabilidade dos

planos de curto prazo e proteger a produção dos efeitos nocivos da

variabilidade. É voltado à gestão da produção na Construção Civil e busca

incorporar ao processo de PCP a visão de fluxo (SANTOS, 1999).

No sistema Last Planner o processo de planejamento e controle é

hierarquizado, conforme sugerido por Laufer e Tucker (1987), sendo

constituído por um planejamento de longo prazo (master planning), um

planejamento de médio prazo e um planejamento de curto prazo, denominado

de plano de comprometimento (BALLARD; HOWELL, 1996). A Figura 16

apresenta esquematicamente o sistema Last Planner.

Figura 16 - O sistema Last Planner e os níveis hierárquicos do planejamento

(adaptado de BALLARD, 2000)

Page 64: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

63 Para Ballard (2000), existem algumas características que se consideram

importantes para uma boa qualidade aos programas de trabalhos semanais,

como:

- de acordo com o projeto e as estratégias de produção estabelecida no plano

mestre, definir uma sequência apropriada de atividades;

- determinar, em função da capacidade das equipes que serão usadas,

quantidades apropriadas de trabalho;

- verificar se as atividades definidas têm todos os recursos necessários

disponíveis.

5.2 DIAGRAMA DE PROCESSOS

Através dessa ferramenta pode visualizar os fluxos na produção, pois ela

representa a forma como um processo acontece. Esse instrumento

basicamente depois de selecionar o processo desejado, estabelece as

matérias primas e o produto final, descrevendo tudo que acontece no processo

de produção, através de um estudo dos símbolos para transportes, inspeções,

estoques e processamentos, possibilitando melhorar esse processo. Tem como

objetivos:

- Permitir a visualização e análise do processo, contribuindo para a

transparência do processo;

- Avaliar a relação entre a quantidade de atividades de fluxo e a quantidade

total de atividades do processo;

- Permitir a quantificação de outros indicadores de processo, como tempo de

processo, distâncias e número de pessoas envolvidas.

O diagrama de processo se baseia no uso de símbolos que representam

os tipos de atividades descritas na Figura 17.

Page 65: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

64

Figura 17 – Símbolos usados no diagrama de processo

5.2.1 Procedimentos para a elaboração do diagrama de processos

- Definir o processo que se deseja analisar, identificando claramente os pontos

que marcam o início e o fim do processo, as matérias primas e os produtos

finais;

- Identificar a estrutura do produto, onde cada material, componente e produto

final recebem uma letra de identificação para facilitar o registro futuro do

processo;

- Representar o diagrama na forma como exposto abaixo, adicionando-se a

identificação das atividades e outras informações coletadas.

Quadro 2 – Exemplo de folha de registro de processo (ISATTO, 2000)

Page 66: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

65 - Registros de imagens: é popular o ditado que diz que “uma imagem vale mais

que mil palavras”. A ferramenta aqui proposta consiste em registrar por meio de

fotos ou vídeos as etapas do processo para documentação e avaliação,

contribuindo para uma avaliação qualitativa dos processos, identificando

possíveis problemas existentes nos mesmos, na tentativa de evidenciar pontos

críticos dos processos produtivos e também boas práticas e oportunidades de

melhorias.

- Listas de conferências: são basicamente relações de itens acompanhados de

outras colunas com títulos elaborados pelo usuário para simples

preenchimento, sendo atribuído a cada item aquilo que o título da coluna

marcada em sua linha conferir. Isatto (2000) sugere usar em tais colunas “sim”,

“não” e “não se aplica”, sinalizando que o item foi ou não atendido ou então é

uma solução não avaliável. Comumente tais listas são chamadas de check

lists. Auxiliam a melhoria contínua na medida em que se registram nelas os

melhores procedimentos e práticas da empresa, de forma que as diversas

obras de uma empresa utilizem para verificar se estão adequadas aos itens

propostos.

Como exemplo pode citar o check list de projetos dentro de uma empresa, tais

como projetos elétricos, hidrossanitários, arquitetônicos, estrutural, dentre

outros. Segue a seguir o check list de um projeto estrutural, onde são

marcadas as colunas de “sim”, “não” e “não se aplica”, conforme descrito

anteriormente.

