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Conteúdos Uma pequena seleção de temas e reflexões de André Régis
na tribuna da Câmara Municipal do Recife
- Pensamentos Iniciais -
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !3
Índice
Apresentação 07
Caminho com régua e compasso 09
Em defesa da Orquestra Sinfônica do Recife 17
Futuro de incertezas 21
Sobre o Dia Mundial da Educação 25
Fortalecidos da campanha presidencial 33
Um governo sem compromisso com a nação 37
“Operação Volta às Aulas” 41
Equívocos, atropelos e sofrimento 45
A Educação pública passa longe do Conselho Municipal 49
Um espetáculo de marketing 53
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !5
Apresentação
Os textos aqui apresentados são frutos de um árduo e incessante trabalho
legislativo, integralmente dedicado ao sistema público de ensino do Recife e a
temas que dizem respeito aos nossos valores culturais. Resultam de muitas dezenas
de pronunciamentos feitos na tribuna da Câmara Municipal do Recife com o intu-
ito de despertar os poderes públicos para as necessárias e urgentes mudanças no
atual e ineficiente modelo de educação pública oferecido às nossas crianças.
Realizamos visitas técnicas em todas as mais de 300 unidades de ensino
fundamental e médio vinculadas à Prefeitura do Recife e oferecemos um Raio-X
das escolas, para que a população e as autoridades saibam o que de fato acontece e
os riscos que estamos correndo de alijar as jovens gerações do mercado futuro de
trabalho como consequência das graves deficiências da rede escolar. O nosso tra-
balho pode ser acessado pelo site www.andreregis.com.br.
Nessa primeira coletânea de reflexões e de opiniões que ofereço aos ami-
gos, constam alguns dos assuntos decorrentes do trabalho que desenvolvemos em
favor de uma ruptura com um sistema educacional ineficiente, arcaico e violador
dos direitos humanos. Temos que mudar para oferecer uma educação decente e
digna para todas as crianças da nossa capital.
André Régis Vereador do Recife
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !7
Caminho com régua e compasso
Nos dois primeiros meses de mandato e ao assumir a Presidência da
Comissão de Educação, Cultura, Esportes e Turismo da Câmara Municipal do
Recife, produzimos, eu e minha equipe, um estudo diagnóstico da rede educa-
cional pública da capital pernambucana.
Precisávamos avaliar a extensão dos seus problemas e nos deparamos com
políticas públicas violadoras dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes -
que geram sequelas irreversíveis aos alunos - na medida em que eram e ainda são
mantidas escolas funcionando em casas adaptadas que mais parecem espaços de
confinamento que lugares de aprendizagem. Nosso trabalho, em permanente atu-
alização, está alicerçado em meticulosa pesquisa de campo, por nós realizada, e
também em dados oficiais sobre o desempenho dessa rede a partir do ano de 2005.
Alertamos a sociedade no sentido de participar conosco de um processo
de transformação radical e positiva da escola pública. Considerando que nossa
missão é representar a sociedade na cobrança de novos rumos visando reverter esse
vergonhoso quadro na Educação, o que encontramos é o cenário de uma situação
bastante crítica, inadmissível em todos os aspectos.
Definitivamente, tememos pelo futuro das crianças cuja formação escolar
dependa da escola pública. É em defesa delas que adotamos uma linha responsável
e propositiva de ação parlamentar. Queremos contribuir firmemente para uma
necessária melhoria desse sistema que tem a obrigação constitucional de oferecer
um ensino de qualidade às crianças e jovens que dele dependem.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !9
Estimulamos, no dia a dia das atividades parlamentares, todas as iniciati-
vas direcionadas à concretização de um futuro auspicioso para os nossos estu-
dantes. Não iremos defender sindicatos ou governos. O que estamos fazendo é
mostrar à sociedade qual o tamanho e a gravidade do passivo herdado pelo
Prefeito Geraldo Júlio no campo da Educação, após doze anos de administrações
conduzidas pelo PT, além das falhas da atual gestão municipal na referida pauta.
A partir de um trabalho sério, com amplo conhecimento de todo o sis-
tema público de ensino, conquistamos uma posição política e técnica que nos au-
toriza a denunciar erros, apontar alternativas viáveis de solução e cobrar e exigir
resultados da atual administração do Recife.
Somos obstinados em defender os direitos das camadas sociais conde-
nadas ao esquecimento. Ratificamos frequentemente na tribuna da Câmara Mu-
nicipal do Recife as advertências de que as crianças da rede pública municipal do
Recife são vítimas inocentes de violações de direitos humanos. O descaso e a omis-
são de gestões incompetentes negaram a elas o acesso ao conhecimento, fragilizan-
do-as socialmente e impedindo que possam se valer de suas reais potencialidades
de aprendizado no processo de desenvolvimento.
Parece-nos irracional que as crianças da rede municipal de ensino
cheguem até mesmo a correr risco de vida, como consequência da precária situ-
ação em escolas desprovidas de instalações minimamente razoáveis e situadas em
áreas urbanas impróprias.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !10
Não se pode exigir desempenho escolar satisfatório de crianças e de pro-
fessores que, além de todas as deficiências administrativas da rede pública, en-
frentam cotidianamente ambientes insalubres ao invés de salas de aula saudáveis,
arejadas, bem iluminadas, climatizadas, seguras e bem equipadas.
Nos propomos a mobilizar a sociedade para rediscutir o atual modelo de
escola pública no Recife, tendo em vista que, longe de preparar a juventude para
um futuro próspero, esse modelo está condenando gerações ao subemprego e à
dependência de programas sociais. Essa rede faliu. Não cumpre o seu papel. Não
ensina. Não podemos ser insensíveis ao sofrimento das crianças que vão à escola.
Não podemos permitir que elas continuem abandonadas pelo poder publico que
tem a obrigação de lhes assegurar educação de boa qualidade.
Em nosso diagnóstico, levamos inclusive em consideração a situação dos
pais dessas crianças. Eles também são vítimas do descaso e pouco ou nada podem
fazer para evitar que seus filhos se livrem da mesma situação de vulnerabilidade.
Muitos deles sequer tiveram acesso à escola e mesmo assim lutam sem trégua para
ao menos garantir o sustento de suas famílias.
O roteiro que definimos a partir do primeiro dia de meu mandato está
sendo seguido com todo o rigor. Minha ação parlamentar tem o respaldo de uma
equipe multidisciplinar de assessores composta por graduados, pós-graduados,
mestres e doutores nas áreas de Comunicação, Educação, Engenharia, Direito,
Administração e Ciência Política. Na medida em que avançávamos, fomos con-
struindo um acervo de informações cuja amplitude nos permitiu criar uma ferra-
menta legislativa inovadora: o Raio-X (www.andreregis.com.br) das escolas, onde
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são dispobilizados aos cidadãos e cidadãs os resultados de nosso trabalho de fiscal-
ização.
Devo ainda registrar que estamos encontrando a mais ampla receptivi-
dade da população. O trabalho que oferecemos ao Recife, totalmente aberto para
a consulta dos que desejam se informar sobre cada uma das 235 escolas e 76
creches e centros de educação infantil públicas da capital, é também uma ferra-
menta inédita que pode ser utilizada pelas próprias autoridades do poder executi-
vo. Em textos descritivos, relatórios, imagens, vídeos e comentários, qualquer pes-
soa poderá conhecer detalhadamente a situação de cada escola pública municipal.
Com esse conhecimento da rede escolar, passamos a formular críticas e
reivindicações com o objetivo de promover uma total ruptura com o sistema vi-
gente que não ensina e que condena nossas crianças a um futuro de incertezas.
