Contação de História

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A arte de contar

Histórias

IGREJA METODISTAIGREJA METODISTAIGREJA METODISTAIGREJA METODISTA

Distrito de UberlândiaDistrito de UberlândiaDistrito de UberlândiaDistrito de Uberlândia

Departamento Distrital de Departamento Distrital de Departamento Distrital de Departamento Distrital de

Trabalho com CriançasTrabalho com CriançasTrabalho com CriançasTrabalho com Crianças

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Prefacio

O intuito desse material é levá-lo(a) a contar histórias para crianças, de forma simples, porém responsável. Contá-las é relativamente fácil, mas exige de quem as conta um real interesse nesse relacionamento, exige respeito aos limites, às emoções e aos valores dessa criança e duas coisas podem fazê-los(as) bons(oas) contadores(as) de histórias, primeiro é voltar a ser criança, e em segundo e mais importante, é necessário unção, porque nossa história será a palavra viva ministrada aos corações dos pequeninos ouvintes.

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1. O valor educacional das histórias As histórias são excelentes ferramentas de trabalho na tarefa de educar e vários motivos existem para isso:

• as crianças gostam muito

• levam a uma empatia com os alunos

• a variedade de temas é praticamente inesgotável

• pouca exigência de recursos materiais para sua aplicação

• os vários aspectos educacionais que podem ser focados

Histórias são bastante úteis para trabalhar os seguintes aspectos internos da

criança :

Caráter: Histórias escolhidas de feitos heroicos, conteúdos que encerram lições de vida, parábolas em que o bem prevalece sobre o mal são lições que as crianças absorvem. Por meio das histórias, as crianças defrontam-se com situações fictícias e percebem as várias alternativas que elas oferecem, podendo antever as consequências que a decisão por cada uma delas trará. Com isso adquirem vivência e referências para montar os seus próprios valores. Raciocínio: As histórias mais elaboradas, de enredos intrigantes, agitam o raciocínio das crianças, que as acompanham mentalmente, interrogando-se como agiriam naquela situação. Imaginação: As crianças ouvem atentos as narrações e com isso acompanham-nas mentalmente. Desta forma consegue-se situações verdadeiramente formidáveis! Com elas podemos transitar pelo tempo e o espaço, estando ora no Antigo testamento, ora no Novo. Podemos "bater um papo" com Paulo, participar de guerras ou conhecer a selva. Nas histórias tudo é possível! O exercício da imaginação traz grande proveito às crianças, primeiro porque atende a uma necessidade muito grande que elas têm de imaginar. As fantasias não são somente um passatempo; elas ajudam na formação da personalidade na medida em que possibilitam fazer conjecturas, combinações, visualizações como tal coisa seria "desta" ou "de outra forma". Criatividade: Uma vez que a criatividade é diretamente proporcional à quantidade de referências que cada um possui, quanto mais "viagens" a imaginação fizer, tanto mais aumentará o "arquivo referencial" e, consequentemente, a criatividade. As histórias aumentam o horizonte dos ouvintes, com elas: eles "conhecem a Jerusalém", "pisam na Lua", voam através do tempo, da pré-história aos dias de hoje, travam conhecimento com profetas, reis, sacerdotes e heróis. Estas emoções semeiam a imaginação e estimulam a criatividade. Senso Crítico: A cada dia que passa assistimos abismados à falta de senso crítico nos indivíduos. Aumenta a procura de elementos massificações, tais como grifes e modismos, tolhendo e até envergonhando o indivíduo de ter as suas próprias ideias. É preciso que as pessoas tenham olhos para ver a realidade da sociedade que as cerca, identificando as atitudes que levam à prosperidade, para incentivar estas e reprimir as danosas, e saber manejar as suas opiniões, para que em conjunto com o pensamento possam alcançar à conversão a Jesus e possam ter uma vida útil e feliz. As histórias atuam como ferramentas de grande valia na construção desse senso crítico, porque por meio delas os alunos tomam conhecimento de situações alheias a sua realidade, uma vez que podem "navegar" em diferentes culatras, classes sociais, raças e costumes. A visão de outras realidades fará com que vejam "os dois lados de uma mesma moeda", gerando tomadas de posições e construindo uma personalidade ativa. Disciplina: É entendida como aceita e praticada espontaneamente pela criança e não como algo imposto inquestionavelmente pelo educador. No momento que trabalhamos com algo que a criança realmente gosta, que sente que foi preparado com carinho para ela, as chances de ter uma postura atenta e participativa aumentam muito. Ela não irá gritar ou fazer algazarra se tiver algo muito mais interessante para fazer: ouvir uma história! Algo que ela espera ser interessante, porque confia que foi preparado

