Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas...

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Sara Raquel Machado Lemos Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis. Universidade Fernando Pessoa Faculdade Ciências da Saúde Porto, 2010

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Sara Raquel Machado Lemos

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade Ciências da Saúde

Porto, 2010

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Sara Raquel Machado Lemos

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade Ciências da Saúde

Porto, 2010

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Sara Raquel Machado Lemos

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

(Sara Raquel Machado Lemos)

“Projecto de Graduação apresentado à

Universidade Fernando Pessoa como

parte dos requisitos para obtenção do

grau de Licenciatura em Enfermagem”

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SUMÁRIO

A Investigação em Enfermagem assume, nos dias de hoje, um papel fulcral no

desenvolvimento e consolidação de novos conhecimentos. Para que seja possível haver

mudança de mentalidades, facto necessário para crescimento de qualquer profissão, os

profissionais de enfermagem têm desenvolvido capacidades no sentido de encontrar

respostas para as necessidades da população no que concerne à sua saúde, investindo na

investigação.

A Enfermagem é uma profissão que tem o seu exercício regido por uma deontologia,

para que esta possa sempre actuar de acordo com regras: os direitos e deveres. Os

profissionais de enfermagem comprometem-se a exercer as suas funções em benefícios

do indivíduo/comunidade, assim sendo, individualmente tem que cumprir com os

mesmos. No artigo 88º da secção II do código deontológico, fala-se da excelência do

exercício. O enfermeiro procura essa excelência, e assume o dever, conforme a alínea f),

de se abster de exercer funções sob a influência de substâncias susceptíveis de produzir

perturbações das faculdades físicas ou mentais (Ordem dos Enfermeiros, 2009), sendo

estas substâncias o álcool e/ou substâncias psicoactivas. Desta forma, devido às

perturbações presentes num enfermeiro que consome estas substâncias, tornou-se

pertinente a elaboração de um estudo sobre o consumo de álcool pelos enfermeiros.

Assim, apresenta-se este trabalho intitulado “Consumo de álcool. Estudo numa amostra

de enfermeiros espanhóis”, desencadeado a partir dos seguintes objectivos:

Conhecer o padrão de consumo de bebidas alcoólicas pelos enfermeiros no

Hospital Virgen de la Poveda e Hospital del Tajo, em Madrid;

Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas

seis refeições diárias do Hospital Virgen de la Poveda e Hospital del Tajo, em

Madrid;

Saber se a instituição, o tipo de serviço, a especialidade do serviço, o género, a

idade, o estado civil, a categoria profissional, o tempo de exercício profissional,

o tempo de exercício profissional no serviço actual, a razão pela presença no

serviço actual e o vínculo à instituição influenciam: o score do AUDIT; o

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consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições

diárias.

A população-alvo deste estudo remete os profissionais de enfermagem do Hospital

Virgen de la Poveda e do Hospital del Tajo, em Madrid. O método de colheita de dados

utilizado foi o questionário, aplicado a uma amostra de 89 enfermeiros de várias

especialidades. O presente estudo insere-se num estudo descritivo/correlacional,

quantitativo e transversal.

Após o tratamento informático dos dados e a sua análise estatística, os resultados

evidenciam: apenas 1,1% da amostra de enfermeiros espanhóis têm um nível indicador

de problemas relacionados com o álcool, sendo que os restantes apresentam uma

pontuação que indica um baixo consumo de risco ou abstinência. Relativamente ao

consumo típico de bebidas alcoólicas durante a semana e ao fim-de-semana, concluiu-se

que ao fim-de-semana existe uma maior ingestão de álcool (avaliada em u.p.) e com

mais frequência do que à semana. À semana os consumos são maiores ao almoço e ao

jantar. Em relação ao fim-de-semana os consumos são maiores ao jantar e à ceia. Outra

das conclusões retiradas foram a partir das diferenças estatisticamente significativas,

que se encontram relativamente ao score do AUDIT, o consumo de bebidas alcoólicas à

semana e ao fim de semana. Assim sendo, pode-se verificar que quanto ao score do

AUDIT existe uma variável que é estatisticamente significativa, o género. Quanto ao

consumo de bebidas alcoólicas durante a semana constatou-se que existem também

diferenças estatisticamente significativas nas variáveis tipo de serviço, género, tempo de

exercício profissional e no vínculo à instituição. Ao fim de semana, o mesmo acontece

com o tipo de serviço, tempo de exercício profissional, estado civil e idade.

A elaboração deste estudo contribuiu para aprofundar conhecimentos e alertar a

população de enfermagem sobre esta importante problemática que afecta não só a

profissão, mas também a sociedade em geral.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho e a Licenciatura de Enfermagem…

Aos meus pais, pois lutaram de mão dada comigo para a

concretização deste sonho. Orgulho-me de ser filha de duas

pessoas fantásticas, que me amam e que sabem como

ultrapassar e ajudar a ultrapassar as dificuldades da vida.

À minha irmã pelo apoio e carinho que me deu ao longo desta

caminhada.

Aos meus avós, especialmente à minha avó Alda, que desde

sempre foi o meu alicerce.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a todas as pessoas que, nesta fase da minha vida, contribuíram para realização

deste trabalho, fazendo-me acreditar que “a força bem de dentro” e que querer é meio

caminho para o sucesso.

Aos meus pais, pelo apoio incondicional, compreensão e preocupação, pelas palavras

meigas e sobretudo pela confiança que depositaram em mim desde sempre.

À minha irmã que é o meu alento em cada aurora.

À minha avó Alda e à D. Manuela pela força especial, perseverança, coragem e

paciência que transmitiram, principalmente durante este percurso… Por me mostrarem

que sou capaz e que tenho força para lutar. A elas, um obrigada com um carinho muito

especial.

À minha amiga de infância, Barbara, que ilumina de forma especial a minha vida.

Aos meus amigos que estiveram presentes em todos os momentos, especialmente,

Marisa, Ana Daniela, Soraia, Liliana, Diogo…

Aos meus colegas de turma que estiveram presentes nos bons e maus momentos.

Ao meu professor e orientador José Manuel dos Santos, pela orientação, paciência, e

disponibilidade apresentada para a concretização deste trabalho.

A todos os Enfermeiros e professores, que ao longo deste percurso, me incutiram

valores e conhecimentos essenciais para ser uma boa profissional de Enfermagem.

A todos que não mencionei, e que sabem que são importantes para mim.

A todos agradeço com um sorriso iluminado!

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PENSAMENTO

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ABREVIATURAS

ANA - American Nurses Association

AUDIT - The Alcohol Use Disorders Identification Test

CAGE - Cut-down, Annoyed, guilt and Eye-opener

CID-10 - Classificação Internacional de Doenças

DGS – Direcção Geral da Saúde

DSM-IV – Diagnostic ans Statistical Manual of Mental Disorders

et al. – e outros

OMS – Organização Mundial de Saúde

p. – Página

pp. – Páginas

REPE – Regulamento de Exercício Profissional de Enfermagem

SMAST - Short Michigan Alcoholism Screening Test

SPSS – Statistical Package for Social Sciences

u.p. – Unidade-padrão

UFP – Universidade Fernando Pessoa

REPE – Regulamento de Exercício Profissional de Enfermagem

% - Percentagem

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ÍNDICE PÁGINA

0. INTRODUÇÃO 16

I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 19

1. Álcool e alcoolismo 19

1.1. O álcool 19

1.2. Metabolismo do álcool 21

1.3. Dependência, tolerância e abstinência alcoólica 23

1.4. Adição ao álcool 25

1.4.1. Consequências da adição ao álcool 27

1.5. Dados epidemiológicos 29

2. Consumo de álcool em profissionais de saúde (Enfermeiros) 31

2.1. Cuidar em Enfermagem e o desgaste provocado pela profissão 32

2.2. O consumo prejudicial de álcool nos Enfermeiros 35

3. Instrumentos de avaliação do padrão de consumo de álcool 41

3.1. AUDIT (The Alcohol Use Disorders Identification Test) 41

II. FASE METODOLÓGICA 45

1. Justificação do tema 45

2. Questões de investigação 46

3. Objectivos do estudo 46

4. Tipo de estudo 47

4.1. Caracterização do meio 48

5. População e amostra 48

5.1. Processo de amostragem 49

6. Variáveis 49

7. Instrumento de colheita de dados 50

8. Princípios éticos 51

9. Tratamento e apresentação de dados 52

III. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 54

1. Caracterização da amostra 54

2. Situações relacionadas com o consumo – Teste de AUDIT 60

3. Consumo de bebidas alcoólicas, em dias da semana e ao

fim-de-semana 63

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4. Score do Teste AUDIT 67

5. Variáveis dependentes versus variáveis independentes 67

5.1. AUDIT versus variáveis independentes 68

5.2. Consumo de bebidas alcoólicas à semana versus variáveis

independentes 69

5.3. Consumo de bebidas alcoólicas ao fim-de-semana versus

variáveis independentes 71

IV. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 73

V. CONCLUSÃO 80

VI. BIBLIOGRAFIA 82

ANEXOS:

Anexo I- Instrumento de colheita de dados – Questionário em Espanhol

Anexo II- Instrumento de colheita de dados – Questionário em Português

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ÍNDICE DE QUADROS PÁGINA

Quadro 1. Cálculo de gramas de álcool ingeridos 20

Quadro 2. Cálculo do consumo de álcool 21

Quadro 3. Estatística descritiva relativamente à idade 56

Quadro 4. Estatística descritiva relativamente ao tempo de actividade

profissional 58

Quadro 5. Estatística descritiva relativamente ao tempo de actividade

profissional no serviço actual 59

Quadro 6. Distribuição da amostra relativamente ao score do AUDIT 67

Quadro 7. Score Total do Teste AUDIT 68

Quadro 8. Consumo de bebidas alcoólicas à semana 69

Quadro 9. Consumo de bebidas alcoólicas ao fim-de-semana 71

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ÍNDICE DE GRÁFICOS PÁGINA

Gráfico 1. Distribuição da amostra relativamente à instituição hospitalar 54

Gráfico 2. Distribuição da amostra relativamente ao tipo de serviço 55

Gráfico 3. Distribuição da amostra relativamente aos departamentos

das especialidades 55

Gráfico 4. Distribuição da amostra relativamente ao género 56

Gráfico 5. Distribuição da amostra relativamente à classe de idades 56

Gráfico 6. Distribuição da amostra relativamente ao estado civil 57

Gráfico 7. Distribuição da amostra relativamente à categoria profissional 57

Gráfico 8. Distribuição da amostra relativamente ao tempo de actividade

profissional dos enfermeiros 58

Gráfico 9. Distribuição da amostra relativamente ao tempo de actividade

profissional no serviço actual 58

Gráfico 10. Distribuição da amostra relativamente à razão pela presença

no serviço actual 59

Gráfico 11. Distribuição da amostra relativamente ao vínculo à instituição 60

Gráfico 12. Questão 1: quantas vezes bebe uma bebida alcoólica? 60

Gráfico 13. Questão 2: num dia normal, quantos copos de uma bebida alcoólica

bebe habitualmente? 60

Gráfico 14. Questão 3: qual a frequência com que bebe 6 ou mais copos de

uma bebida alcoólica numa única ocasião? 61

Gráfico 15. Questão 4: durante o último ano, quantas vezes lhe aconteceu ter

começado a beber uma bebida alcoólica e não conseguir parar? 61

Gráfico 16. Questão 5: durante o último ano, quantas vezes não conseguiu fazer

algo a que se tinha comprometido devido às bebidas alcoólicas? 62

Gráfico 17. Questão 7: durante o último ano, quantas vezes lhe aconteceu

sentir-se culpado ou com remorsos depois de ter bebido? 62

Gráfico 18. Questão 8: durante o último ano, quantas vezes lhe aconteceu não se

conseguir lembrar do que sucedeu na noite anterior por ter bebido? 62

Gráfico 19. Questão 9: o facto de ter bebido já foi causa de ferimentos em si

próprio ou noutras pessoas? 63

Gráfico 20. Consumos: Semana / meio da manhã 63

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Gráfico 21. Consumos: Semana / almoço 64

Gráfico 22. Consumos: Semana / jantar 64

Gráfico 23. Consumos: Semana / ceia 64

Gráfico 24. Consumos: Fim-de-semana / meio da manhã 65

Gráfico 25. Consumos: Fim-de-semana / almoço 65

Gráfico 26. Consumos: Fim-de-semana / lanche 66

Gráfico 27. Consumos: Fim-de-semana / jantar 66

Gráfico 28. Consumos: Fim-de-semana / ceia 66

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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0. INTRODUÇÃO

A investigação contribui decisivamente para o desenvolvimento de qualquer actividade

profissional. Desta forma, é necessário ter uma estrutura de conhecimentos específicos que

com o auxílio da investigação, vão permitir abrir o leque de conhecimentos e ser o suporte

de qualquer profissão. Assim sendo, a Investigação em Enfermagem torna-se essencial, já

que permite a aquisição de saberes, conhecimentos e práticas, contribuindo para a melhoria

da qualidade, eficácia e eficiência dos cuidados de enfermagem à população e/ou

indivíduo.

Actualmente, o alcoolismo é um dos grandes problemas de saúde pública a nível mundial.

A população portuguesa apresenta cerca de 10% de indivíduos dependentes do álcool. O

consumo desta substância é usado, pelo Homem, desde tempos primordiais e é hoje

utilizado como um processo de socialização e de globalização.

Através da investigação científica, tem-se demonstrado que o álcool é responsável pelo

desenvolvimento de algumas complicações associadas ao seu consumo, tanto psíquicos,

familiares, laborais, sociais como judiciais.

Nesta perspectiva, o alcoolismo é uma preocupação evidente para os profissionais de

enfermagem na medida que têm que prevenir e tratar esta patologia. Contudo, esta situação

agrava-se quando se trata do consumo de bebidas alcoólicas por parte destes mesmos

profissionais.

Os enfermeiros são profissionais com características muito peculiares e têm cargos sociais

muito importantes, são estes que cuidam dos utentes em todos os estádios da sua vida e

consequentemente tem a responsabilidade de uma vida nas próprias mãos. Esta profissão

acarreta uma elevada carga de relações interpessoais e/ou intrapessoais, influências,

pressões, responsabilidades, stress, às quais podem não conseguir desenvolver estratégias

para ultrapassar positivamente, levando, muitas vezes, à adopção de comportamentos

menos saudáveis, um dos quais o consumo de bebidas alcoólicas.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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Por ser uma problemática pouco estudada, actual e com enorme importância para a

profissão, optou-se por elaborar um estudo intitulado “Consumo de álcool. Estudo numa

amostra de enfermeiros espanhóis”.

Os objectivos preconizados para esta investigação são:

Conhecer o padrão de consumo de bebidas alcoólicas pelos enfermeiros no

Hospital Virgen de la Poveda e Hospital del Tajo, em Madrid;

Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis

refeições diárias dos enfermeiros do Hospital Virgen de la Poveda e Hospital del

Tajo, em Madrid;

Saber se a instituição, o tipo de serviço, a especialidade do serviço, o género, a

idade, o estado civil, a categoria profissional, o tempo de exercício profissional, o

tempo de exercício profissional no serviço actual, a razão pela presença no serviço

actual e o vínculo à instituição influenciam o score do AUDIT;

Saber se a instituição, o tipo de serviço, a especialidade do serviço, o género, a

idade, o estado civil, a categoria profissional, o tempo de exercício profissional, o

tempo de exercício profissional no serviço actual, a razão pela presença no serviço

actual e o vínculo à instituição influenciam o consumo de bebidas alcoólicas à

semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias.

Estabeleceu-se ainda os seguintes objectivos académicos:

Aprofundar conhecimentos na área da investigação em enfermagem;

Planear as etapas inerentes à execução de um trabalho de investigação;

Aplicar as etapas inerentes à execução de um trabalho de investigação;

Entender a investigação como metodologia de trabalho e de produção de

conhecimento;

Adquirir competências para a execução de trabalhos de investigação;

Servir de instrumento avaliativo e consequentemente obtenção da Licenciatura de

Enfermagem.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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Com o intuito de concretizar os objectivos propostos, optou-se por realizar um estudo

descritivo/correlacional, com paradigma quantitativo e transversal. Para a realização do

estudo aplicou-se um questionário como instrumento de colheita de dados, a uma amostra

de 89 enfermeiros do Hospital de Virgen de la Poveda e do Hospital del Tajo, em Madrid.

A colheita foi possível no período de 1 de Junho a 31 de Julho de 2009. Posteriormente, o

tratamento e análise de dados foram concretizados com o auxílio do software SPSS.

Neste estudo foram consideradas as seguintes questões de investigação: “Qual o padrão de

consumo de bebidas alcoólicas no grupo de profissionais de enfermagem?”; e, “será que

alguns factores sociodemográficos e organizacionais dos profissionais de enfermagem

influenciam o consumo de bebidas alcoólicas?”.

