Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

60
UNIVERSIDADE FEDERDAL DE SÃO CARLOS - IBEAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL CONTEXTUALIZAÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA NO BRASIL SOB A PERSPECTIVA DA GESTÃO AMBIENTAL ROSANA NEGREIROS CAMPINAS 2006

Transcript of Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

Page 1: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

UNIVERSIDADE FEDERDAL DE SÃO CARLOS - IBEAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL

CONTEXTUALIZAÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA NO BRASIL SOB A

PERSPECTIVA DA GESTÃO AMBIENTAL

ROSANA NEGREIROS

CAMPINAS

2006

Page 2: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - IBEAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL

CONTEXTUALIZAÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA NO BRASIL SOB A

PERSPECTIVA DA GESTÃO AMBIENTAL

ROSANA NEGREIROS

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão Ambiental do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos em parceria com o IBEAS, como parte dos requisitos para a conclusão do curso.

Orientadora: Engenheira Agrônoma MS Cleide de Oliveira

CAMPINAS

2006

Page 3: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

A verdadeira, a mais profunda espiritualidade consiste em

sentir-nos parte integrante deste maravilhoso e misterioso

processo que caracteriza Gaia [Terra], nosso planeta vivo: a

fantástica sinfonia da evolução orgânica que nos deu origem

junto com milhões de outras espécies. É sentir-nos responsáveis

pela sua continuação e desdobramento.

José Antonio Lutzenberger

Page 4: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

AGRADEÇO

À minha orientadora, Engenheira Agrônoma MS Cleide Oliveira, pela orientação e amizade.

Ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos, por possibilitar o

desenvolvimento do Curso de Especialização em Gestão Ambiental.

Ao Professor Dr. Nemésio Neves Salvador, do Departamento de Engenharia Civil da UFSCar, pela

coordenação geral do Curso de Especialização em Gestão Ambiental.

Ao Engenheiro Carlos Alberto Ferreira Rino, do IBEAS, pela coordenação local do Curso de

Especialização em Gestão Ambiental.

Aos Professores da UFSCar e convidados, pela dedicação no desenvolvimento do Curso de

Especialização em Gestão Ambiental.

Aos colegas da Turma de Campinas do Curso de Especialização em Gestão Ambiental, pela

amizade.

À Engenheira Agrônoma MS Suzana Oellers, pela competência e eficiência na revisão desta

monografia e pela amizade demonstrada.

À minha mãe e ao meu pai (em memória) pela contribuição em minha formação como profissional

e como pessoa.

À Tia Leonor, pelo incentivo aos estudos durante toda a minha vida.

Ao meu marido, Mozart, pelo companheirismo, amizade e apoio.

Page 5: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

RESUMO

O presente trabalho consiste em uma análise do contexto da arborização urbana no Brasil, tendo por base uma profunda revisão bibliográfica, priorizando a abordagem que focaliza a gestão ambiental. O histórico aqui enfocado serve para caracterizar o tratamento dado à natureza pelo homem durante o desenvolvimento do Brasil, destacando os aspectos políticos, sociais, urbanísticos e ambientais, de modo a propiciar melhor entendimento sobre o contexto atual. São relatados aspectos conceituais encontrados na literatura nacional para situar a sistematização de termos, definições, conceitos e classificações referentes às características, funções, tipologia, entre outros, usados na pesquisa, no ensino, na difusão de tecnologia, no planejamento e na gestão neste campo. Neste estudo também são abordados os principais fatores relacionados à arborização urbana, levantados e analisados dados sobre a importância, os benefícios e as principais funções da arborização no meio urbano, assim como as dificuldades, os conflitos e os problemas relacionados ao assunto e são feitas considerações sobre o planejamento, a adequação e a gestão da arborização urbana. Esta análise contextual tem como principais objetivos reunir e organizar um expressivo número de produções científicas e, por intermédio de análise crítica e da própria experiência profissional pessoal, produzir um trabalho que possa facilitar os estudos daqueles envolvidos em programas de planejamento de arborização e gestão ambiental urbana. Palavras-chave: arborização urbana; planejamento da arborização urbana; gestão ambiental.

Page 6: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

ABSTRACT

CONTEXTUALIZATION OF URBAN FORESTRY IN BRAZIL FROM AN

ENVIRONMENTAL MANAGEMENT PERSPECTIVE

This study consists in the analysis of the urban forestry context in Brazil, based on deep literature review, prioritizing an environmental management approach. The historical facts here shown serve the purpose of characterizing the way man has dealt with nature during the development of Brazil, emphasizing its political, social, urbanistic, and environmental aspects, aiming to offer a better understanding of the current context. Conceptual aspects found in the national literature are reported in order to point out the systematization of terms, definitions, concepts, and classification referring to characteristics, functions, typology, among others, used in research, schools, technology diffusion, planning and management in this field. In the present study, the main factors related to urban forestry are approached and data on the importance, benefits, and the principal functions of trees in urban areas are analyzed, as well as the difficulties, conflicts, and problems related to the matter, and there are also some considerations about urban forestry planning, adjustment, and management. This contextual analysis has the main goals of gathering and organizing an expressive amount of scientific production and, by means of critical analysis and personal professional experience, producing a paper that can make easier the studies for those who are involved in programs of urban forestry planning and urban environmental management. Key words: urban forestry; urban forestry planning; environmental management.

Page 7: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

SUMÁRIO

página

RESUMO .................................................................................................................... 4

ABSTRACT ................................................................................................................ 5

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 7

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 9

2.1 Histórico ................................................................................................................ 9

2.2 Conceitos e classificações ..................................................................................... 18

2.3 Importância, benefícios e funções da arborização urbana ............................... 25

2.3.1 Melhoria do microclima urbano .......................................................................... 27

2.3.2 Redução da poluição atmosférica ........................................................................ 29

2.3.3 Redução dos níveis de ruído ............................................................................... 30

2.3.4 Controle do balanço hídrico ................................................................................ 31

2.3.5 Fatores estéticos .................................................................................................. 31

2.3.6 Fatores econômicos ............................................................................................. 32

2.3.7 Fatores socioculturais .......................................................................................... 34

2.3.8 Melhoria da saúde humana .................................................................................. 35

2.3.9 Fatores ambientais e ecológicos .......................................................................... 35

2.4 Dificuldades, conflitos e problemas na arborização urbana ............................ 36

2.5 Considerações sobre planejamento, adequação e gestão da arborização urbana .................................................................................................................. 41

3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 46

4 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 47

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................ 49

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 51

7 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................... 57

Page 8: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

7

1 INTRODUÇÃO

O tema arborização urbana tem sido abordado em inúmeras publicações e todas são

unânimes em considerar sua importância sob o aspecto das várias funções que representa, no

planejamento e na administração das cidades, para a sociedade e para o meio ambiente.

O desenvolvimento das cidades brasileiras se deu às expensas de grandes devastações de

áreas verdes. Hoje, manter e multiplicar a vegetação no espaço urbano se tornou um sério problema

para todos os setores da sociedade que ali convivem.

É questão premente para as aglomerações urbanas o estabelecimento de políticas que

impliquem a preservação das áreas verdes e o uso do solo de forma sustentável, visando contribuir

para o equilíbrio do meio no qual o homem habita e vive mais intensamente.

Com a ocorrência cada vez mais constante de problemas ambientais, as questões relativas à

arborização urbana assumem importância primordial na gestão das cidades. No caso do Brasil, em

que quase 80% da população vive no meio urbano, não se pode prescindir da presença da vegetação

nas cidades, posto que constitui um importante indicador de qualidade ambiental.

Esta monografia tem como principal objetivo levar a uma reflexão, embasada em profunda

revisão bibliográfica, sobre o contexto desse tema no Brasil, por intermédio de uma análise crítica

do que vem sendo feito no decorrer dos últimos anos com o crescente desenvolvimento urbano.

Os enfoques histórico, sociocultural, político, técnico e ambiental são enfatizados no

desenvolvimento desta pesquisa. Nesta perspectiva, discorre-se sobre a relação da sociedade e do

poder público com a arborização urbana e a sua importância, principalmente sob a ótica da gestão

ambiental.

Para entender melhor o contexto da arborização urbana no Brasil é aqui estudado o papel

desempenhado pelos espaços verdes nas nossas cidades e são explorados os aspectos históricos,

desde o início da urbanização do país até a atualidade.

Neste estudo também são mostrados os conceitos ligados ao tema usados em pesquisa,

ensino, difusão de tecnologia e gestão, buscando-se interpretar a forma como todos os atores

envolvidos vêm transitando neste campo.

A importância da arborização urbana e suas múltiplas funções são o foco principal deste

trabalho, com vistas à confirmação de seu valor como recurso ambiental impreterível para o meio

urbano, procurando-se mostrar a gama de benefícios que a presença das árvores nas cidades traz

Page 9: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

8

consigo. Dentre esses, podem ser destacados aspectos sociais, estéticos, psicológicos, climáticos,

ambientais e ecológicos, os quais são abordados nesta monografia. Também são discutidos

dificuldades, conflitos e problemas relacionados ao tema.

Finalmente, este estudo converge para as considerações sobre planejamento, adequação e

gestão da arborização urbana, com base em extensa revisão da literatura disponível, verificando-se

os princípios e condicionantes do planejamento e o que tem sido efetivamente implementado até o

momento nos diversos setores envolvidos, considerando-se a importância da participação da

população nas várias etapas decisórias, reforçada por programas de educação ambiental, de modo a

que os processos gerenciais se consolidem com eficiência.

Page 10: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

9

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Histórico

Quando ainda não existiam os centros urbanos no Brasil, o ambiente natural e seus

elementos, como água, flora e fauna, conviviam harmonicamente entre si. Com o advento da

urbanização, os sistemas naturais foram sendo modificados e, conseqüentemente, o padrão do

ambiente urbano foi se tornando inferior ao necessário para as adequadas condições da vida humana

(RIO GRANDE ENERGIA, 200-).

Ao longo da história, o papel desempenhado pelos espaços verdes nas nossas cidades tem sido uma conseqüência das necessidades experimentadas de cada momento, ao mesmo tempo em que é um reflexo dos gostos e costumes da sociedade. (LOBODA; DE ANGELIS, 2005, p. 129).

Apesar da incipiente urbanização nos três primeiros séculos após o início da colonização

portuguesa, as praças e os largos constituíam os principais pontos de concentração urbanística e da

população nos quais estava a arquitetura de maior valor (REIS FILHO, 1968 citado por LOBODA;

DE ANGELIS, 2005). Os espaços públicos nessa época eram humildes, formados por pequenas

aglomerações urbanas ao longo da costa, nos domínios da Mata Atlântica, as quais tinham, em seu

cotidiano, contato com o meio ambiente natural, com a densa vegetação tropical. A vida urbana

simples estava a serviço da metrópole, que drenava os recursos da colônia. As pessoas de maiores

posses estavam instaladas nas propriedades rurais, em chácaras residenciais em volta dos centros

urbanos.

Na primeira metade do século XVII, no período da ocupação holandesa, Recife foi o

primeiro núcleo urbano que dispôs de manifestações paisagísticas e de arborização urbana no

continente americano, por obra do governador João Maurício de Nassau-Siegen (LOBODA; DE

ANGELIS, 2005). Nessa época, o Palácio de Friburgo, no qual Maurício de Nassau residia e

despachava, foi o primeiro parque público construído no Brasil, tendo havido ali uma tentativa de

reproduzir as características das cidades européias (MACEDO, 1999). Ao redor do palácio do

governador foram plantadas centenas de palmeiras, laranjeiras e granadilhas (TERRA, 2000 citado

por BORTOLETO, 2004). Após a retirada dos holandeses, pouco sobrou dessa fase, com exceção

de laranjeiras, tangerineiras e limoeiros nos trajetos das campanhas da invasão (LOBODA; DE

ANGELIS, 2005).

Page 11: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

10

Nas demais cidades coloniais, inclusive na capital, Salvador, a vegetação estava sempre

ausente do espaço urbano central, aparecendo apenas confinada aos quintais particulares e pátios

dos conventos, com uma simplicidade doméstica, visando exclusivamente o cultivo de flores e de

árvores frutíferas. As ruas, os largos e os terreiros eram definidos por construções geminadas

desprovidas de árvores e canteiros (MACEDO, 1999). Com tratamentos urbanísticos muito pobres,

só se usufruía das sombras dos beirais e de poucas árvores plantadas em terrenos particulares. O sol

causticante, que hoje pode representar uma atmosfera árida, na época era a clara expansão da vida

urbana e menos rural. As matas, os matos, os campos e as roças ficavam fora do perímetro urbano,

o qual guardava o chão limpo e batido de terra (MACEDO, 1999; MARX, 1980 citado por

GOMES; SOARES, 2003).

Ao mesmo tempo, os colonos, influenciados pela própria cultura portuguesa, que não

valorizava a arborização urbana, se esforçavam em afastar a natureza dos limites da aldeia

(TRINDADE, 1997 citado por BORTOLETO, 2004). A vegetação também não era considerada tão

relevante nas cidades, visto que estas apareciam como uma expressão oposta ao rural. Assim, a

valorização do espaço urbano construído se afastava da imagem rural, a qual compreendia os

elementos da natureza. Os espaços urbanos daquela época não eram tão ocupados e nem

apresentavam problemas que se fizessem presentes como conseqüência da ausência da vegetação

(GOMES; SOARES, 2003). A beleza exuberante da natureza no entorno dos núcleos urbanos

também pode ser apontada como um dos motivos da demora em se fazer investimentos nos jardins

públicos (TERRA, 2000 citado por MENEGHETTI, 2003).

Apenas no final do século XVIII, com a elevação do Rio de Janeiro a capital do Vice-reino,

surgiu uma população urbana mais estruturada. Em 1718, por ordem do vice-rei Dom Luís

Vasconcelos, foi construído sobre o aterro do Boqueirão da Ajuda, por Valentim da Fonseca e Silva

(Mestre Valentim), o Passeio Público do Rio de Janeiro, tendo sido assim criado pela primeira vez

no Brasil um espaço para o lazer da população (MACEDO, 1999; SEGAWA, 1996 citado por

LOBODA; DE ANGELIS, 2005).

Na primeira metade do século XIX, com a chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro,

em 1808, e sua elevação a sede do Reino, ocorreram várias transformações urbanísticas nas cidades

brasileiras, que foram se adaptando às exigências de uma nova sociedade que estava se

conformando. O ajardinamento foi introduzido no espaço público (MACEDO, 1999) e foi criado o

Real Horto (atual Jardim Botânico), dando início aos serviços de arborização pública no Rio

Janeiro. Esse parque tinha as finalidades de aclimatação e cultivo de espécies exóticas, como

jaqueiras, abacateiros, fruteiras-pão, dentre outras (MILANO; DALCIN, 2000).

Page 12: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

11

Em 1822, o Brasil tornou-se Império e o Rio de Janeiro sua capital, para onde convergiram

recursos de todo o país (MACEDO, 1999). De 1836 a 1860 foi desenvolvido no Rio de Janeiro um

projeto de arborização urbana capitaneado pelo naturalista Ludwig Riedel (DE ANGELIS, 200-b).

Em 1840 deu-se o início do Segundo Império e foram criados os primeiros parques urbanos,

havendo cercamento e ajardinamento de praças e largos por todo o país (MACEDO, 1999).

Na década de 1850 algumas cidades se destacavam pela quantidade expressiva de áreas

verdes em seu interior, como é o caso de Teresina-PI, com densa arborização, e Aracaju-SE, a qual,

embora tenha sido a primeira cidade planejada do país, era recoberta por vegetação nativa, com

predominância de coqueiros, sem nenhum planejamento paisagístico (GOMES; SOARES, 2003).

Em 1858, Auguste François Marie Glaziou, contratado por D. Pedro II, assumiu o cargo de

Diretor Geral das Matas e Jardins, reformou o passeio público do Rio de Janeiro e executou os

projetos da Quinta da Boa Vista e do Campo de Santana. Glaziou introduziu na paisagem a

concepção de espaços livres para o lazer e impulsionou a arborização pública, também trazendo

uma configuração romântica com forte influência européia, especialmente francesa (MACEDO,

1999; MACEDO, 2001). Nesses projetos, o arquiteto francês utilizou várias espécies da flora nativa

(MILANO; DALCIN, 2000) e outras exóticas, misturando os princípios dos espaços públicos

parisienses com as nossas condições climáticas, o que resultou em uma obra de qualidade com

identidade própria (MACEDO, 1999).