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especialmente para ela e para o seu grupo. A situação fará a criança perceber que existe momento para tudo: brincar, se divertir e também para prestar atenção, e o que é melhor: que vale a pena prestar atenção! Isto contribuirá para o aumento de sua capacidade de concentração e para o desenvolvimento de uma atitude crítica em relação ao seu comportamento e ao dos demais, ou seja: levará a uma disciplina consciente e assumida pela própria criança.

Transmissão de valores através das histórias

Os valores são fundamentos universais que regem a conduta humana. São elementos essenciais para viver em constante evolução, baseada no autoconhecimento em direção a uma vida construtiva, satisfatória, em harmonia e cooperação com os demais. Fazer uma análise de quais valores desejaríamos passar por meio de um processo educacional demandaria uma maior reflexão, mas algumas indagações podem ser feitas:

• Quais os valores que me importam? O que é importante para mim como pregador?

• Que tipo de valores eu reconheço como importante nos demais?

• Quais deles eu gostaria de poder ajudar a construir?

• Quais são adequados a uma criança?

• Quais deles eu posso transmitir por meio de um processo educacional, levando em conta os meus recursos materiais e humanos?

As respostas não serão iguais de uma pessoa para outra, mas certamente muito semelhantes. De um modo geral, começar a preocupar-se com a transmissão de valores é o grande passo, o envolvimento com a matéria será natural e a satisfação que o retorno das crianças proporcionará será uma mola propulsora para o constante desenvolvimento no trabalho com valores na educação.Alguns autores dão algumas sugestões que podem servir de base para reflexão e escolha. De qualquer forma a eleição de determinado valor não deve ser um processo isolado. Ela deve fazer parte de um planejamento em que se levam em conta as características dos alunos, o conjunto de objetivos educacionais e os recursos disponíveis. Na medida do possível, a participação dos pais no processo de escolha e o envolvimento na aplicação são altamente desejáveis.

Vejamos alguns valores que podem ser trabalhados com crianças:

Conversão: Mudança de vida, reconhecer a dependência e necessidade de Deus Alegria: Boa disposição para fazer as coisas. Propensão a ver e mostrar o lado divertido das coisas. Amor: Desejar o bem para outras pessoas. Ter apego às suas produções e bens, ao meio em que se vive e às pessoas. Compartilhar: Dividir suas coisas com os demais. Reconhecer o direito ou o legítimo desejo das outras pessoas usufruírem igualmente de pertences ou oportunidades. Confiabilidade: Ter uma conduta constante e verdadeira, capaz de conquistar crédito de um bom procedimento. Cooperação: Capacidade de atuar com outras pessoas de forma consistente e produtiva. Coragem: Resolução, perseverança, constância e firmeza perante situações novas ou desafiantes. Cortesia: Ser afável, atento e bem-educado. Disciplina: Obedecer a ordens preestabelecidas, combinadas e anteriormente aceitas. Capacidade de praticar atos que resultem no aprimoramento de si próprio ou de sua comunidade Honestidade: Apropriar-se exclusivamente do que lhe pertence. Conhecer os limites de suas propriedades em relação às de outras pessoas. Ter atitudes coerentes com o seu pensamento e suas convicções. Compartilhar os seus sentimentos de forma verdadeira. Igualdade: Reconhecimento de direitos iguais a todas as pessoas. Não se ater a preconceitos e tratar todas as pessoas da mesma forma.

