CONTOS AMBIENTAIS

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10 Histórias e Curiosidades sobre a Fauna Brasileira

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ContosAmbientais

Carlos Daniel

Fábio FernandoIlustrações

10 Histórias e Curiosidades sobre a Fauna Brasileira

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© 2012, Editora José Luís e Rosa SundermannA editora autoriza a reprodução de partes deste livro para fins acadêmicos e/ou de divulgação eletrônica, desde que mencionada a fonte.

Coordenação Editorial: Henrique Canary e Jorge BreoganRevisão: Simone Cardoso Revisão final: Eloísa S. AragãoCapa, ilustrações e projeto gráfico: Fabio Fernando

Texto fixado conforme as regras do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Toni, Carlos Daniel Contos ambientais - 10 histórias e curiosidades sobre a fauna brasileira. São Paulo: Editora José Luis e Rosa Sundermann, 2012.176 p., 1ª edição.

ISBN: 978-85-99156-80-3

1. Literatura infantil 2. Meio ambiente 3. Ficção 4. Fauna brasileira

wEditora José Luís e Rosa SundermannAvenida Nove de Julho, 925 • Bela Vista • São Paulo • Brasil • 01313-000• 55 -11 3253 [email protected] • www.editorasundermann.com.br

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Para Ana Clara, João Gabriel e Antônio Luiz, três tesouros que a vida me deu e que guardo

comigo, meus queridos filhos.

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A TEIMOSA ANA CLARA

AS CASTANHAS

DE JÚLIA

RAUL, O MARRONZINHO

O COPINHO DE JOÃO GABRIEL O DIA EM

QUE SANDRA GRITOU

Pág. 27Pág. 11

Pág. 43

Pág. 79Pág. 61

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O MEDO DE MARIA LUIZA O RIO DE

ARTUR

OS AMIGOS DE ANTÔNIO LUIZ

OS FILHOS DE DONA SI

ROBERTO, O GALO QUE

PENSAVA SER GAVIÃO

Pág. 159

Pág. 129

Pág. 147

Pág. 97 Pág. 111

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S ou pai de Ana Clara, João Gabriel e Antonio Luiz. Faz anos que os vejo brincar e, com

facilidade, entro nesse mundo de brincadeiras das crianças. Sei também que elas adoram bichos e a natureza. No tempo em que morei na Amazônia, observei

diversos costumes de animais. Isso me inspirou a escrever os contos e as curiosidades que apresento agora a você, pequeno(a) leitor(a).

Cada um dos dez contos é precedido de uma pe-quena ficha técnica que relata curiosidades sobre os animais da fauna brasileira que protagonizam as histórias.

Boa leitura!

Carlos Daniel

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ContosAmbientais10 Histórias e Curiosidades sobre a Fauna Brasileira

Carlos Daniel

Fábio FernandoIlustrações

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A TEIMOSA ANA CLARA

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CURIOSIDADES SOBRE AS ABELHAS

• Têm seu sexo definido por um proces-so natural chamado de partenogênese. Se o ovo da fêmea for fecundado, nasce uma abelha fêmea, caso contrário, nasce macho.

• Vivem em sociedade.

• O que diferencia a rainha das operá-rias é a alimentação. Enquanto a rainha, que só come geleia real, vive cerca de cinco anos, as operárias, que comem mel, vivem cerca de três meses.

• Têm o corpo dividido em três partes: cabeça, tórax e abdômen.

• São invertebradas (não possuem coluna vertebral).

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A na Clara era uma linda princesa. Suas cores pareciam pintadas à mão, de um

amarelo forte que realçava a elegância de seu corpo listrado.

Todas as abelhas da colmeia maravilha-vam-se ao ver tão belas cores.

A Teimosa Ana Clara

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Mas isso não era tudo. Além de bela, Ana Clara era dotada de rara inteligência.

Conhecia toda a história da colmeia, sa-bia cantar várias músicas, dançava como ninguém. E, acima de tudo, adorava brincar.

Talvez você esteja pensando: Que abelha encantadora!

Mas Ana Clara tinha um defeito: não sa-bia ouvir os outros. Se alguém lhe dava um conselho, ficava zumbindo à toa.

Para ela, não era importante ouvir as experiências das outras abelhas, pois tudo o que precisava para viver estava nos livros.

Assim, costumava dizer para si mesma:

― Uma abelha comum, que mal sabe falar direito, quer ensinar alguma coisa a uma princesa? Ora essa!

