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AUTARQUIA EDUCACIONAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – AEVSF FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE PETROLINA
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
JOÃO EUDES DE SOUZA CALADO
CONTABILIDADE, ENGENHARIAS, DIREITO E MEDICINA: UM ESTUDO EMPÍRICO SOBRE AS PERCEPÇÕES DOS
PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO NO VALE DO SÃO FRANCISCO ACERCA DAS PROFISSÕES.
PETROLINA-PE 2012
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JOÃO EUDES DE SOUZA CALADO
CONTABILIDADE, ENGENHARIAS, DIREITO E MEDICINA: UM ESTUDO EMPÍRICO SOBRE AS PERCEPÇÕES DOS
PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO NO VALE DO SÃO FRANCISCO ACERCA DAS PROFISSÕES.
Monografia submetida à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis, da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Esp. João Carlos Hipólito Bernardes do Nascimento
PETROLINA 2012
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JOÃO EUDES DE SOUZA CALADO
CONTABILIDADE, ENGENHARIAS, DIREITO E MEDICINA: UM ESTUDO EMPÍRICO SOBRE AS PERCEPÇÕES DOS
PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO NO VALE DO SÃO FRANCISCO ACERCA DAS PROFISSÕES.
Monografia submetida à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis, da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovada em 10/08/2012.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________ Professor Esp. João Carlos Hipólito Bernardes do Nascimento (Orientador)
Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina
_________________________________________________ Professora Esp. Rita Regina Marques Costa
Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina
_________________________________________________ Professor Esp. Wellington Dantas de Sousa
Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina
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A minha mãe, por todo esforço dedicado à minha formação educacional, buscando as condições para o meu crescimento como cidadão e como profissional.
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AGRADECIMENTOS
Realizar esse trabalho foi árduo, físico e mental. Por isso, agradeço
primeiramente a Deus por nos conceder o dom da vida e servir de referência sublime
para essa conquista.
Aos Professores, campo de estudo da minha pesquisa, aos Coordenados e
Diretores das Escolas Públicas e Privadas pelas oportunidades e contribuições
durante o processo de realização deste trabalho.
Aos colegas do Grupo MAVEL pela oportunidade no ingresso à área contábil
e pela minha formação quanto aos valores e conduta profissional, e aos colegas do
Orçamento, Contabilidade e Finanças da UNIVASF pelo acolhimento e
ensinamentos na área pública.
À FACAPE e aos seus colaboradores, ao Coordenador do Curso de Ciências
Contábeis Fernando José de Holanda Nunes, ao meu orientador João Carlos
Hipólito Bernardes do Nascimento, aos meus colegas de turma, pelo
companheirismo, pelas discussões e incentivos, onde buscamos sempre a ajuda
mútua, colaborando para a conclusão do curso.
Aos familiares, que me motivaram e contribuíram para o alcance dos
objetivos, e que representam a base de todos os meus valores e princípios.
Em especial, a querida Clarice, pelo suporte, solidariedade e estímulo durante
a realização do meu trabalho, e a Maria Auxiliadora, minha mãe, por todo amor e
dedicação dispensado para comigo.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização desse
trabalho.
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“As novas opiniões são sempre suspeitas e
geralmente opostas, por nenhum outro
motivo além do fato de ainda não serem
comuns.”
John locke
“Tudo depende de como olhamos para as coisas, e não de como elas são em si mesmas.”
Carl Gustav Jung
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RESUMO
A despeito da relevante valorização da Contabilidade enquanto profissão, intensificada na convergência às normas internacionais de Contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS), os melhores talentos tendem a buscar carreiras em outras profissões, consideradas “mais nobres” como, por exemplo, Engenharias, Psicologia, Advocacia e Medicina, levando alguns estudiosos a estigmatizarem esse fenômeno como a grande crise da profissão contábil. Neste ponto, partindo dos insights de que os educadores do ensino médio apresentam forte influência (significativa) sobre a escolha de carreira dos alunos, o presente estudo teve por objetivo analisar as percepções dos professores sobre a profissão Contábil quando comparada a outras profissões, nomeadamente, Medicina, Engenharias e Advocacia. Inspirado no estudo de Hardin, O'bryan e Quirin (2000), foi realizado um estudo de campo com 82 professores de 12 instituições de ensino de Ensino Médio de escolas públicas e privadas do Vale do São Francisco, onde as profissões foram avaliadas, por meio de questionário, em 24 atributos. Como ferramenta de análise dos dados, foi realizada uma análise de variância (ANOVA) de um fator (One-Way ANOVA) e, posteriormente, testes Post Hoc a um nível de significância de 0,05, com o objetivo de identificar quais das profissões diferem e em quais atributos. Os resultados da pesquisa corroboram os achados dos estudos anteriores ao possibilitar a constatação de que, avaliando as opções de carreira para estudantes do ensino médio, os professores apontam Contabilidade com médias significativamente baixas quando comparada às profissões de Medicina, Engenharias e Advocacia. Palavras–Chave: Profissão Contábil; Valorização Profissional; Escolha de Carreiras.
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1: RESULTADO DO TESTE ANOVA COM CADA ATRIBUTO (N = 82) ....... 35 TABELA 2: COMPARATIVO DAS MÉDIAS DOS ATRIBUTOS QUE DIFERENCIAM A
CONTABILIDADE DAS DEMAIS PROFISSÕES, CONTEMPLADOS NAS DUAS
PESQUISAS ........................................................................................................................ 37
TABELA 3: COMPARATIVO DOS ATRIBUTOS DA CONTABILIDADE DISTINTOS ÀS
DEMAIS PROFISSÕES PRESENTES NA ATUAL PESQUISA E NÃO CONSIDERADOS
NOS ESTUDOS DE HARDIN, O`BRYAN E QUIRIN (2000) ............................................ 38 TABELA 4: COMPARATIVO DOS ATRIBUTOS CONFERIDOS COMO DIFERENÇAS
DA CONTABILIDADE EM RELAÇÃO ÀS DEMAIS PROFISSÕES NO ESTUDO DE
HARDIN, O’BRYAN E QUIRIN (2000) E NÃO APRESENTADAS COMO TAL NA
PRESENTE PESQUISA: ..................................................................................................... 38
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 12
2.1. PROCESSO DE ESCOLHA DA PROFISSÃO ............................................ 12
2.2. FATORES DETERMINANTES À ESCOLHA PROFISSIONAL .............. 14
2.3. ESTUDOS SOBRE PERCEPÇÃO DA PROFISSÃO CONTÁBIL E OS
FATORES RELEVANTES À ESCOLHA DA CONTABILIDADE ENQUANTO
PROFISSÃO ......................................................................................................... 18
2.4. AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DA CONTABILIDADE NOS ÚLTIMOS
ANOS..................................................................................................................... 23
3. METODOLOGIA DE PESQUISA ......................................................................... 28
3.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................. 28
3.2. AMOSTRA DA PESQUISA .......................................................................... 29
3.3 FERRAMENTAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS .......................... 30
4. ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................... 32
4.1. INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS E DESCRITIVAS DA AMOSTRA 32
4.2. RESULTADOS DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) E
COMPARAÇÕES DOS RESULTADOS ALCANÇADOS COM O ESTUDO DE
HARDIN, O’BRYAN E QUIRIN (2000) .............................................................. 35
4.3. CONTABILIDADE SIMILAR A DIREITO, MAS DIFERE DE
ENGENHARIAS E MEDICINA. ......................................................................... 40
4.4. CONTABILIDADE SIMILAR À MEDICINA, MAS DIFERE DE
ENGENHARIAS E DIREITO. ............................................................................ 41
4.5. CONTABILIDADE SIMILAR À ENGENHARIAS, MEDICINA E
DIREITO. .............................................................................................................. 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 44
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 46
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DESCRITIVO .......................................................... 53
ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO ACERCA DAS OPINIÕES DE EDUCADORES ... 54
ANEXO 3 – TABELA RELAÇÃO CANDIDATO/VAGA VESTIBULAR UFPE ... 55
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INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a Contabilidade passou por um processo de acentuadas
mudanças em sua prática. O papel do contabilista assumiu um enfoque mais voltado
à comunicação e interpretação, tendo em vista que as rotinas de geração das
informações foram consideravelmente facilitadas em decorrência dos avanços dos
sistemas de informação (IFAC, 1999).
Adicionado a isso, o advento do processo de convergência às normas
internacionais de Contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS)
que majorou consideravelmente a complexidade da prática contábil, reforçou a
necessidade latente de atração dos melhores estudantes à profissão (NELSON,
BAILEY e NELSON, 1998).
A despeito dessa necessidade, os melhores talentos seguidamente tendem a
buscar carreiras em outras profissões, consideradas “mais nobres” como, por
exemplo, Engenharias, Psicologia, Advocacia e Medicina (PAOLILLO e ESTES,
1982), levando alguns estudiosos a estigmatizarem esse fenômeno como a grande
crise da profissão contábil (HARDIN, O'BRYAN, QUIRIN, 2000).
A literatura sobre a percepção da profissão contábil em relação a outras
profissões e acerca dos fatores que influenciam escolha da carreira é relativamente
recente. Ramos e Lima (1996), por meio de observação empírica, constatou que o
projeto familiar está no cerne da escolha profissional dos estudantes. Já Paolillo e
Estes (1982), por meio de um estudo de campo, constataram que os professores
têm influência mais preponderante do que a família nas decisões de escolha de
carreira dos jovens.
Bacon, Melcher e Greene (1990) efetuaram exames com 101 estudantes do
ensino médio que desejavam seguir carreira em Contabilidade. Os autores
constataram que, mesmo esses alunos já tendo escolhido Contabilidade como a
carreira a ser seguida, eles tinham o sentimento de que a Contabilidade era uma
profissão menos prestigiada quando comparada a Direito ou às Engenharias.
Diante do cenário contemporâneo com o desenvolvimento dos mercados de
capitais, crescimento econômico do país e considerando as mudanças das práticas
contábeis com o advento dos IFRS, com significativa valorização da Contabilidade
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enquanto profissão, qual a percepção dos professores de ensino médio acerca da
Contabilidade quando comparada a outras profissões no Vale do São Francisco?
