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1 SÉRGIO LUÍZ MOREIRA RIBEIRO CONSUMO E DIGESTIBILIDADE APARENTE DE DIETAS CONTENDO FENO DE Tifton 85 (Cynodon spp) E NÍVEIS CRESCENTES DE FARELO DE CANOLA (Brassica spp) OU FARELO DE CANOLA EXPANDIDO SÉRGIO LUÍZ MOREIRA RIBEIRO Dissertação apresentada à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Zootecnia. Área de Concentração: Nutrição Animal Orientador: Prof. Norberto Mário Rodriguez Belo Horizonte - Minas Gerais Escola de Veterinária - UFMG 2007

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SÉRGIO LUÍZ MOREIRA RIBEIRO

CONSUMO E DIGESTIBILIDADE APARENTE DE DIETAS CONTENDO FENO DE Tifton 85 (Cynodon spp) E NÍVEIS CRESCENTES DE FARELO DE CANOLA (Brassica spp)

OU FARELO DE CANOLA EXPANDIDO

SÉRGIO LUÍZ MOREIRA RIBEIRO

Dissertação apresentada à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Zootecnia.

Área de Concentração: Nutrição Animal Orientador: Prof. Norberto Mário Rodriguez

Belo Horizonte - Minas Gerais Escola de Veterinária - UFMG

2007

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R484c Ribeiro, Sérgio Luíz Moreira, 1979- Consumo e digestibilidade aparente de dietas contendo feno de Tifton

85 (Cynodon spp) e níveis crescentes de farelo de canola (Brassica spp) ou farelo de canola expandido / Sérgio Luíz Moreira Ribeiro. – 2007.

57 p. : il.

Orientador: Norberto Mário Rodriguez Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola

de Veterinária Inclui bibliografia

1. Carneiro – Alimentação e rações – Teses. 2. Dieta em veterinária – Teses. 3. Feno como ração – Teses. 4. Plantas oleaginosas como ração – Teses. 5. Digestibilidade – Teses.

I. Rodriguez, Norberto Mário. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária.

III. Título.

CDD – 636.308 5

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Agradecimentos: Aos pais, Célio e Helena, pela sua presença, amor e por ensinarem-me que Deus é maior que todos e está sempre conosco; Aos irmãos, Marta, Célio e Daisy pela amizade sincera e união; Aos professores Norberto e Iran pela confiança e apoio irrestrito; Aos amigos e colegas de mestrado, em especial Igor (Toddynho) pela parceria e incentivo; Às demais pessoas que contribuíram para este trabalho; Meus sinceros agradecimentos!!!

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS............................................................................. 6 QUADRO 1............................................................................................... 13 RESUMO.................................................................................................. 8 ABSTRACT.............................................................................................. 8 1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 9 2. REVISÃO DE LITERARUTA.............................................................. 10 2.1. Canola....................................................................................................... 10 2.1.1. Fatores antinutricionais.......................................................................... 12 2.1.1.1 Glucosinolatos........................................................................................... 12 2.1.1.2 Ácido erúcico............................................................................................. 14 2.1.1.3 Outros fatores antinutricionais.................................................................. 14 2.1.2. Suplementação com canola e farelo de canola...................................... 14 2.2. Processamento de alimentos................................................................... 18 2.2.1 Expansão................................................................................................... 18 2.3. Gramíneas do gênero Cynodon............................................................... 21 2.3.1. Feno de Tifton 85..................................................................................... 21 2.4. Valor nutritivo dos alimentos................................................................. 23 2.4.1. Consumo................................................................................................... 24 2.4.2. Digestibilidade.......................................................................................... 25 2.4.3. Utilização da energia............................................................................... 25 2.5. Metabolismo protéico.............................................................................. 26 3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 28 3.1. Local e Duração do Experimento........................................................... 28 3.2. Procedimento Experimental................................................................... 28 3.2.1. Dietas......................................................................................................... 28 3.2.2. Animais..................................................................................................... 28 3.2.3. Equipamentos........................................................................................... 28 3.2.4. Tratamentos............................................................................................. 28 3.2.5. Colheita e Preparo de Amostras............................................................. 28 3.3. Análises laboratoriais.............................................................................. 29 3.4. Metodologia de cálculos.......................................................................... 29 3.5. Análises Estatísticas................................................................................. 30 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 30 4.1. Dados bromatológicos dos alimentos e das dietas utilizadas............... 30 4.2. Consumo de digestibilidade da matéria seca (MS)............................... 35 4.3. Consumo e digestibilidade das frações fibrosas.................................... 38 4.4. Consumo e digestibilidade da energia e balanço energético................ 40 4.5. Consumo de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de

nitrogênio.................................................................................................. 44 5. CONCLUSÕES........................................................................................ 48 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 48

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LISTA DE TABELAS Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE),

fibra bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e cinzas de farelo de canola (%).......................................... 15

Tabela 2. Características bromatológicas da casca colza em base de matéria seca

(MS) para dois cultivares.......................................................................... 16 Tabela 3. Porcentagem de diversos aminoácidos na matéria seca dos farelos de soja,

colza e canola............................................................................................ 17 Tabela 4. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente

neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL) e cinzas de fenos de Tifton 85 (%).................................. 22

Tabela 5. Determinação das analises realizadas por amostra................................... 29 Tabela 6. Analise de variância.................................................................................. 30 Tabela 7. Composição bromatológica, energia bruta, nitrogênio insolúvel em

detergente neutro (NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) dos alimentos utilizados na MS................................................... 31

Tabela 8. Composição bromatológica e energia bruta dos concentrados oferecidos

contendo 30% de milho moído e 70% de farelo de canola comum (CC) ou farelo de canola expandido (CE) na MS.............................................. 33

Tabela 9. Composição bromatológica e energia bruta das dietas oferecidas

contendo feno de Tifton 85 e concentrado contendo farelo de canola e farelo de canola expandido nas proporções 90:10; 80:20; 70:30 e 50:50 na MS........................................................................................................ 34

Tabela 10. Médias dos consumos diários (g/Kg0,75) de matéria seca (CMS) e

coeficientes de digestibilidade aparente (%) da MS (CDMS) das dietas com diferentes níveis de inclusão de concentrado contendo farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE)..................................... 36

Tabela 11. Médias dos consumos diários (g/Kg0,75) da fibra em detergente neutro

(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL) e celulose (CEL) das dietas com diferentes níveis de inclusão de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE)...................................... 38

Tabela 12. Coeficientes de digestibilidade (%) da fibra em detergente neutro

(CDFDN), fibra em detergente ácido (CDFDA), hemicelulose (CDHCEL) e celulose (CDCEL) das dietas com diferentes níveis de

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inclusão de concentrado contendo farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE).............................................................................. 39

Tabela 13. Consumos diários (Kcal/Kg0,75) de energia bruta (CEB) e dos

coeficientes de digestibilidade aparente (%) da energia bruta (CDEB) das dietas com diferentes níveis de inclusão de concentrados contendo farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE)...................... 41

Tabela 14. Consumos diários (g/Kg0,75) da energia digestível (ED) e da energia

metabolizável (EM) das dietas com diferentes níveis de inclusão de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE)...................... 42

Tabela 15. Teores de energia digestível (CED/CMS) e de energia metabolizável

(CEM/CMS) em (Mcal/Kg MS) das dietas com diferentes níveis de inclusão de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE)... 43

Tabela 16. Consumos diários (g/Kg0,75) de proteína bruta (CPB) e os coeficientes

de digestibilidade aparente (%) da PB (CDPB) das dietas com diferentes níveis de inclusão de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE).............................................................................. 44

Tabela 17. Valores médios diários de nitrogênio (N) ingerido, N fecal, N urinário

em (g/dia), N retido/ N ingerido (%) e Balanço de nitrogênio das dietas contendo farelo de canola (CC) e farelo de canola expandido (CE)......... 46

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RESUMO

Dez carneiros castrados, com peso médio de 51 Kg foram utilizados para avaliar o consumo e a digestibilidade do farelo de canola sob dois processamentos. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 4x2, em que 4 são os níveis de inclusão de concentrado na dieta e 2 o processamento do farelo de canola. As dietas foram compostas de feno de tifton 85 picado, e níveis crescentes de concentrado em substituição ao feno, sendo 10, 20 30 e 50%. Os concentrados foram compostos de 70% de farelo de canola ou farelo de canola expandido e 30 % de milho moído. A digestibilidade aparente e o consumo por unidade de tamanho metabólico da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL) e energia bruta (EB) foram estudados, assim como teor energético e balanço de nitrogênio. Na comparação das respostas entre os processamentos, expandido ou não expandido, do farelo de canola, não foram verificadas diferenças estatísticas (p>0,05) nos parâmetros avaliados. Houve aumento no consumo de MS entre os níveis máximo, 66,6 g/Kg0,75, e mínimo 53,13 g/Kg0,75, de inclusão de concentrado na dieta, em média. O consumo de EB teve o mesmo comportamento variando de 253,36 a 307,58 Kcal/Kg0,75. O consumo diário de PB aumentou com a inclusão de concentrado, apresentando semelhanças apenas entre os níveis 20 e 30% de inclusão, sendo 9,69 e 10,48 g/Kg0,75, e nos níveis 10 e 50% foi 8,36 e 14,8 g/Kg0,75, respectivamente. Os consumos de energia digestível (ED) e metabolizável (EM) foram superiores apenas no nível máximo de inclusão, sendo 205,03 e 169,78 Kcal/Kg0,75, respectivamente, da mesma maneira que a digestibilidade da MS (83,5 %) e o balanço de nitrogênio (18,23 g/dia). As frações fibrosas não apresentaram diferença para consumo e digestibilidade em nenhum dos níveis de suplementação, sendo em média 76,63 g/Kg0,75 e 59,25 % para FDN. Os coeficientes de digestibilidade (71,4; 74,57; 78,96 e 84,63%) da PB cresceram com o aumento do concentrado nas dietas sendo diferentes em todos os níveis. Os teores de energia digestível e metabolizável do dos farelos de canola foram em média 3,03 e 2,45 Mcal/Kg MS, respectivamente. Palavras-Chave: processamento, proteína bruta, ovino, oleaginosa, ruminante.

ABSTRACT Ten castrated male sheep were submitted to an experiment to evaluate the intake and digestibility of expanded canola meal or not expanded. The experimental design was a randomized factorial with 4 inclusion levels and 2 processings. Diets were based on tifton 85 hay replaced with different levels (10, 20 30 and 50%) of a concentrate of 70% of canola meal or expanded canola meal and 30 % of ground corn grain. Apparent digestibility and intake per unit of metabolic size of dried matter (DM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), hemicellulose (HCEL), cellulose (CEL), crude energy (CE) and nitrogen balance (NB) were studied. There were no differences for the parameter studied due to processing. There were increases in intakes of DM (53,13 to 66,6 g/Kg0,7) and CE (253,36 a 307,58 Kcal/Kg0,75) from 10 to 50% of concentrate level. CP intake rised with concentrate inclusion. DE and ME intake were high at 50% level, 205,03 and 169,78 Kcal/Kg0,75, respectively. Similarly, DM digestibility and NB were high at 50% level (83,5 % and 18,23 g/day). Intake and digestibility of fiber fractions were not different among concentrate levels. CP coefficients of digestion (71,4; 74,57; 78,96 e 84,63%) increased for each inclusion level. Digestible and metabolizable energies had mean values of 3,03 and 2,45 Mcal/Kg DM, respectively. Keywords: canola meal, sheep, digestibility, hay, ruminant.

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1. INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro tem demonstrado seu potencial há alguns anos frente ao comércio agrícola mundial, que cresceu 9,1% ao ano no período entre 2001 e 2004, enquanto as exportações do Brasil cresceram 18,8% ao ano nesse mesmo período. O crescimento acelerado nos últimos cinco anos permitiu o aumento da participação brasileira no mercado internacional de produtos agropecuários, passando de 2,8% em 2000 para 3,9% em 2004. É também o agronegócio o principal responsável pelo crescimento do PIB e superávit da balança comercial nacional. No ano de 2005, o setor agropecuário foi responsável por 27,87% do PIB nacional, sendo que destes, cerca de 30% é fruto do setor pecuário e 70% devido ao setor agrícola (Ministério..., 2006).Apesar deste índice não ser completo para avaliação de um setor produtivo por não incluir aspectos ligados à preservação ambiental, responsabilidade social e ética, economicamente é um referencial importante. A lucratividade de um sistema de produção de ruminantes está muitas vezes associada à maior produtividade dos animais ali presentes. Neste contexto, a nutrição tem um peso elevado na representação dos custos de produção e no desempenho dos animais. Os constantes avanços na nutrição animal, cujo alicerce é a pesquisa científica, promovem condições para este melhor desempenho e lucratividade do setor. A utilização racional dos alimentos evita o uso de nutrientes em excesso e, portanto, reduz a excreção destes no meio ambiente, melhorando a lucratividade, competitividade e sustentabilidade ambiental das atividades pecuárias. Com isto, a avaliação de alimentos alternativos na nutrição dos animais se torna um ponto importante na busca por viabilidade econômica de sistemas de produção, principalmente quando

alimentos tradicionais como milho e soja têm seus preços vinculados ao mercado internacional e com grande parte da produção voltada à exportação. Neste contexto, o farelo de canola pode ser uma alternativa viável para tornar a produção de ruminantes mais econômica, pois se trata de uma fonte protéica que pode substituir o farelo de soja integralmente, levando em consideração a disponibilidade do produto nas diferentes regiões geográficas do Brasil. A busca por alimentos mais saudáveis pela população humana é uma tendência mundial por qualidade de vida. O óleo de canola tem sido identificado como um alimento importante na dieta dos humanos por ser rico em ácidos graxos poliinsaturados e apresentar um dos teores mais baixos de ácidos graxos saturados dentre os óleos vegetais comerciais, o que o permitiu ser classificado como alimento funcional, tendo em vista o auxilio que promove no controle de doenças cardiovasculares. Com estas atribuições, são sensíveis os aumentos da demanda deste produto e conseqüentemente um aumento do plantio de canola, da extração do óleo e crescimento do resíduo, o farelo de canola, que é utilizado na alimentação animal. Também, a busca por combustíveis alternativos, como o biodiesel, pode intensificar o plantio e o uso da canola, gerando mais subprodutos, já que a canola possui percentualmente mais que o dobro de óleo em comparação à soja, o que a torna interessante na produção deste combustível. Existem diversos processamentos de alimentos cujos objetivos podem ser a inclusão de ingredientes de difícil mistura nas formulações, a melhoria na qualidade microbiológica ou na vida útil do produto terminado e a inativação de fatores antinutricionais. Esses processamentos podem alterar a composição química dos nutrientes, o local de digestão, a digestibilidade e o consumo dos alimentos processados, trazendo benefícios para a nutrição e no desempenho dos animais. A

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técnica de expansão de alimentos tem-se mostrado adequada para uso em concentrados destinados a animais de produção, com custo de produção compatível com o valor desses concentrados. Em face da considerável importância de estudos sobre o farelo de canola e o processo de expansão na alimentação animal, este trabalho tem como objetivos determinar o valor energético do farelo de canola e do farelo de canola expandido em formulações de dietas para ovinos, o melhor nível de inclusão destes na dieta e seus efeitos associativos com feno de tifton 85.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Canola Canola é uma sigla em inglês (Canadian oil low acid), que determina variedades de colza selecionadas e melhoradas geneticamente e possuem menos de 2% de ácido erúcico na fração gordurosa e menos de 30 µmol/g de glucosinolatos no farelo livre de óleo (Bell, 1993; Bertol e Mazzuco, 1998; Brand et al, 2001; Tomm, 2005). Segundo Bertol e Mazzuco (1998), as variedades de colza que possuem esses requisitos, atingem o “padrão canola” e levam este nome, o qual distingue estas variedades de colza das demais (Moreira et al., 1996). A canola é uma planta da família das crucíferas, do gênero Brassica como a mostarda, couve, couve-flor, repolho, brócolis e o rabanete (Tsunoda et al., 1980; Bell, 1982). Segundo estes autores, existem relatos do uso das sementes de colza a cerca de 1500 a 2000 anos aC. Existem registros do cultivo da colza em plantações na Europa desde o século XIII, cujo objetivo era a produção de óleo destinado para iluminação e produção de sabão. Existem duas principais espécies de colza, Brassica campestris e Brassica napus, plantas precursoras do que hoje se reconhece como

canola. A origem é obscura, mas B. campestris parece vir de três principais grupos de vegetais deste gênero: asiático, mediterrâneo e do oeste europeu. B. napus está inicialmente ligada à área do Mediterrâneo, mas atualmente é aceito que sua origem vem do cruzamento entre B. campestris e B. oleracea, uma espécie que contém várias subespécies. A partir do século XIX, o cultivo de colza se espalhou em direção ao norte e ao leste europeu, entrando na região da Escandinávia assim como em países como Rússia e Polônia. É possível que o cultivo de colza ocorreu bem mais cedo na China e na Índia (Bell, 1982). Fora a colza forrageira (B. napus), que foi largamente utilizada no Canadá, como pasto anual, a primeira introdução de colza para produção de sementes oleaginosas foi em 1936 quando Fred Solvonik, um fazendeiro imigrante polonês, recebeu um envelope, em Saskatchewan - Canadá, com sementes de B. campestris vindo da Polônia. Este material, subseqüentemente, foi à fonte de sementes utilizadas pelo Departamento de Agricultura do Canadá logo anteriormente e durante a II guerra mundial para testes em uma estação de pesquisa. Também, sementes de B. napus foram obtidas da Argentina, e durante vários anos estes dois tipos de colza foram comumente conhecidos como “polonesa” e “argentina”. O interesse original no cultivo de colza era para extração do óleo, que tinha propriedades especiais, devido ao alto teor de ácido erúcico, como lubrificante de engrenagens navais (Bell, 1982). A partir daí, em função do trabalho de melhoristas vegetais, foi possível a obtenção de variedades com baixos teores de ácido erúcico e glucosinolatos, permitindo o consumo humano e o surgimento do nome canola na década de 70 (Moreira et al., 1996). Atualmente, a busca por dietas mais saudáveis pelos consumidores tem provocado grandes mudanças no mercado de alimentos. Preocupadas com o risco das doenças de coração, muitas pessoas