Mas por educação fingia escutar o que lhe diziam. Fazia isso sempre do mesmo modo: o que ela escutava entrava por um ouvido e saía pelo outro.

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Numa bela manhã de sol, a linda abelha resolveu passear e colher néctar.

A Teimosa Ana Clara

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

No caminho, encontrou sua amiga Cora, uma habilidosa operária que já estava voltando com um monte de néctar.

Ao ver Ana Clara, Cora lhe disse:

― Ana Clara, não vá pelo caminho da Lagoa Azul. É por lá que andam os humanos que colhem flores. Você pode ficar presa numa armadilha e não conseguir voltar para casa.

Ana Clara respondeu:

― Obrigada Cora, pode deixar comigo.

Aquela era mais uma de suas respostas prontas. Ela ignorou as palavras da amiga. Seguiu o caminho da Lagoa Azul enquanto pensava:

― Aqui a estrada é tão bonita e as flores têm o melhor néctar que já provei.

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No início, achou estranho não encontrar nenhuma abelha naquele paraíso. Então pensou:

― Como são bobas, o dia está lindo e ninguém está aproveitando.

Quando chegou à margem da lagoa, pousou na primeira flor para beber o néctar e... zaz!

A Teimosa Ana Clara

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Um homem arrancou a flor e a colocou num saco grande.

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Já era tarde quando Ana Clara percebeu que era prisioneira e estava sozinha. Começou a chorar e pensou:

― Deve ser por isso que nenhuma abelha vem aqui. Por que ninguém me avisou? Puxa vida, a Cora não me disse nada.

A Teimosa Ana Clara

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Logo a Rainha sentiu a falta de Ana Clara. E por isso enviou tropas de operárias e zangões para procurá-la nos quatro cantos da mata.

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As investigadoras encontraram o chei-ro da princesa perto do caminho da Lagoa Azul. Sem demora, foram relatar a des-coberta à Rainha.

A Teimosa Ana Clara

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Muito preocupada, a mãe de Ana Clara perguntou às abelhas:

― Ninguém avisou minha filha de que não devia voar por lá?

― Eu avisei, mas acho que ela não quis me escutar ― disse Cora, um pouco tímida.

A Rainha sabia que sua filha era muito teimosa, mas mesmo assim não perdeu as esperanças. Organizou novas buscas, agora além da área da floresta.

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Ana Clara, com muito esforço, conseguiu sair do saco. Mas quando olhou ao redor não reconheceu o local:

― Devo estar muito longe de casa!

A Teimosa Ana Clara

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Sentou-se à beira de uma pequena fonte para descansar, quando avistou de longe suas amigas.

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Ela havia aprendido uma lição. Ana Clara voltou para casa e houve uma grande festa.

Anos depois, quando cresceu e se tor-nou uma poderosa Rainha, Ana Clara ficou conhecida pela sabedoria e delicadeza de seus conselhos.

A experiência na Lagoa Azul lhe ensi-nou que a inteligência também reside na humildade de escutar e aprender com os outros.

A Teimosa Ana Clara

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AS CASTANHAS DE JÚLIA

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CURIOSIDADES SOBRE AS CUTIAS

• A cutia é um mamífero roedor, que vive em matas e capoeiras, áreas com árvores grandes, rios e zonas pantanosas.

• Habita regiões do Brasil e das Guianas.

• Na época de escassez de alimentos, ela desenterra o que antes escondeu em vários locais perto de sua toca.

• Os membros anteriores são bem me-nores do que os posteriores e exibem quatro dedos funcionais utilizados para levar o alimento à boca.

• Para se proteger do ataque de preda-dores ou membros de outros grupos, ela costuma bater com as patas traseiras no chão.

• Apresenta de 1,5 a 2,8 kg de peso e mede entre 49 e 64 cm.

• Seu período de vida é de 18 anos.

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Alegre, inteligente, cheia de listras marrons e beges, assim era Júlia.

As Castanhas de Júlia

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Muito criativa, a jovem cutia dizia que suas cores eram especiais. Tinham sido pintadas à mão pelo próprio Portinari, inspirado ao ouvir o canto do Uirapuru.

Quem é esse tal de Portinari? E Uirapu-ru, será que a música dele toca em alguma rádio? Talvez agora você esteja fazendo essas perguntas...

Espere um pouco, já vou começar a ex-plicar tudo isso.

Portinari, cujo nome era Cândido Porti-nari, foi um grande pintor brasileiro. Ele soube fazer, por meio de sentimentos, cores e formas, pinturas incríveis.