Em 1861 teve início o reflorestamento da floresta da Tijuca (MACEDO, 1999). De acordo

com Milano e Dalcin (2000), em 1869 e 1874 foram estabelecidas regras para plantios em ruas, tais

como o espaçamento de 7 m entre árvores, a altura mínima de 3 m para as mudas, a obrigatoriedade

do uso de protetores e a melhoria do substrato de plantio.

Nas décadas de 1870 e 1880, o café passou a representar 56% do valor das exportações do

Brasil e começou, então, o período áureo do chamado ciclo do café. Enriquecidos, os Barões do

Café investiram na capital, assim surgindo os primeiros bairros da elite, caracterizados por casas

construídas em meio a amplos jardins e cercados pela exuberante vegetação da Mata Atlântica.

Várias chácaras se urbanizaram nas periferias das grandes cidades, como Rio de Janeiro, Recife e

Salvador. Começou a arborização das ruas, com a instalação de calçadas elaboradas e iluminação

pública (MACEDO, 1999). Jardins bem conservados, parques e praças ajardinadas apareceram em

maior número, começando, a partir daí, a prática do paisagismo e da arborização do espaço público

nas cidades brasileiras. As praças, que antes eram constituídas por espaços abertos e sem vegetação,

destinados à reunião de pessoas, passaram a exercer a função de jardim nas cidades, agregando

Page 13: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

12

valores estéticos e funcionais e constituindo marcos na valorização da jardinagem em locais

públicos. Intensificaram-se os cuidados com a arborização e o ajardinamento dos logradouros já

existentes e dos que iam surgindo. Ruas e praças foram enfeitadas com árvores e canteiros de

plantas ornamentais. Com essa transformação, perdeu-se a noção das diferentes peculiaridades de

uma praça ou de um jardim. Assim, deduz-se que a inserção do verde nas cidades brasileiras

ocorreu simultaneamente com a evolução das funções das praças (MARX, 1980 citado por

GOMES; SOARES, 2003).

No final do século XIX houve crescimento das cidades fluminenses, paulistas e sul-

mineiras. O arquiteto Glaziou construiu a primeira chácara urbana em São Paulo (Vila Maria) e na

mesma cidade foram criados a Avenida Paulista, o bairro de Higienópolis, o Parque da Cantareira, o

Parque Antártica (um dos primeiros parques particulares), além do Jardim da Luz, criado em 1825 e

reformado em 1899. Na mesma época foram criados: o Passeio Público em Curitiba; a praça do

Campo Grande em Salvador; o loteamento de Copacabana, a Inspetoria de Matas, Florestas, Jardins

Públicos e Arborização no Rio de Janeiro; e em Minas Gerais, a cidade planejada de Belo Horizonte

e o Parque Municipal projetado por Paul Villon. Houve nessa época no país uma identificação

cultural e urbanística com a Europa, consolidando-se o Ecletismo como estilo arquitetônico e

paisagístico (MACEDO, 1999). Nessa fase, associada ao advento da República, a arborização das

ruas passou a fazer parte do planejamento urbano de forma generalizada (MENEGHETTI, 2003).

No início do século XX houve uma grande expansão urbana no contexto nacional. Iniciou-se

a industrialização advinda do capital do café, tendo havido grandes investimentos nas principais

cidades do país, como Rio de Janeiro e São Paulo. Paralelamente, iniciaram-se fortes correntes

migratórias com êxodo rural e no contexto urbano via-se a abertura de grandes avenidas, novos

parques, expansão do saneamento básico e do transporte coletivo (MACEDO, 1999; SANTOS;

TEIXEIRA, 2001). Surgiram, muito mais significativamente, jardins, praças e parques arborizados,

principalmente no Estado de São Paulo, em cidades enriquecidas pelo café, e desenvolveu-se o lazer

ativo nos parques públicos (GOMES; SOARES, 2003; MACEDO, 1999).

Ao mesmo tempo, essas profundas mudanças, em nome da modernidade e de grandes

projetos, marcaram a perda de um patrimônio arquitetônico e vegetal, iniciando-se a ruptura da

relação homem-natureza, com as áreas verdes ficando cada vez mais restritas à arborização de ruas,

praças, parques e maciços florestais. Era possível observar também a perda de espaços nos jardins

privados e o aumento da impermeabilização do solo (MILANO; DALCIN, 2000; SANTOS;

TEIXEIRA, 2001). O crescimento das cidades e a forma como os espaços foram sendo construídos

Page 14: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

13

impuseram a presença da árvore; porém, ao mesmo tempo, negaram a existência de condições

adequadas ao desenvolvimento da vegetação (SANTOS; TEIXEIRA, 2001).

Em decorrência do surgimento dos serviços de fornecimento de energia elétrica e da

expansão dos serviços de abastecimento de água, de coleta de esgoto e de telecomunicações, um

complexo sistema de cabos, galerias e dutos tomou conta do ar e do subsolo, o que passou a

interferir no plano de arborização da cidade (MILANO; DALCIN, 2000).

Na primeira metade do século XX, marcada pelas duas grandes guerras mundiais, houve

significativa aceleração do surto de industrialização e urbanização, criando mudanças significativas

na arquitetura e nos hábitos urbanos. Entre os anos 20 e 30 consolidaram-se os bairros jardins em

São Paulo e surgiram os primeiros edifícios de apartamentos nas áreas centrais do Rio de Janeiro e

de São Paulo.

As décadas de 30 e 40, incluindo o período posterior à Segunda Guerra Mundial,

caracterizaram-se por aumento da classe média na população do Brasil (MACEDO; SAKATA,

2002 citados por BORTOLETO, 2004) e teve início uma forte influência da cultura americana

(MACEDO, 1999).

Nesse período, obras importantes foram criadas em todo o país, como: em São Paulo, os

parques do Anhangabaú e Dom Pedro II, os bairros Jardim América e Jardim Europa, a

reconstrução dos jardins do Ipiranga (por Reynaldo Dierberger) e o Jardim Botânico; em Campinas,

o Bosque dos Jequitibás; em Niterói, a Praça da República; em Belo Horizonte, a Praça da

Liberdade; no Rio de Janeiro, a Praça Paris (por Arquimedes José da Silva), o Jardim de Alah (por

José Silva de Azevedo Neto) e vários edifícios expandindo-se pela beira-mar sul; em Goiânia, o

início das obras de construção da nova capital planejada com influência da cidade-jardim na

valorização da arborização urbana (MACEDO, 1999).

Na mesma época começaram a aparecer os projetos do paisagista Roberto Burle Marx, o

qual, influenciado pelos movimentos artísticos dos anos 20 e 30 e por um forte sentimento

nacionalista, criou uma linha projetual própria, assim representando um marco na concepção dos

espaços livres das cidades brasileiras (MACEDO, 2001). Inicialmente em Recife, como diretor de

parques e jardins, desenvolveu projetos como os Jardins da Casa Forte, a Praça Salgado Filho e o

Aeroporto; depois, em outras cidades brasileiras, como os Jardins do Ministério da Educação e

Saúde no Rio de Janeiro e o Complexo da Pampulha em Belo Horizonte, tornando-se o paisagista

oficial do Estado do Rio de Janeiro ainda na década de 40. Com grande sentimento nacionalista,

Burle Marx trouxe o novo conceito do jardim moderno, estruturado com densa vegetação tropical

Page 15: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

14

nativa e o quase abandono da utilização de plantas exóticas, valorizando sobremaneira a flora

brasileira (MACEDO, 1999). Foi no século XX, portanto, que Burle Marx, seguido por vários

outros, consolidou a arquitetura paisagística nacional (MACEDO, 2001).

Entre as décadas de 50 e 60, o crescimento urbano continuou acelerado e poucos parques

públicos foram construídos no Brasil. Começou a expansão das fronteiras urbanas no país e,

conseqüentemente, a construção maciça de estradas de rodagem. As obras mais importantes desta

época foram o Parque do Ibirapuera em São Paulo, em 1954, por Oscar Niemeyer e Otávio Augusto

Teixeira Mendes, o início do projeto do Parque do Flamengo no Rio de Janeiro, por Burle Marx,

que foi inaugurado em 1964, e a inauguração de Brasília, cidade em que os projetos paisagísticos

foram todos desenvolvidos por Roberto Burle Marx e Roberto Coelho Cardoso (MACEDO, 1999).

Nessas décadas, em decorrência do intenso processo de urbanização mencionado, era nítida

a carência de espaços de lazer. As áreas como bosques, chácaras e pastagens foram parceladas e

reparceladas para fins de construção urbana. Os espaços de lazer concentravam-se nas áreas centrais

das cidades, o que os tornava distantes da maioria da população (FEIBER, 2004).

Em 1964 começou o período do Governo Militar, com anos em que a economia nacional

atingiu seu apogeu. Com a abertura de fronteiras agrícolas e urbanas, iniciou-se a devastação

florestal. Nas cidades, deu-se a abertura de grandes áreas livres para a construção de conjuntos

habitacionais, começou a verticalização dos centros urbanos e houve a transformação das antigas

ruas em espaços amplos, adequados ao tráfego intenso de veículos e pedestres. Apareceram grandes

obras urbanas, como terminais, praças, calçadões e viadutos. A conseqüência dessa frenética

expansão foi o início da metropolização das cidades e o programa de parques e praças nitidamente

voltou-se para o lazer ativo (MACEDO, 1999).

Em 1965 foi instituído o novo Código Florestal brasileiro e em 1967 foi feito o primeiro

estudo de áreas verdes de São Paulo, por Rosa Kliass, Miranda Magnoli e equipe. Em 1969, Lúcio

Costa projetou o Plano da Barra (da Tijuca) no Rio de Janeiro com conotação ecológica

(MACEDO, 1999).

Entre os anos 70 e 80, as grandes cidades tiveram um planejamento centralizado e foram

estabelecidas leis de zoneamento por todo o país, continuando a expansão urbana acelerada e

havendo a consolidação da verticalização. Aumentou o número de calçadões nas áreas centrais e

muitos parques foram criados no país.

A partir dos anos 80 iniciou-se a crise do petróleo. Foi criada a Secretaria do Verde e

ocorreu o início de uma consciência ecológica, trazendo consigo a valorização do verde, das matas

Page 16: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

15

nativas e dos jardins, juntamente com novos padrões e idéias sobre a importância do contato com a

flora e a fauna nativas (MACEDO, 1999).

Em 1981 foi criada a lei que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Em 1988,

a nova Constituição Federal criou um capítulo que privilegia o meio ambiente. Em 1992, a ECO 92,

evento sediado pelo Rio de Janeiro, representou um marco para a ecologia no país. Em

contrapartida, os meados dos anos 80 foram a época em que menos se produziu conhecimento e

informação técnica em termos de arborização no país (MILANO; DALCIN, 2000).

Nos anos 80 a 90, o país passou por um processo gradativo de descentralização política e a

urbanização foi consolidada de forma intensa e acelerada, com a maioria da população habitando as

cidades. Houve aumento da demanda por infra-estrutura e serviços pelas grandes massas populares

que vivem nos grandes centros urbanos, instaurando-se o conflito pela conquista dos espaços entre

árvores, veículos, construções e equipamentos (MACEDO, 1999; MENEGHETTI, 2003).

As novas áreas de lazer que surgiram nessas décadas foram construídas em locais onde se

concentra a população mais favorecida e, quando instaladas em regiões mais populares,

invariavelmente tornaram-se malcuidadas ou às vezes foram até mesmo abandonadas. A construção

de praças nos subúrbios está normalmente vinculada ao interesse político. Pela escassez de locais

destinados ao lazer, a rua passou a ser o lugar de convívio nos bairros mais populares. Assim,

ocorreu a segregação social e parte da população mais privilegiada socialmente isolou-se do

contexto urbano em condomínios verticais ou horizontais. Os shopping centers foram, então,

criados como nova forma de comércio, visando oferecer conforto e segurança aos seus usuários, o

que acarretou decadência física de trechos importantes das áreas centrais de várias cidades

brasileiras (MACEDO, 1999; MENEGHETTI, 2003).

Na década de 90 houve aumento da já forte influência cultural norte-americana e no final

dessa década já havia uma presença maciça de edifícios de apartamentos na paisagem de várias das

cidades brasileiras. A população optou por morar nesse tipo de unidade equipada com infra-

estrutura como forma de se isolar da violência urbana (MACEDO, 1999). A discussão dos

problemas ambientais foi se tornando uma temática obrigatória no cotidiano das cidades e as áreas

verdes tornaram-se ícones de defesa do meio ambiente nos centros urbanos (LOBODA; DE

ANGELIS, 2005).

Na história das funções urbanas dos espaços livres, a cidade tem sido considerada como um

conjunto de elementos, sistemas e funções que se entrelaçam. Assim, os espaços livres, que estão

entre os principais sistemas que formam o organismo urbano, passaram a ser marcos concretos e

Page 17: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

16

devem ter sua evolução considerada (LLARDENT, 1982 citado por LOBODA; DE ANGELIS,

2005).

Nas cidades brasileiras contemporâneas, os parques desempenham importante função como

espaço público de apropriação coletiva e na atenuação de condições ambientais adversas. Apesar

disso, existem muitas dificuldades para a implantação de novos parques, como a falta de recursos

financeiros e a ausência de novas áreas nas zonas urbanas já consolidadas. A localização dos

parques reflete ainda a grande desigualdade em sua distribuição espacial, que coincide com a

exclusão social da população, podendo-se verificar que sua maior concentração está nas áreas

consolidadas, enquanto nas periferias há apenas parques isolados (PREFEITURA DO MUNICÍPIO

DE SÃO PAULO, 2002).

O meio urbano contemporâneo no Brasil é marcado por grandes contrastes sociais. De um

lado, bairros bem infra-estruturados, bem cuidados, bem arborizados e ajardinados, que colaboram

para o esvaziamento funcional de uma parcela importante das vias urbanas destinadas apenas ao

acesso de carros para residências da classe média. De outro lado, uma malha urbana extensa, com

habitações bem menores e modestas, construídas em lotes pequenos, com quase nenhum recuo e

aproveitando o terreno ao máximo, com reduzido espaço livre dentro do lote, o que impossibilita a

existência de quintais e jardins. As ruas normalmente são subdimensionadas e as calçadas estreitas,

localizadas em loteamentos com escassez de espaços destinados ao lazer público, mal localizados

ou mesmo inexistentes (MACEDO, 1999).

As cidades, que enfrentam uma crise estrutural decorrente de problemas econômicos,

políticos, sociais e culturais, estão sendo conduzidas a um destino incerto, com a transformação das

ciências em força produtiva e do espaço urbano em mercadoria. Nas relações desiguais, as questões

econômicas se sobrepõem às socioambientais e o que é público geralmente acaba ficando em

segundo plano ou é considerado como problema (LOBODA, 2003 citado por LOBODA; DE

ANGELIS, 2005).

A acentuada urbanização, pela qual a maioria das cidades brasileiras vem passando, reflete

negativamente sobre a qualidade de vida de seus moradores. A falta de planejamento que considere

os elementos naturais gera o empobrecimento da paisagem urbana, tornando o meio urbano cada

vez mais artificial. Esses problemas vêm ocorrendo pela interdependência dos múltiplos

subsistemas que coexistem nas cidades (LOBODA; DE ANGELIS, 2005).

Loboda e De Angelis (2005, p. 131) tecem considerações sobre as relações atuais entre o

meio urbano e a natureza:

Page 18: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

17

A qualidade de vida urbana está diretamente atrelada a vários fatores que estão reunidos na infra-estrutura, no desenvolvimento econômico-social e àqueles ligados à questão ambiental. No caso do ambiente, as áreas verdes públicas constituem-se elementos imprescindíveis para o bem-estar da população, pois influencia diretamente a saúde física e mental da população.

Além daqueles espaços criados à luz da arquitetura, recentemente a percepção ambiental ganha status e passa a ser materializada na produção de praças e parques públicos nos centros urbanos. Com a finalidade de melhorar a qualidade de vida, pela recreação, preservação ambiental, áreas de preservação dos recursos hídricos, e à própria sociabilidade, essas áreas tornam-se atenuantes da paisagem urbana.

Por outro lado, nessa relação desigual e/ou combinada da contraposição entre questões socioambientais e econômicas, em que, de modo geral esta última se sobressai, geralmente fica aquilo que é público em segundo plano ou ainda considerado como problema. Os projetos de construção, intervenção ou reabilitação das áreas verdes públicas de um modo geral vêem-se constantemente envolvidos em polêmicas que somente agravam sua penúria renitente. A tendência é que, se não tomarmos uma providência no que diz respeito à reabilitação dessas áreas, não somente suas estruturas físicas, mas sobretudo suas funções sociais, geoambientais e estéticas, os únicos espaços de uso coletivo tendem a ser cada vez mais privados - shopping-centers, condomínios residenciais, edifícios polifuncionais - e não as nossas praças, parques e vias.