Nesse ponto, partindo das percepções de que os educadores do Ensino
Médio apresentam forte influência (significativa) sobre a escolha de carreira dos
alunos (PAOLILLO e ESTES, 1982; DODSON e PRICE, 1991), o presente estudo
teve por objetivo analisar as percepções dos professores sobre a profissão Contábil
quando comparado a outras profissões, nomeadamente, Medicina, Engenharias e
Advocacia.
Como objetivos específicos foram propostos: discutir as maiores dispersões
atribuídas a Contabilidade em relação a cada uma das outras profissões; discorrer
sobre os atributos que apresentaram diferenças não significantes entre as
profissões; e, por fim, identificar, nos resultados, os pontos considerados favoráveis
ou desfavoráveis acerca do profissional de Contabilidade.
Inspirado no estudo de Hardin, O'bryan e Quirin (2000), foi realizado um
estudo de campo com 82 professores de 12 instituições de Ensino Médio de escolas
públicas e privadas do Vale do São Francisco, no qual as profissões foram avaliadas
em 24 atributos.
Como ferramenta de análise dos dados, assim como no estudo original de
Hardin, O'bryan e Quirin (2000), foi realizada uma análise de variância de um fator
(One-Way ANOVA) e, posteriormente, testes Post Hoc a um nível de significância de
0,05, com o objetivo de identificar quais das profissões diferem e em quais atributos.
Os resultados da pesquisa corroboram os achados dos estudos anteriores ao
possibilitar a constatação de que, avaliando as opções de carreira para estudantes
do ensino médio, os professores apontam Contabilidade com médias
significativamente baixas quando comparada às profissões de Medicina,
Engenharias e Advocacia.
O presente estudo contribui com a literatura acerca dos fatores significantes à
escolha de Contabilidade como profissão ao analisar o fenômeno em um ambiente
distinto das pesquisas seminais (realizadas nos Estados Unidos da América) e,
principalmente, por ter sido conduzida em um momento de grande valorização da
Contabilidade enquanto profissão em decorrência do próprio desenvolvimento do
mercado de capitais, crescimento econômico do país e, principalmente, do advento
dos IFRS.
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O presente estudo encontra-se segmentado em quatro capítulos além dessa
introdução. Inicialmente é apresentado o processo de escolha da profissão, os
fatores determinantes à escolha profissional e, por fim, é efetuada a revisão da
literatura acerca da temática.
No capítulo 3 são apresentados os aspectos metodológicos da pesquisa, no
capítulo 4, são apresentadas as análises dos resultados alcançados na pesquisa e,
por fim, no último capítulo são efetuadas as considerações finais bem como
apresentadas as limitações e oportunidades para desenvolvimento de futuros
estudos.
12
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. PROCESSO DE ESCOLHA DA PROFISSÃO
As transformações decorrentes do acelerado desenvolvimento econômico,
tecnológico e do processo produtivo, têm impactado diretamente no ambiente de
trabalho, aumentando as exigências de habilidades e conhecimentos em todas as
áreas (OECD, 2005).
Segundo Rocha (2006), todo o processo de transformação social reflete
diretamente no papel da escola com os novos paradigmas e incertezas de um
mercado de trabalho mais competitivo, impondo novos desafios para os
trabalhadores e pressões à educação por novas mudanças.
Nesse ponto, Ramos e Lima (1996, p.202) contribui afirmando que “a escolha
profissional é um processo complexo que faz parte de um projeto de vida, o qual
demanda a integração de uma multiplicidade de fatores de ordem econômica,
política, social e pedagógica”.
O momento de escolher a profissão ou carreira a seguir passa a ser um
aspecto definitivo na vida dos adolescentes, além de ser encarada como uma
necessidade pela família, pela sociedade e por eles mesmos (LUCCHIARI, 1993;
SANTOS, 2005).
Em algumas situações, em decorrência de escolhas limitadas por fatores
educacionais e socioeconômicos, observam-se problemas de adaptação no curso,
eventualmente, gerando evasão ou até mesmo desmotivação no exercício da
profissão exercida (ALMEIDA e SOARES, 2003).
Ao escolher uma profissão, o jovem também está definindo o seu projeto de
vida, o modo de conquistar sua autonomia, seu reconhecimento pessoal e sua
participação na sociedade através do trabalho (RAMOS e LIMA, 1996). Para a
maioria das pessoas, a escolha da área em que se formar e trabalhar é um processo
marcado por dúvidas e, consequentemente, angústia (SANTORO et al, 2009).
As escolhas de profissão são realizadas pelos estudantes muitas vezes com
elementos poucos consistentes, contribuindo em muito para os casos de abandono
dos cursos. As questões de evasões também estão relacionadas com outros fatores
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como a necessidade do aluno trabalhar, restrições do mercado de trabalho e
reprovações nos primeiros anos de universidade (RAMOS e LIMA, 1996).
Ramos e Lima (1996) observaram empiricamente numa amostra com 360
alunos que os cursos de Medicina e Direito exibem índices de evasão com taxa de
8% e 9% respectivamente, Ciências Contábeis apresenta índices de 23% enquanto
as Engenharias ostentam patamares superiores a 36%.
As profissões se modificam ao longo da história em função das mudanças
sociais, políticas, econômicas e tecnológicas. Com isso, os indivíduos também
mudam seus interesses e características pessoais (LONGHINI e DUARTE, 2011).
Segundo Ramos e Lima (1996, p.203): “quanto aos fatores objetivos, é de
fundamental importância cuidar da qualidade das informações no sentido de
contextualizar as profissões e, deste modo, evitar distorções, estereótipos e
idealizações”.
É nesse cenário que a orientação profissional se justifica, sendo definida
como o processo pelo qual o indivíduo é ajudado a escolher e a se preparar para
entrar e progredir numa ocupação, auxiliando-o a se reconhecer melhor como
indivíduo inserido num contexto social, econômico e cultural (ANDRADE, MEIRA e
VASCONCELOS, 2002; SUPER e JUNIOR, 1980).
Ampliar as informações acerca das profissões, dando condições para que os
jovens desenvolvam seu autoconhecimento e assim, contribuir para a formação do
projeto profissional em conformidade com a realidade social (LONGHINI e DUARTE,
2011).
Assim, é necessário que os jovens recebam maior atenção nesse momento,
que os meios de comunicação, a família e a sociedade estejam investidos nesse
objetivo de desprender maiores investimentos na orientação dos estudantes no
momento de escolherem a profissão que querem seguir.
Isso se faz através de uma atuação que possibilite ao orientando a percepção das diversas influências e valores que atravessam as suas escolhas profissionais de forma que este possa aprender a escolher, decidir e se posicionar de modo mais condizente com o seu projeto de vida, desejos e realidade social (BOHOSLAVSKY, 2007).
Nos trabalhos de Longhini e Duarte (2011), buscou-se abordar os conflitos,
diminuir as tensões, medos e indecisões dos jovens diante das diversas profissões
disponíveis, de forma que se produza um projeto profissional.
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Nos estudos de natureza teórica e descritiva de Silva, Lassance e Soares
(2004), a demanda por orientação existente é crescente. No contexto brasileiro, essa
orientação é compreendida como a ajuda para tomada de decisão em momentos
específicos, onde a passagem de um ciclo educativo a outro e a transição dos
estudos ao mundo do trabalho são dois desses momentos críticos da trajetória
profissional de pessoas e grupos.
Ramos e Lima (1996) destacaram os desvios da sistematização de um
trabalho estruturado sobre a Orientação Profissional realizado pelos orientadores e
psicólogos. Observa-se no cenário brasileiro insuficiência de atendimento dos
Serviços de Orientação Educacional, Vocacional e Profissional no Sistema
Educacional e do Trabalho, tendo em vista que os próprios profissionais da
orientação desconhecem a quantidade de iniciativas, serviços e programas
existentes (SILVA, LASSANCE e SOARES, 2004).
A escola demanda a esses profissionais uma pluralidade de funções que comprometem a sistematização de um trabalho estruturado sobre a escolha profissional. [...] suas funções incluem desde o atendimento dos pais e adolescente por motivos diversos, a substituição dos professores em sala de aula, até o planejamento de horário de estudos para alunos dispersivos. Esta posição reflete a menor importância que a escola atribui a este tema. (RAMOS e LIMA, 1996, p.202).
Dessa forma, Silva et al. (2004), enfatiza que as pessoas tomam decisões
para as escolhas por conta própria, sem optar pela ajuda do especialista em
Orientação Profissional.
2.2. FATORES DETERMINANTES À ESCOLHA PROFISSIONAL
Não são raros os momentos em que os adolescentes estejam indecisos
diante da tarefa de escolha de um curso e de uma carreira, sendo que sua decisão
poderá ser determinante em sua futura profissão. Cursar o Ensino Superior é projeto
de indivíduos de diferentes culturas e níveis socioeconômicos, visto como uma
possibilidade de alcance do sucesso no trabalho, a ascensão social e que
eventualmente pode também levar a escolhas profissionais inadequadas
(NORONHA e OTTATI, 2005).
Para Ramos e Lima (1996), a família é a variável que mais tem influenciado a
escolha da profissão pela maioria dos jovens. O desejo da família está englobado
15
em diversos fatores como o atendimento das expectativas, a pressão imposta e
também nos casos de influência para administração dos negócios da família, mesmo
quando o jovem tenha desejo diferente, deixando de lado suas expectativas,
aptidões e interesses próprios. Na amostra da pesquisa, 51,9% dos jovens
entrevistados consideram a conversa com os pais e parentes como principal meio
para escolha da profissão, enquanto os profissionais do colégio foram considerados
por apenas 16,4% da amostra.
Marjoribanks (2003), numa investigação com 3.772 moças e 3.476 rapazes,
também constatou resultados indicando que o ambiente familiar, além das
características individuais e também os resultados acadêmicos, tem significativa
associação com as aspirações dos adolescentes, inclusive com diferenciações, nas
análises por diferentes etnias. A atuação da família muitas vezes é diretiva, onde os
pais sugerem ou determinam as profissões que os filhos devem seguir
(CAVALCANTE, CAVALCANTE e BOCK, 2001).
Os resultados do estudo empírico conduzido por Noronha e Ottati (2005),
com 81 alunos do Ensino Médio, indicam que os alunos nutrem o desejo de cursar
uma universidade, especialmente àqueles que os pais tinham formação até o ensino
médio, apresentam interesse especial por profissões consideradas tradicionais
(advocacia, medicina, engenharias, entre outras).