Vale também ressaltar que por ser um trabalho dinâmico e de permanente acom-
panhamento, estamos a cada momento coletando, analisando e disponibilizando
novas informações cujos conteúdos reforçam a convicção de que é necessária uma
radical modificação para se modernizar a rede pública de ensino e trazê-la do
Século XIX para o Século XXI.
Não precisamos de “iluminados” para constatar os equívocos e a incom-
petência de gestões que levaram o ensino público do Recife a uma estagnação in-
imaginável em relação ao seu passado recente de escolas de referência, formadoras
de grandes personalidades e de gerações exitosas nos campos das ciências, da liter-
atura, das artes, da economia, da política e do empreendedorismo, por exemplo.
Em contrapartida, precisamos de compromisso para reverter o caos estabelecido, o
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !12
que infelizmente não acontece. Prova disso, foi o encaminhamento para votação
na Câmara dos Vereadores de um Plano Municipal de Educação (PME) ver-
gonhoso, que praticamente apresentava cópias do Plano Nacional.
Mesmo com o prazo de um ano – que se encerrou em junho de 2015 –
para formular os objetivos e estratégias do Plano que irá reger a condução da edu-
cação do Recife nos próximos dez anos, a atual gestão do Executivo ignorou a im-
portância do planejamento em si e da participação democrática no processo de
formulação. Para sua elaboração, reservou apenas o último mês disponível, ou
melhor: três dias dele, que foi exatamente o tempo de duração da Conferência
Municipal de Educação.
Apesar de estar como presidente da Comissão de Educação, Cultura, Tur-
ismo e Esportes da Câmara Municipal do Recife, não fui convidado a participar
do evento. Ainda assim, compareci à sua abertura e fiquei abismado com a falta de
compromisso com o tema. Na ocasião, não ouvi um único discurso versando sobre
novas metodologias e novos mecanismos de aprendizado no âmbito de um sistema
público de ensino. Não houve sequer uma citação de investimento técnico qualifi-
cado. O que escutei foram discursos ideológicos que não indicavam a importância
do aprendizado de Matemática, Português e das demais Ciências. Para as pessoas
que ali se reuniam sob o patrocínio do Município, o mais importante é que a cri-
ança permaneça sendo bombardeada de componentes ideológicos como se isso
fosse supri-las de tudo o que precisam em sua formação escolar.
Essa distorção dos objetivos da educação - que desprivilegia os conteúdos
curriculares e dá ênfase à proposições políticas - está negativamente refletida nos
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !13
nossos números do IDEB. Ano a ano, vemos o Recife estagnado nas avaliações
nacionais, tanto que hoje apresentamos média de 4.3 nos Anos Iniciais (Ensino
Fundamental I) e uma média de 3.2 nos Anos Finais (Ensino Fundamental II).
Se antecipássemos o futuro dessas crianças, trazer o futuro delas para hoje,
veríamos que elas teriam uma dificuldade enorme, enquanto adultos, para al-
cançar um posto de trabalho. Dificilmente conquistariam posições que a cada dia
são mais competitivas na indústria, nos serviços ou nas profissões liberais.
O Recife está negando o futuro a essas crianças, até porque a fase mais
importante do investimento em educação ocorre durante a primeira infância. Se
corretamente realizado, ele será compensador e multiplicará as oportunidades in-
dividuais em tal dimensão que ninguém poderá sequer mensurar o bem valioso
que se fez. Do contrário, iremos continuar enfrentaremos uma realidade de caos,
onde o Estado terá que despender recursos para manter a assistência a adultos
excluídos do mercado.
É necessário definir a ruptura com o atual sistema, priorizando a valoriza-
ção dos profissionais da educação mediante formação continuada e se comprome-
tendo com o fim dos espaços violadores de direitos humanos. Precisamos nos pre-
ocupar com um ensino básico de boa qualidade e não com instrumentos que pos-
sam viabilizar propagandas caras que mascaram uma realidade catastrófica.
Quando o programa Robótica na Escola foi lançado pela Prefeitura do
Recife, firmei posição que não sou contra o projeto. Entretanto, acredito que o que
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !14
deve existir são prioridades. Não se pode lançar um programa de Robótica antes
de preparar a rede adequadamente para executá-lo.
Verificamos, em nossas vistorias, que em muitas unidades não há sequer
espaços seguros onde manuzear os materiais. E há indagações a fazer. Em quantas
escolas esse programa está em funcionamento? Por que a prefeitura resolveu partir
para uma medida drástica do ponto-de-vista da aquisição desse programa? Por que
não começou com uma experiência piloto ao invés de universalizar o programa
numa rede que não é capaz de absorver esse projeto de forma imediata?
Jamais seria contra a oferta de brinquedos recursos pedagógicos ino-
vadores. No entanto, falta o básico! Não há parquinhos nas escolas, de forma que
as crianças não brincam, não circulam fora de sala de aula! Não há materiais es-
portivos nem quadras, de forma que é negada a prática de Educação Física! De-
nunciei que no em 2014 foram gastos apenas seis mil reais em material esportivo
para uma rede escolar pública que possui 94 mil crianças matriculadas e que con-
some cerca de 1 bilhão de reais por ano; ou seja, o que o município investiu foi
absolutamente irrisório. Ainda assim, o Recife mantém inalterado um programa
obsoleto de educação.
O modelo que o PT entregou ao PSB é de fracasso. Estamos praticamente
no final da gestão do prefeito Geraldo Júlio antevendo que a situação permanecerá
dramática. O poder público recifense gasta 800 reais por mês por aluno para fazê-
lo sofrer e nada aprender em salas de aula onde os professores também sofrem.
Nesse sentido sentimo-nos desconfortáveis porque a Prefeitura permanece insen-
sível apesar da nossa luta e dos argumentos - que não são apenas do bom senso -
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !15
fundamentados em estudos sólidos produzidos ao longo desses dois anos e meio de
muito trabalho. Tudo o que afirmo na tribuna da Câmara Municipal do Recife
está comprovado e em acordo com normas e estudos técnicos desenvolvidos pelo
nosso gabinete, os quais estão acessíveis a qualquer cidadão, ao secretário de Edu-
cação, e ao prefeito do Recife. Basta acessar www.andreregis.com.br e clicar no
Raio-X das Escolas”.
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Em defesa da Orquestra Sinfônica do Recife
O Recife dispõe de atributos que o projetam entre as mais destacadas cap-
itais brasileiras. Cidade cosmopolita que é, sedia quatro universidades, ergueu um
respeitado pólo médico, é celeiro de talentos na tecnologia da informação; consoli-
dou portos e aeroporto com conexões internacionais, é palco de manifestações cul-
turais exclusivas e - não menos importante - possui uma Orquestra Sinfônica.
Infelizmente neste país tido como tão musical, a Sinfônica é uma avis rara.
Se a Wikipedia servir como guia, no verbete “orquestras do Brasil” o espaço lista
56 instituições como a nossa. Mas, uma análise mais aprofundada indica que
várias já desapareceram (como a Orquestra Sinfonia Cultura, da Fundação Padre
Anchieta, que durou menos de 15 anos), muitas são conjuntos de câmara e outras
são bandas sinfônicas. O que faz com que o total de orquestras de fato fique no
máximo em duas dezenas fortemente concentradas no Sudeste e no Sul. Só para
comparar, o estado americano de Massachusetts, nos EUA, tem 22
orquestras, muitas delas de padrão internacional.