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redobraram os cuidados quanto ao consumo de óleos e gorduras. A composição dos produtos e seus efeitos no nível de colesterol no sangue são levados em conta na hora da compra, o que fez aumentar a presença no mercado de óleos antes pouco conhecidos no Brasil, como o de canola. O óleo extraído das sementes dessa planta apresenta qualidades desejáveis pelos consumidores preocupados com a saúde por que possui os mais baixos teores de gordura saturada, que contribui para elevar os níveis de colesterol no sangue. A canola tem apenas 7% enquanto o óleo de soja tem 15% e o de palma 51% de ácidos graxos saturados em sua composição. Ao mesmo tempo o óleo de canola têm teores elevados (11%) de ácidos poliinsaturados, que ajudam a reduzir o nível de LDL (low density lipids – lipídeos de baixa densidade), sendo conhecidos como “mau colesterol”. Com base em seus efeitos benéficos à saúde, em 1992 o óleo de canola foi o primeiro produto autorizado a receber no rótulo o selo de Recomendação Médica do Funcor – Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia (O Sulco, 2007). A canola é a terceira oleaginosa mais importante no agronegócio mundial, ficando atrás apenas da soja e do dendê. As principais regiões produtoras de canola na China, Índia, Canadá, União Européia e Austrália, responsáveis por 90 % da produção mundial, situam-se em latitudes entre 35º e 55º (Embrapa, 2005). Na safra 1995/96, a canola obteve uma produção mundial estimada de 33,85 milhões de toneladas, sendo a produção do farelo estimada em 18,5 milhões de toneladas. Tem importância muito grande para o Canadá, país que possui uma instituição, Canola Council of Canada, que gera pesquisas e informações desde receitas culinárias com óleo de canola até as mais inovadoras técnicas de melhoramento genético aplicadas a esta planta. Segundo este instituto, mais de 52 mil fazendeiros canadenses plantam canola, a industria movimenta acima de 11 bilhões de dólares

anualmente e as exportações de produtos oriundos da canola subiu de 1 para 4% do total de exportações canadenses entre 2000 e 2004. As pesquisas brasileiras e cultivo de colza iniciaram em 1974 no Rio Grande do Sul (RS), nos anos 80 no Paraná (PR) e em 2003 em Goiás (GO). Lentamente, vem conquistando espaço na rotação de culturas de inverno. Somente no período 2002/2003, a produção cresceu em 42%, passando de 14.633 para 20.826 toneladas. Em 2004, a área plantada foi de 15 mil hectares, com uma produção estimada em 18 mil toneladas (agronline, 2006). Já para 2006 a área de plantio estimada só para o estado do Rio Grande do Sul foi de 30 mil hectares (O Sulco, 2007). Segundo Baier (1993), há no Brasil uma área disponível para plantio, de maio a novembro, superior a 10 milhões de hectares, e se um terço desta área for plantada com canola, ter-se-á uma produção estimada de quatro milhões de toneladas de grãos. Por ser uma oleaginosa de clima temperado, seu plantio é feito no Brasil durante o inverno em áreas de temperaturas mais baixas, principalmente na região Sul. Contudo, no ano de 2004 em Goiás e Uberlândia-MG pela primeira vez a canola é produzida em regiões de baixa latitude (17º e 18º). A lavoura de 2.417 ha mostrou boa adaptação na época de safrinha, com semeadura em fevereiro e março, em áreas com altitude acima de 700 metros demonstraram que a canola é uma cultura com grande potencial para contribuir com a expansão do agronegócio brasileiro, por se adequar perfeitamente como cultura de safrinha nos sistemas de produção de grãos do Centro-oeste do Brasil e possuir mercado comprador, mesmo que se produzam grandes quantidades. (O Sulco, 2007; Embrapa, 2005). Os óleos de canola e colza são os mais utilizados para produção de biodiesel na Europa, EUA e Canadá, sendo referência de padrão de qualidade. Por isto, observa-se a

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procura de grão e óleo de canola para atender àquele mercado (Tomm, 2006). Isto porque, enquanto a soja – principal oleaginosa utilizada na composição do biodiesel nacional – apresenta 18% de teor de óleo, a canola e o girassol possuem mais que o dobro: teor entre 37 a 50% (Embrapa, 2006). Dois terços do biodiesel nacional têm a soja como matéria prima, aparecendo a mamona em segundo lugar com 25% do total. Um dos fatores que levaram a este elevado consumo de soja para tal fim é o custo de produção por litro de biodiesel, aparecendo o girassol com R$ 0,57, a soja R$ 0,70 e a mamona, com o custo mais elevado, R$ 1,35 por litro produzido. Além disso, com a perspectiva de inclusão de 5% de biodiesel no diesel de petróleo em 2013, o consumo de óleo de soja tende a aumentar e não ser suficiente para atender este mercado assim como para o consumo humano (Fundação..., 2006). Neste sentido, a canola pode ganhar espaço com o uso de óleo para produção de biodiesel e consumo humano. A produção animal ganha mais um suplemento protéico de alta qualidade para formulação de rações através do resíduo da extração do óleo, o farelo de canola. É amplamente reconhecido no norte da Europa, na Austrália e no Canadá que o cultivo de canola reduz a ocorrência de doenças nas culturas subseqüentes, contribuindo para que o trigo semeado no inverno seguinte apresente rendimentos até 20% superiores e tenha maior qualidade e menor custo de produção. As experiências brasileiras seguem a mesma tendência. Assim, a canola constitui uma das melhores alternativas para diversificação de culturas de inverno como cobertura vegetal para proteger o solo e geração de renda pela produção de grãos também no Sul do Brasil (Tomm, 2006; Bertol e Mazzuco, 1998). De acordo com Baier (1993), sua ação melhoradora do solo para as lavouras de trigo e soja se dá através da ação descompactadora exercida pelo seu sistema radicular, propiciando a multiplicação de

insetos benéficos e ação fungiostática sobre os microorganismos do solo que causam enfermidades. 2.1.1. Fatores antinutricionais De acordo com Thompson (1993), os fatores antinutricionais podem ser conceituados como substâncias naturais que causam efeitos negativos no crescimento ou na saúde dos homens e animais. Existem alguns fatores antinutricionais na canola, cujos principais são os glucosinolatos, o ácido erúcico, sinapina e taninos, que podem levar a alterações morfofisiológicas nos animais e comprometer a nutrição e o desempenho dos mesmos. 2.1.1.1. Glucosinolatos Com o desenvolvimento das variedades de colza com baixo teor de glucosinolatos (GSL) na década de 1970, importante passo foi dado para o uso do farelo de canola na alimentação animal. Segundo Bell (1984), os glucosinolatos representam em torno de 6% no farelo livre de óleo em cultivares de colza com alto teor de glucosinolatos e menos que 1% na canola. Os glucosinolatos são conhecidos como “fator bociogênico”, pois os produtos de sua hidrólise interferem na captação do iodo e nas reações de iodização dos precursores dos hormônios tireoidianos. Segundo Pinto e Fontana (2001), os glucosinolatos não são tóxicos por si mesmos. Sofrem ação da enzima mirosinase (tioglucosideo glucohidrolase), presente no próprio grão, ou de enzimas de microorganismos no trato digestivo dos animais, com a formação de produtos de hidrólise, reduzindo o consumo pela baixa palatabilidade. Há redução também dos níveis sanguíneos dos hormônios tireoidianos, na captação do iodo, na relação entre tirosina (T3) e tiroxina (T4), causando aumento de volume, alteração na estrutura histológica com hiperplasia celular e perda de função da glândula tireóide e

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conseqüentes distúrbios no metabolismo geral dos animais (Paik et al.,1980; Bell, 1984; Pusztai, 1989; Bell, 1993). Bell (1984) relata seis componentes dos glucosinolatos como mais significativos no farelo de canola (quadro 1). A extensão dos efeitos bociogênicos está relacionada com a extensão da hidrólise dos glucosinolatos. Iwarsson (1973), trabalhando com três grupos de vacas em lactação recebendo 0, 20 e 35 % de farelo de colza no concentrado, relata redução dos teores de iodo no leite a partir da sexta semana de lactação para os grupos que recebiam farelo de colza em relação ao grupo controle, tendo em vista que o consumo de iodo foi igual. Também houve diferença na percentagem de tiocianato no leite, sendo bem maior para os grupos consumindo farelo de colza. O autor comenta que estes resultados se devem a inibição da captação do iodo pelos produtos de hidrólise dos glucosinolatos. A hidrólise dos glucosinolatos pode se dar também por ação do calor ou do pH e gerar produtos danosos aos animais. Devem ser

consideradas as diferenças anatômicas e fisiológicas entre aves, suínos e ruminantes, que possuem diferentes pH´s, atividade microbiana e tempo de trânsito no trato gastrointestinal (Bell, 1993). De acordo com o mesmo autor, nitrilas são importantes produtos de degradação não enzimática do glucosinolatos em pH ácido. Os efeitos nocivos dos produtos de hidrólise dos glucosinolatos se dão principalmente em monogástricos, pois nos ruminantes pode ocorrer destruição destes por ação da microbiota ruminal (Hill, 1991). Aherne e Kennelly (1982) e Bell (1984) relatam que o farelo de canola pode ser utilizado com sucesso na alimentação de bezerros e de novilhas em crescimento em substituição ao farelo de soja sem afetar o ganho de peso diário ou a eficiência de utilização do alimento. Aherne e Kennelly (1982) sugerem que o farelo de canola pode ser usado como única fonte protéica para vacas em lactação sem comprometer o consumo, composição do leite ou a digestibilidade da dieta.

Quadro 1: Principais glucosinolatos encontrados no farelo de canola:

Glucosinolatos Radical

Progoitrina CH2=CHOCHOH-CH3 Gluconapina CH2=CH(CH2) 2

Glucobrassicanapina CH2=CH(CH2) 3

Napoleiferina CH2=CH-CH2CH-CH2

Glucobrassina

Neoglucobrassina

Fonte: Adaptado de Bell (1984)

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2.1.1.2. Ácido erúcico O ácido erúcico é um ácido graxo monoinsaturado de cadeia longa, com 22 átomos de carbono, dificilmente oxidável pelos animais e que tende a causar problemas cardiovasculares por sua deposição no músculo cardíaco. É um componente do óleo da canola que sofreu uma redução de 55% para valores próximos de zero %, pois era necessário para que se estabelecesse o consumo humano. O teor de ácido erúcico no óleo de colza foi identificado, juntamente com o processo de esmagamento da semente e o refino do óleo, como fator limitante no desenvolvimento da indústria da colza no Canadá em 1964 (Bell, 1982). 2.1.1.3. Outros fatores antinutricionais Sinapina é um éster de ácido sinápico e colina, de sabor amargo que pode afetar o consumo pelos efeitos adversos sobre a palatabilidade (Lee et al., 1984). O teor da vitamina colina no farelo de canola é 0,67%, mais que o dobro do encontrado no farelo de soja (0,28%) (Bell, 1984). Os efeitos da sinapina estão relatados basicamente em aves onde causam alteração nos ovos. Segundo Bell (1993), a sinapina age sobre a enzima hepática trimetilamina oxidase, causando manchas amarronzadas nas cascas dos ovos e odor de peixe nos mesmos. Segundo Leung et al (1979), o farelo de colza possui 1,5% de sinapina. Os taninos são substâncias polifenólicas com variados pesos moleculares e complexidade, sendo capazes de formar ligações com proteínas e outras macromoléculas como os carboidratos. São classificados em dois grupos: os hidrolisáveis (carboidrato central com ligações de ácidos fenólicos carboxílicos) e os condensados (mistura de polímeros flavanóides) (Van Soest, 1994; Morais et al., 2006). Os principais efeitos antinutricionais são: redução no consumo voluntário, redução na digestibilidade dos

nutrientes, efeitos adversos sobre o metabolismo ruminal e toxicidade. Existem controvérsias com relação aos efeitos dos taninos sobre a fermentação ruminal. Morais et al (2006) consideram que essas substâncias apresentam efeito adverso e benéfico, dependendo de sua concentração e natureza, assim como da espécie, estado fisiológico do animal e composição da dieta. Segundo Leung et al (1979) o farelo de colza possui 1,5% de taninos. O fitato compreende a maior proporção de fósforo encontrado em alimentos derivados de plantas. É bem reconhecido que o fitato reduz a disponibilidade do fósforo e de outros minerais como zinco, magnésio e cálcio para monogástricos. O farelo de canola apresenta entre 2,9 e 3,2 % fitato (Newkirk e Classen, 2001). Cerca de 50 a 70% do fósforo contido nos grãos de cereais e em outros alimentos concentrados, como o farelo de soja e de algodão, encontram-se na forma de fitatos. Entretanto, os microorganismos do rumem são capazes de produzir a enzima fitase, tornando o fitato disponível para absorção nos ruminantes. Estudos conduzidos com bovinos em crescimento e vacas de leite têm atestado que 95–100% do P-fitato é hidrolisado num período de 24 horas de incubação com fluído ruminal (Corsi e Martha Júnior, 2000). 2.1.2. Suplementação com canola e farelo de canola O farelo de canola é o produto resultante da moagem das sementes de canola para extração do óleo, tendo potencial para uso, com certas restrições, em rações para a maioria das espécies animais (Pinto e Fontana, 2001). No processamento normal para extração do óleo por solvente, as sementes limpas passam através de cilindros esmagadores, logo após são cozidas (máximo 90ºC), sendo submetidas à extração mecânica, floculação, extração com hexano e remoção do solvente (Bell, 1984).

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A tabela 1 apresenta as características bromatológicas do farelo de canola, segundo

diversos autores.

Tabela 1: Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e cinzas de farelo de canola (%)

MS PB EE FB FDN FDA CINZAS Referências 88,22 36,07 1,01 11,42 22,52 30,20 - Scapinello et al., 1996 89,00 42,80 4,10 12,10 - - 7,00 Bell, 1984 91,50 41,85 3,92 13,13 23,54 19,09 - Bell & Keith, 1991 90,00 35,69 3,60 9,86 25,98 14,50 6,62 Bell et al., 1991 92,50 38,29 3,59 12,01 21,54 17,47 - Bell, 1993 90,07 40,16 1,17 - 30,72 21,77 6,13 Valadares Filho et al. 200289,70 38,80 3,70 12,20 25,50 16,80 7,00 Prestlokken, 1999 a 90,30 37,80 5,40 - 29,80 20,50 7,40 National..., 2001 90,00 40,00 4,0 12,00 29,00 20,00 8,0 National..., 2006

Como a maioria dos subprodutos industriais, o farelo de canola apresenta uma grande variabilidade na sua composição e no seu valor nutricional em função do tipo de processamento sofrido na extração do óleo e em função das diferenças entre cultivares (Bertol e Mazzuco, 1998). Neste sentido, Bayley e Hill (1975) constatam que a energia metabolizável do farelo de canola para suínos foi aumentada com peletização a vapor e que este efeito se deveu ao aumento da digestibilidade da fibra pelo processamento. De acordo com Scapinello et al. (1996), o padrão canadense de comercialização do farelo de canola compreende: mínimo de 35% de proteína bruta, máximo de 11% de umidade, 4,0% de extrato etéreo, 12% de fibra bruta e 6,8% de matéria mineral. Sánchez e Claypoll (1983), comentam que o teor de proteína bruta presente no farelo de canola é dependente da cultivar a qual foi originado. Segundo Bell (1993), os teores de energia metabolizável (EM) do farelo de canola para suínos apresentam valores entre 87-96% da energia digestível (ED). Já para ruminantes, em torno de 80%. Cita variações no teor de energia metabolizável entre 2,79 - 3,20 Mcal/Kg para ruminantes, 2,48 - 3,49 Mcal/Kg para suínos e 1,79 - 2,60 Mcal/Kg

para aves, a depender da cultivar, de seus teores de casca e glucosinolatos. Já o National Research Council (2006), cita valores de ED e EM iguais a 3,1 e 2,6 Mcal/Kg, respectivamente. A quantidade e o tipo de casca exerce significativo efeito sobre a energia digestível e metabolizável do farelo de canola. Bell e Shires (1982), trabalharam com suínos alimentados com casca de colza de duas variedades: cultivar Tower (B. napus, padrão canola), apresentando casca marrom, e cultivar R-500 (B. campestris), apresentando casca amarela. Os níveis de inclusão foram 0, 15 e 30% , substituindo o farelo de soja que foi utilizado na dieta controle. Encontraram coeficiente de digestibilidade da energia bruta próximo a zero para cv. Tower e em torno de 30% para cv. R-500, mostrando o grande efeito que a variedade da planta exerce sobre o subproduto farelo, já que entre 27 e 30% deste é constituído de casca devido a difícil separação durante a extração do óleo. Semelhante ao encontrado com a energia, a proteína bruta da casca marrom foi praticamente indigestível. Já a casca amarela apresentou em torno de 20% de digestibilidade. Segundo os autores, estes efeitos são devidos aos menores teores de casca da cultivar R-500 e aos menores teores de lignina e fibra em sua casca, comparativamente a casca da cultivar Tower. Os elevados teores de EB relatados

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pelos autores são devido à alta concentração de extrato etéreo nas cascas, sendo 20,7 e 10,6% para as cultivares R-500 e Tower, respectivamente.

A tabela 2 apresenta as características bromatológicas de cascas das cultivares Tower e Candle.