Mesmo com a variedade de cursos existentes no país, percebe-se uma
tendência dos jovens que concluem o Ensino Médio optarem por profissões ligadas
aos cursos considerados tradicionais. Essa condição está diretamente relacionada
ao desenvolvimento histórico do Ensino Médio, educação profissional e Ensino
Superior no Brasil. (CATANI, FONSECA, MELCHIOR e SILVA, 1989; SANTOS,
2003).
Nos tempos do Império, em meados do século XIX, os diplomas de Medicina,
Direito e Engenharia, os primeiros cursos universitários criados no Brasil, eram
símbolos de distinção social. Passados quase dois séculos, muitos jovens brasileiros
continuam sonhando em se tornar médicos, engenheiros e bacharéis em direito. Os
salários acima da média e a relativa facilidade para entrar no mercado de trabalho
são parte da explicação para a alta procura pela trinca de cursos clássicos.
(SANTORO et al, 2009).
Os mesmos autores apresentam o ranking com os salários das vinte
atividades profissionais mais bem paga no Brasil, onde a Contabilidade e os
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Auditores aparecem na 18ª colocação com salário médio de R$ 2.998,00 (Dois Mil,
Novecentos e Noventa e Oito Reais), superando apenas os Administradores e
Jornalistas, últimos da lista.
Em outro levantamento realizado em 2007 com os doze cursos mais
procurados pelos inscritos nos vestibulares das universidades federais e
universidade de São Paulo, notou-se que os cursos de Medicina, Engenharia e
Direito correspondem aos três primeiros da lista. A Contabilidade sequer aparece na
lista, que é completada pelos cursos de Ciências Biológicas, Comunicação Social,
Enfermagem, Letras, Educação Física, entre outros (SANTORO et al, 2009).
Azevedo (1991) observou numa amostra de 6.722 respondentes divididos em
60 escolas, que as classes sociais onde os jovens estão inseridos também
influenciam suas escolhas. Segundo o autor, jovens de nível sócio econômico
elevado geralmente optam por profissões consideradas de maior prestígio social,
enquanto a maior parte dos considerados de baixo nível sócio econômico opta pelas
profissões próximas a dos pais.
Hutz e Bardagi (2006), destacam que o papel da família no contexto da
escolha profissional pelos adolescentes não pode ser compreendido como um fator
isolado, mas por meio de uma análise mais ampla fruto da sinergia com a situação
econômica, educacional, entre outras.
Os resultados acadêmicos também foram observados com significativa
associação com as aspirações dos adolescentes, inclusive variando conforme os
grupos étnicos (MARJORIBANKS, 2003).
Nos estudos compreendendo variáveis relacionadas ao gênero, Azevedo
(1991) observou que os sujeitos do sexo masculino preferem profissões como
engenheiro, economista, advogado e arquiteto, enquanto os do sexo feminino
almejam profissões ligadas à educação, aos serviços sociais e administrativos.
Sartori, Noronha e Nunes (2009), em relação ao sexo e série escolar,
analisaram 177 estudantes entre 14 e 19 anos. Seus achados revelam que os
homens obtiveram maiores médias na dimensão de Ciências Exatas, enquanto as
mulheres ostentam maiores desempenhos nas dimensões das Ciências Biológicas e
da Saúde, Artes e Comunicação e Entretenimento.
É importante destacar também a forma de acesso dos estudantes ao ensino
superior, diferente nos diversos países e que por sua vez podem também promover
alguma influência na escolha dos jovens.
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Nos estudos de natureza teórica e descritiva de Silva, Lassance e Soares,
(2004), os autores observam que o sistema de ingresso dos estudantes nas
universidades de outros países difere do Brasil.
Segundo os mesmos autores, nos Estados Unidos da América (EUA), por
exemplo, a entrada na universidade é realizado por meio de um Exame Nacional
(Scholastic Assessment Test - SAT), uma análise do histórico escolar do ensino
secundário e do currículum vitae, cartas de recomendação de professores e de
orientadores educacionais são enviadas, os estudantes produzem redações de
temas determinados em cada universidade e escolhe as universidades para as quais
enviará toda a documentação. A universidade seleciona com base na documentação
apresentada. É comum a participação ativa dos pais no processo e a escolha da
carreira pode se dar durante o curso universitário ou também em um trabalho
conjunto com os orientadores educacionais da instituição universitária.
Vantagens do sistema:
Valoriza o conjunto de elementos para avaliação dos candidatos às
vagas;
Consideram as atividades extracurriculares como as atividades na
comunidade, prática de esportes, estágios, entre outras.
Desvantagens do sistema:
A universidade não é profissionalizante, o aluno se profissionaliza em
área específica somente na pós-graduação;
Alongamento do período de formação, dificultando os alunos de baixa
renda de continuarem no sistema de educação superior.
No sistema francês, o exame Bacalauréat (BAC), é realizado na saída do
ensino médio, habilitando o jovem para entrada no mercado de trabalho ou em
qualquer curso superior na área que ele foi aprovado.
No Brasil, o sistema de ingresso nas universidades é variado e está em
constante pauta nas discussões nos últimos anos. Algumas universidades e
faculdades adotam o exame vestibular, selecionando os alunos que apresentarem
maiores notas nas avaliações. Em média, 10 candidatos disputam uma vaga nas
universidades públicas onde estão concentradas as carreiras mais disputadas no
Brasil, onde 90% dos candidatos não conseguem ingressar. O exame vestibular é
apenas a entrada no ciclo da educação superior para o curso na qual o candidato
realizou o exame. Existe o Enxame Nacional de Ensino Médio (ENEM), onde os
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jovens utilizam as notas para ingresso em diversas universidades públicas do país,
desde que as notas estejam dentro das vagas disponibilizadas. Existem ainda os
sistemas de cotas para os alunos provenientes de ensino médio público,
afrodescendentes e índios e que é bastante discutível no Brasil. O vestibular
brasileiro não tem significado para o ingresso no mundo do trabalho e difere
bastante dos demais países quando gera elevado nível de ansiedade e depressão
nos jovens que precisam definir a carreira e ainda enfrentar a concorrência nos
cursos de maior prestígio (SILVA, LASSANCE E SOARES, 2004).
2.3. ESTUDOS SOBRE PERCEPÇÃO DA PROFISSÃO CONTÁBIL E OS
FATORES RELEVANTES À ESCOLHA DA CONTABILIDADE ENQUANTO
PROFISSÃO
Segundo Robbins (2005), a percepção pode ser definida como o processo
pelo qual os indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais, com a
finalidade de dar sentido ao seu ambiente. Entretanto, o que uma pessoa percebe
pode ser substancialmente diferente da realidade objetiva.
Nesse sentido, Griffin e Moorhead (2006, p.80) contribui definido percepção
como “um conjunto de processos por meio dos quais a pessoa se conscientiza das
informações do ambiente e as interpreta”.
Segundo Hardin, O'bryan e Quirin (2000), a literatura sobre a percepção da
profissão contábil em relação a outras profissões e sobre fatores que influenciam
escolha da carreira pode ser segmentada em três grupos: (1) estudantes do ensino
médio; (2) estudantes universitários e (3) profissionais. Entretanto nos últimos anos,
tem-se notado um acentuado enfoque no primeiro grupo, buscando detectar as
atitudes e percepções de estudantes do ensino médio acerca da profissão contábil.
Paolillo e Estes (1982), por meio de um estudo de campo com Contadores,
Advogados, Médicos e Engenheiros, concluíram que aproximadamente 23% dos
profissionais de Contabilidade escolheram a profissão ainda durante o período
escolar, apontando o professor como figura mais relevante à opção, superando
inclusive a influência dos pais.
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Os autores detectaram ainda ‘‘aptidão para a área/assunto’’, ‘‘nível de
satisfação no trabalho’’ e os ‘‘potenciais de ganhos’’ como outros fatores que
influenciam a seleção da Contabilidade como a profissão a ser seguida.
Bacon, Melcher e Greene (1990) efetuaram exames com 101 estudantes de
ensino médio que participam do programa Junior Achievement e que desejavam
seguir carreira em Contabilidade. Os autores constataram que, mesmo esses alunos
já tendo escolhido Contabilidade como a carreira a seguir, eles tinham o sentimento
de que Contabilidade era uma profissão menos prestigiada e com menor enfoque de
criatividade quando comparada a direito ou Engenharias.
No estudo conduzido por Schlee, Curren e Kiesler (2007), desenvolvido nos
Estados Unidos da América (EUA) sobre as percepções dos grupos de estudantes
de Contabilidade com estudantes de outros cursos, os autores notaram que os
estudantes de Contabilidade são vistos como os mais organizados, mas não são
vistos como criativos e propensos ao risco. Os estudantes ainda tiveram juntamente
com Finanças, baixos índices quanto à orientação para pessoas, flexibilidade,
comunicação e trabalho em grupo.
Os autores ainda perceberam a existência de estereótipos e percepções
incorretas por parte dos estudantes acerca da imagem do profissional contábil. A
existência de estereótipos implica sobremaneira na própria percepção daqueles que
fazem a escolha pelo curso de Contabilidade.
No Brasil, estudo semelhante realizado por Azevedo et al (2008), corroboram
os achados pelos estudos de Schlee, Curren e K. Kiesler (2007). Os autores
confirmaram a hipótese de que os estudantes de Contabilidade são percebidos
negativamente em alguns aspectos pelos seus pares, estudantes dos cursos de
Administração, Atuária, Economia e Relações Internacionais.
Na pesquisa empírica, Azevedo et al (2008) compreenderam 143 estudantes
distribuídos entre os cursos e, a título de resultados, identificaram significativas
diferenças nas percepções de seus pares acerca do curso de Contabilidade em
fatores como ambição, propensão ao risco, independência, orientação a pessoas,
nível de estudo, trabalho em equipe, flexibilidade e liderança. Sendo essas médias
amplamente inferiores às atribuídas pelos próprios estudantes de Contabilidade.
Os resultados para organização e habilidade numérica não foram percebidos
diferentes nas duas pesquisas, porém o estudo brasileiro contradizendo o estudo
americano, não apontou diferenças quanto a criatividade e comunicação.