ITENS A VERIFICAR SIM NÃO NA Altura de piso a piso coerente com Projeto de Arquitetura ou informações da Divisão de Projetos Inclinação de lajes descobertas conforme informações da Divisão de Projetos O posicionamento dos pilares e vigas se está coerentes com o Projeto de Arquitetura A altura do cintamento se está adequada para instalações elétricas, hidráulicas e esgoto, conforme informações da Divisão de Projetos Os poços de iluminação, ventilação e reentrâncias, se estão coerente com Projeto de Arquitetura

Page 67: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

66 As plantas de forma se foram executadas sempre que existir redução de pilares A disposição das vagas de automóveis em relação aos pilares se está conforme Projeto de Arquitetura ou se está funcional com base no raio de giro Os casos em que a viga deverá ser invertida, com base no Projeto de Arquitetura: guarda-corpo de rampa, muros de divisa, etc.

Quadro 3 – Exemplo de lista de conferência (Verificação de projeto estrutural)

(ISATTO, 2000)

5.3 MAPOFLUXOGRAMA

O mapofluxograma, figura 15, é a representação do sequenciamento das

atividades apresentadas no diagrama de processo em uma forma espacial

(plantas ou croquis), e permite uma maior transparência da visualização de

movimentação de materiais. Segundo Gehbauer (2002) citado em Sales

(2004), essa ferramenta é um esboço que mostra os deslocamentos e as

relações entre as situações de um processo de produção, podendo, desta

forma, auxiliar na visualização de restrições e cruzamentos de fluxos.

Sua utilização mostra-se eficiente no planejamento de distribuição física

dos elementos do canteiro e pode ser usado, durante o desenvolvimento de

atividades, para avaliar mudanças em relação ao que foi planejado, podendo

ser analisado e revisto. A representação de pessoas e equipamentos também

pode ser apresentada nesse tipo de ferramenta, permitindo uma melhor

visualização do processo. Uma característica importante dos mapofluxogramas

é que eles são representados em planos horizontais, havendo assim a

necessidade de muito deles para o caso de atividades que ocorrem em vários

pavimentos de uma obra vertical (SALES, 2004).

Page 68: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

67

Figura 18 - Exemplo de mapofluxograma de processo para o serviço de

desforma de Viga (SALES, 2004)

5.3.1 Procedimentos para elaboração do mapofluxograma

- Definir o processo que se deseja analisar, fazendo da mesma forma que o

diagrama de processos;

- Identificar os locais onde ocorrem as diferentes atividades do processo,

providenciando as plantas referentes a tais locais;

- Registrar o processo acompanhando seu fluxo;

- Buscar identificar pontos passíveis de melhoria, tais como trajetos longos,

cruzamento de fluxos, falta de linearidade nos fluxos, etc.

- Planilhas para controle de consumo de materiais: por muito tempo o foco

sobre perdas na construção estava sobre desperdício de materiais. O controle

do consumo de materiais desenvolveu-se sempre voltado a comparar

quantidades consumidas, seja de tempo ou de quantidades de materiais. Deve-

se dar especial atenção ao cálculo dessas quantidades previstas, para que se

tenham dados confiáveis sem serem escondidas perdas consideradas

“normais”. Assim, essa ferramenta é constituída por jogos de planilhas nas

Page 69: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

68 quais se registram quantidades consumidas e comparam-se, então, com as

previstas, possibilitando agir corretivamente se houver sinal de desperdício.

Quadro 4 – Exemplo de ficha de controle de materiais (controle de

almoxarifado) (ISATTO, 2000)

- Fichas de controle de produção: esse instrumento é formado por um sistema

de cartões cuja função é registrar as quantidades produzidas pelos operários

de forma a possibilitar a mensuração do rendimento do trabalho. O controle

pode ser feito medindo-se as quantidades produzidas em determinados

períodos ou medindo-se o tempo gasto para a produção de determinadas

quantidades.

Quadro 5 – Exemplo de cartão de produção por período (ISATTO, 2000)

Page 70: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

69

Não é objetivo detalhar essas ferramentas, mas sim afirmar que elas

podem auxiliar no controle da produção de acordo com os fundamentos da

Construção Enxuta.

5.4 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

A Indústria da construção civil, na última década, tem sido marcada por

uma busca do desenvolvimento tecnológico. Muitas empresas têm procurado

tornarem-se mais competitivas através da implantação de novas tecnologias

construtivas, pela busca na melhoria e padronização dos seus processos

internos, pelo estabelecimento de relacionamentos mutuamente benéficos com

seus fornecedores e, principalmente, pelo atendimento das necessidades de

seus clientes (BAIOTTO, 1999).

Nos tempos atuais o mercado consumidor exige continuamente produtos

e serviços de melhor qualidade e menor custo, o que ocasiona uma verdadeira

maratona entre as empresas de construção civil para conquistarem seus

clientes (BAIOTTO, 1999).