E o Uirapuru é um pássaro que vive em florestas. Seu canto é belo, de uma me-lodia encantadora.

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Bem, você já percebeu quanto Júlia era cheia de imaginação. Era assim que ela explicava o motivo de ter listras deslum-brantes.

Os irmãos de Júlia tinham apenas uma cor. Por isso, sentiam inveja e a provoca-vam. Diziam que sua mistura de listras era um erro da natureza: antes de secar, as cores foram manchadas pela água da chuva.

As Castanhas de Júlia

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Não perdiam uma oportunidade. Toda vez que chovia na mata, gritavam:

― Corra Júlia, suas cores vão desman-char! Corra, corra!

Então, Júlia logo dava a resposta:

― Não seria mal ser pintada pela chuva. A chuva cai do céu e nele pinta um belo arco-íris.

Assim, Júlia levava seus dias, sempre brincando e feliz.

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Certo dia, Júlia e seus irmãos saíram para procurar umas castanhas enterradas.

Aposto que você está se perguntando: O que uma cutia faz com as castanhas en-terradas?

Elas costumam quebrar o ouriço, um tipo de casca grossa e escura, que envolve a castanha-do-Pará. Depois, comem até se fartar e enterram algumas para se ali-mentar em outro momento.

As Castanhas de Júlia

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Os irmãos de Júlia encontraram suas cas-tanhas, mas ela... Cavava, aqui e acolá, sem cansaço. Cavou tanto, mas nada encontrou.

Se seus irmãos não tivessem lhe dado al-gumas castanhas, ficaria morrendo de fome.

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Chateada, Júlia voltou para casa. À noi-te, sua mãe viu a filha tristonha e foi ter com ela uma conversa.

As Castanhas de Júlia

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Júlia contou- lhe que não encontrou ne-nhuma castanha, mas que tinha a certeza de que havia enterrado várias.

Sua mãe, com a experiência que só a idade pode trazer, deu-lhe um abraço e disse:

― Filha, não fique chateada. Ainda bem que não encontramos todas as castanhas que enterramos.

― Um dia ― continuou sua mãe ― quan-do eu era pequena, também fiquei triste por não encontrar minhas castanhas.

Dona Margarida, uma senhora cutia idosa de nosso bando, me confortou: “Ainda bem que não as encontrou. Assim, no futuro, seus filhos e netos também poderão ter castanhas para enterrar”.

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Dessa forma, minha filha, hoje agrade-ço não ter encontrado todas as castanhas que enterrei quando jovem.

As Castanhas de Júlia

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Mesmo confortada pela mãe, a pequena Júlia ficou sem nada entender.

Com a voz mansa e doce, a mãe de Júlia continuou:

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― As castanhas que enterramos e não encontramos muitas vezes vão formar novas castanheiras.

Um dia, quando essas sementes forem árvores altas e fortes, vão poder alimen-tar outras gerações de cutias.

As castanhas nos ajudam porque nós, cutias, também fazemos um bom serviço por elas quando as enterramos.

Uma castanheira nova não pode brotar debaixo da sombra de uma árvore adulta. Mas ela pode germinar e crescer se for uma castanha esquecida por nós embaixo da terra.

As Castanhas de Júlia

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Não pense que suas castanhas simples-mente se perderam, Júlia. Elas se trans-formarão em belas e frondosas árvores. Cheias de vida e beleza, acredite!

Julia ouviu tudo calada, mas mesmo muda, era possível ver-se a emoção que sentia.

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A partir daquela noite, com certeza, alguma coisa mudou dentro dela.

Júlia aprendeu que as coisas nem sem-pre são o que parecem ser e que uma pe-quena e momentânea perda pode ser uma grande conquista para o futuro.

As Castanhas de Júlia

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o MARRONZINHORAUL,

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CURIOSIDADES SOBRE AS ARANHAS

• Alimentam-se de insetos, controlam pestes que podem afetar a agricultura. Mas são vítimas dos agrotóxicos usados para matar os insetos, que se reprodu-zem mais rápido do que as aranhas.

• Aranhas vivem em muitos ambientes, de tundras e alpes a desertos e florestas tropicais.

• Há mais de 38 mil espécies de aranhas conhecidas.

• Quase todas as aranhas produzem ve-neno e teia. As teias são muito resisten-tes. Há anos, cientistas tentam criar teias em laboratório, mas não têm sucesso.

• A maioria das aranhas vive um ou dois anos, mas as tarântulas podem chegar aos 20 anos de idade.

