Contabilidade Gerencial Contabeis Online.unlocked

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Contabilidade GERENCIAL Clóvis Luís Padoveze 2010 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br

Transcript of Contabilidade Gerencial Contabeis Online.unlocked

  • Contabilidade

    GERENCIAL

    Clvis Lus Padoveze

    2010Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,

    mais informaes www.iesde.com.br

  • 2010 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel Curitiba PR 0800 708 88 88 www.iesde.com.br

    Todos os direitos reservados.

    Capa: IESDE Brasil S.A.

    Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

    P124c Padoveze, Clvis Lus. / Contabilidade Gerencial. / Clvis Lus Padoveze. Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2010.

    376 p.

    ISBN: 978-85-387-1216-9

    1. Contabilidade Gerencial. 2. Gesto Operacional. 3. Anlise Financeira e de Rentabilidade. 4. Custos e Oramento. 5. Gesto por Indicadores. I. Ttulos.

    CDD 656.24

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  • Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de So Paulo (FEA-USP) e Mestre em Cincias Contbeis pela Pontifcia Universi-dade Catlica de So Paulo (PUC-SP). Graduado em Administrao de Empresas pela Pontifcia Universidade Catlica de Campinas (PUC Cam-pinas) (SP), e em Cincias Contbeis pelo Insti-tuto Superior de Cincias Aplicadas de Limeira (ISCA-SP). Professor do Mestrado Profissional em Administrao da Universidade Metodista de Piracicaba (Unicamp-SP), onde se responsa-biliza pelas reas de Controladoria e Finanas, bem como professor dessas disciplinas nos cursos de Cincias Contbeis e Gesto de Neg-cios Internacionais.Atua na rea profissionalmente h mais de 30 anos, como controller de companhias de grande porte e como consultor contbil e financeiro. Tem intensa atividade como condutor de semi-nrios profissionais em Controladoria, Contabi-lidade, Custos, Finanas e Sistemas de Informa-es Contbeis e Gerenciais. autor de inmeros livros na rea de Contabi-lidade, Contabilidade Gerencial, Controladoria e Finanas e publica regularmente artigos em revistas especializadas. Foi membro do Comit de Normas Contbeis do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) no trinio 2004/2006. Foi membro do Conselho Fiscal da Associao Brasileira de Normas Tcni-cas (ABNT) de 2002 a 2007. Em 2005 recebeu a Medalha Horcio Berlinck da Ordem do Mrito Contbil do Conselho Regional de Contabilida-de do estado de So Paulo.Em novembro de 2009 recebeu o Trofu Cultu-ra Econmica Jornal do Comrcio e Caixa RS, de Porto Alegre (RS), pelo melhor livro de Contabi-lidade de 2009: Gerenciamento do Risco Corpora-tivo em Controladoria.

    Clvis Lus Padoveze

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    Introduo Contabilidade Gerencial 11

    11 | Caracterizao da Contabilidade Gerencial

    17 | Escopo e abrangncia da Contabilidade Gerencial

    20 | Sistema de informao contbil

    27 | Contabilidade Gerencial e controladoria

    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa 37

    38 | Demonstraes contbeis bsicas

    47 | Demonstrao dos fluxos de caixa

    48 | Mtodo indireto

    52 | Mtodo direto

    58 | Apresentao segundo o pronunciamento CPC 03

    Capital de giro 73

    74 | O estudo do capital de giro

    80 | Fundamentos para administrao do capital de giro

    91 | Necessidade lquida do capital de giro (NLCG)

    97 | Efeito tesoura

    Recursos e aplicaes de longo prazo 113

    113 | O estudo do longo prazo

    117 | Ativos de longo prazo

    123 | Passivos de longo prazo

    130 | Alavancagem e custo de capital

    Anlise gerencial de balanos 149

    149 | Anlise de balano

    152 | Anlise horizontal

    155 | Anlise vertical

    159 | Indicadores econmico-financeiros

    171 | Avaliao geral

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  • Anlise da rentabilidade e gerao de lucro 185

    187 | Anlise de rentabilidade

    196 | Anlise Dupont: giro X margem

    203 | Anlise da gerao de lucro

    Gesto de custos e preos de venda 219

    219 | Anlises de custos

    237 | Gesto de custos

    240 | Formao e gesto de preos de venda

    Planejamento oramentrio 263

    263 | Conceitos e objetivos

    267 | Tipos de oramento

    269 | Estrutura do oramento

    290 | Controle oramentrio

    Contabilidade por responsabilidade e unidades de negcio 303

    303 | Contabilidade por responsabilidade

    306 | Preos de transferncia

    312 | Segmentos geradores de resultado

    320 | Exemplo numrico

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    Indicadores no financeiros e balanced scorecard 337

    337 | Indicadores de desempenho

    341 | Indicadores de excelncia empresarial

    343 | Balanced scorecard controle de metas estratgicas

    ndice remissivo 367

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  • Contabilidade G

    erencialApresentao

    A Contabilidade Gerencial congrega todos os demais instrumentos de contabilidade que complementam a Contabilidade Financeira para tornar efetiva a informao contbil dentro das empresas em todo o processo de gesto.

    As necessidades dos gestores das empre-sas, de informaes contbeis para o processo de planejamento, execuo e controle de suas atividades e para avaliao de desempenho, so supridas pelos diversos instrumentos de Conta-bilidade Gerencial por meio do sistema de infor-mao contbil gerencial.

    A base conceitual que fundamenta a Con-tabilidade Gerencial so as teorias da deciso, mensurao e informao. Enquanto a Conta-bilidade Financeira fundamenta-se em regras definidas pelas prticas contbeis geralmente aceitas, decorrente dos Princpios Fundamen-tais de Contabilidade, a Contabilidade Gerencial completamente aberta para absorver outros conceitos econmicos e financeiros. Portanto, a Contabilidade Gerencial no se atm a regras especficas; obedece a um nico fundamento: toda informao contbil til administrao deve ser gerada pelos subsistemas de informa-es de Contabilidade Gerencial.

    Portanto, a abrangncia da Contabilidade Gerencial grande, pois deve atender todas as necessidades de informaes gerenciais. Assim, so necessrios subsistemas contbeis para atender as necessidades de informaes para o planejamento estratgico, para o planejamento e controle das operaes, para absorver o pro-cesso de previses e oramentos, para o proces-so de obteno e anlise da lucratividade dos produtos, para o processo de deciso sobre os investimentos, para anlise da estrutura de capi-tal, de rentabilidade e de gerao de caixa, bem

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  • Contabilidade G

    erencialcomo para o processo de avaliao do desem-penho dos gestores internos.

    Em linhas gerais, o setor de controladoria ou de contabilidade geral que se responsabiliza pela efetivao do conjunto da cincia contbil dentro das empresas, partindo da estruturao adequada da Contabilidade Financeira, que ser o suporte para a estruturao dos subsistemas da Contabilidade Gerencial.

    Este trabalho apresenta uma viso abrangen-te da Contabilidade Gerencial, tendo como refe-rncia sua estruturao dentro de um sistema de informao contbil integrado aos demais sistemas de informaes da empresa, contem-plando os principais conceitos e instrumentos de Contabilidade Gerencial.

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

    Caracterizao da Contabilidade GerencialCaracteriza-se Contabilidade Gerencial o segmento da cincia contbil

    que congrega o conjunto de informaes necessrias administrao que complementam as informaes j existentes na Contabilidade Financeira. A Contabilidade Financeira o nome mais comum para designar a Contabili-dade Tradicional, a contabilidade estruturada em cima das prticas contbeis geralmente aceitas e regulamentada pela legislao comercial e tributria.

    A Contabilidade Gerencial necessria para qualquer entidade. O foco so os usurios internos em quaisquer nveis da administrao que necessi-tam de informaes contbeis para o processo de planejamento e controle das operaes e a tomada de deciso.

    Definies de Contabilidade GerencialSegundo Srgio de Iudcibus,

    a Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada superficialmente, como um enfoque especial conferido a vrias tcnicas e procedimentos contbeis j conhecidos e tratados na Contabilidade Financeira, na Contabilidade de Custos, na anlise financeira e de balanos etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analtico ou numa forma de apresentao e classificao diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisrio.

    Robert N. Anthony, bastante sinttico em sua caracterizao da discipli-na: A Contabilidade Gerencial, que constitui o foco deste livro, preocupa-se com a informao contbil til administrao.

    Para a Associao Nacional dos Contadores dos Estados Unidos, atravs de seu relatrio nmero 1A,

    Contabilidade Gerencial o processo de identificao, mensurao, acumulao, anlise, preparao, interpretao e comunicao de informaes financeiras utilizadas pela administrao para planejamento, avaliao e controle dentro de uma organizao e para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    Dessas definies podemos reforar os seguintes aspectos principais:

    a Contabilidade Gerencial tem como foco o processo de tomada de deciso dos usurios internos, ou seja, deve atender todas as pessoas

    dentro da empresa, em qualquer nvel hierrquico, que necessitam da

    informao contbil para tomar decises em suas respectivas reas;

    a Contabilidade Gerencial mais analtica, mais detalhada que a Con- tabilidade Financeira. A Contabilidade Financeira apresenta seus rela-

    trios para os usurios externos em formatos sintticos, em grandes

    nmeros, como, por exemplo, o balano patrimonial;

    a Contabilidade Gerencial parte das informaes existentes na Conta- bilidade Financeira e faz os complementos necessrios para o uso dos

    gestores. No tem modelos especficos de relatrios. As informaes

    contbeis gerenciais devem ser apresentadas em relatrios desenvol-

    vidos para cada tomada de deciso e adaptados para o perfil do usu-

    rio do relatrio.

    Para tanto, necessrio conhecer a abrangncia da Contabilidade Geren-

    cial e as principais ferramentas j desenvolvidas, bem como entender as teo-

    rias e conceitos que a fundamentam.

    Caracterizao da Contabilidade FinanceiraChamamos de Contabilidade Financeira a Contabilidade Tradicional, a

    contabilidade obrigatria para as entidades para fins societrios e tribut-

    rios. Em razo de sua obrigatoriedade, a Contabilidade Financeira regulada

    por rgos governamentais e normatizada por entidades de classe.