O trabalho divide-se em três fases interligadas, já que é fundamental que as discussões e

conclusões sejam fundadas a partir de alicerces obtidos pela revisão bibliográfica. No

primeiro capítulo, onde está inserido a presente introdução, que aborda sucintamente os

aspectos relativos a todo o trabalho, assim como os objectivos do mesmo e ainda é

constituído pela fase conceptual, onde se apresenta a fundamentação teórica, na qual é feita

uma abordagem de três subcapítulos sobre o álcool e alcoolismo, o consumo de álcool em

profissionais de saúde (enfermeiros) e instrumentos de avaliação de consumo de álcool.

Seguidamente, apresenta-se a fase metodológica, constituída pelo projecto para a

realização da investigação. Neste ponto, insere-se os seguintes conteúdos: a justificação do

tema, as questões de investigação, os objectivos do estudo, o tipo de estudo, a população e

amostra, o processo de amostragem, o instrumento de colheita de dados, os princípios

éticos e como se realizou o tratamento e apresentação de dados. A terceira fase refere-se à

fase empírica, que inclui a análise de dados, através da apresentação de gráficos e quadros

para posterior interpretação e discussão dos resultados obtidos. Por fim, referem-se os

aspectos mais relevantes do trabalho científico, na conclusão.

A realização deste trabalho pretende, para além da importância deste estudo, permitir à

autora concluir a Licenciatura de Enfermagem. Surge, no âmbito da disciplina Projecto de

Graduação, referente ao 4º ano do Curso de Licenciatura de Enfermagem da Universidade

Fernando Pessoa.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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1. Álcool e alcoolismo

Vários estudos afirmam que o consumo de álcool é tão antigo como a própria humanidade,

há dados que referem que já que se conheciam há milhares de anos os efeitos do álcool,

mesmo antes da Era Cristã. É de salientar que o gosto que o Homem apresenta pela bebida

alcoólica é já um costume muito antigo, persistente e que tem vindo a aumentar, sendo o

vinho a bebida eleita desde os tempos mais remotos, tendo um enorme poder a nível

histórico e religioso.

No nosso país beber é um acto social satisfatório, em que se associa muitas vezes a ideia de

festejo ou a de alimentação.

1.1 O álcool

A palavra álcool, deriva do arábe alkul, significando “o muito fino”, “talco fino” e

“cosmético para os olhos”. Os árabes utilizavam este talco fino, proveniente da destilação

do antemónio, como maquilhagem para os olhos. Os alquimistas medievais ampliaram o

uso deste termo a todos os produtos de destilação e isto levou ao actual significado

(Rehfeldt, 1989).

O álcool, também designado por álcool etílico ou etanol, é uma molécula, natural ou

sintética, cuja fórmula química é CH3CH2OH (Borges, 2004). Do ponto de vista

organoléptico, o álcool etílico é um líquido incolor, volátil, de cheiro e gosto ardentes, com

densidade a 20º C de 0,789 e tem um peso molecular de 46,07. Evapora-se quando atinge o

ponto de ebulição de 78,4º C e a sua congelação faz-se a temperaturas inferiores a-131,0ºC.

Em contacto com o fogo, produz uma chama azul libertando água e dióxido de carbono

(Rehfeldt, 1989). Este é um solvente de largo espectro que se mistura com a água, em

qualquer grau de concentração, sendo este grau dado em percentagem de volume ou de

peso (Borges, 2004).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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Quanto à sua fabricação, pode ser obtido pela introdução de etileno em ácido sulfúrico

aquecido ou pela hidrogenação do aldeído acético. Embora, para consumo humano, este é

produzido através da fermentação de carbohidratos vegetais (frutos, mel, cereais, grãos,

tubérculos), processo que sofre a influência de uma levedura, Saccharomyces cerevsiae,

presente de forma espontânea ou adicionada pelo homem, que tem como função acelerar

por acção catalítica a fermentação, para obtenção da bebida alcoólica (Lonzero, 2001).

Como resultado obtêm-se uma bebida com graduação alcoólica que pode atingir os 13 ou

14% (como por exemplo, o vinho, a cerveja, a água-pé, a cidra). Para se produzir bebidas

de percentagem superior, designadas por bebidas espirituosas (como por exemplo,

aguardente, whisky, gin, vodka, brandy), entre os 40 e 75%, é utilizado o processo de

destilação (por meio de um alambique).

A graduação alcoólica é a percentagem de álcool que uma bebida alcoólica contém. Esta

mede o conteúdo de álcool absoluto em 100cc de uma bebida, expresso em graus. Uma vez

que o etanol tem aproximadamente 0,8 de densidade é possível calcular as gramas de

álcool absoluto que uma bebida alcoólica possa conter, pela associação de factores como: o

volume de álcool, a graduação e a densidade (Quadro 1).

Quadro 1. Cálculo de gramas de álcool ingeridos

Diferentes bebidas apresentam concentrações alcoólicas distintas. Esta variação da

concentração de álcool nas diversas bebidas varia consoante os países em que são

fabricadas. Assim, e dependendo dos países, a cerveja pode conter entre 2% a 5% de álcool

puro, os vinhos contêm entre 10% e 19% e os licores entre 24% e 90%.

A forma de cálculo dos gramas de álcool é hoje em dia traduzida pelo conceito de

unidade-padrão (Babor et tal., 2001), sendo esta uma forma simplificada de calcular a

quantidade consumida de álcool, tanto diariamente como semanalmente.

Apesar das bebidas alcoólicas apresentarem diferentes graduações, os copos habitualmente

mais usados comportam quantidades idênticas de álcool (Mello, 2001), o que permite

volume ingerido em c.c. x graduação x 0,8

Gramas de álcool ingerido =

100

volume ingerido em c.c. x graduação x 0,8

Gramas de álcool ingerido =

100

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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afirmar que uma unidade-padrão de bebida alcoólica contêm cerca de 10 a 12 gramas de

álcool puro. Este facto permite fazer a quantificação de unidade-padrão de bebidas

consumidas, o que auxilia nos cálculos do total de bebidas consumidas diária ou

semanalmente (Quadro 2).

Quadro 2. Cálculo do consumo de álcool

O álcool é uma substância altamente aditiva, uma vez que o seu acesso é relativamente

fácil, pois é barato, é uma droga legalizada pelo que se encontra em qualquer

estabelecimento público para consumo (Borges, 2004).

1.2. Metabolismo do álcool

Segundo Schuckit (1998, p. 88) o álcool é absorvido rapidamente pelas membranas do

tubo digestivo, “(…) especialmente, pelo estômago e porção proximal do intestino

delgado”.

A concentração máxima no sangue de etanol pode variar de 30 a 90 minutos, havendo

factores que podem alterar a velocidade dessa absorção, por exemplo: a concentração da

bebida em álcool e a sua composição, o estado da mucosa gástrica e duodenal, a ingestão

simultânea de alimentos, nomeadamente açucares e leite, que podem prolongar a absorção

até três horas. Seguido da absorção, este entra na corrente sanguínea (por ser

hidrossolúvel) sem sofrer qualquer alteração química, sendo transportado para todos os

tecidos do organismo. Compreensivelmente, atinge em especial órgãos ricamente

Fonte: www.portaldasaude.pt

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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vascularizados, nomeadamente o fígado, o cérebro, os rins, o coração, os músculos, e

distribui-se em menor quantidade nos ossos e tecidos adiposos (Edwards, 2005).

Cerca de 5 a 15% do etanol absorvido é eliminado através dos pulmões, pela transpiração e

pela urina. O restante é excretado pelos órgãos internos do organismo, especialmente, pelo

fígado. A taxa de metabolização pelo fígado é variável, oscilando num indivíduo são, entre

60 e 150 mg/kg, por hora. Praticamente todo o álcool que se metaboliza no organismo

sofre um processo oxidativo, realizado no fígado (85-95% do álcool bebido) (Fernandez,

1982).

A cadeia enzimática (CH3-CH2OH CH3-HC=O CH3-COOH) é a tradução da

transformação do etanol em acetaldeído e depois em acetato. As enzimas responsáveis são

a desidrogenase do álcool (ADH) e a aldeído desidrogenase (ALDH), respectivamente.

Ambas utilizam como co-factor o par redox NAD/NADH (adenina nicotiamida). O

resultado final é a formação de dióxido de carbono e água (Lonzero, 2001).

Quando existe um consumo excessivo ou habitual, como acontece na tolerância ao álcool e

na dependência alcoólica, a actividade ADH pode estar comprometida e entra em

funcionamento o sistema microssomático do fígado para oxidação do etanol (MEOS –

microsomal ethanol oxidizing system) ou uma segunda opção, a do sistema catalase. Tem

como função transformar o álcool em acetaldeído, a primeira a partir de uma enzima

intra-mitocondrial, com o co-factor nicotinamida adenina dinucleótido fosfato hidrogenado

(NADHP). Por outro lado, no sistema catalase esta formação é feita na presença de água

oxigenada obtida no citosol e pela enzima catalase, sendo que apresenta-se pouco

vantajosa ao ser humano (Lonzero, 2001).

A alcoolémia ou concentração de álcool no sangue é máxima uma hora após a ingestão

desta. Ao fim, de cinco horas, lentamente vai ficando com valores normais, sempre que

não haja continuação do consumo. Se a quantidade ingerida for elevada, o processo de

ingestão-metabolização-eliminação é mais demorado, sendo que, a curva de alcoolemia

mantêm-se horizontal (taxa máxima) por várias horas e vai descendo muito lentamente

(Topor, 2007).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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1.3. Dependência, tolerância e abstinência alcoólica

A dependência do álcool tem uma ligação estreita com a tolerância e a abstinência

alcoólica. Este acontecimento, observa-se, no sentido em que, o indivíduo dependente

apresenta tolerância ao álcool, podendo fazer a sua actividade diária sob efeito deste e após

a cessação do efeito é denotável a sua falta, designando-se abstinência (Nunes, 2007).

Segundo Borges (2004), o processo de evolução de consumo social, para consumo abusivo

até à dependência, acontece lentamente, demorando entre 3 a 15 anos. O mesmo autor

afirma que as mulheres tornam-se dependentes mais rapidamente que os homens. Enquanto

que, pessoas com maiores níveis de educação e oriundas de famílias mais estáveis, este

processo é mais demorado. Segundo Alvarenga (2008), os homens tem maior risco de

sofrerem de dependência alcoólica, 10 a 17%, do que as mulheres, 5 a 8%, nos países

ocidentais. A dependência de álcool, definida por DSM-IV, são os comportamentos

repetidos e recorrentes do consumo de álcool em pelo menos três das sete categorias de

funcionamento, que surjam simultaneamente, num período de doze meses. Estas categorias

são:

1) Evidência de tolerância (necessidade de quantidades progressivas para obter o

efeito desejado);

2) Síndrome de abstinência alcoólica ou consumo de álcool para aliviar ou evitar os

sintomas de abstinência;

3) Desejo intenso ou compulsão (perda de controle) para consumir determinada

substância;

4) Desejos persistentes ou esforços, sem êxito, para diminuir ou controlar o consumo

de álcool;

5) Aumento do tempo dispendido em consumir, conseguir ou recuperar-se dos efeitos

de álcool;

6) Abandono progressivo de outros prazeres ou interesses, como actividades sociais,

ocupacionais ou recreativas, devido à utilização da substância;

7) Persistência no consumo de álcool, mesmo em situações em que é contra-indicado,

tanto físicos como psicológicos (por exemplo, depressão, black-outs, doença

hepática, cirrose alcoólica) (Alvarenga, 2008).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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Outra definição de dependência alcoólica foi apresentada pela OMS, como um estado

psíquico e/ou físico, proveniente do consumo de álcool, caracterizado por perda do

controlo de consumo de álcool, contínuo ou periódico com o objectivo de vivenciar efeitos

psíquicos e, algumas vezes, como forma de evitar os problemas associados à abstinência,

podendo ser presente ou não a tolerância (cit. in Lonzero, 2001).

O indivíduo, após consumo de quantidades consideráveis de álcool, inicia um processo de

tolerância à substância, o que significa que é capaz de manter a ingestão de álcool,

atingindo níveis de alcoolémia máximos, que em indivíduos não-dependentes os

incapacitariam (Nunes, 2007). Fernandez (1982) refere ainda que estes níveis de

alcoolémia não produzem no sujeito alterações da sua personalidade nem das suas funções

sensoriais e cognitivas. Estes indivíduos têm necessidade de aumentar a dose de consumo

para atingirem a intoxicação ou o efeito pretendido, sendo que, o efeito das mesmas doses

de substância diminui com o consumo continuado (Lonzero, 2001).

Segundo DSM-IV-TR (2002), a síndrome de abstinência caracteriza-se pela incapacidade

do consumidor interromper ou reduzir a utilização prolongada e maciça de álcool, que se

manifesta por dois ou mais dos seguintes sintomas, como aumento de tremores matinais

das mãos, hiperactividade autonómica (por exemplo diaforese ou pulsação superior a 100

batimentos por minuto), insónia, agitação psicomotora, sudorese, alucinações ou ilusões

visuais, tácteis ou auditivas transitórias; ansiedade, náuseas ou vómitos, e distúrbios do

humor, convulsões do tipo grande-mal (DSM-IV-TR, 2002).

Estes sintomas são aliviados após a administração de depressores do sistema nervoso

central ou do consumo de bebidas alcoólicas. Geralmente, os sintomas de abstinência

surgem quando as concentrações de álcool no sangue diminuem bruscamente, isto é, após

um período de quatro ou doze horas após a cessação ou redução do consumo. Como o

álcool tem uma curta semi-vida, os sintomas de abstinência do álcool atingem um pico de

intensidade ao segundo dia, melhorando gradualmente até ao quarto ou quinto dias. Após a

abstinência aguda, os sintomas (como, ansiedade, insónia, disfunção autonómica) podem

perdurar entre três a seis meses.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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Embora muitos indivíduos possam vir a sofrer de abstinência de álcool, apenas 10%

apresenta manifestações mais graves, como hiperactividade autonómica acentuada,

Delirium e tremores. Em menos de 3%, ocorrem convulsões do tipo grande-mal (DSM-IV-

TR, 2002).

1.4. Adição ao álcool

A adição provocada pelo consumo de álcool, normalmente designado por alcoolismo,

desenvolve-se de forma lenta ao longo do percurso de vida da pessoa, esta ocorre em

qualquer idade e habitualmente acontece em indivíduos com pouca patologia psicossocial

pré-mórbida (Borges, 2004).

Em 1849, o médico sueco Magnus Huss (cit. in Lonzero, 2001), define alcoolismo crónico

como uma doença desenvolvida pelo consumo exagerado e prolongado de bebidas

alcoólicas, levando a intoxicações crónicas, capazes de desenvolver quadros patológicos a

nível físico e psíquico e problemas familiares e sociais.

Segundo Secades (cit. in Nunes, 2007), o alcoolismo caracteriza-se por um estado de

dependência, em que o indivíduo perde o controlo de um consumo saudável, passando a

consumir desenfreadamente, sem reflectir nas consequências nefastas a nível fisiológico,

psicológico e social.

A definição desenvolvida pela OMS, desde os anos cinquenta, refere que é um consumo

crónico e continuado ou um consumo periódico de álcool que é caracterizada por uma

deterioração do controlo sobre a bebida, episódios frequentes de intoxicação e obsessão

pelo consumo apesar das suas consequências (Glosario de términos de alcohol y drogas,

1994). Em relação ao termo alcoólico, a OMS (cit. in Mello 2001), define:

“Alcoólicos são bebedores excessivos, cuja dependência em relação ao álcool se acompanha de perturbações

mentais, da saúde física, da relação com os outros e do seu comportamento social e económico.”

O consumo de bebidas de baixo teor de álcool, conjuntamente com as refeições, diminui a

absorção na corrente sanguínea e reduz a possibilidade de dependência alcoólica. Enquanto

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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que, o consumo de bebidas de teor de álcool elevado, sem ingestão de alimentos, aumenta

a absorção e a possibilidade de dependência. Quanto à sua eficácia enquanto tranquilizante,

o álcool, mesmo em doses reduzidas, interfere ao nível do sono e agrava a depressão. Pode

ser um tranquilizante, na medida em que, diminui o sentimento de culpa, promove um

relaxamento muscular e provoca alterações psicológicas.

Relativamente ao consumo de álcool, nem sempre consumir significa uma situação de

adição, já que pode-se distinguir três tipos de consumo, como: uso, abuso ou dependência

de álcool. Os critérios para o uso de álcool são: um indivíduo não exceder a quantidade

recomendada, alternar bebidas alcoólicas e não alcoólicas, não beber de estômago vazio,

não beber quando trabalha ou desenvolve actividades perigosas, beber acompanhado e

geralmente, o mesmo tipo de bebida, beber socialmente e não depender da bebida para se

divertir ou enfrentar os problemas. No que diz respeito aos critérios referentes ao abuso: o

indivíduo apresentar menos de 18 anos, exceder o consumo considerado adequado pela

OMS, beber em jejum, durante o trabalho ou actividades perigosas, beber se deprimido ou

irritado, e poder beber mesmo quando mais ninguém o está a acompanhar. Por último,

dependência caracteriza-se como perda de controlo de consumo, tolerância, dependência

ou síndrome de abstinência associado ao álcool (Nunes, 2007).

