Conto de Adriano Vila - Ônibus

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O ônibus Depois de quinze minutos andando cheguei finalmente ao ponto de ônibus. Sentei no banco e baixei minha cabeça perturbada. Estava cansado de tudo, minha vida parecia um texto sem nexo e sem fim que é escrito aleatoriamente. Muitas coisas aconteceram naquele dia, me lembro, apesar que, há dias ou melhor, há meses vinha com grandes problemas nas costas. Aluguéis atrasados, contas para pagar e uma série de compromissos que não conseguia superar. Mesmo assim eu vivia, jogando de um lado para o outro, muitas vezes deixando de lado os problemas para ter momentos agradáveis. Tive alguns. Poucos, mas tive. Mas o pior dia, foi o da demissão... Comecei a entrar em desespero, pois não sabia o que aconteceria nos próximos dias. Sem trabalho, sem dinheiro de rescisão, eu estava completamente falido. Levantei a cabeça por um momento e vi algumas pessoas sorrindo. Do outro lado, um casal tentava se devorar ardentemente. Balancei a cabeça negativamente, acendi meu último cigarro e fiquei no canto mais afastado daquele lugar. E sob aquela árvore, meus pensamentos se voltaram para meu interior, e algumas vozes que denomino demoníacas começaram a sussurrar coisas em meus ouvidos. Diziam que sofreria muito. Questionavam sobre minha família, o que eles iriam comer no café da manhã? E no almoço? De repente aqueles pensamentos foram criando forças em meu interior e comecei a olhar para vida como se estivesse dentro de uma redoma em minhas mãos. Naquele momento não me julgava parte de tudo, mas sim como um palavrão descabido numa poesia de amor. Depois de quinze infindáveis minutos o ônibus finalmente chegou. Estava tão consumido e atormentado pelos pensamentos que entrei primeiro. Algumas mulheres que costumavam pegar aquele mesmo ônibus estranharam minha atitude, sempre as esperava subir, mas naquele dia, tudo que queria era encostar minha cabeça e adormecer e foi exatamente isso que fiz assim que sentei... Sentei num dos últimos bancos e encostei minha cabeça no vidro, fiquei olhando para as pessoas que entravam e o casal que tentava se devorar, para minha infelicidade, sentou bem na minha frente. Aqueles olhares carinhosos, aquelas carícias e juras, começaram a me incomodar de tal modo que estava prestes a pedir para os dois pararem. O que poderia perder? Tudo já estava perdido! O ônibus começou a andar e o barulho abafou suas palavras e assim pude encostar no vidro para dormir. Meus olhos estavam fechados, mas minha mente girava e uma dor tenebrosa crescia em meu peito, estava completamente perdido, não havia lugares para abrigar-me, não tinha nenhuma escolha para fazer, era apenas aceitar tudo e tentar de alguma forma melhorar. De repente senti a pessoa que estava ao meu lado se levantar e logo em seguida, sentou um homem com um cheiro insuportável de bebida. Parecia alto, pois quase sentou no meu colo. Desculpe... disse ele com sua voz embargada de bebida. Não disse nada, apenas ignorei. Não queria conversar com ninguém, preferia ficar ali no meu canto, quieto, apenas com meus pensamentos, mas o bêbado, longe de toda a sua distinção, continuou. Você está dormindo? Não respondi nada, continuei com os olhos fechados e, visivelmente irritado.

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Conto

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O ônibus

Depois de quinze minutos andando cheguei finalmente ao ponto de ônibus. Sentei

no banco e baixei minha cabeça perturbada. Estava cansado de tudo, minha vida parecia um

texto sem nexo e sem fim que é escrito aleatoriamente. Muitas coisas aconteceram naquele

dia, me lembro, apesar que, há dias ou melhor, há meses vinha com grandes problemas nas

costas. Aluguéis atrasados, contas para pagar e uma série de compromissos que não

conseguia superar. Mesmo assim eu vivia, jogando de um lado para o outro, muitas vezes

deixando de lado os problemas para ter momentos agradáveis. Tive alguns. Poucos, mas

tive. Mas o pior dia, foi o da demissão...