Tabela 2: características bromatológicas da casca colza em base de matéria seca (MS) para dois cultivares

Cultivar EB

(Mcal/Kg) PB % EE % FDN % FDA % Lignina

% GSL totais (µmol/g)

Tower (canola) 5,27 15,6 10,6 71,2 59,9 16,5 4,7 R-500 5,39 18,2 20,7 52,6 41,0 11,7 27,2

Fonte: Bell e Shires (1982) Bush et al. (1978), trabalharam com dieta a base de feno de timóteo (Phleum pratense) e cevada ou milho e dois cultivares de canola (Candle e Tower), apresentando o primeiro menores teores de glucosinolatos e fibra bruta. Realizaram três experimentos, sendo o primeiro com borregas em crescimento, o segundo com cordeiros desmamados e o terceiro com novilhas. No primeiro experimento, o consumo no período de 21 dias de feno foi de 325 e 332 g/dia, e 322 e 328 g/dia de farelo de canola das cultivares Tower e Candle, respectivamente. Os teores de PB foram semelhantes para as cultivares, em meda 37,7%. Os teores de FDN e FDA foram 18,5 e 16,2%, e 26,2 e 23,8% respectivamente para Tower e Candle. Os valores dos coeficientes de digestibilidade para MS (71,6 e 68,2%), nitrogênio (77,7 e 76,8%), FDN (68,5 e 62,5%), FDA (60,7 e 51,9%) e energia bruta (71,3 e 68,0%) apresentaram diferença estatística (p<0,05) para as cultivares Candle e Tower, respectivamente. A retenção de nitrogênio também foi maior para a cultivar Candle, com valor de 16,3%, em comparação à Tower com 13,9%. Os valores encontrados foram O segundo e o terceiro ensaios não revelaram diferenças entre os coeficientes de digestibilidade nem de ganho de peso, contudo as dietas contendo a cultivar Candle apresentam-se mais palatáveis. Sharma et al. (1980) avaliaram a digestibilidade aparente em novilhos holandeses dos mesmos cultivares de canola (Tower e Candle) e do farelo de soja com

50% de inclusão na dieta em substituição a uma dieta basal. Não houve diferença no consumo, sendo em média 69,5 g/Kg0,75, mas a digestibilidade da matéria seca foi maior no grupo alimentado com farelo de soja (84,5%) que para os grupos alimentados com farelo de canola (79,5%, em média). A digestibilidade da fibra em detergente neutro tendeu a ser maior para o cultivar Candle, que apresenta menor teor de fibra em relação a cultivar Tower. Matras et al., (1990) e Castell e Cliplef (1991) citaram que o farelo de canola possui menor teor de proteína bruta e lisina e maior teor de aminoácidos sulfurados, especialmente metionina e cistina, além de maior teor de fibra bruta em relação ao farelo de soja. Segundo o Canola Council of Canada, não há restrição para o uso da canola em nenhuma das espécies de ruminantes domésticos, nem distinção entre categorias. Matras et al. (1990) comentaram que o farelo de canola pode ser utilizado como única fonte protéica para cordeiros em crescimento. Moreira et al. (1996) destacam que farelo de canola atualmente produzido no Brasil é originado de variedades mais modernas (Icíola), apresentando melhor qualidade. Isto pode ser constatado pelo nível de fibra bruta de 9,46% deste trabalho quando comparado com 12,1% citado por Bell e Keith (1991). O menor teor de fibra bruta resultou em maior nível energético. Bett et al. (1999) avaliaram desempenho e digestibilidade de grão de canola inteiros, quebrados ou peletizados da variedade

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Iciola-41 comparados com farelo de soja (controle) em cordeiros cruzados de fêmeas Corriedale e machos Ile de France, Suffolk ou Bergamácia, com idade entre 60 e 90 dias. As dietas foram baseadas na relação de 30% de volumoso (feno de aveia) e 70% de concentrado contendo os alimentos avaliados, sendo 24,17% de farelo de soja e 28,57% para os tratamentos que continham canola, no concentrado. As dietas continham em torno de 16,5% de PB. Não foram verificadas diferenças no ganho de peso diário, peso final, apresentando em média 204 g/dia de ganho e 32,3 Kg de peso final. Também não foram verificadas diferenças (p<0,05) nos coeficientes de digestibilidade da MS, PB e EB em nenhum dos tratamentos, ficando entre 72,12 e 64,07% para MS, 74,68 e 70,21% para PB e 68,12 e 64,62% para EB. Houve diferença dos coeficientes de digestibilidade da FDN e FDA para o tratamento de grão de canola peletizados, 38,88 e 29,59% respectivamente, menores em relação à FDN da canola integral (60,11%) e FDA dos demais tratamentos. Na tabela 3 são apresentados os teores de alguns aminoácidos dos farelos de colza, soja e canola a título de comparação. Pode-

se observar que os teores de metionina+cistina do farelo de canola é de 2,06 % enquanto o farelo de soja apresente 1,04 % sendo quase o dobro deste. Além disso, a metionina represente 41,7% da soma de metionina+cistina. Ainda há muita controvérsia sobre quais aminoácidos são os mais limitantes na dieta de ruminantes, mas é descrito para vacas leiteiras e gado de corte que os mais limitantes são metionina, lisina e treonina (Ladeira et al., 2002). Blum et al., (1999), consideraram a metionina como o aminoácido mais limitante para vacas leiteiras de alta produção. Já Rodriguez (1996) conclui que os aminoácidos mais limitantes são lisina e metionina nas necessidades para a maior produção e teor protéico do leite, e que a fração destes correspondem em torno de 15 e 5% dos aminoácidos essências disponíveis para absorção na digesta duodenal, respectivamente. Isto é mais um ponto favorável ao uso do farelo de canola como fonte protéica e complementado com farelo de soja que possui maior teor de lisina. Pode-se inferir que a associação entre farelo de canola e soja possa resultar em melhor desempenho animal pela complementariedade do perfil aminoacídico.

Tabela 3. Porcentagem de diversos aminoácidos na matéria seca dos farelos de soja, colza e canola

Aminoácidos Referência Arg His Iso Leu Lis Met Cis Try Fen Val Tre

Farelo soja 3,26 1,21 2,37 3,79 3,14 0,71 0,33 0,61 2,43 2,53 1,92 Bell 1984 Farelo colza 2,50 1,15 1,63 2,85 2,45 0,73 0,50 0,48 1,64 2,09 1,84 Bell 1984

Farelo canola 2,6 1,54 1,78 3,04 2,49 0,86 1,2 0,53 1,71 2,29 1,9

Bell & Keith 1991

Lardy et al. (1993) trabalhando com novilhas holandesas, canuladas no rume e no intestino delgado, num quadrado latino 4 x 4, avaliou a degradação ruminal e a passagem de aminoácidos do farelo de canola (FC), farelo de soja (FS) e farinha de sangue tendo como grupo controle a uréia. A dieta base continha feno de festuca e todas continham 14% de proteína bruta (PB). O

consumo de aminoácidos sulfurados foi maior para as dietas contendo FC em relação à dieta com FS. A suplementação com FC resultou em maior passagem para o duodeno de cistina, metionina, arginina e isoleucina em comparação ao FS. Passagem de aminoácidos totais para o duodeno foi maior para farinha de sangue (675g/d), mas o FC

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superou o FS (511 versus 439 g/d, respectivamente). Já Stanford et al., (1996), avaliando sementes de lupim branco (LB), farelo de canola (FC) ou farelo de soja (FS) como suplemento protéico em dietas isoprotéicas (proteína bruta = 15,5%) a base de cevada para cordeiros cruzados Romanov x Suffolk, encontraram valores superiores de digestibilidade da MS, matéria orgânica (MO), energia e proteína bruta para LB em relação aos demais tratamentos, sem diferença. Não foram verificadas diferenças entre os tratamentos na conversão alimentar e consumo de MS, apresentando em média 4,36 Kg MS/Kg ganho e 1196 g/dia, respectivamente. O ganho de peso diário do grupo alimentado com FC (285g/dia) foi semelhante ao do grupo alimentado com LB (272 g/dia), mas superior ao grupo alimentado com FS (255 g/dia). A retenção de nitrogênio foi semelhante entre FC e FS, sendo igual a 5,5 e 4,5 g/dia, respectivamente. O Canola Council of Canada relata um aumento médio de 1 Kg de leite por vaca/dia a partir de dados de 18 trabalhos científicos desde 1975, quando os animais passaram ter o farelo de canola como suplemento protéico em substituição ao farelo de soja ou de algodão. Dentre estes trabalhos podemos destacar Sanchez e Claypool (1983), trabalhando com 30 vacas holandesa em lactação com dietas a base de feno de alfafa e silagem de milho, recebendo suplemento protéico contendo farelo de soja ou farelo de canola ou farelo de algodão. As dietas foram isoprotéicas (15,1% PB) e isocalóricas (1,6 Mcal/Kg de energia líquida para lactação). A produção de leite não diferiu entre os tratamentos, mas observou-se uma tendência de maior produção no grupo alimentado com farelo de canola (37,7 Kg/dia) em relação aos grupos alimentados com farelo de soja (34,5 Kg/dia) e farelo de algodão (36,5 Kg/dia). Não houve diferença nos teores de proteína, gordura e sólidos totais. Os sólidos

não gordurosos foi o único parâmetro que apresentou diferença acompanhando a tendência da maior produção de leite para o grupo alimentado com farelo de canola, sendo de 3,70 Kg/dia para este, 3,42 e 3,13 para farelo de algodão e soja, respectivamente. Esta resposta reflete o efeito cumulativo das tendências de melhores respostas do farelo de canola. 2.2. Processamentos de alimentos Muitos tipos de processamentos físicos e químicos estão disponíveis para melhorar a digestibilidade dos grãos e, conseqüentemente, o desempenho dos ruminantes. Os métodos para processamento dos alimentos podem ser divididos em frio, calor seco e hidrotérmico. Os processamentos a frio incluem a moagem fina ou grossa, extrusão, peletização, entre outros. Algum calor pode ser produzido pelo atrito nestes processos, sendo algumas vezes considerados calor seco. Os processos de calor seco incluem a explosão e micronização. Os métodos hidrotérmicos, nos quais se encontra a expansão, laminação a vapor, floculação, utilizam o calor úmido com ou sem pressão. A interação adequada entre calor, pressão e umidade parece estar envolvida na alteração da susceptibilidade do grânulo de amido aos ataques enzimáticos (Theurer, 1986; Van Soest, 1994). Dessa forma, os processamentos podem aumentar a disponibilidade do amido e da proteína dos grãos no rume e no intestino delgado, e mudar as características da fermentação ruminal e da taxa de passagem, além do sítio de digestão (Theurer, 1986; Antunes & Rodriguez, 2006). 2.2.1. Expansão: A palavra “expansão” pode ter dois significados no contexto da nutrição animal. Pode referir-se à alteração bioquímica ocorrida nos componentes dos alimentos, como amido, proteína, fibras, expostos a

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algum tipo de processamento ou como a tecnologia da expansão enquanto processamento de alimentos. No início dos anos 80, foram desenvolvidas e testadas na Europa diversas técnicas para melhoria da qualidade dos alimentos e durabilidade dos peletes. A durabilidade é expressa como porcentagem de peletes intactos após serem submetidos a um procedimento padrão de durabilidade (PDI, pellet durability index, ou, IDP, índice de dureza dos peletes). Naquela época, a ênfase sobre o IDP era grande nas empresas do continente europeu onde o desejo era melhorar este índice e ao mesmo tempo encontrar a proporção ideal dos ingredientes para a produção de alimentos de qualidade. Num esforço para melhorar o IDP foram usados altos níveis de líquidos e ingredientes alimentares sem comprometer as necessidades nutricionais para a produção de alimentos o que resultou no desenvolvimento da tecnologia da expansão (Fancher et al., 1996). As indústrias de alimentos da Dinamarca, Alemanha e Reino Unido foram as primeiras a explorar a tecnologia da expansão. Essa técnica recebeu considerável atenção porque o seu custo em relação à extrusão era significativamente menor, já que os custos desta última não eram justificados para a produção de alimentos para animais de interesse zootécnico, excetuando peixes e animais de estimação como gatos e cães. Além disso, a expansão conseguia atingir os rígidos níveis físicos e microbiológicos exigidos pela indústria de rações e pela legislação governamental daqueles paises (Fancher et al., 1996). O expansor é atualmente um equipamento comum na Europa, primariamente utilizado para satisfazer a demanda na melhoria do índice de dureza dos peletes e para aumentar a flexibilidade da inclusão de líquidos e de ingredientes de difícil mistura na dieta. Além disto, é um método que garante que a ração produzida não contenha salmonelas ou

outros microrganismos patogênicos (Israelsen et al., 1996). Por volta de 1993, a América do Norte começou a interessar-se pela tecnologia de expansão, como forma de melhorar o IDP dos alimentos, para as suas criações de aves e suínos de uma maneira mais econômica. No uso da tecnologia convencional para produção de alimentos observa-se em geral um IDP em torno de 60%, enquanto no alimento expandido o IDP apresenta níveis de 99% (Fancher et al., 1996). A tecnologia de expansão que está disponível nas fábricas de ração tem sido utilizada como supercondicionadores, capazes de aumentar a capacidade peletizadora, melhorar a durabilidade dos peletes, adicionar mais líquido ou aditivos as rações, utilizar matérias-primas mais baratas e destruir microrganismos patogênicos, incluindo a Salmonela spp. Em muitos casos, o efeito da descontaminação é o fator decisivo para escolha de um alimento expandido de alta energia. Recentemente, diversos fabricantes passaram a utilizar os expansores como o único equipamento de processamento térmico para produzir produtos finais chamados de “expandidos” ou “ração expandida” (Heidenreich, 1998). A expansão é um típico processo HTST (High Temperature Short Time), com os alimentos sendo submetidos à alta temperatura em um curto período de tempo. A combinação de tratamento térmico com pressão mecânica aplicada para misturar alimentos diferencia a expansão de outros processos de elaboração de rações (Heidenreich, 1997). Um expansor consiste de uma rosca rígida, dentro de uma seção em barril, equipado com janelas ajustáveis de descarga de pressão e vapor, a qual controla a pressão local sobre o material, enquanto a rosca o empurra e pressiona para o escoadouro. A pressão e temperatura no expansor são elevadas pelo vapor, fricção e cisalhamento do material. No escoadouro, o alimento se expande quando encontra as

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condições atmosféricas normais. Quando isto ocorre, grande parte da água presente no alimento é perdida devido à formação de vapor, o que contribui para a menor umidade no produto final em comparação com aquela presente em alimentos processados usando métodos convencionais (Fancher et al., 1996; Tothi et al., 2003). Segundo Fancher et al. (1996), as temperaturas de processamento dentro do equipamento geralmente estão em torno de 115 a 125º C e a pressão pode superar 1200 P.S.I. (corresponde aproximadamente a 83 ATM). Para tal, é necessário um pré-condicionamento para a entrada do material no expansor, cuja temperatura deve estar entre 70 a 88ºC e conter de 16 a 18% de umidade. Produções acima de 60 t/h foram apontadas por Lusas (1995), o que está de acordo com Fancher et al (1996), que citou produções entre 1,36 e 63,5 t/h. Esta grande produção por hora faz da expansão um processamento mais barato em relação, por exemplo, a micronização e extrusão, podendo ser utilizado em alimentos destinados a ruminantes, aves e suínos, cujas margens de lucro são menores e estreitamente ligadas à nutrição. Mesmo para a extrusão, que apresenta um grau de gelatinização do amido maior que a expansão, seu uso fica voltado a linha de produtos destinados aos animais de companhia, que possui valor extra econômico, e aqϋacultura, que apresenta melhores conversões alimentares, diluindo-se assim os custos produtivos dos suplementos.

Os efeitos do processo de expansão sobre os alimentos e sobre a nutrição animal se dão por: higienizar os alimentos; permitir a inclusão de líquidos, óleos e aditivos; inativar fatores antinutricionais; melhorar a qualidade dos peletes mesmo com uso de ingredientes que não favorecem esta qualidade; incrementar o montante de proteína sobrepassante no rume; promover gelatinização do amido e incrementar o teor

energético dos alimentos (Fancher et al.,1996; Israelsen et al., 1996; Heidenreich, 1998).

A expansão causa alteração na parede celular de várias células e feixes vasculares. Essa modificação leva a dois efeitos importantes: os nutrientes encapsulados pela fibra insolúvel tornam-se disponíveis, com conseqüente aumento da digestibilidade da matéria seca, e um aumento da digestibilidade da própria fibra no rume e ceco dos animais (Peisker, 1994).

O efeito da expansão sobre a fração protéica também se dá por ruptura da parede celular e liberação da proteína encapsulada pela fração fibrosa. Também, a expansão provoca ligação da proteína ao amido, tornando-a insolúvel em solução aquosa, mais acentuadamente em leguminosas. Contudo, a digestão enzimática do amido não é comprometida e ocorre liberação da fração protéica no abomaso o que aumenta o teor de proteína sobrepassante no rume melhorando o desempenho de animais altamente produtivos. (Theurer, 1986; Peisker, 1994; Prestlokken, 1999 b; Tothi et al., 2003). Processamentos hidrotérmicos podem provocar reação de Maillard e desnaturação de proteínas pelo excesso de calor. Contudo, processamentos de intensidade moderada não afetam negativamente a qualidade da proteína ou a disponibilidade dos aminoácidos (Peisker, 1992; Heidenreich, 1998). Viana (2004), trabalhando com cordeiros Santa Inês, observou melhores conversões alimentares para os animais tratados com milho expandido (8,71) em relação aos não tratados (10,76). Os demais parâmetros como coeficientes de digestibilidade e ganho de peso diário não foram diferentes devido à idade avançada dos animais em relação à fase de crescimento exponencial. Rodrigues (2002), também trabalhando com ovinos, com quatro níveis de inclusão de milho e milho expandido na dieta (0, 19, 37

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e 62%), verificou aumento de 36% no teor de energia digestível do milho expandido (5,31 Mcal/Kg MS) em relação ao milho moído (3,89 Mcal/Kg MS). Este aumento na energia leva a maior síntese de proteína microbiana no rume e mais proteína digestível para o animal. Os coeficientes de digestibilidade da FDN e FDA foram significativamente reduzidos com o aumento da inclusão de milho expandido, possivelmente devido à queda no pH do rume. Isto mostra a grande disponibilidade do amido processado pela expansão, merecendo atenção nas formulações. Objetivando estudar os efeitos de diferentes temperaturas sobre a degradabilidade ruminal e digestibilidade intestinal da proteína bruta, dos aminoácidos totais e individuais, Prestlokken (1999, b) processou no expansor cevada e aveia com duas temperaturas no pré-condicionador (60 e 75ºC) e quatro temperaturas no expansor (85-95, 100-110, 115-125 e 125-140ºC). O autor utilizou vacas canuladas no rume e no duodeno. Houve decréscimo da degradabilidade ruminal da proteína e dos aminoácidos em todos os tratamentos comparativamente ao grupo controle, sem processamento, chegando a reduzir 30% para cevada e 29% para aveia no tratamento com temperatura máxima (pré-condicionamento 75ºC e expansão a 125-140ºC). Contudo, não houve diminuição da digestibilidade intestinal nem total em nenhum tratamento, indicando apenas mudança no sítio de digestão. Comenta o autor que temperaturas acima de 130-135ºC são irreais sob condições comerciais de processamento. Também relata que houve tendência de aumento da solubilidade da fibra e redução dos teores de FDN e FDA. Este fato pode ser importante para o processamento do farelo de canola que possui elevado teor de fibras. 2.3. Gramíneas do gênero Cynodon