Uma das iniciativas, tanto das empresas construtoras como dos

fornecedores de materiais, tem sido a implantação de sistemas de gestão da

qualidade em micro, pequenas, médias e grande empresas. Tais ações podem

contribuir em muito para a melhoria do desempenho no setor da construção na

busca do alcance da eficácia de seus processos internos e do produto final.

Os sistemas de gestão da qualidade preconizados pela série de normas

ISO 9000 especificam requisitos normativos que quando implantados e

Page 71: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

70 mantidos fornecem evidências suficientes para o alcance da eficácia de seus

processos. Esta norma estabelece requisitos que favorecem a implantação de

um sistema de gestão da qualidade estruturado os quais especificam desde as

responsabilidades que competem à alta administração, passando pela

regulamentação de processos de aquisição e execução de serviços, até a

garantia dos produtos aos clientes.

É verificado que a aplicação dos princípios da ISO 9000 na construção

civil ainda não conseguiu, nem em âmbito internacional quanto nacional,

garantir resultados adequados para a qualidade dos empreendimentos de

Construção Civil (SANTOS, 2003). Segundo Santos, isso se deve em grande

parte por uma característica do setor, cujo meio de produção não é em série,

sendo elaborado em condições unitárias com grande quantidade de

instrumentos e ferramentas com baixa automatização e padronização.

O sistema de gestão a qualidade visa assegurar que o produto será

concluído com a qualidade desejada, portanto satisfazer as necessidades do

cliente e os requisitos do produto. Atualmente, a gestão da qualidade tem se

preocupado em evitar falhas, buscando atingir um planejamento adequado e

melhorando os processos, que são: planejamento; garantia e controle da

qualidade.

É válido notar que, uma das principais tendências em gestão da

construção civil é a construção enxuta, minimizando o desperdício de material,

aumentando a reciclagem e reuso dos materiais. Outra tendência forte é a

padronização e integração das atividades desde a concepção até a entrega,

melhorando a qualidade do produto final.

Page 72: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

71 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

6.1 CONCLUSÕES

O Sistema Toyota de Produção, fundamento de estudo da presente

pesquisa, foi responsável pela transformação de paradigma no que se refere

aos processos de produção. A partir de tal sistema, a produção passou a ser

observada de forma global e sistêmica, isto é, o processo começou a ser

observado como um todo.

Essa nova filosofia de produção é caracterizada pela capacidade de

observar os desperdícios em cada etapa do processo e as oportunidades de

melhoria contínua. Substituiu-se não somente a técnica, mas também a

filosofia, a forma de enxergar o processo com relação a desperdícios e

melhorias nos sistemas de produção, embasados em antigos conceitos. Logo,

essa teoria pretende que a produção não seja mais observada a partir da lógica

da produção, mas sim sob a ótica dos fluxos e valor.

As técnicas Just-in-Time (JIT) e Controle de Qualidade Total (TQC)

associado as suas diversas ferramentas são os fundamentos que sustentam a

nova base conceitual. Dessa forma, considera-se que é possível minimizar

perdas e desperdícios, reduzir custos e otimizar processos na execução das

atividades de uma obra do setor da construção civil.

O planejamento global da produção, realizado a partir da lógica dos

fluxos, agrupa os diversos projetos de um empreendimento e responsáveis, no

intuito de colaborar com informações essenciais para eliminação de futuros

desperdícios e busca contínua pela racionalização de cada etapa dos

processos de produção. Um grande alimentador desse sistema contínuo é o

Page 73: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

72 planejamento prévio de tudo que se pretende fazer, com visão crítica e análise

criteriosa de cada atividade a fim de entender como a mesma pode contribuir

para a melhoria do processo como um todo.

Um aspecto importante discutido no decorrer da pesquisa é a influência

favorável e importante do sistema de gestão de qualidade integrada ao

processo como um todo, pois esse sistema influi de forma contínua e direta em

todas as etapas do processo garantindo uma produção racional. Ou melhor, a

padronização do Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) colabora de forma

relevante para implantação da filosofia do planejamento nos canteiros de obra,

otimizando as atividades e fazendo com que possamos observar de forma mais

nítida as possíveis perdas e desperdícios.

O presente estudo criou um conjunto de ações explanados de maneira

simples e objetiva, que visam auxiliar profissionais ligados à construção civil

pensar e agir sob a ótica desse novo paradigma de gerenciamento, bem como

desenvolver um planejamento orientado.