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R aul foi o último ovo de Dona Aranha. Sua mãe, muito zelosa, dava a cada

filhote ao nascer, um cachecol.

Antes de nascerem os filhotes, Dona Aranha fez sete cachecóis. Cada um era de uma cor: vermelho, verde, amarelo, azul, laranja, cor-de-rosa e marrom.

Raul, o Marronzinho

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Quando Raul nasceu não restava mais nenhum cachecol que pudesse escolher, só o marrom.

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Seus irmãos tinham escolhido todas as outras cores.

Mas nem por isso Raul ficou triste,

sempre que fazia frio lá estava ele com o cachecol marrom.

De tanto usar o cachecol, seus irmãos o apelidaram de Marronzinho.

Todos os seus irmãos estavam satis-feitos com a cor do cachecol que tinham ganhado da mamãe. Mas achavam a cor marrom muito feia.

Não viam nada de importante na natureza que tivesse aquela cor.

Raul, o Marronzinho

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Marcos, o irmão mais velho, falava:

― Eu escolhi o cachecol vermelho, a cor das flores e das frutas. Vermelho é também a cor do coração. Agora, não conheço nada que tenha a sua cor, Marronzinho!

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Carol e Joana, as duas gêmeas, diziam que seus cachecóis eram os mais lindos.

Escolheram o laranja e o cor-de-rosa. Diziam que, em todo entardecer e ama-nhecer, o sol lhes presenteava pintando o céu com suas cores.

― Marrom... ― dizia Joana ― nunca vi nada bonito com essa cor.

Raul, o Marronzinho

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Ricardo, todo feliz com seu cachecol, dizia: ― Lindo é o azul, a cor do céu e da água do mar! ― E logo em seguida dizia que nada de belo tinha a cor marrom.

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Maria, que escolhera o cachecol amarelo, gostava muito de olhar as flores do Ipê.

Dizia que o Ipê amarelo fora feito em sua homenagem, por isso era tão belo.

Amarelo era também a cor do sol e dos girassóis. E comentava: ― Existe algo bonito que seja marrom? Nada, nadinha...

Raul, o Marronzinho

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Daniel sentia-se o mais felizardo de todos: escolhera o verde, a cor que mais se vê na natureza.

― O jacaré, a cobra, o papagaio, o sapo, muitos animais são verdes. Nada de belo tem a cor marrom! ― exclamava, todo cheio de si.

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Assim, Marronzinho passava horas ouvindo seus irmãos contarem como suas cores eram bonitas. Mesmo assim não reclamava e sempre dizia:

― Se eu tivesse sido o primeiro a nascer, ainda assim teria escolhido o cachecol marrom. Não sei explicar, mas existe algo muito lindo nessa cor. Um dia vou descobrir e contar a vocês!

Um dia, Marronzinho seguiu com a família numa longa viagem. Foram conhecer um rio enorme.

Todos estavam curiosos: tinham ouvido

dizer que era o maior e mais bonito rio do mundo.

Andaram muito para encontrar o famoso rio.

Raul, o Marronzinho

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

No caminho, perguntaram a uma cutia se o rio era mesmo bonito. Ela respondeu:

― Vocês não o conhecem? Todos os animais que ali estiveram encantaram-se com tanta beleza. É um rio enorme, cheio de peixes, suas águas são calmas. Tomar banho nele é um verdadeiro bálsamo!

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Mais adiante encontraram um macaco-aranha e fizeram-lhe a mesma pergunta.

― De tão grande, esse lindo rio parece o mar ― disse o bicho e saiu pulando.

Raul, o Marronzinho

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

A família estava viajando fazia uma semana. Até que começaram a sentir um cheiro diferente, uma brisa suave e delicada. Andaram mais um pouco e...

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Não podiam acreditar no que viram. Aquele rio era a coisa mais bela que já tinham visto!

De um lado suas águas eram escuras, negras, cheias de restos de folhas.

Do outro lado, as águas eram da cor marrom. Ah! Os irmãos de Marronzinho ficaram espantados. Não tinham mais o que dizer!

Estavam diante do encontro das águas do Rio Solimões com o Rio Negro, onde se forma o Rio Amazonas. Um dos maiores espetáculos da natureza.

Raul, o Marronzinho

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Marcos então olhou para Marronzinho que estava chorando de felicidade.

Ele pôde perceber o sentido das palavras de seu irmão caçula, que sempre sonhara com algo que fosse belo e marrom.

