+ Curso de C/C++ Aula 6 Instrutor: Luiz Felipe Sotero Material por: Allan Lima
Contadores de Histórias - Cursos Online com … da Silveira Apostilas de Gramática Geral –...
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Módulo I
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Sumário
Introdução..................................................................................................................... 3
Unidade 1 – Origem das histórias.................................................................................. 4
1.1 – Origem das histórias ......................................................................................... 5
1.2 – Por que contar histórias?................................................................................. 14
1.3 – A Literatura e os estágios psicológicos da criança........................................... 18
1.4 – A tradição oral como bem imaterial da humanidade........................................ 30
A tradição oral na educação escolar......................................................................... 33
Unidade 2 – Tipos de histórias .................................................................................... 38
2.1 – Conhecendo alguns tipos de histórias.............................................................. 39
2.2 – A arte de contar histórias ................................................................................ 56
2.3 – A literatura infantil contemporânea................................................................. 61
2.4 – Função social da leitura .................................................................................. 63
Conclusão do Módulo 1: ............................................................................................. 66
3
Introdução
Olá,
Hoje em dia, a sociedade tem visto o contador de histórias como um
profissional. Sabemos que, desde os primórdios, o contador de histórias teve um papel
fundamental na formação dos seres humanos, mesmo sabendo que não eram voltadas
diretamente ao público infantil.
Infelizmente, com a chegada de novas tecnologias, o contador de histórias
praticamente se extinguiu, ficando limitado apenas ao professor na Educação Infantil.
Porém, a necessidade de se contar histórias fora do ambiente escolar e domiciliar
cresceu significativamente.
Por tais motivos, veremos neste curso a origem das histórias, os principais
autores ao redor do mundo e no Brasil e a importância que se deve dar a esse ato tão
maravilhoso que é o de poder viajar com a imaginação através de uma história.
Você vai aprender como escolher a obra certa para cada fase psicológica da
criança além de poder despertar o interesse pela leitura desde a primeira infância.
Também vamos conhecer os diversos tipos de histórias e compreender porque
contar histórias é uma arte. Vamos entender a Literatura Infantil Contemporânea e o
papel da leitura na sociedade.
No final do curso, veremos técnicas que ajudarão a contar histórias além de
aprender como usar recursos simples para animar a atividade.
Esperamos que você aprenda muito através deste curso e, quem sabe, contagie
muita gente com suas histórias.
Bom curso!
4
Unidade 1 – Origem das histórias
Olá!
Nesta primeira unidade, vamos descobrir qual é a origem das histórias infantis,
conheceremos os principais autores e obras dessa categoria.
Vamos conhecer a importância de se contar uma história e o porquê fazê-la,
além de entender porque a tradição oral se tornou um bem imaterial da humanidade pela
UNESCO.
Também vamos falar dos diferentes estágios psicológicos das crianças e de
como escolher uma história apropriada para cada faixa etária, além de conhecermos as
características delas nas diferentes fases.
Bons estudos!
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1.1 – Origem das histórias
Antes de a escrita ser criada, todo o conhecimento era passado por meio da fala,
oralmente. Durante este período, a memória era o único recurso de armazenamento e
transmissão do conhecimento para as futuras gerações.
Por isso, podemos afirmar que os contadores de história nasceram com a
humanidade, pois eram eles os responsáveis por discutir fatos, encadear acontecimentos,
perpetuar crenças, acentuar um pensamento, manter a tradição, repassar o conhecimento
etc.
No entanto, não eram todos os indivíduos que possuíam a capacidade de contar,
pois o ato de contar pressupunha
não apenas a capacidade de narrar,
mas também a de representar. Na
Grécia Antiga, por exemplo, os
mitos, as lendas, as crenças e os
grandes poemas eram transmitidos
pelos atores ou pelos rapsodos
(artista popular ou cantor).
Com o passar do tempo, a
civilização evoluiu, e surgiram
novos recursos de perpetuação do conhecimento e da memória, bem como novas formas
de arte. Por isso, o ato de contar ganhou formatos e intenções diferentes, bem como
mudou, muitas vezes, de público alvo.
Os primeiros livros infantis surgiram no século XVII. Nesta época, as crianças
eram tratadas como adultos em miniaturas e, portanto, tinham acesso à mesma literatura
que os adultos. Com o objetivo de simplificar o raciocínio do conteúdo abordado em
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obras clássicas ou populares, como as histórias de cavalaria, começou-se a adaptar essas
obras para que as crianças pudessem compreendê-las.
O principal valor ideológico apresentado nessas primeiras narrativas do século
XVII era a “lei do mais forte”. Como exemplo, podemos citar As mil e uma noites,
compilação de narrativas árabes e persas.
Foi no século XVII que surgiram as fábulas e os contos de fadas, criados,
respectivamente, por Jean de La Fontaine e por Charles Perrault, e tinham como
objetivo moralizar e educar.
A Literatura Medieval surgiu na Europa através da fonte popular (prosa que
vinha do Oriente) e pela fonte culta (prosas cheias de aventuras das novelas de
cavalaria). Na fonte Popular podemos destacar o idealismo e um mundo mágico e
maravilhoso, já na Culta, o destaque é para os valores éticos sociais, os problemas do
cotidiano e as lições consequentes da sabedoria prática.
Já os contos de fadas são caracterizados pelo simbolismo, além de retratar
violência contra mulheres e crianças e tinham práticas canibalistas, incestos e abandono
de crianças na floresta devido à fome e à miséria.
Algumas narrativas da época podem ser encontradas em diversas obras cristãs,
tais como: Disciplinas Clericalis, de Pedro Alfonso, que contém conselhos morais de
um pai ao filho; O livro de exemplos, de Clemente Sanchez, que compila mais de
trezentos contos de caráter moralizante, sentencioso e doutrinário, usado por pregadores
cristãos; O livro de Esopo etc.
O que podemos perceber é que, desde a sua origem, a Literatura Infantil é
moldada de acordo com a época e a sociedade vigorante e que, mesmo nos dias de hoje,
podemos considerar os livros pedagógicos como os principais instrumentos de
propagação do que é certo ou errado, de acordo com a sociedade que vivemos.
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A Literatura Infantil, e principalmente os contos de fadas,
passou a ter influências na formação das crianças e adultos,
dividindo as personagens em belas e feias, em boas e más,
poderosos e sem poder, facilitando a compreensão das crianças dos
valores humanos e sociais e sustentando os valores morais e éticos
que possuímos hoje.
A seguir, a definição de alguns tipos de literatura infantil:
As Lendas (do latim legenda / legen – ler)
De origem anônima, as lendas foram as
primeiras histórias a serem contadas. Por terem
surgido antes das formas gráficas, elas eram,
muitas vezes, improvisadas na hora de ser
contadas, já que, naquela época, só era possível
contar com a memória. Na maioria das vezes, as
histórias tratavam dos acontecimentos cotidianos,
como homens que venciam animais e inimigos.
Geralmente elas eram marcadas pela
fatalidade, fixando a presença do destino contra o
que não se pode lutar, demonstrando a força do
desconhecido.
Histórias de Sherazade
Sherazade foi casada com o sultão árabe Sheriar. O sultão já teria sido traído
pela rainha, a sua primeira esposa, e desde então, casava-se todos os dias com uma nova
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mulher e, no dia seguinte do casamento, mandava matá-la. Sherazade, ao se casar com o
sultão, lhe contou uma história e a interrompeu na melhor parte. O sultão, que adorava
ouvir histórias, permitiu que ela vivesse para ouvir a continuação na noite seguinte. E
assim passaram-se mil e uma noites, até que o sultão resolveu não matá-la mais.
Foi assim que nasceu a obra As mil e uma noites, considerada por muitos a maior
compilação de contos maravilhosos do mundo. Antoine Galland, um estudioso francês,
em meados do século XVIII, reuniu esses contos, presentes em todo o Oriente em um
único livro.
Fábulas de Esopo
Esopo foi um escravo que viveu na Grécia entre 560-620 a.C. Suas fábulas
continham educação moral para adultos
e crianças e usualmente tinham animais
personificando suas histórias.
Apesar de não deixar nenhuma
de suas fábulas em escritos, suas
narrativas orais foram escritas mais
tarde por outros escritores como Fedro.
Suas fábulas mais conhecidas
são: “A raposa e as uvas”, “A formiga e
a cigarra”, “A gansa que botava ovos de ouro”, entre outras.
Fábulas de Fedro
Fedro, assim como Esopo, era grego e filho de escravos, e coube a ele estilizar e
escrever as fábulas de Esopo.
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Fábulas de La Fontaine
Tendo como base os textos de Esopo e Fedro, o escritor Jean de La Fontaine
reescreveu 239 fábulas, e criou diversas delas.
Entre as inovações que trouxe para as obras, podemos mencionar a flexibilização
da estrutura das narrativas, privilegiando o uso da prosa em vez das formas métricas da
poesia. Além disso, ele também flexibilizou o conteúdo, tornando-o, muitas vezes, mais
democrático e sendo, muitas vezes, condescendente com as personagens das histórias.
Charles Perrault
Contemporâneo a La
Fontaine, foi o primeiro autor a
escrever também para as crianças,
transformando estórias do folclore
europeu em contos de fadas.
Seus maiores sucessos
foram: “O Gato de Botas”,
“Chapeuzinho Vermelho”, “A
Bela Adormecida”, “Barba Azul”,
entre outras obras.
Irmãos Grimm
Os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, nasceram na Alemanha. Por viajarem
muito, ouviram diversas histórias pela Europa. As mais famosas são: “Rapunzel” e
“Branca de Neve e os Sete Anões”.
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Através da memória popular, as antigas narrativas, lendas e histórias alemãs
conservadas pela tradição oral, localizaram as origens da realidade histórica germânica,
em que os pesquisadores encontram a fantasia, o fantástico e o mítico. Assim, uma
grande Literatura Infantil surge para encantar crianças de todo o planeta.
Contos de Andersen
Hans Christian Andersen era um dinamarquês de uma família muito pobre.
Adorava as histórias de homens que
eram pobres e ficaram ricos.
Escreveu mais de cento e cinquenta
contos, que foram traduzidos em
centenas de idiomas, como “A
pequena Sereia”, “O Patinho Feio”
e a “Nova Roupa do Imperador”.
Andersen foi um autor que
se preocupou demasiadamente com
a sensibilidade exaltada pelo
Romantismo.