Comecei a entrar em desespero, pois não sabia o que aconteceria nos próximos dias.

Sem trabalho, sem dinheiro de rescisão, eu estava completamente falido. Levantei a cabeça

por um momento e vi algumas pessoas sorrindo. Do outro lado, um casal tentava se devorar

ardentemente. Balancei a cabeça negativamente, acendi meu último cigarro e fiquei no

canto mais afastado daquele lugar. E sob aquela árvore, meus pensamentos se voltaram

para meu interior, e algumas vozes que denomino demoníacas começaram a sussurrar

coisas em meus ouvidos. Diziam que sofreria muito. Questionavam sobre minha família, o

que eles iriam comer no café da manhã? E no almoço? De repente aqueles pensamentos

foram criando forças em meu interior e comecei a olhar para vida como se estivesse dentro

de uma redoma em minhas mãos. Naquele momento não me julgava parte de tudo, mas sim

como um palavrão descabido numa poesia de amor.

Depois de quinze infindáveis minutos o ônibus finalmente chegou. Estava tão

consumido e atormentado pelos pensamentos que entrei primeiro. Algumas mulheres que

costumavam pegar aquele mesmo ônibus estranharam minha atitude, sempre as esperava

subir, mas naquele dia, tudo que queria era encostar minha cabeça e adormecer e foi

exatamente isso que fiz assim que sentei...

Sentei num dos últimos bancos e encostei minha cabeça no vidro, fiquei olhando

para as pessoas que entravam e o casal que tentava se devorar, para minha infelicidade,

sentou bem na minha frente. Aqueles olhares carinhosos, aquelas carícias e juras,

começaram a me incomodar de tal modo que estava prestes a pedir para os dois pararem. O

que poderia perder? Tudo já estava perdido!

O ônibus começou a andar e o barulho abafou suas palavras e assim pude encostar

no vidro para dormir. Meus olhos estavam fechados, mas minha mente girava e uma dor

tenebrosa crescia em meu peito, estava completamente perdido, não havia lugares para

abrigar-me, não tinha nenhuma escolha para fazer, era apenas aceitar tudo e tentar de

alguma forma melhorar.

De repente senti a pessoa que estava ao meu lado se levantar e logo em seguida,

sentou um homem com um cheiro insuportável de bebida. Parecia alto, pois quase sentou

no meu colo.

— Desculpe... – disse ele com sua voz embargada de bebida.

Não disse nada, apenas ignorei. Não queria conversar com ninguém, preferia ficar

ali no meu canto, quieto, apenas com meus pensamentos, mas o bêbado, longe de toda a sua

distinção, continuou.

— Você está dormindo?

Não respondi nada, continuei com os olhos fechados e, visivelmente irritado.

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— Eu não consigo dormir no ônibus, sabia? – continuou impertinente. — Eu fico

pensando nas pessoas que estão lá fora, e percebo que andar de ônibus é como a vida...

passa rápido e todos tem um lugar para chegar.

Aquelas palavras faziam sentido. Abri um dos olhos discretamente, ele não estava

olhando para mim, mas sim para o outro lado da rua. Me ajeitei na cadeira e sem querer

esbarrei em seu pé, mas não achei que devia pedir desculpas, mas, aquele bêbado, com uma

voz calma e educada pediu desculpas humildemente, e naquele instante percebi o quanto

estava sendo arrogante.

— Sou eu que lhe devo desculpas. – disse sem abrir os olhos.

— Não precisa se desculpar. – Comentou o bêbado com um tom sereno. — Estou

acostumado com essas coisas. As pessoas pisam, esbarram e não pedem desculpas.

Acontece todos os dias... Mas não dou muito importância para isso, existem outras coisas

para se pensar.