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Marronzinho sentiu grande emoção: seus irmãos entenderem que todas as cores têm seu lugar na natureza.

Quando em harmonia com outras, as cores ficam ainda mais belas.

Raul, o Marronzinho

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O COPINHO DE JOÃO GABRIEL

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CURIOSIDADES SOBRE OS SAPOS

• Os sapos fazem parte da classe dos anfíbios. Nascem como seres aquáticos e respiram por brânquias como os peixes. Depois de algumas semanas perdem a cauda, ganham pernas e vão viver na terra.

• Mesmo sendo animais terrestres, sapos não ficam longe da água. É que eles respiram também pela pele e para isso precisam mantê-la sempre úmida. Se ela ficar seca, podem morrer sufocados.

• Um sapo adulto come uma quantidade equivalente a três xícaras cheias de insetos por dia. Assim, ajudam a controlar a população de moscas e mosquitos.

• Alguns sapos podem saltar a uma altura de até vinte vezes seu próprio tamanho.

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C harmoso, inteligente e simpático. Assim era João Gabriel.

O Copinho de João Gabriel

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Desde girino, os amigos já conheciam sua fama. João trazia sempre um sorriso, um abraço e um carinho para dar a eles.

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Seu amigo Rafa lembrava-se muito bem de quando havia perdido seu boneco pre-ferido na escola. Foi João quem o ajudou a encontrar o boneco na hora do recreio.

João Gabriel ficou sem lanchar só para ajudar o amigo. Como Rafa poderia es-quecer esse gesto de solidariedade?

Eles também não esqueceriam as boas risadas que deram quando encontraram o brinquedo.

O Copinho de João Gabriel

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

O boneco estava escondido atrás da carteira do próprio Rafa!

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Tudo estava indo bem na vida de João Gabriel. Nada parecia faltar.

Até que um dia...

João acordou como de costume. Tomou banho... e foi tomar o café da manhã.

O Copinho de João Gabriel

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Quando o procurou seu copinho prefe-rido para tomar suco, não o encontrou.

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João Gabriel procurou no armário, na pia e até atrás do sofá, mas não encon-trou seu copo em lugar algum.

O Copinho de João Gabriel

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

O sapinho adorava seu copinho vermelho, como ele poderia tomar suco em outro copo?

Ele então perguntou para todos de sua família. Ninguém sabia de seu querido copo.

Para deixá-lo feliz, a mãe de João Ga-briel preparou um suco especial, que ele não conseguiu tomar. Ele estava tão cha-teado...

Seu pai contou-lhe muitas histórias, to-das divertidas, mas o sapinho não sorriu.

Na escola, as brincadeiras de correr, suas preferidas, não animaram João Ga-briel.

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O sapinho estava realmente triste.

O Copinho de João Gabriel

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À noite, o pai de João Gabriel pegou-o no colo e mostrou-lhe uma foto antiga. Nela o sapinho podia ver o pai ainda menino, segu-rando um caminhão de madeira.

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Ele contou ao filho que o caminhão da foto tinha sido seu brinquedo preferido na infância:

― Desde que ganhei este caminhão, quando eu era de seu tamanho, brincava com ele todos os dias. Até que um dia não o encontrei.

Fiquei muito triste nesse dia. Achava até que nunca mais iria sorrir.

Mas, no dia seguinte, ao acordar, olhei para a estante do quarto e notei quantos brinquedos especiais eu ainda tinha.

Então, percebi que melhor do que ficar triste seria brincar com todos eles.

O Copinho de João Gabriel

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Assim, o pai contou ao sapo que as coisas um dia se acabam e coisas novas sempre vão acontecer. Ele deu ao filho um lindo pacote e pediu para que fosse aberto no dia seguinte.

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O sapo, mesmo curioso, dormiu com o pacote na mão, sem abri-lo.

Na manhã seguinte, João Gabriel teve uma surpresa inesquecível quando abriu o pacote: era um copo novo, de cores ver-melho e azul.

O copo era maior e mais bonito que o antigo.

O Copinho de João Gabriel

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João Gabriel ficou tão feliz que pulou muitas vezes.

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Assim, já com o copo novo, o sapinho aprendeu que sempre podemos ser feli-zes com as coisas novas de nossas vidas.