A grande relevância da sistemática dos processos está na sua visão

integrada. Assim, temos um sistema completo e dinâmico de planejamento,

avaliação e otimização dos processos. Fundamentadas pelos conceitos de

construção enxuta, essa sistemática apresenta uma sequência de passos a

serem operacionalizados. A preocupação foi centrada em simplificar técnicas e

ferramentas já existentes, procurando aproximar a linguagem teórica o máximo

possível da prática. Ressalta-se o fato de que a sistemática proposta objetiva

ser um meio de planejar as etapas de produção das obras e antecipar a

execução de seus processos.

A complexidade de aplicação de ferramentas e técnicas lean em um

setor pouco qualificado como a construção civil só obterá êxito se for feito de

Page 74: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

73 maneira gradual e simplificada. Isto porque, em uma vertente temos a

comunidade científica à frente do pensamento. Em outra, no entanto, temos um

agrupamento de trabalhadores formado por diretores, engenheiros projetistas,

gerentes de obras, técnicos de planejamento, mestre de obras, encarregados,

pedreiros, carpinteiros, serventes, inseridos na rotina das obras, em sua grande

parte governados por antigos conceitos. Em ambas vertentes, ainda existem

extremos, ou seja, pessoas ligadas a conceitos ainda em formação, muitas

vezes ainda tratados com ensaios teóricos, e outros operando através de

técnicas ultrapassadas, governadas por conceitos obsoletos, mas que

funcionam. O fato é que precisamos ligar e estabelecer um elo de troca entre

essas pessoas para que se possa, dessa maneira, levar a mudança de

paradigma de gestão do setor da construção civil.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A partir de todos os conhecimentos que foram adquiridos no decorrer da

realização dessa pesquisa, pode-se fazer algumas sugestões para o

desenvolvimento de estudos futuros:

a) Pesquisa mais ampla do uso do novo modelo de gestão;

b) Realizar um estudo que possibilite monitorar o desenvolvimento de uma

empresa que pretende iniciar a implantação da Construção Enxuta;

c) Criação de diretrizes voltadas à aplicação de ferramentas da construção

enxuta em empresas do setor da construção civil.

Page 75: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

74

REFERÊNCIAS

AMARAL, T.G. Metodologia de qualificação para trabalhadores da construção civil com base nos conhecimentos gerenci ais da construção enxuta. Tese apresentada a Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Florianópolis, 2004. BAIOTTO, A.C. Implantação de melhorias de qualidade: um estudo de caso em uma microempresa de construção civil. Florianópolis, UFSC, 1999. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Catarina. BALLARD, G. The last planner system of productions control. (thesis) – Dept. of Civil Engineering, University of Birmingham, Brirmingham, U.K., June, 2000. BALLARD, G; HOWELL, G. Shielding Production: Na essential step in production control. Technical Report No. 97-1, Construction Engineering and Management Program, Department of Civil and Environmental Engineering, University of California, 1996. BARRO, M.M.S.B. Inovações tecnológicas em empresas construtoras: um modelo de ação. Fortaleza, 2001, 16p. Simpósio de Gestão da Qualidade e Organização do Trabalho no Ambiente Construído. BAUMHARDT, E. O. Sistemática para a operacionalização de conceitos e técnicas da construção enxuta. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. BERNARDES, M. M. S. Planejamento e controle da produção para empresas da construção civil. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2003. BRANCO, L. A. M. N. Uma análise dos impactos da certificação de qualidade em empresas de construção civil na perspe ctiva da construção enxuta. Dissertação apresentado ao Programa de Mestrado de Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. CONTRADRIOPOULOS, André Pierre el al. Saber preparar uma pesquisa.. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 1997. CORIAT, B. Pensar pelo avesso: o modelo japonês de trabalho e organização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994. DANLBAAR, B. Lean Production: denial, confirmation or extension of sociotechnical systems design? Human Relation, Volume 50, No. 5, 1997.