O abuso de álcool é potenciado se a pessoa se encontra desmoralizada, desconhece o seu

uso saudável ou se ingere sob influência dos pares; se a pessoa está geneticamente

predisposta ao abuso ou apresente personalidade com características anti-sociais; se se

encontra mal integrado socialmente ou que esteja a vivenciar situações dolorosas. Este

consumo, aumenta também quando o indivíduo não consegue beber de forma controlada e

saudável, quando esta é a droga recreativa de eleição, ou quando não apresenta nenhum

tipo de tabu quanto ao seu uso, ou esta seja disfuncional.

A profissão é um factor de risco para a adição ao álcool, principalmente quando esta está

fora dos rituais “normais” da sociedade e em ambientes de trabalho que contribuam para

este consumo.

O grupo de pares e a cultura na qual o indivíduo cresce têm influência na adição, já que no

primeiro é quase como uma moda a seguir e o segundo deve-se às atitudes culturais, ao

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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hábito de consumo fora das refeições, em ocasiões sociais, e à intoxicação por álcool ser

bem aceite ou não na sociedade. Também a instabilidade social tem enorme peso no

consumo, uma vez que as mudanças provocam constrangimentos que levam ao abuso

(Borges, 2004).

A predisposição genética e a proveniência de famílias com múltiplos problemas também

têm influência neste abuso, assim como as perturbações psiquiátricas. Nas perturbações

psiquiátricas existem três que aumentam o risco de adição, como a perturbação anti-social

da personalidade, a perturbação do pânico e a perturbação de hiperactividade com défice

de atenção. Embora, a depressão seja considerada como um possível risco, de acordo com

um estudo realizado por Vaillant (cit. in Borges 2004), afirma que a depressão não é a

causa, mas sim a consequência do alcoolismo.

1.4.1. Consequências da adição ao álcool

No que respeita às consequências a nível de saúde para o indivíduo que consome álcool,

verifica-se algumas complicações manifestadas por determinados sintomas dependendo do

sistema do organismo que afecta.

A nível psiquiátrico o consumidor apresenta alguns sintomas que indicam presença de

doença alcoólica, como: inquietação, ansiedade, insónia, irritabilidade fácil, humor

deprimido, angústia, todos eles sem motivos aparentes. Também apresenta queixas

psicossomáticas como: dispepsia, dores generalizadas, palpitações e dispneia, aumentando

a gravidade dos sintomas até agressividade, alterações de comportamento e perturbações

delirantes como ciúme ou paranóide.

No aparelho gastrointestinal pode aparecer os seguintes sintomas: esofagites, hérnias do

hiato, gastrites, úlceras gastroduodenais, esteatose hepática, cirrose hepática e pancreatites.

Já os sinais neurológicos são: neuropatias periféricas (carência de vitamina B), neuropatia

retrobulbar (carências vitamínicas), doença degenerativa do lobo cerebelar anterior,

síndrome de Wernicke-Korsakof, deterioração cognitiva, sintomas extra-piramidais,

disquinésias tardias, epilepsia.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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A nível hematológico manifestam-se problemas de anemia e trombocitopenia; a nível

cardíaco a cardiomiopatia; nos músculos surgem sintomas de miopatia; a nível sexual

ocorre diminuição da libido e impotência sexual. Por consequência do consumo de bebidas

alcoólicas, ocorrem doenças neoplásicas, como o carcinoma do pulmão, da orofarínge,

gastroduodenais, hepáticas e pancreáticas. De forma generalizada pode também levar ao

aparecimento de diabetes mellitus, desidratação e desnutrição graves, desequilíbrios

iónicos e metabólicos e encefalopatia hepática.

De acordo com Borges (2004), e sendo a pior das complicações, surge a morte, que afecta

cerca de um terço dos alcoólicos antes de completar 60 anos. A taxa de mortalidade em

qualquer idade é superior duas a três vezes em relação à população não-alcoólica. Em

relação às mortes antecipadas, estas ocorrem devido a suicídios, acidentes e doenças

cardiovasculares.

Por outro lado e não menos importante, este consumo também provoca complicações

familiares, laborais, jurídicas e sociais. A primeira é evidentemente preocupante, já que é

no seio da família que o consumidor começa a apresentar os primeiros sinais de

dependência, como as alterações de comportamento e psíquicas, virando-se sempre os

efeitos negativos em primeiro lugar para os que são mais queridos. A violência doméstica,

agressões, conflitualidade, violação são algumas das consequências desta patologia que

levam muitas das vezes à destruição de famílias.

As complicações laborais são evidentes num indivíduo que apresenta uma alta taxa de

absentismo. Este inicialmente apresenta cansaço fácil, desinteresse, falta de forças, e

posteriormente começa a ter dificuldade no cumprimento das suas obrigações, piorando o

seu desempenho. Surge, desta forma um aumento do risco de sinistralidade no trabalho e

mais conflitualidade entre colegas e superiores hierárquicos.

O aumento de problemas legais relacionados com o álcool são uma preocupação social,

uma vez que, cada vez mais ocorrem casos de condução sob efeito de álcool, sinistralidade

rodoviária, crimes de violência doméstica, violação, agressão e homicídios.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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Por fim, as complicações sociais apresentam-se no sentido em que um consumidor, ao

evoluir a sua doença, caminha para a pobreza e desinserção social, chegando muitas das

vezes à situação de sem abrigo. Sendo uma doença que leva a deterioração mental e

cognitiva podem ocorrer casos em que percam capacidade de realizar as actividades

normais ou recuperar a sua vida autónoma, levando à necessidade de pessoas que lhes

prestem os cuidados para melhor qualidade de vida.

1.5. Dados epidemiológicos

A Europa é a região do mundo onde se consome mais bebidas alcoólicas. Geralmente a

bebida mais frequente de consumo é na forma de cerveja (44%), vinho (34%) e licores

(23%). Na União Europeia pode-se constatar que os países nórdicos e da Europa Central,

ao contrário do Sul da Europa, bebem fundamentalmente vinho (com excepção da

Espanha, que também é a cerveja a bebida mais consumida).

Na maioria dos países constituintes da União Europeia, 40% do consumo acontece ao

jantar. Contudo, nos países do sul, os consumos são maiores ao almoço. Também existem

diferenças na frequência dos consumos, sendo diário nos países do sul e não-diário nos da

Europa Central.

O acto de beber até à embriaguez varia entre os diferentes países europeus, assim, em

média os adultos bebem em demasia 5 vezes por ano e bebem 5 ou mais bebidas numa

mesma ocasião (binge driking) numa média de 17 vezes por ano. O consumo de álcool é

promotor de graves problemas tanto sociais como pessoais. A despesa total na Europa é

cerca de 17 biliões de euros, dos quais 5 biliões são investimento em prevenção e

tratamento do consumo nocivo de álcool e da dependência alcoólica (Andersen, 2006).

Dos problemas associados ao álcool deve-se ter em conta as mortes que ocorrem, bem

como a perda de potencial produção. Esta droga causa mais de 10% da mortalidade em

mulheres jovens e cerca de 25% da mortalidade em jovens do género masculino.

De acordo com o relatório de 2007 do Eurostat, citado no Portal do Instituto Nacional de

Estatística (www.ine.pt), Espanha apresentou, entre os países da União Europeia, a menor

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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percentagem de indivíduos entre os 25 e os 44 anos que nos últimos 12 meses beberam

alguma bebida alcoólica (72,1% de homens e 51,8% de mulheres). No que se refere à faixa

etária 45 a 64 anos, o consumo de alguma bebida alcoólica nos últimos doze meses

apresentou uma mais baixa percentagem em Espanha para o género masculino (74,1%) e

em Portugal para o género feminino (45,7%).

Dados relativos ao consumo de álcool em Espanha revelam que é o quarto país mundial

que consome mais álcool per capita. Cada espanhol consome, em média, 10,8 litros de

álcool por ano; quase 4% da população (1.600.000) consome durante o dia mais de 100

gramas e cerca de 70% da população em geral consome álcool regularmente. Como já

referido anteriormente, este país tem vindo a aumentar o seu consumo de cerveja e

destilados, e consequentemente, diminuído o consumo de vinho. Uma preocupação

presente tem sido o início de consumo da população nos adolescentes e o aumento também

deste nas mulheres.

Também em Espanha tem aumentado os problemas relacionados com o álcool, sendo estes,

quase metade acidentes de viação e violência, como homicídios, suicídios, incêndios e

acidentes de trabalho e domésticos. Relativamente aos problemas físicos e de saúde, 20%

dos doentes internados nos serviços sofrem de uma patologia agravada devido ao consumo

de álcool. Esta substância é a terceira causa de morte em Espanha (Lonzero et al., 2001).

No que diz respeito a Portugal, o desenho do consumo de álcool é representado num

quadro também pouco favorável. Segundo Mello (2001) a população portuguesa têm vindo

a aumentar o consumo cerca de 10% desde 1970. Actualmente, Portugal ocupa o sétimo

lugar de maior consumo de álcool per capita. Assim sendo, devido a esta problemática, o

alcoolismo, representa um dos grandes problemas de saúde pública, já que existem cerca

de 10% da população dependentes do álcool (580.000 doentes) e 750.000 consumidores

excessivos. Cada indivíduo consome em média 58,6 litros de cerveja, 43 litro de vinho e

aproximadamente 1,4 litros de bebidas destiladas. O consumo desta substância é usado,

pelo Homem, desde tempos primordiais e é hoje utilizado como um processo de

socialização e de globalização.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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2. Consumo de álcool em profissionais de saúde (Enfermeiros)

A Enfermagem é uma profissão que tem o seu exercício regido por uma deontologia, para

que esta possa sempre actuar de acordo com regras: os direitos e deveres. Os profissionais

de enfermagem comprometem-se a exercer as suas funções em benefícios do

indivíduo/comunidade, assim sendo, individualmente tem que cumprir com os mesmos.

Ordem dos Enfermeiros (2009) tem no seu Capítulo VI duas Secções: a Secção I centra-se

nos Direitos, Deveres em geral e nas Incompatibilidades, e a Secção II enquadra o Código

Deontológico do Enfermeiro. Devida a ponderação deste documento relativamente à

profissão é de salutar importância referir aspectos aos quais os enfermeiros devem se reger

na sua actividade. A alínea c) do nº 3 do art.º 78º diz que é princípio orientador da

actividade dos enfermeiros a excelência do exercício na profissão em geral e na relação

com os profissionais (Ordem dos Enfermeiros, 2009). Esta “excelência do exercício” diz

respeito à meta de qualidade no cuidado prestado numa perspectiva holística da Pessoa.

Não basta saber que os utentes têm direito a ser “tratados pelos meios adequados,

humanamente e com prontidão, com correcção técnica, privacidade e respeito”, mas é

necessário que, no concreto, a prestação de cuidados seja boa, enquanto zelosa e

competente (Ordem dos Enfermeiros, 2003).

O artigo 88º fala da excelência do exercício. Diz que o enfermeiro procura essa excelência,

e assume o dever, conforme a alínea f), de se abster de exercer funções sob a influência de

substâncias susceptíveis de produzir perturbações das faculdades físicas ou mentais

(Ordem dos Enfermeiros, 2009), sendo estas substâncias o álcool e/ou substâncias

psicoactivas. Estas substâncias provocam perturbações, que mesmo em doses

relativamente pequenas, potenciam efeitos indesejáveis e comprometedoras,

condicionando o tempo de reacção, a capacidade de atenção e o controlo motor, cuja

duração de acção depende de indivíduo para indivíduo. Desta forma, o indivíduo que está

sob este efeito estará menos apto a nível psicomotor e menos seguro para o exercício das

suas funções no serviço; no caso dos enfermeiros, estas perturbações condicionam o

desempenho técnico e humano, podendo colocar o utente ao seu cuidado numa situação de

risco ou vulnerabilidade (Ordem dos Enfermeiros, 2003).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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2.1. Cuidar em Enfermagem e o desgaste provocado pela profissão

Enfermagem é uma profissão digna de profissionais qualificados, que têm como foco o

ser humano, trabalhando em união para manter o bem-estar, tal como cada pessoa o

define, ajudando a seleccionar os comportamentos mais adequados para desenvolver a sua

capacidade de viver ou tentar compensar o prejuízo das suas funções limitadas pela

doença, acidente, idade avançada, maternidade, entre outros.

Segundo o REPE (2006), Enfermagem é uma profissão na área da saúde, que tem como

objectivo prestar cuidados de enfermagem ao ser humano, são ou doente, ao longo do seu

ciclo vital, com a finalidade de manter, melhorar ou recuperar a sua saúde, de forma a

alcançar a sua máxima capacidade funcional no menor tempo possível.

Um ideal para Enfermagem é a manutenção da dignidade e respeito pelos doentes, como

pessoas, e a sua finalidade é proteger, promover e preservar a dignidade humana. Assim

sendo, o seu exercício profissional centra-se na relação interpessoal entre o enfermeiro e

uma pessoa ou entre o enfermeiro e um grupo de pessoas (família ou comunidade).

Hoje em dia os utentes são entendidos numa perspectiva holística, a quem se conhece

direitos fundamentais, como sejam, a vida, a morte, a dignidade, a identidade, a liberdade e

a autonomia.

O contexto do cuidar é um elemento decisivo para que a Enfermagem se apresente com as

suas intervenções interdependentes e autónomas bem fundamentadas, tanto do ponto de

vista científico e técnico, como também nas suas vertentes relacionais. Só integrando estas

múltiplas exigências se contribui para um verdadeiro profissionalismo e se garante aos

cidadãos a qualidade de cuidados a que têm direito (REPE, 2006).

Assim, não se pode esquecer que a pessoa que faz a Enfermagem é o Enfermeiro. Segundo

o REPE, artigo 4º, define enfermeiro como:

“O profissional habilitado com um curso de enfermagem legalmente reconhecido, a quem foi

atribuído um titulo profissional que lhe reconhece competência científica, técnica e humana para a

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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prestação de cuidados de enfermagem gerais ao indivíduo, família, grupos e comunidade, aos níveis

da prevenção primária, secundária e terciária ”.

O Enfermeiro é por excelência o prestador de cuidados de enfermagem, aquele que cuida,

quer de si, quer dos outros e na opinião de Hesbeen (2000), os verdadeiros artífices dos

cuidados. Ser prestador de cuidados exige espírito profundo e genuinamente humano,

tendo consciente o respeito pelo outro e pelas acções pensadas e criadas para executar a

qualquer indivíduo ou comunidade (Hesbeen, 2000).

Cuidar é a essência da enfermagem, e de acordo com Collière (1999) é uma necessidade

imperiosa, pois é importante cuidar da vida para que esta possa permanecer. A autora

(1999, pp. 235-236) refere que Cuidar é:

“um acto individual que prestamos a nós próprios, desde que adquirimos autonomia mas é,

igualmente, um acto de reciprocidade que somos levados a prestar a toda a pessoa que, temporária

ou definitivamente, tem necessidade de ajuda para assumir as suas necessidades vitais”.

Para Hesbeen (2000, p.10) cuidar é uma “atenção especial que se vai dar a uma pessoa

que vive uma situação particular”, contribuindo, desta forma, para o seu bem-estar e

promoção da sua saúde. Assim, este autor afirma ainda que “a prática do cuidar é uma arte

e não uma ciência”, ou seja, apesar de o prestador de cuidados ser possuidor de uma

aglutinação de conhecimentos científicos, tais como saber-saber, também tem de possuir o

saber-estar e o saber-ser, intuições e destreza manual, sempre com o objectivo de ajudar

os indivíduos.

No processo do cuidar, Collière (1999), afirma que a pessoa que presta os cuidados

acompanha o indivíduo nas dificuldades da vida, no seu sofrimento, em determinadas

passagens mais angustiantes, nos momentos de crise e que tem de ser capaz de os viver e

acima de tudo ser capaz de ter a coragem para reconhecer que estas situações dolorosas

acontecem.

Colliére e Hesbeen revelam uma preocupação pelos profissionais de enfermagem, já que

estes cuidados podem se tornar desgastantes, pois é “o profissional prestador de cuidados

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Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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que, dia a dia, lida com a realidade da vida, com interrogações, com inquietações e até

com o sofrimento do doente e dos seus familiares” (Hesbeen, 2000, p.11).

“Cuidar situa-se na encruzilhada do que permite viver e do que está a morrer…” (Collière,

2003, p.195). Os prestadores de cuidados têm que ter conhecimentos fundamentais sobre

a dinâmica dos fenómenos da vida e aprender a lidar com as passagens e os ritos da

mesma.

Uma das consequentes falhas dos prestadores de cuidados não se prendem aos maus

cuidados que estes prestam ao utente, mas sim às dificuldades que os enfermeiros

apresentam para recuperar e reconstruir os seus recursos afectivos, emocionais, físicos,

intelectuais e espirituais, que podem ser afectados pelo desenvolvimento profissional.

Estes também necessitam de cuidados, de restabelecer as suas forças, de expressarem os

seus sentimentos e emoções, para melhor prestarem os cuidados vitais à população.

Preocupada com esta realidade, Collière (2003, p.195) exprime esta inquietude com as

seguintes palavras “Cuidar é comunicar vida e é impossível revivificar os doentes e quem

presta cuidados perde a sua própria saúde, esgota as suas forças de vida”.