O Copinho de João Gabriel

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O DIA EM QUESANDRA GRITOU

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CURIOSIDADES SOBRE O MACACO-ARANHA

• Possui membros compridos. Sua cau-da, que atinge de 50 a 90 centímetros, é usada para se mover com agilidade, para se pendurar e pegar pequenos objetos.• É encontrado nas florestas tropicais chuvosas.• Vive em grupos de até trinta indivídu-os e mede de 38 a 65 centímetros. • Habita os ramos mais altos das gran-des árvores, e ali dorme em grupos de dois ou três, presos uns aos outros pelas caudas. • No topo das árvores encontra seu ali-mento. Sua dieta inclui 90% de frutos e sementes, complementados com flores e brotos, nozes, sementes, insetos e ovos. • Dá saltos longos que chegam a mais de dez metros. • Os filhotes, durante os primeiros qua-tro meses, penduram-se na barriga da mãe. Depois passam para as costas dela. • Pode viver até 20 anos.

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S andra era uma macaca-aranha inte-ligente e arteira. Sempre tinha uma

piada para contar ou uma cambalhota di-ferente para ensinar aos amigos.

O Dia em que Sandra Gritou

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Ela tinha uma mania: ao contrário dos outros macacos, Sandra não gostava de gritar.

Sempre que seu bando começava a gritaria, ela ficava num canto esperando o alvoroço passar.

Para os macacos, os gritos são uma forma de se comunicar. Por exemplo, avisando a presença de algum predador ou ameaça. Mesmo sabendo disso, a macaquinha detestava a gritaria.

Assustada, seu coração parecia pular pela boca quando algum macaco do bando começava com o barulho.

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O Dia em que Sandra Gritou

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Camila, amiga de Sandra, ao perceber seu medo, certa vez lhe disse:

― Sandra, mesmo que você não goste, deve se acostumar com os gritos.

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― Na semana passada, por exemplo, se não fossem os gritos de José, o sentinela, a onça teria pegado um de nós. Eu mesma, quando pequena, fui salva de um gavião quando fui avisada pelos gritos. ― disse Camila.

O Dia em que Sandra Gritou

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― Eu sei, eu sei... ― respondeu a jovem Sandra ― ...mas não consigo gritar. Quando ouço os gritos, me assusto mais com eles que com o perigo.

Camila prosseguiu: ― Amiga, desde que o mundo é mundo é assim: nossa comunicação é feita usando gritos.

Sandra saiu pensativa. Era apenas mais uma macaca no meio do bando. Ainda que tivesse pavor dos gritos, sabia que a sobrevivência dos macacos-aranha dependia dela também.

Sabia também que deveria mudar de atitude e superar seu medo.

Daquele dia em diante, todas as tardes Sandra ficava sentada num galho de uma velha árvore sucupira. Ela pensava um modo de ser igual aos outros e aprender a gritar.

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Certa tarde, acabou tendo uma boa ideia. Iria acompanhar Maria, uma das sentinelas do bando, para com ela apren-der a controlar seu medo e conseguir gritar.

O Dia em que Sandra Gritou

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No dia combinado, as duas saíram em passeio pelas cercanias.

Maria ensinou Sandra a ficar quieta, de modo que não chamasse a atenção de outros bichos. E também demonstrou como se disfarçar no meio das árvores. Dessa forma, ninguém a veria.

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Após duas horas vigiando, Sandra percebeu que Maria, de tão tranquila, adormeceu. Nesse instante, avistou uma enorme sucuri com a boca quase ao alcance da amiga.

Sandra, desesperada, não sabia o que fazer para salvar Maria. Sem que pensasse, começou a pular e a gritar para afugentar a cobra.

O Dia em que Sandra Gritou

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A sucuri já estava prestes a agarrar Maria. Por um instante, ela se confundiu com a algazarra feita e se voltou para Sandra.

Maria acordou assustada e, ao perce-ber a cena, pulou para longe do alcance da cobra e começou a gritar também.

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Logo se podia ouvir em toda a mata o grito da macacada. O bando todo estava em polvorosa por causa da sucuri.

O Dia em que Sandra Gritou

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Inacreditável! Com os gritos de Sandra, Maria foi salva.

Passado o perigo, Maria foi agradecer a amiga:

― Sandra, você veio para aprender e acabou salvando minha vida. Estou muito satisfeita, seu aprendizado foi ótimo! Muito obrigada, amiga!

Sandra, com toda humildade respondeu:

― Na hora do perigo, nem me lembrei de que tinha medo dos gritos. Só quis salvar sua vida.

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O Dia em que Sandra Gritou

Maria, emocionada, abraçou Sandra e percebeu que ela finalmente compreen-dera o instinto de sobrevivência.