Page 76: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

75 FORMOSO. C. T. et al. As perdas na construção civil: conceitos, classificações e seu papel na melhoria do setor. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2000. HEINECK, L.F.M., MACHADO R. L. A Geração de cartões de produção na programação enxuta de curto prazo e obra. In: II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO DA QUALIDADE E ORGANIZAÇÃO TRABALHO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO – SIBRAGEC, 2, 2001, Fortaleza. Anais...Fortaleza, 2001. HIROTA, E. H.; FORMOSO, C.T. O Processo de aprendizagem na transparência dos conceitos e princípios da produçã o enxuta para a construção. In: ENCONTRO NACIONAL DA TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO – ENTAC 7, 2000, Salvador. Anais...Salvador, 2000. HOPP, W.; SPEARMAN, M. Factory Physics: foudations of manufacturing management. United States: Irwin McGraw-Hill, 1996. HOWELL, G.; KOSKELA, L. Reforming project management: the rule of lean construction. In: CONFERENCE OF THE INTERNATIONAL GROUP FOR LEAN CONSTRUCTION, O., 2000, Brighton, UK. Brighton, 2000. ISATTO, E. el ali. Lean Construction: Diretrizes e Ferramentas para o Controle de Perdas na Construção Civil. Porto Alegre: SEBRAE-RS, 2000. JOHANSEN, E.; WALTER, L. Construção Enxuta: prospects for the German construction industry. Construção Enxuta Journal, Volume 03, Issue 01, 2007. KOSKELA, L. Application of the new production philosophy to construction. Stanford, 1992.Technical Report # 72.Center for Integrated Facility Engineering (CIFE), Stanford University. KOSKELA, L. Moving on beyond Lean Thinking. Construção Enxuta Journal, Louisville, CO, Volume 1, Issue 1, p. 24-37, 2004. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. A Edição do Novo Milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000, 10 ª edição. KUREK, J. Introdução dos Princípios da Filosofia de Construçã o Enxuta nos Processos de Produção em uma Construtora em Pas so Fundo-RS. Tese de Mestrado UFPF. Passo Fundo. 2005. LAUFER, A.; TUCKER, R. L.Is construction project planning really doing its job? A critical examination of focus, role and process. Construction management and economics. London, 1987. LIKER, Jefrey. O modelo Toyota: 14 Princípios de gestão do maior fabricante do mundo – SP, 2005.

Page 77: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

76 MARUOKA, L.M.A. Estratégias de produção adotadas pelas construtoras no ambiente contemporâneo. 2003. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Carlos, São Paulo, 2003. MENDES JR, R. HEINECK, L. F. M. Preplanning method for multi-story building construction using line of balance. In: ANNUAL MEETING OF THE INTERNATIONAL GROUP FOR LEAN CONSTRUCTION. Anais Grarujá: IGLC, 1998. OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em l arga escala. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1997. PALIARI, J.C. Metodologia para a coleta e análise de informações sobre consumo e perdas de materiais e componentes nos can teiros de obras de edifícios. 1999. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo 1999. PICCHI F. A.; GRANJA A. D. Aplicação do Lean Thinking ao fluxo de obra In: I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO Anais...São Paulo, 18-21 julho 2004. POZZOBON, C. E.; HEINECK L. F. M.; FREITAS, M. do C. D. Atualizando o levantamento de inovações tecnológicas simples em o bra. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, ENTAC 10, 2004, São Paulo. Anais...São Paulo: 2004. SALES, A. L. F. et al. A gestão dos fluxos físicos nos canteiros de obras focando a melhoria nos processos construtivos. Fortaleza, CE: Universidade Federal do Ceará (UFC), Porto Alegre. 2004. SANTOS, A. Application of Production Management Flow Principle s if Construction Sites. Salford: University of Salford, 1999. Tese de Doutorado. SANTOS, A. O.O Manual de operação, uso e manutenção das edificaç ões residenciais: coleta de exemplares e avaliação de s eu conteúdo frente às diretrizes da NBR 14.037/1998 e segundo a perspecti va dos usuários, 2003. (Mestrado em Engenharia Civil) – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. SANTOS, C. A. B.; FARIAS FILHO, J. R. Construção civil: um sistema de gestão baseado na logística e na produção enxuta. XVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Anais, Niterói, 1998. SAURIN, T. Método para Diagnóstico e Diretrizes para Planejame nto de Canteiro de Obras de Edificações, 1997. Dissertação (Pós-Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997.

Page 78: CONSTRUÇÃO ENXUTA ATRAVÉS DA PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/WILLY BIZERRA DE SANTANA.pdf · Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

77 SHINGO, S. Sistema de Produção com Estoque Zero: O sistema Shi ngo para Melhorias Contínuas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. TOMMELEIN, I. D.; BALLARD, G. Look ahead planning: screening and pulling. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE LEAN CONSTRUCTION, 2, 1997, São Paulo. Anais. Instituto de Engenharia de São Paulo/ Logical Systems, 1997. WOMACK, J.P.;JONES, D.R. A Mentalidade Enxuta nas Empresas: Elimine o desperdício e crie riquezas. Rio de Janeiro: Campus, 1998. WOMACK, K. P.; JONES, D.T; ROOS, D. A Máquina que Mudou o Mundo. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1992.