20
Ribeiro et al. (2010), preocupados com a motivação dos estudantes para a
constituição de estratégias de aprendizagem cooperativas ou colaborativas,
realizaram estudo empírico onde obervaram numa amostra com 524 estudantes de
Ciências Contábeis de instituições públicas, privadas e confessionais (escola
vinculada ou pertencente a igrejas ou confissões religiosas), em três estados
brasileiros, que os estudantes com tipos de personalidade extrovertidos, flexíveis,
bem como os fortemente extrovertidos, intuitivos e flexíveis não valorizam
estratégias de aprendizagem cooperativa ou colaborativa, enquanto os que se
consideram introvertidos disponibilizam suas qualidades visando o aprendizado do
grupo.
Segundo Saudagaran (2004) apud Niyama (2007, p. 4):
Em outros países, a Contabilidade em termos de ensino é fraca, porque é frequentemente confundida com escrituração e é considerada mais uma vocação que uma profissão. Muitas vezes, é limitada a curso secundário, não sendo disponível em termos de curso superior.
A afirmação acima, de acordo com Niyama (2007, p.4) parece aplicar-se ao
ensino da Contabilidade no Brasil pelos seguintes pontos:
Primeiramente ainda convivemos com duas categorias profissionais (contador e técnico de contabilidade), o que é raro, diga-se de passagem, em outros países. Em segundo lugar, porque ainda prevalece o entendimento pela sociedade de que o contador é o responsável pela escrituração, e principalmente pelo Imposto de Renda. Em terceiro lugar, porque os cursos de mestrado e doutorado em contabilidade não chegam a absorver nem 1% dos graduados em contabilidade, o que nos leva à conclusão de que o bacharelando é praticamente “o fim” de linha para estudantes de ciências contábeis.
Weffort (2005), nas suas análises, apesar de considerar na época que o
sistema educacional brasileiro não favoreça os esforços para a convergência
internacional, mas encontra perspectivas positivas em virtude das seguintes
percepções:
a) Estímulos para “repensar” a grade curricular dos cursos de Ciências
Contábeis devido às discussões das novas Diretrizes Curriculares
Nacionais;
b) Aumento das pesquisas, principalmente as comparativas das práticas e
normas brasileiras com as de diversos outros países;
c) Crescimento no acesso da comunidade contábil aos assuntos de
contabilidade internacional por meio dos periódicos especializados.
21
Concluída a discussão acerca do processo de escolha da profissão e dos
fatores determinantes à escolha profissional, bem como a apresentação dos estudos
anteriores sobre percepção da profissão contábil e os fatores relevantes à escolha
da contabilidade enquanto profissão, torna-se pertinente discutir as percepções e
estereótipos dos estudantes de Ciências Contábeis.
De acordo com Bowditch e Buono (2006, p.32), “estereótipo é o processo de
servir de uma impressão padronizada de um grupo de pessoas para influenciar
nossa percepção de um indivíduo em particular.”
Acerca da estereotipagem, Griffin e Moorhead (2006, p.80-81), contribuem
afirmando que trata-se da:
[...] classificação ou rotulação de pessoas com base em um único atributo. As características mais comuns que motivam estereótipos são raça e sexo. Sem dúvida, esse tipo de estereótipo é impreciso e pode ser nocivo. [...] Certas formas de estereotipagem, contudo, podem ser úteis e eficientes. Suponha que um gerente acredite que a capacidade de comunicação seja importante para certo trabalho e que pessoas formadas em jornalismo, por exemplo, costumam tê-la. Por isso, quando entrevistar candidatos a emprego, ele dará uma atenção especial aos jornalistas.
Segundo Robbins (2005), estereotipagem comprende a utilização da
percepção que temos de um grupo ou contexto, para generalizar um julgamento
sobre um indivíduo.
Nesse ponto, é notória a existência de muitos estudos que concluem pela
existência de um estereótipo negativo do estudante e profissional contábil
(ALBRECH e SACK, 2000; HUNT, FALGIANI e INTRIERI, 2004; SCHLEE et al.,
2007).
Segundo Weffort (2005, p.113):
No Brasil, a profissão contábil é regulamentada por lei, o que significa dizer que existe uma espécie de “contrato social” entre a profissão e a sociedade em geral, o qual, assim como ocorre normalmente com os contratos, gera direitos e obrigações para todas as partes por ele abrangidas (nesse caso, os contadores, o órgão de classe e os demais membros da sociedade, especialmente os usuários das demonstrações contábeis).
Eynon et al. (1997) apud Weffort (2005, p.113), contribui:
O papel de um praticante de contabilidade é distinto da maioria dos outros profissionais, visto que o contador deve submissão primeiro ao público, e não ao cliente que paga. A tensão entre servir o cliente e servir ao público
22
pode significar que os contadores enfrentam potencialmente mais dilemas morais que outros profissionais.
Em um teste vocacional desenvolvido pela pedagoga Maria da Luz Calegari,
contendo vinte perguntas com quatro alternativas de respostas cada, onde o
respondente deveria atribuir 3 para a alternativa com a qual mais se identifica, 2 para
aquela que tem a ver com o respondente, 1 para a que tem um pouco a ver e 0 para
aquela que nada tem a ver com o respondente, caso houvesse dúvida, não deveria
responder a questão. Do somatório total dos valores atribuídos a cada questão, o
respondente teria as áreas e profissões mais afins à sua personalidade. A
Contabilidade não aparece no rol de 66 profissões listadas como carreiras
apropriadas a depender da pontuação total alcançada no teste (SANTORO et al,
2009).
Azevedo (2010), por meio de uma pesquisa de campo envolvendo 1034
respondentes, analisou se os profissionais de contabilidade são estereotipados de
forma negativa pela percepção pública para as características: criatividade,
dedicação aos estudos, trabalho em equipe, comunicação, liderança, propensão ao
risco e ética.
O autor encontrou nos resultado a rejeição da hipótese central, onde não é
possível afirmar que os profissionais de contabilidade são negativamente
estereotipados. Ainda verificou-se que os profissionais são percebidos como sendo
do gênero masculino, confirmando o estereótipo para a profissão. Em torno da sua
formação profissional, rejeitou-se a hipótese de que a percepção externa em relação
aos profissionais de contabilidade é mais negativa do que a percepção interna dos
indivíduos com formação em Contabilidade.
Essa dissertação do autor evidenciou crítica aos trabalhos anteriores quanto à
questão da existência de diferenças entre se afirmar que a percepção acerca dos
profissionais de Contabilidade é negativamente estereotipado em relação a outras
profissões. Quando o status pode ser menos, mas não de forma a ser considerado
como estereotipado, contrariando o que largamente apontam-se nas revisões
literárias. Ainda segundo as evidências do estudo, os profissionais da Contabilidade
são entendidos positivamente pelo público em relação às características dedicação
aos estudos, trabalho em equipe, comunicação, liderança e ética.
23
2.4. AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DA CONTABILIDADE NOS ÚLTIMOS ANOS
O desenvolvimento da Contabilidade acompanha a evolução da civilização,
cujo crescimento e progresso da humanidade faz com que essa se torne cada vez
mais eficiente e fiel a que se propõe (MARTINS, 2001).
A globalização da economia e das relações internacionais determinou o
progresso ou o retrocesso das nações no século XXI, influindo não somente na
economia, mas também na cultura dos povos (FRANCO, 1999).
Ainda segundo Franco (1999, p.23):
A harmonização das normas internacionais de Contabilidade e Auditoria será uma das condições para a profissão contábil enfrentar os desafios da globalização. Esta exigirá que a Contabilidade seja, realmente, a linguagem internacional dos negócios e da economia. Para isso, é necessário que todos os profissionais contábeis utilizem a mesma linguagem, ou seja, adotem os mesmos princípios e as mesmas normas em seus relatórios e demonstrações contábeis.
Com maiores detalhes, Niyama contribui afirmando (2007, p. 38):
[...] o crescimento do comércio internacional fortaleceram a interdependência entre diversas nações trazendo o fenômeno da globalização dos mercados [...]. De uma forma geral, tanto em nível de empresas, entidades profissionais, clientes, instituições de ensino, há um consenso favorável para uma harmonização de padrões contábeis que facilite a comunicação e contribuam para reduzir as diferenças internacionais no financial reporting, permitindo a comparabilidade das informações.
Em nota, Weffort (2005), destaca o termo harmonização como forma para
identificar os esforços dos países na direção de um conjunto de padrões globais. A
partir de então, o termo convergência tem sido empregado para representar os
mesmos esforços.
Ainda segundo a autora, a mudança nos termos é vista como estratégia
política para o alcance de melhores resultados na adoção de padrões globais pelos
países.
Nesse contexto, Niyama (2007) destaca as possíveis vantagens e
dificuldades da harmonização das práticas contábeis.
Vantagens da harmonização:
Alguns países não possuem padrões para seus sistemas contábeis, muitos
sequer possuem leis ou regulamentos;
24
Busca de recursos de investidores estrangeiros com a possibilidade de
apresentar demonstrações contábeis em linguagem inteligível (normas
internacionais). Principalmente para os países emergentes;
Razoável margem de segurança das informações, levando vantagem sobre
aqueles que apresentam os relatórios contábeis em moeda de seu país de
origem;
Para empresas multinacionais uma clara vantagem é a redução dos custos no
gerenciamento dos sistemas contábeis nos vários países e de suas
demonstrações sendo consolidadas pela matriz e facilitadas nas suas
subsidiárias no exterior;
Contribuição para realização dos trabalhos de auditoria, reduzindo inclusive
na redução dos custos.
Algumas dificuldades de natureza prática e operacional consideradas para
adoção das normas internacionais:
Como proceder a harmonização de currículos básicos de cursos de Ciências
Contábeis, atrelada ao processo de credenciamento de auditores para
atuação em outros países;
Em muitos países desenvolvidos e emergentes, a contabilidade esta atrelada
à tributação com normas fiscais de critérios próprios de avaliação,
apropriação e classificação, não sendo possível imaginar uma convergência
de normas fiscais, onde uma única alternativa seria a mudar o sistema legal
(tirando a autoridade para emissão de normas), o que não se espera
acontecer;
Ausência de entidades ou organismos profissionais contadores fortes o
suficiente para influenciar o processo de convergência em diversos países;
“Nacionalismo” exacerbado como um fator político a ser ultrapassado,
podendo parecer como uma “perda de soberania”.