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Justiça: Capacidade de fazer julgamentos desassociados de seus próprios interesses. Ter sensibilidade e disponibilidade para ouvir e entender as razões que levam outra pessoa a determinada conduta. Capacidade de dar a cada um o que lhe pertence. Lealdade: Amor e fidelidade à verdade. Incapacidade de trair, falsear ou enganar. Limpeza: Reconhecer os benefícios da limpeza interna e externa. Ter atitudes para obtê-las. Misericórdia: Reconhecimento e compaixão pelas necessidades alheias. Aceitação e compreensão das limitações dos demais. Paciência: Ter resistência para suportar os reveses. Tranquilidade para esperar. Aceitar as características e limitações dos demais. Entender que cada um tem o seu "ritmo" e saber conviver com isso. Paz: Capacidade de reconhecer os benefícios da harmonia e trabalhar em prol dela. Respeito: Atenção às outras pessoas. Consideração pelas suas opiniões e atitudes. Responsabilidade: Estar consciente de suas obrigações e disposto a trabalhar por elas. Estar comprometido com aquilo que afirma e com a forma com que se comporta. Solicitude: Estar disposto a ajudar e a fazer favores, prestar voluntariamente um serviço ao próximo. Tolerância: Respeito e consideração pelas opiniões e atitudes dos demais. Nota: Não existindo a pretensão de encontrar uma hierarquia para classificação dos valores citados, os mesmos encontram-se em ordem alfabética, apenas a conversão que encabeça a lista por entendermos ser o nosso principal objetivo. As histórias são úteis na transmissão de valores por que dão razão de ser aos comportamentos humanos. Tratam de questões abstratas, difíceis de serem compreendidas pelas crianças quando isoladas de um contexto.A criança é incapaz de raciocinar no abstrato. Assim, virtudes, maus hábitos, defeitos ou esforços louváveis que interferem no comportamento social do indivíduo, gerando consequências na sua vida, não podem ser entendidos com esta clareza pelas crianças. Falta referencial capaz de associar uma questão de comportamento a um fato: Fulano agiu assim e deu-se mal... a falta de lealdade de Beltrano fez a verdade vir à tona... Se nós adultos, com tanta vivência, muitas vezes nos perdemos na tentativa de associar tendências a fatos, tendo dificuldade de prever se determinada atitude levará à melhor situação, o que pensar das crianças com pouca experiência e com um mundo todo a descobrir! A história trará este referencial, transformará o abstrato em concreto. Quando Josué louvou, a muralha caiu. Abraão creu e Deus lhe deu um filho. A história traz o abstrato ao entendimento das crianças, e com isso municia-as com experiências que aumentarão a sua vivência, aumentando suas possibilidades dentro do relacionamento social. O trabalho com estas figuras que sintetizam uma série de conceitos também proporcionará ao pregador um maior conhecimento das suas crianças, que, expressando suas opiniões dentro do concreto que é a temática da própria história, manifestarão os sentimentos abstratos que povoam o seu íntimo. Em última análise, as histórias ensinam a criança a crescer e a pensar.

2. Estudando uma história

A escolha

É preciso muito esforço e dedicação para estudar o mundo a que pertencem nossas crianças.O excesso de apelos a que a criança está sujeita nos dias de hoje faz com que diversas outras fantasias despontem no seu cenário (infelizmente quase nenhuma delas objetivando construir algo positivo no comportamento da criança) e nós não podemos ficar indiferentes a essa situação.Temos de pesquisar, ler literatura especializada, feita para elas, conhecer seus heróis, sejam eles pertencentes aos desenhos animados ou

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histórias em quadrinhos, assistir a filmes, conhecer suas brincadeiras e preferências. É só desta forma que saberemos escolher, dentro de um repertório conhecido, qual história se adapta àquele comportamento que desejamos (ou precisamos) abordar.A pesquisa, o teste e o treino farão com que de uma história se chegue a outra e, com alguma habilidade e dedicação,estaremos aptos a fazer adaptações à técnica desejada ou mesmo criar nossas próprias histórias.