    No Brasil, a estrutura contbil e os critrios de avaliao constam da Lei

    6.404/76, a legislao das Sociedades por Aes, mas que foi estendida para

    todos os tipos de sociedades. Essa legislao foi adaptada recentemente

    para abrigar as Normas Internacionais de Contabilidade pelas alteraes

    promovidas pela Lei 11.638/2007 e 11.941/2009.

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    Para garantir um padro de uniformidade das informaes contbeis para

    os usurios externos, a Contabilidade Financeira estruturada em cima de

    normas que valem para todas as empresas. Essas normas so apresentadas

    como prticas contbeis. As prticas contbeis so fundamentadas em prin-

    cpios contbeis. Os princpios contbeis so denominados mundialmente

    como Princpios Contbeis Geralmente Aceitos (PCGA). No Brasil, foram de-

    nominados de Princpios Fundamentais de Contabilidade.

    Os princpios contbeis representam a base da teoria contbil para a Con-

    tabilidade Financeira. Foram desenvolvidos ao longo dos sculos de uso da

    cincia contbil, e representam o melhor julgamento existente at hoje sobre

    como as transaes econmicas e os elementos patrimoniais devem ser re-

    gistrados, classificados e avaliados para serem incorporados ao sistema con-

    tbil e elaborar os relatrios contbeis.

    A normatizao contbil em nosso pas est hoje no encargo do Comit de

    Pronunciamentos Contbeis (CPC), um rgo criado pelo Conselho Federal

    de Contabilidade (CFC) e composto por representantes de vrias entidades

    que necessitam da informao contbil, como a Comisso de Valores Mobili-

    rios (CVM ) e o Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (Ibracon).

    Portanto, a Contabilidade Financeira est essencialmente ligada aos prin-

    cpios de contabilidade geralmente aceitos. J a Contabilidade Gerencial est

    ligada necessidade de informaes para planejamento, controle, avaliao

    de desempenho e tomada de deciso.

    A Contabilidade Financeira, presa aos princpios contbeis, tem sido objeto

    de muita crtica, uma vez que nem todos os princpios utilizados so necessa-

    riamente vistos como os mais corretos a nvel conceitual (princpio do custo

    histrico, princpio da realizao da receita etc.). Nesse sentido, a Contabili-

    dade Financeira, apesar de cumprir o seu papel regulamentar, s vezes tida

    como fraca conceitualmente, para fins de gerenciamento empresarial, e at

    indutora de erros na gesto empresarial.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    Dessa forma, alguns entendem que a verdadeira contabilidade, que re-

    almente auxilia os gestores empresariais, a Contabilidade Gerencial. Nessa

    linha de raciocnio, alguns estudiosos entendem que a Contabilidade Finan-

    ceira uma cincia diferente da Contabilidade Gerencial, que seria outra cin-

    cia, e que receberia o nome de controladoria.

    Podemos resumir a Contabilidade Financeira ou Tradicional nos seguin-tes pontos:

    vinculada aos princpios contbeis geralmente aceitos;

    contabilidade utilizada para fins fiscais;

    contabilidade utilizada para fins societrios e regulatrios (Lei das S.A., CVM, legislao comercial);

    base de escriturao de dados passados;

    controle a posteriori;

    mensurao em moeda corrente do pas.

    Comparao: Contabilidade Gerencial X Contabilidade Financeira

    Em linhas gerais podemos identificar os principais objetivos dos dois grandes segmentos da cincia contbil. A Contabilidade Financeira tem como objetivo o controle de um patrimnio empresarial que permita a ava-liao do retorno do investimento dos scios ou acionistas. Portanto, o foco so pessoas de fora da entidade. Para tanto, desenvolveu um conjunto de relatrios estruturados e as prticas contbeis so padronizadas para que as pessoas fora da empresa (os usurios externos) possam comparar seus vrios investimentos considerando um padro contbil nico.

    J a Contabilidade Gerencial tem como foco o usurio interno e as neces-sidades de informaes de todos os nveis da administrao de uma entida-de e no tem regras especficas a serem seguidas. A seguir apresentaremos uma comparao entre esses dois segmentos da contabilidade, extrado de Padoveze (2009).

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    Quadro 1 Comparao entre a Contabilidade Gerencial e a Contabi-lidade Financeira

    FatorContabilidade

    FinanceiraContabilidade

    Gerencial

    Usurios dos relatrios Externos e internos. Internos.

    Objetivos dos relatrios Facilitar a anlise financei-ra para as necessidades dos usurios externos.

    Objetivo especial de facilitar o planejamento, controle, avaliao de desempenho e tomada de deciso interna-mente.

    Forma dos relatrios Balano patrimonial, de-monstrao dos resulta-dos, demonstrao dos fluxos de caixa e demons-trao das mutaes do patrimnio lquido.

    Oramentos, contabilidade por responsabilidade, rela-trios de desempenho, re-latrios de custo, relatrios especiais no rotineiros para facilitar a tomada de deciso.

    Frequncias dos relatrios Anual, trimestral e mensal. Quando necessrio pela ad-ministrao.

    Custos ou valores utilizados Primariamente histricos (passados).

    Histricos e esperados (pre-vistos).

    Bases de mensurao usadas para quantificar os dados

    Moeda corrente. Vrias bases (moeda corren-te, moeda estrangeira, mo-eda forte, medidas fsicas, ndices etc.).

    Restries nas informaes forne-cidas

    Princpios contbeis geral-mente aceitos.

    Nenhuma restrio, exceto as determinadas pela admi-nistrao.

    Caracterstica da informao forne-cida

    Deve ser objetiva (sem vis), verificvel, relevante e a tempo.

    Deve ser relevante e a tem-po, podendo ser subjetiva, possuindo menos verificabi-lidade e menos preciso.

    Perspectiva dos relatrios Orientao histrica. Orientada para o futuro para facilitar o planejamento, con-trole e avaliao de desempe-nho antes do fato (para impor metas), acoplada com uma orientao histrica para ava-liar os resultados reais (para o controle posterior do fato).

    O objetivo da Contabilidade Financeira permitir aos usurios avaliar a situao econmica e financeira da empresa. Isso significa avaliar se a em-presa tem condies de saldar seus compromissos, se est dando o lucro e o retorno do investimento esperado, se tem condies de receber novos crditos etc. A Contabilidade Gerencial, alm dessas avaliaes, tambm tem outros objetivos, por exemplo, informaes para o planejamento financeiro, projees de lucros e fluxos de caixa, criao de modelos de anlise para tomada de deciso em vrios nveis etc.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    Os relatrios da Contabilidade Financeira so padronizados para que todos os usurios externos possam fazer suas anlises de forma compara-tiva com as demonstraes financeiras de outras empresas, bem como de empresas de outros pases. J a Contabilidade Gerencial no prev relatrios padres. No h dvida de que se utiliza tambm dos relatrios tradicionais da Contabilidade Financeira, mas cria quantos relatrios forem necessrios, rotineiros ou no, para o gerenciamento das entidades.

    Aspecto fundamental com relao ao tipo de valor utilizado. A Contabili-dade Financeira primariamente trabalha com os valores de custo, decorrentes das transaes j realizadas. Basicamente, s nos casos em que o valor de mercado for inferior ao custo que haver a substituio do valor contbil. J a Contabilidade Gerencial no tem essa obrigatoriedade. Alm dos dados his-tricos e de custos, ela incorpora dados previstos, principalmente para as de-cises que necessitam de projeo ou oramentao de receitas e despesas.

    A Contabilidade Financeira deve ser sempre feita na moeda corrente do pas. A Contabilidade Gerencial pode incorporar em seus relatrios e mo-delos decisrios qualquer outro tipo de moeda, bem como deve incorporar ao mximo dados quantitativos e indicadores relativos, tudo no objetivo de facilitar o processo de tomada de deciso.

    A Contabilidade Gerencial no est presa a nenhuma regra especfica. Tudo o que for necessrio deve ser feito e incorporado aos relatrios e mo-delos de deciso. J a Contabilidade Financeira, pela necessidade de infor-maes padronizadas, deve seguir estritamente os princpios contbeis ge-ralmente aceitos e as prticas contbeis adotadas no pas.

    Para dar garantia aos usurios externos, a Contabilidade Financeira parte do registro dos fatos contbeis baseado em documentao objetiva e verificvel. J a Contabilidade Gerencial preocupa-se mais com o momento da informa-o e pode lanar mo de mensuraes com menos exatido. Na abordagem gerencial, mais importante do que a exatido da informao a oportunidade, ou seja, a abordagem gerencial deve privilegiar o momento em que a informa-o deve ser fornecida, devendo ser o mais rapidamente possvel.

    Quanto perspectiva dos relatrios, a Contabilidade Financeira, por utili-zar a mensurao pelo custo, automaticamente tem uma perspectiva histri-ca, pois trabalha com informaes de transaes j realizadas. Nesse particu-

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    lar, clara a diferena com a Contabilidade Gerencial, que, necessariamente, tem uma perspectiva de futuro, pois fundamentalmente trabalha com os dados para tomar aes no futuro.

    Escopo e abrangncia da Contabilidade GerencialO objetivo da Contabilidade Gerencial atender a todos os aspectos da

    gesto das entidades onde se torna necessria a informao contbil. Por-tanto, sua abrangncia a empresa como um todo, desde as suas necessi-dades estratgicas e de planejamento at as suas necessidades de execuo e controle.

    Escopo da Contabilidade GerencialO propsito da Contabilidade Gerencial atender todos os usurios in-

    ternos da organizao com as informaes econmicas e quantitativas para o processo de tomada de deciso, avaliao dos resultados empresariais e desempenho dos gestores, em todas as etapas do processo de gesto.

    Dentro desse escopo fica caracterizada sua grande abrangncia e a ne-cessidade de diversos instrumentos e sistemas contbeis gerenciais para o atendimento de seus objetivos.

    Contabilidade Gerencial operacional e estratgicaH possibilidade de distinguir os instrumentos de Contabilidade Geren-

    cial destinados a apoiar a estratgia e os instrumentos destinados a atender as necessidades de conduo e otimizao do resultado das operaes.