A harmonização dos sistemas contábeis é fundamental no incremento das
análises financeiras, serão possíveis que as evidenciações das informações sejam
claras e melhor compreensíveis, contribuindo para redução da assimetria
informacional e auxiliando os investidores a tomarem decisões (NETO, DIAS e
PINHEIRO, 2009).
25
Ainda segundo os autores, em função das mudanças na Contabilidade com a
convergência, é natural uma dificuldade inicial nessas análises até a completa
assimilação por parte dos usuários.
Segundo Niyama (2007), entre os principais benefícios está a viabilidade da
comparação das informações contábeis produzidas por empresas de países
distintos, permitindo a compreensão e interpretação de informações de economias e
tradições diferentes. Como crítica, o autor cita questões de soberania, politização da
Contabilidade e sobrecarga de normas.
Nessa conjuntura, a União Europeia aprovou que todos os países membros
deverão apresentar demonstrações contábeis consolidadas a partir de 2005 de
acordo com as normas internacionais de Contabilidade do IASB (NIYAMA, 2007).
No Brasil, o Comitê de Pronunciamento Contábeis (CPC), através do
Pronunciamento Técnico CPC 37, o Conselho Federal de Contabilidade, através da
Resolução nº 1.306/10, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), através da
Instrução nº 457/07 e alterada pela 485/2010, estabeleceram as premissas para
adoção as Normas Internacionais de Contabilidade (International Finacial Reporting
Standads - IFRS), emitidas pelo IASB – International Accounting Standards Board.
A lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, altera e revoga dispositivos da Lei
6.404/76 e 6.385/76, dispõe acerca da elaboração e divulgação de demonstrações
financeiras. No ano seguinte é aprovada Medida Provisória 449 de 3 de dezembro
de 2008 convertida na Lei 11.941 de 27 de maio de 2009, visando alinhar as
legislações específicas do país com os padrões internacionais de contabilidade.
Depende do profissional de Contabilidade a transparência das demonstrações
contábeis, a correta avaliação de empresas e negócios públicos e privados.
Traduzindo números e dados financeiros para todos os usuários, como peça
fundamental nessa nova ordem econômica (FRANCO, 1999).
A globalização vem obrigando os profissionais, pesquisadores e professores
de Contabilidade a adaptarem-se às mudanças no seu ambiente profissional, não
apenas em termos de normas e práticas, mas também em termos de qualidade da
formação educacional, conceitos e objetivos profissionais (SILVA, 2002).
No âmbito educacional, é notado um acentuado incremento em termos de
quantidade e qualidades nos últimos anos. De acordo com Niyama (2007) em 2005
estavam autorizados a funcionar no país apenas 11 programas de Pós-graduação
Stricto Sensu em Contabilidade e Controladoria, amplamente concentrados nas
26
regiões Sul e Sudeste, sendo que apenas um, da Universidade de São Paulo (USP)
ostentava na ocasião nível de doutorado.
Entretanto, Cunha, Rausch e Cunha (2010) observaram um crescente
aumento dos cursos de pós-graduação Stricto Sensu em Ciências Contábeis
recentemente no Brasil. Constataram que em Janeiro de 2009, eram oferecidos 4
programas de mestrado profissional (FUCAPE-ES, UPM-SP, UFAM-AM e UFC-CE),
15 programas de mestrado acadêmico em diversas regiões e 3 programas de
doutorado (FURN-SC, UNB-DF e USP-SP). Os autores destacam ainda a crescente
preocupação com a qualidade dos artigos publicados, ratificado pelo aumento de
novos cursos de Contabilidade, cabendo aos pesquisadores atenção constante e
acompanhamento à qualidade dos trabalhos.
É fundamental uma boa formação para que os profissionais da Contabilidade
possam identificar oportunidades e ameaças à sua empregabilidade, bem como os
pontos fortes e fracos em suas habilidades e competências (FARIA e QUEIROZ,
2009). Para manter-se atuante no mercado de trabalho é necessário conhecimentos
diferenciados não apenas no âmbito contábil, mas também, em áreas afins. Nesse
sentido, é altamente relevante a participação em eventos de classe, a capacitação
em cursos de especialização, Mestrado e Doutorado (MARTINS, 2001).
Faria e Queiroz (2009), por meio de pesquisa documental, constatou uma
mudança importante na demanda por profissionais com conhecimento em
Contabilidade Internacional. Os autores notaram que até o ano de 2007, o mercado
buscava profissionais qualificados nos padrões contábeis norte-americanos (US-
GAAP). Enquanto a partir de 2008 a demanda começou a ser mais acentuada por
conhecimentos do padrão contábil internacional (IRFS).
Em relação aos conhecimentos técnicos, habilidades e competências, Faria e
Queiroz (2009), percebeu que o mercado de trabalho demandava por profissionais
alinhados com as recomendações de entidades internacionais, mais especificamente
ao International Accounting Standards Board (IASB) e ao Financial Accounting
Standards Board (FASB).
Martins (2001) destaca o avanço da Contabilidade ao longo da história,
vencendo desafios, adaptando-se às transformações do mundo, transpondo as
fases do desconhecimento escritural, abandonando os sistemas manuais e
mecanizados e adaptando-se aos informatizados.
27
Nesse contexto, o papel do contabilista assumiu um enfoque mais voltado à
comunicação e interpretação, tendo em vista que as rotinas de geração das
informações foram consideravelmente facilitadas em decorrência dos avanços dos
sistemas de informação (IFAC, 1999).
Adicionado a isso, o advento do processo de convergência às IFRS já
abordado anteriormente, majorou consideravelmente a complexidade da prática
contábil, reforçando a necessidade latente de atração dos melhores estudantes à
profissão (NELSON, BAILEY e NELSON, 1998).
Entretanto, segundo Paolillo e Estes (1982), a despeito dessa realidade, os
melhores talentos têm seguidamente buscado carreiras em outras profissões,
consideradas “mais nobres” a exemplo das Engenharias, Psicologia, Advocacia e
Medicina, levando alguns estudiosos a estigmatizarem esse fenômeno como a
grande crise da profissão contábil (HARDIN, O'BRYAN E QUIRIN, 2000).
Em decorrência do atual cenário de significativa valorização da Contabilidade
enquanto profissão, do desenvolvimento do mercado de capitais, crescimento
econômico do país e, principalmente, do advento das IFRS, pode-se concluir pela
pertinência da presente pesquisa.
28
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
Concluída o primeiro capítulo, a seguir é apresentada a classificação da
pesquisa bem como os procedimentos metodológicos adotados na presente
pesquisa.
3.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Em relação aos objetivos, o estudo pode ser classificado como descritivo, de
enfoque predominantemente quantitativo, pois visa descrever as percepções dos
professores de ensino médio acerca da profissão Contábil quando comparada a
várias profissões historicamente consideradas “mais nobres”, isto é, Medicina,
Engenharias e Advocacia por meio de ferramentas estatísticas.
Segundo Gil (1999, p.70), “a pesquisa descritiva tem como principal objetivo
descrever características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis”. Rodrigues (2006) corrobora com Gil
(1999) ao complementar:
É realizada para descrever fenômenos ou estabelecer relações entre variáveis. O pesquisador, nesse caso, procura observar, registrar, analisar e interpretar os fenômenos por meio de técnicas padronizadas de coleta de dados, como o questionário e a observação sistemática. [...] é usada, por exemplo, para descrever características de um determinado grupo e estudos de opinião, de motivações, de mercado e socioeconômicos”. (RODRIGUES, 2006, p.90).
Para responder ao problema de pesquisa proposto, o estudo recorrerá aos
métodos estatísticos para quantificação, tabulação, análise e interpretação dos
dados levantados, possibilitando a caracterização da pesquisa como quantitativa.
Rodrigues (2006, p.89) assim define a pesquisa quantitativa:
[...] o enfoque da pesquisa está voltado para análise e a interpretação dos resultados, utilizando-se da estatística. Portanto, empregam-se recursos e técnicas estatísticas, como porcentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análises de regressão, etc. Também são usados programas de computador capazes de quantificar e representar graficamente os dados.
Muito embora recentemente tenha sido alvo de críticas em decorrência de sua
utilização exacerbada por parte de alguns pesquisadores, a pesquisa quantitativa
29
possibilita a identificação acurada do fenômeno de interesse, isolando seu efeito dos
demais fatores que eventualmente o influencia (MILLER, 1991).
Conforme Severino (2007, p.118): [...] E esse conhecimento dos fenômenos,
por sua vez, limitava-se a expressão de uma relação funcional de causa e efeito que
só podia ser medida como uma função matemática.
Quanto à forma de obtenção de informações, é possível classificar o estudo
como uma pesquisa bibliográfica e, concomitantemente, de campo, tendo em vista
que recorrerá as revisões dos materiais publicados em livros e artigos científicos
obtidos nas bases de periódicos internacionais EBSCO e JSTOR Archive, e por meio
da coleta dos dados primários por meio da aplicação de questionário.
Segundo Freitas et al. (2000), a pesquisa de campo é utilizada com o objetivo
de obter dados acerca das características, ações ou opiniões de determinado grupo
de interesse através de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário.
Nesse ponto, Severino (2007, p. 123) contribui:
Na pesquisa de campo, o objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados, sem intervenção e manuseio por parte do pesquisador. Abrange desde os levantamentos (surveys), que são mais descritivos, até estudos mais analíticos.
Segundo Hesford et al. (2007), o estudo de campo (survey) é o 3º método mais
relevante no âmbito de Contabilidade Gerencial, com aproximadamente 16% dos
artigos publicados nos principais revistas de Contabilidade no período compreendido
entre os anos de 1991 e 2000.
3.2. AMOSTRA DA PESQUISA
A pesquisa de campo foi conduzida entre os meses de maio a julho de 2012,
englobando 17 escolas públicas estaduais e municipais e escolas privadas de
ensino médio do Vale do São Francisco, a saber: Petrolina; Lagoa Grande e Santa
Maria da Boa Vista no estado de Pernambuco e Juazeiro; Casa Nova e Sobradinho
no estado da Bahia.
Por meio da intermediação dos coordenadores e diretores das instituições,
foram distribuídos 132 instrumentos de investigação aos professores. Devido a
30
ocorrência de uma greve dos professores do estado da Bahia e, principalmente, à
proximidade do recesso escolar com os educadores envolvidos nas avaliações finais
do semestre, muitos educadores não devolveram o questionário.