• Fato bíblico • Parábola bíblica • História

• Apocalipse • Parábola • Fato cotidiano

Para orientar a escolha dos textos úteis é importante saber exatamente os assuntos preferidos relacionados às faixas etárias. Até 3 anos: Histórias de bichinhos, de brinquedos, animais com características humanas (falam, usam roupa, tem hábitos humanos), histórias cujos personagens são crianças. Entre 3 e 6 anos: Histórias com bastante fantasia, histórias com fatos inesperados e repetitivos, histórias cujos personagens são crianças ou animais. 7 anos: Aventuras no ambiente conhecido (a escola, o bairro, a família, etc.), histórias de reis e milagres. 8 anos: Histórias que utilizam a fantasia de forma mais elaborada, histórias vinculadas à realidade. 9 anos: Aventuras em ambientes longínquos (selva, oriente, fundo do mar, outros planetas), histórias de milagres com enredo mais elaborado, histórias humorísticas, aventuras, narrativas ele viagens, explorações, guerras. 10 a 12 anos: Narrativas de viagens, explorações e invenções. 2 - A compreensão aprofundada Uma vez escolhida a história, é necessário estudá-la para ter elementos para preparar a narração, fazer adaptações, escolher se serão utilizados recursos auxiliares e, sendo este o caso, qual é a melhor técnica.Às vezes pode acontecer de termos mais de uma fonte de pesquisa, em que cada narrativa apresenta peculiaridades próprias, sendo iguais na sua essência mas divergindo em detalhes. Neste caso, poderemos escolher uma das versões ou fazer uma média das versões, ressaltando os elementos que preferimos ou que melhor aproveitam a mensagem que ela encerra. Para estudar uma história é preciso, em primeiro lugar, divertir-se com ela, captar a mensagem que nela está implícita e,em seguida, após algumas leituras, identificar os seus elementos essenciais. A ficha que apresentamos no final deste capítulo auxilia o estudo de uma história. O preenchimento de cada tópico permitirá uma análise do que ressaltar, quais são os elementos que realmente interferem na sucessão de fatos e quais são acessórios. Os seguintes elementos devem ser destacados pois influem diretamente na trama, na forma da narração, na identificação do público a que se destina e na escolha da técnica de apresentação. São eles:

• Enredo

• Personagens principais, secundários e supérfluos e Ambiente (local, época, civilização)

• Cenários (quantas cenas são necessárias para o seu desenvolvimento)

• Mensagem Estes elementos também indicarão onde estão as dificuldades para a produção de caracterizações e cenários e quais pontos podemos explorar para dar um colorido especial. Uma história pode ser compreendida em 4 partes:

• Introdução

• Enredo

• Ponto Culminante

• Desfecho Introdução: É o que situará os ouvintes no tempo e no espaço e apresenta os principais personagens. Deve ser clara,sucinta, curta mas suficiente para esclarecer os elementos que comporão a história. Se a versão original não satisfizer todos os requisitos, caberá ao narrador complementá-la com alguma pesquisa ou mesmo com a sua imaginação.

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Enredo: A sucessão de episódios, os conflitos que surgem e a ação dos personagens formam o enredo. É importante destacar o que é essencial e o que são detalhes. O essencial deve ser rigorosamente respeitado, já os detalhes podem variar conforme a criatividade do narrador, a situação que se deseja abordar, as facilidades ou limitações da técnica usada ou mesmo o tipo de audiência. Às vezes encontramos histórias muito boas para as crianças, mas que trazem uma linguagem árida, difícil para a sua compreensão. Neste caso, é preciso "captar" o essencial da história, a sucessão de fatos que levará à mensagem, para poder transportá-la para uma linguagem que possa ser entendida. Ponto Culminante: Em uma história bem produzida, o ponto culminante surge como uma consequência natural dos fatos arrolados de forma ordenada e sucessiva. Uma história poderá conter vários pontos de emoção, mas, indubitavelmente, é no momento da luta que está o clímax da questão. O narrador deverá estudar a intensidade da emoção em cada fato e as estratégias para despertar as sensações desejadas.Porém o ponto culminante deverá merecer atenção especial. Desfecho: A história, seguindo num crescendo, atingiu o ponto culminante e agora só resta terminá-la! A conclusão deverá ser simples, e a mensagem reforçada, preferivelmente sem fazer alusão à moral da história ou às lições que ela encerra. Uma boa narração expõe a conclusão: cabe aos ouvintes encontrá-la. Pode-se usar depois da narração uma técnica de debate sobre a história, mas isto seria outra atividade. No estudo da história, deve-se identificar estas quatro fases, a fim de dar o tratamento adequado a cada uma. É útil fazer um resumo de cada uma delas por meio do preenchimento dos espaços correspondentes na ficha descritiva de cada história. Esta sinopse servirá de base para o treino da narração. Seria ideal que a história estivesse bem preparada, para que a ficha fosse dispensável no momento da narração. Se isto, porém, não for possível, o narrador poderá recorrer a este resumo para apresentá-la. De acordo com nossa tese, as histórias, além de encantarem e divertirem, são uma importante ferramenta para ministração da palavra, deforma que faz parte do estudo de cada uma delas detectar em que pontos ela contribuirá com o desenvolvimento de seus ouvintes. O preenchimento dos itens correspondentes na ficha descritiva auxiliará nesta tarefa. Todas as histórias contribuem de uma forma ou de outra para a ministração, porém diferenciam-se quanto a intensidade e características. Umas desenvolvem a imaginação, outras o senso crítico, por exemplo. O mesmo se dá com a questão dos valores. É preciso destacar os aspectos éticos de cada história para poder enfatizá-los na sua adaptação e narração. Ter bem claro os objetivos que cada história atinge facilita o planejamento do educador, que dosará as diversas histórias ao longo do período que tem disponível, tendo em vista um desenvolvimento em todos os sentidos, deforma globalizada. Após estudar bem o enredo da história, seus elementos e a mensagem que ela transmite, ficará claro a que técnica ela se adapta melhor. A narração simples sempre poderá ser usada, porém é útil determinar neste estudo quais as variações poderiam ser feita se avaliar quais as vantagens que este uso poderá trazer. No capítulo "Projetos" apresentamos fichas técnicas de cada um dos recursos auxiliares enfocados neste livro. Elas dão indicações da aplicabilidade da técnica em relação ao número de personagens, ao cenário, às caracterizações das histórias, bem como às habilidades necessárias ao educador e às características de local e público. A comparação das Fichas Técnicas de Recursos Auxiliares com a Ficha Descritiva de cada história auxiliará a determinação da técnica ou das técnicas com que cada história poderá ser apresentada. No bojo do estudo de uma história fica mais fácil visualizar que tipo de interação se pode ter com as crianças, tem como que atividades podem ser aplicadas após a apresentação, valorizando e potencializando os efeitos da história. Estas ideias devem ser registradas na ficha descritiva. Isto facilitará a tarefa de desenvolvimento de atividades na oportunidade em que a história for aplicada.