As gramíneas do gênero Cynodon situam-se entre as forrageiras tropicais mais produtivas de maior qualidade (Silva, 2003). O uso deste gênero de forrageiras para ovinos tem aumentado muito nos últimos anos, acompanhando o desenvolvimento dos negócios pecuários destes pequenos ruminantes devido às características de pastejo dos animais associadas ao crescimento prostrado da planta, boa palatabilidade, boa produção de matéria seca, resistência ao pisoteio e possibilidade de confecção de feno de boa qualidade se cortados no momento certo, pois a relação haste:folha eleva-se rapidamente havendo perda de valor nutritivo se mal manejados. Santos et al. (2002) relatam que o estado atual de conhecimento da exploração ovina na região sudeste do país indica utilização de pastagens com alta disponibilidade de matéria seca e elevado valor nutritivo, como a melhor opção para produção intensiva de cordeiros para abate, destacando entre as forrageiras preferenciais as do gênero Cynodon. Estas gramíneas são originárias da África, bem adaptadas às regiões tropicais e subtropicais, sendo diversos cultivares desenvolvidos por programa de melhoramento genético de plantas da universidade da Geórgia, muitos por hibridação. São originalmente conhecidos como capim bermuda. Podem ser utilizadas tanto em pastejo como para produção de feno, possibilitando, quando bem manejadas, altas produções de matéria seca que refletirão na alta capacidade de suporte ou produção de feno (Vilela e Alvim, 1998). 2.3.1. Feno de Tifton 85 A fenação é um método de preservação de forragens que propicia nutrientes para os animais quando ocorre inadequado suprimento de forragens pelas pastagens e é importante fonte de suplemento alimentar para sistemas de alimentação em

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confinamento (Pereira et al., 2006). Baseia-se na dessecação da forragem para parar o processo biológico de decomposição e limitar a ação de microorganismos. A preservação eficiente da gramínea depende da sua rápida secagem (Van Soest, 1994). De acordo com Haddad e Castro (1998), o capim tifton 85 é uma forrageira com bom índice de produtividade e tem características morfológicas propícias para fenação que garantem eficiente desidratação do material, assim como manutenção do valor nutritivo do feno desta gramínea. O estádio de maturidade da planta à colheita influencia seu valor nutritivo mais do que qualquer outro fator, notadamente, em gramíneas e leguminosas forrageiras, quando colhidas para feno (Pereira et al., 2006). Neste sentido, Ataíde Jr. et al. (2000), em experimento com ovinos, utilizando-se como fonte única feno de capim-tifton 85, colhido aos 28, 35, 42 e 56 dias de rebrota, encontraram comportamento quadrático para a ingestão de matéria seca do feno de capim-tifton 85, em função da idade de rebrota, estimando máximo consumo para feno com 39 dias de idade. Para a digestibilidade aparente da MS, os autores verificaram decréscimo linear com o avanço da idade de rebrota dos fenos, estimando-se valores de 63,4 e 58,9%, para fenos com 28 e 56 dias de rebrota, respectivamente. Estes resultados são concordantes com Van Soest (1994), que comenta que com o avanço da maturidade

das forrageiras é acompanhada por queda da digestibilidade, relacionada ao aumento dos constituintes da parede celular, sobretudo lignina, além da diminuição da relação folha: haste. Segundo ele, o valor nutritivo de uma forragem é resultante de uma série de fatores como conteúdo de parede celular, digestibilidade e taxa de digestão, que conjuntamente vão determinar as taxas de fermentação ruminal e o consumo, pois, além disso, forragens ricas em frações fibrosas geralmente são menos consumidas pelos animais. O Tifton 85 (Cynodon spp.) é um híbrido entre Cynodon nlemfuensis e o Tifton 68, sendo considerado o melhor híbrido obtido até o momento no programa de melhoramento genético de plantas da Universidade da Geórgia (Burton et al., 1993). Pode ser utilizada tanto para pastejo como para produção de feno, apresentando alta produtividade e qualidade. Também apresenta altos teores de fibra em detergente neutro, proteína bruta e digestibilidade dos nutrientes. Contudo estes fatores estão relacionados não só à idade em que a planta foi cortada, mas também com o processo de fenação que irá refletir na qualidade do feno e conseqüentemente na digestibilidade ( Hill et al., 1998; Ataíde Jr. et al., 2000). Na tabela 4 são citados dados bromatológicos do feno de tifton 85 encontrados por diversos autores.

Tabela 4. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL) e cinzas de fenos de Tifton 85 (%)

MS PB FDN FDA HCEL CEL Cinzas Referências Feno 88,94 6,49 84,41 40,2 44,21 36,73 6,36 Pentreath (2000) Feno 88,51 7,81 86,51 55,67 30,84 50,08 2,4 Rogério (2001) Feno 90,26 10,38 76,88 55,05 21,83 51,32 9,19 Rodrigues (2002) Feno 90,53 14,53 77,15 43,36 35,22 33,78 6,82 Silva (2003)

Feno 26 dias 87,30 13,70 76,90 36,20 - - 6,5 National...(2001) Feno 28 dias 81,85 17,54 82,19 - - - 7,41 Ataíde Jr. et al. (2000) Feno 35 dias 82,41 15,53 79,25 - - - 7,64 Ataíde Jr. et al. (2000) Feno 42 dias 82,37 14,53 82,94 - - - 7,08 Ataíde Jr. et al. (2000) Feno 56 dias 82,72 10,69 82,66 - - - 7,33 Ataíde Jr. et al. (2000)

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Com objetivo de verificar a digestibilidade aparente do feno de tifton 85, Melo et al. (2003) utilizaram 18 ovinos adultos mestiços suplementados com três diferentes misturas múltiplas elaboradas com milho, farelo de soja, uréia e núcleo mineral. Os níveis de suplementação foram 0,5; 1,0 e 2,0 g/kg PV. Não houve diferença em nenhum dos parâmetros de consumo e digestibilidade aparente das frações analisadas. O consumo médio de matéria seca foi de 0,709 Kg por dia e a digestibilidade 40,33%. Segundo os autores, os baixos consumo de matéria seca e coeficiente de digestibilidade são reflexos da qualidade inferior do feno utilizado, apresentando 3,73% de proteína bruta, provavelmente confeccionado a partir de um capim com idade superir à 90 dias. 2.4. Valor nutritivo dos alimentos Valor nutritivo é um termo usado para quantificar a presença e disponibilidade de nutrientes necessários aos animais em um alimento. É dependente da concentração de nutrientes no alimento, da disponibilidade destes nutrientes para os animais, da eficiência com que são absorvidos e utilizados e do efeito que a composição do alimento causa sobre o consumo voluntário (Coleman e Henry, 2002). Segundo Rodrigues e Vieira (2006), o valor nutritivo de um alimento é uma medida de sua capacidade em sustentar grupos de atividades metabólicas inerentes ao organismo. É convencionalmente definido com base na digestibilidade, no consumo de alimento e na eficiência energética (Raymond, 1969). Na avaliação do valor nutritivo de uma forragem, o consumo voluntário e a digestibilidade são parâmetros que assumem maior importância e estão diretamente relacionados (Forbes, 1993). A quantidade total de nutrientes absorvidos vai depender da digestibilidade, mas o consumo é responsável pela maior parte das diferenças entre os alimentos. A digestibilidade está

relacionada com a cinética e a taxa de passagem da digesta pelo trato digestório (Silva, 2006). Neste sentido, Mertens (1994) considera que o desempenho animal é função direta do consumo de matéria seca digestível, sendo responsável por 60 a 90% do desempenho, enquanto 10 a 40% advêm de flutuações na digestibilidade. De acordo com Van Soest (1994), o consumo e a digestibilidade são interdependentes, sendo o consumo determinante da quantidade de nutrientes ingeridos e a digestibilidade uma descrição qualitativa da utilização dos nutrientes. Para uma completa avaliação do valor nutritivo dos alimentos os efeitos dos processos de consumo, digestão, absorção e metabolismo animal devem ser considerados, além da sua composição química. As provas de digestibilidade permitem examinar a proporção de nutrientes absorvíveis presentes em uma ração, tornando-se disponível para o animal. Uma possível maneira de se definir a qualidade da dieta seria o produto da digestibilidade pelo consumo de matéria seca intimamente correlacionado com o consumo de energia. Assim, as estimativas de digestibilidade têm grande valor prático para a alimentação animal, tendo em vista que a digestão incompleta normalmente representa a maior perda no processo da utilização da energia consumida (Rodriguez et al., 2006). Extensas pesquisas têm sido desenvolvidas a fim de mensurar a digestibilidade e caracterizar os alimentos, já que a digestibilidade pode ser determinada com acurácia e relativa facilidade quando comparada ao consumo de matéria seca. Este apresenta mais laboriosa coleta de dados, apesar de altas correlações ocorrerem entre o consumo de matéria seca e o consumo de energia metabolizável ou líquida, que estão ligados ao desempenho animal (Mertens, 1994).

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2.4.1. Consumo O consumo voluntário é definido por Forbes (1995) como a quantidade de alimento ingerido pelo animal ou grupo de animais em determinado tempo, durante o qual ele, ou eles tem livre acesso ao alimento. Assim, o consumo de matéria seca (MS) é fundamentalmente importante na nutrição, porque estabelece a quantidade de nutrientes disponíveis para a saúde e produção animal. Vários fatores afetam o consumo voluntário de MS, sendo complexos e muitas vezes não entendidos. As variações resultam de intrincadas relações entre a dieta, o animal, as condições de alimentação e o clima (National..., 2001).

A regulação do consumo nos ruminantes baseia-se em três princípios: o enchimento ruminal, a saciedade ou regulação metabólica e psicogênico. Quando os animais são alimentados com dietas de alta densidade calórica, palatabilidade, rápida digestão e baixo enchimento, o consumo é regulado pela demanda energética do animal. Esta regulação fisiológica pode ser interpretada como sendo a relação entre a demanda energética do animal sobre o teor energético do alimento. Quando os animais são alimentados com dietas que apresentam baixa concentração energética, o consumo é limitado pelo enchimento do trato digestório. Nestas dietas, o consumo de energia não é suficiente para suprir a demanda de energia do animal, podendo haver perda de escore corporal e redução do desempenho (Mertens, 1994). Contudo, segundo Van Soest (1994), o fator enchimento é o maior responsável pelo controle do consumo, pois os ruminantes de modo geral, não consomem dietas com altos teores energéticos que possam estimular os receptores de saciedade química.

O conceito de saciedade determina que o consumo de alimento se mantém até que sejam atingidos os requisitos metabólicos de energia, ou seja, até que se tenham

nutrientes em excesso circulando na corrente sangüínea que possam determinar a interrupção do consumo, sendo os ácidos graxos voláteis, principalmente acetato e propionato, os responsáveis por está interrupção (Van Soest, 1994; Silva, 2006). De acordo com Forbes (1993), o mecanismo de regulação metabólica do consumo voluntário provavelmente inclui receptores para ácido graxos voláteis no rume e no fígado para substratos disponíveis.

A modulação psicogênica está relacionada a respostas no comportamento animal de elevação ou redução no consumo, diante de fatores inibitórios ou estimuladores do consumo associados ao alimento e/ou ambiente (cheiro, palatabilidade, cor, textura, forma física) que não são relacionados à energia ou enchimento do trato digestivo (Mertens, 1994).

Uma das maneiras de se conseguir máximo consumo de energia é a manipulação da proporção de volumoso:concentrado na ração. Portanto, na formulação de rações, devem-se suplementar os volumosos disponíveis com concentrados, de modo a corrigir suas deficiências de nutrientes, seja devido a mais baixa qualidade da forragem ou à impossibilidade de atendimento dos requerimentos de categorias animais de desempenho mais elevado. Contudo, sempre deve ser levado em conta o custo e a real necessidade do nível de suplementação recomendado. Dessa maneira, Minson (1990), citou que o consumo reduzido de nutrientes é provavelmente o fator de maior limitação na produção de bovino de corte em pastagens, especialmente quando estas são compostas por forrageiras tropicais, uma vez que, caracteristicamente, elas apresentam por longos períodos do ano, conteúdos de energia e proteína abaixo do necessário para garantir o máximo desempenho animal. Em geral, o aumento de concentrado até 60% da matéria seca da dieta eleva o consumo de alimentos (National..., 2001). Isto leva a uma diminuição do consumo de

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forragem por concentrado, que é chamada taxa de substituição. Pode variar por diversos fatores, dentre eles a digestibilidade da forragem, e apesar da diminuição do consumo desta, a ingestão de nutrientes totais aumenta (Forbes, 1995). 2.4.2. Digestibilidade De acordo com Van Soest (1994), digestão é um processo de conversão de macromoléculas dos nutrientes em compostos mais simples, que podem ser absorvidos pelo trato gastrintestinal. Medidas de digestibilidade servem para quantificar os alimentos quanto ao seu valor nutritivo, expressa pelo coeficiente de digestibilidade, que indica a quantidade percentual de cada nutriente do alimento que o animal tem condição de utilizar. É uma descrição qualitativa do consumo. Segundo Silva e Leão (1979), a digestibilidade do alimento, basicamente, é a sua capacidade de permitir que o animal utilize, em maior ou menor escala, seus nutrientes. Ela é expressa pelo coeficiente de digestibilidade do nutriente, sendo uma característica do alimento e não do animal. O desaparecimento do alimento ao longo do trato digestivo pode ser descrito por dois maiores processos, digestão e taxa de passagem. A digestão em si corresponde à quantidade de nutrientes aproveitados do alimento pelo animal em função do tempo. Relaciona o tempo de iniciação da digestão no rume à taxa de digestão ao longo do tempo da fração potencialmente digestível. A determinação da taxa de passagem dos alimentos é crítica para estimativa da extensão com que os nutrientes presentes no alimento são digeridos. Inclui a taxa de redução das partículas no rume, o escape destas partículas do mesmo e a passagem através do intestino em função do tempo (Mertens e Ely, 1982). A digestibilidade dos nutrientes está relacionada ao teor de energia e às

características estruturais dos alimentos utilizados para ruminantes. Alguns fatores podem influenciar a digestibilidade in vivo, entre eles o nível de consumo, o efeito associativo entre os alimentos, o processamento do alimento e a espécie animal (Wernersbach Filho et al., 2006). Neste sentido, Nogueira et al. (1998) e Rodriguez et al. (1998 b), trabalhando com cabras e ovelhas alimentadas com feno de capim Guiné (Pannicum maximum) de baixa qualidade, sem suplementação e com suplementação de uréia (1,2%) ou milho moído (30%) ou uréia (0,7%) + milho (30%), não encontraram diferença entre espécies no consumo de matéria seca (MS) dentro de cada tratamento. Os caprinos tiveram maiores coeficientes de digestibilidade da MS, da proteína bruta (PB) e celulose (CEL) para o tratamento feno sem suplementação em relação aos ovinos. Tanto ovinos como para caprinos houve aumento nos coeficientes de digestibilidade da MS e energia bruta nos tratamentos onde houve inclusão de milho moído. 2.4.3. Utilização da energia A energia não é considerada um nutriente. Ela é liberada do alimento pelos complexos processos metabólicos, uma vez que todos os constituintes orgânicos de uma dieta são susceptíveis à oxidação. A energia produzida pela oxidação fisiológica é utilizada pelo animal para realização de trabalho como atividade muscular ou para geração de calor, como a energia utilizada para manutenção da temperatura corporal e para os processos metabólicos (Resende et al., 2006). A energia metabolizável é definida segundo Agricultural... (1993) como sendo a energia bruta dos alimentos subtraindo a energia das fezes, urina e perda com gases, principalmente metano. Nas atuais avaliações dos alimentos em termos energéticos, o conceito de

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metabolizabilidade tem recebido atenção. Pode ser definido como a proporção de energia metabolizável na energia bruta da dieta (Agricultural..., 1993). O conhecimento da metabolizabilidade faz-se necessário uma vez que existe relação entre esse parâmetro e a concentração dos nutrientes da ração. Tem sido notada uma diminuição da metabolizabilidade com o aumento da fibra na dieta (Resende et al., 2006). A energia metabolizável que é utilizada pelo animal, neste caso sendo conhecida como energia líquida, que representa a parte da energia do alimento que é retida na forma de produto útil, tal como a energia retida nos tecidos, na forma de leite, lã, fetos e pêlos (Resende et al., 2006). De acordo com Van Soest (1994), a eficiência de utilização da energia metabolizável para produção é dependente de vários fatores inerentes às características da dieta. Existe influência da relação concentrado : volumoso correlacionado com o teor de fibra e seus efeitos sobre o consumo, da fermentação ruminal nas relações entre os ácidos graxos voláteis e produção de metano, além da taxa de passagem. 2.5. Metabolismo protéico Segundo Rodriguez (1986), as pesquisas de determinação de exigência de proteína tendem a seguir uma mesma meta: considerar separadamente as necessidades protéicas dos microrganismos ruminais e dos animais. Descreve que a proteína contida nos alimentos é composta de uma fração degradável no rume (PDR) e uma outra não degradável no rume (PNDR). A proteína metabolizável é definida como o total de proteína verdadeira digestível (aminoácidos) que está disponível para o metabolismo do animal após a digestão e absorção no trato digestório do mesmo. É composta da proteína microbiana verdadeira digestível, originada do crescimento

microbiano ruminal a partir de fontes de energia fermentável, aminoácidos e nitrogênio não protéico (NNP); e da fração protéica dos alimentos não disponível para degradação pelos microrganismos do rume, mas digestível no intestino (Agricultural..., 1993). A mais importante fonte de nitrogênio para os microorganismos é a proteína verdadeira e nitrogênio não protéico da dieta, ambos podem ser provenientes de diversas fontes como aminoácidos e uréia. A microflora ruminal é altamente proteolítica, e a maior parte da proteína que adentra o rume é degradada em peptídeos e aminoácidos e posteriormente a maioria destes é desaminada, gerando nitrogênio na forma de amônia. A extensão com que esta é utilizada para a síntese de proteína microbiana é dependente da disponibilidade de energia gerada pela fermentação dos carboidratos no rume. As outras fontes de nitrogênio para os microorganismos ruminais são provenientes da reciclagem via saliva e epitélio ruminal na forma de uréia, que é uma forma de NNP (OrskØv, 1986). A degradação da proteína no rume ocorre através da ação de enzimas secretadas pelos microrganismos ruminais. Estes degradam a fração PDR da proteína bruta (PB) dos alimentos e utilizam peptídeos, aminoácidos e amônia para síntese de proteína microbiana e multiplicação celular (Santos, 2006). A relação energia: proteína na dieta é importante para o metabolismo microbiano, não só no aspecto quantitativo, mas também na interação cinética, relacionando taxa da degradação da proteína e da energia (Batista, 1996). Quando a velocidade de degradação ruminal da proteína excede a velocidade de utilização dos compostos nitrogenados para a síntese microbiana, o excesso de amônia produzido pode ser perdido via urina na forma de uréia. A eficiência de utilização da amônia pelos microrganismos para síntese microbiana depende, entre outros fatores, da disponibilidade de energia no rume (Santos,