    No responsabilidade do contador gerencial (ou do controller) a deter-minao da estratgia ou estratgias, nem da formulao do planejamento estratgico. , sim, responsabilidade do contador gerencial a estruturao e monitoramento dos sistemas de informaes que abastecem os gestores da estratgia e de controle dos indicadores das metas estratgicas. Em outras palavras, a responsabilidade da Contabilidade Gerencial em relao ao pro-cesso da estratgia abastecer de informaes dessa caracterstica os res-ponsveis pela estratgia empresarial.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    Abrangncia da Contabilidade GerencialTendo em vista que uma organizao estruturada de forma hierrquica,

    a Contabilidade Gerencial deve suprir, por meio do sistema de informao contbil gerencial, todas as reas da companhia em todas as etapas do pro-cesso de gesto.

    Como cada nvel de administrao dentro da empresa utiliza a informa-o contbil de maneira diversa, cada qual com um nvel de agregao dife-rente, o sistema de informao contbil gerencial dever providenciar que a informao contbil seja trabalhada de forma especfica para cada segmen-to hierrquico da companhia.

    Dentro desse fundamento, a Contabilidade Gerencial dever atender a todos os segmentos hierrquicos da empresa, e isso se reflete na forma de utilizao da informao contbil. Assim, teremos um bloco de informaes que supriro a alta administrao da companhia, que denominamos de ge-renciamento contbil global, objetivando canalizar informaes que sejam apresentadas de forma sinttica, em grandes agregados, com finalidade de controlar e planejar a empresa dentro de uma viso de conjunto.

    Teremos um segundo bloco de informaes que supriro a mdia ad-ministrao, ou, caso necessrio, os segmentos que a empresa definiu em termos de divises ou linhas de produtos. So informaes para canalizar os conceitos de contabilidade por responsabilidade. Denominamos esse seg-mento de gerenciamento contbil setorial.

    Finalmente, teremos um terceiro bloco de informaes para gerenciar cada um dos produtos da companhia, de forma isolada. Denominamos esse segmento da Contabilidade Gerencial de gerenciamento contbil especfico. So informaes que descem a um grau maior de detalhamento, em nvel operacional.

    Para todos esses segmentos, sero trabalhadas informaes para planeja-mento estratgico e oramentrio, j que um dos grandes fundamentos da Contabilidade Gerencial seu enfoque para o futuro. Assim, rea fundamental do sistema de informao contbil so os oramentos e a gesto estratgica.

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    Sistema de informao contbil Contabilidade Gerencial

    Gerenciamento global

    Gerenciamento setorial

    Gerenciamento especfico

    Oramentos e estratgia

    Empresa Divises Produtos

    D emonstrativos contbeis bsicos

    Correo monetria inte- gral

    Demonstrativos contbeis em outras moedas

    Anlise financeira e de balano

    Gesto de tributos

    Contabilidade por responsabilidade

    Contabilidade divi- sional

    Consolidao de balanos

    Fundamentos de contabilidade de custos

    Custeio direto e por absoro

    Anlise custo/ volu- me/ lucro

    Custo padro Gesto de preos de venda

    Inflao da empresa Anlise de custos

    Oramentos Projees Anlises de investi- mentos

    Balanced scorecard Gesto de riscos

    Aplicao de mtodos

    quantitativos

    Valor da empresa

    Administrao e tecnologias de produao e comercializao; gerenciamento da qualidade

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    Figura 1 Esquema e abrangncia da Contabilidade Gerencial.

    Para o gerenciamento da empresa como um todo a base a estrutura da Contabilidade Financeira, por meio da elaborao e anlise das demons-traes contbeis. Isso implica necessariamente a sistematizao de proce-dimentos de anlise financeira das demonstraes, bem como as eventu-ais necessidades de atualizao monetria e converso em outras moedas. Dentro do gerenciamento global, situa-se a funo de gesto de tributos, que inclui os conceitos de planejamento tributrio, objetivando a menor carga tributria para a empresa.

    Hoje as empresas, e mesmo entidades sem fins lucrativos, necessitam de informaes sobre os resultados e desempenho setoriais. Ou seja, alm de ver o todo, as empresas necessitam de informaes para analisar o resulta-

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    do das partes da empresa. A contabilidade divisional e a contabilidade por responsabilidade tm como referncia apurar o resultado de cada diviso, de cada filial, de cada fbrica, de cada linha de produto etc., dependendo a estrutura organizacional e de negcios de cada empresa. No caso de grupos corporativos, h a necessidade do inverso, que a consolidao das de-monstraes contbeis, para se ter a ideia de conjunto dos resultados e do patrimnio do grupo empresarial.

    Num nvel mais detalhado, a Contabilidade Gerencial trabalha a gesto dos recursos e do desempenho de cada produto, por meio da contabilidade e anlise de custos e da gesto dos preos de venda.

    Os instrumentos de gesto de anlises de investimentos, projees e or-amentos so determinantes para que a empresa tenha continuadamente viso de futuro, e, portanto, so indispensveis. Os conceitos de balanced scorecard e gesto de riscos inserem-se no mbito da Contabilidade Geren-cial estratgica. O balanced scorecard tem como escopo a construo de um conjunto de indicadores que permitam monitorar as metas operacionais de-terminadas no planejamento estratgico. A gesto de riscos tem como foco estruturar um sistema de informao de identificao, avaliao e mensura-o dos riscos de conformidade (compliance) e desempenho (performance) com o objetivo de antecipar os efeitos das alteraes das variveis e entida-des do ambiente empresarial.

    Com essa abrangncia, a Contabilidade Gerencial pode atender todas etapas do processo de gesto. O processo de gesto caracteriza-se pelo ciclo de planejamento estratgico, planejamento operacional, programao, exe-cuo e controle. O balanced scorecard e gesto de riscos, como j salienta-do, so aderentes etapa do planejamento estratgico. Os instrumentos de avaliao de investimentos so aderentes etapa do planejamento opera-cional. As projees e os oramentos ligam-se etapa da programao. Os demais instrumentos tm aderncia enfatizada com as etapas da execuo e controle das operaes.

    Sistema de informao contbilPodemos dizer que a contabilidade nasceu como sistema de informao,

    mesmo que isso no tenha ficado claro nos primrdios da evoluo da ci-ncia contbil. Em termos prticos, podemos definir contabilidade como o

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    sistema de informao que controla o patrimnio de uma entidade.

    O que fundamental atualmente a caracterizao da integrao do sistema de informao contbil com os demais sistemas de informao da empresa. No mbito gerencial, essa integrao torna-se crucial, pois a Con-tabilidade Gerencial utiliza-se de muitos dados e informaes de outros sistemas, inclusive quantitativas, para completar seus relatrios e torn-los efetivamente teis para o processo de tomada de deciso.

    Definio e caracterizaoSistema pode ser definido como um complexo de elementos em intera-

    o. Em outras palavras, sistema um conjunto de elementos interdepen-dentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem formando um todo unitrio e complexo. Como uma resultante do enfoque sistmico, o todo deve ser mais que a soma das partes. Fundamentalmente, o funcionamento de um sistema configura-se com um processamento de recursos (entradas do sistema), obtendo-se, com esse processamento, as sadas ou produtos do sistema (entradas, processamento, sadas).

    Objetivo do sistema

    Entradas Processamento Sadas

    Retroalimentao

    Cont

    role

    e

    aval

    ia

    o

    Figura 2 Viso geral de um sistema.

    As sadas devem ser consistentes com o objetivo do sistema. Para tanto, h necessidade do controle das sadas do sistema, sua avaliao, para ver se est em consonncia com seu objetivo. Isso necessrio para o processo de feedback ou retroalimentao, como forma de ajustar permanentemente s sadas com o objetivo do sistema.

    Os sistemas classificam-se em sistemas abertos e fechados. Os sistemas fechados no interagem com o ambiente externo, enquanto que os siste-

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    mas abertos caracterizam-se pela interao com o ambiente externo, suas entidades e variveis. Existem sistemas fsicos e sistemas informacionais. A empresa um sistema aberto, bem como os sistemas de informaes, pois h um processo de interao com o ambiente.

    Podemos definir sistema de informao como um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnolgicos e financeiros agregados segundo uma se-quncia lgica para o processamento dos dados e traduo em informaes, para com o seu produto, permitir s organizaes o cumprimento de seus objetivos principais (RICCIO, 1989).

    Pode-se fazer uma classificao dos sistemas de informaes em funo de seus objetivos principais, que tambm tm relao com a estrutura hie-rrquica da empresa. A maior parte dos sistemas tem relacionamento direto com as atividades operacionais e so denominados de sistemas de informa-o de apoio s operaes. So exemplos os sistemas de folha de pagamen-to, controle de estoque, recebimento fiscal, compras, faturamento, controle de produo, contas a receber, contas a pagar etc.

    Outro conjunto de sistemas de informaes denominado de sistemas de informaes de apoio gesto e tem como objetivo controlar a empresa e fornecer informaes rotineiras para o processo decisrio. Exemplos mais comuns so os sistemas de administrao dos recursos humanos, adminis-trao do fluxo de caixa, contabilidade, custos, oramento, gesto da quali-dade etc.

    O terceiro e ltimo bloco de sistemas de informaes denominado de sistemas de informao de apoio deciso e tem como finalidade principal municiar a alta administrao da empresa com informaes para as decises estratgicas. So exemplos os sistemas de contabilidade estratgica, como balanced scorecard, gesto de riscos, sistema de acompanhamento do neg-cio e anlise do ambiente.

    Informaes estruturadas e no estruturadasAlinhado com os tipos de sistemas de informao e tendo como refern-

    cia o conceito de banco de dados, o tipo de informao que produzida e trabalhada em cada sistema de informao pode ser classificado em informa-o estruturada, informao semiestruturada e informao no estruturada.

    Uma informao considerada estruturada quando ela decorre de dados dos processos rotineiros da empresa e tem uma formatao rgida e a em-

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    presa tem domnio forte sobre ela. Exemplos so as informaes de compras, vendas, estoques etc. que, uma vez formatadas, seguem um nico padro para incorporao nos sistemas de informao. Informao no estruturada aquela informao em que a empresa tem pouco domnio, normalmen-te obtida no ambiente externo empresa e no h facilidade de torn-la formatada e rotineira. So exemplos as informaes externas de acompa-nhamento dos concorrentes, participao no mercado etc. A informao semiestruturada aquela em que a empresa tem boas condies de torn--la rotineira agregando um conhecimento adicional ao dado coletado. So exemplos a construo de indicadores de anlise de balano, indicadores de desempenho etc.