Origem da Literatura Infantil no Brasil
Com a implantação da Impressão Régia, a primeira editora brasileira, os livros
infantis começaram a ser publicado aqui em 1808, porém a circulação dessas
publicações era precária, já que a maioria delas era oriunda de Portugal e poucas eram
traduzidas e adaptadas ao cotidiano de nossas crianças.
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Os livros escolares e infantis se fortaleceram através de campanhas de
alfabetização liderada por intelectuais e políticos, abrindo caminho para a produção
didática e literária específica para o público infantil.
Principais obras infantis publicadas no Brasil no século XIX
Autores Brasileiros
Leitura para Meninos (1818) – José Saturnino da Costa Pereira
Gramática do Coruja (1835) – Antonio Álvaro Pereira Coruja
Compêndio de Grammatica portuguesa da Primeira Idade (1855) – Cyrilo
Dilermando da Silveira
Apostilas de Gramática Geral – Francisco Sotero dos Reis
Epítome da Gramática Portuguesa (1860) – Abílio César Borges
Livro do povo (1861) – Antônio Marques Rodrigues
Novo Methodo de Grammatica Portugueza (1862) – Joaquim Frederico Kiappe da
Costa Rubim
Geografia Física (1863) – Abílio César Borges
Gramática Analítica da Língua Portugueza (1865) – Charles O. A. Grivet
Gramática Portuguesa (1865) – Francisco Sotero dos Reis
Diccionário Grammatical Portuguez (1865) – J.A. Passos
Método Abílio (1868) – Abílio César Borges
Pontos de Retórica (1868) – Meneses Vieira
Compêndio de Gramática da Língua Portuguesa (1972) – Laurindo Rabelo
Desenho Linear ou Geometria Prática Popular (1876) – Abílio César Borges
O Livro do Nenê (1877) – Meneses Vieira
Primeiras Noções de Gramática Portuguesa (1877) – Meneses Vieira
Compêndio de Gramática Portuguesa (1979) – Augusto Freire da Silva
Gramática Portugueza (187?) – Manoel Olympio Rodrigues da Costa
Noções de Arithmética (187?) – Manoel Olympio Rodrigues da Costa
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Traduções
As aventuras pasmosas do Barão de Munkausen
O Último dos Moicanos (1838) – Fenicore Cooper, traduzido por Caetano de Lopes
Moura
Aventuras do Barão de Münchhausen (1848)
Obras de Júlio Verne, traduzidas por Jovina Cardoso
Obras de Alexandre Dumas, traduzidas por Ciro Cardoso
O canário (1856) – Cônego (Christoph) von Schmid
A cestinha de flores (1858) – Cônego (Christoph) von Schmid
Joãozinho (1858) – Charles Jeannel, traduzido por Antônio Rêgo
Os ovos de Páscoa (1860) – Cônego (Christoph) von Schmid
Jornais Infanto-Juvenis
O Adolescente (1831), Salvador
O Juvenil (1835), Rio de Janeiro
Livraria dos Meninos (1937), Salvador
Jornal de Instrução e de Recreio (1845), Maranhão
O Mentor da Infância (1846)
Kaleidoscópio (1860), São Paulo
Ensaio Juvenil (1864)
Imprensa Juvenil (1870)
Fonte: http://literatura.uol.com.br/literatura/figuras-linguagem/32/artigo186219-6.asp
A grande virada na Literatura Infantil brasileira aconteceu em 1920 com a
publicação A menina do narizinho arrebitado, de Monteiro Lobato, que revolucionou a
literatura voltada para as crianças em nosso país.
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Tratava-se de uma Literatura compreensível e atraente, que usava linguagem
criativa, rompendo o ciclo. A oralidade estava presente nas falas das personagens e
também na fala do narrador.
José Renato Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882 em Taubaté,
interior de São Paulo, e, em sua homenagem, nesse mesmo dia é comemorado o Dia
Nacional do Livro Infantil.
Descobriu o gosto pela leitura ainda criança, quando leu todos os livros da
biblioteca de seu avô, passando a questionar a ausência de livros brasileiros voltados,
exclusivamente, para as crianças.
Perdeu os pais muito cedo, sendo criado pelo avô materno, o Visconde de
Tremembé, que o incentivou a se formar em Direito pela Universidade de São Paulo.
Em 1921 escreveu a sua primeira obra destinada às crianças.
Morreu vítima de um derrame aos sessenta e seis anos em 04 de julho de 1948.
Lobato conseguiu mostrar que o maravilhoso pode ser vivido por qualquer
pessoa, e que aventuras podem ser vividas no
cotidiano, assim como o escritor Lewis
Carrol, autor do livro Alice no país das
maravilhas. Além de ser mestre no humor
(novidade para a época), Lobato possuía um
espírito maroto e zombava de tudo.
Porém, não foi na primeira obra que
Lobato assumiu esse estilo, já que a primeira
versão de A Menina do Nariz Arrebitado
serviria como “leitura escolar” e era preciso
passar uma imagem exemplar. A partir do
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sucesso que obteve escrevendo livros escolares, teve o incentivo para escrever
progressivamente, adotando assim seu estilo próprio.
Esse estilo de tornar o maravilhoso muito próximo ao real fez com que muitas
personagens da mitologia e dos contos de fadas e fábulas, como a Branca de Neve e o
Peter Pan, visitassem o Sítio do Pica Pau Amarelo. Além disso, fazia também críticas ao
governo da época, através de personagens como Emília e a boneca de pano falante.
Tornou-se imortal com a possibilidade de criar o impossível.
1.2 – Por que contar histórias?
Esta sem dúvida é uma questão que possui uma infinidade de respostas e as
principais estão destacadas a seguir:
– As histórias despertam o gosto
pela leitura – Ao ouvir histórias, a
criança adquire o primeiro passo
que é a situação de ouvinte para
mais tarde ser atraída pela leitura;
– As histórias ajudam no
desenvolvimento psicológico e
moral, auxiliando na manutenção da saúde mental da criança em desenvolvimento;
– As histórias, além de instruírem, ampliam o vocabulário infantil, seu mundo de ideias
e de conhecimentos, além de desenvolverem a linguagem e o pensamento;
– As histórias desenvolvem a atenção, a imaginação, a observação, a memória, a
reflexão e a linguagem;
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– As histórias despertam a sensibilidade. A literatura e os contos de fadas dirigem a
criança para a descoberta de sua identidade e da comunicação, bem como sugerem as
experiências que são necessárias para o desenvolvimento do caráter;
– As histórias ajudam adaptar a criança ao meio ambiente, devido aos valores sociais e
morais que ela recebe das personagens;
– As histórias, além de distraírem, aliviam sobrecargas emocionais e auxiliam na
resolução de conflitos emocionais próprios;
– As histórias desenvolvem funções cognitivas para o pensamento, como comparação
(entre as ilustrações e o texto), o raciocínio lógico, as relações de tempo e espaço, o
pensamento hipotético e o pensamento divergente ou convergente. A organização geral
dos enredos possui um conteúdo moral que colabora para a formação ética e cidadã das
crianças.
Podemos nos perguntar, então, se há uma diferença entre ler ou contar uma
história. Sem dúvida ambos possuem importâncias significativas que veremos a seguir.
Contar uma história: Podemos contar histórias que de fato aconteceram com
conhecidos, com a gente mesmo, “casos” de boca em boca ou contadas pelos mais
antigos como parte da tradição oral. Também podemos inventar histórias e recontar
histórias famosas como Os Três
Porquinhos ou A Chapeuzinho
Vermelho, por exemplo.
Certamente, cada pessoa contará
histórias com suas peculiaridades e
aquele ditado “Quem conta um
conto aumenta um ponto” é
verdadeiro.
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Quando um profissional lê uma história para uma criança, é como se ele fosse
uma ponte entre o livro e ela. No entanto, ao ler a história de um livro, é preciso ser fiel,
ou seja, não se deve mudar as palavras. A leitura do mediador ou contador não deve ser
monótona, variações na voz, no ritmo são primordiais para fazer com que o livro crie
vida.
Com a intenção de esclarecer as principais diferenças entre ler e contar uma
história, a tabela abaixo compara as diferenças:
Ler Contar
Característica
principal
A história é apresentada
preservando as palavras
escolhidas pelo autor. O
leitor deve se manter fiel
ao que está escrito.
A trama sempre sofre pequenas modificações,
já que o contador tem a liberdade para
improvisar e agregar elementos a ela. Ele
nunca conta uma história da mesma forma.
Objetivo
Desenvolver o
comportamento leitor
das crianças. Elas
conhecem o portador e
seus elementos (texto e
imagens), aprendem a
emitir opiniões sobre a
história, falando ao
grupo se gostaram do
que foi lido e porque, e a
conhecer o ponto de
vista dos colegas.
Ampliar o repertório da cultura oral, que se
perpetua na forma e sofre mudanças de
conteúdo de geração em geração.
Preparação
Selecione e leia os livros
pensando na qualidade
literária e na adequação à
Conheça bem a história e seus personagens, já
que ela será contada sem o auxílio de um
portador de texto. Analise se intervenções com
17
faixa etária da turma. música, fantoches e outros recursos podem
enriquecer o momento. Se sim, providencie o
material.
Organização
da turma
Coloque o grupo sentado
próximo a você, de modo
que todos possam ouvir a
leitura e visualizar as
ilustrações do livro. Se
houver diversos
exemplares do mesmo
título, sugira que a turma
acompanhe a atividade
em duplas.
Peça que as crianças se acomodem em torno
de você para ouvir a contação com clareza.
Início da
atividade
Apresente ao grupo o
título do livro, o autor e
o ilustrador. Explique o
porquê da escolha e
antecipe possíveis
dúvidas. Se, por
exemplo, os personagens
moram no Polo Norte,
fale um pouco sobre o
local. Lembre que é
importante todos se
manterem em silêncio
até o fim da leitura e que
perguntas serão
respondidas depois. Faça
referências ao suporte
Faça uma introdução rápida do enredo e fale
sobre a opção de contar aquela história
especificamente. Antecipe possíveis dúvidas.
Informe que é importante o grupo se manter em
silêncio para ouvir a contação. As perguntas
devem ser respondidas somente no término da
atividade.
18
livro, um bem cultural
que guarda a história.
Cuidados
Durante a leitura, seja
fiel ao texto. Não
substitua palavras ou
faça interrupções na
narrativa. Mude o tom da
voz de acordo com os
personagens e o
desenrolar da trama.
Conte a história preservando os detalhes.
Cuide da postura corporal para que os
movimentos enriqueçam a contação. Fique
atento à impostação de voz, respeitando o
desenrolar da trama e as características dos
personagens.
O que fazer
depois?