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2006). Rodriguez (1986) relata diversos experimentos em que houve uma relação linear entre o consumo de matéria orgânica fermentável no rume e a síntese de proteína microbiana, o que no máximo representa 23g de proteína microbiana a cada 100g de matéria orgânica fermentável, quando as necessidades de nitrogênio e energia são adequadas. Esta taxa máxima parece estar ligada à saturação dos sistemas enzimáticos bacterianos responsáveis pela incorporação do grupo amino durante a síntese de novos aminoácidos. Existem diversos fatores que podem afetar a degradação da proteína no rume, tais como a composição química e física da proteína bruta do alimento, atividade proteolítica microbiana, o acesso microbiano à proteína, o tempo de retenção do alimento no rume, pH ruminal, processamento e formas de armazenagem (Santos, 2006). Segundo o mesmo autor, o processamento de grãos com alta temperatura normalmente diminui a degradabilidade da PB como resultado da formação de complexos entre proteína e carboidratos (reação de Maillard), ou aumento na presença de pontes dissulfeto. Isto é usado pela indústria com o objetivo de aumentar a PNDR e diminuir as perdas com amônia no rume, contudo tempo e temperatura adequados são necessários para se manter a digestibilidade intestinal da proteína. Harstad e Prestlokken (2001) estudaram a degradabilidade ruminal in situ em bovinos de quatro fontes protéicas: farelo de canola, farelo de glúten de milho e duas diferentes farinhas de peixe, apresentando 69,8; 40,8; 73,6 e 81,4% de proteína bruta (PB), respectivamente. Foram mensuradas em três tempos de incubação 16, 24 e 72 horas, as degradabilidades da proteína bruta e dos aminoácidos totais. O farelo de canola apresentou os maiores valores de degradabilidade ruminal da proteína bruta em todos os tempos de incubação e o farelo de glúten de milho os menores, sendo 70,6 e

11,0% para o tempo mínimo (16 horas) e 95,7 e 68,7% para o tempo máximo (72 horas), respectivamente. As farinhas de peixe obtiveram valores intermediários a estes. A degradabilidade ruminal dos aminoácidos totais seguiu a tendência da proteína bruta, contudo foi significativamente menor. Os principais compostos nitrogenados que chegam ao intestino delgado de ruminantes compreendem proteínas da dieta que não sofreram degradação ruminal (PNDR), proteína microbiana, proteína endógena e nitrogênio amoniacal (Bohnert et al., 1998). A proteína microbiana é normalmente a principal fonte de proteína metabolizável para o ruminante. Para Valadares Filho (1995) e Rodriguez (1996), a proteína microbiana apresenta excelente perfil de aminoácidos e é capaz de suprir grande parte das necessidades de proteína do animal em produção. No entanto, animais em crescimento e vacas em lactação, por apresentarem requisitos mais elevados, são dependentes de uma quantidade variável de proteína dietética não degradável, além da proteína microbiana (Rodriguez, 1986). Segundo Van Soest (1994), a proteína dietética de baixa qualidade deveria ser degradada no rúmen e convertida em proteína microbiana, ao passo que fontes protéicas de alto valor biológico deveriam ser preferencialmente digeridas no intestino, evitando perdas de aminoácidos essenciais decorrentes da fermentação no rume. A presença de uma fração protéica indigestível também implica que a digestibilidade da PNDR pode variar em determinado alimento, de acordo com a degradabilidade no rúmen (Calsamiglia e Stern, 1995). Estes autores estudaram a digestibilidade intestinal verdadeira de diferentes classes de alimentos (concentrados protéicos de origens animal e vegetal e energéticos, resíduos da agroindústria e alimentos volumosos) usados

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em dietas para ruminantes. Foi avaliada por meio das técnicas in situ, em bovinos canulados no rume, e in vitro. Os alimentos foram submetidos à digestão apenas com pepsina ou com pepsina + pancreatina, precedida ou não da incubação ruminal. A incubação ruminal diminuiu a digestibilidade intestinal verdadeira da proteína de 24 dos 30 alimentos testados. O maior e o menor valor encontrado para a proteína degradável no rúmen (PDR) foram 95,1 e 16,5% para o girassol e o farelo de glúten de milho, respectivamente. Entre os alimentos avaliados, 29 apresentaram maior digestibilidade intestinal verdadeira quando incubados com pepsina + pancreatina, evidenciando a importância da etapa de digestão abomasal sobre as proteínas dos alimentos.

3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Local e Duração do Experimento O ensaio de digestibilidade aparente foi conduzido nas dependências do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, entre maio e agosto de 2004. Teve duração de 93 dias, sendo distribuídos em período de adaptação de 15 dias e sete dias de período de coleta, com níveis crescentes de farelo de canola e farelo de canola expandido na dieta. O primeiro período de adaptação teve duração de 20 dias, visando adaptação dos animais ao ambiente e aos alimentos. 3.2. Procedimento Experimental 3.2.1. Dieta: os animais receberam dieta a base de feno de Tifton 85 e um concentrado composto de 70% de farelo de canola ou farelo de canola expandido e 30% de milho moído. Sal mineral e água à vontade disponível para os carneiros. 3.2.2. Animais: foram utilizados 10 carneiros deslanados, castrados, sem raça

definida (SRD), apresentando peso médio 51 Kg, previamente vermifugados com ivermectina na dosagem de um ml para 50 Kg de peso vivo. 3.2.3. Equipamentos: Os animais foram alojados em gaiolas metabólicas individuais, confeccionadas em aço, com piso ripado de madeira com altura do solo de 0,6 m, apresentando dimensões de 1,5 x 0,8 m e altura de 1,6 m. Foram revestidas lateralmente com tela de náilon para evitar perda de fezes e dispunha de mecanismo para separação de fezes e urina. Estavam equipadas com bebedouro e cocho de alimentação em aço inoxidável e cocho de polietileno para sal mineral. 3.2.4. Tratamentos: foram quatro dietas experimentais compostas de 10, 20, 30 e 50 % de concentrado em substituição ao feno de Tifton 85 picado, baseado no consumo dos animais e dois processamentos do farelo de canola, sendo um farelo expandido e outro sem processamento. Os concentrados foram compostos por 70% de farelo de canola ou farelo de canola expandido e por 30 % de milho moído. Isto representou 0, 7, 14 e 21% de inclusão do farelo de canola ou do farelo de canola expandido na dieta dos animais. 3.2.5. Colheita e Preparo de Amostras: A ingestão de matéria seca foi estabelecida de acordo com o consumo dos animais no dia anterior, calculando-se para que mantivessem 20% de sobras de feno e estabilização do consumo, com livre acesso à água e à mistura mineral. A dieta foi dividida em duas refeições diárias, sendo a primeira às sete horas e a segunda às 16 horas. As sobras foram colhidas diariamente, pesadas e armazenadas em sacos de plástico. Posteriormente, foram moídas em moinhos com peneira de um mm e armazenadas em potes de polietileno para análises laboratoriais. Para colheita de urina foram utilizados funis de aço inoxidável acoplados

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ao fundo das gaiolas e balde receptor, com capacidade para 10 litros, contendo 100 mL de ácido clorídrico 2 N, para evitar fermentação e perdas de nitrogênio. Os baldes de polietileno foram cortados na diagonal, da abertura até o meio, formando um declive onde foram instaladas telas de aço galvanizado, com 5 mm de espaçamento, permitindo unicamente a passagem da urina para o interior do balde e o deslizamento das fezes para a caixa de polietileno, que continha o balde, instalada abaixo da gaiola. A colheita total de urina ocorreu uma vez por dia, pela manhã logo após a alimentação, com mensuração do volume obtido por animal e armazenagem de 10% do volume em garrafas plásticas e congeladas. No recolhimento das fezes, foram utilizadas caixas de polietileno (0,4 x 0,6 m), de onde eram retiradas e pesadas diariamente, no período da manhã, sendo amostrado 20% do total defecado. As fezes foram embaladas em sacos plásticos e armazenadas em câmara frigorífica a -17º C. Após o período de colheita, foram descongeladas, peneiradas e homogeneizadas, colocadas em bandejas de alumínio, pesadas e levadas para estufa de ventilação forçada a 65º C por 72 horas para determinação da matéria pré-seca, em seguida moídas em moinhos Thomas Wyller, com peneiras de 1 mm e colocadas em potes plásticos para análises laboratoriais. 3.3. Análises laboratoriais: As análises foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG, adotando-se os seguintes procedimentos: a) Pré-secagem: determinada em estufa de ventilação forçada a 65º C; b) Matéria seca (MS): determinada em estufa a 105ºC segundo Association... (1995); c) Matéria mineral (MM): incineração em mufla a 600ºC até peso constante;

d) Proteína bruta (PB): método de KJELDAHL, segundo Association... (1995); e) Extrato etéreo (EE): extração de lipídios feita no aparelho tipo “Goldfisch” segundo Association... (1995); f) Energia Bruta (EB): usou-se um calorímetro tipo PARR 2128; g) Fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG) e sílica: conforme o método seqüencial descrito por Van Soest et al (1991); h) Nitrogênio indigestível em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio indigestível em detergente ácido (NIDA) determinados pelo método de Kjeldahl segundo Association... (1985). Tabela 5 – determinação das analises realizadas por amostra a b c d e f g h Oferecido x x x x x x x Sobras x x x x x Fezes x x x x x x Urina x x x

3.4. Metodologia de cálculos Através da diferença dos valores de energia bruta (EB) dos alimentos e das fezes foram determinados os valores de energia digestível (ED). Os valores de energia metabolizável (EM) foram obtidos através da diferença entre energia digestível e perda de energia sob a forma de metano e urina. O cálculo das perdas de metano (cm) pelos animais em mantença foi realizado através da fórmula sugerida por Blaxter e Clapperton (1965) em que cm = 3,67 + 0,062D, onde D representa a digestibilidade aparente da energia bruta do alimento. Os valores de digestibilidade aparente foram obtidos através da fórmula: DA=(CMSx%NuMS)–(Pfezes x %Nufezes)x100 (CMS x %NuMS)

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Onde, DA = digestibilidade aparente; CMS= consumo de matéria seca em Kg; % NuMS = porcentagem do nutriente na matéria seca; Pfezes = produção fecal; % Nufezes = porcentagem do nutriente nas fezes. Para cálculo dos carboidratos não estruturais (CNE) foi utilizada a seguinte fórmula: CNE = 100 - (U + PB + FB + EE + MM), onde U é o teor de umidade expresso em porcentagem. 3.5. Análises Estatísticas O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4 x 2, sendo 4 níveis de inclusão de farelo de canola na dieta e 2 processamentos, farelo de canola expandido ou farelo de canola. Foram cinco repetições (animais) por processamento em cada nível de inclusão, com o seguinte esquema de análise de variância: Tabela 6 – análise de variância

Fontes de variação Graus de liberdade

Carneiros 39 Níveis de inclusão 3 Processamento 1 Inclusãox Processamento 3 Erro 32

As médias forma comparadas pelo teste SNK, ao nível de 5% de significância (p<0,05), utilizando o software estatístico SAEG versão 7.0 (Sistema..., 1997). As análises de regressão foram realizadas com o objetivo de estimar os coeficientes de digestibilidade da MS, PB, FDN, FDA, CEL, HCEL e EB para os diferentes níveis de farelo de canola ou farelo de canola expandido nas dietas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As equações de regressão apresentaram maiores valores de R2 em todos os parâmetros analisados quando calculadas com apenas três níveis de inclusão, excluindo-se o nível de 7%, em relação ao cálculo com os quatro níveis o que provavelmente está correlacionado com a adaptação dos animais ao ambiente e à dieta no início do experimento. Tendo em vista esse fato, os dados serão discutidos baseados dos níveis de inclusão de concentrado sendo que 70% deste é composto por farelo de canola ou farelo de canola expandido. 4.1. Dados bromatológicos dos alimentos e das dietas utilizadas Na tabela 7 são mostradas as composições bromatológicas na matéria seca (MS) dos alimentos utilizados no experimento e os valores de nutrientes digestíveis totais (NDT), expressos em porcentagem, calculados a partir da fórmula descrita por Weiss et al (1992). Para calculo do NDT do milho utilizou-se os valores de NIDN (nitrogênio indigestível em detergente neutro) e NIDA (nitrogênio indigestível em detergente ácido) encontrados por Valadares Filho et al. (2002), que representa uma média de diversas analises, sendo iguais a 9,29 e 5,25, respectivamente. Os teores dos nutrientes do farelo de canola e do farelo de canola expandido foram semelhantes entre si, mostrando que o processo de expansão não interferiu na composição bromatológica destes alimentos. Os valores de matéria seca (MS) e cinzas estão concordantes com os relatos por Scapinello et al. (1996) e Bell (1993), sendo 88,22 e 92,50%, respectivamente. Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) estão próximos aos encontrados por Scapinello et al. (1996), sendo 30,20 e 22,52 %; e 30,72 e 21,77 % segundo Valadares Filho et al., (2002). Estes valores são superiores aos relatados por Bell e Keith (1991) que foram 23,54 e 19,09 %. Estas

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diferenças podem estar ligadas as cultivares utilizadas que variam os teores e os tipos de casca presente no farelo tendo grande representação nos teores de fibra do farelo. Já Santos (2007) relatou valor de 55,97% de FDN para o farelo de canola, bem superior aos do presente ensaio. Os valores de extrato etéreo (EE) para os farelos de canola apresentam-se intermediários aos relatados na literatura, sendo de 2,65 e 2,85% para o farelo não expandido e expandido, respectivamente. Este fato tem ligação com o tipo de extração de óleo sofrido pela semente. Essa extração pode ou não fazer uso de solvente após a

prensagem, o que irá resultar em um produto com maior ou menor teor de EE (Bell, 1984). Este autor relatou 4,1% de EE no farelo de canola, semelhante ao encontrado por Santos (2007) de 4,06% e bem superior ao encontrado por Scapinello et al. (1996) de 1,01%. As percentagens de proteína bruta que foram de 41,45 % para o farelo de canola (CC) e 40,5% para o farelo de canola expandido (CE), estão acima do mínimo recomendado pelo Canola Council of Canada que é de 35% na MS e semelhante ao encontrado por Harstad e Prestlokken (2001), que foi de 40,8% na MS.

. Tabela 7 – Composição bromatológica, energia bruta, nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) dos alimentos utilizados na MS

Componentes Feno Tifton

85 Milho moído Farelo de

canola Farelo de canola

expandido Matéria Seca (%) 88,33 88,29 88,95 88,81 Matéria Orgânica (%) 83,66 86,66 82,14 82,03 Proteína Bruta (%) 12,45 10,19 41,45 40,5 Cinzas (%) 4,67 1,63 6,81 6,78 Fibra em Detergente Neutro (%) 79,76 14,16 33,11 33,36 Fibra em Detergente Ácido (%) 38,45 7,77 20,43 21,01 Hemicelulose (%) 41,31 6,39 12,67 12,35 Celulose (%) 33,14 7,01 12,3 12,77 Lignina (%) 8,17 0,76 8,13 8,24 %NIDN (%N Total) 56,46 ND 15,79 12,56 %NIDA (%N Total) 18,72 ND 5,46 5,76 Extrato Etéreo (%) 0,57 5,54 2,65 2,85 Carboidratos Não Estruturais (%) 7,22 70,11 22,79 23,29 Energia Bruta (Mcal/Kg de MS) 4,57 4,53 4,70 4,70 NDT (%) 57,74 90,43 72,09 70,44

Nota: ND = não determinado Os valores médios de hemicelulose (HCEL), celulose (CEL) e lignina para o farelo de canola e farelo de canola expandido foram 12,51, 12,53 e 8,18%, respectivamente. Já Valadares Filho et al., (2002) relataram valores de 5,8, 16,81 e 4,92%, respectivamente, diferentes dos encontrados neste experimento. Contudo, além das variações nas analises laboratoriais, os valores apontados por esses autores referem-

se a dados médios compilados de várias analises. Para energia bruta (EB), os valores encontrados para ambos os farelos, de 4,70 Mcal/Kg MS, estão próximos dos relatados por Bell e Keith (1991) e Bell (1993) que foram de 4,86 e 4,62 Mcal/Kg MS, respectivamente. Hill (1991) destacou que a variação do teor de EB pode se dar pelo teor de óleo nos resíduos de extração. Outra

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fonte de variação, que pode estar ligada ao tipo de processamento, mas também a cultivar, é a quantidade e o tipo de casca presente no farelo, que muitas vezes pode ser fator limitante para o uso do farelo de canola, principalmente para aves e suínos (Bell, 1984; Bertol e Mazzuco, 1998). Neste sentido, Bush et al. (1978) destacaram valores de EB de 4,601 e 4,50 Mcal/Kg MS para as variedades Candle e Tower, respectivamente. Segundo os autores, a variação estaria ligada ao tipo de casca, sendo amarela para a primeira e marrom para a segunda variedade. Os valores encontrados para NDT, 72,09 e 70,44% para farelo de canola e farelo de canola expandido, respectivamente, estão de acordo com o descrito pelo National...(2006), que cita valor de 71% para farelo de canola. De acordo com Van Soest (1994), as forragens tropicais são caracterizadas por apresentarem baixos teores de carboidratos solúveis e elevada proporção de carboidratos estruturais. Os valores encontrados no presente trabalho para o feno de Tifton 85 (tabela 6) foram próximos aos encontrados por Silva (2003). Este relatou valores de FDN menor (77,15 %) e de FDA maior (43,36 %) aos deste trabalho o que resultou na diferença maior de HCEL (35,22 %) em relação ao do atual estudo, igual a 41,31 %. O valor de PB, 12,45%, foi inferir ao encontrado por Silva (2003), que foi 14,53%, e superior ao relatado por Rodrigues (2002), de 10,38%. Os valores de para MS, PB e HCEL para o milho moído foram 88,29; 10,19 e 6,39% respectivamente, que foram próximos aos achados por Nogueira et al. (1998), sendo 90,56; 9,38 e 7,28 %. Para FDN, FDA, os valores são inferiores aos encontrados neste ensaio (tabela 6), assim como para energia bruta de 4,23 Mcal/Kg, citado por aqueles autores, versus 4,53 Mcal/Kg neste experimento. Contudo a maior diferença foi

encontrada no teor de celulose, 1,98%, enquanto para este experimento foi de 7,01%. Atwell et al. (1988), avaliando grãos de milho com alto teor de óleo e milhos comuns encontraram teores de extrato etéreo de 9,07 e 5,12% e de proteína bruta de 11,1 e 8,6%, respectivamente, o que estão de acordo com os valores do presente experimento que foram de 5,54 % para EE e 10,19 % para PB. Reis e Silva (2006) relataram que gramíneas tropicais mostraram elevados percentuais da fração de N total associados à parede celular, atingindo valores de 39,6% de N ligado a FDN e 19,6% a FDA. Dessa forma, é esperado que os fenos de gramíneas tropicais apresentem alto teor de N ligado à fibra. Esta presença elevada de N indigestível ligado à fração fibrosa FDA (NIDA) é um indicativo de possível de ocorrência de reação de Maillard. Essa reação promove diminuição na digestibilidade da proteína bruta. O teor de nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) nos alimentos é aumentado pelo aquecimento, que promove desnaturação de albuminas, mas não necessariamente se aumenta o teor de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), que requer a ocorrência de reação de Maillard. O NIDA presente nas forrageiras é relativamente indigestível e pobremente utilizado pelos ruminantes, enquanto o NIDA presente nos grãos apresenta alguns resultados controversos com relação à sua disponibilidade. Já o NIDN apresenta disponibilidade mais elevada. McKinnon et al. (1991) avaliaram os efeitos do binômio tempo-temperatura sobre as concentrações de NIDA do farelo de canola tratado num fatorial 2x3, sendo 3 tempos (10, 20 e 30 minutos) e 2 temperaturas (125 e 145ºC). Não relataram efeito significativo do tempo sobre os teores de NIDA. Contudo, a temperatura exerceu grande influência, sendo que os teores de NIDA foram em média 9,35 e 38,62 % do total de nitrogênio do farelo de canola, respectivamente para os