A Orquestra Sinfônica do Recife, que à frente da Comissão de Educação
e Cultura da Câmara Municipal visitamos frequentemente, é a mais antiga em
atividade no Brasil. Foi fundada em 1930. Já se vão oitenta anos de altos e baixos.
Hospedada no Teatro de Santa Isabel, ela abrilhantou muitas noites do Recife,
esteve quase esquecida (dizia-se dela que só tocava “pout-pourri” de Roberto Car-
los e a protofonia de “O Guarani”), renasceu na década de 1980 pela intervenção
do saudoso Cussy de Almeida, teve regentes ilustres (entre eles Eleazar de Carval-
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !17
ho, um dos mais célebres maestros brasileiros) e chegou a acompanhar a mon-
tagem de óperas.
Nas visitas que passamos a fazer à orquestra desde o início de meu
mandato, percebemos o quanto estava evidente o desânimo e a baixa autoestima
dos seus integrantes. A nossa Sinfônica não estava completa porque faltam instru-
mentos, não tem um site oficial nem uma agenda de concertos nem pratica pro-
gramas de capacitação.
O mundo já vive o bicentenário de Richard Wagner e de Giuseppe Verdi,
dois notáveis compositores, com repetidas representações de suas óperas, concer-
tos especiais, exibição de filmes e outras atividades em memória daqueles dois
grandes compositores clássicos. Tudo isso parece passar ao largo do Recife.
Não é preciso escrever ou falar muito da importância de uma boa orques-
tra para uma cidade. Quem conhece música associa grandes cidades a grandes
orquestras tais seriam os exemplos da Sinfônica de Chicago, a Filarmônica de
Berlim, a Sinfônica de Londres, a Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam,
a Orchestre de Paris, entre outras.
A música clássica, além do aspecto puramente artístico, é um importante
instrumento de inclusão social e, como mostra o exemplo da Venezuela, até de
exportação: um dos maiores regentes de hoje é o venezuelano Gustavo Dudamel,
que há mais de quatro anos está frente da prestigiosa Filarmônica de Los Angeles.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !18
Precisamos investir na nossa Orquestra Sinfônica e fazer dela uma das
instituições que orgulham Recife e Pernambuco. Na condição de presidente da
Comissão de Educação e Cultura do Legislativo Municipal creio que cumprimos
com o nosso dever. Em sucessivos pronunciamentos denunciamos o estado de
abandono em que a Orquestra Sinfônica do Recife se encontrava. Realizamos uma
audiência pública com a presença das mais altas autoridades do setor cultural do
Recife a quem cobramos as providências. Pressionamos o governo para con-
tratação de um novo maestro – o respeitado Marlos Nobre - e em um curto inter-
valo de tempo a OSR voltou a se apresentar para um teatro completamente lota-
do. Ainda há muito o que ser feito. Mas, tenho a convicção de que a nossa ação de
oposição propositiva fará com que a mais antiga orquestra sinfônica do Brasil revi-
va seus grandes dias.
A propósito dos nossos esforços em favor da orquestra Sinfônica do Recife,
vale relembrar a crítica que fizeram a Winston Churchill quando, em plena Se-
gunda Guerra Mundial, ele se recusou a reduzir o orçamento para as artes.
Diante de seus inquisidores ele respondeu, “mas não é exatamente para
preservar nossa cultura que estamos lutando nessa guerra?”
E Churchill foi um homem que sempre sabia o que estava falando.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !19
Futuro de incertezas
O desapreço pela Educação pública em nosso país causa perplexidade.
Vimos, com tristeza, que o Brasil passou a ocupar a vergonhosa posição de 38º
lugar no ranking da Educação entre as 44 nações avaliadas pela Organização para
a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pesquisa revelara o
quadro dramático em que se encontra atualmente a rede pública escolar em nossa
região. E, se o Nordeste fosse avaliado à parte, tendo como referência esse mesmo
ranking, a nossa estrutura de Educação perderia mais pontos ainda.
De acordo com a pesquisa da OCDE, sediada em Paris, jovens estudantes
de 15 anos de idade alunos da Rede Pública Brasileira de Educação não foram
capazes de resolver problemas de ordem prática utilizando recursos simples de
Matemática. Perderam posição para os jovens coreanos e para estudantes de out-
ras regiões do globo. O nosso quadro é dramático. Compromete seriamente o
equilíbrio social e o futuro das atuais gerações de crianças que se tornarão adultos
sem que estejam minimamente capacitadas para ocupar postos de trabalho. Estão
condenadas ao subemprego e à dependência de programas sociais. Ou seja, não
serão capazes de andar com as próprias pernas.
Esse estudo complementa ainda a pesquisa do PISA (Programme for In-
ternational Student Assessment), que é um teste aplicado pela ONU com o objeti-
vo de avaliar os conhecimentos das crianças em ciências, matemática e na língua
pátria de cada grupo. Afere a capacidade de um jovem resolver problemas práticos
que dependem de lógica e da matemática aplicada não em equações e sim nas
questões de ordem prática. O país colocado em primeiro lugar - Cingapura - per-
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !21
tence ao conjunto das nações que mais investiram em educação; ele obteve 562
pontos e é seguido de perto por países asiáticos que há menos de 50 anos pos-
suíam níveis de oferta em educação pública semelhantes aos do Brasil.
Com apenas 428 pontos, o Brasil está muito distante dos primeiros colo-
cados, fato lamentável e preocupante na medida em que comprova os baixos
índices de investimento e a má gestão em Educação que o nosso país vem real-
izando. O Brasil está sendo passado para trás pelas nações com as quais estava
nivelado até poucos anos.
O mais grave de tudo é que se o Nordeste e o Norte fossem destacados do
Brasil seriam, por este diagnóstico da OCDE, classificados entre os antepenúltimos
do ranking internacional de aprendizado. Isso só faz revelar a nossa tragédia. Se
trouxermos o caso para o Recife verificamos que estamos numa posição inferior à
média do próprio Nordeste, que já uma vergonha internacional. A capital per-
nambucana só ganha para Maceió e está atrás de todas as outras grandes cidades
da região.
Isso significa que se uma criança da rede pública do Recife fosse avaliada
figuraria entre os últimos. Então, que tipo de juventude o poder público está
preparando? Que futuro aguardam as atuais gerações de crianças quando a Edu-
cação não é tratada como prioridade?
Todas as notícias que nos chegam relacionadas às performances de sis-
temas educacionais são de vergonha. Lamentavelmente, não vejo um esforço cole-
tivo e nem uma ação da sociedade no sentido de colocar a educação como priori-
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !22
dade no Recife. Temos que ser ousados para romper com esse sistema falido e criar
de fato - e com seriedade - uma rede nacional que possa contribuir e modificar
essa triste realidade.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !23
Sobre o Dia Mundial da Educação
O Dia Mundial da Educação é uma data propícia para reflexão. Não ex-
iste sociedade próspera e nem sociedade segura onde a qualidade de vida seja ele-
vada em que seus governos não tenham investido prioritariamente na Educação,
tanto que se há algo que é coincidente entre os povos desenvolvidos em nossa
moderna história é o investimento feito na área.
Se voltássemos no tempo até o ano de 1950 veríamos que o Brasil, a Fin-
lândia e a Coréia enfrentavam situação semelhante de muitas dificuldades do pon-
to de vista da Educação de seus habitantes. Naquele momento, a população
brasileira era formada praticamente por analfabetos. Tínhamos uma quantidade
imensa de pessoas iletradas em nosso país.