A profissão de enfermagem pode ser gratificante e satisfatória, contudo é uma profissão

com um nível de desgaste elevado tanto a nível psicológico, como físico. Segundo Walund

(cit. in Gaspar, 1997) os hospitais são “empresas produtoras de stress” e os enfermeiros são

os sujeitos mais evidentes desta tensão.

Para ultrapassar as questões de desgaste profissional, nem todos os enfermeiros estão

preparados para responder eficazmente aos sinais de alarme do seu organismo, e dessa

forma, evitarem/diminuírem as consequências provocadas pelo desgaste.

Embora, os profissionais de enfermagem sejam licenciados e com grau de conhecimento

elevado, muitas vezes, em vez de procurarem “suporte” para relaxarem do exaustivo e

exigente trabalho, deixam-se levar pelas “tramas”do consumo de álcool (Correia, 2007).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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2.2. O consumo prejudicial de álcool nos Enfermeiros

O consumo de álcool entre os profissionais de enfermagem é um grave problema tanto para

as instituições de saúde, como para a qualidade dos cuidados prestados por estes e também

a nível pessoal.

Segundo Trinkoff (1998) nos Estados Unidos da América existem aproximadamente

quarenta mil enfermeiros que sofrem de alcoolismo. O mesmo significa que cerca de 10%

dos profissionais de Enfermagem abusam de álcool, e que 6% tenham sérios problemas

com interferência na sua prática diária (Dunn, 2005).

Dados da ANA revelam que entre 6 a 8% dos enfermeiros consumidores de álcool têm a

sua performance profissional comprometida (Daprix cit. in Talbert). Este

comprometimento deve-se há incapacidade destes actuarem adequadamente nas suas

funções vitais no seu trabalho diário.

Devido à importância desta problemática tem se desenvolvido estudos que demonstram a

prevalência e os factores envolventes no consumo de álcool nos enfermeiros. Existem

numerosas razões para o consumo de álcool entre os enfermeiros. Entre eles poder-se-á

referir a história familiar do enfermeiro que envolva comprometimento emocional,

alcoolismo, uso de drogas e/ou abusos a nível emocional. Tudo isto pode contribuir para

uma baixa auto-estima que consequentemente leva o enfermeiro a refugiar-se no trabalho,

excedendo limites e possível competitividade, fruto de recalcamentos emocionais e

familiares (Monahan, cit. in Talbert 2009).

Vários estudos revelam que cerca de 80% dos enfermeiros têm familiares que apresentam

ou apresentaram problemas com o consumo de álcool. Ao presenciarem o consumo

excessivo de álcool pelos familiares durante a infância, assimilam este acto como normal e

posteriormente a escolha de profissão de enfermagem deve-se à vontade de querer

continuar a assumir um papel de prestador de cuidados, papel este dirigido aos familiares

(Dunn, 2005).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

36

O stress no local de trabalho pode ser outra explicação para o abuso de álcool nos

enfermeiros. O aumento de carga de trabalho, a falta de pessoal nos serviços, os turnos

rotativos, mais do que um local de trabalho, horas extraordinárias obrigatórias e mudanças

frequentes de serviço para serviço, contribuem para sentimentos de fadiga, alienação e

stress (Monahan, cit. in Talbert 2009).

Muitos dos enfermeiros assumem que consomem álcool para promover o sono, devido a

horários rotativos, pois estes causam instabilidade nos padrões do sono, ocorrendo muitas

vezes privação do mesmo (Lots of essays).

Na formação do enfermeiro este é quase como “auto-programado” para controlar

sentimentos e emoções, o que leva a que este não consiga exprimi-los adequada e

ponderadamente, levando-o a uma sobrecarga emocional e consequente fadiga.

Por outro lado, quando existem situações problemáticas os enfermeiros deparam-se com

falta de apoios para a resolução das mesmas e falta de reconhecimento quando conseguem

superar de forma positiva estas situações.

A discrepância entre o número de utentes e o número de enfermeiros podem levar a um

excesso de trabalho, tendo estes que executar os mesmos cuidados em tempo útil (Dunn,

2005).

Ao classificar-se o alcoolismo como dependência pode-se deduzir que o enfermeiro ao

desenvolver a sua actividade possui conhecimentos relativamente à forma como as drogas

actuam no organismo, ou seja, muitos deles admitem que possuem controlo sobre as

consequências negativas ao uso destas, uma vez que estão tão familiarizados com os

efeitos e consequências das drogas. Equipara-se aqui as drogas ao álcool e a sua inter-

relação, pois ambas podem ser utilizadas como meio de resposta a todos os factores de

trabalho exaustivo e desgastante que acima se menciona (Raia, 2004).

A insuficiência salarial também se pode apresentar como factor de insatisfação para estes

profissionais, levando a um agravamento do consumo de álcool. Este descontentamento

deve-se ao facto destes técnicos de saúde despenderem muitas horas de trabalho em

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

37

horários rotineiros, fora de parâmetros normais da sociedade o que consequentemente leva

a uma vida social reduzida, e à falta de oportunidades de lazer. Por sua vez esta pouca

disponibilidade dificulta as relações inter-pessoais aumentando a vulnerabilidade dos

enfermeiros.

A fim de cuidar de si é preciso autoconhecimentos e a auto-valorização do enfermeiro

como ser humano que age, reage e interage com o meio, procurando estratégias que

reponham energias físicas e mentais (Zeferino et al., 2006).

Conviver com a morte e a ansiedade a ela relacionada, faz parte do quotidiano dos

profissionais de enfermagem. Contudo, embora faça parte do ciclo natural da vida, a morte

ainda nos dias de hoje é uma vivência bastante controversa, por vezes evitado e por muitos

não compreendido, gerando medo e ansiedade (Dunn, 2005).

Para a enfermagem, vivenciar na prática e cuidar de doentes em situações muito graves e

de morte eminente são um grande desafio (Santos, 1996). Tal facto se explica pelo

compromisso que assume com a sociedade por ter em seus ideais a preservação da vida. É

provável que esta seja a questão mais difícil e delicada para os enfermeiros, pois toda a

actuação dos técnicos de saúde é em direcção ao bem-estar, saúde e à vida. E, subitamente,

deparam-se com o seu reverso, a perda, a morte e o fim (Figueiredo, 1995).

Pouco se fala sobre a morte porque ela é uma evidência do nosso limite, da nossa

fragilidade enquanto humanos. A proximidade que liga o enfermeiro ao doente leva com

que este primeiro sofra com tal situação, contudo este sofrimento é “mascarado” pelas

rotinas diárias. A tentativa de afastar sentimentos e receios, de forma a isolá-los,

minimizando as suas tensões é feita com o objectivo de não prejudicar o doente que está a

ser cuidado. Este pode ser considerado como mecanismo de autoprotecção para evitar a dor

psicológica e problemas emocionais demasiado complexos, assim como pode utilizar o

consumo de álcool com o mesmo intuito (Dunn, 2005).

Trinkoff (1998) afirma que, segundo vários estudos, não existe maior risco de consumo de

álcool nos enfermeiros que na população em geral, embora Dunn (2005) acredite que este

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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consumo seja paralelo. Contudo, podem existir subgrupos dentro de enfermagem que são

mais susceptíveis ou vulneráveis ao abuso de álcool.

Vários estudos demonstram maior incidência de abuso de álcool pelos enfermeiros de

serviços com doentes críticos dos que não se encontram nesta situação. Uma teoria para

esta problemática deve-se ao facto de as pessoas que trabalham nestes serviços (os críticos)

possuírem traços na personalidade característicos, dirigidos a situações extremas de stress e

impulsividade, que se encontram no cerne de busca de sensações e emoções muitas vezes

ligados às situações inesperadas entre a vida e a morte (Dunn, 2005).

O consumo de álcool nos profissionais destes serviços deve-se, também, pela natureza do

trabalho, pois lidam frequentemente com a morte, a um ritmo imprevisível ou intervenções

imediatas e pesados turnos e horários.

Com vista a desenvolver o tema Trinkoff (1998) produziu uma investigação sobre o tema

de consumo de cocaína, fármacos psicotrópicos, tabaco e álcool nos enfermeiros, tendo

como inquiridos 4438 enfermeiros. Esta amostra foi predominantemente do sexo feminino

(56%), com uma média de idades de 44,3 anos, em que a maioria era casada (74%). As

especialidades mais frequentes foram: Médico-cirúrgica (17%), seguido de Saúde

Comunitária (12%) e Unidade de Cuidados Intensivos (11%). Dos enfermeiros inquiridos

16% relataram consumo de álcool. A especialidade com maior prevalência de consumo foi

o serviço de Oncologia com uma taxa de 42%, seguido de psiquiatria com 40% e Serviço

de Urgências e Unidade de Cuidados Intensivos, ambos com 38%.

Em Portugal, Correia (2007) desenvolveu o estudo “Os factores predisponentes do

consumo de substâncias psicotrópicas em Enfermeiros” e dos 264 elementos inquiridos, a

maioria da amostra foi do sexo feminino (73,9%), maioritariamente casados (56,1%) e com

idades compreendidas entre 21 e 60 anos, média 30 anos; relativamente, ao tempo de

serviço, 62,1% trabalhavam há mais de 10 anos, e 90,9% são enfermeiros prestadores de

cuidados; quanto ao consumo de álcool concluiu que 208 enfermeiros consumem álcool,

mas apenas 22 (8,3%) tem um consumo potencialmente dependente; por fim, referiu que

os motivos apresentados pelos enfermeiros para o consumo foi “conviver com amigos”,

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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“ter problemas com familiares” e “sentir-se relaxado” e que estes consumiam em casa de

amigos, na própria habitação e ocasionalmente no local de trabalho.

Segundo Dunn (2005) consumo de álcool excessivo no serviço de Oncologia actua como

mecanismo de ajuda para auxiliar os enfermeiros no distanciamento da dor emocional que

a experiência ao trabalhar com pessoas com cancro pode acarretar.

Tal como acima se refere, o serviço de psiquiatria também se apresenta como uma das

especialidades que possui elevados níveis de consumo de álcool, uma vez que a auto-

medicação para estes é mais aceitável. Estes profissionais encaram a medicação

psicotrópica como forma de resolução dos problemas vivenciais. Para além disso, os

enfermeiros desta área encontram-se mais predispostos a assumir o consumo do que os das

outras especialidades pois entendem isto como uma forma aceitável de tratamento.

As especialidades que se apresentam com menores taxas de consumo de álcool são a Saúde

da Mulher e da Criança. Isto deve-se à falta de disponibilidade de fármacos e ao facto de

serem um grupo que consegue ser emocionalmente expressivo. Esta situação releva para o

facto de que as pessoas que são capazes de expressar os seus sentimentos podem ter

menores necessidades de consumo de drogas.

Apesar de todos os factores negativos acima mencionados, estudos revelam que embora os

enfermeiros tenham dificuldades em admitir os próprios problemas, em geral, os que

abusam de substâncias são queridos e respeitados no local de trabalho. São brilhantes e

altamente qualificados, ambiciosos e muito metódicos, além de exigentes com o seu

trabalho apresentando-se com máxima responsabilidade e empenho (Dunn, 2005).

É de notar a facilidade e o sucesso conseguido pelos enfermeiros que consomem bebidas

alcoólica em disfarçar ou esconder este problema. No entanto, por vezes, técnicos

especializados em abusos de substâncias conseguem ser mais ardilosos e astutos a

patentear estes problemas (Raia, 2004).

Os enfermeiros podem apresentar sinais e sintomas que podem ser gerais e específicos. Por

sua vez, estes podem-se dividir em três grupos, os físicos, os comportamentais e os

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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ocupacionais. Relativamente ao nível físico encontram-se os seguintes sintomas: tremores,

lacrimejo, discurso incoerente, diaforese, hálito a álcool, pupilas dilatadas, marcha instável,

corrimento nasal, perda ou ganho de peso e mudança e cuidados pessoais. Seguidamente,

apresentam-se os sinais comportamentais: alteração de humor, risos inapropriados,

hiperactividade/sedação, depressão, incapacidade de concentração e/ou lapso de memória,

diminuição da visão ou visão turva, acidentes/emergências, problemas de relacionamento,

dores físicas e insónias. Por último, ocupacionalmente o absentismo e atrasos laborais, a

dificuldade de completar tarefas em tempo útil e o descuido de documentação e/ou

desempenho inaceitável também revelam fortes sinais. Alem destes, também relevam

constantes idas ao WC, ausências do serviço sem autorização, nem explicação, erro de

medicação e falhas nos cuidados, isolamento nas relações inter-pessoais/laborais e por fim

alterações de humor após horário de refeições pessoais (Dwyer, 2002).

O consumo continuado e excessivo pode afectar nefastamente o atendimento ao paciente e

a segurança deste, a reputação da instituição a que o técnico de saúde pertence, bem como,

a própria profissão de enfermagem e a nível pessoal (Grauvogl, 2005).

No desenvolvimento da actividade laboral o enfermeiro pode demonstrar hábitos de

trabalho negativos ou inadequados. Este cenário quando atinge este patamar é facilmente

detectado pelos colegas, deparando-se estes com um grande dilema que poderá trazer

consequências graves ao consumidor (Zeferino et al., 2006).

Este dilema apresenta-se sobre duas vertentes: ética e profissional. No que concerne à

vertente ética, a partir do momento em que o enfermeiro transgride os valores eticamente

morais passa a pertencer a campo da violação. Por sua vez e consequentemente esta

violação traduz-se em comportamentos desviantes àqueles que são profissionalmente

realizados. De acordo com este problema os colegas que descobrem estas situações

deparam-se com o problema e incógnita se denunciam ou não este comportamento ilícito

(Grauvogl, 2005). Sendo os enfermeiros profissionais de saúde actuam com maior

severidade e punição entre colegas que consomem álcool do que com a população em

geral, isto acontece porque estes são considerados profissionais de confiança, pois estes

têm nas suas mãos a vida dos seus doentes (Dunn, 2005).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

41

3. Instrumentos de avaliação do padrão de consumo de álcool

Os instrumentos breves de avaliação de consumo de álcool destinam-se a identificar os

indivíduos que apresentam problemas relacionados com o uso ou abuso de álcool e os

padrões de consumo. Destacam-se pela rápida e simples aplicabilidade, sendo exemplos, o

CAGE (Cut-down, Annoyed, guilt and Eye-opener), o AUDIT (The Alcohol Use Disorders

Identification Test) e o SMAST (Short Michigan Alcoholism Screening Test).

Estes instrumentos são indicativos de que um indivíduo possa ou não estar em risco de

desenvolver uma determinada patologia, contudo não pode ser utilizado para diagnóstico

ou avaliação de pessoas em fase de tratamento. A escolha do instrumento de avaliação de

consumo de álcool é planeada consoante a adequação com os objectivos de cada teste, a

população a aplicar, as necessidades de formação por parte dos profissionais que os

aplicam, entre outros. Embora sejam vantajosos no sentido de alertar para situações

problemáticas com o uso de álcool, deve-se ter em conta a margem de erro de cada

instrumento e ter em conta a especificidade e sensibilidade destes, pois a maioria apresenta

alguma variação nestas características, de acordo com o setting e a população questionada.

3.1. AUDIT (The Alcohol Use Disorders Identification Test)

Em 1982, a OMS pediu colaboração a um grupo de investigadores internacional para

desenvolver um instrumento de rastreio simples de consumo de álcool.

Assim, em 1989, surgiu a primeira edição do AUDIT com o objectivo principal de

averiguar atempadamente pessoas com problemas de álcool e particularmente para ajudar

os profissionais de saúde a possíveis com este problema e desta forma, possam contribuir

com a diminuição ou o fim desse consumo.

Este teste pode ser utilizado por profissionais de saúde ou por investigadores que

pretendam desenvolver a temática álcool.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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Neste teste, centra-se com importância, de que quando há reconhecimento precoce de um

consumidor, com consumo prejudicial ou de risco, poder-se-á assim, depois deste, actuar

no sentido de reduzir ou acabar estes consumos e assim evitar as consequências

prejudiciais do mesmo.

A razão pela qual se efectua o rastreio do consumo de álcool nos indivíduos concentra-se

no facto de que o consumo excessivo de álcool pode provocar riscos e danos nefastos para

o indivíduo. O consumo diário elevado, os episódios repetidos de beber até à intoxicação,

são episódios que provocam danos, problemas físicos ou mentais e resultam na maioria de

adição ou dependência. Estes consumos geram grandes sofrimentos ao consumidor, família

e amigos, sendo das principais causas de término de relações conjugais, acidentes,

internamentos, incapacidade prolongada e morte prematura. Os problemas relacionados

com o consumo de álcool representam actualmente, um elevado dispêndio económico em

todo o mundo.

O AUDIT permite identificar se a pessoa apresenta os seguintes consumos:

Consumo de risco, é um padrão de consumo que aumenta o risco de consequências

adversas para o consumidor ou restantes. Os padrões de consumo de risco têm

relevância para a saúde pública embora o indivíduo ainda não tenha experimentado

nenhum transtorno.