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tratamentos 125 e 145ºC. Encontram-se normalmente variações de 3 a 15% de nitrogênio insolúvel em relação ao nitrogênio total em alimentos de uma forma geral (Van Soest, 1994). Os valores de NIDN dos farelos de canola do presente experimento variaram nessa faixa e os valores de NIDA foram semelhantes, apesar da pequena diferença, entre o farelo de canola expandido e não expandido, dando respaldo de um processamento adequado sem ocorrência de superaquecimento no farelo de canola expandido. Os concentrados, cujas análises bromatológicas estão descritas na tabela 7, foram compostos de 70% de farelo de canola ou farelo de canola expandido e 30% de milho moído. Lee et al. (1984) e Hill (1991) obtiveram resultados de baixa palatabilidade e menor consumo do farelo de canola, principalmente em relação ao farelo de soja, que pode estar ligado aos fatores antinutricionais, basicamente os glucosinolatos e sinapina. Nas condições deste experimento também foi detectado baixo consumo inicial que pode ser devido à baixa palatabilidade no período de adaptação. Esta possível baixa palatabilidade

pode ter levado ao variável consumo no período inicial o que forçou a retirada do tratamento com 7% de farelo de canola e farelo de canola expandido nas analises de regressão. As inclusões dos concentrados contendo farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE) em substituição ao feno nas dietas foram previstas nos níveis de 10; 20; 30 e 50% (tabela 8). As inclusões observadas foram de 10,15; 19,96; 29,11; 49,99 %, bem próximas das previstas, o que permitiu uma percentagem de inclusão aproximada do CC ou do CE de 7; 14; 21 e 35% na dieta total. Os teores dos nutrientes foram semelhantes para as dietas contendo CC ou CE dentro de cada nível de inclusão dos concentrados em substituição ao feno (tabela 8). Houve diminuição das frações fibrosas com o aumento da quantidade de concentrado nas dietas devido aos menores teores destas frações fibrosas nos alimentos concentrados em relação ao feno, chegando esta diminuição de até 20,91% de FDN do tratamento com 10% de concentrado em relação ao tratamento com 50% (tabela 8).

Tabela 8 – Composição bromatológica e energia bruta dos concentrados oferecidos contendo 30% de milho moído e 70% de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE) na MS Componentes Concentrado CC Concentrado CE Matéria Seca (%) 88,75 88,65 Matéria Orgânica (%) 83,50 83,42 Proteína Bruta (%) 32,07 31,41 Cinzas (%) 5,26 5,24 Fibra em Detergente Neutro (FDN) (%) 27,43 27,60 Fibra em Detergente Ácido (FDA) (%) 16,63 17,04 Hemicelulose (%) 10,79 10,56 Celulose (%) 10,71 11,04 Lignina % 5,92 6,00 Extrato Etéreo (%) 3,52 3,66 Carboidratos Não Estruturais (%) 21,03 21,03 Energia Bruta (Mcal/Kg) 4,65 4,65 NDT (%) 77,59 76,44

Os teores de PB nas dietas cresceram (tabela 9) com o aumento de concentrado ao

elevado teor de proteína bruta dos farelos de canola, ficando bem acima das necessidades

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para animais em mantença, segundo o National... (2006). Mesmo no tratamento com 10% de concentrado onde o consumo, mais baixo que os demais tratamentos, foi em média 53,13 g/Kg0,75, o consumo de PB foi em torno de 146 g/dia, correspondente a um carneiro de 120Kg de peso vivo, de acordo com o National... (2006). Segundo este, um animal com peso em torno de 50 Kg, que seria o peso dos animais deste experimento, teria necessidade de 80 a 90g de PB por dia alimentado com uma dieta contendo em torno de 20% de PB. Há um desbalanço energético-proteico, devido principalmente ao alto teor de PB das dietas, que terá influencia no padrão de

fermentação ruminal ligado à elevada quebra de proteínas e desaminação de aminoácido, gerando produtos que podem não ser assimilados totalmente pelos microorganismos ruminais para a síntese de proteína microbiana. Este fato tem ligação com a falta de energia para utilização de todos os produtos oriundos da quebra das proteínas dietéticas ou por saturação dos sistemas enzimáticos, como comentado por Rodriguez et al (1986). Podemos notar que o aumento percentual no teor protéico da dieta entre o menor e o maior nível de inclusão na dieta é em média 35%, já para o NDT é de apenas 12%.

Tabela 9 - Composição bromatológica e energia bruta das dietas contendo feno de Tifton 85 e concentrados contendo farelo de canola e farelo de canola expandido nas proporções 90:10; 80:20; 70:30 e 50:50 na MS Concentrados 90:10 80:20 70:30 50:50 Matéria Seca (%) 88,37 88,41 88,46 88,54 Matéria Orgânica (%) 83,64 83,63 83,61 83,58 Proteína Bruta (%) 14,41 16,37 18,34 22,26 Cinzas (%) 4,73 4,79 4,85 4,96 FDN (%) 74,53 69,29 64,06 53,59 Concentrado CC FDA (%) 36,27 34,09 31,90 27,54 Hemicelulose (%) 38,26 35,21 32,15 26,05 Celulose (%) 30,90 28,65 26,41 21,93 Lignina (%) 7,94 7,72 7,49 7,04 Extrato Etéreo (%) 0,86 1,16 1,45 2,04 CNE (%) 8,60 9,98 11,36 14,13 Energia Bruta (Mcal/Kg) 4,58 4,59 4,60 4,61 NDT (%) 59,73 61,71 63,70 67,66

Matéria Seca (%) 88,36 88,39 88,43 88,49 Matéria Orgânica (%) 83,64 83,61 83,59 83,54 Proteína Bruta (%) 14,35 16,24 18,14 21,93 Cinzas (%) 4,73 4,78 4,84 4,95 Concentrado CE FDN (%) 74,54 69,33 64,11 53,68 FDA (%) 36,31 34,17 32,03 27,74 Hemicelulose (%) 38,24 35,16 32,09 25,94 Celulose (%) 30,93 28,72 26,51 22,09 Lignina (%) 7,95 7,74 7,52 7,08 Extrato Etéreo (%) 0,88 1,19 1,50 2,11 CNE (%) 8,60 9,98 11,36 14,13 Energia Bruta (Mcal/Kg) 4,58 4,59 4,60 4,61 NDT (%) 59,61 61,48 63,35 67,09

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A taxa e a extensão da fermentação ruminal protéica são influenciadas pelo tipo de alimento, teor de PB na dieta, além de outros aspectos como a espécie animal que terão efeito nos teores de proteína degradável (PDR) e não degradável no rume (PNDR). Assim, a quantidade de proteína metabolizável presente no intestino delgado sendo composta pela proteína microbiana, PNDR e de origem endógena, é influenciada pelo teor protéico e energético da dieta (National...2001). Contudo, a metodologia utilizada que tem a premissa de inclusão de níveis crescentes de um determinado alimento à dieta, é a proposta do Agricultural...(1980) com a finalidade de se incluir efeitos associativos e níveis ótimos de incorporação na dieta, particularmente quando se determinam teores de energia. Assim, é possível inferir qual é a quantidade do alimento mais adequada para aquele tipo de animal nas condições previstas. Prestlokken (1999 a) comenta que em formulações onde os alimentos são misturados é assumido o efeito individual de cada alimento sobre o valor nutritivo da dieta e que, muitas vezes, as interações entre estes, sejam positivas ou negativas, são negligenciadas. 4.2. Consumo médio diário (g/Kg0,75) e digestibilidade (%) da matéria seca (MS) A tabela 10 apresenta os resultados de consumo de MS por unidade de tamanho metabólico e os coeficientes de digestibilidade aparente nos diferentes níveis de inclusão de concentrado contendo farelo de canola (CC) e farelo de canola expandido (CE). Apesar do baixo consumo de farelo de canola observado no início do período de adaptação, necessitando inclusões crescentes de milho até o nível de 30% no concentrado, observou-se um consumo de farelo de canola de 455 g/animal/dia com 50% de inclusão de concentrado. Este consumo de concentrado atingiu 651 g/animal/dia em

média no mesmo tratamento, sendo o consumo total de MS de 1,3 Kg/animal/dia. O consumo de MS cresceu significativamente com a inclusão dos farelos nas dietas. Comparando o menor (10%) e o maior (50%) nível de inclusão de concentrado, há diferença significativa na ingestão sendo 57,33 e 65,20 g/Kg0,75 para o farelo de canola e 48,93 e 68,00 g/Kg0,75 para o farelo de canola expandido, respectivamente. Para os níveis intermediários, 20 e 30% de concentrado, não foram verificadas diferenças estatísticas entre si, nem em relação a menor ou a maior inclusão de concentrado (tabela 9). Houve controle parcial do consumo de matéria seca, mantendo as sobras de feno em 20% a fim de se atingir os níveis de inclusão de concentrado determinados. O Agricultural... (1993) recomenda que para determinação dos teores de energia digestível e metabolizável, o consumo dos animais devem ser em nível de mantença ou levemente superior. Alterações na taxa de passagem pelo trato digestório e fermentação ruminal podem ocorrer quando se eleva o nível de concentrado na alimentação dos animais, fato que está ligado ao tamanho de partículas, menores, e ao teor de carboidratos não fibrosos presentes em maior quantidade nos concentrados. Pode haver maiores perdas energéticas pelas fezes, urina e metano o que pode diminuir o teor de energia metabolizável em relação à energia bruta consumida, sem uma fonte maior de erro. Observou-se um consumo médio diário de 60,01 g/Kg0,75 para os animais consumindo farelo de canola e de 57,89 g/Kg0,75 para farelo de canola expandido. Estes valores estão acima dos encontrados por Pentreath (2000), que foi de 52,92 g/Kg0,75, trabalhando com animais com média de 17,39 Kg0,75 alimentados com níveis crescentes de sementes de girassol na dieta, sendo 0; 2,43; 9,0; 15,6 e 22,15 % em

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substituição ao feno de tifton. Já Rodriguez (1984), trabalhando com níveis crescentes de substituição do feno de braquiária (Braquiaria sp.) por farelo de arroz (0; 25;

50 e 75 %), encontrou 60,97 g/Kg0,75 de consumo de MS, semelhante aos do presente ensaio.

Tabela 10 – Médias dos consumos diários (g/Kg0,75) (1) de matéria seca (CMS) e coeficientes de digestibilidade aparente (%) da MS (CDMS) das dietas com diferentes níveis de inclusão de concentrado contendo farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE) Frações analisadas Processamento 90:10 80:20 70:30 50:50 CV %(2)

CMS CC 57,33 b 58,92 ab 58,59 ab 65,20 a CMS CE 48,93 b 57,91 ab 56,74 ab 68,00 a

15,82

CDMS CC 57,85 b 59,26 b 61,56 b 65,94 a CDMS CE 59,14 b 60,62 b 60,50 b 65,73 a

4,26 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo b teste SNK (p>0,05) 1. Média do peso vivo dos animais: 51 Kg Média do peso metabólico dos animais: 19,08 Kg0,75

2. Coeficiente de variação Bush et al. (1978), avaliando a digestibilidade de duas cultivares de canola em borregas com peso médio de 30,1 Kg de peso vivo, limitou o consumo em 51 g/Kg0,75 para que os animais consumissem mais que as necessidades de mantença mas não atingissem o consumo máximo ad libitum. De acordo com o National... (1985) a necessidade nutricional de ovinos adultos em mantença é de 53,19 g/Kg0,75 , abaixo dos valores encontrados neste experimento, mas acima do estipulado por Bush et al. (1978). Além disso, estes autores trabalharam com animais na fase de crescimento, que têm necessidades nutricionais maiores que animais adultos em mantença. O processo de expansão não aumentou a digestibilidade aparente da MS do farelo de canola em relação ao farelo de canola não processado. Este resultado também foi encontrado por Prestlokken (1999 a) para o farelo de canola sob o mesmo processamento. Este autor avaliou também a degradabilidade ruminal e digestibilidade intestinal através de sacos de nylon colocados em cânula ruminais e duodenais adaptadas em vacas leiteiras secas. Os

alimentos foram processados em três temperaturas no expansor, sendo 130, 155 e 175ºC. A degradabilidade ruminal do farelo de canola só foi inferior às demais no tratamento com maior temperatura, sendo 60,0; 59,6 e 56,4%, respectivamente para os tratamentos com baixa, média e alta temperatura. Os coeficientes de digestibilidade da MS foram semelhantes entre os tratamentos 10, 20 e 30% de inclusão de concentrado, sendo 57,85; 59,26 e 61,56% para dietas contendo farelo de canola (CC) e 59,14; 60,62 e 65,73 % para dietas contendo farelo de canola expandido (CE), respectivamente. O tratamento 50% apresentou maiores coeficientes de digestibilidade independente do processamento, sendo 65,94% para CC e 65,73% para CE. Esta diferença possivelmente tem ligação com as modificações nos teores dos nutrientes das dietas quando a inclusão do farelo de canola ou farelo de canola expandido foi de 50%, o que diminuiu as percentagens dos carboidratos estruturais e aumentou os teores dos nutrientes oriundos do conteúdo celular como proteína bruta, carboidratos não estruturais e extrato etéreo.

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Swanson et al. (2000), trabalharam com 20 ovelhas alimentadas com forragem de baixa qualidade e suplementadas com três níveis crescentes de proteína não degradável no rume (PNDR) no suplemento protéico (5,2, 22,1 e 41,3% de PNDR) e um grupo controle onde se tentou excluir PNDR. Encontraram aumento na digestibilidade da MS nos grupos com 22,1 e 41,3% de PNDR, respectivamente 50,7 e 51,3%, em relação ao grupo com menor suplementação, 48,7% (p<0,10). Todos os grupos suplementados apresentaram digestibilidade de MS superiores ao grupo controle, que foi de 46,1%. Contudo, não encontraram diferença na digestibilidade da MS quando os suplementos foram oferecidos para borregas, cuja dieta base foi feno de melhor qualidade. Bush et al. (1978), trabalharam com borregas em crescimento alimentadas com dieta à base de feno de timóteo (Phleum pratense), e cevada ou milho e dois cultivares de canola (Candle e Tower). O consumo no período de 21 dias de feno foi de 325 e 332 g/dia, e 322 e 328 g/dia de farelo de canola das cultivares Tower e Candle, respectivamente, e coeficientes de digestibilidade de 71,6 e 68,2 % , ambos superiores aos do presente trabalho. Stanford et al. (1996), avaliando suplementos protéicos com sementes de lupim branco (LB), farelo de canola (FC) ou farelo de soja (FS) em dietas isoprotéicas (proteína bruta = 15,5%) a base de cevada em cordeiros mestiços Romanov x Suffolk, também relatam maior coeficiente de digestibilidade da MS do farelo de canola em relação aos do atual ensaio, sendo igual a 74,4%. Coeficientes de digestibilidade semelhante aos encontrados neste trabalho no nível de inclusão máxima de concentrado (50% concentrado ou 35% de farelo de canola na dieta), são relatados por Waldern (1973), cujo valor é 65,4%, trabalhando com vacas holandesas alimentadas com 27% de farelo de canola na dieta.

Alves et al. (2003), trabalhando com três níveis crescentes de concentrado (40; 60 e 80%) na dieta de ovinos Santa Inês em substituição ao feno de tifton, encontraram coeficientes de digestibilidade da MS de 67,96; 73,47 e 76,84 %, respectivamente aos níveis de inclusão, apontando uma resposta semelhante ao observado na crescente inclusão de concentrado contendo farelos de canola. As equações de regressão e valores de R2 da digestibilidade da MS para farelo de canola (CC) e farelo de canola expandido (CE) foram: CC – y = 55,50+0,2954x (R2 = 0,64); CE – y = 57,40+0,2371x (R2 = 0,75). Houve aumento na digestibilidade da MS com o aumento da inclusão do CC ou CE nas dietas. Para cada 1% de farelo a mais na dieta observamos um aumento médio de 0,26% na digestibilidade. Até o nível de 35% de farelo de canola ou farelo de canola expandido, os coeficientes de digestibilidade da MS foram favorecidos com a inclusão desses produtos nas dietas. Outro aspecto importante a ser observado são os valores de R2 das equações de regressão em todos os parâmetros analisados. Foram sempre superiores quando o concentrado continha farelo de canola expandido, fato que pode estar relacionado a melhor aceitação dos animais por este alimento quando comparado a resposta dos animais que foram alimentados com concentrado contendo farelo de canola sem processamento. O tratamento térmico sob pressão pode ter melhorado a palatabilidade do produto e/ou inativado fatores antinutricionais como sinapina e glucosinolatos. Sharma et al. (1980), trabalhando com bezerros holandeses encontraram 79,5% de coeficiente médio de digestibilidade da MS do farelo para duas cultivares de canola, não havendo diferença entre as mesmas. Contudo, a inclusão do farelo de canola na dieta foi de 50%. Utilizando as equações de

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regressão do presente experimento, a inclusão de 50% de farelo de canola resultaria em 70,25% de digestibilidade da MS. Para o farelo de canola expandido, este valor seria de 69,25%, porém ambos inferiores aos daqueles autores. 4.3. Consumo médio diário (g/Kg0,75) e digestibilidade (%) das frações fibrosas As médias dos consumos diários das frações fibrosas por unidade de tamanho metabólico estão demonstradas na tabela 11. Não foram verificadas diferenças em quaisquer das frações fibrosas avaliadas, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL) e celulose (CEL), independente do tratamento ou do processamento. O alto conteúdo de fibra verificado nos farelos de

canola (33,11 e 33,36% para FDN e 20,42 e 21,01% para FDA no CC e CE, respectivamente) é, possivelmente, um dos fatores determinantes da não variação do consumo das frações fibrosas. Pode-se observar na tabela 9 que o teor de FDN, FDA, HCEL e CEL das dietas diminuiu com o aumento de concentrado. O teor de FDN passou de 74,53 para 53,59 %, e de 74,54 para 53,68 % entre os níveis de 10 e 50% de inclusão de concentrado contendo CC ou CE, respectivamente, dando uma diminuição em torno de 20%. Mas houve aumento do consumo de MS e conseqüentemente das frações fibrosas, o que pode ter contrabalançado a diminuição das concentrações das mesmas na dieta gerando um consumo semelhante em todos os tratamentos.