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A personalização

Muitas vezes é interessante apresentar a história às crianças tal como está escrita nos livros, aproveitando o talento de seus escritores e sua maestria em expressá-lo. Mas, na maioria das vezes, o narrador terá necessidade de fazer a sua própria adaptação da história, isto porque ela é:

• muito extensa e detalhada, a apresentação ficaria muito longa, maçante, ou, pelo contrário:

• muito resumida, faltam detalhes, não possui elementos para suscitar a imaginação e sustentar a narração com tempo adequado.

Pode acontecer que uma história tenha no seu enredo um excelente potencial para desenvolver determinado aspecto, mas este não está claro na versão que temos à mão. À medida em que vamos estudando, isto irá aparecer e começa-se a visualizar a importância de reforçá-lo na narração que faremos. Assim, será lícito e desejável fazer a adaptação incluindo elementos capazes de enriquecer este aspecto, a fim de torná-lo mais evidente.As adaptações tornam-se realmente necessárias quando se deseja utilizar determinado recurso auxiliar.Quando se utilizam personagens (marionetes, fantoches, bonecões, dramatizações), a adaptação deve ser feita transformando a história em diálogos. A trama se desenvolve através de uma sucessão de cenas "interpretadas" pelos personagens.Quando se está fazendo a adaptação, deve-se antever como será criada a ambientação. Se for possível utilizar cenário, será mais fácil levar os espectadores a imaginar, mas se não for possível, as falas dos personagens deverão descrever o ambiente: A adaptação deverá atentar também para não colocar em cena muitos personagens, para dar tempo para troca de roupas, colocação de algum adereço, uso de músicas e efeitos especiais. O ideal é que toda a história se desenvolva por meio dos personagens, porém o uso de um narrador poderá ajudar. Ele fará a introdução, criando a ambientação e apresentando os personagens. O narrador poderá entrar em cena para solucionar as passagens mais difíceis, que necessitariam de cenário mais elaborado ou que seriam muito longas. As técnicas de maquete, velcômetro, dobraduras e sombras geralmente não são apresentadas com diálogos, mas por meio da narração de uma só pessoa. O adaptador, conhecendo bem os recursos da técnica escolhida, deve valorizar os trechos da história que usarão os seus pontos fortes. É muito interessante arquivar as adaptações feitas, notas, observações, ideias de interações com as crianças e de jogos para serem aplicados posteriormente á narração. O uso de um fichário de tamanho grande poderá ser útil para o arquivo destes trabalhos: a Ficha Descritiva e uma cópia do original (ou originais quando for o caso de mais de uma fonte) da história. Este acervo constituirá, ao longo da vida do educador, um importante instrumento de pesquisa, um verdadeiro patrimônio cultural do contador de histórias. Narrar uma história recorrendo apenas à memória e aos recursos dramáticos da voz é, sem dúvida, o que mais desafia o educador. Por outro lado, é também o que mais fascina tanto o narrador como a plateia. Contar histórias é uma arte, que poderá ser nata em muitas pessoas. Porém, há um certo nexo em pensar que essa qualidade, mesmo não sendo visível em alguns, encontra-se "incubada" em todos aqueles que procuram um trabalho com crianças, uma certa predisposição que poderá eclodir mediante treino e estudo. Conversa informal: É útil, antes da narração propriamente dita, iniciar com um bate-papo informal. Isto evitará interrupções e constrangimentos. Por exemplo: Vou contar uma história sobre uma fazenda. Alguém já esteve em uma? Isto evitara interrupções do tipo: Quando eu fui à fazenda do meu tio... Quando eu tomei o trem para.. Esta conversa também identifica se a história poderá ferir alguma sensibilidade. Sendo este o caso, poderá ser suspensa a tempo. Disposição: Os ouvintes deverão sentar-se em círculo. O narrador deverá fazer parte deste círculo, sentando-se junto com os ouvintes. No caso de ser um orador que gosta de gesticular e dramatizar, poderá ficar ajoelhado, pois desta forma terá mais domínio de seus movimentos, e afastado cerca de meio metro das crianças que estão ao seu lado. E absolutamente desaconselhável ficar em pé quando a plateia está

