HISTRICO:

O construtivismo como um movimento artstico modernista ocorre no perodo entre 1913 e 1930, na Europa, principalmente na Rssia. Surge como uma decorrncia do futurismo italiano e do cubismo francs. Adquire caracterstas prprias perseguindo o ideal de abstrao: despoja-se de qualquer aluso natureza. Rompe radicalmente com a arte do passado (da representao do real) e prope uma nova linguagem plstico-pictrica: "O mundo da no-representao" (Malevitch). Marca o incio da preocupao da arte em criar objetos numa nova direo: a virtual, no sentido que a nfase est mais no espao vazio que na massa, na ausncia que na presena. O objeto artstico se liberta de sua base, do pedestal, do paralelismo parede, trabalha mais com o espao como elemento da linguagem plstica. Na pintura chega ao branco sobre o branco, ressaltando a presena matrica da tela, o objeto "tela" como mais importante que representaes feitas sobre sua superfcie. Nesta acepo est denotada a valorizao do objeto industrial frente ao artesanal e a consequente dessacralizao do objeto artstico.A escultura a grande beneficiada pela contribuio construtivista que modifica a noo tradicional de "esculpir", em que est embutida a idia de desgastar um material, o chamado mtodo subtrativo (por exemplo: escultura em pedra e madeira) ou de adicionar massa (escultura feita em argila, terracota, gesso, assim como tambm as tcnicas de vazar bronze e massas em formas). O construtivismo apresenta a idia de "construir" usando materiais naturais e sintticos oferecidos pela industrializao. As obras se apresentam como objetos compostos de elementos geomtricos em materiais diversos como metal, vidro, papelo, madeira, acrlico, plstico, dentre outros usados ss ou em combinao. O aparecimento de novos materiais implica na gerao de novas tcnicas e sistemas de construo, que , por sua vez determinam o surgimento de novas estruturas e aparncias. Um cubo pode ser feito de vrias substncias que definem visualidades diferentes da mesma forma cbica. A gnese da escultura construtivista determinada pelo seu material. O destaque dado ao material coloca questes tambm de ordem psicolgica, pois passa a existir o dilogo do artista com o material e suas caractersticas confrontadas pelas vivncias do artista, sua memria emocional e sensria. Em outras palavras, quando um pintor trabalha sobre uma tela de maneira tradicional, esta constitui-se um suporte neutro interferncia do artista, no construtivismo inicia-se a possibilidade de suportes artsticos expressivos, que j carregam consigo significados para o prprio artista e tambm para o espectador. Por exemplo, ao invs de iniciar um trabalho sobre uma tela, o pintor pode preferir pintar sobre um fragmento de objeto industrial. Os cubistas George Braque e Pablo Picasso foram os primeiros a optarem pela revelao da verdadeira tridimensionalidade em detrimento da sua representao. A primeira obra dentro destes parmetros foi a construo cooperativa dos dois artistas intitulada "Guitarra"(1912), feita de folhas de metal e arame. Preferiram agregar ao plano da tela elementos reais do que continuar "imitando" a realidade, representando-os atravs da pintura, o que passou a ser considerado sem sentido uma vez que a tecnologia tinha inventado e aprimorado mtodos de reproduo mais fiis como a fotografia. A tecnologia liberta a arte de seu compromisso social de representar.Modifica-se totalmente o processo de criao. O artista est encantado com as facilidades advindas pelo avano tcnico e tecnolgico. As obras de arte tornam-se verdadeiras homenagens racionalidade cientfica da poca e evidenciam a mais direta representao do impulso modernista no sentido de se adaptar tecnologia da "era da mquina".O construtivismo russo se desenvolve em construes tridimensionais como "Monumento III Internacional"de Vladimir Tatlin, 1919, feito com ferro, vidro e madeira, em consonncia com as idias socialistas. Os artistas construtivistas russos entusiasmam-se por uma forma de arte despida de aura, mais prxima ao povo, ao alcance de todos. Usando materiais industrializados empregados no uso cotidiano, colocaram a arte a servio do bem comunitrio, atuando na direo utilitria do desenho industrial e arquitetura.Aps a revoluo russa, o clima de experincia e inveno se quebra. O governo de Stalin no compreende que a revoluo artstica vinha de encontro com os pressupostos socialistas e persegue os construtivistas acusando-os de elitistas que inventaram uma forma de arte sem propsito e que no fundo o que queriam era no deixar que a arte clssica e tradicional chegasse at o proletariado. A forma de arte permitida era e at hoje, a mmese da natureza. A mais expressiva vanguarda russa na arte foi assim dissipada e os artistas tiveram que optar em permanecer na Rssia e continuar nos moldes artsticos dos sculos anteriores, ou mudar para o oeste. Muitos foram lecionar na Bauhaus, escola alem orientada para o design e para tecnologia, surgida como uma necessidade imposta pela expanso industrial, influenciaram toda Europa e Estados Unidos.INFLUNCIAS CONSTRUTIVISTAS