Tabela 11 – Médias dos consumos diários (g/Kg0,75) da fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL) e celulose (CEL) das dietas com diferentes níveis de inclusão de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE)

Frações analisadas Processamento 90:10 80:20 70:30 50:50 FDN CC 42,88 40,83 38,53 35,09 FDN CE 36,54 40,23 35,93 36,49

FDA CC 20,94 20,07 19,00 18,08 FDA CE 17,84 19,80 17,89 18,90

HCEL CC 21,94 20,76 19,53 17,01 HCEL CE 18,70 20,43 18,04 17,59

CEL CC 17,84 16,96 15,86 14,41 CEL CE 15,22 16,71 14,84 15,09

Ladeira et al. (2002), encontraram valores superiores aos do presente ensaio de consumo de FDN e FDA sendo iguais a 48,36 e 32,24 g/Kg0,75, respectivamente, trabalhando com feno de amendoim forrageiro. Contudo o consumo de MS também foi superior (90,17 g/Kg0,75) se comparado com o máximo neste trabalho de 68,0 g/Kg0,75, o que influenciou no maior consumo da FDN e FDA naquele trabalho. Os coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL) e celulose (CEL) estão descritos na tabela 12. Não foram verificadas diferenças entre os coeficientes de digestibilidade aparente das frações fibrosas em nenhum dos níveis de inclusão de farelo de canola, nem entre processamentos. De acordo com Van Soest (1994), a fibra do concentrado contribui mais para a depressão da digestibilidade desta fração nas dietas do que a fibra proveniente da forragem quando o concentrado é adicionado à dieta. A

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explicação pode está na maior taxa de passagem do concentrado em relação à forragem diminuindo o tempo de permanência no rume, colonização bacteriana e a digestibilidade da fibra (Hoover, 1986). Outro aspecto é que a digestibilidade da FDN, que irá conter praticamente as demais frações fibrosas analisadas, é altamente dependente da sua constituição e variável entre os alimentos. Tem ligação com o teor de lignina, elemento indigestível, que para forragens está intimamente ligada à idade da planta, especialmente nas gramíneas. Os farelos de canola e canola expandido testados apresentam alto teor de lignina, semelhante aos do feno de Tifton 85 utilizado, sendo 8,17; 8,13 e 8,24%, respectivamente. Este é um ponto que possivelmente teve influencia sobre o consumo e a digestibilidade das frações fibrosas. Os coeficientes de digestibilidade da FDN foram semelhantes aos encontrados por Borges et al. (2006), avaliando resíduo industrial de tomate em bovinos com quatro níveis de inclusão na dieta, sendo 0; 15; 30 e 45%. Eles reportaram variação de 59,02 a 63,71% de digestibilidade, enquanto neste trabalho as variações se limitam entre 57,45

a 61,68%, ambos sem diferença estatística. Estes coeficientes também foram próximos aos encontrados por Bush et al. (1978) para a cultivar Tower, sendo 62,5% para FDN. O coeficiente de digestibilidade para FDA foi 51,9%. As analises bromatológicas desta cultivar de canola (Tower) revelam teores de FDN e FDA iguais a 26,2 e 18,5%, abaixo dos encontrados no presente trabalho, que foram em média 33,23 e 20,72% para FDN e FDA, respectivamente. As diferenças são ainda maiores quando comparadas com os coeficientes de digestibilidade da cultivar Candle, cujo teor de fibra é menor que da cultivar Tower, apresentando essa 68,5 e 60,7% de digestibilidade da FDN e FDA, respectivamente. Santos (2007) trabalhando com cordeiros Santa Inês suplementados com farelo de canola, torta de canola ou grão de canola em 8% de dietas isoproteicas com 15% de PB, e teores de FDN em torno de 51,5%, cita coeficiente de digestibilidade desta fração igual a 66,44% para o farelo de canola, superior ao encontrado no presente ensaio, fato que pode estar relacionado ao maior teor de FDN nas dietas testadas por esse autor.

Tabela 12 – Coeficientes de digestibilidade (%) da fibra em detergente neutro (CDFDN), fibra em detergente ácido (CDFDA), hemicelulose (CDHCEL) e celulose (CDCEL) das dietas com diferentes níveis de inclusão de concentrado contendo farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE)

Frações analisadas Processamento 90:10 80:20 70:30 50:50 CDFDN CC 59,81 58,69 60,68 57,31 CDFDN CE 61,68 59,68 57,45 58,77

CDFDA CC 57,28 55,02 56,53 54,11 CDFDA CE 60,69 58,39 51,55 56,51

CDHCEL CC 62,23 62,24 64,68 60,72 CDHCEL CE 62,63 60,92 63,35 61,20

CDCEL CC 65,18 65,57 70,91 66,19 CDCEL CE 69,39 66,80 66,48 70,36

Bayley e Hill (1975) afirmaram que processamento térmico a vapor aumentou a digestibilidade da fibra bruta. Contudo,

Reddy e Reddy (2000) e Prestlokken e Harstad (2000) não encontraram diferenças nas digestibilidades da FDN quando

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compararam os alimentos expandidos em relação aos grupos controle, sem processamento, apresentando valores médios de digestibilidade de 51,07 e 59,1 %, respectivamente, semelhantes aos do presente trabalho. Swanson et al. (2000), trabalharam com 20 ovelhas alimentadas com forragem de baixa qualidade e suplementadas com três níveis crescentes de proteína na dieta também não observaram aumento na digestibilidade da FDN e FDA. O coeficiente médio de digestibilidade da FDN foi 55,85% e para FDA 46,75%, ambos inferiores aos deste trabalho que foram em média 59,25 e 56,26%, respectivamente para FDN e FDA. Com isto, no presente estudo, fica claro que o processo de expansão não afetou a digestibilidade das frações fibrosas das dietas. 4.4. Consumo médio diário de energia bruta (Kcal/Kg0,75), digestibilidade (%) da energia bruta (EB) e teores de energia digestível e metabolizável O consumo médio diário por unidade de tamanho metabólico e a digestibilidade da energia bruta (EB) aumentaram com a inclusão dos concentrados nas dietas, como está demonstrado na tabela 13. O consumo de EB mostrou resposta semelhante ao consumo de matéria seca, significativamente menor quando se compara o menor (10%) e o maior (50%) nível de inclusão de concentrado, apresentando 262,63 e 300,99 Kcal/Kg0,75 para o farelo de canola e 224,10 e 314,17 Kcal/Kg0,75 para o farelo de canola expandido, respectivamente. Para os níveis intermediários, 20 e 30% de concentrado, não foram verificadas diferenças estatísticas entre si, nem em relação a menor ou a maior inclusão de concentrado, varando entre 261,64 e 270,98 Kcal/Kg0,75. O aumento no consumo de energia bruta é esperado, pois o teor desta energia no feno é inferior ao do concentrado (4,57 e 4,65 Mcal/Kg de MS, respectivamente), que teve sua participação aumentada nas dietas. Além disso, houve

aumento no consumo de MS devido à inclusão de concentrado nas dietas. Pentreath (2000), trabalhando com níveis crescente de sementes de girassol na dieta de ovinos, encontrou consumo máximo de EB igual a 266,93 Kcal/Kg0,75 , referente a 9% de inclusão de sementes. Contudo a resposta encontrada por este autor para consumo de EB tendeu a ser quadrática devido ao efeito deletério do óleo sobre a fermentação ruminal nos níveis mais elevados de sementes de girassol na dieta, diferente do presente ensaio que teve tendência linear de aumento. De modo geral o aumento na proporção de energia na dieta leva a melhoria em sua digestibilidade. Os coeficientes de digestibilidade da EB foram semelhantes entre os tratamentos 10 e 20 % e entre 20 e 30% de inclusão de concentrado nas dietas. Porém o nível de 30% foi significativamente superior ao nível 10% de inclusão de concentrado. Quando incluiu-se 50% de concentrado na dieta, os coeficientes de digestibilidade da EB foram superiores aos demais tratamentos, independente do processamento, e em média iguais a 66,87 %. Estes valores são inferiores aos encontrados por Bush et al. (1978) com dietas contendo 3,93 Mcal/Kg de EB, sendo o coeficiente médio de digestibilidade da EB 69,65%. Contudo, vale salientar que estes autores trabalharam com cordeiros alimentados com 100% de concentrado no creep-feeding, com teores de fibra (em torno de 16,5% FDN) bem inferiores aos do presente trabalho o que reflete na maior digestibilidade da MS da dieta e conseqüentemente da EB. Rodrigues (2002) trabalhando com níveis crescentes (0; 19; 37 e 62%) de milho moído ou milho expandido nas dietas de ovinos, encontrou coeficientes de digestibilidade da EB nos tratamentos com milho moído crescentes até os níveis 37 e 62%, que foram semelhantes, sendo iguais a 75,2 e 75,29%,

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respectivamente. Porém, para o milho expandido, a resposta foi quadrática, ficando o maior coeficiente de digestibilidade quando o tratamento continha 37% de milho expandido, 82,12%, sendo superior a todos

os demais. O processamento da expansão teve efeito sobre a digestibilidade, diferente do observado neste trabalho, onde não houve acréscimo nos valores de digestibilidade para o farelo de canola expandido.

Tabela 13 – Consumos diários (Kcal/Kg0,75) de energia bruta (CEB) e dos coeficientes de digestibilidade aparente (%) da energia bruta (CDEB) das dietas com diferentes níveis de inclusão de concentrados contendo farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE) Processamento Frações analisadas 90:10 80:20 70:30 50:50 CV %

CC CEB 262,63 b 270,98 ab 270,22 ab 300,99 a CE CEB 224,10 b 266,08 ab 261,64 ab 314,17 a

15,83

CC CDEB 56,73 c 58,38 bc 61,70 b 66,96 a CE CDEB 57,38 c 59,89 bc 60,90 b 66,79 a

4,30 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (p>0,05). As equações de regressão encontradas para digestibilidade aparente da EB foram semelhantes para os tratamentos farelo de canola e farelo de canola expandido: CC – y = 53,937+0,37x (R2=0,74); CE – y = 55,11+0,33x (R2=0,87). Tiveram a mesma característica das equações de regressão de digestibilidade da MS, com crescimento da digestibilidade de 0,37 e 0,33 Kcal/Kg0,75 para cada 1% de inclusão de CC ou CE, respectivamente. De modo geral as frações fibrosas são menos digestíveis que carboidratos não fibrosos, e com isso, a concentração de FDN em alimentos ou dietas é negativamente correlacionada com a concentração energética. A composição química da FDN que inclui celulose, hemicelulose e lignina, afeta a sua digestibilidade. Neste sentido, alimento ou dietas com similar concentração de FDN não necessariamente possuem similar teor de energia líquida, e certos alimentos ou dietas com elevados teores de FDN podem ter mais energia líquida que outros com menor teor de FDN (National... 2001). Essa afirmação tem ligação com a resposta obtida para os coeficientes de digestibilidade da EB, já que houve redução nos teores de FDN nas dietas à medida que se elevou a participação do concentrado. Contudo, estes continham em média 27,51

% de FDN, valor que pode ser considerado elevado para um alimento concentrado, e pode ter evitado um aumento maior e mais significativo da digestibilidade da energia bruta entre os tratamentos estudados. Sharma et al. (1980) mostraram valores médios de digestibilidade da EB igual a 78,5% com 50% de farelo de canola na dieta. Extrapolando os resultados do presente trabalho, através das equações de regressão, para a mesma inclusão de farelo de canola (50%), ter-se-ia 72,11% de digestibilidade da EB, em média, ainda inferiores aos encontrados por aqueles autores, fato que pode ser explicado pelo menor teor de FDA nos farelos utilizados por eles, em média 16,2%, quando comparados aos do presente trabalho, sendo em média 20,72%. Além disso, a dieta base utilizada por eles continha apenas 16% de FDA, que pressupõe uma elevada quantidade de concentrado, mesmo não sendo descrito os ingredientes desta dieta base. Stanford et al. (1996) obtiveram digestibilidade da EB para dietas oferecidas à cordeiros cruzados contendo 11,8% de farelo de canola de 74,4%. Este maior valor de digestibilidade relatado provavelmente tem ligação com a maior disponibilidade energética das dietas oferecidas por esses

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autores, visto que continham, além do farelo de canola, cevada processada a vapor, melaço de beterraba, casca de girassol e suplementos lipídicos e vitamínicos-minerais. Os consumos de energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) apresentaram respostas semelhantes com o aumento da inclusão de concentrado nas dietas (tabela 14). Não houve diferença nos níveis 10, 20 e 30% de concentrado nas dietas para os tratamentos com e sem processamento. Apenas quando incluiu-se 50 % de

concentrado é que os consumos de ED e EM foram superiores aos demais, apresentando em média 205,03 e 169,78 Kcal/Kg0,75, respectivamente (tabela 13). Segundo o National...(2006) a necessidade de ED para carneiros com 50 Kg de peso vivo é em torno de 140 Kcal/Kg0,75. Nos tratamentos com 10% de concentrado o teor de energia digestível das dietas contendo farelo de canola (149,75 Kcal/Kg) ou farelo de canola expandido (128,14 Kcal/Kg) são os mais próximos deste valor. Em todos os demais os valores encontra-se bem acima do necessário para animais desta categoria.

Tabela 14 – Consumos diários (Kcal/Kg0,75) da energia digestível (ED) e da energia metabolizável (EM) das dietas com diferentes níveis de inclusão de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE) Processamento Frações analisadas 90:10 80:20 70:30 50:50 CV %

CC ED 149,75 b 159,58 b 166,87 b 200,46 a CE ED 128,14 b 159,03 b 159,56 b 209,61 a

15,51

CC EM 125,79 b 132,83 b 139,12 b 164,65 a CE EM 106,92 b 133,97 b 132,59 b 174,91 a

15,98 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (p>0,05) Há um aumento nos consumos de ED com o acréscimo de farelos até o nível de 35% de inclusão nas dietas, acompanhando o crescimento do consumo de MS. Avaliando as equações de regressão (CC – y = 135,54+1,84x (R2=0,46); CE – y = 113,44 + 2,79x (R2=0,67)) para consumo de ED em Kcal/Kg0,75 em função do acréscimo de concentrado nas dietas, temos que o fator multiplicador de x, que representa o nível de inclusão de concentrado, é 34% maior na equação de CE em relação a CC. Em níveis mais elevados de suplementação, acima de 35% de inclusão de farelo de canola expandido na dieta, pode levar a um maior consumo de ED em relação ao farelo não tratado. Contudo, em termos de dietas comerciais dificilmente estes níveis serão utilizados tendo em vista que é muito acima das necessidades dos animais e pouco econômico sendo a proteína um dos nutrientes mais caros das dietas. Para o consumo de EM as equações de regressão encontradas foram: CC – y =

144,64 + 1,42x (R2 = 0,42); CE – y = 95,33 + 2,32x (R2 = 0,64). Como nas demais equações, observa-se valores de R2 maiores quando as dietas continham farelo de canola expandido em relação ao sem processamento. Seguem também as respostas de consumo da ED com maior variação em função da inclusão de farelo de canola na dieta para CE, cujo fator multiplicador de x, que representa a inclusão de farelo de canola, é igual a 2,32, enquanto para CC é de 1,42, o que retrata que em níveis mais elevados de suplementação pode haver diferença a favor do alimento expandido. Bayley e Hill (1975) comentaram que a peletização a vapor elevou o teor de energia metabolizável do farelo de canola e este fato é atribuído ao aumento da digestibilidade provocado pelo processamento sobre a fração fibrosa. Porém, no presente experimento o processamento pela expansão não foi efetivo para aumentar os teores de

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energia digestível e metabolizável, o que é ligado também nas respostas de digestibilidades das frações fibrosas, sem diferença entre alimento processado e sem processamento dentro dos níveis de inclusão utilizados. Os teores de energia digestível (ED) e metabolizável (EM) estão descritos na tabela 15. Para ED os teores foram significativamente menores aos demais no tratamento 10% de concentrado tanto para CC como para CE. Os tratamentos com 20 e 30% de concentrado foram semelhantes entre si e inferiores ao tratamento de máxima inclusão (50%). Para EM os tratamentos 10 e 20% de concentrado foram semelhantes entre si, da mesma forma que os níveis de inclusão 20 e 30%, sendo o nível de 30% superior ao 10%. O tratamento

com 50% de concentrado na dieta apresentou valor médio de EM igual a 2,54 e 2,57Mcal/Kg de MS para os tratamentos contendo CC e CE, respectivamente, sendo superiores aos demais independente do processamento. O National...(2006) considera a necessidade de EM para carneiros com peso igual a 50Kgde peso vivo em torno de 2,18 Mcal/dia. Para ovelhas em mantença com esse mesmo peso, a necessidade de EM seria em torno de 1,75 Mcal/dia. Considerando o consumo médio diário de MS obtido neste experimento igual a 53,13 g/ Kg0,75, no nível de inclusão de 10% de concentrados na dieta, temos que o consumo de EM pelos animais nesse nível de inclusão foi de 2,215 Mcal/dia, o que atende as recomendações determinadas pelo National...(2006).