Convide a turma para
comentar a história e as
ilustrações e abra espaço
para perguntas - se
necessário, releia
trechos. Ofereça o livro
aos pequenos para que
eles o manuseiem e
analisem como o visual
ajuda a contar o enredo.
Sugira às crianças que apresentem suas
opiniões sobre a trama que foi contada e a
forma como a narração foi feita.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/creche-
pre-escola/ler-diferente-contar-historias-
683010.shtml?page=0
1.3 – A Literatura e os estágios psicológicos da criança
Toda criança passa por estágios psicológicos que durante o seu amadurecimento
precisam ser observados e respeitados no momento da escolha de um livro. Essas etapas
dependem não só da idade, mas do seu nível de conhecimento, domínio do mecanismo
de leitura e do seu nível de amadurecimento psíquico, afetivo e intelectual.
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Sendo assim, é necessária a adequação dos livros às diferentes etapas que a
criança passa. Há cinco categorias de leitor que norteiam as fases de desenvolvimento
psicológico da criança, são elas: o pré-leitor, o leitor iniciante, o leitor em processo, o
leitor fluente e o leitor crítico.
Pré-leitor: É a categoria de leitores da primeira infância (0 aos 3 anos) – onde a
criança começa o processo de
reconhecimento do mundo ao seu
redor através do tato e do contato
afetivo – e da segunda infância (3 a
6 anos).
As crianças da primeira
infância sentem a necessidade de
tocar ou pegar o que está em sua
volta, adquirem linguagem e
nomeiam tudo. É possível estimulá-
las, oferecendo-lhes animais de pelúcia, brinquedos educativos com imagens de
animais, entre outros objetos, que as estimulem a manusear e a nomear com a ajuda de
um adulto, seja na escola ou em casa. Assim, elas podem relacionar afetivamente tais
objetos, criando uma situação em que a criança começa a ter um espaço global onde
vive.
Na segunda infância – fase em que, entre outras características, o vocabulário da
criança se expande, a imaginação e realidade se confundem, o mundo é maniqueísta, ou
seja, é bom ou ruim, legal ou chato e a criança se torna egocêntrica – as imagens, antes
predominantes, passam a compartilhar o espaço com alguns pequenos textos.
Os livros adequados para essa fase devem conter predominantemente imagens
que sugiram alguma situação do cotidiano da criança sem apresentar texto escrito longo
para estabelecer uma relação entre realidade e o mundo dos livros. Humor, mistério e
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expectativa também são outros atributos que devem conter no livro para essa faixa
etária.
A técnica da repetição ou reiteração de elementos é favorável para manter a
atenção das crianças nessa fase, que experimentam a preferência por histórias já
conhecidas, compreendendo o começo, o meio e o fim.
Leitor iniciante: É o leitor que tem entre 6 e 7 anos e está começando a ler
sozinho, mas ainda depende de um adulto para estimulá-lo.
A linguagem dos livros deve
ser simples, e a história deve ter
começo, meio e fim. Ainda deve
haver a predominância de imagens e
as personagens podem ser humanas,
animais, robôs, objetos, sempre
especificando os traços de
comportamento, ou seja, se as
personagens são boas ou más,
bonitas ou feias, fracas ou fortes etc.
Textos bem humorados e a vitória do bem contra o mal são atrativos para esses
leitores e independentemente da utilização de textos como contos de fadas ou do mundo
cotidiano, essas histórias devem estimular a imaginação, a afetividade, as emoções, o
pensar e o querer sentir.
Leitor em processo: O mecanismo da leitura já é dominado pela criança, que
nessa fase possui entre 8 e 9 anos, e seu pensamento está mais maduro, permitindo que
realize operações mentais. Nessa fase, a criança se interessa por todo tipo de
conhecimento e pelos desafios que lhe são propostos, textos com muito humor,
situações inesperadas e sátiras são muito valorizados pelos leitores nessa etapa.
21
A linguagem deve ser simples, objetiva e direta, e a história deve obedecer o
esquema linear, de começo, meio e fim.
Leitor fluente: Inicia por volta
dos 11 anos e é a fase caracterizada
pelo domínio do mecanismo de leitura
e pelo aumento da capacidade de
concentração. Não há a necessidade de
um adulto para estimular a leitura, já
que o “pré-adolescente” prefere fazer
tudo sozinho, e há um sentimento de poder interior, de se enxergar como um ser
inteligente, reflexivo, capaz de resolver todos os seus problemas sozinhos. Aqui há uma
espécie de retomada do egocentrismo infantil, pois, assim como acontece com as
crianças nesta fase, o pré-adolescente pode apresentar um certo desequilíbrio com o
meio em que vive.
As histórias que apresentam valores éticos e políticos e/ou de heróis e heroínas
que lutam por um ideal são muito bem aceitas por esses leitores. Podemos oferecer um
livro com textos mais bem elaborados, com menos imagens, sem, contudo, abortá-las.
Mitos e lendas, romances e aventuras são bem aceitos por eles. Contos, crônicas e
novelas são os gêneros com que mais se identificam.
Leitor crítico: A partir dos 12 ou 13 anos, é a fase caracterizada pelo domínio
total da leitura e da linguagem escrita. Nesta época, há um aumento da capacidade de
reflexão, permitindo a intertextualização. O jovem passa a desenvolver um pensamento
reflexivo e consciência crítica. Ele reflete sobre como fazer ou saber sobre alguma
coisa.
22
Os interesses de leitura são os mesmos da fase anterior, mas é importante se
apropriar dos conceitos básicos da teoria literária, pois há conhecimentos da literatura
que não podem ser ignorados pelo leitor crítico.
Como escolher histórias para ler e contar?
Temos que ter em mente um aspecto muito importante, ao selecionarmos
histórias, que é levar em consideração a idade de nossos ouvintes. Nem sempre todos os
livros agradam a todas as idades e, por vezes, a criança não consegue captar a
mensagem.
Existem livros para todas as faixas etárias, e é imprescindível seguir algumas
orientações para selecionar a história que corresponde à idade da criança. Veja, a seguir,
algumas dicas:
Crianças de 0 a 3 anos: Nesta faixa etária, que corresponde à primeira infância,
é importante lhe proporcionar livros de plástico ou de pano com historinhas curtas que
girem em torno do cotidiano e da vida familiar.
Tais livros devem possuir imagens grandes e bastante coloridas, de preferência
com animais, e próximas da nossa realidade. Devemos contar histórias curtas, devido à
capacidade de concentração da criança dessa faixa etária.
23
A CRIANÇA DE 1 ANO
Como ela é Como você pode ajudá-la
Presta pouca atenção. Contar histórias curtas com ilustrações
coloridas.
Pouco sociável. Fazer atividades lúdicas e dinâmicas com
outras crianças.
É egoísta, não gosta de dividir. Ensinar a repartir.
Gosta de encaixar objetos pequenos em
objetos grandes.
Usar brinquedos que ela possa encaixar
um no outro. Não use brinquedos muito
pequenos.
Pode fazer algumas coisas sozinhas. Desenvolver atividades compatíveis a sua
capacidade de compreensão.
Gosta de desenhos coloridos sem muitos
detalhes.
Proporcionar atividades simples.
Balbucia algumas palavras. Falar corretamente com a criança para
aumentar seu vocabulário.
Pode identificar as pessoas de seu
ambiente de convívio.
Ter os mesmos professores.
Fonte: www. marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com
24
A CRIANÇA DE 2 ANOS
Como ela é Como você pode ajudá-la
Muito ativa. Contar histórias curtas e bem ilustradas.
Usar gravuras realistas e coloridas.
Gosta de explorar, pesquisar, mexer nas
coisas.
Deixá-la participar do processo de contar
histórias.
É curiosa. Explorar sua capacidade de participar e
usar movimentos corporais para dar
exemplos.
Gosta de brincar. Usar brinquedos que exijam mais o
raciocínio e a concentração.
Cansa-se rapidamente. Fazer atividades curtas.
Pode ser agressiva. Ensinar a pedir desculpas.
Gosta de chamar atenção. Impor limites.
Gosta de muito carinho. Recebê-la com carinho e atenção.
Gosta de conversar. Sempre manter o diálogo com a criança.
Fonte: www. marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com
25
A CRIANÇA DE 3 ANOS
Como ela é Como você pode ajudá-la
Ativa. Usar histórias curtas, coloridas e com
muitos detalhes.
Tem uma concentração maior. Questioná-la quando estiver
desenvolvendo as atividades.
Pode desenvolver melhor a autonomia. Ajudá-la a desenvolver a sua
independência.
É menos egoísta. Incentivá-la a compartilhar o que tem com
os colegas.
Cria amigos imaginários. Apresentar atividades onde a criança
possa criar
Tem maior capacidade de raciocínio. Explicar as coisas com clareza e
objetividade.
Começa a fazer relações com o que vê. Não usar palavras difíceis.
Gosta de ajudar a realizar as tarefas. Colocá-la para ajudar a fazer pequenas
tarefas.
Mobiliza-se com mais desenvoltura. Procurar saber o que aconteceu durante a
semana.
Gosta de ouvir músicas. Cantar músicas com gestos e ilustrações.
Relacionar as mensagens das músicas com
suas experiências.
Gosta de conversar e se comunica com
facilidade.
Relacionar as conversas com as suas
experiências diárias.
Fonte: www.marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com
Crianças de 4 a 6 anos: Nesta fase, as histórias já podem ser mais
elaboradas, complexas e ricas em detalhes. Apesar das imagens ainda despertarem
fascínio, é o texto que tem maior importância para a criança.
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A CRIANÇA DE 4 A 6 ANOS
Características físicas Como você pode ajudá-la
É muito ativa. Promover atividades que exijam
movimentos com o corpo.
Coordena melhor seus movimentos e
músculos.
Deixá-la descobrir os elementos da
natureza com seus sentidos.
Possui maior equilíbrio e destreza. Promover atividades de equilíbrio.
Traços de desenhos mais detalhados. Utilizar recursos visuais coloridos e com
mais detalhes.
Características mentais Como você pode ajudá-la
Vocabulário simples. Enriquecer seu vocabulário por meio de
novas histórias.
Tem capacidade de concentração. Desenvolver atividades que promovam
concentração e uso do raciocínio.
Tem imaginação aguçada. Usar recursos e métodos audiovisuais para
desenvolver sua imaginação.
Não tem noção de tempo e espaço. Ajudá-la a rever o que aconteceu ontem,
hoje.
Gosta de produzir desenhos e escritas
gráficas.