As sementes construtivistas na arte seguem brotando em vrios momentos frteis da histria da arte como na arte ps-segunda guerra mundial quando o uso da combinao de materiais diferentes soldados passou a ser o mtodo escultrico mais usado. O movimento neoconcreto, nascido no Brasil por volta dos anos 60, surge como uma reao ao concretismo racionalista de explorao de iluses ticas, reaproxima-se da vanguarda russa na procura de um novo objeto para arte. O neoconcretismo brasileiro, derivado da escola de Ulm, na Alemanha j no lida em nenhum grau com o problema da representao, mas com o de emprestar uma transcendncia tela mesma como objeto material, segunda palavras de Ferreira Gullar (1985). Provavelmente seu maior legado foi de relacionar a arte com a cincia e a tecnologia. A abordagem racional inspirou no somente as esculturas cinticas, o minimalismo, a pintura concreta (que parece ser feita por mquina), abstrao geomtrica e a arte tecnolgica.

LEGADO CONSTRUTIVISTA ARTE TECNOLGICA

Podemos dizer que estamos vivendo num ambiente construtivista geral em ambos nveis: real e virtual. Uma vez que nossas mentes esto sendo remodeladas pelo avano tecnolgico, ampliando nossa capacidade de sentir e processar novas vivncias e informaes, reequipados com o auxlio prestimoso das mquinas reconstrumos nossa nova realidade.Na arte observamos uma tendncia para a interatividade, isto , a obra no um objeto acabado, sacralizado, posto na parede dentro de uma moldura. Na arte interativa a obra virtual, imatrica, existe apenas no momento da experincia e vivncia do espectador. Ele que constri a obra, co-autor e interagente. O artista apenas cria uma proposta de interao com o espectador, como um jogo sensrio e/ou mental, determinante de um dilogo transformador.Esta arte do fim deste sculo se assemelha tambm do construtivismo por seu amor ao avano cientfico e tecnolgico, alm da tendncia ideolgica democratizao. A arte vem de encontro ao seu pblico, rompendo com sistemas de poder como o "sistema das artes": composto por marchands, galerias, curadores, museus, etc. "Esta arte partilhada com as mquinas entra nas casas via satlites, telefones, oferecendo-se para ser recebida, modificada e devolvida (...). Comunidades virtuais on-line renem indivduos por afinidade, em que a arte tambm afirma sua liberdade" como se expressa Diana Domingues(1997).Enquanto que a arte tradicional privilegia a permanncia da obra e procura fixar uma idia sobre um suporte, a arte eletrnica trabalha com suporte virtual, a imaterialidade, a mutabilidade, a efemeridade, a conectividade, interatividade e colaborao. Na arte tradicional o espectador colocado como diante de uma "janela" pela qual ele assume uma atitude contemplativa, na arte interativa o espectador se posiciona diante de uma "porta aberta" por onde ele pode passar e interagir, colaborando com o artista.As novas tecnologias remodelam a sociedade como um processo irreversvel. S o artista pode enfrentar impunemente o efeito eletrnico porque especialista em causar rupturas e transgresses. Trabalha com propostas descondicionantes. Aborda a mquina de maneira crtica diferente do usurio comum que se deixa levar pelos avanos tecnolgicos com interesse imediatista ou deslumbramento cego. O artista se impe o papel da anlise conceitual dos fenmenos que ocorrem na sociedade, provocando uma tomada de conscincia.A seguir indicamos o trabalho do artista plstico Eduardo Kac para representar esta gerao de artistas eletrnicos perfeitamente integrados na relao hbrida homemXmquina.

At ento, nas artes plsticas, sempre se buscava a estabilidade, a ordem e a pureza. As formas sempre foram compostas de modo que evitassem conflitos entre si e qualquer desvio da estrutura era considerado uma ameaa harmonia. Foi no CONSTRUTIVISMO (1915/20) que as possibilidades inquietantes foram vistas pela primeira vez. Ele produziu composies desarmnicas atravs de formas simples, experincia que se dissolveu medida que enfrentou o problema da construo e a influncia dos ideais puristas do modernismo.

O objetivo de seus expoentes soviticos entre os quais: Valdimir Tatlin (1885-1953), Anton Pevsner (1886-1962) e Naum Gabo (1890-1977) era construir a arte, e no cri-la. Kasimir Malevitch (1878-1935) chegou prpria negao do objeto, visando libertar a arte do peso dos objetos, defendendo a supremacia da sensibilidade (suprematismo). A partir de 1923, passou a estudos de arquitetura (planits e architectonen), visando transformar todo o meio ambiente. J Eliezer Lissitzky (1890-1941) elaborou uma arte abstrata impessoal com os prouns (projetos de afirmao do novo), que aliavam pintura e relevo baseando-se na prospectiva arquitetural.