Porém, mesmo com esses empecilhos, foram obtidos 82 questionários,
superior a 62%, provenientes de 12 instituições de ensino, aproximadamente 71%,
possibilitando a coleta de informações de professores de todas as áreas de ensino
disponibilizadas na grade curricular tradicional.
3.3 FERRAMENTAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS
À obtenção dos dados, como menciona anteriormente, foi utilizado dois
questionários, um composto de questões descritivas e o segundo com os 24
atributos relacionados às quatro profissões (Anexos 1 e 2).
O questionário utilizado corresponde ao apresentado por Hardin, O’bryan e
Quirin (2000, p. 205-220), porém, com algumas adequações/adaptações em
decorrência das particularidades demográficas e sociais e, principalmente, à
iminente necessidade de tradução da língua original (inglesa).
Dada a necessidade de validação quando da utilização de questionários
(BRADBURN, SUDMAN e WANSINK, 2004), foi realizado um teste piloto com uma
coleta prévia das informações de 20 respondentes. Nesse ponto foi analisada a
adequação das informações colhidas à utilização da ferramenta de análise de
dados, isto é, análise de variância (ANOVA) de um fator (One-Way ANOVA) com
testes Post Hoc. Os resultados obtidos permitiram concluir pela boa adequação dos
questionários, não havendo a necessidade de reformulação.
Acerca da ferramenta de análise de variância, a exemplo do estudo original
de Hardin, O'bryan e Quirin (2000), foi realizada uma análise de variância (ANOVA)
de um fator (One-Way ANOVA). Segundo Levine, Berenson e Stephan (2005), a
ANOVA é utilizada quando se deseja verificar a existência de diferenças
significativas entre médias de duas ou mais variáveis independentes.
Field (2009, p. 298), contribui afirmando que a ANOVA possibilita identificar
“como essas variáveis independentes interarem umas com as outras e que efeitos
essas interações apresentam sobre a variável dependente”.
31
A esse respeito, Neufeld (2003, p.308), também contribui:
[...]. Uma das características mais úteis da análise de variância é que ela pode se estender a qualquer número de populações. As ferramentas de análise de variância do Excel fornecem três técnicas diferentes de análise de variância. [...] possuem suposições comuns sobre os dados. Além de supor que as amostras são aleatórias, também supõem que as populações são normalmente distribuídas e possuem a mesma variância.
Ainda em relação ao método estatístico ANOVA, segundo Martins (2002, p.
229): “os fatores propostos podem ser variáveis quantitativas ou qualitativas,
enquanto a variável dependente deve ser quantitativa e observada dentro das
classes dos fatores – os tratamentos.”
Em consonância ao estudo de Hardin, O'bryan e Quirin (2000), foram
realizados testes Post Hoc a um nível de significância de 0,05. Segundo Field
(2009), a opção por esse procedimento é necessária quando deseja-se efetuar
comparações múltiplas, com grande poder estatístico. No presente estudo, os testes
Post Hoc foram adotados em decorrência do objetivo de identificar quais profissões
diferem e em quais atributos.
32
4. ANÁLISE DOS DADOS
Nesse capítulo são explorados os dados coletados e, concomitantemente,
efetuadas as análises das informações obtidas. Inicialmente são apresentadas as
informações demográficas e descritivas da amostra e os resultados da análise de
variância (ANOVA) e as comparações dos resultados alcançados com o estudo de
HARDIN, O’BRYAN e QUIRIN (2000).
Posteriormente são apresentados os atributos onde Contabilidade é
percebida como similar a Direito, mas com diferença significativa com Engenharias e
Medicina. De forma similar, são expostos os atributos em que Contabilidade é similar
a Medicina, mas difere significativamente de Engenharias e Direito. Por fim, os
atributos em que Contabilidade é percebida como similar às Engenharias, Medicina
e Direito são discutidas.
4.1. INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS E DESCRITIVAS DA AMOSTRA
Inicialmente são apresentados e discutidos os dados demográficos tais como
nível educacional, sexo, idade, anos de experiência na docência, tipo de escola e
número de estudantes nas classes do ensino médio da amostra de 82 participantes
da pesquisa. Essas informações são apresentadas nos gráficos a seguir:
Fonte: Elaborado pelo autor
33
Após a análise dos dados coletados, foi verificado que maioria dos inquiridos
(80,3 %) tem pós-graduação (especialização), 19,7 % declararam a licenciatura
como seu nível educacional mais elevado e apenas pouco mais de 4% da amostra
apresentam pós graduação Strictus Sensu (Mestrado ou Doutorado).
Fonte: Elaborado pelo autor
A maioria dos educadores é do sexo feminino, correspondem a 63,5%, sendo
os educadores do sexo masculino representados por 36,5 % da amostra.
Fonte: Elaborado pelo autor
Considerando a idade dos professores pesquisados, foi observado que
aproximadamente 80% da amostra têm de 30 a 50 anos.
34
Nas análises referentes a idade média dos educadores inquiridos na
pesquisa, foi verificado uma média de 39 anos.
Fonte: Elaborado pelo autor
Acerca da experiência na docência, foi notada uma média de 11 anos, sendo
que menos de 20% da amostra ostenta experiência superior a 20 anos de carreira e
não foi encontrado profissional com mais de 30 anos de experiência.
Fonte: Elaborado pelo autor
Os educadores eram predominantemente empregados em escolas públicas,
correspondendo a 95,8% da amostra.
35
Fonte: Elaborado pelo autor
Considerando a quantidade de alunos por turmas de 1º, 2º e 3º anos do
ensino médio que os educadores informaram na pesquisa, foi observado que o
número médio de alunos do ensino médio por educadores foi de 300 alunos.
4.2. RESULTADOS DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) E COMPARAÇÕES
DOS RESULTADOS ALCANÇADOS COM O ESTUDO DE HARDIN, O’BRYAN E
QUIRIN (2000)
Concluída essa visão geral do perfil da amostra analisada, são apresentados
na tabela 1 os resultados da análise de variância (ANOVA) de um fator (One-Way
ANOVA):
TABELA 1: RESULTADO DO TESTE ANOVA COM CADA ATRIBUTO (N = 82)
Atributos Contabilidade Engenharias Direito Medicina F-teste
Contabilidade difere de Engenharias, Direito e Medicina: Status social 55,6707 84,3902 87,4390 95,6707 91,685***
Contribuição para a sociedade
73,3537 85,4268 81,4024 93,1098 17,292***
Trabalho interessante 66,3415 90,3659 83,7195 90,5488 30,613***
Trabalho desafiador 69,7561 90,1220 81,5854 92,4390 26,603***
Satisfação no trabalho 72,1951 82,9024 80,7927 83,7195 6,078***
Posição de poder 57,6220 77,0122 89,3902 91,2195 56,203***
Posição glamourosa 57,6220 82,3780 88,1098 95,2439 85,70***
36
Estabilidade no emprego 65,9756 83,6585 83,5366 93,1098 29,634***
Barreiras de entrada na profissão
53,5366 69,6341 68,1707 74,7561 9,028***
Excelentes oportunidades de emprego
62,0122 87,2561 81,6463 94,1463 43,421***
Excelente carreira para estudantes com excelência acadêmica
67,1341 89,1463 87,9268 91,4634 31,323***
Excelente potencial de avanço como profissão
69,4512 88,9634 87,6829 92,1341 30,073***
Contabilidade difere de Engenharias e Medicina: Nível de ética 70,98 81,22 64,70 79,33 9,388***
Longas jornadas de trabalho 68,7805 76,3415 72,7439 90,2439 17,803***
Responsabilidade pessoal por negligência
66,2805 82,9268 72,0122 87,1341 12,582***
Contabilidade difere de Engenharias e Direito: Qualidade de vida 75,6098 83,9634 83,2927 74,0854 5,862***
Contabilidade difere de Direito: Excelentes capacidades de comunicação
67,8659 69,8780 94,0244 70,3659 29,923***
Excelentes habilidades quantitativas
83,6585 86,4634 74,0854 75,9756 5,947***
Contabilidade difere de Engenharias: Profissão dominada por homens
76,3415 85,9146 67,1341 63,1098 22,522***
Vida familiar de qualidade 79,9390 89,3293 78,1707 74,0854 3,963***
Contabilidade difere de Medicina: Potencial de ganhos 77,2561 87,7439 86,6463 94,4512 2,139*
Excelentes habilidades à resolução de problemas
85,3659 88,4756 81,8293 72,3171 5,353***
Diferenças não significantes entre as profissões: Interação com os demais profissionais
68,4756 74,1463 71,5854 71,3415 ,718
Excelente potencial de avanço para minorias e mulheres
63,7195 70,3049 72,1951 72,3171 1,945
Nota: As diferenças significantes foram determinadas utilizando testes Post Hoc a p > .05. Onde, ***, * Estatisticamente significantes ao nível de 1% e 10% respectivamente.
Nos estudos anteriores de Hardin, O’bryan e Quirin (2000) Contabilidade difere
em 13 atributos em relação às demais profissões. Na presente pesquisa as
diferenças de Contabilidade em relação à Medicina, Engenharias e Direito
correspondem a 12 atributos.
Os resultados dos atributos que foram confirmados de acordo com Hardin,
O’bryan e Quirin (2000) contemplam: (a) status social, (b) trabalho interessante, (c)
trabalho desafiador, (d) posição de poder, (e) posição glamourosa, (f) barreiras de
entrada na profissão, e (g) excelente carreira para estudantes com excelência
acadêmica, conforme apresentado na tabela 2:
37
TABELA 2: COMPARATIVO DAS MÉDIAS DOS ATRIBUTOS QUE DIFERENCIAM A CONTABILIDADE DAS DEMAIS PROFISSÕES, CONTEMPLADOS NAS DUAS PESQUISAS
Atributos Hardin, O’bryan e Quirin (2000) Pesquisa atual
Status social 66,93 55,6707
Trabalho Interessante 56,91 66,3415
Trabalho desafiador 69,57 69,7561
Posição de poder 57,49 57,6220
Posição glamourosa 46,16 57,6220
Barreiras de entrada na profissão 66,35 53,5366
Excelente carreira para estudantes
com excelência acadêmica 76,80 67,1341
Fonte: Elaborado pelo autor
No intervalo temporal de doze anos entre as duas pesquisas, apenas um
atributo foi reduzido entre aqueles considerados desfavoráveis a Contabilidade
quando comparada às demais profissões.