    As informaes estruturadas esto contidas nos sistemas de apoio s ope-raes. As informaes semiestruturadas e no estruturadas esto contidas nos sistemas de apoio gesto e estratgia.

    Abrangncia do sistema de informao contbil gerencial

    O atual estgio da tecnologia da informao e comunicao permite a construo de sistemas de informao que integram totalmente todos os seus subsistemas. Essa soluo denominada de Sistema Integrado de Gesto Empresarial (SIGE), mais conhecida pela sigla ERP, que so as iniciais do seu nome ingls Enterprise Resource Planning.

    A proposta do SIGE a construo de um sistema de informao que atenda a empresa como um todo, dentro de um conceito de integrao total. Obviamente, nem tudo ser possvel, pois existem especificidades dentro de uma empresa que necessitaro de sistemas de informao complementa-res. Porm, dentro de uma apreciao geral, um SIGE s pode ser concebido dentro dessa viso de abrangncia total.

    Assim, todos os subsistemas de informao necessrios para a gesto do sistema empresa devero ser cobertos pelo SIGE, que integrar todas as reas e as necessidades informacionais da produo, comercializao e administrao.

    Ressalte-se novamente que, como proposta do SIGE, todos os subsiste-mas devero ser integrados, e, portanto, estaro interligados computacio-nalmente, atravs do conceito de banco de dados e outros conceitos compu-

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    tacionais que permitam a navegabilidade dos dados e a sua reestruturao em termos de informao til, atravs dos sistemas de apoio deciso.

    O SIGE segmentado em diversos subsistemas especialistas para cobrir todos os setores e necessidades informacionais da empresa. Contudo, de-pendendo da viso e da arquitetura do sistema, alguns subsistemas podero estar aglutinados e outros subsistemas esto divididos.

    Apresentamos, abaixo, um quadro orientativo, buscando envidenciar os principais sistemas que devem compor um SIGE. Basicamente, a proposta do SIGE parte da necessidade de acompanhar todas as operaes e procedi-mentos que so necessrios para a operao e gesto do sistema empresa.

    Figura 3 Abrangncia do SIGE/ERP.

    INTE

    RNET

    CO

    MM

    ERCE

    WEB

    ALER

    T

    WORKFLOW

    ANALYZER

    GERENCIAMENTOPROJETOS CADEIA DE FORNECIMENTO

    COMISSOPAGAMENTOS

    ENGENHARIA

    ADMINISTRAO ESTOQUE

    CAPACIDADE CRP-RCCP

    RECURSOS HUMANOS

    FOLHA DE PAGAMENTO

    PEDIDOS OE - SHIPPING

    PLANEJAMENTO MRS-MRP

    COMPRAS

    CUSTOS

    QUALIDADE ISO 9000

    GESTO PATRIMONIAL

    VENDAS MARKETING

    ESTRUTURA PRODUTOS

    RECEBIMENTO INTEGRADO

    CHO FBRICA WIP-SFC

    SERVIOS ASSOCIADOS

    TESOURARIA

    FATURAMENTO

    CONTABILIDADE

    CONTAS A PAGAR

    CONTAS A RECEBER

    CONTABILIZAO PROJETO

    LIVROS FISCAIS

    Folh

    eto

    Ora

    cle.

    O sistema de contabilidade, com os seus subsistemas, deve estar total-mente integrado ao SIGE/ERP. Cada subsistema contbil tem um tipo de in-tegrao com um ou mais subsistemas operacionais, bem como com outro

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    subsistema contbil. A figura 4 mostra a abrangncia do sistema de informa-o contbil estruturado para contemplar a abordagem gerencial.

    Sistemas de informao contbil

    rea legal/ fiscal rea de anlise rea gerencialContabilidade geral

    Correo monetria integral

    Contabilidade em outras moedas

    Consolidao de balanos

    Valorizao de inventrios

    Controle patrimonial

    Anlise de balano

    Anlise de fluxo de caixa

    Gesto tributria

    Oramento e projees

    Custos e preos de venda

    Contabilidade por responsa- bilidade

    Centros de lucros e unidade de negcios

    Acompanhamento do negcio

    Gesto de riscos

    Figura 4 Abrangncia do sistema contbil com abordagem gerencial.

    Podemos classificar os subsistemas contbeis em trs grandes blocos em funo de suas utilizaes bsicas. O primeiro bloco, denominado de rea legal/fiscal, contempla os bancos iniciais de dados da contabilidade e tem por finalidade dar suporte ao conjunto completo da Contabilidade Finan-ceira, compreendendo a Contabilidade Geral, as necessidades de correo monetria, se houver, a contabilidade em outros padres monetrios e a consolidao de balanos. Alm disso, incorpora tambm o subsistema de custo contbil, que responsvel pela valorizao dos inventrios para fins fiscais e legais. Nesse mesmo bloco classificamos o subsistema de controle patrimonial, pois a maior parte de sua utilizao est ligada aos objetivos da Contabilidade Financeira.

    O segundo bloco, denominado de rea de anlise, compreende os subsis-temas que do apoio ao conjunto inicial de anlises contbeis para avaliao rotineira do desempenho empresarial. Compreende o ferramental de anli-se de balano e do fluxo de caixa. Nesse bloco incorporamos o subsistema de gesto tributria, necessrio para permitir a otimizao (minimizao) da carga tributria da empresa.

    O terceiro bloco foi caracterizado como rea gerencial. So os subsiste-mas contbeis que tm dentro de si o objetivo de estruturar as informaes gerenciais para o processo de tomada de deciso em perspectiva de futuro. Esse bloco compreende os subsistemas de oramentos e projees, a con-tabilidade de custos e formao de preos de venda, a contabilidade por responsabilidade, e suas variaes nos conceitos de apurao de resultados por centros de lucros e unidades de negcio, e, finalmente, a contabilidade de apoio estratgia, representada pelos subsistemas de acompanhamento do negcio e gesto de risco.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    Os subsistemas contbeis so integrados entre si e com os demais subsis-temas operacionais dentro da concepo do SIGE/ERP. A figura 5 apresenta-da a seguir, evidencia as principais integraes existentes.

    Anlise de balano

    Controle patrimonial

    Sistema oramentrio

    Contabilidade por responsabilidade

    Centros de lucros

    Unidade de negcios

    Acompanhamento do negcio balanced

    scorecard e gesto de risco

    (Dados fsicos/concorrentes etc.)

    Sistema de valorizao de inventrios

    Anlise de fluxo de

    caixa

    Gesto de tributos

    Contabilidade em outras moedas

    Correo monetria integral

    Contabilidade societria e fiscal

    Consolidao de balanos

    Sistema de custos

    Preos de vendas

    Anlise de custos

    Sistemas operacionais integrados

    Sistema de entradasCompras

    Recebimentos

    Escriturao fiscal

    Sistema de execuofinanceira

    Contas a receber contas a pagar

    Sistema de planejamento financeiro

    Financiamentos

    Excedentes de caixa

    Sistema de recursos humanos

    Folha de pagamento

    Sistema de inventrio e produo

    Processo

    Engenharia

    Sistema de sadasFaturamento

    Comercializao

    Escriturao fiscal

    Figura 5 Sistema de informao contbil, seus subsistemas e integrao operacional.

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    Contabilidade Gerencial e controladoriaNa literatura contbil norte-americana os instrumentos de controladoria

    so apresentados dentro do escopo da Contabilidade Gerencial. Podemos afirmar ento que a controladoria o setor dentro da empresa que, com sua estrutura organizacional, deve efetivar o conjunto da contabilidade dentro da empresa nos seus aspectos legais e gerenciais.

    Estrutura da Contabilidade GerencialA responsabilidade da controladoria sobre o sistema de informao ge-

    rencial da empresa consiste, basicamente, num processo de monitoramen-to de todas as informaes que so utilizadas pelos gestores, em todos os nveis hierrquicos, para garantir a consistncia dos dados com as polticas da empresa e com as informaes do sistema de informao contbil.

    A rea da escriturao do sistema de Contabilidade Gerencial evidencia a funo da controladoria que tem como objetivo cumprir as atividades regula-mentares, societrias e fiscais. A rea de planejamento e controle a que con-grega os principais instrumentos considerados de Contabilidade Gerencial.

    O controller ou o contador geral responsvel pelo conjunto completo da efetivao da cincia contbil na empresa deve ter em mente que todos os sistemas devem ser integrados para obter o melhor desempenho dos siste-mas e da sua funo.

    CONTROLADORIA

    Oramento, projees e anlise de investimentos Contabilidade de custos Contabilidade por responsabilidade e unidades de negcios Acompanhamento do negcio/ controladoria estratgica

    Contabilidade societria Controle patrimonial Contabilidade tributria

    Sistema de informao gerencial

    Planejamento e controle Escriturao

    Figura 6 Estrutura da controladoria / Contabilidade Gerencial.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    Funes e atuao do controllerA misso da controladoria apoiar todos os gestores da entidade, partin-

    do da alta administrao, nas suas funes decisrias e operacionais, tendo como foco o retorno do investimento. O setor de controladoria um rgo de linha, normalmente subordinado ao diretor administrativo financeiro. O apoio faz-se por meio dos subsistemas contbeis e gerenciais. Efetivando todo o conjunto de subsistemas contbeis gerenciais dentro de uma entida-de, o controller cumpre sua funo inteiramente.

    O foco da controladoria a gesto econmica, ou seja, gesto baseada em resultados, gerais e setoriais. O resultado medido pelo lucro, que, por sua vez, deve cobrir o custo do capital empregado. Assim, a medida de ava-liao da eficcia do sistema empresa o lucro empresarial. Esse o modelo condutor da funo de controladoria.