— E que uma pessoa que faz o que você faz pode pensar? — me surpreendi com

minha própria pergunta. — Você é um alcoólatra e deve gastar todo seu dinheiro com isso?

Me deixe dormir, sim.

Por alguns instantes fiquei olhando para o ébrio, seus olhos estavam vermelhos e

pela expressão de sua face, minhas palavras tinham alcançado meu intento, mantê-lo de

boca fechada. E por alguns instantes fiquei livre daquela voz embastada e odorosa. Os

pensamentos voltaram a povoar minha mente e comecei a ter visões dos dias que estavam

por vir. Meus filhos sentados à mesa olhando para aqueles pratos azuis completamente

vazios, minha mulher com seu olhar otimista tentando me acalmar e esperançar a si mesma.

Sentia medo, mas não podia fazer nada.

— Posso pensar muitas coisas que lhe deixariam impressionado. — Ao ouvir a voz

daquele homem os pensamentos se dissiparam e deram lugar a uma raiva extrema. —

Muitas coisas que o senhor nem imagina... Mas... — ele suspirou profundamente e

continuou. — Nunca emaranhei os cabelos de nenhuma mulher, nunca pude olhar para um

filho adormecido no berço... Nunca tive ninguém para me esperar após o trabalho. Muitas

pessoas as têm, mas não sabem o verdadeiro valor, eu tenho a bebida que me faz esquecer

esta dor, mas acha que durmo tranqüilo? Quando o sol nasce para meus olhos calejados

pelas lágrimas, eu sei que tenho mais um dia para pensar nas coisas que não tenho, mas,

mesmo assim eu sou feliz. Não tenho um lugar seguro para morar, moro no fundo da casa

de um amigo, no banheiro desativado do quintal... Preferia morar no outro que ele construiu

dentro de casa, é grande e não tem trocentos mil vazamentos, mas... Pelo menos tenho um

lugar.

A raiva que sentira ao ouvir a voz do homem, ao som daquele relato se perdeu e

decidi conversar um pouco com aquele estranho, que mesmo embriagado, parecia ter

alguma espécie de consciência. Ao ver meus olhos abertos, ele sorriu e continuou.

— Obrigado pela atenção, gosto de conversar, de conhecer as pessoas, mas, nem

todas estão abertas a isso. Elas muitas vezes olham para as outras por terem algo que

possam beneficiá-las de alguma forma. Um rosto bonito, um corpo esguio, dinheiro e etc.,

Elas não se perguntam, não se cumprimentam, não acreditam que podem aprender muitas

coisas com as outras pessoas... Veja você, por exemplo, tantos problemas em seus olhos...

— ele olhava atenciosamente nos meus olhos. — Parou para me ouvir, sei que preferia ficar

aí encostado batendo a cabeça com a trepidação do veículo. Não posso lhe ajudar em nada,

como você mesmo disse: sou apenas um bêbado! Uma pessoa que fica duas horas do seu

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dia dentro de um bar enchendo a cara. O que uma pessoa como eu poderia lhe oferecer de

bom? Nada. A não ser essência de cana no hálito.

— Desculpe pela minha grosseria... – Disse sem jeito diante de toda aquelas

palavras. Tudo que aquele homem queria era apenas um pouco de atenção, alguém para

conversar, não era do tipo que parecia ter muitos amigos. — Estou tendo um dia péssimo,

nada deu certo desde a hora que levantei. Perdi emprego, perdi meus direitos e tudo mais

que possa imaginar.

— E é só por causa disso que está deste jeito?

Franzi a testa e olhei seriamente para aquele homem que balançava lentamente de

um lado para o outro sem equilíbrio. Da forma que comentou pareceu algo tão

insignificante que acabei me arrependendo de ter puxado conversa. Um sentimento

turbulento começou a subir lentamente pelas minhas entranhas, alcançando meus lábios e

tornando-se palavras amargas.