Explorar os seus desenhos e expor para os
outros adultos.
Gosta de formar frases complicadas. Ajudá-las a associar e coordenar as suas
frases de maneira lógica.
Características sociais Como você pode ajudá-la
Gosta de fazer as coisas sozinha. Ajudá-la em sua autonomia.
Gosta de brincar em grupinhos. Promover atividades em grupo.
Faz amizades com facilidade. Cultivar a amizade entre as crianças.
Já não é mais tão egoísta. Incentivá-la a emprestar, dividir os
brinquedos, objetos.
Características emocionais Como você pode ajudá-la
27
Acredita literalmente no que é ensinado
(Papai Noel, Coelho da Páscoa).
É muito emotiva.
Tem muitos medos. Demonstrar-lhe amor, segurança e
tranquilidade.
É ciumenta. Impor limites.
Valoriza suas produções. Valorizar e respeitar suas produções.
Fonte: www. marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com
Crianças de 7 aos 10 anos: A partir desta faixa etária, a criança já aprendeu a
ler e a escrever, portanto, já é um tipo de leitor que gosta de histórias que desafiem a sua
imaginação e que a faça despertar sua criatividade. É importante levar em consideração
o gosto da criança, pois ela já é capaz de escolher o que quer ler ou ouvir.
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1. Desbrave pela literatura infantil
Sempre que tiver oportunidade, explore livros infantis – seja em bibliotecas,
livrarias, salas de espera, na escola de seu filho ou na casa de amigos, não importa.
Folheie, leia as histórias, observe as ilustrações e o estilo do autor. Quanto maior for seu
repertório, mais elementos você terá para, nos momentos oportunos, escolher bons
livros para seu filho.
2. Vá além da indicação de idade
Aqui em CRESCER você sabe que indicamos a faixa etária que pode se
interessar pelo livro com o termo “a partir de”. Por isso, encare as indicações – tanto
nossas como das editoras, por exemplo – com uma direção apenas. Nunca, nunca é cedo
demais. Para bebês, livros de plástico e pano são a resposta certa. Até 1 ano a 2, eles vão
adorar, por exemplo, os que têm alguma textura. Conforme crescem, as crianças se
interessam pelos tipos cartonados, além dos que utilizam pop-ups e dobraduras. Para
crianças um pouco maiores, em geral, as ilustrações também são sempre muito
relevantes. Em relação às histórias, é bom prestar atenção na complexidade, tamanho do
texto e vocabulário, e leve em consideração se é você ou ele quem está lendo. Para os
em fase de alfabetização, os livros em letra bastão (ou letra de forma) são um estímulo e
tanto à leitura. Uma criança pode gostar de um livro dirigido a crianças mais novas, ou
já se interessar por algo para as mais velhas.
3. Conheça seu leitor
Seu filho já se encantou com os livros de um determinado autor, personagem,
estilo ou coleção? Ele gosta de poesia ou o que mais chama a atenção são as imagens?
Prefere personagens aventureiros ou mais introspectivos? Está atualmente fascinado por
bruxas ou gosta de animais? Use sua sensibilidade para ler as dicas que seu próprio filho
dá sobre as preferências literárias.
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4. Resgate suas preferências de infância
Você se encantou com Flicts? Robinson Crusoé? Marcelo, Marmelo, Martelo?
Busque na memória suas preferências literárias de infância, conte para seus filhos suas
experiências com esses livros e ofereça a eles a oportunidade de experimentar essas
obras (e trocar experiências com você).
5. Faça da literatura infantil um assunto
Com parentes, outros pais, com a professora da escola, com uma bibliotecária ou
com o vendedor de sua livraria infantil preferida, converse sobre os livros infantis, os
títulos atraentes aos olhos das crianças, os mais bem aceitos, lançamentos etc. No boca a
boca, você consegue preciosas dicas.
6. Ofereça diversidade
Contos clássicos e modernos, poesias, livros de imagens e quadrinhos: é
importante a criança ter acesso à diversidade, poder explorar diferentes gêneros, estilos
e linguagens. Se forem os clássicos, prefira as versões que não ocultem passagens
importantes e personagens “sombrios” (leia a matéria sobre livros politicamente
corretos).
7. Test-drive literário
Uma grande vantagem dos livros infantis é a possibilidade de examiná-los na
íntegra antes de comprá-los. Ao escolher um livro para seu filho, opte por obras que o
encante não apenas como mãe ou pai, mas como leitor (mesmo porque, se a criança
gostar muito do livro, pedirá para você ler para ela várias vezes).
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8. Leia sobre a literatura infantil
Em revistas, jornais, blogs e sites que tratem de literatura infantil, procure se
informar sobre sugestões de especialistas, bons lançamentos e livros premiados podem
ser boas referências para futuras investigações em livrarias.
9. Use e abuse das bibliotecas
Não apenas as livrarias, mas também as bibliotecas são ótimos mediadores entre
a criança e os livros. Elas possibilitam uma experimentação bastante ampla e
diversificada, sem custos. São ótimas oportunidades para se conhecer novos autores e
gêneros literários.
10. Permita que a criança faça suas escolhas
Por mais que a criança queira um livro que você não julgue excepcional, permita
que, na biblioteca ou na livraria, ela também tenha a oportunidade de decidir qual levar.
Em crianças mais velhas, especialmente, pode acontecer de elas só quererem ler o que
escolhem (além dos indicados pela escola, claro). Indique alguns títulos, mas não faça
imposição em relação às leituras.
Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI75824-10496,00-
PASSOS+PARA+ESCOLHER+UM+BOM+LIVRO+PARA+AS+CRIANCAS.html
1.4 – A tradição oral como bem imaterial da humanidade
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura) criou, em 1997, o chamado Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade para
reconhecimento e proteção de patrimônios culturais imateriais, abrangendo as
expressões culturais e as tradições preservadas e respeitadas por um grupo com a
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intenção de repassar as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial os
modos de fazer, as lendas, as músicas, os costumes, as festas, as danças e as formas de
expressão.
Os bens são escolhidos a cada dois anos, depois de se candidatarem e serem
apresentados aos países que fazem parte da Covenção para a Salvaguarda do Patrimônio
Cultural Imaterial.
Esse patrimônio é vulnerável, apesar da tentativa de manter um senso de
identidade e de continuidade, pois está constantemente mudando e multiplicando seus
portadores, e foi por isso que se adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio
Cultural Intangível no ano de 2003.
A importância de promover e de proteger a memória e as manifestações
culturais, representadas ao redor do mundo por paisagens culturais, monumentos e sítios
históricos, é muito reconhecida, porém não é só de aspectos fisicos que se faz a cultura
de um povo.
É preciso muita responsabilidade para a manutenção das tradições no folclore,
nas línguas, nas festas e em outros diferentes aspectos e manifestações que são
transmitidas oralmente e gestualmente, recriados coletivamente e modificados com o
passar do tempo. A essa herança cultural dos povos de todo o planeta chamamos de
patrimônio cultural intangível.
O patrimônio imaterial é uma fonte de identidade e carrega sua própria história
para muitos, principalmente os povos indígenas e as minorias étnicas. O fundamento da
vida comunitária se baseia nos valores, na filosofia e nas formas de pensar que se
reflitam nas línguas, nas tradições orais e nas outras diferentes manifestações culturais.
32
A força de tradições culturais e populares garante a sobrevivência das diferentes
culturas dentro das comunidades e contribui para o alcance de um mundo global, já que
vivemos de forma cada vez mais globalizada.
A UNESCO sabe da importância de tal patrimônio e da complexidade que
envolve a definição de seus limites e de sua proteção. Por esse motivo, se esforça para
criar e consolidar instrumentos de mecanismos que possam conduzir a defesa e o
reconhecimento. Tal instrumento tem o papel de identificar, de preservar, de dar
continuidade e de disseminar essa forma de patrimônio.
Tradição Oral
A tradição oral pode ser definida como a manutenção de mitos, lendas e histórias
reproduzidas através da fala,
passando de uma geração para
outra. Essas tradições dependem da
maneira como são transmitidas, pois
nem toda informação verbal é uma
tradição, ou seja, nem toda elocução
verbal traz dados da cultura, da
história e da organização social de
uma determinada população.
A tradição oral também depende da memória de seu povo, pois é por meio dela
que ela se mantém. Por isso, as lendas, os mitos e as histórias se utilizam de diversos
recursos, como dança, música, rimas, palavras-chaves etc.
Há muitos tipos de tradições orais como: lendas, parábolas, mitos e fábulas, e
suas expressões são diferentes, pois podem ser românticas, humorísticas, educativas,
trágicas, inspiradoras, assustadoras e também podem ser baseadas na vida de alguém ou
ser simplesmente ficção.
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Atualmente, muitos cantores, rappers e atores modernos tornaram-se contadores
de histórias orais através de suas apresentações e organizações. Empresas também
descobriram o poder da literatura oral no ambiente de trabalho. Concluíram que uma
história de mudança estrutural numa empresa pode influenciar outras empresas similares
a mudar também. As histórias que são contadas informalmente entre as pessoas, sobre
normas organizacionais, iniciativas de mudanças e políticas atravessam a cultura da
empresa e são refletidas nos significados das intervenções organizacionais que as
pessoas dão.
A tradição oral na educação escolar
Ação Griô Nacional busca criar uma política nacional de educação que garanta o
ensino das tradições orais e da cultura popular brasileira
14/09/2010
Michelle Amaral da Reportagem
Poderia ser uma escola pública como outra qualquer. Porém, a Escola Municipal
de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, que fica no bairro do Butantã,
zona oeste de São Paulo (SP), traz algo diferente em sua forma de educar as crianças.
Entre as disciplinas do currículo escolar, os alunos têm um tempo reservado para o
aprendizado da cultura popular brasileira, através de manifestações da tradição oral.
Este trabalho é realizado pelo Ponto de Cultura Amorim Rima e Centro de
Estudos e Aplicação da Capoeira (Ceaca), que atua dentro da escola. Comandado por
Alcides Lima, o ponto de cultura atende cerca de 300 crianças de 1ª a 4ª série.
Mestre Alcides, como é conhecido, conta que o trabalho começou por oficinas
de capoeira fora do período escolar no ano 2000, e consolidou quando, em 2005, o
grupo passou a ser ponto de cultura, através de um edital do Ministério da Cultura
(MinC).
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O mestre explica que as aulas sobre a cultura popular ministradas pelo ponto de
cultura fogem dos padrões do ensino formal das escolas brasileiras. A oralidade,
segundo ele, trata-se de repetição. Assim, nas aulas, as crianças aprendem através da
repetição de histórias, cantos, contos, poesias, entre outras manifestações artísticas.