Voltando ao Século XXI, comprovamos com tristeza que o antigo quadro
perdura. Ainda temos um elevado índice de analfabetismo no Brasil e isso é uma
grande vergonha nacional. Dez por cento da nossa população não sabe ler e não
sabe escrever. Isso sem falar na questão do analfabeto funcional – que é mais grave.
Não existe alguém que seja analfabeto por opção. Isso é impossível. Quem
hoje em dia é analfabeto é porque foi desprezado e ignorado pelo estado. É vítima
de um sistema e da omissão do governo e da sociedade. Não teve uma família para
lhe dar o necessário amparo, orientar e encaminhar no sentido adequado e
necessário da educação. Essa é a realidade do Brasil e, sobretudo, da região
Nordeste.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !25
Os estudos comparativos mostram que há 60 anos o Brasil, a Finlândia e a
Coréia encontravam-se em uma posição nivelada em relação à questão da Edu-
cação. Essas nações apresentavam baixo aprendizado e baixo investimento no
segmento escolar público. A partir dessa constatação, os três países seguiram cam-
inhos diferentes. Finlândia e Coréia investiram maciçamente na Educação. Pas-
sadas estas décadas, aquelas duas nações disputam hoje as primeiras colocações do
mundo no teste do PISA feito anualmente pela OCDE para verificar o aprendiza-
do da criança em Ciências, em Matemática e na sua língua materna.
Recentemente a disputa foi ampliada porque outros países como o Japão e
a China resolveram também competir para tentar superar os dois líderes. Existe
agora uma competição global para marcar avanços no setor da educação pública e
seria muito bom que o Brasil assumisse também a disposição de participar dessa
corrida, disputando as primeiras colocações do PISA. Seria a nossa verdadeira e
legítima copa do mundo capaz efetivamente de mudar a realidade do país.
Temos visto que depois de seis décadas, os três países (Brasil, Coréia e Fin-
lândia) exibem claramente a diferença que faz em investir nas crianças e na quali-
ficação dos professores. Os professores na Finlândia são tão bem remunerados
quanto um médico, um engenheiro ou um especialista em tecnologias de ponta em
nosso país. Todos os docentes que atuam nas escolas municipais - e eu tive oportu-
nidade de conhecer o sistema finlandês em Helsinki, no ano de 2014 - possuem
pelo menos um mestrado, o que torna clara a fundamental importância do capital
humano no processo educativo.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !26
Na Finlândia, não encontrei grandes estruturas de tecnologia nas escolas.
Vi salas de aula iguais às que eu estudei no Colégio Nóbrega do Recife. O investi-
mento notável ocorreu, sim, no corpo docente e na qualificação profissional, sem
descuidar, naturalmente, para que o mínimo necessário destas novas tecnologias
servisse de apoio pedagógico. Ou seja, embora os recursos diferenciados tenham
grande importância para o ensino-aprendizagem, o intelcto do professor é o que
mais deve ser valorizado neste processo.
Depois de todos esses anos, as recentes pesquisas revelam uma Finlândia
com indústrias de alta tecnologia, especialmente no setor naval. Uma nação que
apesar de ser do tamanho de Pernambuco possui a capacidade de dotar a sua
população do elemento educacional suficiente para que cada um viva com suas
próprias pernas em um sistema socialmente justo. Na Coréia também há bons ex-
emplos disso, notadamente a existência da Samsung, que é líder mundial na tec-
nologia eletrônica. Países que saíram de uma condição de extrema desvantagem,
hoje estão liderando a disputa pela corrida tecnológica, diferente do que ocorre no
Brasil.
Faz-se necessário evidenciar que cada vez mais que o que vale para uma
pauta de exportações não são produtos primários nem commodities como o
petróleo. Exportar petróleo é fácil. O difícil é exportar intelecto. E é importante
que se saiba que a ênfase recentemente focada no mundo do petróleo leva à re-
flexão de que a idade da pedra não acabou por falta de pedra, assim como a idade
do petróleo não irá acabar por falta de petróleo. O que prevalece é a capacidade
de inovação e é nesse sentido que estamos ficando para trás.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !27
O Dia Mundial da Educação não é uma data a ser festejada entre nós.
Apesar de todas as riquezas produzidas no Brasil não podemos comemorar sequer
o fim do analfabetismo em nosso país. No teste do PISA estamos entre as cinco
piores posições. A nossa criança não sabe ler nem escrever. Não sabe fazer contas e
não domina noções de Ciências. Essa é a nossa realidade. E quanto custará isto?
Quanto custará cada criança que não foi educada no momento certo? Não dá
para fazer esse cálculo.
Estamos simplesmente perdendo a oportunidade de construir um país
decente e próspero a partir das nossas crianças que são, seguramente, nosso prin-
cipal patrimônio. Elas estão abandonadas e lamentavelmente o governo brasileiro
não aprendeu aquilo que a Ciência detectou há muito tempo: quanto mais cedo
houver o investimento na criança mais rapidamente teremos o retorno em favor da
sociedade como um todo. Transferir esse investimento para a idade adulta é inse-
guro, incerto e improdutivo. Quando se investe numa criança na sua primeira in-
fância, a diferença aparece rapidamente.
Cabe-nos desencadear incessante luta para que o governo municipal do
Recife priorize de fato a educação na primeira infância e não poupe esforços no
sentido de que a nossa escola seja capaz de educar e de fazer a diferença que pre-
cisamos agregar ao sistema público de ensino. É injustificável que as nossas cri-
anças pobres continuem indo para uma escola que não deveria ser chamada de
escola por ser espaço violador de direitos humanos. Estamos permitindo, de
maneira injusta, que elas frequentem, diariamente, prédios onde não há áreas para
lazer ou para prática esportiva.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !28
A rede municipal de educação da Cidade do Recife não dota a criança da
sua capacidade de brincar e de jogar, embora cada aluno a ela encaminhado custe
aos cofres públicos uma despesa crescente que hoje chega a pouco mais de 800
reais por mês. A atual gestão, assim como a passada, prefere gastar milhões com
propaganda, carnaval e cargos comissionados.
Devemos romper com esse modelo e com esse sistema falido de educação
que aí está. Temos que investir na primeira infância porque é cuidando da
primeira infância que se faz a diferença.
No Dia Mundial da Educação, todas as atenções deveriam estar voltadas
de fato para questões fundamentais: que tipo de educação queremos, que tipo de
educação merecemos e quanto podemos pagar por ela. É óbvio que a média
IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 4.3 do Ensino Funda-
mental I e 3.2 do Ensino Fundamental II não significa nenhum motivo de esper-
ança ou de comemoração. Muito pelo contrário.
Os resultados da Prova Brasil atestam que na Cidade do Recife a criança
da escola pública não atinge sequer 10% de rendimento satisfatório em Matemáti-
ca nem 20% de proficiência em Português. Há algo de muito errado nesse sistema.