Consumo prejudicial, é aquele que tem consequências para a saúde física e

mental, podendo também incluir consequências sociais entre os danos provocados

pelo consumo de álcool.

Dependência de álcool, refere-se ao conjunto de fenómenos de conduta, cognitiva

e fisiológica que podem aparecer após o consumo repetido de álcool. Os fenómenos

podem ser: desejo intenso de consumir álcool, dificuldade para controlar o

consumo, persistência do consumo apesar das consequências, dar prioridade ao

consumo em vez de outras actividades e/ou responsabilidades, aumento da

tolerância ao álcool e abstinência física quando o consumo é interrompido.

A maioria dos consumidores excessivos são diagnosticados, ao fim de algum tempo,

quando estes apresentam sintomas ou problemas decorrentes do consumo. Estes sintomas

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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podem incluir diversas doenças, transtornos e lesões, até mesmo, problemas sociais e

legais. Quanto às doenças associadas pode-se encontrar cancro da boca, esófago e laringe,

cirrose hepática e a pancreatites, malformação fetal, hipertensão, gastrite, diabetes mellitus,

enfarte cerebral (que podem agravar devido aos consumos breves ou ocasionais),

transtornos mentais, como a depressão, lesões por acidentes de viação, quedas decorrentes

de problemas laborais (consequência do excessivo consumo). Estes riscos dependem da

quantidade consumida e do padrão de consumo, embora nem todos os problemas

acontecem somente às pessoas dependentes, podendo acontecer também aos que não são

dependentes. A identificação dos consumidores, segundo os tipos e graus, tornam-se

importantes no sentido em que se pode reduzir todos os problemas. Na verdade, os

problemas de saúde surgem quando existe uma dependência grave, como por exemplo, o

consumo de 20-40 gramas por dia, no entanto, os problemas mais frequentes estão

associados a acidentes, lesões e múltiplos problemas sociais quando se encontram com esta

alcoolémia.

Segundo AUDIT, os factores associados ao desenvolvimento de problemas com álcool são

o desconhecimento dos limites de consumo e os riscos associados ao consumo excessivo,

as influências sociais e ambientais, costumes e actividades que contribuam para o

consumo. A natureza do risco difere da idade, do género, do contexto do consumo e padrão

do mesmo, assim como, dos factores socioculturais, tendo interferência na definição e na

expressão que os problemas relacionados com o álcool apresentam em cada.

O AUDIT apresenta vantagens, já que é validado em 6 países, sendo o único desenvolvido

para aplicação a nível internacional. Este identifica o consumo de risco, o prejudicial e a

dependência; é breve, rápido e flexível; é consistente com as definições do CID-10,

relativamente, aos conceitos de dependência e consumo prejudicial de álcool e centra-se no

consumo recente de álcool.

Quanto à sua aplicabilidade este pode ser em questionário ou por entrevista, sendo

necessária uma breve explicação do tipo de pergunta e resposta, podendo ser aplicado em

separado ou em combinação com outros testes de saúde em geral.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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É composto por dez perguntas que tencionam verificar a ingestão diária de álcool, a

frequência de consumos de seis ou mais bebidas por episódio de consumo e identificar se

presente, os consumidores de risco dos de consumo prejudicial. Cada pergunta tem uma

série de cinco respostas a escolher e cada resposta tem uma escala de 0 a 4,

respectivamente. Por fim, somam-se todas as questões e obtêm-se o score total do AUDIT.

A interpretação detalhada da pontuação tem o seguinte significado: pontuação igual ou

maior a 1 na pergunta 2 ou na pergunta 3 indica um consumo de risco; uma pontuação

acima de 0 nas perguntas 4 a 6 (especialmente com sintomas diários ou semanais) implica

presença ou o início de dependência alcoólica; os pontos obtidos nas perguntas 7 a 10

indicam que o individuo já vivenciou problemas relacionados com o álcool.

Ainda não existem investigações suficientes para estabelecer o limite do score que

corresponde a consumidores de risco, do consumo prejudicial ou da dependência, contudo,

os estudos sobre esta problemática recomendam a seguintes interpretações e actuações

segundo os scores:

Pontuações do AUDIT entre 0 e 7 - representam consumo de baixo risco ou

abstinência; deve-se incidir sobre a educação para a saúde.

Pontuações do AUDIT entre 8 e 15 – representam um nível médio de problemas

com álcool; deve-se aconselhar a importância da redução do consumo de álcool.

Pontuações do AUDIT superiores a 16 - representam um nível elevado de

problemas com álcool; quando perante valores de 16 a 19 deve-se sugerir uma

terapia breve e monitorização continuada; se valor igual ou superior a 20 são

necessárias, além das intervenções da anterior, avaliações diagnósticas mais

pormenorizadas da dependência alcoólica.

Estas conclusões sobre os resultados devem ser analisadas juntamente com a história

clínica, a condição clínica do indivíduo, antecedentes familiares de problemas com álcool e

a honestidade às respostas dadas.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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II- FASE METODOLÓGICA

A investigação científica é constituída por um conjunto de procedimentos organizados e

rigorosos, no sentido de fornecer novos conhecimentos (Fortin, 1999). O investigador, para

obter respostas válidas e fiáveis para as questões de investigação, elabora um desenho de

investigação. Este projecto permite diminuir os riscos da ocorrência de problemas que

possam prejudicar os resultados e ao mesmo tempo, aumenta a segurança na validade dos

mesmos (Fortin, 1999).

Assim, na fase metodológica, segundo Fortin (1999, p.40) “(…) o investigador determina

os métodos que utilizará para obter as respostas às questões de investigação colocadas ou

às hipóteses formuladas”, ou seja, descrevem-se todos os métodos e técnicas utilizados no

sentido de suportar “as preocupações e as orientações de uma investigação”.

Neste capítulo serão apresentados o tipo de estudo, a população e a amostra, o método de

colheita de dados e onde foi exequível, as variáveis em estudo, o método de tratamento de

dados e os princípios éticos implicados na execução deste estudo.

1. Justificação do tema

A profissão de enfermagem pode ser gratificante e satisfatória, contudo é uma profissão

com um nível de desgaste tanto a nível psicológico, como físico muito elevado. Segundo

Walund (cit. in Gaspar, 1997) os hospitais são “empresas produtoras de stress” e os

enfermeiros são os sujeitos mais evidentes desta tensão. Para ultrapassar as questões do

desgaste profissional, nem todos os enfermeiros estão preparados para responder

eficazmente aos sinais de alarme do seu organismo, e assim, evitarem as disfunções

provocadas pelo desgaste (Gaspar, 1997). Embora, os enfermeiros sejam profissionais

licenciados e com um grau de conhecimento elevado, muitas vezes deixam-se levar pelas

“tramas” do consumo excessivo de álcool para com o seu efeito tentarem ultrapassar os

problemas do quotidiano, erradamente.

Como não foi totalmente documentado o consumo de álcool na população de enfermagem,

torna-se assim um estudo de relevante interesse, no sentido de se poder verificar que

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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padrões de consumo de bebidas alcoólicas tem os enfermeiros e os factores que contribuem

para este consumo.

A realização deste estudo foi concretizada com enfermeiros espanhóis, uma vez que, a

autora deste trabalho, durante o ano lectivo de 2008/2009, no período de Abril a Agosto,

teve a oportunidade de fazer ERASMUS em Madrid. Como a autora pretendia iniciar a

elaboração deste trabalho prontamente, aproveitou o facto da permanência neste país e a

oportunidade da simpática disponibilidade dos enfermeiros, do Hospital Virgen de la

Poveda e Hospital del Tajo, para a concretização do mesmo.

É nesta base que se torna evidente a justificação do tema, pois é a melhor forma de explicar

ao leitor, o motivo e a importância da temática, para a concretização deste documento

(Fortin, 1999).

2. Questão de Investigação

Fortin (1999, p.101) refere que as questões de investigação ”são enunciados interrogativos

precisos, escritos no presente, e que incluem habitualmente uma ou duas variáveis assim

como a população estudada”.

A elaboração de questões de investigação orientam o desenvolvimento da pesquisa, desta

forma definiram-se as seguintes:

Qual o padrão de consumo de bebidas alcoólicas no grupo de profissionais de

enfermagem?

Será que alguns factores sociodemográficos e organizacionais influenciam o

consumo de bebidas alcoólicas dos profissionais de enfermagem?

3. Objectivos do estudo

Os objectivos do estudo num projecto de investigação pretendem ser um fio guia, para o

investigador, no sentido de fornecer respostas para as questões de investigação.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

47

Os objectivos preconizados para esta investigação são:

Conhecer o padrão de consumo de bebidas alcoólicas pelos enfermeiros no

Hospital Virgen de la Poveda e Hospital del Tajo, em Madrid;

Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis

refeições diárias, dos enfermeiros do Hospital Virgen de la Poveda e Hospital del

Tajo, em Madrid;

Saber se a instituição, o tipo de serviço, a especialidade do serviço, o género, a

idade, o estado civil, a categoria profissional, o tempo de exercício profissional, o

tempo de exercício profissional no serviço actual, a razão pela presença no serviço

actual e o vínculo à instituição influenciam o score do AUDIT;

Saber se a instituição, o tipo de serviço, a especialidade do serviço, o género, a

idade, o estado civil, a categoria profissional, o tempo de exercício profissional, o

tempo de exercício profissional no serviço actual, a razão pela presença no serviço

actual e o vínculo à instituição influenciam o consumo de bebidas alcoólicas à

semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias.

4. Tipo de estudo

De acordo com Fortin (1999, p.133),

“O tipo de estudo descreve a estrutura utilizada segundo a questão de investigação que visa descrever

variáveis ou grupos de sujeitos, explorar ou examinar relações entre variáveis ou ainda verificar hipóteses de

causalidade”.

Tendo em vista a natureza da investigação, este estudo tratou-se de um estudo

descritivo/correlacional, de paradigma quantitativo e transversal.

Num estudo descritivo/correlacional pretende-se procurar a existência de relação entre

variáveis, para posteriormente descrevê-las. Assim, o investigador descobre os factores

ligados a um fenómeno (Fortin, 1999).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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O estudo quantitativo, para Fortin (1999, p.371), “é baseado na observação de factos

objectivos, de acontecimentos e de fenómenos que existem independentemente do

investigador”.

Quanto à dimensão temporal, apresenta-se como um estudo transversal, uma vez que teve

lugar num único momento e com um grupo representativo da população.

4.1. Caracterização do meio

Fortin (1999) considera que o estudo executado fora de um local altamente controlado, se

denomina meio natural, ou seja, a investigação é realizada fora de laboratórios.

Segundo esta definição, a investigação decorreu em meio natural, no Hospital Virgen de la

Poveda e Hospital del Tajo, em Madrid, Espanha.

5. População e amostra

Para a realização da investigação é fundamental delinear quais os elementos da população

em que se obteram as respostas as questões de investigação. Citando Fortin (1999, p.202)

“Uma população é uma colecção de elementos ou de sujeitos que partilham características

comuns, definidas por um conjunto de critérios”.

A população deste estudo envolveu enfermeiros, dos serviços de demências, de saúde

mental, de cirurgia geral, de oftalmologia/otorrinolaringologia/ortopedia, de medicina

interna, de cuidados de longa duração, de cuidados paliativos, de convalescença, de

reabilitação, de ginecologia/obstetrícia/neonatologia, de urgências e de unidade de

cuidados intensivos, do Hospital Virgen de la Poveda e Hospital del Tajo, em Madrid,

Espanha.

A amostra representa um grupo de elementos que constituem a população em estudo, assim

sendo, estes elementos devem conter as mesmas características da população seleccionada

(Fortin, 1999).

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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No presente estudo, foram distribuídos 100 questionários aos enfermeiros que se

apresentaram nos serviços, nos dias de distribuição destes e recolheram-se 89

questionários. Assim sendo, a amostra foi constituída por 89 enfermeiros, generalistas e

supervisores, sendo excluídos os enfermeiros directores, de todos os serviços, dos

Hospitais Virgen de la Poveda e Hospital del Tajo.

5.1. Processo de amostragem

O processo de amostragem compreende-se num procedimento em que determinados

elementos de uma população são definidos para se obter informações de uma população

inteira sobre determinado fenómeno.

Devido ao curto espaço de tempo para realização desta investigação (de 1 de Junho a 31 de

Julho de 2009), foi definido como método de amostragem para este trabalho, a amostragem

não probabilística acidental. Assim, este tipo de amostragem permitiu obter as informações

dos sujeitos presentes no local da realização desta investigação, num único momento, até

se obter a amostra desejada (Fortin, 1999).

6. Variáveis

Fortin (1999, p. 36) refere que variáveis “ são qualidades, propriedades ou características

de objectos, de pessoas ou de situações que são estudadas numa investigação”. Consoante

a utilização, pode-se considerar que existem na literatura, variáveis independentes,

dependentes, de atributo e estranhas.

Desta forma, verifica-se que a variável independente é manipulada pelo investigar no

sentido de estudar o seu efeito na variável dependente.

No entanto, segundo Fortin (1999, p. 376) a variável dependente é “influenciada pela

variável independente”.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

50

Por outro lado, as variáveis de atributo são “características dos sujeitos de um estudo, que

serve para descrever uma amostra” (Fortin, 1999, p.376).

Neste estudo, fazem parte as seguintes variáveis:

Variável independente – grupo etário; género; estado civil; tempo de exercício

profissional; tempo de exercício profissional no serviço actual; departamento de

serviço em que trabalha; vínculo à instituição; razão da presença no serviço actual

categoria profissional;

Variável dependente – padrão de consumo de bebidas alcoólicas por enfermeiros;

Variável atributo – as variáveis independentes.

7. Instrumento de colheita de dados

Para melhor responder aos objectivos da investigação, foi necessário escolher o

instrumento de colheita de dados mais vantajoso para obtenção das informações para a

realização da pesquisa. Desta forma, o investigador elegeu o questionário (ver anexo I),

que segundo Fortin (1999, p.249) define como “um instrumento de medida que traduz os

objectivos de um estudo com variáveis mensuráveis” e refere que é um método de colheita

de dados formulado com “questões concebidas com o objectivo de colher informação

factual sobre os indivíduos ou ainda sobre as atitudes (…)”.

Sem dúvida, o questionário permitiu ultrapassar dificuldades de aspectos importantes, tais

como o tempo disponível para a realização da colheita de dados, e teve um carácter

impessoal, uma vez que apresenta-se uniforme e assim facilitador de comparações entre os

sujeitos. É também, um método de colheita de dados vantajoso porque pode ser utilizado

simultaneamente por um grande número de elementos.

A estrutura do mesmo compreende três partes:

Na primeira parte, foram realizadas questões de cariz sociodemográfico, a saber, a

instituição que trabalham, o tipo de serviço, a especialidade, o género, a idade, o

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

51

estado civil, a categoria profissional, o tempo de exercício profissional, o tempo de

exercício profissional no serviço actual, a razão da presença no serviço actual e o

vínculo à instituição.

Na segunda parte e na terceira parte pretendeu-se avaliar a variável dependente,

sendo que na segunda parte ela foi operacionalizada através da aplicação do teste

AUDIT (constituído por dez itens, medidos por uma escala tipo Likert e com a

soma das respostas obtiveram-se o score); e, na terceira parte foi operacionalizada

por doze questões, que identificam o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao

fim-de-semana nas seis refeições diárias. As questões formuladas são de carácter

de resposta fechada e abertas.

O questionário foi aplicado no período de 1 de Junho a 31 de Julho de 2009.

8. Princípios éticos

Na realização de uma investigação junto de seres humanos, o investigador, tem que ter em

conta que estes estão protegidos por questões éticas e morais (Fortin, 1999). Desta forma,

devem ser respeitados os direitos do Homem, tais como o direito à liberdade, à

confidencialidade e à dignidade. Os princípios éticos salvaguardados nesta investigação

foram os seguintes:

Direito à auto-determinação – “baseia-se no princípio ético do respeito pelas

pessoas, segundo o qual qualquer pessoa é capaz de decidir por ela própria e tomar

conta do seu próprio destino” Fortin (1999, p. 116). Considerando este direito

fundamental, os enfermeiros foram convidados a participar no estudo, decidindo

livremente sobre a sua participação.

Direito à intimidade – os questionados tem o direito a decidirem sobre qual a

informação que pretendem partilhar sobre a sua vida privada e a sua extensão

(Fortin, 1999). Privilegiou-se questões que não invadissem a intimidade dos

enfermeiros, protegendo assim esse direito.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

52

Direito ao anonimato e à confidencialidade – este direito protege os questionados

de que nenhuma resposta individual permita a identificação da sua identidade.

Desta forma, o questionário foi elaborado de forma que seja anónimo e

confidencial, de modo que nenhuma identidade fosse identificada pelas respostas

destes.

Direito à protecção contra o desconforto e prejuízo – baseia-se no princípio do

“benefício”, ou seja, no sentido de proteger o indivíduo de inconvenientes

susceptíveis de fazer mal ou de prejudicarem a pessoa. Este estudo foi elaborado no

sentido de não lesar o plano social, o desconforto e o prejuízo de ordem fisiológica,

psicológica e económica dos enfermeiros questionados.