Primeiro, aprende-se o que é determinada tradição, trabalhando a parte gestual dela,
como dança, música ou teatro. Depois, o aluno estuda sobre a sua origem e todo o
contexto que a envolve. "A gente vai dando à criança essa questão da oralidade. Ah, de
onde vem o coco? De Pernambuco. E onde fica Pernambuco? Fica no Nordeste. O que é
ciranda, cordel? Que linguagem é essa? Como surgiu? Por que surgiu?", exemplifica
Alcides. Desta forma, o ensino da tradição oral complementa a educação formal.
Atualmente, o ponto de cultura trabalha além da capoeira, coco, ciranda, puxada de
rede, maculelê e samba de roda.
Ação Griô
O trabalho desenvolvido no Ponto de Cultura Amorim Rima não é único. Ele faz
parte da Ação Griô Nacional, uma rede que integra 130 pontos de cultura em todo o país
e que, através de seus mestres, busca fortalecer a identidade cultural de crianças e
adolescentes, segundo a tradição de cada comunidade.
O objetivo da Ação é criar uma política nacional de educação que garanta o
ensino das tradições orais e da cultura popular brasileira. “É uma mudança do currículo,
da prática pedagógica da escola com esse novo olhar e com essa nova geração que se
cria com os saberes e com os griôs e mestres”, explica Lílian Pacheco, educadora e
coordenadora da Ação Griô Nacional.
A rede nasceu a partir do Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô, em Lençóis
(BA), do qual Pacheco é coordenadora pedagógica, e hoje é formada por cerca de 750
mestres e griôs aprendizes.
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A educadora conta que a Ação Nacional começou quando, com a formação dos
pontos de cultura em 2005, o então secretário de Cidadania Cultural do MinC, Célio
Turino, se interessou pelo projeto do Grãos de Luz e Griô, que já trabalhava com a
oralidade, e decidiu estender a ação para todo o país.
Com isso, os pontos que já realizavam trabalho semelhante passaram a integrar a
ação. “Uma coisa que a gente fala, não só eu, mas todos da tradição oral, é que a gente
não começou com a Ação Griô, com o Ministério da Cultura. A gente lida com isso há
muitos anos”, explica Alcides.
Reconhecimento
Para ser um mestre griô é necessário ser reconhecido por sua comunidade como
detentor do conhecimento das tradições orais. Além dos mestres, existem os griôs
aprendizes, que são educadores que trabalham com o ensino da cultura popular.
A palavra griô vem de griot, em francês. A palavra tem sua origem em bamanan,
língua do noroeste da África, antigo império do Mali, e significa “o sangue que circula”.
Assim como o significado da palavra, são reconhecidos como griôs aqueles que fazem
com que as tradições circulem entre as novas gerações, preservando a identidade
cultural de cada povo.
Lílian Pacheco aponta que a Ação Griô traz o reconhecimento dessas pessoas
que guardam os saberes e tradições de cada comunidade. “O mestre griô daquela
comunidade passa a ter um outro lugar social, político, econômico e educacional”,
relata.
A griô aprendiz Catarina Ribeiro, do Ponto de Cultura A Bruxa Tá Solta, situado
em Rorainópolis (RR), diz que nas comunidades em que a Ação Griô atua, percebe-se
um olhar atencioso para os mais velhos. “Hoje temos jovens que falam que a melhor
36
coisa no convívio com os mestres é a permanente prática de cooperação e
solidariedade”, afirma.
Com isso, os mestres ganham visibilidade e começam a ser reconhecidos em
seus locais de origem. “Para nós, do Ponto, eles são os nossos guardiões, fonte em que
buscamos a renovação das forças e a alegria para caminhar. E os saberes da tradição
oral são o ativo estratégico para continuarmos a riqueza da diversidade cultural
brasileira”, conta a griô aprendiz, responsável pela coordenação da Regional Amazônia
da rede.
Identidade cultural
Segundo Lílian Pacheco, esse reconhecimento contribui para o resultado que se
espera obter através da educação das tradições orais, que é “o fortalecimento da
identidade das crianças e dos adolescentes, a ancestralidade da criança e do adolescente
de cada comunidade”.
A educadora afirma que, com o trabalho realizado pela Ação Griô, as crianças
passam a reconhecer a sua etnia, sua descendência e a história de seu povo. No mesmo
sentido, os educadores passam a tratar as ciências que são ensinadas nas escolas com
um olhar mais contextualizado dentro do universo dos saberes, enriquecendo o
aprendizado. “A ciência que tem o pescador daquela comunidade passa a ser integrada
na ciência que está sendo estudada na escola”, exemplifica.
Pacheco, através das experiências vividas em seu ponto de cultura na cidade de
Lençóis, reuniu todas as atividades e práticas realizadas e formulou a Pedagogia Griô.
No entanto, segundo ela, cada ponto de cultura acaba criando o seu próprio modo de
ensino através da oralidade, de acordo com o contexto cultural local.
No caso do Ponto de Cultura Amorim Rima, em São Paulo, Mestre Alcides
conta que a capoeira é trabalhada como “uma possibilidade humana de educação”. Ele
37
explica que através dela é possível agregar valores às crianças. “Porque dentro da
capoeira tem toda uma questão de resgate de valores, como o respeito, o
reconhecimento, entender porque as pessoas não são iguais, que cada um tem a sua
dificuldade, que um complementa o outro. A gente trabalha isso”, descreve.
Outro exemplo pode ser dado através da experiência realizada no Ponto de
Cultura Nina Griô, que fica em Campinas (SP). Marcos Alberto Simplício, o mestre
Marquinhos, relata que um dos trabalhos realizados por seu ponto de cultura é a Roda
do Conhecimento, uma reunião mensal de troca de saberes através da oralidade, onde
crianças e adolescentes ouvem pessoas envolvidas no universo da cultura popular
contarem suas histórias e experiências de vida. Segundo ele, esta é uma “pedagogia que
valoriza o poder da palavra e fortalece os processos de formação de identidades locais”.
Para Catarina Ribeiro, “garantir o cuidado e a rede de transmissão oral é garantir
a brasilidade que nos diferencia e nos aproxima dos demais povos”
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/246
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Unidade 2 – Tipos de histórias
Olá!
Na segunda unidade deste curso, abordaremos os diversos tipos de histórias
contadas. Você vai conhecer as características e peculiaridades dos oito tipos principais
de histórias.
Vamos compreender por que contar história é de fato uma arte, também vamos
entender como é a estrutura da Literatura Infantil contemporânea e as características dos
autores da atualidade.
Por fim, vamos entender a leitura como uma função social, e por qual motivo
devemos entender que leitura também é uma forma de exercer cidadania.
Bons estudos!
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2.1 – Conhecendo alguns tipos de histórias
Há uma multiplicidade de formas narrativas de histórias, consideradas como
pertencentes à ficção, que podem ser definidas como formas simples. São elas: o conto
maravilhoso, o conto de fada, a fábula, a parábola, a alegoria, a lenda, a saga, o mito, o
conto exemplar, entre outros.
Muitas dessas narrativas têm origem antiga e anônima, e são consideradas como
formas simples por serem resultado de uma “criação espontânea”, são simples e
autênticas e quase todas elas foram absorvidas pela Literatura Infantil pela tradição
popular.
Vejamos as principais.
Fábula
Do latim fari, falar, e do grego phaó, contar algo, é a narrativa de uma situação
vivida por animais em situações humanas
e com o objetivo de transmitir princípios
morais. É também a primeira forma de
narrativa registrada.
Muitos autores se dedicaram a
essa forma de narrativa, mas Esopo e
Fedro são os mais citados quando
falamos de fábulas, conforme dissemos
anteriormente. No século XVII, La
Fontaine teve um papel essencial por
reinventar essa forma.
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As fábulas retratam temas moralizantes, como arrogância, astúcia, inveja,
ambivalência, culpa, coragem, prudência, sabedoria, preguiça, resignação etc.
Há uma simbologia para os elementos de uma fábula e as mais comuns veremos
a seguir.
Coruja – é o símbolo da sabedoria e da filosofia. Geralmente é ela que dá bons
conselhos, além de ser capaz de enxergar nos momentos de escuridão.
Raposa – esse animal costuma simbolizar a astúcia e a esperteza;
Cavalo – é o símbolo da força e do poder;
Lobo-mau – é a metáfora do homem sedutor; os instintos maus do homem;
Caçador – símbolo paterno e protetor;
Leão – símbolo da realeza, força, poder;
Urso – símbolo da força, poder;
Porco – símbolo da gula, instintos bestiais;
Formiga – trabalho;
Cigarra – preguiça.
Com o passar dos anos, os animais passaram a ter uma simbologia diferente e
revolucionária em comparação com a tradicional. Animais agora agem como animais e
não são mais personificados como eram tradicionalmente. Veja no quadro abaixo como
eram e como ficou:
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Revolução dos bichos
A safra recente de livros com personagens animais já não se enquadra no modelo
convencional da fábula antiga
FÁBULA TRADICIONAL
Como é: o animal age e fala como um ser humano. Geralmente as histórias
encerram-se com um sentido moral, um ensinamento para o leitor
Principais obras: fábulas atribuídas a Esopo; poemas de Jean de La Fontaine; contos
de Hans Christian Andersen;
NOVA FÁBULA
Como é: o animal age como um bicho de verdade. As histórias não trazem
pregações morais, mas revelam o lado animal do ser humano.
Principais obras: A Vida dos Animais, de J.M. Coetzee; A Vida de Pi, de Yann Martel;
Alguém para Correr Comigo, de David Grossman
Fonte: revistanovaescola
Apólogo
Do grego apo, sobre, e logo, discurso. É uma breve narrativa de situações
vividas por personagens inanimados, não há vida animal nem humana, geralmente são
objetos ou elementos da natureza que fazem alusão a uma situação exemplar para os
homens. Diferentemente das fábulas, que utilizam símbolos, os apólogos têm seres
inanimados como personagens que adquirem valor metafórico.
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La Fontaine é o primeiro nome que lembramos ao falar dos apólogos, leia abaixo
uma das histórias mais conhecidas do autor:
Fonte: fabulascancoes.webnode.com.br
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Parábola
A parábola é uma narrativa alegórica que tem como objetivo comparar a ficção
com a realidade, transmitindo, assim,
uma moral da história. Ela se difere
das fábulas e dos apólogos,
principalmente, por apresentar
humanos como protagonistas, embora
também possam existir situações em
que animais aparecem. A bíblia é
uma fonte de parábolas, como “A
volta do filho pródigo”.