    A atuao do controller deve ser feita tendo como elemento condutor dois perfis de liderana: o uso da influncia e da persuao. O controller no deve ter uma atitude impositiva, autocrtica ou ditatorial, sob pena de com-prometer o ambiente interno. Deve utilizar sua influncia, obtida por meio do conhecimento contbil e de gesto econmica. Deve ser persuasivo, convincente, para que o sistema de controle seja aceito pacificamente pelos demais gestores.

    Ampliando seus conhecimentos

    Contabilidade Gerencial e a funo de criao de valor

    (PADOVEZE, 2009)

    O cumprimento da misso das entidades empresariais est fundamentado no conceito de criao de valor, associando dentro do mesmo escopo o pro-cesso de informao gerado pela contabilidade para que as entidades possam cumprir adequadamente sua misso.

    Atkinson, Banker, Kaplan e Young iniciam seu trabalho mais recente com esse conceito, dizendo: Contabilidade Gerencial a informao que cria valor. Sistemas contbeis gerenciais efetivos podem criar valor considervel,

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    pelo fornecimento de informaes acuradas e oportunas sobre as atividades necessrias para o sucesso das organizaes de hoje.

    O estgio da Contabilidade Gerencial, que abarca todos os estgios evo-lutivos anteriores, centra-se no processo de criao de valor atravs do uso efetivo dos recursos empresariais. Essa funo-objetivo est declarada no Relatrio Revisado de maro de 1998, emitido pelo Comit de Contabilidade Financeira e Gerencial da Federao Internacional de Contadores (Internatio-nal Federation of Accountants IFAC), sobre os Conceitos de Contabilidade Gerencial.

    Apresentamos a seguir os principais tpicos relacionados como tema de gerao ou criao de valor, partindo da apresentao dos estgios evolutivos da Contabilidade Gerencial, de acordo com o IFAC.

    Evoluo e mudana na Contabilidade Gerencial

    O campo da atividade organizacional abarcado pela Contabilidade Geren-cial foi desenvolvido atravs de quatro estgios reconhecveis.

    Estgio 1 antes de 1950, o foco era na determinao do custo e con- trole financeiro, atravs do uso das tecnologias de oramento e conta-bilidade de custos;

    Estgio 2 por volta de 1965, o foco foi mudado para o fornecimento de informao para o controle e planejamento gerencial, atravs do uso de tecnologias tais como anlise de deciso e contabilidade por responsa-bilidade;

    Estgio 3 por volta de 1985, a ateno foi focada na reduo do des- perdcio de recursos usados nos processos de negcios, atravs do uso das tecnologias de anlise do processo e administrao estratgica de custos;

    Estgio 4 por volta de 1995, a ateno foi mudada para a gerao ou criao de valor atravs do uso efetivo dos recursos, atravs do uso de tecnologias tais como exame dos direcionadores de valor ao cliente, va-lor para o acionista, e inovao organizacional.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    Controladoria estratgica e

    gerencial

    Estgio

    4

    3

    1

    Determinao do custo e controle financeiro

    At 1950 1960/1970 1980 1990 2000

    Informao para planejamento e controle gerencial

    Reduo de desperdcio de recursos nos processos do negcio

    Criao de valor atravs do uso efetivo dos recursos

    Foco

    Evoluo da Contabilidade Gerencial

    Cada estgio da evoluo representa adaptao para um novo conjunto de condies que as organizaes enfrentam, pela absoro, reforma e adio aos focos e tecnologias utilizadas anteriormente. Cada estgio uma combi-nao do velho e do novo, com o velho sendo reformado para ajustar-se com o novo em combinao a um novo conjunto de condies para o ambiente gerencial. A Contabilidade Gerencial atual refere-se ao produto do processo de evoluo cobrindo os quatro estgios. (IFAC, pargrafos 9 e 15)

    Nos estgios 3 e 4, ela (a Contabilidade Gerencial) vista como uma parte integral do processo de gesto, com informaes sendo disponibilizadas em tempo real diretamente para a administrao, e com a distino entre admi-nistrao de apoio e linha sendo progressivamente embaada. O foco do uso dos recursos (incluindo a informao) para criar valor uma parte integral do processo gerencial nas organizaes. (IFAC, pargrafo 19). Nos estgios 3 e 4, a informao vista como um recurso organizacional, juntamente com outros recursos organizacionais; o foco, agora, contudo, na reduo das perdas e

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    desperdcios desses recursos (tanto em termos reais como financeiros) e em conservar ou alavancar seu uso na gerao ou criao de valor. (IFAC, par-grafo 17)

    A Contabilidade Gerencial, como uma parte integral do processo de gesto, adiciona valor distintivamente pela investigao contnua sobre a efe-tividade da utilizao dos recursos pelas organizaes na criao de valor para os acionistas, clientes e outros credores. (IFAC, pargrafo 29)

    A funo-objetivo da Contabilidade Gerencial de criao de valor para os acionistas um conceito objetivo, pois pode ser mensurado economicamen-te. A criao do valor para o acionista centra-se na gerao do lucro empre-sarial, que, por sua vez, transferido para os proprietrios da entidade, que genericamente estamos denominando de acionistas. O pequeno e simples exemplo, sobre objetivo de finanas com a abertura de uma empresa, de Ross, Westerfield e Jaffe ilustra bem a questo: No linguajar financeiro, seria feito um investimento em ativos, tais como estoques, mquinas, terrenos e mo de obra. O dinheiro aplicado em ativos deve ser contrabalanado por uma quan-tia idntica de dinheiro gerado por algum financiamento. Quando comear a vender, sua empresa ir gerar dinheiro. Essa a base da criao de valor (grifo nosso). A finalidade da empresa criar valor para o seu proprietrio. O valor est refletido no modelo bsico da empresa, representado pelo seu balano patrimonial.

    Assim o conceito de criao (ou adio) de valor na Contabilidade Geren-cial, como em finanas, est ligado ao processo de gerao de lucro para os acionistas.

    Dentro desses pontos referenciais, a controladoria, no exerccio da funo contbil gerencial, pode monitorar adequadamente o processo de gerao de valor dentro da empresa, atravs da:

    adoo dos conceitos adequados de mensurao do lucro empresarial, que, em nosso entendimento, so derivados do conceito de lucro eco-nmico1;

    apoio s atividades operacionais no processo de gerao de valor, atra- vs do sistema de informao contbil gerencial.

    A controladoria, atravs do sistema contbil gerencial, que incorpora os conceitos de lucro econmico, d as condies empresa de avaliar todo o

    1 Lucro econmico o conceito de mensurao do lucro pela avaliao dos ativos pelo valor pre-sente do fluxo futuro de benefcios ou lucros, e, consequentemente, incor-porao do conceito de goodwill.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    processo de gerao ou criao de valor (gerao de lucro para os acionistas). Outrossim, considerando que para exercer as funes de controladoria so necessrios recursos, que custam para a empresa, essa funo, como todo re-curso internado, deve ser sempre avaliada luz dos benefcios gerados. Dessa maneira, cabe ao controlador, e empresa, avaliar o exerccio da funo de controladoria dentro da relao custo versus benefcio da produo de infor-mao, como qualquer sistema informacional existente dentro da empresa.

    O estgio atual da Contabilidade Gerencial est centrado nas atividades e sistemas de informaes de monitoramento da estratgia. Complementando o estudo do IFAC de 1998, esse estgio tambm abarca os estgios evolutivos anteriores e d maior abrangncia cincia contbil e funo de contro-ladoria. Ponto referencial para esse estgio o trabalho de Kaplan e Norton (1997) com o desenvolvimento do modelo de controle de metas estratgicas denominado de balanced scorecard. Outro trabalho fundamental para conso-lidao desse novo estgio, o estgio 5 da evoluo da Contabilidade Geren-cial, o estudo nmero 9, tambm do IFAC, Enhancing Sharehold Wealth by Better Managing Business Risk (1999), incorporando Contabilidade Gerencial a funo de Gesto de Riscos.

    O estgio 5, por volta de 2000, incorpora como funo da Contabilidade Gerencial as atividades de disponibilizao e controle de sistemas de infor-maes para monitoramento da estratgia, com a) implementao de siste-mas de informaes para anlise do ambiente empresarial, interno e externo, para o processo de planejamento estratgico, identificando oportunidades e ameaas e confrontando com os pontos fortes e fracos da entidade, b) o de-senvolvimento de cenrios, c) o controle de metas estratgicas por meio do balanced scorecard e d) o desenvolvimento e implementao de um sistema global de gesto de riscos.

    Atividades de aplicao1. Caracterize os elementos mais importantes da Contabilidade Finan-

    ceira.

    2. Caracterize os elementos mais importantes que diferenciam a Conta-bilidade Gerencial da Contabilidade Financeira.

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  • Introduo Contabilidade Gerencial

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    3. Discorra resumidamente sobre as diferenas dos fatores custo, pers-pectiva dos relatrios e moedas entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial.

    RefernciasANTHONY, Robert N. Contabilidade Gerencial. So Paulo: Atlas, 1979.

    ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YOUNG, S. Mark. Contabilidade Gerencial. So Paulo: Atlas, 2000.

    IUDCIBUS, Srgio de. Contabilidade Gerencial. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1987.

    PADOVEZE, Clvis Lus. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de in-formao contbil. 6. ed. So Paulo: Atlas, 2009.

    RICCIO, Edson Luiz. Uma Contribuio ao Estudo da Contabilidade como Sis-tema de Informao. Tese (Doutorado) Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade de So Paulo (FEA-USP), So Paulo, 1989.

    Gabarito1. A Contabilidade Financeira a expresso mais conhecida da contabi-

    lidade tradicional, a contabilidade obrigatria para as entidades para fins societrios e tributrios. Em razo de sua obrigatoriedade, a Con-tabilidade Financeira regulada por rgos governamentais e norma-tizada por entidades de classe.

    Para garantir um padro de uniformidade das informaes contbeis para os usurios externos, a Contabilidade Financeira estruturada em cima de normas que valem para todas as empresas. Essas normas so apresentadas como prticas contbeis. As prticas contbeis so fundamentadas em princpios contbeis. Os princpios contbeis so denominados mundialmente como Princpios Contbeis Geralmente Aceitos (PCGA). No Brasil, foram denominados de Princpios Funda-mentais de Contabilidade.