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

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Tempos depois, quando Sandra já era mãe, sempre contava a seus filhotes sobre o dia em que superou seu medo e aprendeu a gritar.

O Dia em que Sandra Gritou

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O MEDO DE MARIA LUIZA

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CURIOSIDADES SOBRE AS BORBOLETAS

• Passam por metamorfose: do ovo sai primeiro uma lagarta que se transforma em pupa e é envolvida por um casulo. A pupa se desenvolve e do casulo sai a bor-boleta. • As fêmeas põem até cem ovos e são maiores que os machos.• Têm o corpo dividido em três partes: cabeça, tórax e abdômen. São inverte-brados: não possuem coluna vertebral• Alimentam-se de néctar e folhas de vegetais.• No Brasil existem mais de 3.500 espé-cies.• As borboletas utilizam várias técnicas para que as suas asas tenham cores tão belas. Estas podem utilizar os pigmentos coloridos contidos nas folhas das plantas que consomem antes da metamorfose.• Vivem de 6 a 10 meses.

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Maria Luiza era uma lagarta muito di-ferente.

Seus irmãos comiam muito para torna-rem-se logo borboletas. Mas ela não que-ria deixar de ser lagarta.

Talvez sua angústia fosse porque ela nascera do primeiro ovo.

Maria Luiza já era lagarta enquanto seus irmãos ainda não tinham eclodido.

O Medo de Maria Luiza

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Por isso, não tendo com quem brincar, ela sentiu-se muito sozinha.

No dia em que seus irmãos nasceram foi uma alegria. Ela percebeu que não era so-zinha no mundo.

Maria Luiza já tinha uma família.

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Mas ela ainda temia que quando virasse borboleta não iria mais ver seus irmãos. Pensava que cada um seguiria um caminho diferente.

De manhã, logo cedo, seus irmãos toma-vam o café, Maria Luiza, porém, ficava encolhida. Ela só os observava, com pre-guiça.

O Medo de Maria Luiza

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Sem se alimentar, Maria Luiza foi fican-do fraca até que um dia adoeceu.

Seus irmãos foram correndo levá-la à doutora Ema.

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A doutora Ema não acreditou no que via: uma lagarta com depressão.

O Medo de Maria Luiza

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Ao saber do motivo de sua angústia, a doutora disse:

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― Querida, na natureza as coisas não ficam paradas. Eu já fui bem pequena, apesar de hoje ter este pescoço enorme.

Ficava pensando: “quando eu crescer, não sentirei vertigens?” ― Sempre tive medo de altura. No começo não foi fácil, mas hoje até gosto de ser alta.

E completou comentando algumas vanta-gens:

― Posso ver o Sol nascer antes dos ou-tros bichos. Também posso pressentir a chegada da chuva e até fingir que vivo nas nuvens como um pássaro.

Quando você virar borboleta, Maria Lui-za, vai poder cheirar o perfume das flo-res, sentir o vento e se admirar com a sua beleza.

E seus irmãos poderão voar para o mes-mo bosque, não se preocupe.

O Medo de Maria Luiza

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Maria Luiza saiu da conversa decidida a mudar.

A partir daquele dia começou a comer de tudo, nem parecia a mesma.

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Até que numa chuvosa manhã de céu rosa, a lagarta sentiu algo diferente.

O Medo de Maria Luiza

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Seu casulo começava a nascer. Ela iria se tornar borboleta, finalmente.

Passados dois meses, como que num pas-se de mágica, o casulo se abriu.

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Dele saiu uma lindíssima borboleta.

Maria Luiza já não sentia medo. Agora, voava soberana por entre as flores.

Seus irmãos ficaram admirados com tanta beleza e um deles exclamou:

― Que linda! Vamos chamá-la de Rainha das Borboletas!

Maria Luiza aprendeu a enfrentar seus medos. Assim, ensinou a todos que as mu-danças da vida, muitas vezes, são para melhor.

O Medo de Maria Luiza

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O RIO DE ARTUR

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CURIOSIDADES SOBRE OS JACARÉS

• Os jacarés ficam expostos ao sol para se aquecer, pois são animais com a tempe-ratura variavel (pescilotermos).• Podem viver até a idade de cinquenta anos.• Descendem de espécies surgidas há pelo menos 200 milhões de anos.• Uma diferença entre o jacaré e o cro-codilo: quando o crocodilo está com a boca fechada, o quarto dente inferior de cada lado permanece visível.• O jacaré-açu é considerado o maior ja-caré de nosso país, e pode atingir até 5 metros de comprimento. • Nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil, houve grande caça de jacarés, cujas peles eram usadas, pela indústria, para fazer bolsas e sapatos de luxo. • Além da caça visando ao couro e à carne, a sobrevivência dos jacarés é ameaçada pela poluição das águas e seus arredores.