Tais espaços, assediados pelas condições pós-modernas, já não trazem consigo a significância de um tempo. Talvez, a população urbana, envolta pela ideologia das novas tendências globalizantes, não esteja mais se identificando com um lugar específico, seus aspectos sociais, culturais ou históricos.

As cidades contemporâneas tornaram-se os extremos da ação humana sobre os sistemas

naturais, tanto pela concentração populacional como pela forma como crescem e se organizam

(MILANO; DALCIN, 2000). No Brasil, as cidades já abrigam mais de 80% da população (IBGE,

2002 citado por SILVA FILHO, 2003).

Neste início do século XXI, a problemática ambiental urbana apresenta-se como uma das

questões de planejamento das cidades. A partir da década de 1970, a questão do meio ambiente

evoluiu da proteção ambiental para o conceito de desenvolvimento sustentável ou

ecodesenvolvimento. Com o agravamento dos problemas ambientais metropolitanos, as cidades

passaram de antagônicas ao meio ambiente para objeto de estudos sobre sustentabilidade ambiental

(SPAROVEK; COSTA, 2004).

No início da produção capitalista, a vegetação não possuía grande valor nas cidades

brasileiras em decorrência de sua abundância. Com a aceleração do processo de industrialização, a

vegetação nos grandes centros foi cedendo lugar aos elementos construídos e, assim, a cidade

passou a ser um objeto com produtos a consumir. Desse modo, as áreas verdes, cada vez mais

escassas nas grandes cidades, conquistaram um importante papel funcional no que se refere à

diminuição dos impactos ambientais urbanos (FEIBER, 2004).

Page 19: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

18

A sociedade científica vem se organizando, desde o final do século passado, para o fomento

da produção técnica e científica da arborização urbana. Milano (1996 citado por MENEGHETTI,

2003, p. 6) reforçou a importância da produção técnico-científica:

Em 1985, com a realização do I Encontro Nacional de Arborização Urbana, em Porto Alegre, houve um renascimento do setor da arborização urbana no Brasil, que tinha estado alguns anos no esquecimento, justamente aqueles em que o desenvolvimento urbano se deu de forma mais intensa.

Sanchotene (1994 citado por MENEGHETTI, 2003, p. 7) comentou que:

O processo que levou à fundação da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana e ao I Congresso Brasileiro de Arborização Urbana, ambos realizados em 1992, uniu profissionais e pesquisadores atuantes no seu planejamento, e foi trazendo à tona uma grande quantidade de trabalhos. Aquela entidade tem representado, desde então, os interesses daqueles que exercem atividades vinculadas à arborização urbana no Brasil.

São muito apropriadas as colocações do geógrafo Ab'saber (1990, p. 35) quando ele se refere

à arborização urbana como um valor tradicional brasileiro:

A arborização urbana possui uma velha e ativa tradição no Brasil. De Norte a Sul, as cidades brasileiras têm experiência acumulada sobre áreas verdes, incluindo praças e jardins públicos, implantados em diferentes épocas. Uma consciência de longa maturação determina um cuidado especial pelas árvores, seja numa pequena cidade do sertão nordestino, uma cidade de fronteira no Rio Grande do Sul ou em um pequeno centro urbano da beira alta do Pantanal Matogrossense.

2.2 Conceitos e classificações

Os conceitos e as classificações nos estudos sobre arborização urbana encontrados na

literatura brasileira ainda são pouco padronizados. Vários autores conceituam e classificam de

forma diferenciada a arborização urbana e suas áreas afins. Entretanto, há o consenso de que a

arborização urbana é a vegetação de porte arbóreo existente no meio urbano; porém, na

conceituação e classificação, cada autor leva em conta fatores diversos, como: a origem, ou seja, se

são naturais ou introduzidas, nativas ou exóticas; o contexto no qual estão inseridas, se isoladas,

agrupadas ou em conjunto com vegetação de porte não arbóreo; a localização, isto é, se estão em

vias públicas, parques e praças, públicos ou privados, em reservas naturais ou unidades de

conservação urbanas; a função e os papéis diferentes que desempenham.

Essas denominações ou definições às vezes entram em conflito umas com as outras, o que

leva alguns autores a propor uma sistematização de conceitos para uso em pesquisa, ensino e

difusão de tecnologia nesta área. Quando esses conceitos se ampliam, passando para estudos

maiores do planejamento e da gestão ambiental, englobando termos como “áreas verdes”, “espaços

Page 20: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

19

livres”, “floresta urbana”, “silvicultura urbana”, “reservas naturais”, “unidades de conservação”,

considerando-se que em todos eles é encontrada vegetação de porte arbóreo, as questões da

conceituação ficam ainda mais controversas.

Grey e Deneke (1978 citados por DE ANGELIS, 200-a, p. 5) entendem por arborização o

“[...] conjunto de terras públicas e privadas com vegetação predominantemente arbórea que uma

cidade apresenta”.

Na conceituação da arborização urbana, Pivetta e Silva Filho (2002, p. 2) citam Mello Filho

(1985): “A vegetação urbana é representada por conjuntos arbóreos de diferentes origens e que

desempenham diferentes papéis”.

Pivetta e Silva Filho (2002, p. 2-3) classificam a “vegetação arbórea urbana” da seguinte

forma:

1. Arborização de parques e jardins

Os parques, normalmente são representados por grandes áreas abundantemente arborizadas e os jardins, ou mesmo as praças, são espaços destinados ao convívio social. Nestes locais podem-se utilizar árvores de todos os portes.

2. Arborização de áreas privadas

Corresponde à arborização dos jardins particulares como quintais, jardins de hospitais, clubes, indústrias, entre outros.

3. Arborização nativa residual

São espaços da natureza que se protegeram da ocupação e que por suas características florísticas, faunísticas, hídricas, influenciaram no microclima e são essenciais ao complexo urbano.

4. Arborização de ruas e avenidas

Componente muito importante da arborização urbana, porém, pouco reconhecido, do ponto de vista técnico e administrativo, devendo ser encarado como um dos componentes do plano de desenvolvimento e expansão dos municípios.

Outros termos bastante usados são floresta urbana e silvicultura urbana. Definidas por Miller

(1997 citado por SILVA FILHO, 2003, p. 1), as florestas urbanas são “a soma de toda a vegetação

lenhosa que circunda e envolve os aglomerados urbanos, desde pequenas comunidades rurais até

grandes regiões metropolitanas”. Já para Nowak et al. (2001 citados por SILVA FILHO, 2003, p.

1), são “ecossistemas compostos pela interação entre sistemas naturais e sistemas antropogênicos”.

Silva Filho (2003) define a Silvicultura Urbana como o ramo da Silvicultura que estuda as

árvores de ruas, praças, parques, áreas de conservação urbanas e demais áreas livres de edificação.

Segundo Couto (1994 citado por SILVA FILHO, 2003, p. 1), “o objetivo da Silvicultura Urbana é o

cultivo e o manejo de árvores para a contribuição atual e potencial ao bem-estar fisiológico, social e

econômico da sociedade urbana”.

Page 21: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

20

Com o intuito de discutir a dificuldade causada pelos diferentes termos utilizados para

caracterizar as áreas verdes urbanas e a similaridade de termos como áreas livres, espaços abertos,

áreas verdes, sistemas de lazer, praças, parques urbanos, unidades de conservação em área urbana,

arborização urbana, entre outros, Guzzo [200-b] e Loboda e De Angelis (2005) citam o trabalho de

Lima et al. (1994), autores esses que tentaram defini-los por meio de consultas a profissionais que

trabalham na área e da experiência do grupo que desenvolveu o trabalho:

a. Espaço Livre: trata-se do conceito mais abrangente, integrando os demais e contrapondo-se ao espaço construído, em áreas urbanas. Assim, a Floresta Amazônica não se inclui nessa categoria; já a Floresta da Tijuca, localizada dentro da cidade do Rio de Janeiro, é um espaço livre.

b. Área Verde: onde há o predomínio de vegetação arbórea, englobando as praças, os jardins públicos e os parques urbanos. Os canteiros centrais de avenidas e os trevos e rotatórias de vias públicas, que exercem apenas funções estéticas e ecológicas, devem, também, conceituar-se como área verde. Entretanto, as árvores que acompanham o leito das vias públicas, não devem ser consideradas como tal, pois as calçadas são impermeabilizadas.

c. Parque Urbano: é uma área verde, com função ecológica, estética e de lazer, entretanto com uma extensão maior que as praças e jardins públicos.

d. Praça: como área verde, tem a função principal de lazer. Uma praça, inclusive, pode não ser uma área verde, quando não tem vegetação e encontra-se impermeabilizada (exemplo, a Praça da Sé em São Paulo). No caso de ter vegetação é considerada Jardim.

e. Arborização Urbana: diz respeito aos elementos vegetais de porte arbóreo, dentro da cidade. Nesse enfoque, as árvores plantadas em calçadas, fazem parte da arborização urbana, porém, não integram o sistema de áreas verdes.

f. Área Livre e Área Aberta: são termos que devem ter sua utilização evitada, pela imprecisão na sua aplicação.

g. Espaço Aberto: traduzido erroneamente e ao pé da letra do termo inglês "open space". Deve ser evitada sua utilização, preferindo-se o uso do termo espaço livre. (GUZZO, 200-b).

Guzzo [200-a] define o espaço urbano constituído por: áreas edificadas (casas, comércio e

indústrias); áreas destinadas à circulação de pessoas e veículos (sistema rodoferroviário); áreas

livres de edificação (praças, quintais, etc.). Comenta ainda que as áreas ou os espaços livres podem

ser públicos, potencialmente coletivos ou privados e define:

- Espaços livres de uso público: são parques, praças, cemitérios e unidades de conservação

inseridos na área urbana e com acesso livre da população.

- Espaços livres potencialmente coletivos: são áreas nas quais o acesso da população é

controlado de alguma forma, localizadas no entorno de universidades, escolas e igrejas.

- Áreas livres privadas: são aquelas de propriedade particular, em que o acesso não é

permitido para qualquer cidadão, representadas por jardins e quintais de residências, clubes de lazer,

áreas de lazer de condomínios e remanescentes de vegetação natural ou implantada em propriedade

particular.

Page 22: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

21

Guzzo [200-a] conceitua a arborização urbana como toda cobertura vegetal de porte arbóreo

existente nas cidades e a coloca ocupando os espaços urbanos da seguinte forma:

a. Áreas livres de uso público e potencialmente coletivas;

b. Áreas livres privadas;

c. Acompanhando o sistema viário.

Loboda e De Angelis (2005, p. 132-133), observando os problemas decorrentes do uso de

diferentes termos técnicos nas definições e conceituações do “verde nas cidades”, fizeram uma

revisão sobre o assunto, considerando a infinidade de trabalhos referentes a ele. Assim, descreveram

as conceituações desenvolvidas pelos seguintes autores:

Richter (1981 apud GERALDO, 1997, p. 40), o qual propõe a seguinte classificação para os espaços livres e o verde urbano:

· Jardins de representação e decoração: Ligados à ornamentação, de reduzida importância com relação à interação com o meio e sem função recreacional. São jardins à volta de prédios públicos, igrejas etc;

· Parques de vizinhança: Praças, playground - apresentam função recreacional, podendo abrigar alguns tipos de equipamentos;

· Parques de bairro: São áreas ligadas à recreação, com equipamentos recreacionais, esportivos dentre outros, que requerem maiores espaços do que os parques de vizinhança;

· Parques setoriais ou distritais: Áreas ligadas à recreação com equipamentos que permitam que tal atividade se desenvolva;

· Áreas para proteção da natureza: Destinadas à conservação, podendo possuir algum equipamento recreacional para uso pouco intensivo;

· Áreas de função ornamental: Áreas que não possuem caráter

conservacionista nem recreacionista - são canteiros de avenidas e rotatórias;

· Áreas de uso especial: Jardins zoológicos e botânicos;

· Áreas para esportes;

· Ruas de pedestres: Calçadões.

Llardent (1982, p. 151) conceitua as seguintes expressões:

· Sistemas de espaços livres: Conjunto de espaços urbanos ao ar livre, destinados ao pedestre para o descanso, o passeio, a prática esportiva e, em geral, o recreio e entretenimento em sua hora de ócio.

· Espaço livre: Quaisquer das distintas áreas verdes que formam o sistema de espaços livres.

· Zonas verdes, espaços verdes, áreas verdes, equipamento verde: Qualquer espaço livre no qual predominam as áreas plantadas de vegetação, correspondendo, em geral, o que se conhece como parques, jardins ou praças.

Milano (1988) destaca que a cobertura arbórea das áreas abertas ou coletivas são um importante setor da administração pública, tendo em vista a facilidade de supressão da cobertura arbórea das áreas privadas urbanas. Para esse autor, tais áreas dividem-se em dois grupos:

· Áreas verdes; e

· Arborização urbana.

Page 23: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

22

Di Fidio (1990) estabelece uma classificação - ou categorias - dos espaços urbanos e suburbanos:

· Espaços verdes urbanos privados e semi-públicos: Jardins residenciais; Hortos Urbanos; Verde semi-público.

· Espaços verdes urbanos públicos: Praças; Parques Urbanos; Verde balneário e esportivo; Jardim botânico; Jardim zoológico; Mostra (ou feira de jardins; cemitério; Faixa de ligação entre áreas verdes; Arborização urbana).

· Espaços verdes sub-urbanos: Cinturões verdes.

Senna (2002, p. 12) evidencia a necessidade de padronização do conceito de “área verde” e

constata que a maioria dos autores considera “áreas verdes urbanas” como o conjunto composto por

três segmentos individualizados, com interfaces estabelecidas entre si:

- áreas verdes públicas, compostas pelo rol de logradouros públicos destinados ao lazer e recreação ou que oportunizem ocasiões de encontro e convívio direto com espaços não construídos e arborizados;

- áreas verdes privadas, compostas por remanescentes vegetais significativos incorporados aos interstícios da malha urbana, podendo ter sua utilização normatizada por legislação específica que possa garantir ao máximo a sua conservação;

- arborização de ruas e vias públicas.

O autor afirma que: “a conceituação caracterizada por estas três variáveis é a mais aceita a

nível nacional e internacional, pois em sua somatória são capazes de traduzir amplos benefícios às

condições ambientais das cidades e à qualidade de vida da população” (SENNA, 2002, p. 12).

Kliass (1979 citada por SENNA, 2002) considera que o sistema de áreas verdes constitui-se

num subsistema dos espaços abertos e pode ser classificado em: preservação, recreação e lazer, uso

institucional, uso particular e circulação.

Cavalheiro et al. (1999 citados por NUCCI et al., 2003), fornecem algumas sugestões para o

estudo da padronização de conceitos:

- Primeiramente deve-se entender que a legislação brasileira estabelece que o município está dividido em zona urbana, de expansão urbana e zona rural.

A zona urbana, cujo perímetro é declarado por lei municipal, embora não explicitamente colocada na legislação, estaria constituída por três sistemas:

. Sistema de espaços com construções (habitação, indústria, comércio, hospitais, escolas, etc);

. Sistema de espaços livres de construção (praças, parques, águas superficiais, etc.) e

. Sistema de espaços de integração urbana (rede rodoferroviária).

- O espaço livre de construção é definido como espaço urbano ao ar livre, destinado a todo tipo de utilização que se relacione com caminhadas, descanso, passeios, práticas de esportes e, em geral, a recreação e entretenimento em horas de ócio; os locais de passeios a pé devem oferecer segurança e comodidade com separação total da calçada em relação aos veículos; os caminhos devem ser agradáveis, variados e pitorescos; os locais onde as pessoas se locomovem por meios motorizados não devem ser considerados como espaços livres. Os espaços livres podem ser privados, potencialmente coletivos ou públicos e podem desempenhar, principalmente, funções estética, de lazer e ecológico-ambiental, entre outras.