La Fontaine é autor de diversas parábolas muito conhecidas, como a descrita a
seguir:
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O Homem e a serpente
Um camponês, que possuía uma alma ingênua e bondosa, encontrou na neve fria
uma cobra venenosa que, enregelada, morria.
Sem refletir, num repente, levou-a para sua casa e a aqueceu junto à brasa do seu
fogão. A serpente renasceu rapidamente. E quando se sentiu forte atacou o camponês
tentando pagar com a morte o bem que este lhe fez.
Mas deu-se mal, desta vez: com dois golpes de facão, o homem a cortou em três!
É certo fazer o bem mesmo sem olhar a quem? Ou fazer o bem está certo mas
tendo um facão por perto!
(LA FONTAINE. Fábulas. Trad. de Ferreira Gullar. Rio de Janeiro: Revan, 1998, p.
29.)
Alegoria
A expressão alegoria exprime uma ideia através de uma imagem. É uma
narrativa que pode ser tanto verso quanto prosa e que pode ter dois níveis de
significação como, por exemplo, a narrativa em si ou a interpretação que pode ser
variada de acordo com o leitor (o exemplo da bíblia que é diferentemente interpretada
pelas religiões).
45
Mitos
Caracterizados por narrativas breves, sempre possuem deuses, duendes e heróis
como personagens e situações
sobrenaturais.
Muitas vezes, o termo mito é
utilizado pejorativamente ao fazer
referências às crenças e
acontecimentos históricos. Mito se
refere especificamente aos relatos
organizados de determinadas
civilizações, como a mitologia grega
e a mitologia romana.
Mito da Medusa
A versão mais difundida sobre a Medusa diz que no princípio ela era uma
donzela extremamente bonita, mas de todos os encantos que possuía os mais belos eram
os cabelos. Quando o deus Posseidon se enamorou da linda jovem transformou-a em
ave raptou-a e a transportou ao templo dedicado a Atena (Minerva para os romanos),
onde se uniu a ela, isso desagradou profundamente a deusa, que inconformada com a
profanação do edifício onde era cultuada decidiu castigar a jovem, transformando os
seus longos fios de cabelo em horríveis serpentes, e dando aos seus olhos o poder
maligno de petrificar todos aqueles em quem se fixassem.
Além dessa, uma outra versão explica de forma diferente a metamorfose sofrida por
Medusa: segundo esse relato, sendo ela extremamente vaidosa, a ponto até de se julgar
mais bela que Atena, acabou sendo castigada pela deusa com sua transformação em um
monstro terrível que passou a flagelar os arredores do lago Tritones, na Líbia.
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A lenda que relata a morte dessa terrível criatura diz que Perseu, filho de Zeus com
Dânae, pretendendo proteger sua mãe do rei Polidecto, da ilha de Sérifos, no mar Egeu,
prometeu entregar-lhe a cabeça da górgona. Preparando-se para cumprir a oferta que
fizera, ele foi ajudado inicialmente pelo deus Hermes (Mercúrio), que lhe deu uma faca
em forma de foice e mostrou como chegar às Gréias, três velhas que compartilhavam
um olho e um dente entre si, e estas o ensinaram o caminho para as ninfas que poderiam
dar a ele as armas de que precisava para combater a Medusa. Com elas Perseu obteve
uma capa de escuridão que lhe daria a vantagem da surpresa, sandálias aladas para
facilitar sua fuga e uma bolsa especial onde a cabeça da inimiga deveria ser guardada
tão logo fosse decepada.
Equipado dessa maneira, e contando ainda com a ajuda da deusa Atena, que segurou
um espelho de bronze no qual ele podia ver a criatura perigosa que enfrentava, sem
precisar olhar diretamente para ela, Perseu a atacou com o rosto voltado para o lado, a
fim de não encará-la, mas a Medusa, ao ver sua própria imagem refletida na couraça
espelhada, transformou-se em pedra e teve sua cabeça imediatamente decepada pelo
herói. Este colocou o seu troféu na bolsa que levava e retornou imediatamente a Sérifo,
ajudado pelas sandálias aladas. Porém a lenda revela que do sangue que jorrou no
momento em que Medusa foi decapitada, nasceu Pégaso, o cavalo alado, filho da
Górgona com o deus Posseidon. Cumprida a promessa feita, Perseu mais tarde ofertou a
cabeça da criatura monstruosa à deusa Atena, que a colocou em seu escudo como
proteção contra os inimigos.
Segundo os mitólogos, Medusa tinha poderes tão extraordinários que uma mecha de
seus cabelos afugentava qualquer exército invasor, e seu sangue tinha o dom de matar e
ressuscitar pessoas. Mesmo depois de morta, podia petrificar quem olhasse para sua
cabeça. Foi assim, conforme diz a lenda, que Perseu derrotou adversários poderosos,
como o gigante Atlas que, ao desentender-se com o jovem guerreiro, foi exposto a ela e
teve o corpo imediatamente transformado em pedra, sua barba e seu cabelo
transformaram-se em florestas, os braços e ombros, rochedos, a cabeça, um cume, e os
ossos, as rochas. Cada parte aumentou de volume até se tornar uma montanha, e foi
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assim, pela vontade dos deuses, que o céu, com todas as suas estrelas, passou a se apoiar
em seus ombros.
Fonte:
http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=262935
Lenda
Do latim legenda, significa algo que deve ser lido. É também uma forma
narrativa muito antiga que
geralmente é curta e pode ser poesia
ou prosa. Apresenta-se com
elementos fictícios, mas com
fundamentos verdadeiros que de
fato aconteceram.
Aqui no Brasil, temos um
folclore muito rico em lendas. Monteiro Lobato soube utilizá-las muito bem na
Literatura Infantil, trazendo personagens como a Cuca e o Saci Pererê. Outros
elementos fortes do nosso folclore são: o curupira, a uiara (boto), o lobisomem etc.
A lenda do Saci Pererê
A lenda do Saci é uma das mais difundidas no Brasil. Segundo muitos autores, o
Saci é um menino travesso de cor negra que possui apenas uma perna, usa uma
carapuça ou gorro vermelho na cabeça e fica o tempo todo fumando cachimbo. Costuma
correr atrás dos animais para afugentá-los, gosta de montar em cavalos e de dar nó em
suas crinas.
O Saci Pererê pode também aparecer e desaparecer misteriosamente, é muito
irrequieto e não para um instante sequer, pois fica pulando de um lugar para outro. Toda
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vez que apronta as suas travessuras, ele dá risadas alegres e agudas e gosta de assobiar,
principalmente quando não existem as noites de luar. Ao Saci Pererê são atribuídas às
coisas que dão errado. Costumava-se dizer que ele entrava nas casas e apagava o fogo,
queimava as comidas das panelas, secava a água das vasilhas, escondia os objetos etc.
Seu principal divertimento é atrapalhar as pessoas para se perderem.
Dizem que ele veio do meio de um redemoinho e que, para espantá-lo, é preciso atirar
uma faca no redemoinho ou chamá-lo pelo seu nome. Embora pertença ao folclore da
região sudeste e sul, ele também foi introduzido ao folclore do norte por ser uma figura
muito popular nesta região do país.
Fonte: http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/saci/
Conto Maravilhoso
A forma do conto maravilhoso possui origem nas narrativas orientais, e o seu
modelo mais completo é a coletânea As Mil e Uma Noites. O conto maravilhoso foi a
fonte para o nascimento da literatura e assim nasceram personagens com poderes
sobrenaturais, forças do bem e do mal, benefícios de milagres, entre outras
características.
A natureza do núcleo dessas histórias é material/social/sensorial, como a eterna
busca pela conquista do poder, riquezas etc. Veja abaixo um exemplo.
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Os músicos de Brêmen
Era uma vez um burro que durante muitos anos tinha trabalhado para um
moleiro, transportando pesados sacos de grão. Mas agora já estava velho e sem força. O
seu patrão, pensando que o burro já não servia para nada, nunca mais lhe deu de comer.
O animal, que não queria morrer de fome, resolveu fugir.
"Vor para Brêmen, a cidade dos músicos!", pensou.
"Já não tenho força para trabalhar, mas posso tocar!"
Ao longo da estrada, encontrou um cão que lhe pareceu muito cansado.
"O que te aconteceu?", perguntou-lhe o burro.
"Sou velho e já não posso ir caçar", respondeu-lhe o cão, "por isso o meu patrão
quer matar-me!"
"Eu vou para Brêmen, vou ser músico", disse-lhe o burro, "vem comigo e
formaremos uma banda!"
A ideia agradou ao cão, que se juntou ao burro, e os dois seguiram caminho
para Brêmen. Pouco tempo depois, encontraram um gato com os olhos cheios de
lágrimas.
"O que te aconteceu?", perguntaram-lhe.
"Sou velho e já não consigo apanhar ratos, por isso a minha dona quer afogar-
me!"
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"Vem para Brêmen conosco", propôs o burro.
"Eu tocarei flauta, o cão tocará tambor e tu ajudarás a fazer serenatas!"
O gato achou a ideia ótima e juntou-se ao cão e ao burro, seguindo com eles para
Brêmen. Mais adiante, viram um galo que gritava em cima de uma cerca.
"O que te aconteceu?", perguntaram-lhe os três amigos.
Estou a ficar velho e na quinta querem assar-me no forno", contou o galo, aflito.
"Vem para Brêmen conosco", propôs-lhe o burro. "Tu tens uma bela voz e nós
sabemos tocar. Juntos formaremos uma banda!"
O galo achou a ideia ótima e juntou-se ao cão, ao gato e ao burro, seguindo com
eles para Brêmen.
Mas a cidade ainda era distante e a noite já começara a cair. Os quatro amigos,
cansados e esfomeados, resolveram procurar um lugar para descansar. Junto à estrada,
havia uma casa que parecia abandonada, mas tinha uma janela iluminada.
O burro aproximou-se da janela e viu um grupo de ladrões sentados à volta de
uma mesa cheia de comida.
Os quatro amigos resolveram, então, inventar um plano.
O cão subiu para o dorso do cavalo, o gato para o pescoço do cão e o galo voou
para cima do gato.
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Fonte: www.dipity.com
Com o burro comandando, puseram-se todos a cantar a plenos pulmões e, com
um salto, entraram na casa, partindo a janela.
Ouvindo aquele terrível estrondo, os ladrões julgavam que lhes tinha aparecido
um monstro de quatro cabeças. Fugiram apavorados, deixando para trás a mesa com
todas aquelas iguarias!