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sentada no chão ou vice-versa: ficar sentado quando a plateia está em pé. Conforme o domínio que o narrador tem de sua plateia, ele poderá permanecer em pé quando os ouvintes estiverem sentados em cadeiras. Local: A escolha do local é fundamental para o sucesso da narrativa. Ele deve ser calmo e permitir que as pessoas fiquem bem acomodadas. Não se deve concorrer com outros ruídos ou com outras "atrações", por exemplo: ruídos de trânsito, pessoas conversando, pessoas passando. As crianças têm um poder de concentração muito pequeno e qualquer fato torado normal desviará a atenção, ficando difícil para o narrador retomar o fio condutor da história. Horário: É interessante ser usada após um jogo movimentado, pois a energia estará mais descarregada e a atenção será maior. É conveniente não utilizar o recurso de contar histórias após as refeições e tarde da noite: a atenção poderá ser pequena e o sono... inevitável! Interrupções: É raro ocorrerem interrupções se a história for bem contada, mas se existirem casos... É conveniente não interromper a narração de forma alguma. Um gesto, um sorriso, no máximo uma palavra deverá brecar o ouvinte mais inquieto. E, para finalizar, um Segredo: para uma boa narração é preciso absoluta segurança e naturalidade, e isto só consegue quem está perfeitamente entrosado com o assunto, domina a técnica e está convenientemente preparado para contá-la. 1 - Fazer a escolha cuidadosa da "sua" história. Procurar aquela que se identifica com seus valores pessoais que incita a sua imaginação e que lhe dá prazer em trabalhar. 2 - Estudar a história, lendo-a atentamente para saber de toda a trama, tendo com clareza na mente o ambiente e o esquema geral. 3 - Identificar os quatro elementos: introdução, enredo, ponto culminante e desfecho. Anotar as características dos personagens, seus nomes, frases essenciais, lugares e situações que chamem atenção. Fazer anotações breves de coisas que poderiam ser esquecidas. A ficha descritiva apresentada no capítulo anterior será útil neste estudo. 4 - Certificar-se de que conhece, ou procurar conhecer, elementos suficientes sobre as situações ou os fatos que compõem a história, como: o local onde ela se desenvolve, a época, fatos históricos, aspectos culturais, etc. Adquirir noção exata de como será o cenário no qual a história se desenrolará para incluí-lo no relato, possibilitando às crianças imaginarem onde a história acontece. Tomar cuidado para não entrar em detalhes demais e cair na monotonia. 5 - Decorar os aspectos principais de cada uma das partes da história (introdução, enredo, ponto culminante e desfecho).Embora seja esperado que o narrador tenha desenvoltura para discorrer a narração com suas próprias palavras, decorar a frase exata que inicia o relato poderá ajudar e diminuir o natural nervosismo cio começo. Ter absolutamente decorada a frase final poderá garantir que um esquecimento não comprometa aquilo que se deseja passar na conclusão. 6 - Contar a história para si mesmo, em voz alta, de preferência diante do espelho. Marcar o tempo gasto, que não deverá ultrapassar 10 minutos. 7 - Exercitar a narração procurando utilizar palavras simples, do conhecimento da criança. Treinar a entonação de voz adequada, dramática, porém com boa dicção, dar uma voz própria a cada personagem e controlar o tom de voz de modo a passar sentimentos de calma, segredo, atenção, emoção, medo, etc. Os gestos também devem ser exercitados, eles ajudam muito a dar ênfase na narração, mas deve tomar cuidado para dar a medida exata, de modo a não exagerar e nãocair no ridículo. 8 - Reler a história no dia em que for contá-la e repassar os pontos principais alguns minutos antes. 9 - Se ela fizer parte de um conjunto de atividades, deverá entrar na programação sempre após um jogo agitado; isto fará com que se obtenha maior atenção.