Direito ao tratamento justo e equitativo – trata-se de informar o indivíduo sobre

a natureza, o fim e a duração da investigação, assim como o método a utilizar

(Fortin,1999). Seguidamente ao convite para a participação neste estudo, foi

apresentada a natureza, fim e a duração da investigação aos enfermeiros, para que

estes possam reflectir sobre o seu consentimento.

9. Tratamento e apresentação de dados

O tratamento de dados obtido pelos 89 questionários aplicados foi executado utilizando o

software S.P.S.S. (Statistical Package for Social Sciences) versão 17.0 para ambiente

Windows.

Para o tratamento estatístico, recorreu-se às aplicações de estatística descritiva e a testes

não paramétricos.

Relativamente à estatística descritiva, utilizou-se frequências absolutas e relativas; medidas

de tendência central (média, moda e mediana) medidas de dispersão (mínimo, máximo e

desvio padrão), apresentação das estatísticas descritivas de um Score. Nas estatísticas

inferenciais, utilizou-se os testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e de Mann-Whitney.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

53

As influências da instituição, do tipo de serviço, do departamento de especialidades, do

género, da idade, do estado civil, da categoria profissional, do tempo de exercício

profissional, do tempo de exercício profissional no serviço actual, a razão pela presença no

serviço actual e o vínculo à instituição sobre o Score do AUDIT e sobre o consumo de

bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias, foram testadas

com os testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e de Mann-Whitney, considerando-se

existir diferenças estatisticamente significativas quando o valor de p dos referidos testes for

inferior a 0,05.

Para melhor leitura dos dados, formaram-se departamentos por especialidade a partir dos

serviços constituintes deste estudo. Assim sendo, os departamentos formados foram: Saúde

mental (demências e saúde mental); Cirurgia (cirurgia geral, de

oftalmologia/otorrinolaringologia/ortopedia); Medicina (medicina interna); Cuidados

paliativos e continuados (cuidados de longa duração, cuidados paliativos, convalescença);

Reabilitação; Mulher e Criança (ginecologia/obstetrícia/neonatologia); Urgências e

Unidade de Cuidados Intensivos.

Na questão do vínculo à instituição foi traduzido para Português as variáveis segundo as

normas de contratualização existentes em Espanha, não sendo equiparadas às de Portugal.

Os resultados obtidos após a análise estatística foram apresentados em quadros e gráficos,

para que seja simplificado o processo de leitura dos mesmos.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

54

III. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Seguidamente à recolha de dados obtidos através da aplicação de questionários é fulcral a

organização da informação e realização do tratamento da mesma, de forma a ser passível a

transmissão dos seus resultados. Portanto, o investigador pretende, neste capítulo,

apresentar e analisar os dados recolhidos, através de gráficos, quadros e de uma breve

análise textual da sua autoria. Nesta fase, os dados são apresentados de forma sistemática.

Os resultados são abordados segundo a ordem das questões que surgem no questionário.

Primeiramente, faz-se uma análise descritiva, apresentando-se a caracterização da amostra,

seguidamente, as situações relacionadas com o consumo de bebidas alcoólicas - Teste de

AUDIT, os consumos típicos de bebidas alcoólicas, em unidade-padrão, em dias da

semana e ao fim de semana. Por fim, faz-se uma análise inferencial, apresentando-se os

dados referentes à relação entre as variáveis dependentes e as variáveis independentes. As

questões que apresentem um total de 100% numa das respostas não se apresentam

graficamente.

1. Caracterização da amostra

A primeira parte do questionário é referente à caracterização da amostra, apresentando-se,

assim, os resultados obtidos que proporcionam uma visão da amostra.

Instituição

Gráfico 1. Distribuição da amostra relativamente à instituição hospitalar.

De acordo com a análise do gráfico 1, verifica-se que 49 dos enfermeiros questionados

trabalham no Hospital Virgen de la Poveda e os restantes 40 trabalham no hospital del

Tajo.

49

55,1%

40

44,9% Hospital Virgen de la Poveda

Hospital del Tajo

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

55

Tipo de serviço

Gráfico 2. Distribuição da amostra relativamente ao tipo de serviço.

Em relação ao tipo de serviço, verifica-se que a maioria exerce funções no internamento,

representando 83,1% e os restantes, nas urgências com 16,9%.

Especialidade do serviço

Gráfico 3. Distribuição da amostra relativamente aos departamentos das

especialidades.

Pela análise do gráfico 3, verifica-se que 15,7% dos enfermeiros questionados trabalham

no departamento de saúde mental; 3,4% no departamento de cirurgia; 7,9% no

departamento de medicina; 16,9% no departamento de cuidados paliativos e continuados,

20,2% no serviço de reabilitação; 7,9% no departamento da mulher e da criança; 19,1% no

departamento de urgências; 6,7% no departamento de unidade de cuidados intensivos e

2,2% dos questionados não responderam.

74

83,1%

15

16,9%

Internamento

Urgências

,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Saúde mental

Cirurgia

Medicina

Cuidados paliativos e continuados

Reabilitação

Mulher e da criança

Urgências

Unidade de cuidados intensivos

Não responderam

15,7

3,4

7,9

16,9

20,2

7,9

19,1

6,7

2,2

Percentagem (%)

Dep

art

am

ento

da

s es

pec

iali

da

des

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

56

Género

Gráfico 4. Distribuição da amostra relativamente ao género.

Quanto ao género, neste estudo, 77 elementos da amostra são do género feminino e os

restantes 12 são do género masculino.

Idade

Gráfico 5. Distribuição da amostra relativamente à classe de idades.

Analisando o gráfico 5, verifica-se que 33,7% dos enfermeiros questionados tem idade

compreendida entre os 20 e os 29 anos, 42,7% tem idade entre os 30 e os 39 anos, 18,0%

tem idade entre os 40 e os 49 anos e um enfermeiro tem idade igual ou superior a 60 anos.

Quadro 3. Estatística descritiva relativamente à idade.

A idade dos enfermeiros está compreendida entre os 22 e os 62 anos. A média de idade é

de aproximadamente 34 anos (com um desvio padrão de 8,166), a moda indica que a idade

mais vezes mencionada é 37 anos, e a mediana permite nos saber que pelo menos 50% da

amostra apresentam idade igual ou inferior a 34 anos.

12

13,5%

77

86,5% MasculinoFeminino

0,0

20,0

40,0

60,0

[20-29] [30-39] [40-49] [50-59] ≥ 60

33,742,7

18,0

4,5 1,1

Per

centa

gem

(%

)

Idade (anos)

N Média Mediana Moda Mínimo Máximo Desvio Padrão

89 34,30 34 37 22 62 8,166

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

57

Estado civil

Gráfico 6. Distribuição da amostra relativamente ao estado civil.

Através da análise do gráfico 6, verifica-se que 49,4% dos enfermeiros inquiridos no

estudo são solteiros, 41,6% são casados, 3,4% estão divorciados e 5,6% outra situação.

Categoria profissional

Gráfico 7. Distribuição da amostra relativamente à categoria profissional.

A maioria da amostra apresenta a categoria profissional de enfermeiro prestador de

cuidados 89,9% e os restantes 10,1% enfermeiro supervisor.

Tempo de actividade profissional

De acordo com a análise do gráfico 8 pode-se verificar que 2,2% dos enfermeiros estão na

actividade profissional de enfermagem há menos de um ano; 28,1% entre o intervalo de

[1-5] anos; 23,6% compreendidas no intervalo [6-10] anos; 19,1% no intervalo de [11-15]

anos; 18,0% no intervalo de [16-20] anos e 9,0% a um período igual ou superior a 21 anos.

0,020,040,060,0

Solteira/o Casada/o Divorciada/o Outra

situação

49,4 41,6

3,4 5,6

Per

centa

gem

(%

)

Estado Civil

80

89,9%

9

10,1%

Enfermeira/o

Enfermeira/o Supervisor(a)

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

58

Gráfico 8. Distribuição da amostra relativamente ao tempo de actividade

profissional dos enfermeiros.

A média de tempo de actividade profissional dos enfermeiros questionados é de

aproximadamente 10,76 anos (com um desvio padrão de 7,86), a moda indica que o tempo

mais vezes mencionado é 8 anos, e a mediana permite nos saber que pelo menos 50% da

amostra exerce enfermagem há um período igual ou inferior a 9 anos. O tempo mínimo de

actividade é inferior a 1 ano e o máximo é 38 anos.

Quadro 4. Estatística descritiva relativamente ao tempo de actividade profissional.

N Média Mediana Moda Mínimo Máximo Desvio Padrão

89 10,76 9 8 0 38 7,86

Tempo de actividade profissional no serviço actual

Gráfico 9. Distribuição da amostra relativamente ao tempo de actividade

profissional no serviço actual.

Relativamente ao tempo de actividade profissional no serviço actual verifica-se que 12,4%

dos enfermeiros exercem funções neste há menos de um ano; 68,5% no intervalo [1-5]

,0

20,0

40,0

< 1 [1-5][6-10]

[11-15][16-20]

≥ 21

2,2

28,123,6

19,118,0

9,0

Per

centa

gem

(%

)

Tempo de actividade profissional (em anos)

,0

50,0

100,0

< 1 [1-5] [6-10] [11-15] [16-20] ≥ 21

12,4

68,5

15,72,2 0,0 1,1

Per

centa

gem

(%

)

Tempo de actividade profissional no serviço actual (em anos)

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

59

anos; 15,7% no intervalo [6-10] anos; 2,2% no intervalo [11-15] anos; 1,1% exercem

funções há mais de 21 anos.

Quadro 5. Estatística descritiva relativamente ao tempo de actividade profissional

no serviço actual.

N Média Mediana Moda Mínimo Máximo Desvio Padrão

89 2,77 1,5 1 0 24 3,495

A média de tempo de actividade profissional no serviço actual é de aproximadamente 2,77

anos; com um desvio padrão de 3,495; a moda indica que o tempo mais vezes mencionado

é 1 ano e a mediana permite nos saber que pelo menos 50% da amostra exercem funções

neste serviço há um período igual ou inferior a 1 ano e meio. O tempo mínimo neste

serviço é inferior a 1 ano e o máximo é 24 anos.

Razão da presença no serviço actual

Gráfico 10. Distribuição da amostra relativamente à razão pela presença no serviço

actual.

Através do gráfico 10 verifica-se que, 50 enfermeiros permanecem no serviço por decisão

própria, 29 por decisão da instituição hospitalar e 10 por outra razão.

Vínculo à instituição

Pela análise do gráfico 11 verifica-se que 50,6% dos enfermeiros tem contrato por tempo

indeterminado; 22,5% tem contrato fixo; 12,4% tem contrato por tempo completo; 5,6%

tem contrato por tempo parcial; 3,4% tem contrato por circunstâncias de produção; 4,5%

responderam outra situação de vínculo à instituição, 1 não respondeu à questão.

50

56,2%

29

32,6%

10

11,2%

Opção própriaDecisão da instituiçãoOutra

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

60

Gráfico 11. Distribuição da amostra relativamente ao vínculo à instituição.

2. Situações relacionadas com o consumo - Teste de AUDIT

Os gráficos correspondem à distribuição da amostra relativamente às questões do AUDIT.

Gráfico 12. Questão 1: quantas vezes bebe uma bebida alcoólica?

Relativamente à questão 1, os enfermeiros responderam: 20,2% nunca; 33,7% 1 vez por

mês ou menos; 33,7% 2 a 4 vezes por mês; 9,0% 2 a 3 vezes por semana e 3,4% 4 ou mais

vezes por semana.

Gráfico 13. Questão 2: num dia normal, quantos copos de uma bebida alcoólica

bebe habitualmente?

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

Fixo

Indeterminado

Tempo completo

Tempo parcial

Circunstâncias de produção

Quadro da instituição

Outro

Não responderam

22,5

50,6

12,4

5,6

3,4

0,0

4,5

1,1

Percentagem (%)

Tip

o d

e c

on

tra

to

0

50

Nunca 1 vez por

mês ou

menos

2 a 4 vezes

por mês

2 a 3 vezes

por semana

4 ou mais

vezes por

semana

20,2

33,7 33,7

9,03,4

Per

centa

gem

(%

)

,0

50,0

100,0

1 ou 2 3 ou 4 5 ou 6 7 ou 9 10 ou mais

91,0

9,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

61

Segundo a questão 2, pode-se constatar que 91,0% responderam 1 ou 2 e 9,0%

responderam 3 ou 4.

Gráfico 14. Questão 3: qual a frequência com que bebe 6 ou mais copos de uma

bebida alcoólica numa única ocasião?

A maioria dos elementos da amostra referiu nunca ter bebido 6 ou mais copos de bebida

alcoólica numa única ocasião, representando 86,5%; 12,4% assinalaram menos de 1 vez

por mês e 1,1% pelo menos 1 vez por mês.

Gráfico 15. Questão 4: durante o último ano, quantas vezes lhe aconteceu ter

começado a beber uma bebida alcoólica e não conseguir parar?

Pela análise do gráfico 15 constata-se que 97,8% referem nunca ter acontecido não

conseguir parar de beber álcool após ter começado e 2,2% referem acontecer menos de

uma vez por mês.

Relativamente à quinta questão 96,6% dos enfermeiros inquiridos assinalaram nunca e

3,4% menos de 1 vez por mês.

0,020,040,060,080,0

100,0

Nunca Menos de 1

vez por mês

Pelo menos 1

vez por mês

Uma vez por

semana

Todos os dias

ou quase

86,5

12,41,1 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

,0

50,0

100,0

Nunca Menos de

uma vez por

mês

Pelo menos

1 vez por

mês

Uma vez

por semana

Todos os

dias ou

quase

97,8

2,2 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

62

Gráfico 16. Questão 5: durante o último ano, quantas vezes não conseguiu fazer

algo a que se tinha comprometido devido às bebidas alcoólicas?

Relativamente à questão 6 do AUDIT, obteve-se 100% de respostas nunca.

Gráfico 17. Questão 7: durante o último ano, quantas vezes lhe aconteceu sentir-se

culpado ou com remorsos depois de ter bebido?

Pela observação do gráfico 17, constata-se que 93,3% dos enfermeiros inquiridos

responderam nunca e 6,7% afirmaram menos de 1 vez por mês.

Gráfico 18. Questão 8: durante o último ano, quantas vezes lhe aconteceu não se

conseguir lembrar do que sucedeu na noite anterior por ter bebido?

De acordo com a análise do gráfico 18, verifica-se que 97,8% da amostra refere nunca lhe

ter acontecido não conseguir lembrar do que sucedeu na noite anterior por ter bebido e

2,2% referem acontecer menos de uma vez por mês.

0,0

50,0

100,0

Nunca Menos de 1

vez por mês

Pelo menos 1

vez por mês

Uma vez por

semana

Todos os dias

ou quase

96,6

3,4 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

0,0

100,0

Nunca Menos de 1

vez por mês

Pelo menos

1 vez por

mês

Uma vez

por semana

Todos os

dias ou

quase

93,3

6,7 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

0,0

50,0

100,0

Nunca Menos de 1

vez por mês

Pelo menos 1

vez por mês

Uma vez por

semana

Todos os dias

ou quase

97,8

2,2 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

63

Gráfico 19. Questão 9: o facto de ter bebido já foi causa de ferimentos em si

próprio ou noutras pessoas?

A maioria dos enfermeiros inquiridos referem nunca ter causado ferimentos em si próprio

ou noutras pessoas pelo facto de ter bebido, representando 98,9%, e 1,1% assinalaram sim,

mas não no último ano.

Relativamente à questão 19, alguma vez um familiar, amigo, médico ou outra pessoa

ligada à saúde se preocupou com os seus hábitos de bebida ou lhe sugeriu que reduzisse a

bebida, verifica-se que 100% dos elementos responderam nunca.

3. Consumo de bebidas de alcoólicas, em dias da semana e do fim-de-semana

Consumos de bebidas alcoólicas durante os dias da semana, em unidade-padrão

Os seguintes gráficos correspondem à distribuição da amostra relativamente ao consumo

típico de bebidas alcoólicas, durante a semana. Relativamente à questão de consumo típico

de bebidas alcoólicas ao pequeno-almoço durante a semana, todos os elementos

responderam 0 u.p.

Gráfico 20. Consumos: Semana / meio da manhã.

Segundo o gráfico 20, verifica-se que 98,9% da amostra responderam 0 u.p. e 1,1% 1 u.p.

0,050,0

100,0

Nunca Sim, mas não no

último ano

Sim , durante no

último ano

98,9

1,1 0,0

Per

centa

gem

(%

)

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

98,9

1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrão (u.p.)

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

64

Gráfico 21. Consumos: Semana / almoço.

Pela observação do gráfico 21 constata-se que 89,9% dos enfermeiros não bebem ao

almoço durante a semana e 10,1% referem que bebem 1 u.p.

Relativamente ao lanche, verifica-se que todos os elementos responderam 0 u.p.

Gráfico 22. Consumos: Semana / jantar.