Na presente pesquisa, os atributos demonstrados na tabela 3 correspondem
aos que se confirmaram com os mesmos verificados no estudo de Hardin, O’bryan e
Quirin (2000). Vale ressaltar que dos sete atributos confirmados no presente estudo,
‘status social’, ‘barreiras para entrar na profissão’ e ‘excelente carreira para
estudantes com excelência acadêmica’ apresentaram médias inferiores aos
indicados pelos educadores participantes da pesquisa de Hardin, O’bryan e Quirin
(2000).
Os atributos ‘‘trabalho desafiador’’ e ‘‘posição de poder’’ apresentaram valores
aproximados ao estudo anterior, enquanto ‘‘trabalho interessante’’ e ‘‘posição
glamourosa’’ foram os únicos atributos em que a presente pesquisa atribuiu maiores
valores que a pesquisa original.
Estudos de Azevedo (1991) indicaram que as aspirações profissionais dos
jovens no 9º ano de escolaridade foram por aquelas profissões tidas como de
reconhecimento social elevado, como por exemplo, medicina, advocacia,
engenharia, entre outras. Constatou ainda queda na opção pela profissão de
docência o aumento considerável na preferência por novas profissões (gestor de
tecnologia da informação, relações públicas, entre outras).
Ramos e Lima (1996) observaram que o status da profissão não apresenta
tanta representatividade na escolha pelos adolescentes, estando as escolhas
38
concentradas em suas aptidões, o mercado de trabalho e na admiração pela
profissão.
Vale destacar as informações obtidas no sítio da UFPE (Universidade Federal
de Pernambuco), demonstradas no ANEXO 3 deste trabalho, que o curso de
Ciências Contábeis foi mais concorrido nos últimos dois anos da pesquisa no
vestibular tradicional da UFPE do que algumas Engenharias como Civil, Mecânica,
de Produção e Elétrica.
A seguir, na tabela 03, são apresentados os atributos desfavoráveis para a
Contabilidade em relação à Medicina, Engenharias e Direito e que não ostentaram o
mesmo resultado no estudo de Hardin, O’bryan e Quirin (2000).
TABELA 3: COMPARATIVO DOS ATRIBUTOS DA CONTABILIDADE DISTINTOS ÀS DEMAIS PROFISSÕES PRESENTES NA ATUAL PESQUISA E NÃO CONSIDERADOS NOS ESTUDOS DE HARDIN, O`BRYAN E QUIRIN (2000)
Atributos Hardin, O’bryan e Quirin
(2000) Pesquisa atual
Contribuição para a sociedade 65,74 73,3537
Satisfação no trabalho 72,54 72,1951
Estabilidade no emprego 76,13 65,9756
Excelente oportunidade de emprego 76,10 62,0122
Excelente potencial de avanço
como profissão 73,02 69,4512
Fonte: Elaborado pelo autor
Na comparação com os valores conferidos aos mesmos atributos no estudo
anterior é importante observar que os educadores do presente estudo adjudicaram
valor superior ao atributo ‘‘contribuição para a sociedade’’. ‘‘Satisfação no trabalho’’
apresentara valores aproximados nas duas pesquisas, enquanto ‘‘estabilidade no
emprego’’, ‘‘excelente oportunidade de emprego’’ e ‘‘excelente potencial de avanço
como profissão’’ foram conferidos valores inferiores.
TABELA 4: COMPARATIVO DOS ATRIBUTOS CONFERIDOS COMO DIFERENÇAS DA CONTABILIDADE EM RELAÇÃO ÀS DEMAIS PROFISSÕES NO ESTUDO DE Hardin, O’bryan e Quirin (2000) E NÃO APRESENTADAS COMO TAL NA PRESENTE PESQUISA:
Atributos Hardin, O’bryan e Quirin
(2000) Pesquisa atual
Qualidade de vida 75,88 75,6098
Excelente capacidade de 53,98 67,8659
39
comunicação
Profissão dominada por homens 69,96 76,3415
Potencial de ganhos 77,02 77,2561
Excelentes habilidades à resolução
de problemas 81,03 85,3659
Interação com os demais
profissionais 47,77 68,4756
Fonte: Elaborado pelo autor
Na tabela 04 são apresentados os atributos que Hardin, O’bryan e Quirin
(2000) em seus estudos perceberam a Contabilidade como distinta das demais
profissões e que no presente estudo não foram considerados pelos educadores.
Realizando um comparativo entre os valores conferidos aos atributos nos dois
estudos é possível notar os seguintes resultados:
Os respondentes nos dois estudos valoraram a ‘‘qualidade de vida’’ e o
‘‘potencial de ganhos de forma similares’’;
Os educadores da presente pesquisa atribuíram valores maiores aos
atributos ‘‘excelentes capacidade de comunicação’’, ‘‘profissão
dominada por homens’’, ‘‘excelente habilidade à resolução de
problemas’’ e ‘‘interação com os demais profissionais’’.
No presente estudo observa-se uma melhora na valorização para os atributos
‘‘habilidades de comunicação’’, ‘‘habilidades na resolução de problemas’’ e
‘‘interação com os demais profissionais’’ na profissão Contábil. Porém, no contexto
geral, considerando a conjuntura econômica e as transformações ocorridas na
Contabilidade no período, os valores podem ser vistos como acanhados.
Outro fator a ressaltar nos resultados é que talvez ainda não tenha sido
percebida a presença feminina profissional de Contabilidade no mercado de
trabalho. A procura pelos cursos de Contabilidade pelas mulheres tem crescido a
cada ano.
Como exemplo, no vestibular do semestre 2012.2 da AEVSF – Autarquia
Educacional do Vale do São Francisco, dos candidatos aprovados para curso de
Ciências Contábeis do turno da tarde, 65% são do sexo feminino e para o turno
noturno as mulheres correspondem a mais de 58% dos aprovados para o
preenchimento das sessenta vagas do curso.
40
Segundo Azevedo (2010), nota-se crescente a entrada de mulheres nas
escolas e mercado de trabalho, na área contábil.
4.3. CONTABILIDADE SIMILAR A DIREITO, MAS DIFERE DE ENGENHARIAS E
MEDICINA.
Contabilidade foi considerada similar ao Direito, mas expressivamente distinta
de Medicina e Engenharias em três dos doze atributos restantes. Os profissionais de
Contabilidade e Direito são vistos como os que ostentam os menores níveis de ética,
jornadas de trabalho e responsabilidade pessoal por negligência quando
comparados com os Engenheiros e Médicos. Nesses três atributos, Contabilidade
supera Direito em ‘‘nível de ética’’ e se apresenta com média menor nos demais
atributos.
Nos últimos anos descobertas de fraudes nas Demonstrações Financeiras em
informações prestadas aos usuários da contabilidade de grandes Companhias pelo
mundo trouxeram desconfiança para os profissionais e alertou a sociedade para a
uma face negativa da Contabilidade (SOUZA e FIGUEIREDO, 2008).
A Resolução 803/96 do Conselho Federal de Contabilidade aprovou o anexo
Código de Ética do Profissional Contador. Com redação alterada pela Resolução
CFC nº 1.307/2010, estabelece em seu Art.2º:
São deveres do Profissional de Contabilidade: I – exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda a legislação vigente, em especial aos Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais;
Souza e Figueiredo (2008), destacam em seus estudos a promulgação da Lei
Sarbanes-Oxley em 2002 nos Estado Unidos da América (EUA). Criada como forma
de equilibrar os mercados de capitais por meio de normas que responsabilizem a
alta administração das empresas na garantia por informações prestadas, através de
uma legislação estruturada e efetiva. As normas regulamentadas pela Lei afetam os
demais países com as empresas de capital com ações negociadas naquele país.
41
Nos estudos de Hardin, O’bryan e Quirin (2000), foram realizadas
observações quanto aos valores menores conferidos aos atributos ‘‘longas jornadas
de trabalho’’ e ‘‘responsabilidade pessoal por negligência’’.
Grandes mudanças ocorreram nas práticas contábeis com o processo de
harmonização. Com isso, a demanda por profissionais com conhecimento,
habilidades e competências requeridas no mercado de trabalho cresceram, além de
requerer que as instituições de ensino atentem para essas exigências. (FARIA e
QUEIROZ, 2008).
Quanto ao fato da responsabilidade pessoal por negligência, segundo estudos
de Souza e Figueiredo (2008), a Lei Sarbanes-Oxley é considerada por muitos
investidores como solução para a alta vulnerabilidade das informações contábeis e
efetivamente rígida quanto à responsabilização da alta administração das empresas
pelas informações fornecidas.
4.4. CONTABILIDADE SIMILAR À MEDICINA, MAS DIFERE DE ENGENHARIAS
E DIREITO.
Em apenas um atributo a Contabilidade foi avaliada semelhante à Medicina e
diferente em relação às Engenharias e Direito.
No atributo ‘‘qualidade de vida’’ a valoração de Contabilidade é levemente
superior à apresentada por Medicina, entretanto, a diferença entre os valores não foi
estatisticamente significantes ao nível de 0,05.
Segundo Sato (1999), a ideia de Qualidade de Vida no Trabalho misturam
interesses diversos e contraditórios, presentes em qualquer ambiente de trabalho,
não se restringem apenas aos interesses do Capital e do Trabalho, mas também ao
mundo subjetivo dos desejos, vivências, sentimentos, valores, crenças, ideologias,
interesses econômicos e políticos.
42
4.5. CONTABILIDADE SIMILAR À ENGENHARIAS, MEDICINA E DIREITO.
No levantamento dos dados foram ainda confirmadas similaridades dos
valores conferidos a Contabilidade em relação às demais profissões nos atributos
‘‘interação com os demais profissionais’’ e ‘‘excelente potencial de avanço para
mulheres e minorias’’. Embora as demais profissões tenham apresentado valores
maiores que a Contabilidade, esses valores não se mostraram estatisticamente
significativos.