Tabela 15 – Teores de energia digestível (ED) e de energia metabolizável (EM) em (Mcal/Kg MS) das dietas com diferentes níveis de inclusão de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE) Frações analisadas Processamento 90:10 80:20 70:30 50:50 CV %

ED CC 2,60 c 2,71 b 2,81 b 3,09 a ED CE 2,63 c 2,75 b 2,85 b 3,09 a

4,32

EM CC 2,18 c 2,25 bc 2,37 b 2,54 a EM CE 2,19 c 2,32 bc 2,33 b 2,57 a

5,01 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (p>0,05). Considerando as equações de regressão dos teores de energia digestível (ED) em função da inclusão de concentrados contendo farelo de canola ou farelo de canola expandido sendo: CC – y = 2,47+0,017x (R2=0,75); CE – y = 2,52 + 0,0163x (R2=0,88), infere-se que a energia digestível com 100% da dieta composta com concentrado seria de 4,24 e 4,15 Mcal/Kg de MS para CC ou CE, respectivamente. Considerando a ED do milho, segundo o National...(2006), igual a 3,9 Mcal/Kg e sabendo que este representou 30% do concentrado, pode-se calcular o teor de ED do farelo de canola igual a 3,07 Mcal/Kg e do farelo de canola expandido igual a 2,98 Mcal/Kg. O valor citado pelo National...(2006) é de 3,1 Mcal/Kg para farelo de canola, bem próximo ao

encontrado no presente trabalho. Stanford et al. (1996), cita o valor de 13,9 Mj/Kg o que corresponde à 3,32 Mcal/Kg (4,184j = 1 cal), e o Agricultural...(1996) apresenta 13,3 Mj/Kg, sendo igual a 3,17 Mcal/Kg de MS, valores superiores aos encontrados no atual trabalho. Da mesma maneira como feito para ED, pode-se determinar o teor de energia metabolizável (EM) que para o concentrado contendo farelo de canola (CC) é de 3,38 Mcal/Kg. Já para concentrado contendo farelo de canola expandido (CE) este valor é de 3,44 Mcal/Kg. Considerando o valor de EM do milho de acordo com o National...(2006) sendo 3,2 Mcal/Kg e sabendo-se que o milho representou 30% do

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concentrado, podemos calcular o teor de EM dos farelos de canola. Para CC tem-se EM igual a 2,42 Mcal/Kg e para CE tem-se EM igual a 2,48 Mcal/Kg. O National...(2006) cita o valor de 2,6 Mcal/Kg de EM para o farelo de canola, acima do encontrado neste trabalho. Hill (1991) que relatou variação de 2,63 a 3,2 Mcal/Kg MS de EM para o farelo de canola em ruminantes e que esta variação está ligada ao teor de óleo remanescente no farelo. Este fato pode ter influenciado no valor de EM encontrado no presente experimento já que os valores de extrato etéreo estão em torno de 2,75%, valor abaixo do descrito pelo National...(2006) que é igual à 4%. Outro fator é o maior teor de FDN, em média 33,2%, dos farelos utilizados neste trabalho em relação ao descrito pelo National...(2006) que é igual à 29%. Segundo Van Soest (1994) o teor de fibra tem correlação negativa com o teor energético dos alimentos, o que pode ter contribuído para este menor teor de EM encontrado. Esta variação em relação aos descritos na literatura pode também ter sofrido influencia dos relativamente baixos coeficientes de determinação (R2) deste ensaio. Aspectos como as alterações de consumo observadas no início do experimento podem ter levado a esta variação da resposta.

4.5. Consumo médio diário (g/Kg0,75), digestibilidade aparente (%) da proteína bruta e balanço de nitrogênio (gN/dia). O consumo de proteína bruta (PB) por quilo de peso metabólico apresentou elevação acompanhando o aumento do percentual de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE) nas dietas em substituição ao feno (tabela 16). No tratamento com 10% de concentrado, que em média apresentou 8,45 g/Kg0,75, foi inferior aos demais. Os tratamentos com 20 e 30% de concentrado foram semelhantes entre si, sendo em média 9,69 e 10,48 g/Kg0,75, respectivamente, e inferiores quando a inclusão de concentrado foi máxima (50% ou 35% de farelo de canola ou farelo de canola expandido), de valor igual a 14,8 g/Kg0,75. Sharma et al. (1980), trabalhando com bezerros holandeses alimentados com 50% de farelo de canola de 2 cultivares, gerando dietas com teor de PB em torno de 24%, relataram valores médios de 16,56 g/Kg0,75 de consumo de PB, resultado próximo aos valores aqui obtidos, cujo teor máximo de PB na dieta foi em torno de 22%, com 35% de CC ou CE.

Tabela 16 – Consumos diários (g/Kg0,75) de proteína bruta (CPB) e os coeficientes de digestibilidade aparente (%) da PB (CDPB) das dietas com diferentes níveis de inclusão de farelo de canola (CC) ou farelo de canola expandido (CE) Frações analisadas Processamento 90:10 80:20 70:30 50:50 CV %

CPB CC 9,64 c 9,84 b 10,56 b 14,59 a CPB CE 7,26 c 9,55 b 10,40 b 15,01 a

14,96

CDPB CC 71,31 d 74,27 c 78,14 b 83,77 a CDPB CE 71,50 d 74,88 c 79,79 b 85,49 a

4,19 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (p>0,05) Houve aumento nos coeficientes de digestibilidade da PB quando elevou-se a inclusão de concentrado nas dietas. Foram verificadas diferenças estatísticas em todos os níveis de inclusão, não diferindo entre processamentos (tabela 16). Os valores

médios dos coeficientes de digestibilidade da PB, independente do processamento, por nível crescente de inclusão foram 71,41; 74,57; 78,96 e 84,53 %. Estes aumentos nos coeficientes de digestibilidade da PB estão relacionados, além do maior aporte protéico com o incremento de concentrados nas

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dietas, à diminuição do teor de nitrogênio (N) indigestível em detergente ácido (NIDA) nas mesmas, que segundo Van Soest (1994) é uma fração de N indisponível para o animal. O feno apresenta elevados teores de NIDA (tabela 7) (18,72 % em relação ao nitrogênio total), enquanto o CC e CE apresentam valores iguais a 5,46 e 5,76 %, respectivamente. A diminuição do consumo de feno pela substituição por concentrado permitiu um maior teor de N disponível nas dietas o que contribuiu para melhores coeficientes de digestibilidade da PB. Swanson et al. (2000), trabalharam com ovelhas cruzadas com peso médio de 63 Kg e alimentadas com feno e palhada como volumosos e suplemento protéico nas dietas calculadas para suprir 100, 120 e 140% das necessidades de proteína, segundo o National... (1985). Os suplementos protéicos representaram 12 % da dieta e continham 25,6; 42,9 e 62,4% de PB para que se chegasse aos valores determinados de suplementação baseados no National...(1985). Estes autores encontraram aumentos significativos nos coeficientes de digestibilidade da PB com a elevação do suplemento nas dietas. Encontraram valores variando de 54,3 a 66,9% entre o mínimo e o máximo de PB nas dietas. Porém estes valores são inferiores aos encontrado no presente estudo, cujos coeficientes de digestibilidade da PB variaram entre 71,31 a 85,49 % entre os quatro níveis de inclusão de concentrados, independente do processamento. Estes resultados estão de acordo com os encontrados por Santos (2007) para coeficiente de digestibilidade da PB (igual a 73,10%), trabalhando com cordeiros Santa Inês onde o farelo de canola representou 8% de uma dieta com 15% de PB. Outro ponto importante é a disponibilidade de energia no rume. Avaliando os consumos de energia digestível (ED) e metabolizável (EM), observa-se tendência que fossem maiores para dietas contendo farelo de canola expandido (CE) (tabela 13), apesar das

digestibilidades não apresentarem esta tendência. Mas, de acordo com Mertens (1994), o consumo tem peso superior na resposta animal em relação a digestibilidade. Neste sentido, a tendência de melhor digestibilidade da proteína bruta para dietas contendo CE pode estar no fato que este alimento promoveu mais energia para a fermentação ruminal resultando em melhor utilização das frações protéicas dos alimentos oferecidos. Este fato poderá ser mais bem avaliado no balanço de nitrogênio. No entanto, a digestibilidade da PB é um parâmetro que está em desuso por não quantificar a parte de proteína endógena presente nas fezes dos animais, oriunda de descamações celulares, enzimas e proteína microbiana das frações realmente fornecidas pelos alimentos, incluindo, portanto um erro que geralmente subestima a real digestibilidade da proteína do alimento. Até o nível de 35% de inclusão de farelo de canola ou farelo de canola expandido nas dietas, a digestibilidade da proteína bruta apresentou crescimento linear. As equações de regressão determinadas foram: CC – y = 68,11 + 0,0446x (R2=0,80); CE – y = 67,94 + 0,5008x (R2=0,90). Os coeficientes de determinação (R2) destas equações foram os melhores encontrados em todo o trabalho o que reflete em uma maior confiabilidade da resposta. Este resultado tem respaldo na grande variação do teor protéico das dietas se comparamos o maior e menor nível de inclusão de concentrado nas dietas, sendo que para 10% tem-se em média 14,4% de PB, enquanto para 50% de concentrado o teor protéico da dieta é em torno de 22%. O consumo de nitrogênio (N), apresentado na tabela 17, elevou-se com o aumento de concentrado nas dietas. Foi inferior para o tratamento com 10% de concentrado em relação aos demais tanto para farelo de canola (CC) como para farelo de canola expandido (CE), com valores iguais a 25,25 e 22,09 g/dia, respectivamente. Os tratamentos com 20 e 30 % de concentrado

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não apresentaram diferenças entre si, mas uma tendência de maior ingestão no tratamento com 30%, sendo em média 32,38 g/dia enquanto o tratamento 20% apresentou média de 29,78 g/dia para os concentrados contendo CC e CE. Os tratamentos com 50% de concentrado foram superiores aos demais, apresentando valores de 44,41 e 48,18 g/dia para concentrados contendo CC e CE respectivamente. Há uma tendência de maior consumo de N nas dietas contendo CE, assim como vista para a proteína bruta. Stanford et al. (1996) registraram valor de 26,7 g/dia de ingestão de N para animais

consumindo farelo de canola em dieta contendo 11,8% de farelo de canola e 15% de PB, valor semelhante ao encontrado no atual ensaio quando a inclusão de farelo de canola foi de 14%. Não foram verificadas diferenças nas quantidades de nitrogênio fecal, sendo a média geral igual a 7,07 g/dia, condizente com Matras et al. (1990), trabalhando com cordeiros com peso médio de 31,5Kg suplementados com farelo de canola nos níveis 9,5 e 12% na dieta, encontraram 6,8 e 7,1 g/dia de N fecal, respectivamente.

Tabela 17 – Valores médios diários de nitrogênio (N) ingerido, N fecal, N urinário em (g/dia), N retido/ N ingerido (%) e Balanço de nitrogênio das dietas contendo farelo de canola (CC) e farelo de canola expandido (CE) Frações analisadas Processamento 90:10 80:20 70:30 50:50 CV % N ingerido (g/dia) CC 25,25 c 29,99 b 32,12 b 44,41 a N ingerido (g/dia) CE 22,09 c 29,60 b 32,45 b 48,18 a

14,62

N fecal (g/dia) CC 7,25 7,74 6,94 7,31 N fecal (g/dia) CE 6,28 7,46 6,55 7,04

N urinário (g/dia) CC 8,80 c 13,02 bc 14,83 b 21,69 a N urinário (g/dia) CE 9,15 c 12,56 bc 15,36 b 20,07 a

37,30

Balanço de N (g/dia) CC 9,20 b 9,22 b 10,36 b 15,41 a Balanço de N (g/dia) CE 6,66 b 9,58 b 10,53 b 21,06 a

47,14

N retido / N ingerido (%) CC 36,39 30,60 32,34 37,47 N retido / N ingerido (%) CE 29,45 32,10 32,32 42,35

a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (p>0,05). O nitrogênio urinário teve sua concentração elevada com o maior aporte de concentrado nas dietas, sendo superior aos demais no tratamento com 50% de concentrado cujo resultado médio foi de 20,88 g/dia (tabela 17). Os tratamentos com 10 e 20% de concentrado foram semelhantes, assim como os tratamentos com inclusão de 20 e 30 %. Porém o tratamento com 30% foi superior ao tratamento 10%. Matras et al. (1990) relataram valores de 3 e 4 g/dia de N urinário para 9,5 e 12% de farelo de canola na dieta. Os valores encontrados por estes autores são inferiores aos do presente trabalho que te valor mínimo de 8,80 g/dia de N urinário, mas os teores protéicos

utilizados por eles ficam entre 8,78 e 11,01% de PB na dieta, inferiores ao mínimo utilizado neste trabalho que é de 14,35%. O balanço de nitrogênio foi positivo em todos os tratamentos avaliados, apresentando diferença significativa apenas no nível mais elevado de suplementação, 50% de concentrado, tanto nas dietas contendo farelo de canola (CC) como farelo de canola expandido (CE) cujos valores foram, respectivamente, 15,41 e 21,06 g/dia (tabela 17). A determinação do balanço de nitrogênio (BN) fornece uma quantificação do metabolismo protéico e demonstra especificamente se o organismo está

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perdendo ou ganhando proteína (Ladeira et al., 2002). Está ligado também a cinética da digestão, pois de acordo com Nocek e Russel (1988), se a taxa de degradação da proteína excede a taxa de fermentação de carboidratos, que está ligado intimamente com o fornecimento de energia para as bactérias do rume, grande quantidade de compostos nitrogenados podem ser perdidos nas fezes. Swanson et al. (2000) demonstraram aumento no consumo de N devido à elevação dos teores de proteína nas dietas, mas sem diferença na quantidade de nitrogênio fecal que teve valor médio de 9,98 g/dia, superior aos encontrados neste trabalho que foi em média 7,31 e 6,83 g/dia para dietas contendo farelo de canola (CC) e farelo de canola expandido (CE), respectivamente. Esses autores encontraram aumento significativo na excreção de nitrogênio pela urina entre todos os grupos experimentais. Contudo o valor máximo relatado de N urinário foi de 12,6 g/dia. Esta diferença em relação aos valores encontrados no presente ensaio, que são superiores àqueles, pode estar ligado ao tipo de suplemento protéico utilizado, que teve aumento da participação de proteína não degradável no rume nos suplementos avaliados por eles. Pode-se inferir, baseados nos trabalhos de Prestlokken (1999 a) e Harstad e Prestlokken (2001), que o farelo de canola possui uma elevada degradabilidade ruminal e essa diferença em relação aos suplementos utilizados por Swanson et al. (2000) pode ter provocado as maiores quantidades de N urinário, já que tende a haver maior teor de nitrogênio amoniacal (N-NH3) em dietas com degradabilidade ruminal elevada. Isso eleva os teores de N sanguíneos provenientes do rume, maior reciclagem de N salivar e maior excreção quando convertido em uréia no fígado. A retenção de nitrogênio não apresentou diferença estatística em quaisquer dos níveis

de suplementação, sendo que no nível de 50% de concentrado (35% de farelo de canola), os valores foram próximos aos encontrados por Sharma et al. (1980), em média 40,4 g/dia para as cultivares Candle e Tower representando 50% da dieta de novilhos holandeses. Este fato pode ser em parte explicado pelos elevados coeficientes de variação, principalmente ligado à determinação do nitrogênio urinário, que irá refletir sobre a retenção e o balanço de nitrogênio. Contudo, houve uma tendência de maior retenção de N a partir do tratamento contendo 20 % de concentrado na dieta, principalmente para o CE. Um fator importante é que os tratamentos contendo CE também tenderam a ter maior consumo de energia digestível e metabolizável, visto na tabela 13, o que pode ter propiciado melhor resposta ruminal na síntese de proteína microbiana, maior aporte desta proteína e aminoácidos para o intestino delgado dos animais, favorecendo a retenção de N. Neste sentido, pelo trabalho de Stanford et al. (1996) reforça-se a sugestão de que houve falta de energia no rume para utilização maior dos compostos nitrogenados, pois encontraram 5,2 g/dia de N urinário em dietas com 11,8 % de farelo de canola e 15,5% de PB, valor intermediário aos tratamentos com 7 e 14% de canola nas dietas que tinha, respectivamente, 14,41 e 16,37% de PB. Estes tiveram 8,9 e 12,79 g/dia de N urinário, respectivamente, bem superiores ao encontrado por aqueles autores. Possivelmente o farelo de canola expandido promoveu maior disponibilidade de energia para os microrganismos do rume que utilizaram mais o N gerado pela degradação, diminuindo as perdas pela urina. Contudo, as respostas à especulação destas tendências possam estar ligadas ao nível de inclusão dos farelos de canola nas dietas, ao número maior de animais utilizados (n) o que poderia melhorar os coeficientes de determinação (R2) das equações de regressão e aos efeitos associativos do feno e

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do milho com os farelos de canola. Mesmo atendidas as necessidades de energia para os animais, conforme os cálculos descritos na página 38 deste trabalho, a utilização dos compostos nitrogenados para síntese de proteína no rume poderia ser mais efetiva caso os teores energéticos acompanhassem a elevação do teor protéico nas dietas.

5. CONCLUSÕES Quando inclui-se até 35 % de farelo de canola nas dietas o processo de expansão não alterou as características bromatológicas, parâmetros de consumo, digestibilidade e o balanço de nitrogênio. O farelo de canola utilizado neste trabalho possui em média 3,03 Mcal/Kg MS de energia digestível e 2,45 Mcal/Kg MS de energia metabolizável. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A.F.R.C. AGRICULTURAL FOOD RESEARCH COUNCIL. Energy and protein requirements of ruminants. An advisory manual prepared by the AFRC Technical Committee on Responses to nutrients. Wallingford, UK. CAB INTERNATIONAL, 1993, 159p. AHERNE, F. X.; KENNELLY, J. J. Oilseed meals for livestock feeding. Proc. Univ. of Nottingham Nutr. Conf., Loughborough, England, 1982. ALVES, K. S.; CARVALHO, F. F. R.; VÉRAS, A. S. C., et al. Níveis de energia em dietas para ovinos Santa Inês: digestibilidade aparente. Rev. Bras. Zootecnia. v. 32, n. 6, p. 1962-1968, 2003 (supl.2). ANTUNES, R. C.; RODRIGUEZ, N. M. Metabolismo de carboidratos não estruturais. In: BERCHIELLI, T.T.; PIRES, A.V.; OLIVEIRA, S.G. Nutrição de Ruminantes.

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