A maioria dos enfermeiros inquiridos referem 0 u.p., representando 92,1%; enquanto que

5,6% assinalaram 1 u.p., 2,2% afirmaram 2 u.p. de bebida consumida ao jantar durante a

semana.

Gráfico 23. Consumos: Semana / ceia.

Quanto ao consumo típico de bebidas alcoólicas à ceia durante a semana, 96,6% dos

enfermeiros inquiridos assinalaram 0 u.p. e 3,4% afirmaram 1 u.p.

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

89,9

10,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrão (u.p.)

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

92,1

5,6 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrão (u.p.)

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

96,6

3,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrão

Page 65: Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias do Hospital Virgen

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

65

Consumos de bebidas alcoólicas durante o fim-de-semana

Os gráficos correspondem à distribuição da amostra relativamente ao consumo típico de

bebidas alcoólicas, o fim-de-semana.

Relativamente ao pequeno-almoço, verifica-se que 100% dos inquiridos afirmaram 0 u.p.

Gráfico 24. Consumos: Fim-de-semana / meio da manhã.

Segundo o gráfico 24, podemos verificar que 88,8% dos enfermeiros inquiridos

assinalaram 0 u.p., 9,0% afirmaram 1 u.p. e 2,2% responderam 2 u.p. de consumo de

bebidas alcoólicas ao meio da manhã durante o fim-de-semana.

Gráfico 25. Consumos: Fim-de-semana / almoço.

Relativamente ao consumo de bebidas alcoólicas ao almoço durante o fim-de-semana,

verifica-se que 64,0% da amostra afirmam que não bebem, 27,0% assinalam 1 u.p. e 9,0%

assinalam 2 u.p.

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

88,8

9,0 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrão (u.p.)

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

64,0

27,09,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrão (u.p.)

Page 66: Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias do Hospital Virgen

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

66

Gráfico 26. Consumos: Fim-de-semana / lanche.

Ao lanche, durante o fim-de-semana, constata-se que 98,9% assinalam 0 u.p. e 1,1%

afirmam 1 u.p.

Gráfico 27. Consumos: Fim-de-semana / jantar.

Pela observação do gráfico 27, referente ao consumo de bebidas alcoólicas ao jantar

durante o fim-de-semana, observa-se que 67,4% assinalam 0 u.p., 27,0% referem 1 u.p.,

4,5% referem 2 u.p., 1,1% assinalam 3 u.p.

Gráfico 28. Consumos: Fim-de-semana / ceia.

Segundo o gráfico 28, podemos verificar que 68,5% dos enfermeiros inquiridos

assinalaram 0 u.p., 13,5% afirmaram 1 u.p. e 7,9% responderam 2 u.p. e 10,1% afirmaram

3 u.p. de consumo de bebidas alcoólicas à ceia.

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

98,9

1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrão (u.p.)

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

67,4

27,04,5 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrãp (u.p.)

0,0

50,0

100,0

0 u.p. 1 u.p. 2 u.p. 3 u.p. 4 u.p. 5 u.p. 6 u.p. > 6 u.p.

68,5

13,5 7,9 10,1 0,0 0,0 0,0 0,0

Per

centa

gem

(%

)

Unidade-padrão (u.p.)

Page 67: Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias do Hospital Virgen

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

67

4. Score do teste AUDIT

O score do AUDIT tem pontuação de 0 a 40, no entanto apresenta-se a pontuação total

obtida em todos os questionários.

Quadro 6. Distribuição da amostra relativamente ao score do AUDIT.

Score do AUDIT Percentagem (%)

0 0

1 20,2

2 30,3

3 22,5

4 14,6

5 7,9

6 1,1

7 2,2

8 1,1

De acordo com a análise do quadro 6, relativamente ao score do teste AUDIT, numa escala

de 1 a 40, verifica-se: 20,2% tiveram uma pontuação de 1; 30,3% pontuação de 2; 22,5%

pontuação de 3; 14,6% pontuação de 4; 7,9% pontuação de 5; 1,1% pontuação de 6; 2,2%

pontuação de 7, 1,1% pontuação de 8.

5. Variáveis dependentes versus variáveis independentes

Relativamente à influência das variáveis independentes sobre a variável dependente,

analisa-se se existe diferenças estatisticamente significativas e apresenta-se as variáveis às

quais representam valores estatisticamente significativos.

Nos quadros referentes ao consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana

não foram realizadas a análise se existe diferenças estatisticamente significativas às

refeições que obtiveram 100% de respostas 0 u.p.

Page 68: Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias do Hospital Virgen

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

68

5.1. AUDIT versus variáveis independentes

Quadro 7. Score Total do Teste AUDIT.

Mean Rank p

Instituição Hospitalar

Hospital Virgen de la Poveda

Hospital del Tajo

45,50

43,39

0,836

Tipo de serviço

Internamento

Urgências

45,14

44,30

0,906

Departamento de especialidades

Saúde Mental

Cirurgia

Medicina Interna

Cuidados Paliativos e Continuados

Reabilitação

Saúde da Mulher e da Criança

Urgências

Unidade de Cuidados Intensivos

42,39

47,83

48,93

39,50

50,39

38,50

41,91

44,50

0,919

Género

Masculino

Feminino

63,63

42,10

0,006

Idade (em anos)

[20-29]

[30-39]

[40-49]

[50-59]

≥ 60

52,45

40,55

45,28

39,13

9,50

0,197

Estado Civil

Solteira (o)

Casada (o)

Viúva (o)

Divorciada (o)

Outra Situação

50,90

39,11

0,00

41,17

39,00

0,187

Categoria Profissional

Enfermeira (o)

Enfermeira (o) supervisor (a)

45,28

42,56

0,759

Tempo de Exercício Profissional (anos)

< 1

[1-5]

[6-10]

[11-15]

[16-20]

≥ 21

32,00

53,42

40,60

52,59

40,38

26,63

0,067

Tempo Exercício no Serviço Actual (anos)

< 1

[1-5]

[6-10]

[11-15]

[16-20]

≥ 21

46,41

46,93

37,04

52,00

0,00

9,50

0,414

Page 69: Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias do Hospital Virgen

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

69

Razão da presença no actual Serviço

Opção própria

Decisão da instituição

Outra

45,05

48,76

33,85

0,271

Vínculo à Instituição

Fixo

Indeterminado

Tempo completo

Tempo parcial

Circunstâncias de produção

Quadro da instituição

Outro

41,58

45,90

48,91

29,10

48,50

0,00

47,50

0,729

Analisando o quadro 7, verifica-se que a variável género apresenta valor de p=0,006; o que

permite afirmar que há diferenças estatisticamente significativas no score total obtido do

teste AUDIT, em função do género dos questionados, sendo o género masculino o que

obtêm maior score.

5.2. Consumo de bebidas alcoólicas à semana versus variáveis independentes

Quadro 8. Consumo de bebidas alcoólicas à semana.

Meio da manhã Almoço Jantar Ceia

Mea

n

Ran

k

p

Mea

n

Ran

k

p

Mea

n

Ran

k

p

Mea

n

Ran

k

p

Instituição Hospitalar

Virgen de la Poveda

Del Tajo

44,50

45,61

0,268

45,95

43,84

0,463

43,28

47,11

0,135

43,50

46,84

0,052

Tipo de serviço

Internamento

Urgências

44,50

47,47

0,026

45,91

40,50

0,157

44,53

47,30

0,418

43,50

52,40

0,000

Departamento de

especialidades

Saúde Mental

Cirurgia

Medicina Interna

Cuidados Paliativos e

Continuados

Reabilitação

Saúde da Mulher e da

Criança

Urgências

Unidade de Cuidados

Intensivos

43,50

43,50

43,50

43,50

43,50

43,50

46,06

43,50

0,766

45,71

39,50

45,71

45,30

44,33

45,71

39,50

46,75

0,870

43,54

54,67

47,07

43,33

40,50

40,50

45,50

48,17

0,528

42,50

42,50

42,50

42,50

42,50

42,50

50,18

42,50

0,081

Género

Masculino

Feminino

44,50

45,08

0,693

55,33

43,39

0,004

52,67

43,81

0,018

47,21

44,66

0,309

Page 70: Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias do Hospital Virgen

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

70

Idade (em anos)

[20-29]

[30-39]

[40-49]

[50-59]

≥ 60

44,50

45,67

44,50

44,50

44,50

0,854

43,47

46,36

46,06

40,50

40,50

0,840

44,52

45,03

44,22

52,38

41,50

0,791

46,47

44,67

43,50

43,50

43,50

0,777

Estado Civil

Solteira (o)

Casada (o)

Viúva (o)

Divorciada (o)

Outra Situação

44,50

45,70

0,00

44,50

44,50

0,704

43,53

46,51

0,00

40,50

49,40

0,604

45,61

43,85

0,00

56,00

41,50

0,338

46,53

43.50

0,00

43,50

43,50

0,371

Categoria Profissional

Enfermeira (o)

Enfermeira (o)

supervisor (a)

45,06

44,50

0,737

45,51

40,50

0,291

45,39

41,50

0,358

45,17

43,50

0,557

Tempo de Exercício

Profissional (anos)

< 1

[1-5]

[6-10]

[11-15]

[16-20]

≥ 21

44,50

44,50

44,50

44,50

47,28

44,50

0,472

40,50

45,84

40,50

50,97

46,06

40,50

0,223

41,50

41,50

47,88

51,94

41,50

41,50

0,049

43,50

45,28

47,74

43,50

43,50

43,50

0,560

Tempo Exercício no

Serviço Actual (anos)

< 1

[1-5]

[6-10]

[11-15]

[16-20]

≥ 21

44,50

45,23

44,50

44,50

0,00

44,50

0,977

40,50

45,61

46,86

40,50

0,00

40,50

0,746

41,50

45,89

44,61

41,50

0,00

41,50

0,821

43,50

45,69

43,50

43,50

0,00

43,50

0,843

Razão da presença no

actual Serviço

Opção própria

Decisão da instituição

Outra

45,39

44,50

44,50

0,677

44,06

48,17

40,50

0,228

47,73

41,50

41,50

0,054

45,28

45,03

43,50

0,816

Vínculo à Instituição

Fixo

Indeterminado

Tempo completo

Tempo parcial

Circunstâncias de

produção

Quadro da instituição

Outro

46,20

44,00

44,00

44,00

44,00

0,00

44,00

0,639

42,70

45,39

40,50

40,50

69,83

0,00

40,50

0,013

43,33

44,82

49,14

41,00

41,00

0,00

41,00

0,716

43,00

43,98

51,00

43,00

43,00

0,00

43,00

0,130

De acordo com a análise do quadro 8, verifica-se que a variável tipo de serviço, ao meio da

manhã e à ceia, apresenta valor de p=0,026 e p=0,000, respectivamente, o que permite

afirmar que há diferenças estatisticamente significativas no score total obtido do teste

AUDIT, em função do tipo de serviço dos questionados, sendo os enfermeiros de

Urgências, em ambos, o que obtêm maior score. Também se pode constatar que a variável

género, ao almoço e ao jantar, apresenta valor de p=0,004 e p=0,018, respectivamente, o

Page 71: Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias do Hospital Virgen

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

71

que permite afirmar que há diferenças estatisticamente significativas, sendo os homens, em

ambos, os que obtêm maior score. Ao jantar, verifica-se que a variável tempo de exercício

profissional apresenta p=0,049 o que permite afirmar que há diferenças estatisticamente

significativas no score total obtido do teste AUDIT. Ao almoço, verifica-se que a variável

vínculo à instituição apresenta p=0,013 o que permite afirmar que há diferenças

estatisticamente significativas no score total obtido do teste AUDIT.

5.3. Consumo de bebidas alcoólicas ao fim-de-semana versus variáveis independentes

Quadro 9. Consumo de bebidas alcoólicas ao fim-de-semana.

Meio da manhã Almoço Lanche Jantar Ceia

Mea

n

Ran

k

p

Mea

n

Ran

k

p

Mea

n

Ran

k

p

Mea

n

Ran

k

p

Mea

n

Ran

k

p

Instituição

Hospitalar

Virgen la Poveda

Del Tajo

46,32

43,39

0,331

42,70

47,89

0,273

44,50

45,61

0,268

44,55

45,55

0,825

46,55

43,10

0,445

Tipo de serviço

Internamento

Urgências

44,84

45,80

0,810

44,20

48,97

0,441

44,50

47,47

0,026

45,67

41,70

0,509

45,67

41,70

0,467

Departamento de

especialidades

Saúde Mental

Cirurgia

Medicina Interna

Cuidados Paliativos

e Continuados

Reabilitação

Saúde da Mulher e

da Criança

Urgências

Unidade de

Cuidados Intensivos

48,46

39,00

39,00

44,67

43,72

39,00

44,00

46,92

0,790

38,07

28,50

47,64

42,70

43,39

47,64

48,00

50,83

0,766

43,50

43,50

43,50

43,50

43,50

43,50

46,06

43,50

0,766

36,82

43,67

41,71

38,20

52,89

41,71

42,06

59,58

0,193

49,07

41,83

47,71

40,60

47,78

40,14

38,91

45,00

0,853

Género

Masculino

Feminino

43,63

45,21

0,717

53,25

43,71

0,160

44,50

45,08

0,653

52,67

43,81

0,178

46,08

44,83

0,849

Idade (em anos)

[20-29]

[30-39]

[40-49]

[50-59]

≥ 60

44,52

44,71

48,16

40,00

40,00

0,832

38,70

48,80

52,78

29,00

29,00

0,080

44,50

45,67

44,50

44,50

44,50

0,854

45,05

45,24

46,25

41,00

30,50

0,955

55,47

39,14

36,16

31,00

31,00

0,000

Page 72: Consumo de álcool. Estudo numa amostra de enfermeiros ... · Conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à semana e ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias do Hospital Virgen

Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

72

Estado Civil

Solteira (o)

Casada (o)

Viúva (o)

Divorciada (o)

Outra Situação

46,16

44,70

0,00

40,00

40,00

0,727

43,15

46,95

0,00

29,00

56,50

0,309

45,51

44,50

0,00

44,50

44,50

0,796

45,19

44,50

0,00

44,50

47,30

0,994

56,00

33,49

0,00

31,00

41,80

0,000

Categoria

Profissional

Enfermeira (o)

Enfermeira (o)

supervisor (a)

44,48

49,67

0,297

44,78

47,00

0,772

45,06

44,50

0,737

44,01

53,83

0,188

46,12

35,06

0,138

Tempo de Exercício

Profissional (anos)

< 1

[1-5]

[6-10]

[11-15]

[16-20]

≥ 21

40,00

43,68

46,21

45,41

48,16

40,00

0,787

49,25

41,62

36,31

54,47

51,25

34,06

0,012

44,50

44,50

44,50

44,50

47,28

44,50

0,472

30,50

46,28

45,17

52,74

41,00

35,75

0,371

49,25

59,32

46,19

35,85

37,25

31,00

0,001

Tempo Exercício no

Serviço Actual

(anos)

< 1

[1-5]

[6-10]

[11-15]

[16-20]

≥ 21

40,00

47,30

40,00

40,00

0,00

40,00

0,277

36,36

47,17

41,71

52,25

0,00

29,00

0,435

44,50

45,23

44,50

44,50

0,00

44,50

0,977

39,41

47,30

39,50

51,50

0,00

30,50

0,545

60,00

44,11

36,21

58,00

0,00

31,00

0,056

Razão da presença

no actual Serviço

Opção própria

Decisão da

instituição

Outra

46,19

43,17

44,35

0,651

48,25

40,72

41,15

0,284

45,39

44,50

44,00

0,677

49,54

40,24

36,10

0,064

42,11

51,10

44,65

0,271

Vínculo à

Instituição

Fixo

Indeterminado

Tempo completo

Tempo parcial

Circunstâncias de

produção

Quadro da

instituição

Outro

46,20

44,28

43,41

39,50

39,50

0,00

51,50

0,796

49,33

44,26

44,95

29,00

47,50

0,00

39,00

0,560

46,20

44,00

44,00

44,00

44,00

0,00

44,00

0,639

42,45

43,84

52,64

30,00

67,83

0,00

40,38

0,151

39,05

44,88

52,59

48,40

42,50

0,00

41,88

0,663

Segundo a análise do quadro 9, verifica-se que a variável tipo de serviço, ao lanche,

apresenta valor de p=0,026, em função do tipo de serviço dos questionados, sendo os

enfermeiros de Urgências, o que obtêm maior score. Também se constata que a variável

tempo de exercício profissional, ao almoço e à ceia, apresenta valor de p=0,012 e p=0,001,

respectivamente; à ceia, verifica-se que a variável idade e estado civil apresentam p=0,000

e p=0,000, respectivamente. Estes valores permitem afirmar que há diferenças

estatisticamente significativas no score total obtido do teste AUDIT.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

73

IV. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após a análise dos dados recolhidos dos questionários aplicados, surge a necessidade de

interpretar toda a informação compilada. Assim sendo, apresenta-se no presente capítulo a

necessária, senão fundamental, discussão dos resultados. Nesta etapa, tem-se em

consideração a interligação com os conhecimentos e referências encontradas ao longo da

revisão bibliográfica efectuada para a fundamentação teórica deste estudo.