Page 24: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

23

- As áreas verdes são um tipo especial de espaços livres onde o elemento fundamental de composição é a vegetação. Elas devem satisfazer três objetivos principais: ecológico-ambiental, estético e de lazer. Vegetação e solo permeável (sem laje) devem ocupar, pelo menos, 70% da área; devem servir à população, propiciando um uso e condições para recreação. Canteiros, pequenos jardins de ornamentação, rotatórias e arborização não podem ser considerados áreas verdes, mas sim "verde de acompanhamento viário", que com as calçadas (sem separação total em relação aos veículos) pertencem à categoria de espaços construídos ou espaços de integração urbana.

- Cobertura vegetal é a projeção do verde em cartas planimétricas e pode ser identificada por meio de fotografias aéreas, sem auxilio de esteroscopia. A escala da foto deve acompanhar os índices de cobertura vegetal; deve ser considerada a localização e a configuração das manchas (em mapas). Considera-se toda a cobertura vegetal existente nos três sistemas (espaços construídos, espaços livres e espaços de integração) e as encontradas nas Unidades de Conservação (que na sua maioria restringem o acesso ao público), inclusive na zona rural.

Quando se enfoca a área dos estudos de avaliação do espaço verde urbano em função da

qualidade e quantidade, também várias classificações são propostas. Todos esses conceitos servem

para compor parâmetros ambientais que avaliem a qualidade de vida urbana. Segundo Cavalheiro e

Nucci (1998), isso não é tarefa fácil, considerando-se a falta de linguagem única nas diferentes

conceituações, o que acaba conduzindo a equívocos e distorções no momento da utilização de

índices de áreas verdes como indicadores de qualidade de vida. É necessário, portanto, haver um

entendimento sobre esses termos técnicos, muito importantes para o planejamento urbano visando a

qualidade de vida humana.

A cobertura vegetal em áreas urbanas, quando quantificada e configurada espacialmente, pode

servir como instrumento de avaliação da qualidade ambiental desses locais (NUCCI, 2001 citado

por NUCCI et al., 2003; NUCCI; CAVALHEIRO, 1999 citados por NUCCI et al., 2003).

Dias (2002 citado por NUCCI et al., 2003):

Aponta para a importância de indicadores que ajudem a evidenciar aos habitantes o grau de saúde de sua sociedade e os êxitos ou fracassos das políticas governamentais adotadas. Coloca a importância do levantamento regular dos indicadores, como modelos que simplificam um tema complexo a uns quantos números (índices) que possam ser facilmente tomados e entendidos por quem elabora políticas e pelo público em geral. Isso permitiria, por exemplo, estabelecer comparações entre cidades e entre bairros do próprio município.

Harder et al. (2006, p. 278, citando OLIVEIRA, 1996) comentam sobre a quantificação da

arborização urbana:

A quantificação da arborização urbana tem sido realizada através de indicadores dependentes e independentes da demografia, expressos, respectivamente, em termos de superfície de área verde/habitante (IAV = Índices de Áreas Verdes) ou porcentual do solo ocupado pela arborização (PAV = Porcentual de Áreas Verdes).

A questão controvertida da categorização e definição de áreas verdes adotadas por vários autores brasileiros torna ainda mais complexa uma avaliação sobre aquilo que se poderia chamar de "índices mínimos de cobertura vegetal".

Page 25: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

24

Cavalheiro e Del Picchia (1992 citados por HARDER et al., 2006) contestam o índice

difundido no Brasil de 12 m2 de área verde por habitante, considerado como ideal e atribuído

indevidamente à ONU, OMS ou FAO. Os autores afirmaram que esse índice não é reconhecido por

aquelas instituições. O índice mínimo para áreas verdes públicas destinadas à recreação de 15 m2

por habitante foi proposto pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU, 1996 citada

por HARDER et al., 2006).

Outros conceitos importantes na gestão de áreas verdes são os referentes às unidades de

conservação. A Lei Federal nº 9985/2000 (BRASIL, 2000), estabelece o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC), que define Unidade de Conservação como:

[...] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; [...]

Classifica-as em dois grandes grupos:

- Unidades de Proteção Integral, com o objetivo de preservar a natureza, admitindo apenas

o uso indireto dos recursos naturais. Fazem parte desse grupo as seguintes categorias: Estação

Ecológica; Reserva Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural; Refúgio de Vida Silvestre.

As terras são necessariamente públicas e visa-se a conservação estrita da biodiversidade, sendo

vetados quaisquer usos que não tenham as finalidades de pesquisa, ecoturismo e educação

ambiental.

- Unidades de Uso Sustentável, com o objetivo de promover e assegurar o uso sustentável

dos recursos naturais. Constituem esse grupo as seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental,

Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna,

Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural. Podem ser

criadas em terras públicas ou particulares, com o objetivo principal de promover o uso sustentável

dos recursos naturais existentes, aliando a proteção dos ecossistemas ao desenvolvimento

socioeconômico da região. São permitidos os usos econômicos, como por exemplo a agricultura, e

mesmo para fins de loteamento, desde que sob regras específicas, definidas preferencialmente com

a participação dos agentes sociais interessados.

Page 26: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

25

2.3 Importância, benefícios e funções da arborização urbana

Em virtude da drástica diminuição dos espaços destinados ao sistema de áreas verdes nos

centros urbanos, principalmente nas metrópoles, a importância da arborização de passeios públicos,

canteiros centrais de avenidas e de todas as faixas de acompanhamento viário fica cada vez mais

potencializada. Sob um enfoque ambientalista, a criação de florestas e bosques urbanos pode

contribuir muito no seqüestro de carbono e funcionar como mitigante do aquecimento global,

problema que vem preocupando cada vez mais intensamente o mundo globalizado (PREFEITURA

DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2005).

A arborização viária exerce influência direta sobre a composição do verde urbano e a

qualidade ambiental das cidades. Com a carência de áreas verdes nos centros urbanos, decorrente

em grande extensão da limitada disponibilidade de espaços destinados à implantação de parques e

praças, quase sempre ocupados com outros fins, muitas vezes os locais disponíveis para o plantio de

árvores se limitam às calçadas (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2002).

Silva Filho (2003) afirma que as características naturais da vegetação arbórea atuam sobre o

conforto humano no ambiente, daí a importância da presença da floresta urbana composta pelas

árvores nas vias públicas e nas demais áreas livres de edificação.

Também se pode considerar a importância das áreas verdes em relação ao papel que

exercem como espaços com condições ecológicas que mais se aproximam das condições da

natureza dentro do mosaico urbano. Ainda garantem melhor qualidade de vida por acrescentarem

ganhos à paisagem, ao lazer e ao equilíbrio ambiental (LOBODA; DE ANGELIS, 2005). O papel

dessas áreas não é limitado apenas à dinâmica ambiental urbana, mas está também relacionado à

melhoria das condições gerais de vida, físicas e psicológicas, da sociedade (BORTOLETO et al.,

2003).

Desta forma, os benefícios decorrentes da arborização urbana são tão mais necessários para

a saúde do ambiente e do ecossistema urbanos quanto maior for o nível de urbanização. Nesses

ecossistemas, a arborização de ruas é um dos elementos vegetacionais capazes de integrar espaços

livres, áreas verdes e remanescentes florestais, colaborando com a diversidade da flora e da fauna.

Também auxilia na economia de recursos financeiros com consumo de energia, ligado ao

resfriamento ou ao aquecimento de ambientes, e agrega valor às propriedades que são providas de

arborização bem planejada (MENEGHETTI, 2003).

Page 27: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

26

As áreas verdes, a arborização urbana e os benefícios advindos destas estão intimamente

relacionados com sua quantidade, qualidade e distribuição dentro da malha urbana (GUZZO, 200-

b). Alvarez (2004) considera que o incremento do plantio de árvores de calçada deve gerar

benefícios significativos para o aumento da qualidade da arborização urbana de uma unidade de

paisagem. Acrescenta que para isso se tornar efetivo, os indivíduos plantados devem atingir porte

arbóreo e não arbustivo, com altura maior do que 10 m. Também salienta que na política de plantio

de mudas é importante que os indivíduos plantados cumpram o papel desejado na arborização

urbana, ou seja, o de propiciar benefícios reais à população humana.

A presença das árvores nas cidades e os benefícios daí decorrentes podem ser mensurados,

avaliados e monitorados, conseqüentemente constituindo objetivos que passam a ser estabelecidos

no planejamento urbano (MILANO; DALCIN, 2000).

A arborização urbana atua como mitigador dos impactos causados pela ação antrópica.

Assim, a ausência de áreas verdes, decorrente da ação do homem sobre o meio natural, em sua

busca constante por uma organização funcional do espaço dentro da estrutura urbana, vem causando

inúmeros problemas às cidades. Desse modo, no processo de especulação econômica e social,

dificilmente as áreas verdes ocupam posições privilegiadas (ANDRADE, 2001 citado por FEIBER,

2004).

O homem rural tribal sabia da importância da natureza para a sua sobrevivência. Já o

homem urbano sabe pouco sobre o ambiente natural, embora seja intrínseca a necessidade do

reencontro do equilíbrio entre a natureza e o ambiente urbano. Dessa forma, nas intervenções

antrópicas sobre o meio ambiente natural, os conceitos contidos nos vocábulos “preservar”,

“manter”, “reconstituir” e “transformar” passam a ser condicionantes para amenizar os impactos já

causados pelo desenvolvimento urbano. Para que haja crescimento urbano responsável, deve-se

partir da idéia de que tanto a vegetação quanto os materiais de construção são matérias-primas

importantes para este fim (FEIBER, 2004).

Quanto maior a busca de conhecimentos sobre a presença das árvores no ecossistema

urbano, as suas implicações e os seus benefícios, maior será o reconhecimento de sua importância e

valorização (SANTOS, 1996 citado por SILVA FILHO, 2003).

Os benefícios ecológicos, econômicos e sociais proporcionados pela vegetação presente no

meio urbano, visados pelas Políticas de Gestão de Áreas Verdes atualmente estabelecidas, refletem

a preocupação com a qualidade do ambiente urbano (SENNA, 2002). Assim, partindo-se do

princípio de que é indiscutível a importância da arborização no meio urbano, e com a intenção de

Page 28: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

27

organizar seus inúmeros benefícios e funções para a melhoria do meio ambiente, a seguir são

expostos e analisados aqueles considerados mais relevantes dentro do escopo deste trabalho.

2.3.1 Melhoria do microclima urbano

O clima urbano é produzido por um complexo conjunto de inter-relações entre os

fenômenos urbanos e a ação ecológica natural. Quando os valores climáticos atingem extremos nas

cidades, afetam o homem que as habita, fazendo-o sofrer com as pressões bioclimáticas, e também

criam condições ecológicas inadequadas, o que prejudica igualmente a flora e a fauna

(LOMBARDO, 1990). A presença da vegetação arbórea comprovadamente colabora para a

melhoria do microclima das cidades (BORTOLETO, 2004; GUZZO, 200-a; LOMBARDO, 1990;

MILANO; DALCIN, 2000; PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2005),

restabelecendo suas condições para que fiquem mais próximas das naturais (BUENO et al., 1997).

As árvores interceptam, refletem, absorvem e transmitem a radiação solar, assim

melhorando a temperatura, pois refrescam o ambiente (BUENO et al., 2001; MILANO; DALCIN,

2000; RIO GRANDE ENERGIA, 200-). Essa interceptação produz a sombra, fazendo com que as

árvores funcionem como protetoras, reduzindo o aquecimento provocado pelo contato direto da

radiação solar com o corpo humano, criando sensação pessoal de conforto (HEISLER, 1974 citado

por MILANO; DALCIN, 2000).

Os efeitos da sombra estão estreitamente relacionados com o conforto ambiental e são

bastante estudados e discutidos em publicações sobre edificações. Estudos científicos mostram que

é de extrema importância o papel desempenhado pelas sombras das árvores no controle da radiação

solar incidente sobre os espaços urbanos, embora haja grande variabilidade nos resultados

propiciados pelas técnicas que determinam a atenuação da radiação solar incidente pela ação das

árvores (BUENO et al., 2001).

Alvarez (2004), discorrendo sobre o sombreamento das calçadas, afirma que árvores de

porte maior são capazes de propiciar melhor sombreamento do que arbustos e palmeiras. Para isso,

o autor recomenda que as árvores tenham altura maior do que 10 m e diâmetro de copa maior do

que 6 m. Em municípios com clima subtropical, nos quais as temperaturas no inverno são mais

baixas, as espécies deciduais são mais apropriadas, pois possibilitam a interceptação de parte

considerável da radiação solar nos meses de verão, sem prejudicar a insolação das edificações

durante o inverno (SANTOS; TEIXEIRA, 2001).

Page 29: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

28

Nos centros urbanos, as áreas arborizadas reduzem a amplitude térmica, absorvem a

radiação ultravioleta, atenuam o processo de aquecimento, reduzem as “ilhas de calor” e contribuem

para o equilíbrio do balanço da energia das cidades (PAULA, 2004; PREFEITURA DO

MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2005; SILVA FILHO et al., 2002).

Heisler (1974 citado por BORTOLETO, 2004), comentando sobre a capacidade das árvores

de interceptar a radiação solar, afirma que aquelas que possuem copa rala podem interceptar até

80% da radiação direta, enquanto as de copa densa, até 98%, comprovando a importância da

vegetação na prevenção da insolação prolongada e do desconforto térmico.

A influência das árvores sobre a temperatura também se dá pelo efeito da evapotranspiração,

pois o ambiente é refrescado pela quantidade de água transpirada pelas folhas (PIVETTA; SILVA

FILHO, 2002). Dados mostram que uma árvore isolada pode transpirar aproximadamente 380 L de

água por dia, que é o equivalente ao funcionamento de cinco condicionadores de ar médios (2.500

kcal/h) funcionando 20 h por dia (GREY; DENEKE, 1978 citados por MILANO; DALCIN, 2000;

SCHUBERT, 1979 citado por MILANO; DALCIN, 2000). Complementando, o efeito de maciços

de árvores no equilíbrio térmico é muito mais eficaz do que o de árvores isoladas e a vegetação

também contribui para conservar a umidade dos solos, atenuando sua temperatura (LOMBARDO,

1990).

Silva Filho et al. (2005) comparam as árvores a bombas de água auto-reguláveis e

comentam que, existindo disponibilidade de água e calor, as folhas abrem seus estômatos e

evapotranspiram partículas de água, condicionando o clima urbano dentro da faixa de conforto

térmico humano, próxima de 25°C.

Um bosque de 1 ha pode produzir cerca de 5.000 t de água por ano advindas da

evapotranspiração e as diferenças entre as temperaturas medidas no centro de uma cidade e em

bairros próximos a uma faixa de vegetação com largura entre 50 m e 100 m podem apresentar

variação de 3,5°C (IZARD; GUYOT, 1983 citados por PAULA, 2004).

Oke (1973 citado por DE ANGELIS, 200-a) assegura que índices de cobertura vegetal na

faixa de 30% são considerados adequados para proporcionar balanço térmico ideal nas áreas

urbanas e que áreas com índices inferiores a 5% apresentam características desérticas.

Lombardo (1990) comenta que as maiores variações de temperatura, encontradas em

levantamentos bibliográficos, entre a cidade e o campo atingiram a marca 5°C. Entretanto, o autor

apresenta dados para a cidade de São Paulo que chegam a 10°C de variação entre o centro e a área

rural.

Page 30: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

29

A presença da vegetação pode controlar, proteger, reduzir a velocidade e direcionar os

efeitos do vento, contribuindo para o conforto humano (LOMBARDO, 1990; PIVETTA; SILVA

FILHO, 2002). Também atenua alguns efeitos dos ventos, como o aumento do resfriamento do ar,

amenizando o desconforto causado por ele (MILANO; DALCIN, 2000).

2.3.2 Redução da poluição atmosférica

Nos centros urbanos, as atividades humanas como tráfego de veículos, queima de

combustíveis fósseis e atividades da construção lançam agentes contaminantes na atmosfera,

criando ambientes desequilibrados. Além disso, em função do excessivo consumo de energia e

matéria, há geração de poluição atmosférica (MILANO; DALCIN, 2000). As árvores têm

considerável potencial de redução de poluentes da atmosfera, pois suas folhas, galhos e troncos têm

a capacidade de reter e remover material sólido ou líquido particulado em suspensão no ar, o qual é

lavado e carregado para cursos d’água e solo quando ocorre precipitação. O obstáculo produzido

pela planta reduz a chance do material depositado ser carregado pelo vento (FIRKOWSKI, 1990

citado por BORTOLETO, 2004).