— Como pode achar algo tão simples? Não sabe como esta a situação de tudo! Não

há empregos, tenho 35 anos e com está idade tudo se torna mais difícil. Tenho filhos, pago

aluguel e tenho contas para pagar e você acha simples!

— Muito simples. — concordou me deixando irritado. — Tendo tantas

responsabilidades seu primeiro passo seria pensar numa forma de consertar tudo. Não pode

agir desta forma, quando um ser humano se desespera ele perde toda a razão de seus

pensamentos e quando isso acontece, a resposta que muitas vezes está em nossa frente não

é vista, compreende? Veja. O que está ganhando agora? Seus pensamentos são como

açoites em suas costas nuas, que, por ser tão temeroso pelo amanhã, chega a machucar sua

alma. Pense, reflita e tenha calma. Acalme-se, você vai encontrar uma solução.

— Desculpe meu senhor... — disse com certo desprezo. — Não costumo aceitar

conselhos de uma pessoa que não faz deles seu próprio uso. Não há valores reais em suas

palavras.

— E você acha que sua vida é semelhante a minha?

Ele olhava seriamente. Não sabia o que dizer, estava sem palavras, com certeza,

tínhamos uma vida completamente diferente. Aquele homem não tinha obrigações e vivia

de favor na casa dos outros.

— Gosto de minha vida do jeito que é. — Continuou o velho perante meu silêncio.

— Posso desejar o que nunca tive, mas não posso sentir falta de um sabor que nunca

provei. Nossas vidas são distintas, mas compartilhamos de alguma forma algo além de

nossa compreensão e cada um tem o seu caminho traçado. Não há outro e não há

escapatória, as únicas coisas que mudam são as opções e mais nada. Somos feitos da

mesma matéria, somos carne, ossos, substâncias, moléculas e tudo mais que vemos pelo

mundo. Somos semelhantes a tudo que existe e ao mesmo tempo somos diferentes.

— Desculpe. – Disse – Mas não estou conseguindo acompanhar seu raciocínio...

— É simples demais, moço. – Disse após alguns minutos de silêncio – Apenas disse

algumas palavras para mostrar-lhe o quanto as pessoas menosprezam as outras. Quando

sentei ao seu lado, julgou-me um bêbado e nada mais, mas ao falar, percebeu que valia a

pena dar atenção. Vivemos em um mundo mascarado, onde as pessoas escondem o que tem

de melhor, eu vejo as coisas que tem em você através de seus olhos, mas, sua dor e

preocupação são tão grandes que não percebe isso, para ser mais preciso... Por um acaso

parou algum dia diante de um espelho e olhou para você mesmo? Já parou para olhar em

seus olhos e tentar adentrar seu interior?

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Permaneci em silêncio e fiquei estarrecido ao perceber que a voz daquele homem

que era imprecisa agora era grave e forte e que os pensamentos que me acoitavam

impiedosamente haviam se calado.

— Deveria fazer isso algum dia, você se surpreenderia com tudo que pode realizar.

Muitas vezes somos forçados a caminhar por vales tenebrosos repletos de inconstantes

sentimentos negros. Aquelas vozes começam a tintinar em nossa mente nos impulsionando

para o fracasso. Desesperados e com os ouvidos abertos apenas para as vozes exteriores nos

entregamos a essas divagações negativas e adentramos nos túneis labirínticos de nossas

decepções.

O homem se levantou lentamente e fiquei impressionado com seu semblante, seu

rosto possuía um brilho estranho, parecia luminoso. Ele deu o sinal para o motorista e antes

de ir para trás concluiu.

— Olhe para o mundo que está a sua volta, aprenda a interpretar os sinais que a vida

lhe mostra, e não tenha medo do amanhã, pois como sabe, depende de hoje, melhore seu

amanhã a partir de agora, se ninguém lhe jogar a corda quando estiver no fundo do poço,

não se esqueça que tem duas mãos e que pode sair sozinho. A tua vida, está em suas mãos.