Este capítulo foi elaborado com os resultados que se consideram mais pertinentes e após

essa análise, fez-se as considerações que se julgam ser mais adequadas a cada questão.

Para tal, confrontou-se os resultados obtidos com os resultados dos autores estudados, com

intuito de concretizar os objectivos propostos da presente investigação.

A discussão dos resultados obedece à ordem da apresentação e análise dos dados.

Salienta-se, ainda o facto de os resultados encontrados serem interpretados no contexto da

amostra estudada, 89 enfermeiros.

Após reflexão da análise dos dados obtidos, traça-se facilmente o seguinte perfil tendencial

da amostra, neste estudo: é do Hospital Virgen de la Poveda, do serviço de internamento, a

especialidade é Reabilitação, do género feminino, a faixa etária está compreendida entre os

30 e os 39 anos, estado civil solteira, é enfermeiro prestador de cuidados, encontra-se a

exercer a actividade profissional há entre 1 a 5 anos e exerce no serviço actual também há

entre 1 a 5 anos, sendo a permanência no serviço por decisão própria e está vinculado à

instituição por contrato de trabalho por tempo indeterminado.

O intuito de realizar a caracterização da amostra deve-se, como anteriormente foi

mencionado, à pertinência dos dados para a concretização dos objectivos propostos, pelo

que não são estudadas minuciosamente as características da amostra.

Ao longo desta reflexão surgem perguntas às quais se tenta responder e outras que ficarão

para um possível e posterior estudo, já que se baseia numa amostra cujos resultados não

podem ser generalizados à população.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

74

Antes de mais, surge uma pergunta, que ao longo do trabalho foi ganhando mais ênfase:

Será que as respostas dadas terão sido influenciadas pela dificuldade dos enfermeiros em

assumir consumos de álcool acentuados? Esta questão emerge, uma vez que se sente pouco

à vontade na colaboração por parte dos mesmos, quando se explica os objectivos do

estudo, e apesar de se frisar bem o facto de ser confidencial.

Este facto pode ter influência já que os enfermeiros têm um código deontológico ao qual

assumem compromisso desde o início da sua actividade. Assim, este refere, na alínea c) do

nº 3 do art.º 78º, que é princípio orientador da actividade dos enfermeiros a excelência do

exercício na profissão em geral e na relação com os profissionais (Ordem dos Enfermeiros,

2009). Esta “excelência do exercício” diz respeito à meta de qualidade no cuidado prestado

numa perspectiva holística da Pessoa. Não basta saber que os utentes têm direito a ser

“tratados pelos meios adequados, humanamente e com prontidão, com correcção técnica,

privacidade e respeito”, mas é necessário que, no concreto, a prestação de cuidados seja

boa, enquanto zelosa e competente (Ordem dos Enfermeiros, 2003).

Também o artigo 88º refere-se à excelência do exercício. Diz que o enfermeiro procura

essa excelência, e assume o dever, conforme a alínea f), de se abster de exercer funções

sob a influência de substâncias susceptíveis de produzir perturbações das faculdades físicas

ou mentais (Ordem dos Enfermeiros, 2009), sendo estas substâncias o álcool e/ou

substâncias psicoactivas. Estas substâncias provocam perturbações, que mesmo em doses

relativamente pequenas, potenciam efeitos indesejáveis e comprometedoras,

condicionando o tempo de reacção, a capacidade de atenção e o controlo motor, cuja

duração de acção depende de indivíduo para indivíduo. Desta forma, o indivíduo que está

sob este efeito estará menos apto a nível psicomotor e menos seguro para o exercício das

suas funções no serviço; no caso dos enfermeiros, estas perturbações condicionam o

desempenho técnico e humano, podendo colocar o utente ao seu cuidado numa situação de

risco ou vulnerabilidade (Ordem dos Enfermeiros, 2003). Assim, o enfermeiro deve abster-

se de exercer funções se consumir álcool ou outras substâncias psicoactivas, como forma

de garantir as suas plenas capacidades mentais e físicas no desempenho das funções.

Assim, surge outra pergunta: sendo os enfermeiros um grupo com uma imagem social

favorável e um papel social reconhecido será que estes apresentam níveis de consumo mais

elevados que a sociedade em geral e em particular com os grupos sociais equiparados, mas

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

75

têm receio em exprimi-los? E, será que pelo grau académico e conhecimento científico na

área da saúde, estes terão maior dificuldade em exprimir as suas fragilidades?

Apesar do AUDIT ser uma escala testada internacionalmente alguns dos enfermeiros

acrescentam no questionário, 0 copos na questão 2, o que faz pensar que esta hipótese de

resposta devia de estar contemplada, se bem que, o facto de quem quer responder 0 nesta

questão, ao responder 1 ou 2 não altera em nada o score final.

Uma pontuação maior ou igual a um, nas questões 2 e 3, podem indicar um consumo de

risco, segundo Babor (2001). Assim pode-se afirmar que, neste estudo, na questão 2 e 3

existe 8 e 12 enfermeiros, respectivamente, com potencial risco de consumo.

O mesmo autor refere que a presença de pontuação acima de zero, nas questões 4 a 6,

indicia início de dependência alcoólica, pelo que foi detectado que existem 2 enfermeiros

na pergunta 4 e 3 na pergunta 5, que pontuam mais do que zero.

Analisando as perguntas de 7 a 10, pode-se verificar, de acordo com Babor (2001), que se

existir pontuação nestas questões, indicam que os inquiridos já vivenciaram problemas

relacionados com o álcool. Desta forma, no presente estudo pode-se constatar que

pontuaram acima de zero, na sétima questão 6 enfermeiros; na questão oito, 2 enfermeiros

e na questão nove, um enfermeiro.

O score do AUDIT é a soma das 10 questões e o seu limite máximo de pontuação é de 40

pontos. No patamar mais elevado, onde se encontram em nível elevado os problemas com

o álcool, em pontuações superiores a 16, não ocorreu nenhum caso. Quanto à pontuação,

de 8 a 15, que indica um nível médio de problemas relacionados com o álcool, surge neste

estudo 1 enfermeiro com pontuação igual a 8. Quanto à pontuação que indica consumo de

baixo risco ou abstinência, pontuação de 0 a 7, positivamente, nesta amostra, constata-se

que pontuam nesta margem os restantes inquiridos.

Analisando o quadro de score total do AUDIT, verifica-se, que neste estudo, a maioria não

apresenta consumos de risco, pelo que poder-se-á dizer que não levanta grandes

preocupações a este nível.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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Contudo, é importante reflectir: há enfermeiros que apresentam consumos de risco, que

indiciam dependência alcoólica e que também já vivenciaram problemas relacionados com

o álcool. Na reflexão destes resultados, são suscitadas algumas questões, tais como: será

que os enfermeiros que responderam que quando não realizaram as suas funções ditas

normais, devido ao consumo, estas seriam na sua actividade profissional? Os enfermeiros

com risco de dependência alcoólica não comprometerão os cuidados por eles prestados?

Quando os enfermeiros mencionaram ter causado ferimentos a si ou noutras pessoas terá

sido durante a actividade profissional? E, terão os enfermeiros em risco de dependência a

necessidade de consumir bebidas alcoólicas durante o seu horário laboral?

Relativamente, às conclusões retiradas segundo a pontuação, pensa-se ser importante e

vantajosas formações, em grupo, com o objectivo de aprofundar os enfermeiros sobre esta

temática e a importância da redução do consumo de álcool, particularmente numa profissão

cujas responsabilidades são uma constante, como é em Enfermagem.

O consumo de álcool é promotor de graves problemas tanto sociais como pessoais. A

despesa total na Europa é cerca de 17 biliões de euros, dos quais 5 biliões são investimento

em prevenção e tratamento do consumo nocivo de álcool e da dependência alcoólica

(Andersen e Baumberg, 2006).

Quanto ao objectivo proposto inicialmente, conhecer o consumo de bebidas alcoólicas à

semana ou ao fim-de-semana, nas seis refeições diárias dos enfermeiros, verifica-se que o

consumo durante o fim-de-semana aumenta numa refeição, sendo quatro à semana (meio

da manhã, almoço, jantar e ceia) e cinco ao fim-de-semana (meio da manhã, almoço,

lanche, jantar e ceia).

Neste sentido, surge uma questão que se evidencia pertinente: haverá influência nos

consumos de álcool dos enfermeiros à semana e ao fim-de-semana, relativamente à

sociedade em geral, devido ao seu horário rotativo e à oportunidade de folgas fora do

normal da sociedade?

Analisando os consumos à semana constata-se que os maiores consumos, ou seja, mais

unidades-padrão de bebida consumida, ocorrem à hora do almoço e ao jantar.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

77

Relativamente ao fim-de-semana, verifica-se consumos consideráveis, nas cinco refeições,

embora o jantar e a ceia apresentem maior número em unidade-padrão, chegando a 3 u.p.

De acordo, com estes resultados pode-se afirmar que embora o horário de alguns

enfermeiros seja rotativo, principalmente em Portugal, a grande maioria dos enfermeiros

espanhóis têm como vantagem realizarem turnos fixos, fazendo o mesmo horário, embora

com folgas em dias alternados, o que permite, a muitos deles, a oportunidade de

socialização ao fim de semana.

Segundo Schuckit (1998), cerca de dois terços dos homens e 50% das mulheres nos países

ocidentais não bebem apenas ocasionalmente, o que nos remete para a situação relatada

sobre o consumo dos enfermeiros, uma vez que estes não consomem apenas

ocasionalmente, mas também nas refeições principais.

Neste estudo, o autor, pretendeu recolher o máximo de informação pertinente para

concretizar os seus objectivos propostos. Quanto à pontuação total do AUDIT, haverá

alguma influência na pontuação relativamente a alguma das variáveis em estudo?

Após a análise do quadro, relativo à existência ou não de influência das variáveis

independentes no score total do AUDIT, verifica-se que apenas o género influencia no

aumento da pontuação do AUDIT, sendo os homens os que apresentam maior pontuação.

Nesta perspectiva, e de acordo com a realidade actual de Enfermagem, embora seja um

“mundo” liderado por um maior número de mulheres, estas conseguem ter maior controlo

ou tabu nos seus consumos? Embora, as restantes variáveis não apresentem diferenças

estatisticamente significativas não se pode afirmar que apesar disso, as variáveis não

apresentem diferenças estatísticas entre as mesmas.

Relativamente ao consumo de bebidas alcoólicas à semana, e após estudo estatístico

relativamente à presença de diferenças estatisticamente significativas nas variáveis

independentes em estudo, pode-se verificar que existem diferenças nas variáveis tipo de

serviço, género, tempo de exercício profissional e vínculo à instituição, em diferentes

refeições. Quanto à variável tipo de serviço esta apresenta diferenças estatisticamente

significativas ao meio da manhã e à ceia, sendo nos dois os enfermeiros do serviço de

Urgências os que mais consomem. No género, constata-se que há diferenças

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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estatisticamente significativas, ao almoço e ao jantar e verifica-se que os homens

apresentam maiores consumos do que as mulheres. Realidade, que não se constata ao fim

de semana, uma vez que não existem estas diferenças em nenhuma das refeições. No

seguimento desta constatação, será que se pode concluir que as mulheres bebem mais ao

fim-de-semana?

A diferença estatisticamente significativa do vínculo à instituição dos enfermeiros pode

sugerir que os enfermeiros estão mais propensos ao consumo de álcool ao almoço,

dependendo da ligação que estes têm com a instituição. Não serão mais propensos ao

consumo elevado os enfermeiros quando o vínculo à instituição é provisório ou pelo

contrário será mais elevado quando estes estão já no quadro da instituição?

Também se verifica que, ao jantar, os enfermeiros com mais anos de exercício profissional

apresentam maiores consumos de bebidas alcoólicas. Poderá a experiência profissional dar

mais à vontade para o consumo de álcool?

Como se refere anteriormente, ao fim-de-semana, os enfermeiros consumem em mais uma

refeição comparativamente à semana, este dado, pode relacionar-se com o facto dos

enfermeiros madrilenos terem um horário, cujos turnos são fixos e apesar de trabalharem

aos fins-de-semana, conseguem quando estão de folga manter as mesmas actividades

praticamente às mesmas horas.

De acordo com a análise do gráfico relativo ao consumo de bebidas alcoólicas ao

fim-de-semana versus variáveis independentes, pode-se concluir que as variáveis que

influenciam estes consumos são: tipo de serviço, idade, estado civil e tempo de exercício

profissional. Da mesma forma, como acontece à semana, o tipo de serviço tem influência

no consumo dos enfermeiros, sendo neste caso igualmente superior nos enfermeiros das

Urgências, embora seja ao lanche. Relativamente à idade, esta apresenta diferença

estatisticamente significativa, à ceia, diferença que pode estar associada ao facto de Madrid

ter uma noite apelativa e de socialização, levando os enfermeiros mais jovens a desfrutar

do lazer juntamente com o consumo mais elevado de álcool. Também e podendo estar

associado à idade, temos o estado civil, já que apresenta diferença estatisticamente

significativa à ceia. Por isso, surge uma pergunta: será que os enfermeiros jovens e

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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solteiros não são mais aliciados pelo consumo de álcool? Terá esta associação algo

relacionado com falta de apoio para ultrapassar os problemas do trabalho ou representa

esta somente um momento de lazer?

No que se refere às diferenças estatisticamente significativas apresentadas do tempo de

exercício profissional, ao almoço e à ceia, constata-se que os enfermeiros que consomem

bebidas alcoólicas ao almoço exercem a actividade profissional há mais tempo do que os

que ingerem à ceia. Reflectindo nesta situação pode-se relacionar com a idade dos

enfermeiros, já que ao almoço são os que têm mais anos de experiência e desta forma

também mais idade. Os mais experientes encontram-se numa idade cujas actividades de

lazer são o convívio familiar proporcionando maiores consumos nessas alturas, enquanto,

os mais novos apreciam convívios nocturnos com amigos e/ou companheiros de profissão.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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V. CONCLUSÃO

Uma ciência necessita de estar constantemente em evolução e para isso é necessário que os

profissionais trabalhem com interesse no sentido de fomentar a investigação e adquirir

novos conhecimentos. Para isso, é necessário um grande investimento pessoal e

profissional no sentido de procurar responder às necessidades da profissão e desta forma,

enriquecerem a diversos níveis, nomeadamente: científico, profissional e pessoal.

Este estudo pretendeu não só reflectir sobre a importância da redução do consumo do

álcool, uma vez que é prejudicial tanto a nível fisiológico como social, mas também alertar

os profissionais para uma problemática da qual podem ser vítimas por consequência de um

desgaste profissional. Os enfermeiros executam muito mais do que meras técnicas, são eles

que cuidam das pessoas e como pessoas também necessitam que cuidem deles.

No que respeita aos objectivos académicos estipulados, entre eles, o aprofundar os

conhecimentos na área da investigação em enfermagem e entender a investigação como

metodologia de trabalho e de produção de conhecimento, pode-se concluir que os

objectivos foram atingidos. Os conhecimentos adquiridos através da pesquisa bibliográfica

foram bastante enriquecedores e apesar da temática do álcool ser estudada com relativa

frequência, o estudo realizado aos enfermeiros foi pertinente, já que é praticamente um

tema tabu entre os profissionais desta área, negando muitas vezes entre eles, a necessidade

de tratamento para combater esta situação.

Sendo o alicerce do estudo, os objectivos gerais da investigação, deve-se reflectir se os

mesmos foram concretizados. Nesta perspectiva, os resultados permitem afirmar que os

objectivos planificados foram alcançados com sucesso.

As dificuldades sentidas durante a concretização do trabalho relacionam-se com a gestão

de tempo, já que existe uma diversidade de actividades académicas e apesar de se ter

iniciado relativamente cedo, o período de férias foi curto, devido à participação da autora

em ERASMUS, em Madrid e também pela constante sensação de aperfeiçoamento e o

entusiasmo em compreender melhor os fenómenos desta investigação; outra dificuldade,

foi o limite de páginas para a realização do trabalho, uma vez que é um estudo com um

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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enorme leque de gráficos e teve-se de optar por limitar o estudo, não sendo possível

aprofundar o estudo dos dados obtidos; por fim, sentiram-se alguns obstáculos na revisão

bibliográfica relativamente ao consumo de álcool pelos enfermeiros, porque existem

poucos estudos sobre esta problemática e os que existem são de autores estrangeiros.

A realização deste trabalho foi sem dúvida muito gratificante, sendo o reflexo de um

grande investimento pessoal e empenho profissional. Na opinião da autora, não se reflecte

como o fim de um estudo, mas sim o início de muitos outros sobre a mesma temática,

explorando as dificuldades e os problemas que os profissionais possuem dado a sua

responsabilidade perante a sociedade e perante a manutenção de vidas.

Em suma, um enfermeiro deve ser um cuidador por excelência. Além de desempenhar um

papel fulcral na conservação da qualidade de vida dos seus utentes, jamais poderá esquecer

que antes de profissional, ele também é pessoa e que possui necessidades e debilidades.

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Consumo de álcool.

Estudo numa amostra de enfermeiros espanhóis.

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