Contexto histórico Idade média Início no século V ( 476 d. C – com a conquista de Roma do...

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Contexto histórico

Idade médiaInício no século V ( 476 d. C – com a conquista de Roma do Ocidente);

Término no século XV (1453 d. C com a queda de Constantinopla, capital do império romano do Oriente;

Breve panorama dos acontecimentos

-Início das invasões bárbaras (476);-Carlos Magno se torna rei dos francos (768);-Morre o rei Carlos Magno (814);-Intensificam-se os ataques dos vikings (840);-Igreja alcança seu máximo de poder (1198-1216);-Fundação de Portugal (1140);-Romance da rosa, obra que melhor representa os princípios do amor cortês (1225).

Peculiaridades da península ibérica

»Isolamento em relação à Europa;»Presença dos Mouros (árabes);»Autonomia de Portugal (1143);»Guerras constantes entre Portugal e Espanha.

Organização social

-Invasões bárbaras - êxodo urbano;-Sociedade medieval se organizou em torno dos senhores feudais-Feudalismo;-Relação de suserania e vassalagem;-Igreja católica como maior poder representativo durante a Alta Idade Media (XII – XIII); -Visão de mundo teocentrista.

Teocentrismo (do grego θεóς, theos, "Deus"; e κέντρον, kentron, "centro") é a filosofia ou doutrina que considera Deus o fundamento de toda a ordem no mundo. O termo refere-se à visão de mundo cristã, que afirmava a perfeição e a superioridade de Deus, sendo ele o centro de todas as coisas.

Aspectos político-econômicos

*Feudalismo;*Descentralização do poder;*Economia agrária

Aspectos socioculturais

*Teocentrismo;*Cruzadas;*Escolástica.

Projeto literário do Trovadorismo

-Idealização de um código de comportamento amoroso – amor cortês; -Idealizado por Guilherme IX, nobre senhor feudal da Europa;-Transferia a relação de vassalagem entre cavaleiros e senhores feudais para o louvor às damas da sociedade.-Legitimação, por meio da literatura, das funções sociais dos cavaleiros na corte do senhor feudal.

Gêneros literários desenvolvidos

˃ Cantigas

˃ Crônicas

˃ Hagiografias (vida dos santos)

˃ Novelas de cavalaria

Os artistas da época

TROVADORNobreza (estudos avançados)Compunham a letra poética e a melodiaNão trabalha por dinheiro

JOGRALTodos que ganhavam a vida se apresentando para recrear um público, com música, literatura, mímica, acrobacia, etc.Séc. XIV: jogral vira pejorativo (“bobo”)

MENESTRELMúsico oficial da corteNome adotado quando “jogral” virou ofensivo

SEGRELSó em PortugalNem tão rico quanto o Trovador; nem tão pobre quanto o jogralSe apresenta por dinheiro, de corte em corte.

Geralmente, o segrel ia de corte em corte, montado em seu cavalo e acompanhado de seu jogral particular.

Cantigas-Compostas por trovadores;-Recitadas em jograis por recitadores, cantores e músicos ambulantes contratados para divertir a corte;-Nos mosteiros – textos escritos em latim;-Nas cortes - literatura oral (legitimadora do novo papel social)

-A língua portuguesa ainda não estava totalmente caracterizada. A língua utilizada nas cantigas trovadorescas era o galego- português, idioma que mantinha unidade linguística entre Portugal e Galiza.

» Cantigas Satíricas˃de Escárnio˃de Maldizer

Cantigas Líricas de Amor De Amigo

Cantigas religiosas

Cantigas de amor

Origem: Provença, região Sul da França;

Temática amorosa »Amor inatingível, leal e sem recompensa;»Expressa o amor eterno por sua dama;»Estabelece uma relação de vassalagem com sua dama;

Eu-lírico masculino que fala de sua amada.

Nos textos provençais, há presença de forte erotismo, enquanto nos ibéricos predomina a associação da mulher com a Virgem Maria. Erotismo manifestado pela perturbação dos sentidos.

A mulher amada é inalcançável (ou casada, ou de classe social mais elevada). Isso causa:

A mesura do que é dito

Submissão absoluta à dama (vassalagem)

Coita de Amor – sofrimento por não ter a sua amada.

Cantigas de amigo

Origem: Originárias da Península Ibérica.

Temática amorosa »A palavra amigo significava namorado ou amante. »Amor saudoso;»A mulher está em uma situação cotidiana recordando-se de seu amado;»A mulher busca na natureza alguém que a ouça (confidente).»Presença de paralelismo;

Eu-lírico feminino* que fala de seu amigo.*(lembre-se que apenas homens escreviam na época)

Cantigas de Escárnio

Cantigas mais popularesZombaria; brincadeirasAlvos:˃ os próprios poetas˃ as mulheres˃ a nobreza˃ o clero

»Sátira indireta (não cita nomes e nem usa termos mais baixos)

»Ambiguidade˃ 2 entendimentos: um neutro e um maldoso

Cantigas de Maldizer

»Sátira direta (cita nomes e usa termos mais baixos)

»Há apenas um entendimento (sentido das palavras utilizadas)

»Era comum na época, e até mesmo os mais refinados trovadores criavam Cantigas de Maldizer.