Ruas bem arborizadas podem reter até 70% da poeira em suspensão e, inclusive no inverno,

quando as árvores caducifólias se apresentam desfolhadas, estas conseguem reter até 60% da sua

capacidade total. A remoção de gases tóxicos existentes na atmosfera pelas plantas ocorre quando

esses se encontram retidos no material particulado, sendo filtrados conjuntamente. Se esses gases

forem nocivos às plantas mas se apresentarem em doses subletais, eles permanecerão inócuos; já em

doses letais, as plantas poderão ter seu desenvolvimento comprometido (SANTOS; TEIXEIRA,

2001).

Estudos mostram que determinados vegetais têm grande capacidade para filtrar gases como

dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3) e flúor (F), desde que esses não se façam sentir em níveis

permanentemente tóxicos (LAPOIX, 1979 citado por MILANO; DALCIN, 2000). Os vegetais

também reduzem a poluição nos processos de oxigenação, lançando oxigênio na atmosfera e

diluindo os agentes poluentes (GREY; DENEKE, 1978 citados por MILANO; DALCIN, 2000). Os

gases SO2 e monóxido de carbono (CO) e os óxidos de nitrogênio podem ser neutralizados por

oxidação por intermédio do metabolismo das plantas (RUGE, 1972 citado por MILANO; DALCIN,

2000). Llandert (1982 citado por ALVAREZ, 2004) informa que 1 ha de cobertura arbórea pode

fixar cerca de 50 t de pó e de partículas residuais.

Page 31: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

30

Alvarez (2004) comenta que o aumento da emissão de carbono é um dos maiores efeitos da

urbanização, decorrente do aumento do uso de energia para o aquecimento e para o transporte.

Também relaciona as árvores como estoques potenciais de carbono à medida que vão absorvendo-o

ativamente durante seu crescimento. É importante lembrar que o dióxido de carbono (CO2) é o

principal responsável pela elevação da temperatura média do planeta, gerador do efeito estufa,

confirmando a importância de sua captação pelas árvores.

2.3.3 Redução dos níveis de ruído

É crescente o aumento dos níveis de ruído nas cidades provocado por vários setores, como a

indústria, a construção civil e o tráfego de veículos, interferindo na saúde física e psicológica das

pessoas. Sabe-se que a arborização urbana atenua os níveis dos ruídos, amortece o som e reduz a

poluição sonora (PIVETTA; SILVA FILHO, 2002; PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO

PAULO, 2005; SILVA FILHO et al., 2002).

A vegetação interfere sobre o som por absorção, refração e reflexão das ondas sonoras em

sua superfície, reduzindo os níveis de ruído. A eficiência da absorção depende do nível do ruído, da

freqüência do som, da topografia do local, das características das espécies vegetais, da forma e do

arranjo das plantas, da superfície foliar, da posição da vegetação e da estação do ano (SANTOS;

TEIXEIRA, 2001).

Estudos mostram que barreiras densas de vegetais reduzem em grande parte os níveis

sonoros, pois atenuam o ruído em função da diferença de trajeto das ondas sonoras, dependendo do

tipo de vegetação que as constitui. As árvores de folhas perenes são capazes de atenuar o som em

uma freqüência de 1.000Hz, 17 dB, para cada 100 m lineares de vegetação (HIGUERAS, 1997

citado por POUEY et al., 2003; SANTOS; TEIXEIRA, 2001).

No entanto, somente barreiras vegetais densas determinam redução apreciável dos níveis

sonoros. Medições indicaram a necessidade de barreiras densas de coníferas, com 100 m de

distância, para a obtenção de índices de atenuação de ruídos da ordem de 8 dB a 20 dB

(SZOKOLAY, 1980 citado por DE ANGELIS, 200-a). Grey e Deneke (1978 citados por MILANO;

DALCIN, 2000) afirmam que há estimativas de que florestas podem reduzir ruídos da ordem de 7

dB por 30 m de distância em freqüências de 100 Hz ou menos. Segundo Bernatzki (1980 citado por

MILANO; DALCIN, 2000), o máximo efeito de redução de ruído pela presença de vegetação chega

próximo de 10 dB, entre as freqüências de 1.000 Hz e 11.200 Hz.

Page 32: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

31

2.3.4 Controle do balanço hídrico

Nas cidades, a água da chuva é dissipada de várias formas ao cair. Uma parte é infiltrada no

solo, abastecendo o lençol freático; outra parte fica na parte superficial do solo; uma outra escorre

superficialmente; e parte é evapotranspirada, retornando ao ar e perpetuando o ciclo da água ao cair

em forma de chuva novamente. Como grande parte dos solos das cidades é impermeabilizada, a

maior parte das águas acaba escorrendo superficialmente (PAIVA; GONÇALVES, 2002 citados por

BORTOLETO, 2004). Se o sistema de drenagem urbano não é eficiente, acaba provocando

enchentes.

A arborização urbana pode melhorar muito o ciclo hidrológico nas cidades, interceptando

grande parte das águas da chuva, reduzindo o impacto das gotas sobre o solo e o escorrimento

superficial, contribuindo para o controle de enchentes e inundações à medida que melhora as

condições de drenagem das águas pluviais, e também reduzindo os problemas com erosão e

assoreamento (ELETROPAULO, 2006; PAIVA; GONÇALVES, 2002 citados por BORTOLETO,

2004; PIVETTA; SILVA FILHO, 2002; PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2005;

YAMAMOTO et al., 2004).

De acordo com Landsberg (1970 citado por LOMBARDO, 1990), a precipitação é 5% a

10% maior no ambiente urbano em comparação com o ambiente rural. Em relação à umidade

relativa, observa-se no meio urbano que esta chega a ser 2% e 8% menor do que na área rural,

respectivamente no inverno e no verão.

2.3.5 Fatores estéticos

O efeito estético da arborização urbana normalmente é o mais valorizado pelas pessoas, em

virtude de a aparência das árvores ser de imediata percepção, ao contrário dos demais benefícios

trazidos por elas. A presença das árvores nas cidades renova a paisagem com suas formas,

estruturas, texturas, mudanças sazonais de florada, cor e presença ou ausência de folhas, quebrando

a monotonia do ambiente urbano e diversificando a paisagem construída (GUZZO, 200-a; RIO

GRANDE ENERGIA, 200-).

O equilíbrio estético proporcionado pela arborização nas cidades ameniza a diferença entre a

escala humana e os componentes arquitetônicos, como prédios, muros e grandes vias (SILVA

Page 33: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

32

FILHO et al., 2002). As árvores também auxiliam a caracterizar a sinalização de espaços,

constituindo-se em elementos de interação entre as atividades humanas e o meio ambiente,

valorizam a estética ornamental (LOBODA; DE ANGELIS, 2005; YAMAMOTO et al., 2004),

além de também servir como barreiras visuais, delimitando e ordenando os espaços urbanos

(ELETROPAULO, 2006).

2.3.6 Fatores econômicos

É extremamente difícil estimar o valor uma árvore, de acordo com Rio Grande Energia

[200-]. Naquele trabalho é citado um estudo realizado pela Associação Americana dos Engenheiros

Florestais, no qual se obteve um valor estimado de US$273 por árvore a cada ano. Também foi feita

a equivalência do valor obtido para uma árvore com 50 anos de vida, considerando-se uma taxa de

juros de 5% ao ano, chegando o valor de uma árvore urbana adulta à marca de US$57.151. O estudo

concluiu que esses valores podem ser discutidos, mas os autores ressaltaram que os custos de

manutenção somados aos custos ambientais podem servir de base para a gestão das árvores urbanas,

inclusive para cálculo e aplicação de multas pelas prefeituras.

Como benefícios advindos da arborização urbana devem ser considerados aqueles que

incluem os bens e serviços produzidos por árvores e áreas verdes urbanas; porém, enquanto alguns

deles são facilmente expressos em moeda ou em números, outros são de difícil quantificação

(DWYER et al., 1992 citado por DETZEL et al., 1998). A arborização urbana gera empregos

diretos e indiretos e renda pelo considerável aumento do consumo de bens e serviços (DETZEL et

al., 1998).

Detzel et al. (1998) desenvolveram estudos para a avaliação monetária de árvores urbanas e

em sua abrangente revisão bibliográfica citam diversos autores e opções de avaliação dos valores

representados ou associados a árvores urbanas, dentre os quais se destacam:

- Valores alternativos - relacionados ao investimento do capital empregado para o

estabelecimento e a manutenção da arborização de determinado lugar, considerados de difícil

utilização pelos autores.

- Árvores como bens de capital urbano - o valor das árvores é considerado como o de

quaisquer bens de capital da infra-estrutura urbana, tais como postes para transmissão de energia,

escolas e hospitais públicos, entre outros.

Page 34: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

33

- Valores de biomassa ou subprodutos – os autores consideram como valor indicativo das

árvores os produtos delas obtidos, como madeira serrada, lâminas, lenha, carvão, bem como os

aproveitados de resíduos provenientes da biomassa de árvores urbanas para os mais variados fins.

- Valores de propriedade - os autores consideram que a presença das árvores valoriza

monetariamente os imóveis, podendo representar cerca de 6% a 9% do seu valor de venda final e,

conseqüentemente, por contribuir para o aumento do valor das propriedades, gera ganhos

econômicos para os municípios por intermédio do aumento do valor de taxas e impostos territoriais

urbanos, podendo, desta forma, ser encarada como investimento com retorno real anual.

- Valores monetários da arborização e legislação - entram aqui as questões relacionadas à

legislação de proteção às arvores urbanas, com a criação de multas, indenizações, ações punitivas

ou compensatórias aos danos cometidos, deduções e/ou isenções de impostos e taxas. Também

devem ser lembrados os deveres da administração pública por situações de danos provocados por

árvores em bens particulares, justificando a existência de legislação específica que proteja os

direitos de indenização/compensação do cidadão prejudicado. No entanto, os valores previstos

nesses casos são, em geral, estabelecidos empiricamente.

- Valores de manutenção - são utilizados amplamente como parâmetros para a avaliação de

árvores urbanas e os custos mais freqüentes são aqueles relacionados ao controle de doenças, às

podas de limpeza e formação e aos reparos de calçadas e guias. Deve-se salientar a importância de

atribuir valor à arvore pensando no planejamento da arborização urbana e seus decorrentes fatores

relacionados, diretos ou indiretos, como implantação da arborização, manutenção, remoção anual,

estabelecimento de valores de multas, indenizações e punições, prejuízos relativos ao desligamento

de energia durante as atividades de poda e perda temporária do valor estético da árvore

imediatamente após alguns tipos de operações de manutenção. Também precisam ser levados em

consideração os problemas provocados nos sistemas de distribuição elétrica pela presença de

árvores de rua, devendo-se enfatizar que práticas de manejo adequadas podem ajudar a solucionar

esses problemas e diminuir gastos com a manutenção de árvores. O gestor deve ter em mente que o

componente custo de manutenção justifica a adoção de práticas de planejamento para o manejo da

arborização.

Os resultados obtidos em estudos para o desenvolvimento de um método de avaliação

monetária de árvores urbanas no município de Maringá-PR, por Detzel et al. (1998), mostram

valores de árvores com idade entre 1 ano e 50 anos, respectivamente, de 2,5 UFM (US$60) e 287

UFM (US$6.850). Os autores esclarecem que os valores resultantes da aplicação do método de

avaliação são menores do que os previstos na legislação municipal de Maringá e refletem apenas os

Page 35: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

34

custos gerados pela manutenção das árvores. Concluem, então, que podem ser cobrados valores

adicionais aos estabelecidos pelo método em sentido punitivo ou educativo, principalmente no caso

de avaliações de árvores com relevante interesse ecológico, funcional, estético, religioso, histórico

ou cultural, entre outros.

Dados adicionais referentes ao valor da árvore no ambiente urbano são relatados por Hanna

et al. (1994 citados por VELASCO, 2003), os quais quantificam a economia promovida por uma

espécie com 40 anos de vida como sendo, em média, da ordem de US$20 por ano para energia,

US$75 por ano em conservação da água e do solo, US$50 por ano em melhoria da qualidade do ar,

de US$85 por ano em valorização da propriedade privada e US$25 por ano em valorização da

propriedade pública. O resultado da soma desses benefícios é de US$255 por ano, mostrando a

contribuição monetária que uma árvore nesta idade, em média, pode proporcionar.

2.3.7 Fatores socioculturais

Os valores socioculturais atribuídos à árvore no ambiente urbano são vários, sendo muitos

deles subjetivos e difíceis de quantificar, assumindo caráter sentimental, recreacional, cultural e

histórico, entre outros (RIO GRANDE ENERGIA, 200-).

O fator social está ligado principalmente às possibilidades de lazer oferecidas à população

pelos espaços livres compostos por áreas verdes, que podem ser de várias categorias tipológicas

(GUZZO, 200-b). Yamamoto et al. (2004) vêem como opção de lazer e recreação as ruas e as

praças e comentam que a presença de árvores nesses lugares torna essas atividades muito mais

prazerosas.

Como valor cultural, as árvores podem representar a memória da cidade (YAMAMOTO et

al., 2004) e também trazem ao homem uma ligação com o campo, introduzindo elementos de escala

natural entre ruas e prédios, além da percepção da mudança das estações (POUEY et al., 2003).

A arborização urbana também é assunto fundamental na abordagem de programas de

educação ambiental (GUZZO, 200-b), podendo aumentar a consciência ecológica da comunidade e

incentivar o espírito de preservação e renovação do meio ambiente.

Johnston (1985 citado por MILANO; DALCIN, 2000) se refere às árvores como fator vital

de bem-estar da comunidade e comenta que com sua capacidade de controlar muitos efeitos

adversos do ambiente urbano, é crescente a necessidade de áreas verdes como recurso de usos

Page 36: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

35

múltiplos em benefício da sociedade. Já Santos e Teixeira (2001) consideram a vegetação como um

elo entre o homem urbano e a natureza que o criou.

2.3.8 Melhoria da saúde humana

As árvores atuam direta e indiretamente sobre a saúde física e mental do homem urbano

(MILANO; DALCIN, 2000). A arborização urbana proporciona bem-estar ao homem, contribuindo

para seu equilíbrio psicossocial por intermédio da aproximação com o meio natural, reduzindo o

estresse e minimizando a poluição visual (ELETROPAULO, 2006; GUZZO, 200-b; PIVETTA;

SILVA FILHO, 2002; PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2005).

Além de atuar sobre o microclima e reduzir a poluição, as árvores também têm ação

antimicrobiana. Assim é que Lapoix (1979, citado por MILANO; DALCIN, 2000) dá como

exemplo o resultado de um experimento que fornece dados comparativos entre a Floresta de

Fontainebleau (França), com 50 germes/m³ de ar, contra 4.000.000 germes/m³ de ar de uma grande

loja parisiense.

2.3.9 Fatores ambientais e ecológicos

As árvores no meio urbano proporcionam alimento, abrigo e local de nidificação para a

fauna silvestre. É um elemento do ecossistema urbano que integra outros elementos naturais

presentes no ambiente urbano, como os espaços livres, as áreas verdes e os remanescentes florestais

(BORTOLETO, 2004; PIVETTA; SILVA FILHO, 2002; SILVA FILHO et al., 2002).

Além disso, a composição das espécies utilizadas para a arborização urbana também é

decisiva para a atração e o estabelecimento de uma fauna diversificada e deve ser considerada como

uma estratégia para o aumento da biodiversidade (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO

PAULO, 2005). Assim, Matarazzo-Neuberger (1995 citado por MENEGHETTI, 2003) verificou

que a diversidade de espécies arbóreas nativas regionais e o tamanho dos maciços podem atrair

maior avifauna para os centros urbanos.

Guzzo [200-a] afirma que o aumento da biodiversidade decorrente do abrigo da fauna

influencia o maior equilíbrio das cadeias alimentares e a diminuição de pragas e agentes vetores de

Page 37: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

36

doenças. Também comenta sobre a função de corredor ecológico que a arborização do sistema

viário assume, uma vez que faz a interligação de espaços livres vegetados da cidade, como praças e

parques.

As árvores podem assumir caráter de proteção ambiental no caso de matas nativas próximas

às regiões habitadas e de mananciais, o que também favorece os recursos hídricos (FEIBER, 2004).

Oliveira (2000) ressalta a importância do uso de espécies nativas nos tratamentos

paisagísticos urbanos de modo a estimular a preservação dessas espécies e dos ecossistemas por elas

compostos.