Os quatro amigos pregaram-lhes uma boa peça. O seu plano resultara na
perfeição!
Comeram tanto que não voltaram a pensar na viagem para Brêmen e
permaneceram felizes e contentes naquela casa abandonada à beira da estrada o resto
das suas vidas.
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Fonte: www.coolkids.guarda.pt
Conto de fada
Sua natureza é espiritual/ética/existencial, e sua origem é celta, com heróis e
heroínas cujas aventuras estão sempre atreladas ao sobrenatural, ao mistério além-vida e
à realização humana.
A fada é uma personagem que mesmo com o passar dos tempos se mantém
muito atraente pelas crianças e também pelos
adultos. O termo fada vem do latim fatum que
significa fatalidade/destino.
A maioria dos contos começam pelo "Era
uma vez", para reforçar que os temas não se referem
ao presente tempo e espaço, o leitor encontra
personagens e situações familiares, de seu cotidiano
e do seu universo individual, com conflitos, medos e
sonhos.
Cinderela
Era uma vez um homem cuja primeira esposa tinha morrido, e que tinha casado
novamente com uma mulher muito arrogante. Ela tinha duas filhas que se pareciam em
tudo com ela.
O homem tinha uma filha de seu primeiro casamento. Era uma moça meiga e
bondosa, muito parecida com a mãe. A nova esposa mandava a jovem fazer os serviços
mais sujos da casa e dormir no sótão, enquanto as “irmãs” dormiam em
quartos com chão encerado.
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Quando o serviço da casa estava terminado, a pobre moça sentava-se junto à
lareira, e sua roupa ficava suja de cinzas. Por esse motivo, as malvadas irmãs
zombavam dela. Embora Cinderela tivesse que vestir roupas velhas, era ainda cem
vezes mais bonita que as irmãs, com seus vestidos esplêndidos. O rei mandou organizar
um baile para que seu filho escolhesse uma jovem para se casar, e mandou convites para
todas as pessoas importantes do reino. As duas irmãs ficaram contentes e só pensavam
na festa. Cinderela ajudava.
Ela até lhes deu os melhores conselhos que podia e se ofereceu para arrumá-las
para o evento. As irmãs zombavam de Cinderela, e diziam que ela nunca poderia ir
ao baile.
Finalmente o grande dia chegou. A pobre Cinderela viu a madrasta e as irmãs
saírem numa carruagem em direção ao palácio, em seguida sentou-se perto da lareira e
começou a chorar.
Apareceu diante dela uma fada, que disse ser sua fada madrinha, e,
ao ver Cinderela chorando, perguntou: “Você gostaria de ir ao baile, não é?”
“Sim”, suspirou Cinderela.
“Bem, eu posso fazer com que você vá ao baile”, disse a fada madrinha.
Ela deu umas instruções esquisitas à moça: “Vá ao jardim e traga-me uma abóbora.”
Cinderela trouxe e a fada madrinha esvaziou a abóbora até ficar só a casca. Tocou-a
com a varinha mágica, e a abóbora se transformou numa linda carruagem dourada!
Em seguida a fada madrinha transformou seis camundongos em cavalos lindos,
tocando-os com sua varinha mágica. Escolheu também um rato que tivesse o bigode
mais fino para ser o cocheiro mais bonito do mundo. Então ela disse a Cinderela, “Olhe
atrás do regador, você encontrará seis lagartos ali, traga-os aqui.”
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Cinderela nem bem acabou de trazê-los, e a fada madrinha transformou-os em
lacaios. Eles subiram atrás da carruagem, com seus uniformes de gala, e ficaram ali
como se nunca tivessem feito outra coisa na vida.
Quanto a Cinderela, bastou um toque da varinha mágica para transformar os
farrapos que usava num vestido de ouro e prata, bordado com pedras preciosas.
Finalmente, a fada madrinha lhe deu um par de sapatinhos de cristal.
Toda arrumada, Cinderela entrou na carruagem. A fada madrinha avisou que deveria
estar de volta à meia-noite, pois o encanto terminaria ao bater do último toque da meia-
noite. O filho do rei pensou que Cinderela fosse uma princesa desconhecida e apressou-
se a ir dar-lhe as boas vindas. Ajudou-a descer da carruagem e levou-a ao salão de baile.
Todos pararam e ficaram admirando aquela moça que acabara de chegar.
O príncipe estava encantado, e dançou todas as músicas com Cinderela. Ela
estava tão absorvida com ele, que se esqueceu completamente do aviso da fada
madrinha. Então, o relógio do palácio começou a bater doze horas. A moça se lembrou
do aviso da fada e, num salto, pôs-se de pé e correu para o jardim.
O príncipe foi atrás, mas não conseguiu alcançá-la. No entanto, na pressa ela deixou cair
um dos seus elegantes sapatinhos de cristal.
Cinderela chegou em casa exausta, sem carruagem ou os lacaios e vestindo sua
roupa velha e rasgada. Nada tinha restado do seu esplendor, a não ser o outro sapatinho
de Cristal. Mais tarde, quando as irmãs chegaram em casa, Cinderela perguntou-lhes se
tinham se divertido. As irmãs, que não tinham percebido que a princesa desconhecida
era Cinderela, contaram tudo sobre a festa, e como o príncipe pegara o sapatinho que
tinha caído e passou o resto da noite olhando fixamente para ele, definitivamente
apaixonado pela linda desconhecida.
As irmãs tinham contado a verdade, pois alguns dias depois o filho do rei
anunciou publicamente que se casaria com a moça em cujo pé o sapatinho servisse
perfeitamente.
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Embora todas as princesas, duquesas e todo resto das damas da corte tivessem
experimentado o sapatinho, ele não serviu em nenhuma delas. Um mensageiro chegou à
casa de Cinderela trazendo o sapatinho. Ele deveria calçá-lo em todas as moças da casa.
As duas irmãs tentaram de todas as formas calçar aquele sapato, tentativa em vão.
Então, Cinderela sorriu e disse, “Eu gostaria de experimentar o sapatinho para ver se me
serve!”
As irmãs riram e caçoaram dela, mas o mensageiro tinha recebido ordens para
deixar todas as moças do reino experimentarem o sapatinho. Então, fez Cinderela
sentar-se e, para surpresa de todos, o sapatinho serviu-lhe perfeitamente!
As duas irmãs ficaram espantadas, mas ainda mais espantadas quando Cinderela tirou o
outro sapatinho de cristal do bolso e calçou no outro pé.
Nesse momento, surgiu a fada madrinha, que tocou a roupa de Cinderela com a
varinha mágica. Imediatamente, os farrapos se transformaram num vestido ainda mais
bonito do que aquele que havia usado antes.
A madrasta e suas filhas reconheceram a linda “princesa” do baile, e caíram de
joelhos implorando seu perdão, por todo sofrimento que lhe tinham causado.
Cinderela abraçou-as e disse-lhes que perdoava de todo o coração. Em seguida, no seu
vestido esplêndido, ela foi levada à presença do príncipe, que aguardava ansioso sua
amada. Alguns dias mais tarde, casaram-se e viveram felizes para
sempre.
Fonte: http://www.educacional.com.br/projetos/ef1a4/contosdefadas/cinderela.html
Histórias em quadrinhos
As histórias em quadrinhos são enredos narrados quadro a quadro por meio de
desenhos e textos que utilizam o discurso direto, como a língua falada.
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Esse tipo de narrativa tem origem pré-histórica. Em muitas cavernas e grutas é
possível observar cenas do cotidiano, quadro a quadro, nas pinturas rupestres. No Egito,
foram localizados desenhos e hieróglifos em baixo-relevo que contavam a história dos
faraós.
Outras narrativas representadas por imagens são comuns à via-sacra, às
tapeçarias medievais, aos vitrais góticos
e aos livros ilustrados de diversas
épocas. A origem dos balões presentes
nas histórias pode ser atribuída aos
filactérios, faixas com palavras escritas
junto à boca dos personagens,
observadas em ilustrações europeias
desde o século XIV. Foi a partir do
século XIX que o texto começou a acompanhar o desenho.
O percussor das HQs foi o italiano radicado no Brasil Angelo Agostini, que em
1869, publicou As aventuras de Nhô Quim na revista vida fluminense. No entanto,
Maurício de Souza é o mais popular cartunista com seus personagens da Turma da
Mônica. Sua primeira edição foi em 1970 e ainda hoje faz muito sucesso com pessoas
de todas as idades.
2.2 – A arte de contar histórias
Há uma crescente nos
estudos acerca da formação de
leitores, regras são ditadas, como se
houvesse uma receita pronta à
formação leitora.
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Cada pessoa possui um nível de formação, mas percebemos que o contato com
os livros deve acontecer cedo, assim, o prazer em ler gradualmente surgirá
naturalmente.
Como estratégia para formação de leitores está o contar histórias, hoje conhecido
como “contação de histórias”, que, independente da criança ter ou não descoberto o
prazer de ler na leitura, ela pode ter sua atenção despertada por intermédio do contador.
Uma história recontada, as ilustrações, a história repetida são sinais que a leitura
já faz parte do cotidiano do pequeno leitor. Pelo grau de entendimento e encantamento,
a contação de histórias é estratégia para a formação de leitores.
O uso de textos bem selecionados, teatralidade e caracterização são condições
favoráveis, utilizadas pelos contadores, que fazem uma ponte entre o real e o imaginário
das crianças.
Segundo VILLARDI (1997:110), “A literatura é feita pra encantar, é feita com
prazer para proporcionar prazer, o que vem depois é consequência desse prazer”.
Claramente isso quer dizer que a literatura torna o homem mais sensível, mais crítico, e,
de certa forma, mais feliz.
Existe uma grande preocupação de que no mundo globalizado e informatizado
não haja espaço para o livro. No entanto, deve-se acreditar que sim, que os livros são
importantes não só para a formação leitora como para a formação de ideias e de caráter.
A contação tem um valor especial desde criança, pois traz a fuga da realidade, o
sentimento de ser capaz de ser um personagem em qualquer fantasia, por trazer à tona o
prazer que um livro proporciona. Também se acredita que o amor pelos livros não
apareça da noite para o dia, e que é o papel do contador, pais e professores ajudar as
crianças a descobrir o que elas podem oferecer.
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É a partir da contação de histórias para o pré-leitor que ele encontra figuras do
seu cotidiano. É possível a associação de personagens através de contos de fadas.