ArquiteturaA dcada de 40, no plano arquitetnico configura-se como uma apresentao e afirmao da arquitetura moderna brasileira no mbito internacional. A aproximao entre Brasil e EUA devida a poltica de boa vizinhana implantada entre os governos dos dois pases permitindo a troca de informaes artsticas e culturais somada divulgao dos trabalhos dos arquitetos brasileiros (principalmente Oscar Niemeyer) resultaram em uma grande exposio das obras brasileiras internacionalmente, o que fez que no incio da dcada de 50 as atenes mundiais se voltassem para o Brasil, principalmente em direo sua arquitetura.Tudo isso tambm carregou consigo a consagrao internacional da linha arquitetnica que vinha se definindo como a corrente mais significativa no cenrio brasileiro (ou talvez a nica at o momento), a Escola Carioca. A arquitetura de Oscar Niemeyer, Lcio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Burle Marx, entre outros se tornava constante nos peridicos e livros especializados em arte e arquitetura, caracterizando o Brasil no ponto de vista internacional como uma arquitetura moderna que oferecia uma enorme contribuio ao movimento contemporneo, resultado do xito de sua adaptao aos condicionantes, cultura local e sua plasticidade formal.Escola CariocaEscola Carioca o nome pelo qualcerta produo moderna da arquitetura brasileira comumente identificada pela historiografia. Trata-se originalmente daobra produzida por um grupo radicado no Rio de Janeiro,que, com aliderana intelectual de Lucio Costa e formal de Oscar Niemeyer,cria um estilo nacional de arquitetura moderna: uma espcie debrazilian style, que se dissemina pelo pas entre os anos 1940 e 1950, contrapondo aointernational style, hegemnico at os anos 1930.Para entender o termo h que se recorrer a um dos episdios fundadores da moderna arquitetura brasileira: o projeto doMinistrio da Educao e Sade MES,atual Palcio Gustavo Capanema, de 1936/1943, construdo no Governo Getlio Vargas. O edifcio desenhado por uma equipe liderada porCosta coma orientao direta de Le Corbusier, que vem ao Brasil auxiliar os jovens arquitetos na tarefa de projetar umprdio moderno como sede do ministrio. A equipe, formadatambm por Carlos Leo, Affonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos eNiemeyer, realiza o primeiro edifcio que incorpora em grande escala os cinco pontos da arquitetura corbusiana brise soleil(quebrassol),pan de verre(pano de vidro oucourtain wall), teto-jardim, trreo com pilotis e planta livre ao mesmo tempoque lana mo de uma plasticidade que no se v comumente na arquitetura moderna de outros pases e recupera elementos nacionais, como os painis de azulejos.Essa produo seria marcada por um sentido nico de exuberncia e extroverso e por uma articulada e inteligente interpretao da nova arquitetura sem desprezar o passado, visto como sustentao do presente, tanto no mbito do projeto quanto no da historiografia. A relao entre modernidade e tradio a base, portanto, no s da moderna arquitetura brasileira at a metade do sculo XX como tambm o eixo do discurso construdo porCosta acerca da histria da arquitetura nacional, que liga a arquitetura produzida no perodo colonial e a realizada contemporaneamente.Alm do MES, so considerados exemplares da Escola Carioca obras como o edifcio-sede daAssociao Brasileira de Imprensa ABI, 1936, dos irmos Roberto: Marcelo, Milton e Maurcio; aEstao de Passageiros de Hidroavies, 1937, de Attlio Corra Lima;oGrande Hotel de Ouro Preto, 1938, de Niemeyer, oPavilho do Brasilna Feira Internacional de Nova York, 1938/1939, de Costa e Niemeyer; oConjunto Arquitetnico da Pampulha, 1940/1944, projetado por Niemeyer em Belo Horizonte; oPark Hotel So Clemente, 1944, em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, deCosta; oConjunto Habitacional Pedregulho, 1950/1952, de Reidy, entre outros.A idia de uma Escola Carioca de arquitetura esboada pela primeira vez por ocasio da publicao do catlogo da exposio Brazil Builds,no Museum of Modern Art MoMA [Museu de Arte Moderna] de Nova York, em 1943. No mesmo ano, essa produo nomeada internamente de Escola Carioca comea a ser conhecida comobrazilian style.De fato, a partir da dcada de 1940 possvel verificar em vrias cidades doBrasil uma produo que pode ser identificadacom a rubrica Escola Carioca. Encabeada por arquitetos cariocas ou formados no Rio de Janeiro como Hlio Duarte, que dirige a experincia doConvnio Escolar em So Paulo, 1948/1952,e Niemeyer, que projeta os principais edifcios doParque do Ibirapuera, 1954, responsveis pela introduo da arquitetura moderna nos edifcios pblicos em So Paulo -, no se pode afirmar que ela represente a totalidade da produo arquitetnica brasileira. Pois mesmo entre os arquitetos cariocas h aqueles que em sua obra ou em alguns projetos buscam se manter fiis aos preceitos racionalistas mais estritos, como Jorge Moreira e Vital Brazil, ouconstruir outros vocabulrios arquitetnicos, como Srgio Bernardes.