2.4 Dificuldades, conflitos e problemas na arborização urbana

São vários os conflitos e problemas encontrados no gerenciamento da arborização urbana. O

bom desenvolvimento das árvores muitas vezes é impedido por diversos fatores, como compactação

do solo e depósito de resíduos de construções decorrentes de obras civis urbanas; pavimentação do

leito carroçável e das calçadas, impedindo a penetração do ar e das águas de chuvas; poluição do ar;

podas drásticas e mutilação de raízes (PIVETTA; SILVA FILHO, 2002; SANTOS; TEIXEIRA,

2001).

A falta de planejamento urbano é talvez o problema primordial na viabilização da

arborização urbana nas cidades. Muitas vezes a arborização não é incluída como equipamento

urbano dentro do planejamento. Assim, constantemente são feitos plantios irregulares de espécies,

sem compatibilidade com o planejamento, em decorrência de iniciativas particulares pontuais e

desprovidas de conhecimento técnico atualizado, que acabam criando situações de conflito com os

outros sistemas urbanos (SILVA FILHO et al., 2002). A falta de planejamento e de conhecimento

técnico gera também indivíduos arbóreos mutilados, com sua arquitetura descaracterizada, devido a

podas mal realizadas (BORTOLETO, 2004).

No meio urbano, as árvores concorrem por espaço nas calçadas: no subsolo, com as redes de

distribuição de água, gás e coleta de esgoto; na superfície, com os postes, as placas e as guias

rebaixadas; e no nível da copa, com os veículos altos, a fiação telefônica e elétrica, as edificações,

entre outros (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2005).

Outro grave problema se refere ao comportamento humano frente ao verde viário. A árvore

é comumente percebida como obstáculo ou estorvo, às vezes pelo fato de uma espécie se encontrar

Page 38: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

37

em local inadequado e atrapalhando o transeunte, ou até causando danos a edificações, ou

simplesmente pelo fato de deixar cair folhas e flores, consideradas como “sujeira” ou causadoras de

entupimentos de calhas. Assim, nas cidades é comum que seja baixo o índice de árvores plantadas

que conseguem chegar à idade adulta, em decorrência do alto grau de depredação que sofrem

(PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2002).

Meneghetti (2003) descreve inúmeras situações adversas sofridas pelas árvores nas vias

públicas, entre elas podas drásticas, pequena diversidade de espécies, depredação, estresse hídrico,

temperaturas extremas e iluminação noturna, entre outros. Todas essas agressões comprometem

sensivelmente a saúde dessas árvores e colocam à mostra a fragilidade dos sistemas de arborização

urbana, corroborando a necessidade do uso de maior número de espécies adaptadas. No estudo

mostrado em Porto Alegre (2002 citado por BORTOLETO, 2004) há confirmação dessa idéia ao se

verificar que a perda média das mudas após o plantio nas ruas, por morte natural, é de

aproximadamente 25% no primeiro ano de plantio e de 15% no segundo ano. Já as mortes por

depredação são de aproximadamente 20% no primeiro ano, 10% no segundo ano e 5% no terceiro

ano e, em geral, as mudas conquistam autonomia depois do terceiro ano pós-plantio.

Seitz (2000), comentando sobre a poda na arborização urbana, afirma que esta prática está

tão arraigada na mente das pessoas que muitas vezes são cometidos grandes erros com a ilusão de

se estar realizando a intervenção mais acertada. O autor enfatiza que a poda é uma agressão a um

organismo vivo, pois a árvore possui estrutura e funções bem definidas e alguns mecanismos e

processos de defesa contra seus inimigos naturais. Contra a poda e suas conseqüências danosas não

existe defesa, a não ser a teimosa tentativa que a árvore faz de recompor sua estrutura original,

definida geneticamente.

A disputa pelo mesmo espaço entre as árvores nas calçadas e as redes elétricas é, sem

dúvida, um dos maiores conflitos existentes na arborização viária de uma cidade, criando problemas

tanto para o meio ambiente como para o sistema de distribuição de energia (VELASCO; LIMA,

2003).

Uma importante observação feita por Velasco (2003) é que a maioria das publicações que

aborda o tema arborização viária recomenda que, sob redes elétricas, devem ser plantadas árvores

e/ou arbustos de pequeno porte como forma de prevenir e/ou eliminar a interferência dos galhos

nestas redes, ou devem ser podadas as já existentes para que não atinjam os fios. Contrariamente às

árvores de pequeno porte, as espécies de grande porte trazem benefícios realmente significativos

para o meio urbano. Portanto, tentar oferecer outras opções, que não a poda ou a utilização de

Page 39: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

38

árvores pequenas, para se propiciar uma boa convivência entre rede e arborização viária, é de suma

importância.

Castro (2002 citado por VELASCO, 2003) considera que as árvores de pequeno e médio

porte que são plantadas sob redes elétricas, dependendo da espécie e das condições do solo,

atingirão a rede a médio e longo prazos, gerando custos às concessionárias para mantê-las fora do

alcance dos fios, já que estas espécies necessitam de podas sucessivas e muitas vezes mutiladoras

em função da altura que atingem em relação à rede.

Com o intuito de preservar as redes elétricas, as árvores acabam por sofrer podas

extremamente danosas, o que é, atualmente, um dos maiores problemas verificados com relação à

arborização urbana. As podas malfeitas causam grandes prejuízos às árvores, podendo ocasionar a

perda de sua estabilidade e provocando, às vezes, danos maiores ainda com seu conseqüente

tombamento sobre casas, carros e fiações, trazendo transtornos de todo tipo (VELASCO; LIMA,

2003). A poda é considerada um dos principais causadores da morte de árvores urbanas. O número

de árvores mortas após tal operação é alto, atingindo o patamar alarmante de 27,45%

(ELETROPAULO, 1995 citada por VELASCO, 2003).

A poda como uma proposta de convivência pacífica entre árvore e rede elétrica não deve ser

totalmente descartada; no entanto, recomenda-se o uso de redes aéreas compactas, que permitam

que as podas das árvores sejam menos mutilantes e danosas (VELASCO; LIMA, 2003).

Velasco (2003), em sua dissertação de mestrado, realizou uma pesquisa, em Belo Horizonte-

MG, Maringá-PR e Piracicaba-SP, na qual avaliou os custos de implantação dos três tipos principais

de redes de distribuição de energia elétrica, que são convencional, compacta e subterrânea, e da

poda de árvores. Seu estudo teve o intuito de verificar como melhorar a convivência das espécies

com a fiação elétrica e como permitir à árvore desempenhar plenamente sua esperada função

ecológica. Naquele trabalho, o autor concluiu que, apesar de apresentarem custo de implantação

superior ao da rede convencional, as redes compacta e subterrânea são mais vantajosas, uma vez

que os gastos com sua manutenção são inferiores e elas afetam menos o desenvolvimento das

árvores próximas.

A rede convencional é caracterizada pelo conjunto de fios condutores desencapados,

apoiados sobre isoladores de vidro ou de porcelana, fixados horizontalmente sobre cruzetas de

madeira nos circuitos de média tensão e verticalmente nos de baixa tensão. A manutenção de redes

convencionais é freqüente, pois ficam totalmente desprotegidas contra as influências do meio

ambiente, apresentando alta taxa de falhas e exigindo que sejam feitas podas drásticas nas árvores.

Page 40: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

39

Já a rede compacta reduz a área de poda das árvores porque utiliza cabos elétricos encapados

separados a uma pequena distância, a qual é mantida por espaçadores plásticos. Este tipo de rede

oferece mais segurança e convive mais harmoniosamente com as árvores quando comparada com as

redes convencionais. O custo de implantação da rede compacta é praticamente o mesmo da rede

convencional, ao passo que há uma redução de 80% no custo de sua manutenção quando comparado

ao da segunda. Também é mais vantajoso o uso de redes de distribuição compactas em comparação

com as convencionais em termos dos benefícios referentes à melhor convivência com as árvores

viárias (VELASCO, 2003).

Os sistemas subterrâneos de distribuição de energia elétrica são mais complexos do que os

de outro tipo e, embora apresentem custo de implantação aproximadamente dez vezes maior do que

o das redes convencionais, seu custo de manutenção é duas vezes menor. Por ter reduzido custo de

manutenção e alta confiabilidade do sistema elétrico, seu uso pode ser viável em diversas ocasiões

(VELASCO, 2003).

Meneghetti (2003, p. 14-15, citando MILANO, 1984 e MILANO, 1996) faz a seguinte

reflexão:

Milano (1996) considera um mito técnico, criado no país, a recomendação de que não se deve plantar nada sob redes elétricas, ou se deve plantar arbusto ou arvoreta. Também faz parte desse mito a idéia de que, havendo uma relação conflitante entre as redes de energia e as árvores, devamos escolher entre o que é indispensável (energia elétrica) e o que não é indispensável (as árvores). Essa escolha implica, muitas vezes, a prática de podas drásticas, especialmente em árvores de porte médio, cuja altura coincide com a altura das redes, e, conseqüentemente, prejuízos estéticos e biológicos.

Uma alternativa apontada por Milano (1984) é o uso de espécies de grande porte, conduzidas de forma que suas copas ultrapassem a altura das redes. Para tanto, seria necessário utilizar ou conduzir espécimes com fuste alto. Mas essa solução se aplica somente a locais em que as condições de largura de calçada, afastamento predial e largura de rua sejam suficientemente grandes.

Para Alvarez (2004), a qualidade da arborização urbana é muitas vezes preterida em

benefício da quantidade de árvores plantadas por metro linear. O plantio de mudas de arbustos é

usado pelos órgãos gestores de políticas públicas porque resulta em maior número de plantas por

metro linear, o que não implica benefícios realmente significativos em termos de cobertura arbórea

para o ambiente urbano. Além disso, as arvoretas normalmente atrapalham os transeuntes e os

veículos e não cumprem funções de conforto térmico. O pesquisador conclui que a questão a ser

enfrentada é a necessidade de mudança de paradigma, pois os equipamentos urbanos é que devem

se adaptar à arborização de qualidade e não o contrário.

A distribuição do verde viário é desigual nas cidades, refletindo a concentração fundiária de

renda. A arborização nas áreas ocupadas pela população menos favorecida é dificultada em função

Page 41: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

40

da estrutura de vias e calçadas, as quais normalmente são estreitas e com pouco recuo. Assim, é

comum encontrar maior concentração de arborização viária em bairros habitados pela população de

maior renda (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2002).

Os recursos econômicos e os espaços disponibilizados para as áreas verdes durante o

planejamento urbano são pequenos e não priorizados, tornando evidente a carência desses locais no

meio urbano. Também faltam políticas públicas consistentes e contínuas que sanem essas carências,

as quais tendem a aumentar com a crescente expansão urbana. O que se pode observar, quase como

uma constante, são as áreas verdes relegadas a segundo plano (LOBODA; DE ANGELIS, 2005).

Outro problema encontrado com a gestão do verde urbano está no aumento da fragmentação

de remanescentes da vegetação natural, causado pelas ações antrópicas decorrentes do desenfreado

crescimento urbano (ALVAREZ et al., 2003 citado por BORTOLETO, 2004). Essa expansão

também afeta a arborização viária, que é freqüentemente eliminada em favor do crescimento e das

reformas urbanas, como alargamentos de vias, consertos de encanamentos, manutenção da rede

elétrica, construções e reformas de edificações residenciais, comerciais e mesmo institucionais

(ANDRADE, 2002 citado por BORTOLETO, 2004).

Feiber (2004) comenta que o sistema econômico capitalista, adotado pelas cidades

brasileiras, faz com que elas cresçam desordenadamente e acabem suprimindo as áreas verdes do

ambiente urbano, responsabilizando a cultura local e o modo de produção das cidades pelos

impactos sobre a natureza.

Avaliando os critérios técnicos, Silva Filho et al. (2005) consideram que existe ausência de

padrões para avaliação das áreas verdes urbanas. Há grande dificuldade para mensurar e estabelecer

proporções entre as mais diversas áreas verdes, tanto públicas como privadas, sua distribuição nas

cidades e a comunidade humana e suas diferentes maneiras de ocupar e usar o espaço, sendo

onerosas as caracterizações da vegetação e das áreas verdes urbanas pelo tempo que demandam e

pelos custos envolvidos. O desenvolvimento de opções viáveis para a obtenção desses dados é

importante para o estabelecimento de planos gerenciais adequados e que avaliem essas condições de

maneira abrangente em curto espaço de tempo, de modo a que se possa intervir, mediante políticas

públicas, para manter ou ampliar a arborização visando melhor qualidade de vida.

Douglas (1987 citado por ALVAREZ, 2004) comenta que vários problemas não são

atenuados por falta de comunicação entre os cientistas, os planejadores e os tomadores de decisão.

E complementa dizendo que, para que sejam viabilizados os projetos ambientais, é necessário, além

do envolvimento da população, a vontade política.

Page 42: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

41

Ab'saber (1990, p. 35) faz algumas considerações sobre a relação dos aspectos ecológicos,

sociais e políticos da arborização urbana no Brasil em um documento em que discorre sobre a

plataforma do Projeto FLORAM:

A ausência de entendimento da ecologia urbana das áreas metropolitanas, no contexto do subdesenvolvimento, pode invalidar ou distorcer qualquer proposta muito assimétrica ou socialmente simplória. Além do que, o processo está sujeito aos modismos e à mais desenfreada demagogia dos sistemas políticos locais ou regionais.

2.5 Considerações sobre planejamento, adequação e gestão da arborização urbana

Na maioria dos trabalhos publicados sobre arborização urbana, quando o tema focado se

refere a planejamento, adequação e gestão, são abordados e considerados diversos aspectos sob

óticas muito variadas.

Algumas pesquisas demonstram os benefícios da manutenção da arborização urbana,

enquanto outras apontam diagnósticos para as situações existentes, comentam sobre o espaço físico

disponível, a convivência das árvores com os equipamentos infra-estruturais urbanos, a adequação

das espécies ao ambiente e as formas de plantio, também enfocando as vantagens e as desvantagens

das podas, seus tipos e padrões, entre outros detalhes.

Existe, no entanto, um consenso relativo à necessidade de elaboração do planejamento da

arborização urbana. Quaisquer situações de plantio, manutenção e conservação de árvores no meio

urbano, seja em calçadas, canteiros centrais, praças, jardins ou em qualquer espaço livre, devem ser

precedidas por detalhado planejamento. Só assim se consegue obter o máximo benefício que a

arborização urbana pode proporcionar.

No planejamento urbano, a arborização deve ser tratada e integrada ao meio como um

equipamento tão importante quanto os demais e sempre gerenciada por equipes técnicas

especializadas. Também devem ser definidos os espaços adequados e as espécies apropriadas para

cada localidade, além das melhores formas de plantio e manejo das árvores.

Para que haja harmonia entre os diversos equipamentos urbanos, e para que não haja

sobreposição de um deles em detrimento da arborização, é imprescindível que os órgãos públicos

municipais tenham em seus modelos de gestão a priorização da preservação e expansão da

arborização urbana.

Pivetta e Silva Filho (2002) afirmam que os benefícios da arborização urbana estão

condicionados à qualidade de seu planejamento, independentemente do porte da cidade. Detalham

Page 43: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

42

ainda uma série de características desejáveis a serem encontradas nas árvores que serão utilizadas

na arborização urbana, tais como a ausência de conflito com o meio, a resistência a pragas e

doenças, o rápido desenvolvimento, a diversificação das espécies, o bom efeito estético, dentre

outras. Esses pesquisadores recomendam que todas as prefeituras definam um plano diretor de

arborização de vias públicas com apoio de correta orientação técnica e administrativa, comentam

que deve haver o replanejamento e a revisão da arborização existente e sugerem como passo inicial

o inventário das árvores, que deve ser usado como ferramenta para traçar diretrizes.

Bortoleto (2004) destaca a importância do planejamento e cita o trabalho de Meneghetti

(2003), o qual preconiza que para haver um planejamento acertado é necessária a realização de um

inventário visando conhecer o patrimônio arbóreo da cidade e que as atividades de planejamento,

implantação e manutenção de árvores em áreas urbanas devem estar diretamente ligadas ao poder

público.

Lorenzi (2002b citado por BORTOLETO, 2004) enfatiza que as espécies exóticas não são as

substitutas ideais para a vegetação nativa quando se leva em conta as funções que desempenham no

ecossistema. Bortoleto (2004) descreve algumas características importantes para as árvores e

arbustos a serem utilizados na arborização viária, como sistema radicular pivotante, tamanho e

textura de folhas que não promovam entupimentos, que não sejam tóxicas, sem presença de

espinhos, dentre outras.