Como admitir, por exemplo, que as crianças não sejam avaliadas ao final de um
ano letivo? Como permitir a criança não faça provas e que o professor não saiba
exatamente qual o rendimento escolar de cada um dos seus alunos? Como aceitar
uma criança passar de ano sem o domínio de conhecimentos básicos para ser in-
serida em uma nova turma? Isso é injustificável, mas está acontecendo como se
fosse algo normal. No Recife, os estudantes avançam de série sem aprender.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !29
Em 2013, estive em Miami, nos Estados Unidos, para uma visita técnica
ao Miami Dave e ao Brown Out County, dois condados de maiores escolas públi-
cas americanas, onde estive reunido com supervisores escolares. Naquele encontro
para uma troca de informações sobre como eles conduziam o sistema público de
ensino, ao ser indagado sobre o que acontecia na cidade do Recife mencionei que
era possível uma criança chegar ao nono ano sem saber ler nem escrever. E aí um
dos supervisores disse: “Professor, se isso acontecesse aqui todos nós estaríamos
presos porque é inaceitável que um sistema pago pelo contribuinte e concebido
para ensinar, não eduque. E não aconteceria, inclusive, porque há muita gente
ensinando e muita gente fiscalizando os que estão ensinando”. Relembraram o fato
ocorrido um mês antes daquela visita, quando quatro professores e professoras
americanas foram sentenciados a vinte anos de cadeia porque mascararam a per-
formance dos alunos a fim de aumentar a produtividade dos seus salários. A falsifi-
cação foi descoberta e na sentença o juiz afirmou que a punição teria de ser dura e
exemplar porque o dano causado àquelas crianças seria irreparável. Não havia
mais como repará-lo, pois o tempo perdido é irrecuperável.
Levei à Casa de José Mariano exemplos de modelos de sociedades que
investem em Educação e que levam a sério os seus sistemas públicos de ensino es-
colar e não que apenas se preocupam em investir em propagandas enganosas.
Aqui, do contrario, mantemos por princípio apenas falar de propostas enquanto
visualisamos medidas tímidas no sentido de resolver os reais problemas da Edu-
cação. Claro exemplo disso é o slogan fantasioso da campanha do Governo Feder-
al de “pátria educadora”, o qual acompanha grandes cortes orçamentários para a
pasta e projeta o futuro do ensino público com base nas riquezas do pré-sal, o que
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !30
é incerto. Ou seja, além de simplista, tal perspectiva é falsa e em nada contribui
para nosso futuro.
O que estamos enfrentando na Educação pública brasileira não decorre
da falta de recursos. É uma questão de planejamento e de estabelecer prioridades
porque é fato inegável que o segmento da Educação nunca foi prioridade em nosso
país.
Enquanto os professores continuarem mal remunerados e socialmente
desvalorizados o nosso futuro será incerto. Ainda sofremos um forte impacto pela
incapacidade gerencial associada à ausência de planejamento estratégico e de um
programa nacional de Educação que de fato redimensione todo o sistema de ensi-
no público.
Devido a essas motivações, defendo a federalização do ensino fundamen-
tal no Brasil. Acredito que o sistema deve ser assumido pela União, tendo em vista
que as prefeituras que não têm sido capazes de ofertar o mínimo necessário para
que as crianças sejam educadas. Quando verificamos que a realidade de uma
cidade do tamanho do Recife é de vergonha, o quão trágica deve ser a situação do
quadro educacional em municípios menores? Por tudo isso, pela falta de visão dos
governos e também de parcela ponderável da sociedade, devo assinalar que, infe-
lizmente, não temos o que comemorar no Dia Mundial da Educação.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !31
Fortalecidos da campanha presidencial
Enquanto coordenador da campanha eleitoral do senador Aécio Neves no
Recife em 2014, acredito que o nosso o partido saiu muito fortalecido da eleição
presidencial. Não só porque conseguimos aglutinar uma quantidade enorme de
pessoas insatisfeitas com o governo do PT, mas porque elas viram na mensagem do
PSDB uma alternativa concreta para que a nação retorne ao desejado ritmo de
crescimento. As pessoas lutaram e foram às ruas pedindo mudança.
A mobilização da sociedade brasileira transformou-se em um espetáculo
de amor ao país e em favor do resgate das nossas instituições públicas. A campan-
ha eleitoral ensejou o protesto uníssono da nação inconformada com o aparel-
hamento da máquina governamental controlada por um partido que depreda e
destrói no epicentro de uma onda de escândalos e de desvios do dinheiro do povo.
A população do Brasil abraçou os elevados interesses do país ao acatar os
discursos do PSDB que pregam a moralidade e a decência como bases inegociáveis
de uma gestão republicana. Crescemos do ponto de vista da legitimidade porque
fomos recebidos de braços abertos pelo povo. Ganhamos todos os debates no con-
fronto direto das ideias e isso fazia com que as pessoas se sentissem energizadas
para um novo Brasil que sairá brevemente das urnas.
Das vezes em que a candidata do PT atacou o governo de Fernando Hen-
rique Cardoso ela encontrou um defensor intransigente da gestão do
PSDB. Emergiu da população um sólido sentimento de que Aécio Neves era de
fato o candidato comprometido com os projetos de resgate com decência da políti-
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !33
ca e da economia da nação. Sua mensagem é a mensagem da esperança. Esses
sentimentos foram acatados por uma parcela muito significativa do pensamento
brasileiro e das pessoas que não tinham identidade com partidos.
Passadas as eleições, com resultado de empate técnico entre os candidatos,
a onda da participação popular em favor do PSDB perdura. As pessoas não se
desmobilizaram e se preparam para os próximos embates eleitorais. Essa, aliás, é a
essência da mensagem de Aécio Neves: “Não vamos nos dispersar”, porque esse foi
também o pedido do seu avô, o saudoso ex-presidente Tancredo Neves, líder do
movimento pela redemocratização.
A mensagem da união é muito forte. Inspira a nação brasileira desde o
momento em que perdemos a luta pelas eleições diretas com a derrota da Emenda
Dante de Oliveira em 1984. Logo em seguida, ganhamos no colégio eleitoral ape-
sar dos obstáculos regimentais criados pelo regime militar e desde então trilhamos
caminhos de novas vitórias que vieram e que virão.
O vigor de um PSDB saído da campanha presidencial repercute intensa-
mente no Congresso Nacional e no poder legislativo dos estados e dos municípios.
Quando se tem um líder carismático, um líder testado, um líder que saiu das urnas
com cinquenta milhões de votos, as mensagens do partido encontram reverberação
e eco em todos os segmentos da população. Tudo isso está acontecendo a partir da
tribuna do Senado onde Aécio Neves comanda a legítima oposição brasileira com
outros grandes nomes do PSDB. Desde então encontramos um terreno fértil para
a propagação de nossas teses e nossos ideais por um Brasil forte, confiante e movi-
do por políticas públicas corretas.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !34
Na condição de presidente do Diretório Municipal do PSDB no Recife
devo ressaltar que estamos sendo muito procurados pelo povo. As pessoas querem
se filiar ao PSDB porque se sentiram bem em ir às ruas e abrir as faixas e as ban-
deiras do partido. Fica na história o momento registrado no Marco Zero do Recife
quando um grupo de cidadãos resolveu fazer uma grande manifestação. Decidi-
ram num domingo e na quarta-feira seguinte o famoso espaço da capital pernam-
bucana estava lotado, com um clima de espontaneidade em que as redes sociais
funcionaram. As pessoas querem continuar mobilizadas e revelam o tempo todo
esse novo sentimento político.
Hoje, somos mais fortes enquanto opositores. A situação de vida do
brasileiro não é a mesma dos anos de ascensão econômica herdada do PSDB pelo
período de Lula, o qual não plantou, mas colheu os frutos do governo de Fernando
Henrique Cardoso. E, como esses frutos se deram num período de grande cresci-
mento da economia mundial, a partir de 2003, o PT utilizou todo aquele momen-
to favorável para se fortalecer politicamente praticando, entretanto, uma política
irresponsável do ponto de vista da administração pública.