No estudo anterior o atributo ‘‘interação com os demais profissionais’’ não
aparece com similaridade às demais profissões. Considerando a valorização para o
atributo na presente pesquisa, este deverá ser visto como animador, uma vez que o
objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio e este está presente em qualquer
entidade, inclusive as pessoas físicas, justificando sua interação com os
profissionais de qualquer área.
A Contabilidade no presente estudo não foi percebida melhor do que todas as
demais profissões em nenhum dos atributos, corroborando os achados de Hardin,
O’bryan e Quirin (2000). Em apenas seis deles, não foi inferior a todas as outras, a
citar: ‘‘nível de ética’’ (superior apenas a Direito, mas não significativo a 0,05),
‘‘qualidade de vida’’ (superando Medicina, mas também não significativo a 0,05),
‘‘excelente habilidades quantitativas’’ (valores próximos a Engenharias e maiores do
que Direito e Medicina de forma significativa), ‘‘profissão dominada por homens’’
(menor que Engenharias e maior que Direito e Medicina), ‘‘vida familiar de
qualidade’’ (menor que Engenharias e maior sem relevância estatística que Medicina
e Direito) e, por fim, ‘‘excelentes habilidades à resolução de problemas’’ (menor do
que Engenharias e maior que Medicina e Direito).
Segundo Santoro et al. (2009), os cursos de Medicina, Engenharias e Direito
são pioneiros no país e tradicionais, mesmo após séculos, ainda são os mais
procurados.
Os grandes avanços da Contabilidade em termos de profissão são recentes,
assim como as grandes mudanças ocorridas com os adventos da globalização dos
mercados e harmonização de normas e convergências de práticas contábeis.
Considerando que a Contabilidade por ser uma ciência social aplicada e
fortemente influenciada pelo ambiente que atua (NYIAMA, 2007). Ao longo da
43
história não ficou parada no tempo, acompanha os avanços tecnológicos e as
mudanças de posturas nas sociedades (MARTINS, 2001).
Ainda não é possível perceber no presente estudo com os educadores
avanços na percepção da Contabilidade enquanto profissão considerando as
recentes transformações das práticas contábeis. É importante ressaltar que as
mudanças ocorridas são recentes, sendo necessária maior assimilação pelos seus
usuários. Azevedo (2010) notou durante o processo de entrevistas em sua pesquisa
de campo que grande parte da população vincula a Contabilidade como ciências
exatas, o que não confirma as competências da carreira voltadas para o aspecto
humano e social.
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme a análise dos resultados obtidos na pesquisa de campo do
presente estudo, foram observados que a Contabilidade foi considerada
significativamente diferente e menor valorada em relação à Medicina, Engenharias e
Direito nos 12 atributos seguintes: status social, contribuição para a sociedade,
trabalho interessante, trabalho desafiador, satisfação no trabalho, posição de poder,
posição glamourosa, estabilidade no emprego, barreira de entrada na profissão,
excelente oportunidade de emprego, excelente carreira para estudante com
excelência acadêmica e excelente potencial de avanço como profissão. Nos estudos
de Hardin, O`Bryan e Quirim (2000), foram 13 atributos considerados
significativamente menos valorados para Contabilidade.
Na percepção dos educadores, a Contabilidade foi considerada similar ao
Direito nos atributos nível de ética, longas jornadas de trabalho e responsabilidade
pessoal por negligências, onde as duas profissões foram menos valoradas quando
comparadas a Medicina e as Engenharias.
A Contabilidade foi percebida igualmente com a Medicina no atributo
qualidade de vida, mas com valoração inferior e significativamente diferente das
Engenharias e do Direito.
Quanto aos atributos excelentes capacidade de comunicação e excelentes
habilidades quantitativas, o profissional da Contabilidade aproximou-se dos valores
atribuídos aos Engenheiros e Médicos, ficando diferente dos Advogados, porém,
estes sendo reconhecidos com maiores valores para a capacidade de comunicação.
Os resultados ainda demonstraram que a Contabilidade aproxima-se dos
Advogados e Engenheiros para o potencial de ganhos e excelentes habilidades à
resolução de problemas, porém os médicos foram melhores reconhecidos quantos
aos ganhos e inferiores para resolução de problemas.
Apenas em dois atributos a Contabilidade aproxima-se das três outras
profissões que foram interação com os demais profissionais e excelente potencial de
avanço para minorias e mulheres.
Os resultados do presente estudo confirmam aos achados nos estudos de
Hardin, O`Bryan e Quirim (2000), onde a Contabilidade é reconhecidamente menos
45
valorada quando comparada com Medicina, Engenharias e Direito. Não foram
percebidas nenhuma valoração relevante nos últimos anos que possam estar
relacionadas às inúmeras transformações ocorridas na Contabilidade com a
harmonização e convergências das práticas contábeis no mundo.
Nas análises a partir das revisões da literatura, os estudos apontam que no
Brasil a família está no centro da escolha profissional dos estudantes. Embora os
estudos de Hardim, O`Bryan e Quirim (2000) realizados nos Estados Unidos da
América (EUA) tenham observado a influência dos professores de ensino médio na
escolha profissional dos estudantes do ensino médio, sugere-se que o sistema de
ingresso nas universidades norte-americanas bem diferentes do sistema nacional
contribui para uma participação mais ativa dos professores e orientadores no
processo de escolha profissional dos estudantes.
Quanto à existência de estereótipos negativos aos profissionais e estudantes
de Contabilidade quando comparados aos de outras profissões, alguns estudos
foram encontrados na literatura com essa hipóteses como os de Azevedo et al.
(2008), Hardin et al. (2000), Hunt et al. (2004), Paolillo et al. (1983), Schlee et al.
(2007). Porém, os resultados dos estudos de Azevedo (2010), contradiz os estudos
anteriores, onde notou-se que a percepção negativa sobre os profissionais de
Contabilidade não é significativa para as características avaliadas na sua pesquisa.
O presente estudo limitou-se a pesquisar a percepção dos educadores acerca
das profissões em seis cidades do Vale do São Francisco, e talvez não seja o
representativo de outras regiões, por isso, as generalizações quanto aos seus
resultados não devem ser estimuladas.
Considerando que o processo de convergência às normas internacionais
encontra-se em processo de assimilação pelas empresas e profissionais de
Contabilidade, sugerem-se pesquisas futuras acerca da percepção dos estudantes
do ensino médio e cursos preparatórios para ingresso no ensino superior, empresas,
profissionais de outras áreas e também as famílias. Outra sugestão é quanto a um
estudo longitudinal acompanhando a percepção dos professores com o passar dos
anos.
46
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ANEXOS
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DESCRITIVO
Informações Descritivas Nível educacional mais elevado (marque um X): Graduado____ Especialista____ Mestre____ Doutor____ Outro____ Qual a área que ostentas maior nível educacional? _________________________ Anos como professor do Ensino Médio?______________________ Disciplinas ministradas nos últimos três anos?_________________________ Anos de experiência profissional fora da docência?_____________________ Em que campo foi a sua experiência profissional fora da docência? __________________________________________________________ Qual a ocupação de seu conjugue?____________________ Qual o seu Sexo (assinale um X): Masculino____ Feminino____ Sua idade: ____Anos Seu estado civil (marque um X) Casado ( ) Solteiro ( ) Divorciado ( ) Sua etnia (marque um X): Branco ( ) Negro ( ) Amarelo ( ) Indígena ( ) Mulato ( ) Outros ( ) Informações da Escola: Número de alunos das turmas de 1º, 2º e 3º ano? ___________ Tipo de escola? Pública ( ) Privada ( ) Estado em que sua escola está localizada_____________________
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ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO ACERCA DAS OPINIÕES DE EDUCADORES
Na tabela abaixo são listados os atributos das profissões ou membros dessas profissões. Em uma escala de 0 (baixo nível de concordância ou ranking) a 100 (alto nível de concordância ou ranking), classifique, de acordo com sua opinião pessoal, as profissões apresentadas associando os atributos com cada profissão. Por exemplo, uma profissão que você entenda possuir altas habilidades artísticas poderia receber uma pontuação de 100, ao mesmo tempo em que uma profissão que julgas possuir baixo nível dessa habilidade poderia receber uma pontuação de 0.
Atributos Contabilidade (0 a 100)
Medicina (0 a 100)
Engenharias
(0 a 100) Direito
(0 a 100)
Habilidades Artísticas (Exemplo) 60 70 100 10
Status social
Nível de ética
Contribuição para a sociedade
Um trabalho interessante
Trabalho desafiador
Interação com os demais profissionais
Satisfação no trabalho
Qualidade de vida
Vida familiar de qualidade
Longas jornadas de trabalho
Posição de poder
Posição glamourosa
Estabilidade no emprego
Responsabilidade pessoal por negligência
Excelentes capacidades de comunicação
Excelentes habilidades à resolução de problemas
Excelentes habilidades quantitativas
Potencial de ganhos
Difíceis condições de acesso (barreiras de entrada na profissão)
Excelentes oportunidades de emprego
Profissão dominada por homens
Excelente carreira para estudantes com excelência acadêmica
Excelente potencial de avanço como profissão
Excelente potencial de avanço para minorias e mulheres
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ANEXO 3 – TABELA COM A RELAÇÃO CANDIDATOS POR VAGA NOS
VESTIBULARES DA UFPE PARA OS CURSOS APRESENTADOS NO ESTUDO.
VESTIBULAR – UFPE
Relação candidato/vaga (1ª fase)
Cursos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Ciências
Contábeis
9,0 9,7 8,9 8,82 9,33 8,0 5,5 5,4 6,0
Medicina 21,5 27,5 23,9 26,44 21,73 24,1 18, 18,8 17,8
Engenharia Civil 6,1 5,4 5,6 5,58 5,31 4,1 5,0 4,7 4,8
Engenharia
Mecânica
5,5 6,6 6,8 6,33 6,56 6,3 6,4 4,7 4,8
Engenharia de
Computação
- 12,9 11,1 10,58 4,2 10,2 10,4 12,1 7,9
Engenharia de
Produção
7,2 5,1 6,6 6,53 5,70 6,4 6,2 4,7 4,8
Engenharia
Elétrica
7,5 5,2 4,5 5,95 4,41 4,1 3,9 4,7 4,8
Direito 21,4 23,3 21,3 23,35 20,97 21,9 19,1 20,8 19,5
Fonte: Sítio da UFPE, adaptado pelo autor.