Exemplos musicaisCantiga de amor

Dona desses traiçoeirosSonhos, sempre verdadeirosOh Dona desses animaisDona dos seus ideaisPelas ruas onde andasOnde mandas todos nósSomos sempre mensageirosEsperando tua vozTeus desejos, uma ordemNada é nunca, nunca é nãoPor que tens essa certezaDentro do teu coraçãoTã, tã, tã, batem na portaNão precisa ver quem éPra sentir a impaciênciaDo teu pulso de mulherUm olhar me atira à camaUm beijo me faz amarNão levanto, não me escondoPorque sei que és minhaDona...

http://www.youtube.com/watch?v=03xQuvQELZM

Cantiga de amigo

Se sabedes novas do meu amigo É que venho perguntar:

Que ao que levou meu amigo Há de a noite encarcerar Dentro de fel e vinagre Sua boca há de fechar.

Com sete chaves de treva E fechaduras de neve Que ao que levou meu amigo Há de a febre devorar.

Se sabedes novas do meu amigo É que venho perguntar:

Sobre a parede mais fria Suas tripas há de o dia Pendurar em argolas de veneno Sua carne há de queimar.(...)http://www.youtube.com/watch?v=TJQC8BPMKQ0

A Garagem Da Vizinha(Quim Barreiros)

Lá na rua onde eu moro, conheci uma vizinhaSeparada do marido e tá morando sozinhaAlém dela ser bonita é um poço de bondadeVendo meu carro na chuva ofereceu sua garagem!

Ela disse: ninguém usa desde que ele me deixou!Dentro da minha garagem teias de aranha juntou!Põe teu carro aqui dentro, se não vai enferrujar!A garagem é usada mas teu carro vai gostar!

Ponho o carro, tiro o carro, há hora que eu quiserQue garagem apertadinha, que doçura de mulherTiro cedo e ponho à noite, e também de tardinhaTô até trocando o óleo na garagem da vizinha!

Só que o meu possante carro, tem um bonito atrelado,Que eu uso pra vender cocos e ganhar mais um trocadoA garagem é pequena, o que é que eu faço agora?O meu carro fica dentro, os cocos ficam de fora!

A minha vizinha é boa, da garagem vou cuidarNa porta mato cresceu, dei um jeito de cortar!A bondade da vizinha é coisa de outro mundoQuando não uso a da frente, uso a garagem do fundo!

http://www.youtube.com/watch?v=Vhg4TEngTyk

(UNESP) Leia e observe com atenção a composição seguinte:

Ay flores, ay flores do verde pinho,se sabedes novas do meu amigo! ay Deus, e hu é1?

Ay flores, ay flores do verde ramo,se sabedes novas do meu amado!

ay Deus, e hu é?Se sabedes novas do meu amigo,

aquel que mentiu no que pôs comigo! ay Deus, e hu é?

Se sabedes novas do meu amado,aquel que mentiu no que me há jurado

ay Deus, e hu é?”

1 E hu é: onde está

A composição anterior, parcialmente transcrita, pertence à lírica medieval da Península Ibérica. Ela tem autor desconhecido, arte poética própria e características definidas do lirismo trovadoresco, podendo-se ainda descobrir o nome pelo qual composições idênticas são conhecidas.

Em uma das alternativas indicadas acham-se todos os elementos que correspondem a essas afirmações.

» a) O autor é Paio Soares de Taveirós. Destacam-se o paralelismo das estrofes, a alternância vocálica e o refrão. O poeta pergunta pelo seu amigo.

» b) O autor é Nuno Fernandes Torneol. Destaca-se o refrão como interpelação à natureza. Trata-se de uma cantiga de amigo.

» c) O autor é el-rei D.Dinis. Destacam-se o paralelismo das estrofes, a alternância vocálica e o refrão. O poeta canta na voz de uma mulher e pergunta pelo amado, porque é uma cantiga de amigo.

» d) O autor é Fernando Pessoa. Destaca-se a alternância vocálica. Trata-se da teoria do fingimento, que já existia no lirismo medieval.

» e) O autor é Martim Codax. Destaca-se o ambiente campestre. O poeta espera que os pinheiros respondam à sua pergunta.

(MACKENZIE/ADAPTADA)

Ondas do mar de Vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verrá cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado!E ai Deus, se verrá cedo!

Martim Codax

Obs.: verrá = virálevado = agitado

Assinale a afirmativa correta sobre o texto.a) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu sofrimento amoroso.b) Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para lamentar a morte do ser amado.c) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio.d) Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às ondas do mar para expressar sua solidão.e) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado.

(Fuvest-SP) "Coube ao século XIX a descoberta surpreendente da nossa primeira época lírica. Em 1904, com a edição crítica e comentada do Cancioneiro da Ajuda, por Carolina Michaëlis de Vasconcelos, tivemos a primeira grande visão de conjunto do valiosíssimo espólio descoberto" (Costa Pimpão)

a) Qual é essa primeira época lírica portuguesa?

b) Que tipos de composições poéticas se cultivavam nessa época?