Não condene Deus por isso, se deseja condenar algo, condene o seu próprio livre-arbítrio.

Meu amigo, se todos estivéssemos agregados a responsabilidade direta Dele, com certeza

não precisaria de um garoto de recados como eu. Adeus.

Permaneci em meu lugar entorpecido pelas palavras daquele homem. Senti algo que

jamais sentira dentro de mim, uma paz estranha. Olhei para fora e vi um mundo novo, ou

melhor, um mundo velho que jamais olhei daquela forma, eram meus olhos que haviam se

aberto para as coisas invisíveis que existem entre nós e naquele momento senti uma

felicidade explodindo em meu peito. Percebi que o dia seguinte seria mais uma vitória, pois

enxergaria novamente a luz do sol e assim poderia reconquistar o que havia perdido.

Tomado por uma bola de neve de emoção levantei-me para agradecer àquele

homem por suas palavras, mas ao olhar para os lados percebi que ele não estava ali. O

ônibus não havia parado ainda, estiquei o pescoço para procurá-lo, mas não havia ninguém

além do pessoal que se aglomerava então, levantei do meu lugar e caminhei pelo ônibus a

sua procura, mas não estava mais ali, por alguns instantes fiquei olhando, foi quando decidi

perguntar por aquele homem.

— Com licença. – Disse me dirigindo para um garoto de 18 anos que estava

encostado à porta. – Por um acaso não viu um homem grisalho descendo do ônibus?

— Olha o tio, Ale. — caçoou o amigo do rapaz. — O cara quer saber se você repara

nos caras.

— Não é isso. – Disse.

— Aí. – Começou o garoto. — Com tanta mulher neste ônibus você acha que iria

desperdiçar meus olhos com um velho grisalho? Volta a dormir, tio.

— Eu não estava dormindo! – Defendi.

— Como não? – Comentou o outro garoto. — Estava quase babando! Entramos

logo depois de você.

Eu olhei para o lado surpreso com aquela informação e um homem carrancudo

meneava a cabeça negativamente, e, olhando para seus olhos percebi que me achava um

bêbado. Sem jeito, desci do ônibus e andei até chegar a minha casa.

E esta é minha estória, desde aquele dia, muitas coisas mudaram, hoje não trabalho

para ninguém, como disse para aquele homem, não conseguiria mais emprego por causa da

idade, montei uma empresa e fui lutando para chegar até aqui, hoje tenho uma vida mais

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instável e segura e emprego pessoas dos trinta anos para cima. Tenho uma fábrica de velas,

uma empreiteira, na qual fui o primeiro funcionário, e estou começando a comprar ônibus

para fazer turismo pelo Brasil.

Isso aconteceu há dez anos atrás, mas até hoje lembro da voz daquele homem que

nos primeiros momentos ignorei, mas que depois passei a ouvir e por incrível que pareça,

até hoje, se fechar meus olhos, posso ouvir sua voz em minha mente dizendo.

— Eu sabia que conseguiria! — E essa voz aos meus ouvidos tem a luminosidade

de uma estrela tão clara e sincera que nossos olhos jamais avistaram nos céus.

— Desculpe senhor. – disse o rapaz que estava ao meu lado. — Se tudo isso

realmente é verdade, se realmente és um homem bem sucedido... Porque pega ônibus?

Naquele momento, suspirei profundamente e com um sorriso nos lábios, respondi

antes de levantar.

— Aquele homem fez algo por mim e quero retribuir de alguma maneira.

— Continuando pegando ônibus?

Eu me levantei, mas antes de caminhar para descer no meu ponto, respondi:

— Para conhecer pessoas como você, e relatar os meus fatos, todos os infortúnios

que me levaram ao fundo do poço e toda a fé que me trouxeram perante seus olhos. Apenas

pense em minhas palavras e tenha uma boa tarde.

Autor: Adriano Villa