Em muitas situações, o planejamento urbano não inclui a arborização como equipamento a

ser instalado. Isso faz com que muitos particulares adotem ações isoladas e pontuais, sem o

necessário conhecimento técnico, ocupando espaços públicos, tais como calçadas e praças, com

árvores inadequadas. Essas ações acabam gerando, no futuro, transtornos e prejuízos e não o

conforto que se esperava desses plantios (SILVA FILHO, 2002 citado por BORTOLETO, 2004).

Guzzo [200-b] considera que o planejamento deve levar em conta a cidade como um todo,

propondo, a partir daí, um sistema municipal de áreas verdes em função da densidade populacional

dos bairros e do potencial natural das áreas existentes. Considera ainda que a conservação e a

manutenção de todos os elementos que compõem uma praça ou um parque devem merecer atenção

continuada dos órgãos públicos que gerenciam essas áreas e da população que as utiliza.

Milano (1990) afirma que, apesar de normalmente os procedimentos técnicos do

planejamento da arborização urbana de áreas públicas considerarem os elementos "áreas verdes" e

"arborização de ruas" isoladamente, é recomendável que sejam tratados de forma complementar e

Page 44: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

43

integrada. O autor considera a arborização das ruas como um fator de contribuição para o total da

arborização pública das cidades em termos de área verde, tanto qualitativa como quantitativamente.

De Angelis e De Angelis Neto (2000 citados por SILVA FILHO, 2003) consideram que, na

gestão urbana, os espaços livres devem ser planejados sob uma visão macro da cidade e inseridos

nesse contexto, propiciando a continuidade de um sistema de espaços livres urbanos interligados.

Sparovek e Costa (2004) afirmam que, para que os espaços livres desempenhem

satisfatoriamente suas funções, é necessário que sejam abordados de forma integrada no

planejamento urbano. Os autores também ressaltam a importância de se conhecer o entorno dos

perímetros urbanos para que o direcionamento, através de planos e leis, seja correto em relação ao

meio ambiente natural preexistente em vários locais.

Senna (2002) considera que, para serem alcançados os máximos benefícios ecológicos,

econômicos e sociais que a vegetação incorporada ao meio urbano pode proporcionar, há a

necessidade de se ter um planejamento prévio, com o estabelecimento de política de gestão de áreas

verdes. Afirma ainda que a gestão das áreas verdes urbanas requer planejamentos específicos, não

podendo ser tratada de forma universalizante. Considera que alguns aspectos comuns e essenciais

devem ser incorporados na administração pública de modo a buscar o estabelecimento de uma

política de gestão de áreas verdes urbanas, tais como: assegurar a gestão do patrimônio verde por

um serviço municipal especializado; padronizar conceitos acerca das áreas verdes urbanas;

conhecer o patrimônio de áreas verdes qualitativa e quantitativamente; desenvolver e/ou aplicar

métodos e procedimentos que possibilitem a sua administração; estabelecer a conscientização

pública sobre a importância da vegetação como elemento indispensável à cidade, inclusive como

indicador de qualidade de vida; desenvolver legislação específica sobre árvores públicas e privadas;

incentivar a pesquisa aplicada; gerar mecanismos para a criação de áreas destinadas ao lazer e à

recreação, bem como de Unidades de Conservação.

Senna (2002) afirma ainda que a garantia da qualidade do meio urbano pode ser facilitada

pelo estabelecimento de programas de educação ambiental, incentivando a formação de grupos de

preservação e monitoramento ambiental como veículos de informação e conscientização. O

pesquisador comenta também que cada cidadão é responsável pelas ações de proteger e melhorar o

meio ambiente em beneficio da sua própria qualidade de vida.

Para Milano e Dalcin (2000) é de fundamental importância o planejamento adequado da

arborização urbana, com definição dos objetivos e das metas que se deseja alcançar. Esses autores

afirmam ainda que para um adequado planejamento é necessária a realização de um inventário da

Page 45: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

44

população arbórea e de sua diversidade. Comentam que a diversidade de espécies encontradas na

arborização viária nas cidades brasileiras é relativamente baixa, prevalecendo a sua homogeneidade.

Santamour Júnior (1990 citado por SILVA FILHO; BORTOLETO, 2005) postula que a maior

diversidade de espécies de árvores na paisagem urbana se faz necessária, principalmente para

garantir o máximo de proteção contra pragas e doenças; dessa forma, recomenda não exceder mais

do que 10% da mesma espécie, 20% de algum gênero e 30% de uma família botânica.

Milano (1987) analisa a relação existente entre as necessidades de manejo e as

características do planejamento da arborização. Considerando que a composição de espécies da

arborização e as condições físicas e sanitárias das árvores influenciam a necessidade de manejo da

arborização de ruas, afirma que é possível tanto minimizar os custos de manutenção como melhorar

a qualidade da arborização por meio de: adequada seleção de espécies; uso adequado de forma e

tamanho de árvores para o espaço disponível; melhoria da qualidade das mudas; melhoria das

técnicas de manutenção.

Yamamoto et al. (2004) consideram que com a prática do planejamento podem ser evitados

futuros erros e, conseqüentemente, deve haver diminuição de eventuais gastos com as correções

desses, alcançando-se, assim, os benefícios proporcionados pela arborização. Esses pesquisadores

consideram ainda que o planejamento deve ser realizado por equipes de profissionais preparados,

pois necessita seguir critérios técnicos específicos para cada situação. Sugerem a implantação de

arborização urbana adotando o critério de diversificação das espécies, garantindo ao longo de todo o

ano alimentos adequados e suficientes para os pássaros que vivem nas cidades, já que o uso de

poucas espécies criaria um ecossistema simples e vulnerável, o que é desaconselhável do ponto de

vista ecológico.

Dando destaque à adequação das árvores, Oliveira (2000) sugere a utilização de espécies

nativas como um processo para promover a biodiversidade. Enfatiza que deve ser tarefa dos

técnicos ligados à produção de plantas nativas a atuação em conjunto com os governantes, de modo

a desenvolver programas de fomento às espécies nativas, disponibilizando linhas de crédito para

produtores particulares, visando possibilitar ao mercado consumidor contar com qualidade,

quantidade e constância no abastecimento.

Sanchotene (2000), em seu trabalho relativo à arborização de vias públicas em Porto Alegre-

RS, conclui que o plano diretor de arborização constitui ferramenta básica para a preservação, o

manejo e a expansão da rede verde viária em cidades. Propõe que sejam definidas diretrizes de

administração do verde viário, tais como: constituição de grupo de trabalho permanente dedicado a

planejar e a acompanhar a implantação da arborização na cidade; inclusão dos projetos de

Page 46: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

45

arborização no orçamento participativo; desenvolvimento de programas sistemáticos de capacitação

de mão-de-obra; exigência de apresentação de Termo de Responsabilidade Técnica para serviços de

poda, remoção, transplante ou plantios por empresas públicas ou particulares; estabelecimento de

um programa geral de educação ambiental e conscientização comunitária com vistas a desenvolver

conteúdos pertinentes ao tratamento da Arborização Urbana. Afirma ainda que a melhoria da

qualidade de vida gerada pela presença de vegetação nas cidades é mais acentuada à medida que as

administrações públicas optam por priorizar a arborização urbana em seus planejamentos.

Page 47: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

46

3 METODOLOGIA

Para a elaboração da presente monografia foi empregada pesquisa bibliográfica usando

como fontes livros, periódicos especializados, boletins, dissertações, trabalhos apresentados em

congressos e sites especializados disponíveis na Internet. Assim, encontram-se aqui reunidos

relevantes trabalhos científicos, de vários autores nacionais, abordando temas relacionados ao

contexto da arborização urbana no Brasil, ressaltando-se a importância da arborização no meio

urbano e todas as suas implicações, como benefícios, conflitos e gestão. Também é enfocada a

importância da gestão da arborização urbana sob a perspectiva das análises da gestão ambiental,

pois a interligação desses estudos se mostra cada vez mais necessária em decorrência da expansão

cada vez mais acelerada das áreas urbanas no Brasil.

Page 48: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

47

4 DISCUSSÃO

Em decorrência da constante expansão urbana e do preocupante processo de devastação do

meio ambiente no Brasil, os esforços para melhorar a qualidade ambiental nas cidades se tornam

necessários e urgentes. Neste cenário, a arborização urbana deve protagonizar as ações que visem

corrigir a degradação causada pelas intensas atividades antrópicas no ambiente urbano.

A evolução dos estudos e do conhecimento sobre os ecossistemas urbanos e suas inter-

relações também é essencial para reverter e solucionar essas situações ambientais adversas. As

políticas de desenvolvimento urbano não podem mais desconsiderar a compatibilidade de seus

programas com a proteção ambiental e com o bem-estar dos cidadãos que habitam as cidades.

A arborização urbana deve ser a diretriz básica do planejamento ambiental urbano. Para tal,

tem de ser considerada como “equipamento” que atua em harmonia e em conjunto com todos os

outros equipamentos e serviços normalmente previstos dentro do planejamento urbano. Também

deve ser lembrado que é um assunto técnico e complexo que demanda profundo conhecimento

daqueles que estão envolvidos em sua gestão.

Para a população e para os gestores da administração urbana fica claro que os sistemas

urbanos que ocupam o espaço público, como tratamento e distribuição de água, coleta e tratamento

de esgoto, distribuição de energia elétrica, sistema viário, drenagem urbana e outros, necessitam de

equipes técnicas treinadas e habilitadas para seu planejamento, implantação e manutenção. Já para

os sistemas de arborização urbana isso não parece tão claro. É muito freqüente que o cidadão

comum interfira na arborização urbana pública, principalmente na viária, em relação à qual são

encontrados os maiores conflitos. As árvores do sistema viário são constantemente depredadas,

removidas ou substituídas sem nenhum constrangimento por parte da população que interage com

elas. Em uma cidade seria de provocar estranheza se encontrássemos um cidadão instalando, por

iniciativa própria, um poste para iluminação em frente à sua residência. Provavelmente, se essa

iniciativa fosse o plantio de uma árvore sem nenhum respaldo técnico, a reação seria exatamente

contrária. O que normalmente ocorre nessas situações é o apoio ao cidadão pela iniciativa

considerada “ecologicamente correta”.

O objetivo desta comparação é chegar à conclusão de que todos os setores da sociedade

devem participar dos processos de gestão da arborização urbana, mas cada um assumindo seu papel

de forma objetiva e responsável. Seria importante que ficasse claro que o papel de planejamento,

implantação e manutenção da arborização urbana no espaço público compete às administrações

Page 49: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

48

municipais. Isso evitaria uma série de conflitos, como rompimento de fios de alta-tensão,

interrupções no fornecimento de energia elétrica, entupimento de redes de esgoto, obstáculos para a

circulação e acidentes envolvendo pedestres, veículos ou edificações pelo uso de arborização

urbana com desprovimento de conhecimento técnico. Já o papel do cidadão é zelar pelo patrimônio

público, fiscalizar e cobrar a eficiência dos seus administradores.

Outro aspecto relevante para a preservação e o desenvolvimento dos sistemas de arborização

urbana é o posicionamento, de forma mais responsável, dos setores de produção de

empreendimentos urbanos, de modo a que ações predatórias ao meio ambiente sejam restringidas ou

evitadas, que se promova a ocupação e o uso do solo de forma mais racional e que sejam criadas

opções “limpas” para o desenvolvimento de novas obras civis.

Quanto ao poder público, setor detentor das grandes iniciativas do planejamento urbano,

deve assumir a importância da presença da vegetação nos centros urbanos e proporcionar, em seus

planos de gestão urbana, uma distribuição mais igualitária de áreas verdes na cidade, assim

promovendo a melhoria da qualidade de vida para todos os cidadãos que a habitam e minimizando

os processos de exclusão social.

Page 50: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

49

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Inúmeros trabalhos publicados listam e comprovam vários benefícios advindos da presença

da arborização no meio urbano, enquanto outros demonstram a sua valorização por parte da

população. Na prática, o que ainda se vê na maioria dos municípios brasileiros é um grande número

de problemas no convívio com a vegetação arbórea, tanto por parte dos serviços públicos e privados

como por parte da população propriamente dita. Observando esse conflito, alguns pesquisadores

desenvolveram trabalhos que objetivaram estabelecer métodos para avaliar e quantificar, inclusive

monetariamente, os benefícios advindos da arborização urbana. Considerando-se que o cidadão

brasileiro está totalmente adaptado aos conceitos político-econômicos do regime capitalista, será

muito sensato que os gestores comecem a estabelecer e a aplicar valores monetários reais para esse

recurso ambiental. Desta forma, estarão traduzindo o sentido subjetivo de valor do “recurso

ambiental” de maneira objetiva para o valor “bem de capital”, mais reconhecido pela cultura do

cidadão urbano.

Paralelamente, outro conceito primordial a ser trabalhado visando-se obter resultados

efetivos na gestão da arborização urbana é o de cidadania. O cidadão deve participar do processo de

gestão tanto no que se refere ao gozo de seus direitos como no desempenho de seus deveres. Para

tal, é muito importante que as instituições envolvidas nos processos gestores invistam em educação

ambiental, de modo a formar cidadãos mais conscientes e também obter o aprimoramento e o rigor

da legislação, de sorte que as responsabilidades possam ser claramente atribuídas e cobradas.

Dada a complexidade e a mutidisciplinaridade do tema arborização urbana, o intercâmbio de

estudos entre pesquisadores das diversas áreas correlatas se faz extremamente importante.

Engenheiros Agrônomos, Florestais e Ambientais, Biólogos, Arquitetos, Urbanistas e outros

profissionais afins costumam apresentar em seus trabalhos enfoques diferentes sobre o tema, cada

um direcionando os estudos para a sua área de maior conhecimento.

Também a padronização de conceitos relacionados ao tema arborização urbana é

iminentemente necessária para que todos os setores possam desenvolver um bom entendimento

sobre a matéria, principalmente aqueles envolvidos em seus estudos, difusão de conhecimento e

gestão.

O desenvolvimento de trabalhos com equipes multidisciplinares e interdisciplinares poderá

resultar em produções científicas mais abrangentes. Fica ainda mais patente a necessidade do

cruzamento de conhecimentos e de conceitos das diversas áreas referentes ao tema arborização

Page 51: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

50

urbana quando se considera a sua importância no contexto ambiental e a urgência em encontrar

soluções para gerir os problemas a ele relacionados de forma eficaz.

A importância da criação de grupos gerenciais com o envolvimento dos diversos setores da

sociedade, que acompanhem o planejamento da arborização dentro das cidades, é premente.

Somente empregando planejamento consciente, em conjunto com comprometimento e participação

de todos os cidadãos, poderão ser implementadas mudanças efetivas no contexto atual da

arborização no meio urbano visando resgatar valores ambientas que foram perdidos ao longo do

“desenvolvimento” urbano pela ação do homem.

Fazendo uma retrospectiva da urbanização no Brasil, conclui-se que se chega à atualidade

convivendo com graves problemas ambientais, gerados pelos mais diversos fatores, quer sejam

históricos, políticos, culturais ou econômicos. Deve-se, portanto, tentar corrigir de forma objetiva o

que é possível no presente momento e, daqui para frente, todos os setores da sociedade necessitam

estar compromissados com as ações urbanas que possam interferir nas condições ambientas, de

modo a que ainda possamos habitar as cidades de forma viável no futuro.

Page 52: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

51

6 REFERÊNCIAS

AB'SABER, A. Um plano diferencial para o Brasil. Estudos Avançados, São Paulo, v. 4, n. 9, p.

19-62, maio/ago. 1990. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

40141990000200004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 10 out. 2006.

ALVAREZ, I. A. Qualidade do espaço verde urbano: uma proposta de índice de avaliação. 2004.

209 f. Tese. (Doutorado em Fitotecnia)-Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,

Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004.

BORTOLETO, S. Inventário quali-quantitativo da arborização viária da Estância de Águas de

São Pedro-SP. 2004. 98 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia)-Escola Superior de Agricultura

Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004.

BORTOLETO, S.; ALZATE, S. B. A.; LIMA, A. M. L. P.; SILVA FILHO, D. F. da. Avaliação

das áreas verdes do bairro Vila Rezende e Clube de Campo com os moradores próximos. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 7., 2003, Belém. Anais... Viamão:

Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 2003.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII

da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá

outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 jul. 2000. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/Lei_principal.htm>. Acesso em: 20 out. 2006.

BUENO, C. L.; LABAKI, L. C.; SANTOS, R. F. Caracterização das espécies arbóreas e sua

contribuição para o conforto térmico do sub-distrito de Barão Geraldo, Campinas. In: ENCONTRO

NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 4., 1997, Salvador. Anais...