Atualmente, o país convive com um sentimento de intolerância diante dos
desastres éticos e econômicos produzidos pelos governos do PT. Não temos cresci-
mento e a inflação vai muito além do teto fixado pelo próprio governo petista. A
população começa a perder pouco a pouco a sua qualidade de vida, o seu poder de
compra, enquanto o desemprego sobe a níveis preocupantes.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !35
As pessoas despertaram para a política sensibilizadas com a atuação e o
papel do PSDB. Fizemos fundamentadas críticas advertindo que o PT estava
levando a nação para o fundo do poço. Os petistas reagiam alegando que o PSDB
tinha inveja de seus governos. Mas não era isso. Apontávamos, sim, os equívocos
que percebíamos e que nos pareciam absurdos porque estavam levando o país para
o abismo. Nos primeiros instantes, a mensagem do PSDB não chegava ao público
com intensidade e clareza. Agora ela chega, porque tudo está sendo confirmado
pelos fatos que lamentavelmente exigem um enorme sacrifício do povo brasileiro.
Move-nos o firme propósito de mudanças por uma nação com governos
decentes, eficientes, que respeitem o dinheiro da população e que busquem a ver-
dadeira justiça social com paz e harmonia para todos os brasileiros.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !36
Um governo sem compromisso com a nação
Não há democracia sem oposição. O vigor de uma democracia reside pre-
cisamente no respeito e na proteção das oposições e dos que, em um determinado
momento histórico, não integram e divergem das bancadas favoráveis a governos.
É preciso que haja sempre uma oposição disposta e atenta para proceder as fiscal-
izações na gestão pública e para propor caminhos alternativos que pareçam mais
adequados e mais justos.
Em todas as democracias a população precisa aprender a ouvir, a proteger
e a respeitar a oposição. Ao questionar modelos e sugerir alternativas como se pre-
tendesse interferir nas tarefas de quem governa, longe de substituir quem está no
governo, a oposição propõe um maior aprofundamento no exame das questões
administrativas e institucionais, colocando-se dentro de outra perspectiva que não
a do gestor oficial.
O que acontece hoje no Brasil é que temos um governo iniciando um se-
gundo mandato com uma conjuntura econômica adversa não só para o próprio
governo, mas sobretudo para o país. O mundo não está mais em crise. O que está
em crise é o Brasil governado segundo os enfoques equivocados do PT. Nosso país
cresce menos do que a média da América Latina e menos do que a média mundi-
al. É preocupante se constatar que o Brasil cresce menos do que a média dos países
emergentes do grupo BRICS (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul) a que pertence.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !37
A nação enfrenta um problema sério do ponto de vista de sua credibili-
dade interna e externa. De tantos desmandos, teme-se até mesmo pela extinção da
Lei de Responsabilidade Fiscal por causa das pedaladas pelas quais o governo ten-
ta encobrir as contabilidades que não fecham. Se eles desrespeitam e ignoram a lei
poderão estar realizando o enterro de uma ideia muito importante para a morali-
dade da gestão pública. Cabe salientar que esta concepção de responsabilidade
fiscal impressa na Lei foi rejeitada pelo PT no ano de 2000, quando o projeto foi
aprovado pelo Congresso Nacional tendo o deputado e ex-governador pernambu-
cano Joaquim Francisco, como seu relator na Câmara Federal.
No governo do PSDB, o PT foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal,
foi contra o Plano Real, foi contra a própria Constituição e à reestruturação do
Pacto Federativo a partir das dívidas estaduais. Ou seja, na discussão e aprovação
de uma série de medidas estruturadoras, o PT exibiu e ainda exibe divergências
conceituais com o PSDB.
Quando a Lei de Responsabilidade Fiscal foi aprovada, o objetivo era
conter o governante irresponsável, o governante que gasta além do que deve, que
explora as contas públicas, que não destina a verba adequada à saúde, à educação,
que deixa rombo financeiro para o sucessor endividando as futuras gerações.
A flexibilização da Lei de Responsabilidade Fiscal, praticada pela atual
presidente da República, resulta do descompromisso de um governo que, embora
tenha se comprometido com a nação em cumprir uma determinada meta, es-
tourou a meta em função do processo eleitoral, explodiu as contas públicas e agora
quer fugir da responsabilidade que a lei impõe ao governante.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !38
O palácio do Planalto quer mudar os critérios para não ser responsabi-
lizado pela sua irresponsabilidade. Temo, caso o Congresso Nacional flexibilize a
Lei de Responsabilidade Fiscal, que isso represente uma perda de confiança dos
investidores internacionais e dos investidores internos no Brasil. Se houver menos
investimento, tal situação poderá diminuir o grau de confiança externa e aumentar
o risco do Brasil diante do processo de inflação com intensa alta de desemprego.
O Brasil está em recessão devido a incompetência de um governo que
agora quer ser anistiado de sua própria irresponsabilidade. Se a flexibilização
acontecer, ela produzirá um efeito cascata no plano nacional, pois os governos es-
taduais e municipais vão querer também flexibilizar suas situações de imprudência
administrativa. Como consequência, a nação voltará ao período pré-plano real de
um federalismo predatório que levou o Brasil a uma hiperinflação sem controle.
Estamos, portanto, sob o risco de uma perda progressiva do poder de compra do
nosso dinheiro. Estamos pagando um preço muito alto pelo despreparo, ineficiên-
cia e falta de visão do governo petista que fracassou.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !39
“Operação Volta às Aulas”
Em rigoroso cumprimento à agenda temática de meu mandato na Câ-
mara Municipal do Recife, realizamos pelo segundo ano consecutivo a operação
que denominamos “Volta às Aulas”. No primeiro dia do ano letivo, juntamente
com a minha equipe de assessores, percorremos escolas da rede municipal do Re-
cife em todas as suas seis regiões político-administrativas. Nesta atividade, bus-
camos – ouvindo estudantes, familiares de estudantes e funcionários das unidades
– coletar informações sobre recebimento de fardamento e materiais pedagógicos,
distribuição de merenda, quadro de professores e problemas de estrutura física.
Trata-se de uma ação integrada à nossa permanente atividade de inspeção técnica,
mantida em vistorias de acompanhamento às 235 escolas e 76 creches públicas
vinculadas à Secretaria de Educação do Recife.
O fruto desse inédito e eficiente trabalho, iniciado antes mesmo da posse
no cargo de vereador, em 2013, está disponibilizado no espaço denominado Raio-
X das Escolas, colocado à disposição de todos os cidadãos no site www.andreregis.-
com.br. Quem desejar pode, inclusive, fazer um tour virtual na escola onde seus
filhos ou parentes irão estudar. Lá, há textos, imagens e dados acerca do rendimen-
to da unidade no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).
Possuímos hoje, em nosso gabinete, um universo completo de dados sobre
as escolas públicas da capital pernambucana que seguramente nem a prefeitura do
Recife nem o governo do Estado as detêm em seus levantamentos e arquivos. E
esse valioso conjunto de dados, precisos e atualizados permanentemente, podem
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !41
ser inclusive utilizados, sem restrições, pela prefeitura do Recife ou quaisquer insti-
tuições interessadas na realidade da rede.
Infelizmente, o quadro da rede de ensino ainda é calamitoso. Situações
como calor excessivo nas salas de aula, iluminação deficiente, falta de espaços para
recreação, confinamento em salas sem janelas, extintores de incêndio com validade
vencida, falta de higiene nos banheiros, ausência de refeitórios, acúmulo de lixo e
esgoto provocando mau cheiro, entre uma série de problemas, foram anotadas du-
rante as visitas para amostragem em unidades de todas as Regiões Político Admin-
istrativas (RPAs) do Recife.