Segundo a psicologia dos contos de fadas, a inveja é personificada através da bruxa em
A Branca de Neve e os Sete Anões. Em Chapeuzinho Vermelho, a desobediência trouxe
consequências entre várias outras situações.
A Literatura Infantil deve chegar à criança com total liberdade e orientação, a
magia desperta os limites entre o
real e o imaginário, e é possível
essa associação através do
contador.
O desenvolvimento de
estratégias diversas para se contar
histórias é um facilitador do
encantamento e não a restringe.
Uma história bem contada faz
todos se divertirem, fazendo com
que narrador e ouvinte percorram juntos o enredo, envolvendo todos com os
personagens de maneira mágica.
O narrador deve se conscientizar de que a história é importante e de que ele
conta o acontecimento e empresta vivacidade à narrativa. A história informa, socializa,
educa e prende a atenção. Quanto menos ele se preocupar em alcançar os objetivos,
mais influente ele será.
É preciso se convencer de que a história é o mais importante alimento da
imaginação, pois permite a autoidentificação, ajuda a resolver conflitos e permite a
aceitação de situações adversas.
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Estabelecida a devida importância da história como contribuição no
desenvolvimento da criança, não se deve improvisar. Para se obter sucesso na narrativa,
é necessária a ligação de vários fatores, por isso, a elaboração de um plano para
organizar o seu desempenho garante segurança e assegura a naturalidade.
A escolha da história certa tem um grande poder, por isso, é fundamental a
necessidade de fazer uma seleção, levando em consideração a faixa etária, as condições
socioeconômicas, o interesse e o ponto de vista dos ouvintes.
O contador estuda as histórias sem perder de vista as características dos
elementos que a compõem, familiariza-se com os personagens, adquire confiança, faz
adaptações com a devida técnica.
Escolha o que gosta de contar, não se esqueça de que o enredo deve ser simples,
atraente e que contenha situações próximas ao
cotidiano do seu público, como a vivência
doméstica e afetiva com os brinquedos, os
animais e o meio social, sempre com muito
ritmo e repetição, pois é inevitável que eles
peçam sempre a história favorita e, sem
dúvida, vão ouvir a mesma história com o
mesmo entusiasmo e interesse, já que a cada
repetição haverá um fato novo.
Sem esquecer os contos de fadas, as
crianças menores preferem textos curtos,
enredos reduzidos, repetições. No segundo momento, elas preferem histórias que
envolvam animais, alimentos e festas.
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Não se sabe com precisão a idade em que as crianças perdem o interesse por
determinado tema. No entanto, pode-se muito bem adaptar as histórias para as mais
variadas faixas etárias.
O contador deve acreditar, envolver e vibrar em sua história. Caso contrário, será
impossível interessar a criança. A seleção de
histórias deve ser cuidadosamente pensada,
certamente levará um tempo, mas valerá a pena.
Os gestos, vozes e expressões também devem ser
pensados com antecedência. Agir com
naturalidade é muito válido, já que o artificialismo
acaba dispersando a atenção da criança.
É comum modificar o texto para preservar
a criança, porém não é recomendado, se por
ventura se deparar com uma palavra considerada
difícil, ou seja, com a qual crianças não são
familiarizadas, descartá-la totalmente, leia-a mesmo assim. Se aparecer dúvidas, com
certeza as crianças vão perguntar, caso não aconteça é porque a palavra foi
compreendida no contexto da história.
Se o contador ficar explicando demais, traduzindo e adaptando, a história acaba
ficando chata e maternal. A criança percebe que está sendo subestimada e, ao terminar a
história, ela realmente se encerra e deixa de existir para a criança, pois não restou
nenhum mistério. A partir de uma história, é possível desenvolver outras propostas de
atividades, como desenho, massinha, teatro ou o que a sua imaginação e as crianças
sugerirem.
Empenho, dedicação e conhecimento do público são características de
contadores de histórias, diferentemente de professores, que geralmente didatizam os
livros e fazem avaliações deles ou fazem reflexões sem a participação dos alunos. Há
61
uma necessidade do gosto pela leitura do contador, as crianças percebem com eficiência
quando se faz por prazer.
Certamente a criança que é estimulada à leitura terá mais facilidade de
aprendizado e será leitora pelo resto da vida.
São muitas técnicas para escolha de livros por faixa etária, estratégias e recursos
para contação, porém, se o contador de histórias não sente prazer, a criança não vai se
entusiasmar e nem terá curiosidade para procurar e ler outros títulos.
Portanto, não adianta ter uma biblioteca com tantos livros interessantes e esperar
que a criança automaticamente se deslumbre com eles. É preciso atraí-las e, para isso,
um contador de histórias profissional deve propagar sua paixão pela leitura através
dessa arte que é contar histórias. Afinal, todos nós adoramos ouvir uma boa história.
2.3 – A literatura infantil contemporânea
A Literatura Infantil Contemporânea apresenta inúmeras possibilidades de
leitura, variadas formas de linguagens
e, na prática, permitem falar, ver e
viver a infância de determinadas
formas.
Sem dúvida, os contos
despertam a preferência das crianças,
por conterem elementos mágicos e,
atualmente, tais obras devem ser
educativas, para contribuir com a
62
formação da criança e para criar estímulos para a consciência crítica dela.
O fato de um autor contemporâneo usar como motivo de efabulação uma viagem
à Lua com personagens como robô ou astronautas com foguetes espaciais não garante
um valor inovador em sua obra. Escolher um motivo inédito e o desenvolver com
linguagem ultrapassada é um erro frequente de quem escreve para crianças.
O que define a contemporaneidade na Literatura Infantil é a sua intenção de
estimular a consciência crítica do leitor, desenvolver sua criatividade e expressividade,
torná-lo consciente, entre outros fatores, que veremos na sequência.
Efabulação: é iniciada imediatamente com o principal motivo ou com
circunstâncias que direcionam a situação problemática. O autor tem a preocupação da
maneira que ele pode apresentar ao leitor.
Sequência narrativa: não é sempre direta, algumas vezes se “quebra” e coloca
experiências do passado com o presente narrativo, utilizando-se de flashbacks.
Não possui resposta ou solução fechada no desenvolvimento nem na conclusão e
sim propostas de problemas e situações que devem ser solucionadas.
Personagens tipo: rainhas, princesas e fadas reaparecem na maioria das vezes
como sátira e crítica.
Forma narrativa: a forma dominante é o conto, mas, para a literatura juvenil,
as formas de romance crescem consideravelmente.
Voz narradora: é muito familiar, tanto em primeira ou terceira pessoa.
Ato de contar: é muito presente e consciente na narrativa, é valorizado o ato de
narrar.
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Tempo: varia muito, pode ser histórico ou com acontecimentos fora do nosso
tempo.
Espaço: é um cenário simples que situa as personagens ou tem participação
efetiva na ação.
Nacionalismo: tem um sentido novo; além de demonstrar o patriotismo, busca
as origens para conscientizar também culturas.
Exemplaridade: não tem mais a intenção didática e pedagógica, mas continua
passando certa moral ou lição.
Humor: pode ser considerado o aspecto mais relevante da nova Literatura
Infantil, está presente na maior parte das obras contemporâneas.
Realismo e verdade: são alternados com a fantasia e o maravilhoso. O papel
das fadas já não é o de realizar desejos e sim de estimular a ação para que o herói ou a
heroína desenvolva suas próprias forças.
Apelo à visualidade: os recursos como desenhos, ilustrações a cores, por
exemplo, são fatores muito presentes na Literatura Infantil Contemporânea, e a
publicação se torna um espaço de multilinguagem.
2.4 – Função social da leitura
Desde os primórdios, a linguagem foi incorporada como meio de comunicação e,
assim, surgiram a escrita e a leitura paralelamente. E o termo leitura cresceu
consideravelmente nos dias de hoje com as novas formas de ler.
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A leitura se tornou um conjunto de habilidades a ser dominada, que envolve
diversas estratégias, como encontrar fragmentos significativos do texto, avaliar a
consistência das informações, compreender o significado que o autor pretendia, entre
outras.
Mesmo assim, a leitura permanece com uma função social que tem seus
primeiros registros com a leitura em voz alta, que era uma regra, pois os povos da época
estavam acostumados com a oralidade, por isso memorizavam melhor o texto falado.
A leitura se revolucionou após a Idade Média, quando passou a ser silenciosa, e
os leitores perceberam que era possível ler mais que um livro simultaneamente e fazer
reflexões. Com o crescimento da produção de livros e a transmissão eletrônica no fim
do século XX, e a produção de jornais na Europa que também influenciou a leitura e,
posteriormente, abrangeu uma massa com a abertura de bibliotecas de empréstimos, a
leitura deixou de ser um exercício restrito aos religiosos da Igreja Católica e à
aristocracia e se tornou uma prática de todos.
Chartier, um estudioso da leitura, define ler como: “Apropriação, invenção,
produção de significados” e Michel Certeau, outro teorista do assunto diz: “O leitor é
um caçador que percorre terras alheias”.
Devido à tecnologia marcante em nossa sociedade atual, percebe-se que a leitura
é um elemento importante para a inserção social, já que é através da leitura que teremos
acesso às mais variadas informações e aos novos conhecimentos, o que é imprescindível
para interagir com a sociedade.
A leitura é a primeira porta para descobertas e para conhecimentos novos. Além
de identificar palavras, a leitura faz com que elas tenham sentido, compreensão e
interpretação. Segundo Paulo Freire, referência em educação no Brasil e em toda
América Latina: “Ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder
lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação".
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Na sociedade atual, as informações chegam escritas, através de outdoors,
internet, revistas, jornais, entre outros meios de comunicação. Portanto, para se
apropriar das informações e novos conhecimentos é primordial que se saiba ler. O uso
social da leitura não obedece a regras e nem um padrão sociolinguístico.
Para o indivíduo fazer valer a sua cidadania é preciso ter o hábito de boas
leituras para a construção de sua mentalidade, pois: “A cidadania expressa um conjunto
de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do
governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida
social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo
social.” DALLARI
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Conclusão do Módulo 1:
Parabéns por ter chegado até aqui!
Esperamos que tenha compreendido os conteúdos propostos e que eles tenham
auxiliado você no processo de reflexão sobre os assuntos tratados aqui.
No próximo módulo estudaremos como contar histórias, quais são as técnicas e
os recursos mais utilizados na contação, qual o perfil dos contadores, como deve ser a
disposição dos espaços etc.
Para dar continuidade ao seu curso, faça a avaliação referente ao Módulo I em
seguida você terá acesso ao material do Módulo II.
Boa sorte!