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10 - Acomodar bem a audiência e dar pequenas dicas sobre o enredo a fim de que as manifestações ocorram. 11 - Pedir silêncio e dar uma introdução sobre o que se dirá. 12 - Entregar-se à história, sendo fiel ao que foi ensaiado. 13 - Em muitos casos, é bom incentivar uma discussão entre as crianças ou aplicar uma atividade que permita com que elas façam alguma reflexão sobre o que foi narrado. 14 – Orar e se possível jejuar, história sem unção é morta.

Tirando maior proveito da voz

Uma plateia receptiva, uma boa história e muita disposição poderão ser a receita ideal para uma sessão de fantasia. O "contador" senta-se confortavelmente, acomoda as crianças à sua volta, recorda mentalmente a sequencia que usará e pronto: começa a narrativa. Mas será isto suficiente? Muitas vezes, só estar preparado não adianta, é preciso que a audiência entenda as palavras que serão ditas. O raciocínio pode estar perfeito, todos os detalhes vivos, o encadeamento das ideias absolutamente sincronizado, porém pode acontecer que, por diversas razões, a audiência não consiga entender o que está sendo dito. Uma coisa é indiscutível: para se falar em público, mesmo que seja simplesmente contar uma história para um pequeno grupo de crianças, não se utiliza a voz da mesma forma que em uma conversa coloquial entre duas ou três pessoas. Deve-se ter consciência de que a voz está sendo usada para comunicação com um grupo. Isto faz com que a atenção seja diferente, a distância entre as pessoas maior, além do objetivo a ser alcançado ser outro. Alguns elementos são fundamentais para que a plateia entenda o que está sendo dito e aproveite o conteúdo da mensagem.

• Dicção

• Volume

• Velocidade

• Tonalidade

• Vocabulário

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Convicção nos define, revela nosso real valor e nunca está atrelada aos nossos defeitos. É o que vivemos e aprendemos com a vida, nossas escolhas, no que realmente acreditamos, nosso propósito de vida. É formada, ou diria forjada, quando questionada, quando colocada a prova, onde sustentá-la significa perda. Críveis e irredutíveis, ainda que mais ninguém possa crê-la junto com você... Porque é sua convicção. É seu rumo, seu alvo e seu âmago... que o autor de Hebreus resolveu chamá-la de simplesmente... Fé! A minha é: Deus está sempre no controle de tudo. As pessoas são sempre mais importantes do que as coisas, meu esforço será sempre, com as que eu encontrar pelo caminho, em deixá-las o mais confortável possível, o mais alegre possível, esperar sempre o melhor delas, dá-las sempre o melhor de mim, dá-las o meu sorriso, meu abraço, meu carinho, sempre que puder direi suas muitas qualidades, pois não há quem não as tenha, serei sempre empático e agradecido. Bem sei que muitos dirão. -Tolo e inocente, como uma criança. Sinto em desapontá-los, pois “das tais é o reino dos céus” e é minha convicção!

Zal o Contador de Histórias “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1:6

DEPARTAMENTO DISTRITAL DE TRABALHO COM CRIANÇAS 5ª REGIÃO – Distrito de Uberlândia

Angélica Santos Silva Botelho Coord. Distr. De Trabalho com Crianças

Telefones: (34)3234-6575/(34)9102-9731(Tim) e-mail: [email protected]