    2. A Contabilidade Gerencial tem como foco o processo de tomada de deciso dos usurios internos, ou seja, deve atender todas as pessoas dentro da empresa, em qualquer nvel hierrquico, que necessitam da informao contbil para tomar decises em suas respectivas reas.

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    Introduo Contabilidade Gerencial

    A Contabilidade Gerencial mais analtica, mais detalhada, que a Con-tabilidade Financeira. A Contabilidade Financeira apresenta seus rela-trios para os usurios externos em formatos sintticos, em grandes nmeros, como, por exemplo, o balano patrimonial.

    A Contabilidade Gerencial parte das informaes existentes na Conta-bilidade Financeira e faz os complementos necessrios para o uso dos gestores. No tem modelos especficos de relatrios. As informaes contbeis gerenciais devem ser apresentadas em relatrios desenvol-vidos para cada tomada de deciso e adaptados para o perfil do usu-rio do relatrio.

    3. Com relao ao fator custo, Contabilidade Financeira primariamen-te trabalha com os valores decorrentes das transaes j realizadas, denominados de valores histricos ou de custos. Basicamente, s nos casos em que o valor de mercado for inferior ao custo que haver a substituio do valor contbil. J a Contabilidade Gerencial no tem essa obrigatoriedade. Alm dos dados histricos e de custos, ela incor-pora dados previstos, principalmente para as decises que necessitam de projeo ou oramentao de receitas e despesas.

    A Contabilidade Financeira deve ser sempre feita na moeda corrente do pas. A Contabilidade Gerencial pode incorporar em seus relatrios e modelos decisrios qualquer outro tipo de moeda, bem como deve incorporar ao mximo dados quantitativos e indicadores relativos, tudo no objetivo de facilitar o processo de tomada de deciso.

    Quanto perspectiva dos relatrios, a Contabilidade Financeira, por utilizar a mensurao pelo custo, automaticamente tem uma perspec-tiva histrica, pois trabalha com informaes de transaes j realiza-das. Nesse particular, clara a diferena com a Contabilidade Gerencial, que, necessariamente, tem uma perspectiva de futuro, pois fundamen-talmente trabalha com os dados para tomar aes no futuro.

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  • Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    A base em que se assenta o sistema de informao contbil gerencial a Contabilidade Financeira. Podemos afirmar com segurana que sem uma Contabilidade Financeira bem estruturada impossvel de se obter uma Contabilidade Gerencial adequada.

    Nesse sentido, impe-se uma estruturao do sistema de informao contbil que preencha, ao mesmo tempo, os requisitos da Contabilidade Financeira (para atendimento das legislaes societrias e fiscais) e as ne-cessidades gerenciais de informaes para planejamento, controle e tomada de deciso.

    Os fundamentos para estruturao do sistema de informao contbil que contemple todas as necessidades gerenciais so:

    identificar todas as necessidades de informaes gerenciais, partindo das necessidades da alta administrao, passando pelas necessidades da mdia administrao e do ltimo nvel gerencial;

    identificar as necessidades de informaes regulatrias, societrias e fiscais;

    identificar as necessidades operacionais do setor de contabilidade geral;

    estruturar a conta contbil de modo a absorver todas as necessida- des gerenciais, primeiramente, e em seguida, as necessidades legais e operacionais;

    estruturar o plano de contas que atenda as necessidades gerenciais e as necessidades regulatrias.

    A estruturao adequada do plano de contas contbil tem como refern-cia as duas demonstraes contbeis bsicas:

    o balano patrimonial;

    a demonstrao do resultado.

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    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    Essas demonstraes contbeis bsicas so complementadas pela ter-ceira demonstrao que fecha o ciclo das demonstraes contbeis bsicas imprescindveis para o gerenciamento das empresas: a demonstrao dos fluxos de caixa.

    Portanto, o modelo gerencial de controle empresarial est assentado nessas demonstraes contbeis bsicas, que devem ser complementadas com outras demonstraes contbeis, algumas das quais so obrigatrias para fins legais e fiscais.

    Demonstraes contbeis bsicasAs demonstraes contbeis bsicas tradicionais para fins de Contabili-

    dade Financeira so:

    balano patrimonial;

    demonstrao do resultado do exerccio;

    demonstrao dos lucros ou prejuzos acumulados;

    demonstrao das mutaes do patrimnio lquido;

    notas explicativas.

    Balano patrimonialO balano patrimonial a demonstrao contbil mais importante. Ela

    reflete os efeitos patrimoniais retidos na empresa numa determinada data decorrente de todas as transaes efetuadas pela empresa at aquele momento.

    Em tese, o balano patrimonial reflete toda a riqueza da empresa, o capi-tal investido e todos os lucros da vida da empresa at aquele momento que ainda no foram distribudos.

    A figura central do balano patrimonial o patrimnio lquido. Contabil-mente composto do capital social, mais reservas e prejuzos acumulados. Em termos gerenciais, as reservas significam ganhos que a empresa teve,

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  • Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

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    que foram reportados ou no nas demonstraes de resultados de perodos anteriores, e que no foram ainda nem capitalizados nem distribudos.

    Em termos gerenciais, o balano patrimonial reflete nas contas de ativo, passivo e patrimnio lquido:

    todos os efeitos das despesas e receitas que so demonstradas na demonstrao dos resultados de todos os perodos at a data do balano;

    todos os efeitos das transaes financeiras de recebimentos ou paga- mentos, ou seja, os fluxos de caixa realizados at a data do balano.

    Dessa maneira, o balano patrimonial caracteriza-se por conter todas as informaes resultantes de todas as transaes da empresa at a data em que o balano for levantado.

    A caracterstica marcante do balano patrimonial (e a sua eventual de-ficincia se no for corretamente interpretado) que ele mostra a situao da empresa num determinado momento, razo pela qual definido como a representao esttica do patrimnio. Essa eventual deficincia su-prida pela demonstrao do resultado do perodo e pela demonstrao dos fluxos de caixa, para que no se faa um balano patrimonial aps cada fato ou diariamente.

    A utilizao gerencial do balano patrimonial muito vasta. Comea pelo prprio entendimento de sua estrutura e dos critrios de avaliao dos ativos e passivos e conclui-se pela metodologia de anlise financeira ou anlise de balano, de onde se extrai vrios indicadores e referncias para entender a empresa e o andamento das operaes.

    Em termos prticos, alm da anlise de balano, a eficcia de informa-es gerenciais a partir do balano o seu acompanhamento sistemtico. Assim, para fins gerenciais, no possvel trabalhar com balanos anuais ou trimestrais. imperioso a elaborao de balanos patrimoniais mensais e o acompanhamento peridico de suas variaes. Essas variaes, em tese, so variaes de lucro, de caixa, de investimentos e financiamentos. Portanto, a utilizao gerencial do balano patrimonial primeiro elemento de Conta-bilidade Gerencial.

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    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    Estrutura de apresentao

    Quadro 1 Estrutura do balano patrimonial

    ATIVO PASSIVOCIRCULANTE Caixa e bancos Aplicaes financeiras Ttulos a receber de clientes () Ttulos descontados () Crditos de liquidao duvidosa Estoques (Mercadorias, materiais, produtos em elaborao, produtos acabados) Adiantamentos a fornecedores Outros crditos (impostos a recuperar, outros valores a receber ou realizar) Despesas do exerccio seguinteNO CIRCULANTERealizvel a longo prazo Ttulos a receber Crditos com empresas ligadas Ttulos mobilirios Investimentos temporriosInvestimentos Em empresas ligadas Em outras empresasImobilizado () Depreciao e exausto acumuladaIntangvel Gastos com gerao de marcas, patentes, licenas, softwares etc. passveis de revenda Goodwill decorrente de aquisies

    CIRCULANTE Ttulos a pagar a fornecedores Impostos a recolher sobre mercadorias Impostos a recolher sobre lucros Salrios e encargos a pagar Contas a pagar Adiantamentos de clientes Emprstimos e financiamentos Participaes a pagar Dividendos e lucros a distribuir

    NO CIRCULANTEExigvel a longo prazo Emprstimos e financiamentos Impostos refinanciados Mtuos de coligadas e controladasReceitas diferidas Receitas () despesasPatrimnio lquido Capital social () Aes em tesouraria Reservas de capital Ajustes de avaliao patrimonial Reservas de lucros Prejuzos acumulados

    TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO

    Exemplo numrico

    Apresentamos a seguir um exemplo numrico que servir para todas as demonstraes contbeis apresentadas neste captulo. Parte de um balano patrimonial e um conjunto dos principais eventos de uma empresa comer-cial, com objetivo de evidenciar a estruturao e integrao de todas as de-monstraes contbeis.

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  • Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

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    Tabela 1 Balano patrimonial (inicial e final)

    ATIVO Inicial (R$)Final (R$) PASSIVO

    Inicial (R$)

    Final (R$)

    CIRCULANTE CIRCULANTE

    Caixa/bancos/apl. financeiras 800,00 1.440,00 Dupls. a pagar fornecedores 570,00 1.070,00

    Dupls. a receber clientes 1.620,00 3.510,00 Salrios e encargos a pagar 180,00 190,00

    Estoque de mercadorias 3.100,00 2.100,00 Contas a pagar 120,00 80,00

    Soma 5.520,00 7.050,00 Imp. a recolher s/ mercadorias 350,00 590,00

    No circulanteEmprstimos 1.200,00 0,00

    Soma 2.420,00 1.930,00

    Realizvel a longo prazo 100,00 100,00 No circulante

    Investimentos Exigvel a longo prazo

    Em controladas 2.200,00 2.500,00 Financiamentos 4.800,00 5.600,00

    Imobilizado Patrimnio lquido

    Valor histrico 8.280,00 9.000,00 Capital social 6.000,00 7.000,00

    () Depreciaes acumuladas (2.500,00) (3.400,00) Reservas 380,00 720,00

    Soma 5.780,00 5.600,00 Lucros/prejuzos acumulados 0,00 0,00

    Intangvel 0,00 0,00 Soma 6.380,00 7.720,00

    Soma no circulante 8.080,00 8.200,00 Soma no circulante 11.180,00 13.320,00

    ATIVO TOTAL 13.600,00 15.250,00 ATIVO TOTAL 13.600,00 15.250,00

    Tabela 2 Principais eventos econmicos de um perodo

    R$1. Vendas a prazo, com impostos de 10%. Custo R$14.500,00 23.800,002. Recebimento das vendas 21.910,003. Compra de mercadorias a prazo, com impostos de 10% 15.000,004. Pagamento das compras 14.500,005. Salrios e encargos sociais do perodo 2.800,006. Pagamento de salrios e encargos sociais 2.790,007. Despesas gerais do perodo 1.400,008. Pagamento das despesas gerais 1.440,009. Aumento de capital social em dinheiro 1.000,0010. Contratao de novo financiamento, a longo prazo 500,0011. Pagamento de parcelas do emprstimo de curto prazo 1.200,0012. Aquisio de novos imobilizados vista 720,0013. Juros dos emprstimos e financiamentos, no perodo 300,0014. Receita de aplicaes financeiras no perodo 20,0015. Depreciaes do perodo 900,0016. Equivalncia patrimonial do perodo 300,0017. Recolhimento de impostos sobre mercadorias 640,0018. Impostos sobre o lucro pagos no perodo 700,0019. Dividendos distribudos no perodo 800,0020. Lucros acumulados transferidos para reservas 340,00

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    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    Os dados do balano patrimonial final da tabela 1 foram obtidos pela contabilizao de todos os eventos constantes da tabela 2. Alguns dos even-tos passaram pela demonstrao do resultado e outros afetaram apenas o balano patrimonial final.