As escolas públicas do Recife são verdadeiros espaços violadores dos dire-
itos humanos das crianças. Há casos como o da Escola Santo Amaro, na Avenida
Norte, onde funcionou um clube de dança. A referida escola seria transferida para
um prédio cujas obras, localizadas há poucos metros estão, no entanto, atrasadas.
Segundo o cronograma, a construção deveria ter sido finalizada em agosto de
2014. No entanto, a obra está caminhando a passos curtos e sem data exata para
entrega à comunidade.
Conforme constatamos em nossas inspeções e visitas, é praticamente im-
possível administrar a rede municipal de ensino porque muitas de suas unidades
funcionam em casas adaptadas. Não foram projetadas para servir de escolas. Em
geral, são imóveis onde moravam cinco ou seis pessoas e que, de repente, sem pro-
jetos arquitetônicos adequados, passaram a receber dezenas e até centenas de cri-
anças. Mesmo havendo a necessidade de transferir as unidades para prédios ade-
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !42
quados, a Prefeitura insiste em fazer pequenos reparos, como pintura, os quais não
atendem às necessidades reais de ruptura com o que está posto.
A nossa ação de fiscalização faz com que a Prefeitura tenha a obrigação
de responder aos questionamentos levantados. Isso resultará, sem dúvida, em um
trato mais cuidadoso aos alunos. Além dos problemas decorrentes da precariedade
de sua infraestrutura, a rede municipal sofre ainda com impasses de natureza
pedagógica: O IDEB, divulgado pelo Ministério da Educação, mostra que mais
uma vez o Recife fracassou. Tivemos uma nota de 4.3 para a rede pública munici-
pal nos Anos Iniciais, colocando a capital de Pernambuco como uma das piores do
Brasil.
O material escolar e o fardamento distribuídos em 2015 foram de quali-
dade superior aos dos anos anteriores, pois em 2013 e 2014 contestamos a má
qualidade, a quantidade insuficiente e o atraso na distribuição, problemas estes que
denunciamos no sentido de cobrar soluções. Quanto a quesitos de ordem estrutur-
al, constatamos que escolas funcionavam em áreas de risco, como a Mundo Esper-
ança, em Sítio dos Pintos, e a Olindina Monteiro de Oliveira França, em Dois
Unidos, ambas localizadas abaixo de barreiras. Exigimos da Prefeitura a garantia
de segurança aos alunos e funcionários dessas escolas, inclusive acionando o Min-
istério Público Estadual, e vimos que, a partir de nossa iniciativa, foram tomadas
medidas de contenção de risco, ao passo que foi construído muro de arrimo na
primeira escola e que foi posta manta de proteção na segunda.
Acontece que os equívocos do Executivo Municipal são muitos e extrapo-
lam a ordem estrutural. Do ponto de vista pedagógico, a Prefeitura do Recife
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !43
anunciou um programa de robótica nas escolas públicas, no qual seriam investidos
mais de 70 milhões de reais na aquisição de materiais e na formação docente.
Ocorre que, exceto em algumas unidades onde a Prefeitura utiliza o projeto como
programa-piloto, não há condições de manuseio dos recursos por falta de espaço
adequado e de capacitação docente; ou seja, não encontramos sua efetiva apli-
cação.
Tudo isso faz com que a nossa equipe mantenha a permanente prática da
fiscalização. Afinal de contas, cada criança custa pelo menos 800 reais por mês aos
cofres públicos, valor que corresponde à mensalidade das melhores escolas particu-
lares do Recife. Queremos que as crianças pobres tenham acesso a uma escola
pública melhor ou pelo menos do mesmo nível e da mesma qualidade das escolas
privadas.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !44
Equívocos, atropelos e sofrimento
Apesar das advertências na tribuna da Câmara de Vereadores do Recife,
lamentamos que a gestão do prefeito Geraldo Júlio chegue ao seu final com um
fracasso no que se refere à Educação pública. Certamente, o impacto desse fracas-
so sobre o futuro da cidade será muito grande.
Como se justificar o baixo desempenho de um segmento que recebe 25%
dos recursos arrecadados em impostos e mesmo assim não é capaz de ensinar uma
criança a ler, a escrever e aplicar conceitos básicos de Matemática. Como justificar
que mesmo custando 800 reais por mês por criança - que é o valor do custo de
cada aluno da rede municipal da capital - é possível que se chegue ao nono ano do
curso Fundamental sem saber ler nem escrever e sem saber matemática? A nossa
rede municipal já teve 130 mil alunos e hoje recebe 90 mil crianças. Houve uma
perda de 40 mil crianças, motivada pela baixa qualidade do sistema. Esses déficits
foram acumulados no período em que o PT (Partido dos Trabalhadores) esteve no
comando da gestão do município e o prefeito atual não foi capaz de reverter.
Haveria necessidade de ruptura com o atual modelo e por vezes fizemos
essa advertência na Tribuna da Câmara Municipal. As crianças da rede pública do
Recife vão para uma escola que na verdade não é escola. São casas adaptadas,
alugadas pela Prefeitura, que sequer oferecem condições básicas de ensino-apren-
dizagem. Casas em barreiras, em encostas, sem extintor de incêndio, sem espaços
para circulação, sem parquinhos, com temperaturas acima dos 32 graus e com
iluminação deficiente; condições impróprias, enfim, para o sucesso do processo
educativo. Alertamos à Prefeitura, em 2013, que era preciso mudar. À época, o
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !45
então secretário de Educação, Valmar Corrêa, foi defendido por vários vereadores
como se fosse um grande gestor. Saiu da pasta de forma melancólica. No seu lugar
ficou um executivo que parece nunca ter assumido o cargo de fato.
A Secretaria de Educação está sob a responsabilidade de alguém que vem
apenas dando sequência ao trabalho opaco de seu antecessor. A situação é tão sem
rumo que em 2014 criticamos os gastos excessivos com máquinas de lavar roupa
para creches e a Prefeitura simplesmente argumentou que tudo estava na con-
formidade com o que era necessário. Há poucos dias o Tribunal de Contas do Es-
tado determinou que o processo licitatório das máquinas fosse suspenso, pois o
município havia cometido equívoco em relação ao tamanho das máquinas com-
pradas e ainda não instaladas. Alertamos que as máquinas adquiridas não caberi-
am nas creches da Prefeitura por causa do seu tamanho; tínhamos toda a razão.
Se um secretário ignora que a máquina de lavar roupas que ele estava
comprando não cabe dentro da creche da rede municipal que ele administra, é
porque há um total desconhecimento desse sistema.
Apresentamos uma emenda à Lei das Diretrizes Orçamentárias para to-
das as escolas municipais do Recife fossem climatizadas. O calor excessivo, con-
forme o levantamento que fizemos em todas as unidades, tem sido um fator im-
peditivo para o aprendizado. Uma criança que fica submetida a uma temperatura
de 34 graus não pode aprender. É impossível. E essa é a temperatura que encon-
tramos na rede municipal de ensino.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !46
Climatizar já essas escolas é uma prioridade inadiável, mas, lamentavel-
mente, o secretário municipal de Finanças opinou pela rejeição da emenda.
Quem acompanha o dia a dia da rede municipal de ensino sabe que a situação é
dramática. As crianças continuam sofrendo numa escola onde deveriam encontrar
boa qualidade e não a indiferença.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !47
A Educação pública passa longe do Conselho Municipal
Mesmo sem ter sido convidado, apesar de presidir a Comissão de Edu-
cação, Cultura, Turismo e Esportes da Câmara de Vereadores do Recife, com-
pareci à abertura da Conferência Municipal de Educação, a qual iria discutir, na
ocasião, o Plano Municipal de Educação.