Porto Alegre: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 1997. p. 93-96.

BUENO, C. L.; LABAKI, L. C.; VIANNA, P. Z. Comportamento de diferentes espécies arbóreas

quanto à atenuação da radiação solar. In: ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE CONFORTO

NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 6., ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO

AMBIENTE CONSTRUÍDO, 3., São Pedro, 2001. Anais... Porto Alegre: Associação Nacional de

Tecnologia do Ambiente Construído, 2001.

Page 53: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

52

CAVALHEIRO, F.; NUCCI, J. C. Espaços livres e qualidade de vida urbana. Paisagem Ambiente:

Ensaios, São Paulo, n. 11, p. 277-288, dez. 1998.

DE ANGELIS, B. L. D. Arborização urbana. Cap. VIII. 50 p. [200-a]. Material do Curso de

Graduação de Jardinocultura e Paisagismo do Departamento de Agronomia UEM, Maringá.

Disponível em:

<http://www.dag.uem.br/prof/brucagen/material/grad/agro/arborizacao_urbana.pdf>. Acesso em: 2

out. 2006.

DE ANGELIS, B. L. D. Da jardinagem ao paisagismo: evolução histórica. Cap. I. 33 p. [200-b]

Material do Curso de Graduação de Jardinocultura e Paisagismo do Departamento de Agronomia

UEM, Maringá. Disponível em:

<http://www.dag.uem.br/prof/brucagen/material/grad/agro/historico.pdf>. Acesso em: 2 out. 2006.

DETZEL, V. A.; MILANO, M. S.; HOEFLICH, V. A.; FIRKOWSKI, C. Desenvolvimento de um

método de avaliação monetária de árvores urbanas e aplicação à situação de Maringá-PR. Floresta,

Curitiba, v. 28, n. 1/2, p. 31-49, 1998.

ELETROPAULO. Arborização urbana. 2006. Disponível em:

<http://www.eletropaulo.com.br/portal/institucional.cfm?action=detail&tipoinst=meio&conteudo_i

d=466>. Acesso em: 24 out. 2006.

FEIBER, S. D. Áreas verdes urbanas imagem e uso: o caso do Passeio Público de Curitiba-PR.

Revista RA’E GA - O Espaço Geográfico em Análise, Curitiba, n. 8, p. 93-105, 2004. Disponível

em: <http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/raega/article/viewFile/3385/2714>. Acesso em: 10

out. 2006.

GOMES, M. A. S.; SOARES, B. R. A vegetação nos centros urbanos: considerações sobre os

espaços verdes em cidades médias brasileiras. Estudos Geográficos, Rio Claro, ano 1, n. 1, p. 19-

29, jun., 2003. Disponível em:

<http://www.rc.unesp.br/igce/grad/geografia/revista/numero%201/eg0101mg.pdf>. Acesso em: 24

set. 2006.

GUZZO, P. Arborização urbana. Educação ambiental através da visão integrada da bacia

hidrográfica via Internet. [200-a]. Disponível em:

<http://educar.sc.usp.br/biologia/prociencias/arboriz.html>. Acesso em: 24 set. 2006.

Page 54: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

53

GUZZO, P. Áreas verdes urbanas. Educação ambiental através da visão integrada da bacia

hidrográfica via Internet. [200-b]. Disponível em:

<http://educar.sc.usp.br/biologia/prociencias/areasverdes.html>. Acesso em: 24 set. 2006.

HARDER, I. C. F.; RIBEIRO, R. C. S.; TAVARES, A. R. Índices de área verde e cobertura vegetal

para as praças do Município de Vinhedo, SP. Revista Árvore, Viçosa, v. 30, n. 2, Mar./Apr.

2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-

67622006000200015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 18 out. 2006.

LOBODA, C. R.; DE ANGELIS, B. L. D. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e

funções. Ambiência, Guarapuava, v. 1, n. 1, p. 125-139, jan./jun. 2005.

LOMBARDO, M. A. Vegetação e clima. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE

ARBORIZAÇÃO URBANA, 3., 1990, Curitiba. Anais... Curitiba: Fundação de Pesquisas

Florestais do Paraná, 1990. p. 1-13.

MACEDO, S. S. Quadro do paisagismo no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE

ARBORIZAÇÃO URBANA, 9., 2001, Brasília. Anais... Viamão: SBAU, 2001. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/IX_Sbau_Brasilia.zip>. Acesso em: 29 out. 2006.

MACEDO, S. S. Quadro do paisagismo no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1999. 144 p. (Coleção

Quapá, 1).

MENEGHETTI, G. I. P. Estudo de dois métodos de amostragem para inventário da

arborização de ruas dos bairros da orla marítima do município de Santos, SP. 2003. 114 f.

Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais, Silvicultura e Manejo Florestal)-Escola Superior de

Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.

MILANO, M. S. O planejamento da arborização, as necessidades de manejo e tratamentos culturais

das árvores de ruas de Curitiba, PR. Floresta, Curitiba, v. 17, n. 12, p. 15-21, jun./dez. 1987.

Disponível em: <http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/floresta/article/view/6381/4578>.

Acesso em 19 out. 2006.

MILANO, M. S. Planejamento da arborização urbana: relação entre áreas verdes e ruas arborizadas.

In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 3., 1990. Curitiba. Anais...

Curitiba: FUPEF, 1990. p. 60-71.

Page 55: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

54

MILANO, M. S.; DALCIN, E. C. Arborização de vias públicas. Rio de Janeiro: Light, 2000. 226

p.

NUCCI, J. C.; WESTPHALEN, L. A.; BUCCHERI FILHO, A. T.; NEVES, D. L.; OLIVEIRA, F.

A. H. D.; KROKER, R. Cobertura vegetal no bairro centro de Curitiba/PR. In: SIMPÓSIO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA, 10., 2003, Rio de Janeiro. Anais...

Disponível em: <http://geografia.igeo.uerj.br/xsbgfa/cdrom/>. Acesso em: 29 out. 2006.

OLIVEIRA, F. B. Dendrologia de espécies nativas com potencial de uso. In: ENCONTRO

GAÚCHO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1999. Pelotas. Anais... Pelotas: COINPEL, 2000.

Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/gaucho_arborizacao/Anais_do_evento/6/6.HTM>. Acesso em: 2

out. 2006.

PAULA, R. Z. R. de. A influência da vegetação no conforto térmico do ambiente construído.

2004. 119 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)-Universidade de Campinas, Campinas,

2004. Disponível em: <http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000375775>. Acesso em: 29

out. 2006.

PIVETTA, K. F. L.; SILVA FILHO, D. F. da. Arborização urbana. Jaboticabal:

UNESP/FCAV/FUNEP, 2002. 69 p. (Boletim Acadêmico. Série Arborização Urbana.) Disponível

em: < http://lmq.esalq.usp.br/~dfsilva/arborizacao_urbana.pdf>. Acesso em: 29 out. 2006.

POUEY, M. T.; FREITAS, R.; SATTLER, M. Arborização e sustentabilidade. In: ENCONTRO

NACIONAL SOBRE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 7., CONFERÊNCIA

LATINO-AMERICANA SOBRE CONFORTO E DESEMPENHO ENERGÉTICO DE

EDIFICAÇÕES, 3., 2003, Curitiba. Anais... Porto Alegre: Associação Nacional de Tecnologia do

Ambiente Construído, 2003. p. 730-736.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO

AMBIENTE - SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO URBANO. Atlas ambiental

do município de São Paulo. Fase I: Diagnóstico de bases para a definição de políticas públicas

para as áreas verdes no município de São Paulo. São Paulo, jul. 2002. (Relatório Final).

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. SECRETARIA DO VERDE E DO MEIO

AMBIENTE. Programa de arborização urbana: ampliação e re-qualificação da cobertura vegetal

do município de São Paulo. São Paulo, mar. 2005.

Page 56: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

55

RIO GRANDE ENERGIA. Manual de arborização. [200-]. Disponível em: <http://www.rge-

rs.com.br/gestao_ambiental/arborizacao_e_poda/introducao.asp>. Acesso em: 8 set. 2006.

SANCHOTENE, M. do C. C. Plano diretor de arborização de vias públicas para Porto Alegre. In:

ENCONTRO GAÚCHO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1999, Pelotas. Anais... Pelotas:

COINPEL, 2000. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/gaucho_arborizacao/Anais_do_evento/3/3.HTM >. Acesso em:

2 out. 2006.

SANTOS, N. R. Z.; TEIXEIRA, I. F. Arborização de vias públicas: ambiente x vegetação. Santa

Cruz do Sul: Instituto Souza Cruz, 2001. 136 p.

SEITZ, R. A. Poda urbana: princípios básicos e execução. In: ENCONTRO GAÚCHO DE

ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1999. Pelotas. Anais... Pelotas: COINPEL, 2000. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/gaucho_arborizacao/Anais_do_evento/PODAUR_1/podaur_1.H

TM>. Acesso em: 2 out. 2006.

SENNA, D. C. Estado de la información florestal en Brasil. II. Estado actual de la información

sobre árboles fuera del bosque. Monografias de Países, Santiago, v. 3, p. 10-18, 2002.

SILVA FILHO, D. F. da. Silvicultura urbana: o desenho florestal da cidade. Atualizado em 1 abr.

2003. Disponível em: <http://www.ipef.br/silvicultura/urbana.html>. Acesso em: 29 set. 2006.

SILVA FILHO, D. F. da; BORTOLETO, S. Uso de indicadores de diversidade na definição de

plano de manejo da arborização viária de Águas de São Pedro-SP. Revista Árvore, Viçosa, v. 29,

n. 6, p. 973-982, Nov./Dec. 2005.

SILVA FILHO, D. F. da; PIVETTA, K. F. L.; COUTO, H. T. Z. do; POLIZEL, J. L. Indicadores de

floresta urbana a partir de imagens aéreas multiespectrais de alta resolução. Scientia Forestalis,

Piracicaba, n. 67, p.88-100, abr. 2005. Disponível em:

<http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr67/cap09.pdf>. Acesso em: 20 out. 2006.

SILVA FILHO, D. F. da; PIZETTA, P. U. C.; ALMEIDA, J. B. S. A. de; PIVETTA, K. F. L.;

FERRAUDO, A. S. Banco de dados relacional para cadastro, avaliação e manejo da arborização em

vias públicas. Revista Árvore, Viçosa, v. 26, n. 5, set./out. 2002. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-

67622002000500014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 set. 2006.

Page 57: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

56

SPAROVEK, G.; COSTA, F. P. S. Evolução urbana e da cobertura vegetal de Piracicaba-SP (1940-

2000). Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 5, n. 13, p. 65-88, out. 2004. Disponível em:

<www.ig.ufu.br/caminhos_de_geografia.html>. Acesso em: 29 set. 2006.

VELASCO, G. D. N. Arborização viária x sistemas de distribuição de energia elétrica:

avaliação dos custos, estudo das podas e levantamento de problemas fitotécnicos. 2003. 117 f.

Dissertação (Mestrado em Agronomia)-Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,

Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.

VELASCO, G. D. N.; LIMA, A. M. L. P. Arborização viária x sistemas de distribuição de energia

elétrica: avaliação dos custos, estudo das podas e levantamento de problemas fitotécnicos. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 7., 2003, Belém. Anais... Viamão:

Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 2003.

YAMAMOTO, M. A.; SCHIMIDT, R. O. L.; COUTO, H. T. Z. do; SILVA FILHO, D. S. da.

Árvores urbanas. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de

São Paulo, 2004. 18 p. Disponível em: <http://lmq.esalq.usp.br/~dfsilva/arvores_urbanas.pdf>.

Acesso em: 10 out. 2006.

Page 58: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

57

7 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e

documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 24 p.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e

documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 7 p.

ALVES, C. X. F.; SOUSA, B. A. A. Plano de arborização urbana de Betim. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 7., 2003, Belém. Anais... Viamão: Sociedade

Brasileira de Arborização Urbana, 2003.

CASTRO, J. Arquitetura das árvores: construindo com a natureza. Paisagem Ambiente: Ensaios,

São Paulo, n. 14, p. 95-110, dez. 2001.

DONATTI, M. B.; MIELKE, M. S.; POMA, S. T. Participação comunitária na implantação de um

parque com espécies nativas no Bairro Jardim do Sol, Marau, RS: Resultados preliminares. In:

ENCONTRO GAÚCHO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1999. Pelotas. Anais... Pelotas:

COINPEL, 2000. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/gaucho_arborizacao/Anais_do_evento/POSTER6/poster6.HTM

>. Acesso em: 2 out. 2006.

ELETROPAULO. Guia de arborização urbana. [200-]. Disponível em:

<http://www.eletropaulo.com.br/portal/institucional.cfm?action=detail&tipoinst=meio&conteudo_i

d=466> Acesso em: 24 out. 2006.

HILDEBRAND, E.; GRAÇA, L. R.; HOEFLICH, V. A. "Valoração contingente" na avaliação

econômica de áreas verdes urbanas. Floresta, Curitiba, v. 32, n. 1, p. 121-132, 2002. Disponível

em: <http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/floresta/article/view/2353/1967>. Acesso em: 28

set. 2006.

MARTO, G. B. T.; BARRICHELO, L. E. G.; SILVA FILHO, D. F. da; MÜLLER, P. H.

Arborização urbana. Atualizado em 20 jan. 2006. Disponível em:

<http://www.infobibos.com/artigos/arborizacaourbana/arborizacaourbana.htm>. Acesso em: 29 set.

2006.

Page 59: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

58

MELLO FILHO, L. E. Ecogênese e arborização urbana. In: ENCONTRO NACIONAL DE

ARBORIZAÇÃO URBANA, 9., 2001, Brasília. Anais... Viamão: SBAU, 2001. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/IX_Sbau_Brasilia.zip>. Acesso em: 29 out. 2006.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. SECRETARIA DO VERDE E DO MEIO

AMBIENTE. Manual técnico de arborização urbana. [200-]. Disponível em:

<http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/meio_ambiente/manual_arborizacao.pdf>.

Acesso em: 3 out. 2006.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. SECRETARIA DO VERDE E DO MEIO

AMBIENTE. Manual técnico de poda. [200-]. Disponível em:

<http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/meio_ambiente/eixo_biodiversidade/arborizacao_urba

na/0002>. Acesso em: 3 out. 2006.

ROSSET, F. Procedimentos metodológicos para estimativa do Índice de Áreas Verdes

Públicas. Estudo de caso: Erechim, RS. 91 f. 2005. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Recursos

Naturais)-Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005.

SÁ, M. R. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. História, Ciências,

Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, p. 558-559, 1996. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

59701996000300014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 set. 2006.

SANTOS, N. R. Z. dos. Compatibilização entre espécies vegetais e espaços urbanos. In:

ENCONTRO GAÚCHO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1999. Pelotas. Anais... Pelotas:

COINPEL, 2000. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/gaucho_arborizacao/Anais_do_evento/POSTER2/poster2.HTM

>. Acesso em: 2 out. 2006.

SANTOS, N. R. Z. dos; MÓR, J. V. Relação espaço urbano, forma do vegetal e manejo. In:

ENCONTRO GAÚCHO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1999. Pelotas. Anais... Pelotas:

COINPEL, 2000. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/gaucho_arborizacao/Anais_do_evento/poster1/poster1.HTM>.

Acesso em: 2 out. 2006.

SOUZA, S. A. de; FORESTI, C. Avaliação do grau de conscientização da população de Rio Claro

sobre a arborização urbana. In: ENCONTRO GAÚCHO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1999.

Page 60: Contextualização da arborização urbana no brasil sob a perspectiva da gestão ambiental

59

Pelotas. Anais... Pelotas: COINPEL, 2000. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/gaucho_arborizacao/Anais_do_evento/POSTER9/poster9.HTM>.

Acesso em: 2 out. 2006.

TRINDADE, J. A. da. Áreas verdes e a expansão urbana. In: ENCONTRO GAÚCHO DE

ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1999. Pelotas. Anais... Pelotas: COINPEL, 2000. Disponível em:

<http://www.sbau.com.br/arquivos/gaucho_arborizacao/Anais_do_evento/1/1.HTM>. Acesso em: 2

out. 2006.

VELASCO, G. D. N.; LIMA, A. M. L. P; COUTO, H. T. Z. Análise comparativa dos custos de

diferentes redes de distribuição de energia elétrica no contexto da arborização urbana. Revista

Árvore, Viçosa, v. 30, n. 4, p. 679-686, July/Aug. 2006.