    Demonstrao do resultado do perodoO objetivo dessa demonstrao evidenciar o lucro ou prejuzo nas ope-

    raes da empresa de um determinado perodo. Portanto, a demonstrao do resultado insere-se entre dois balanos patrimoniais, o do incio e o do fim do perodo.

    Balano patrimonial

    Incio do perodo

    Balano patrimonial

    Fim do perodoDemonstrao do

    resultado do perodo

    Os elementos da demonstrao de resultados so as receitas e despesas. O impacto das receitas e despesas refletido no balano patrimonial. Por-tanto, as duas demonstraes so afetadas concomitantemente.

    Em termos gerenciais, a demonstrao do resultado do perodo muito rica, ficando atrs apenas do balano patrimonial. Sendo seu foco receitas e despesas natural que a utilizao gerencial concentre-se nesses dois gran-des grupos de elementos patrimoniais.

    O principal aspecto gerencial da demonstrao do resultado que ela mostra a capacidade de gerao ou criao de valor empresarial, e, consequen-temente, de fluxo de caixa. Alm disso, por meio da avaliao da lucrativi-dade evidenciada na demonstrao de resultados que se avalia o retorno do investimento, quando se confronta o lucro obtido com o investimento realizado evidenciado no balano patrimonial.

    O retorno do investimento pode ser analisado tanto da tica do ativo total quanto da tica do patrimnio lquido. A tica do ativo total mostra a rentabilidade da empresa sem levar em considerao quem investiu nela. A tica do patrimnio lquido mostra a rentabilidade apenas dos acionistas ou scios (seus proprietrios).

    A estrutura da demonstrao de resultados o modelo para o planeja-mento oramentrio. Com os dados da demonstrao de resultados que

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  • Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

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    se modela o sistema de custos e formao de preos de venda da empresa, ficando clara a sua importncia gerencial.

    Estrutura de apresentao perodo anual

    Quadro 2 Estrutura da demonstrao do resultado do exerccio

    Demonstrao do resultado do exerccio perodo de 01/01 a 31/12Receita operacional bruta

    () Tributos incidentes sobre vendas

    () Devolues e abatimentos

    = Receita operacional lquida

    () Custo das mercadorias vendidas (se comrcio)

    Custo dos produtos vendidos (se indstria)

    Custo dos servios vendidos (se prestao de servios)

    = Lucro bruto

    (+) Outras receitas operacionais

    () Despesas operacionais

    Administrativas

    Com vendas

    Tributrias

    Financeiras lquidas

    (Despesas financeiras () receitas financeiras)

    Outras despesas operacionais

    Equivalncia patrimonial

    = Lucro (prejuzo) operacional

    (+) Outras receitas

    () Outras despesas

    = Resultado do exerccio antes do imposto de renda

    () Proviso para imposto de renda e contribuio social sobre o lucro

    () Participao dos administradores

    () Participao dos empregados

    = Lucro (prejuzo) do exerccio

    Exemplo numrico

    A demonstrao do resultado do perodo da tabela 3 foi elaborada a partir dos eventos econmicos da tabela 2. A demonstrao do resultado recebe apenas os eventos que alteram o patrimnio lquido da empresa, que so os elementos de despesas e receitas do perodo.

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    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    Tabela 3 Demonstrao do resultado do perodo

    R$Receita operacional bruta 23.800,00() Impostos sobre vendas (2.380,00)Receita operacional lquida 21.420,00() Custo das mercadorias vendidas (14.500,00)= Estoque inicial 3.100,00(+) Compras brutas 15.000,00() Impostos sobre compras (1.500,00)() Estoque final (2.100,00)Lucro bruto 6.920,00Despesas operacionais(Administrativas e comerciais)Salrios e encargos sociais (2.800,00)Despesas gerais (1.400,00)Depreciaes (900,00)Lucro operacional 1.820,00Receitas financeiras 20,00Despesas financeiras (300,00)Equivalncia patrimonial 300,00Lucro antes dos impostos 1.840,00Impostos sobre o lucro (700,00)Lucro lquido aps impostos 1.140,00

    Demonstrao dos lucros ou prejuzos acumulados

    O objetivo dessa demonstrao evidenciar a movimentao dos lucros dos vrios perodos constantes do balano patrimonial, identificao das diversas distribuies ocorridas e o valor ainda retido na empresa, se for o caso.

    Considerando os eventos econmicos da tabela 1 e mais a apurao do resultado do perodo, esta demonstrao teria a seguinte apresentao:

    Tabela 4 Demonstrao de lucros ou prejuzos acumulados

    Saldo inicial de lucros acumulados 0,00(+) Lucro do perodo 1.140,00() Transferncia para reservas (340,00)() Distribuio de dividendos (800,00)Saldo final de lucros acumulados 0,00

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    A utilizao gerencial da demonstrao dos lucros acumulados centra-se claramente nas importncias de lucros distribudos ou retidos. Em termos financeiros, a demonstrao que evidencia a poltica de dividendos. uma das decises financeiras mais importantes, com relevncia especial para as companhias abertas (sociedades annimas com aes cotadas nas bolsas de valores), pois caracteriza-se como uma informao fundamental para avalia-o do valor da empresa para o investidor.

    Demonstrao das mutaes do patrimnio lquido

    O objetivo dessa demonstrao apresentar a movimentao de todas as contas do patrimnio lquido, que so: capital social, reservas de capi-tal, reservas de lucros, ajustes de avaliao patrimonial, lucros e prejuzos acumulados.

    Essa demonstrao um prolongamento da demonstrao da conta de lucros acumulados. Na realidade, ela engloba a demonstrao de lucros acu-mulados, adicionando a movimentao das demais contas do patrimnio lquido. O tabela 5 apresenta a movimentao do patrimnio lquido, com os dados do nosso exemplo.

    Tabela 5 Demonstrao das mutaes do patrimnio lquido

    Movimentao Capital social Reservas Lucros acumulados TotalSaldo inicial 6.000,00 380,00 0,00 6.380,00

    Aumento de capital em dinheiro

    1.000,00 - - 1.000,00

    Lucro lquido do perodo - - 1.140,00 1.140,00

    Distribuio de dividendos - - (800,00) (800,00)

    Transferncia para reservas - 340,00 (340,00) 0,00

    Saldo final 7.000,00 720,00 0,00 7.720,00

    A utilizao gerencial uma sequncia da utilizao da demonstrao dos lucros acumulados. Deixa claro se houve ou no aumento de capital social, se houve reduo do capital social e recompra de aes ou cotas para tesouraria, se a empresa est optando por reter lucros ou no em re-servas etc.

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    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    Notas explicativasComo os nmeros apresentados nas demonstraes contbeis so sint-

    ticos, mensurados dentro de determinados critrios, as notas explicativas re-presentam o conjunto de evidenciao complementar para o entendimento adequado de todos os nmeros e rubricas das demonstraes contbeis.

    Todas as necessidades de informaes complementares s demonstra-es contbeis devem ser ilustradas atravs de notas explicativas. Basica-mente elas so necessrias para:

    apresentar os principais critrios de avaliao utilizados na ela- borao das demonstraes bsicas e as legislaes e normas obedecidas;

    detalhar os principais nmeros do balano patrimonial e da demons- trao de resultados, quando necessrios, tais como as principais con-tas dos estoques, contas a receber, imobilizado, investimentos, finan-ciamentos etc.;

    evidenciar critrios e procedimentos alternativos ou no usuais utiliza- dos para o perodo em questo;

    complementar com explicaes sobre eventos econmicos no rotineiros e significativos acontecidos no perodo e seus impactos patrimoniais.

    No h padro para sua apresentao. Para cada item relevante do ativo e passivo que necessite um detalhamento abre-se um espao para apresenta-o. Normalmente faz-se uma referncia numrica ligando a nota explicativa ao item que est sendo detalhado ou analisado.

    As principais notas devem abordar os seguintes itens e aspectos, se-gundo o Artigo 176, pargrafo 5., da Lei 6.404/76, com as alteraes da Lei 11.941/2009:

    apresentar os principais critrios de avaliao dos elementos patrimo- niais, especialmente estoques, dos clculos de depreciao, amortiza-o e exausto, de constituio de provises para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas provveis na realizao de elemen-tos do ativo;

    os investimentos em outras sociedades, quando relevantes;

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    o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliaes;

    os nus reais constitudos sobre elementos do ativo, as garantias presta- das a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;

    a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigaes a longo prazo;

    o nmero, espcies e classes das aes do capital social;

    os eventos subsequentes data de encerramento do exerccio que te- nham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situao financeira e os resultados futuros da companhia.

    A importncia gerencial das notas explicativas que ela permite capturar mais informaes e detalhes no processo de anlise de balano, clarificando alguns itens que no ficam claros, eventualmente, nos nmeros do balano patrimonial e da demonstrao do resultado.