Fiquei perplexo ante a indiferença e a falta de compromisso daquele
grupo com os desafios práticos que ainda travam o sistema escolar público de nos-
sa capital. Não ouvi um único discurso que abordasse novos materiais ou novas
metodologias de ensino. Sequer realizaram um breve debate sobre investimentos
de natureza técnica qualificada.
Escutei apenas discursos ideológicos que não indicavam nem sequer tan-
genciavam a importância, para as crianças, do ensino de Matemática, Português e
das demais Ciências. O que vale, para os membros desse tal Conselho, é bom-
bardear e doutrinar a criança com componentes ideológicos que, segundo eles,
suprem as necessidades educativas.
O mau rendimento da nossa rede nas avaliações nacionais reflete exata-
mente isso. Com médias de 4.3 no ensino Fundamental I e 3.2 no ensino Funda-
mental II, o Recife figura o antepenúltimo lugar entre as capitais brasileiras no
IDEB. Uma vergonha que muito tem a ver com os valores e as orientações do seu
Conselho Municipal de Educação.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !49
Se antecipássemos o futuro das nossas crianças alunas da rede pública do
Recife, se pudéssemos trazer o futuro para hoje, veríamos que elas teriam uma difi-
culdade enorme enquanto adultos para alcançar um posto de trabalho. Dificil-
mente elas conquistariam as cada dia mais competitivas posições nas universi-
dades, na indústria, nos serviços e nos demais setores da economia moderna.
O Recife está negando o futuro a essas crianças. As pessoas que discutiam
a Educação na Conferência Municipal que presenciei pareciam ainda não saber
que a fase mais importante do investimento na formação escolar acontece durante
a primeira infância, fase da vida em que precisamos investir massivamente.
É lamentável o quanto estão alienados os responsáveis pela condução da
educação pública em nossa cidade. Estamos parando no tempo enquanto em outros
estados, e em outras nações, os sistemas escolares públicos avançam com segurança e
sem as rédeas de ideologias falidas que perduram num Conselho mais comprometido
com interesses políticos restritos do que com o futuro das crianças pobres.
Enquanto vereador consciente da responsabilidade de representar corre-
tamente a parcela da população que me confiou seus votos, compareci à tribuna
do Poder Legislativo para denunciar e alertar o Recife do alto risco e das fragili-
dades técnicas pedagógicas inadmissíveis com que o seu sistema de educação
pública está sendo conduzido. Em pleno Século XXI, as discussões daquele Con-
selho estão engessadas e absolutamente divorciadas dos valores e das orientações
que hoje prevalecem de forma exitosa nos grandes centros de formação da juven-
tude escolar em outras regiões do país e em outros hemisférios.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !50
A Câmara Municipal do Recife não pode acatar, passivamente, eventuais projetos
de Lei que tenham suas origens na agenda equivocada do atual Conselho Munici-
pal de Educação. Na condição de líder do PSDB e de presidente da Comissão de
Educação e Cultura advirto que, sem uma ampla discussão e sem uma ruptura
com o sistema falido de educação que aí está, estarão condenando as nossas cri-
anças a um futuro sombrio e vulnerável ao desemprego e à violência.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !51
Um espetáculo de marketing
O modelo de representação que temos no Brasil é muito condicionado à
figura carismática, ao líder das massas, ao sujeito que tem comunicação direta com
a população. Valoriza-se quem vive da alta popularidade e do discurso. Quando se
discute política, muita gente diz que não gosta de determinada pessoa porque a
considera insossa, como se isso fosse algo ruim para a política. Em geral, essa
opinião vem acompanhada de uma observação segundo a qual o adjetivo estaria
no sentido de que o sujeito em questão não tem carisma.
Então, o fato é que a política em via direta presidencial, como é o nosso
caso, nos deixa à mercê dos líderes populares. Sob este enfoque, verificamos que
no jogo político os cargos mais importantes são, de fato, ocupados por eles. E por
ser praticamente uma regra, cada partido procura ter o seu rosto de massa. Se não
o tiver, estará fora do jogo.
O PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) é um caso in-
teressante. Trata-se do maior partido do Brasil desde muitos anos e não consegue
emplacar um candidato a presidente da República porque pratica um movimento
interno de implosão e não conta, até hoje, com ninguém em seus quadros que in-
corpore essa figura do líder das massas. Ulisses Guimarães tentou ser esse person-
agem em um primeiro momento. Depois veio Orestes Quércia e em seguida Ger-
mano Rigoto que também foi um ensaio e terminou não existindo. O PMDB não
postula. Fica apenas na ideia. É uma espécie de partido que na linguagem ameri-
cana seria o black mail party, ou um partido da chantagem.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !53
No sistema presidencialista do Brasil - concentrado na força política no
puxador de votos - o debate fica em função da popularidade e da pesquisa sobre
quem está na frente. Dependendo de quem lidere, far-se-á a composição com ele
ou não. Ou seja, a política no presidencialismo baseia-se nos critérios do líder de
massa, do sujeito que não tem compromisso com a realidade ou com o que prom-
ete. Ele quer vencer a eleição com o discurso do prometer. Quando se tem um sis-
tema em que as pessoas são obrigadas a votar, como é nosso caso, e onde a maior
parte da população é carente, o discurso de quem disputa apenas para prometer
alguma coisa ao grande público possui um apelo muito grande.
E não é só prometer. Torna-se também importante a forma como o políti-
co se apresenta e a imagem que ele utiliza da política como espetáculo. O mar-
queteiro é que vai pautar o comportamento do político: como ele deve se vestir, o
que deve dizer, como deve se pentear, etc.. É todo um trabalho unicamente voltado
para o acompanhamento das pesquisas de verificar como se sente a opinião públi-
ca e como ela vê a imagem do candidato.
Para que Lula pudesse ganhar a eleição de 2002, houve um plano de
marketing gigantesco com o objetivo de mudar a forma de o candidato se apresen-
tar, de falar, de usar certas expressões. No caso de Dilma, a candidata foi modulada
e completamente repaginada, deixando de ser uma desconhecida. Ninguém lem-
bra mais de Dilma ministra de Minas e Energia, com óculos pesados, cabelo mal
feito, mal vestida, mal maquiada, mal humorada. Ao passar a ser candidata, Dilma
é bem vestida, bem maquiada, bem simpática. Ou seja, é o oposto. Dilma foi
transformada em um produto contrário à realidade dos fatos.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !54
Isso faz com que também exista uma disputa nos próprios partidos. O
clube dos majoritários é muito restrito e ninguém quer dar chance a ninguém. Por
que no momento em que se deixa alguém sair candidato em uma eleição ma-
joritária, esse alguém cresce e vai ter um alcance maior de popularidade. Ou seja,
terá a possibilidade de voos mais altos e facilitação do voto.
Podemos citar muitos exemplos de pessoas que exerciam cargos de al-
cance limitado e que de uma ora para outra, indicados candidatos majoritários,
passaram a ter maior expressividade política. A perspectiva da disputa majoritária
torna-se atraente na medida em que amplia a exposição do político e o credencia
dentro daquele universo em que o objetivo maior é o de conquistar a populari-
dade. Mesmo que não obtenha a vitória, a disputa serve como trampolim para
outras alternativas eleitorais.
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !55
Conteúdos Uma pequena seleção de temas e reflexões de André Régis
na tribuna da Câmara Municipal do Recife
- Pensamentos Inicias -
Câmara Municipal do Recife
2015
CONTEÚDOS ANDRÉ RÉGIS !56