    Demonstrao dos fluxos de caixaO fluxo de caixa tem duas apresentaes bsicas:

    mtodo indireto, que evidencia a movimentao do saldo de caixa no perodo, partindo da gerao de caixa atravs da demonstrao de re-sultados e das variaes dos elementos patrimoniais do balano que geram ou necessitam de caixa;

    mtodo direto , que evidencia a movimentao do saldo de caixa do perodo, coletando as informaes especficas das entradas e sadas de numerrio constante das contas de disponibilidades (caixa, bancos e aplicaes financeiras).

    O mtodo indireto estruturado no enfoque de movimentao de ori-gens e aplicaes dos recursos e o mtodo direto tem o formato tradicional utilizado pela rea de tesouraria das empresas. Nos dois mtodos, o fluxo de caixa deve ser apresentado segregado por grupos de movimentaes financeiras de natureza similar, para permitir uma anlise mais adequa-da da gerao de lucro e caixa, e da movimentao financeira do perodo. Dessa maneira, o fluxo de caixa apresentado em trs grandes segmentos de informaes:

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    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    fluxo de caixa das atividades operacionais;

    fluxo de caixa das atividades de investimentos;

    fluxo de caixa das atividades de financiamentos.

    Fluxo de caixa das atividades operacionais o fluxo de caixa mais importante, no sentido que, em linhas gerais, deve

    ser sempre positivo. Representa fundamentalmente a transformao do lucro, que apurado pelo regime de competncia, em caixa. Portanto, representa o corao do empreendimento, que o resultado das operaes normais.

    O lucro apurado no momento da ocorrncia dos eventos de receitas e despesas (regime de competncia) independentemente de seu recebimen-to ou pagamento. Os recebimentos ou pagamentos das receitas e despesas contidas na demonstrao do lucro ocorrem, normalmente, posteriormente. Nesses momentos que se caracteriza o fluxo de caixa. Ou seja, o momen-to da transformao do lucro em caixa.

    Fluxo de caixa das atividades de investimentoRepresenta os valores a serem aplicados nos ativos imobilizados, intang-

    veis, e investimentos de carter de permanncia. Basicamente essas aplica-es tm como foco o futuro do empreendimento, ou seja, preparam a em-presa para as operaes futuras. Contempla tambm os desinvestimentos.

    Fluxo de caixa das atividades de financiamentoCompreende a movimentao dos supridores de capital para o empreen-

    dimento. Contempla a entrada de novos financiamentos e de novos aumen-tos de capital social, bem como as amortizaes dos financiamentos existen-tes, as redues de capital social e o pagamento de lucros ou dividendos aos scios ou acionistas.

    Mtodo indiretoO mtodo indireto assim denominado porque no se preocupa dire-

    tamente com a movimentao ocorrida no caixa. Seu objetivo dar uma

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    viso da movimentao geral dos recursos. Para o fluxo de caixa das ativi-dades operacionais, parte da premissa de que o lucro ser transformado em caixa em algum momento, mas que temporariamente parte das recei-tas no ser recebida, ficando retida nas contas do ativo circulante e parte das despesas temporariamente no ser paga, ficando como obrigaes no passivo circulante.

    Como as receitas e despesas esto contidas no lucro do perodo, a de-monstrao pelo mtodo indireto parte do lucro, com os ajustes por receitas no recebidas e despesas no pagas, apresentadas no grupo ajustes por mu-dana no capital de giro. Os demais segmentos do fluxo de caixa, de investi-mentos e financiamentos, so similares ao mtodo direto.

    Estrutura de apresentaoTabela 6 Fluxo de caixa do perodo mtodo indireto

    R$I DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

    Lucro lquido do exerccio 1.140,00

    (+/) Receitas e despesas no efetivadas financeiramente

    Depreciaes 900,00

    Equivalncia patrimonial (300,00)

    Baixa de elementos do imobilizado e intangvel 0,00

    = Lucro gerado pelas operaes 1.740,00

    (+/) Ajustes por mudana no capital de giro

    () Aumento de duplicatas a receber (1.890,00)

    (+) Diminuio dos estoques 1.000,00

    (+) Aumento de fornecedores 500,00

    (+) Aumento de salrios e encargos a pagar 10,00

    () Reduo de contas a pagar (40,00)

    (+) Aumento de impostos a recolher 240,00

    Subtotal (180,00)

    Total 1.560,00

    II DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOAumento dos financiamentos de longo prazo 800,00

    () Reduo dos emprstimos de curto prazo (1.200,00)

    Aumento de capital em dinheiro 1.000,00

    Distribuio de dividendos (800,00)

    Total (200,00)

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    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    III DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOAquisio de imobilizados (720,00)

    Aumento do realizvel a longo prazo 0,00

    Aumento de investimentos e intangveis 0,00

    Total (720,00)

    AUMENTO DE CAIXA DO PERODO (I + II + III) 640,00Saldo inicial de caixa/bancos/aplicaes financeiras 800,00

    Saldo final de caixa/bancos/aplicaes financeiras 1.440,00

    Integrao com as demonstraes contbeis bsicas

    A caracterstica bsica desse mtodo que ele totalmente integrado com a demonstrao do resultado do perodo e com o balano patrimonial, integrao essa evidenciada pela prpria estrutura de apresentao. Todos os dados do mtodo indireto so obtidos dessas duas demonstraes, seja de forma direta ou de forma indireta.

    Os dados iniciais do fluxo das atividades operacionais so obtidos dire-tamente da demonstrao dos resultados. Os dados do grupo ajustes por mudana no capital de giro so obtidos pela diferena entre os saldos finais e iniciais do balano patrimonial de cada conta.

    Os dados dos fluxos dos financiamentos e investimentos tambm podem ser obtidos pela diferena dos saldos finais e iniciais das contas do balano patrimonial. Dados de aumento de capital em dinheiro e distribuio de di-videndos podem ser obtidos tambm pela demonstrao das mutaes do patrimnio lquido.

    Anlise e entendimentoO ponto de anlise mais importante a necessidade do saldo positivo

    do fluxo de caixa operacional, uma vez que seu principal formador o lucro operacional. Esse fluxo representa a razo de ser da organizao, porque o lucro operacional reflete a eficcia empresarial. Confrontando com o valor do ativo operacional (o valor do investimento da empresa), obtm-se a medida do retorno do investimento.

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  • Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

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    Os ajustes por mudana no capital de giro so excludos (ou aumentados) do lucro das operaes porque o capital de giro est intrinsecamente ligado s operaes e o valor de seus elementos tende a acompanhar o ritmo das operaes. Assim, se a empresa aumenta o volume das operaes, com o aumento das receitas, deve aumentar o lucro. Consequentemente, dever ter aumento nos itens do balano patrimonial relacionados com o capital de giro, porque se as receitas aumentam, provavelmente haver aumento no valor dos estoques, das duplicatas a receber, dos fornecedores etc.

    No h dvida de que pode haver saldo negativo do fluxo operacional em algum perodo. O que no pode acontecer saldo negativo constante. De um modo geral, saldos negativos constantes do fluxo de caixa operacio-nal indicam prejuzo ou excesso de reteno no capital de giro (por excesso de estoques, aumento de inadimplncia etc.).

    O fluxo de caixa das atividades de investimentos normalmente negati-vo, no sentido de que a empresa tende a estar sempre investindo e raramen-te est desinvestindo. O fluxo de caixa das atividades de investimentos deve ser analisado em relao ao futuro da empresa, uma vez que os investimen-tos so feitos no pressuposto de retorno futuro, em horizontes temporais normalmente acima de cinco anos.

    Caso haja constante fluxo negativo das atividades de investimentos e fluxos de caixa das atividades operacionais de perodos futuros negativos, significa que o lucro esperado dos investimentos no aconteceu, resultando em problemas para a empresa.

    O saldo positivo de fluxo de caixa de financiamentos tende a ser con-frontado com o saldo negativo do fluxo de caixa das atividades de investi-mentos. O mais comum que as empresas financiem seus investimentos ou com recursos de emisso de aes ou com captao de recursos de tercei-ros, cujo pagamento ser no futuro medida que os lucros do investimento acontecerem.

    Quando a empresa est em momentos de maturao do investimento, h a tendncia de o fluxo de caixa das atividades operacionais ser positivo, fluxo de caixa das atividades de investimento ser nulo ou poucamente negativo, e o fluxo de caixa das atividades de financiamento ser negativo em razo da amortizao dos financiamentos feitos anteriormente e do pagamento dos dividendos aos acionistas.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

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    Demonstraes contbeis bsicas e fluxo de caixa

    Mtodo diretoPara o gerenciamento da tesouraria e bem como para avaliao da mo-

    vimentao financeira pela controladoria, o fluxo de caixa considerando a acumulao dos dados da movimentao financeira fundamental para acompanhar o ciclo financeiro das transaes dos eventos econmicos.

    O mtodo direto para elaborao do fluxo de caixa consiste na acumu-lao das informaes que movimentaram as contas do grupo disponvel. Consideramos como disponibilidades as contas representativas de caixa, bancos e aplicaes financeiras. O responsvel pela rea financeira, ao ela-borar o fluxo de caixa pelo mtodo direto, vale-se das informaes extradas das movimentaes bancrias e dos caixas, uma vez que todas as transaes de pagamentos e recebimentos transitam por essas contas.

    A tabela 2 apresenta uma srie de eventos econmicos. Desses eventos econmicos alguns se caracterizam por evidenciar a efetivao financei-ra dos eventos. Todos esses eventos caracteristicamente financeiros que devem ser acumulados em contas para elaborao do fluxo de caixa pelo mtodo direto. No nosso exemplo, so movimentao de caixa os eventos nmeros 2, 4, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 19 e 20.

    Estrutura de apresentaoTabela 7 Fluxo de caixa do perodo mtodo direto

    R$I OPERACIONAL

    Recebimentos 21.910,00ClientesPagamentosFornecedores (14.500,00)Salrios e encargos sociais (2.790,00)Despesas gerais (1.440,00)Impostos sobre mercadorias (640,00)Impostos sobre o lucro (700,00