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Artur, desde que nasceu era o jacaré que mais gostava de nadar.

Os outros jacarés ficavam às mar-gens do rio para se aquecer. Mas Ar-tur passava o dia mergulhando e brin-cando na água.

Sua mãe dizia que, mesmo antes de nascer, quando estava no ovo, Artur já sonhava com o rio.

O Rio de Artur

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Ela também contava que ele foi o pri-meiro jacarezinho da ninhada a correr para a água.

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Logo cedo Artur aprendeu a ser ágil e veloz na água...

O Rio de Artur

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Mesmo que seu andar parecesse de-sengonçado, meio torto...

...Artur era, de longe, o jacaré que melhor nadava naquele rio.

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Sempre que chegava um colega novo, Artur convidava-o para um mergulho. Às vezes, para nadarem de costas ou prenderem a respiração na água.

Certo dia em um mergulho, Artur co-nheceu Pedrinho, um pequeno girino (filhote de sapo).

Você acha estranha a amizade entre um jacaré e um girino?

Mas Artur era assim mesmo, Bastava encontrar qualquer bicho na água que ia logo fazendo amizade. Ele sabia que o rio era para todos.

O Rio de Artur

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Os dois amigos adoravam mergulhar, um em companhia do outro.

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Pedrinho, com o passar do tempo, percebeu que só tinha uma coisa que deixava Artur chateado. Era quando ele encontrava lixo no rio.

O pequeno jacaré não entendia como podiam poluir um lugar tão bonito.

Certa vez, Pedrinho encontrou Artur chorando numa margem e então per-guntou:

― O que foi amigo? Por que está as-sim tão triste?

Artur respondeu:

― Fui dar um mergulho na curva do rio e lá encontrei dois tracajás, pre-sos nos restos de uma malha de pesca-dor. Tentei salvá-los, mas já estavam sem vida.

O Rio de Artur

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Morreram afogados porque não con-seguiram subir para respirar.

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E Artur, muito desolado, desabafou:

― Será que as pessoas pensam que o que elas jogam no rio desaparece? Quando vão parar de jogar lixo em nossa casa?

Elas deviam reciclar pneus velhos, la-tas de cerveja e restos de óleo ao in-vés de jogá-los aqui em nosso lindo rio.

O Rio de Artur

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Pedrinho tentou alegrar o amigo:

― Não fique assim... Um dia todos amarão e cuidarão dos rios. E nunca mais veremos animais mortos por cau-sa da poluição.

Então, o girino logo tratou de convidar Artur para brincarem de esconde-es-conde e aproveitarem a tarde de Sol.

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Assim seguiam-se os dias. Os dois amigos sempre brincando nas calmas águas do rio.

Meses depois, Artur percebeu que Pedrinho estava diferente. Sua cara estava meio inchada, estava gordo e quase sem cauda.

Ao ver aquilo, Artur perguntou, as-sustado:

― Pedrinho, você está doente? Seu rosto está enorme... E sua cauda... pa-rece estar sumindo.

Pedrinho respondeu:

― Amigo, não precisa ficar preocupa-do. Apenas estou me transformando. Chegou minha hora de sair da água para viver na terra como um sapo adulto.

― Você vai viver na terra? Não va-mos mais nadar juntos no rio? ― per-guntou Artur.

O Rio de Artur

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

― Calma, vou explicar... Vocês jaca-rés nascem na terra e correm para a água... E nós, os sapos, nascemos na água e quando ficamos adultos pula-mos para a terra ― disse o jovem sapo com tranquilidade .

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Artur, pensativo, respondeu:

― Uma pena: não vou mais vou ter sua companhia na água...

Mas quando sentir saudades de nos-sa amizade, venha me visitar aqui no rio. Vai ser um grande prazer!.

Além do mais, estou feliz por sua transformação.

― Feliz? Perguntou o amigo.

― Sabe Pedrinho, muitos dizem que o rio é bonito e deve ser preservado. Poucos, no entanto, entendem a impor-tância dele ― continuou Artur.

Nós, os jacarés e os sapos, sabemos que sem o rio não viveríamos.

O Rio de Artur

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Artur ainda disse ― Podemos andar nas margens do rio, mergulhar em seu leito... Conhecemos as corredeiras, as pedras e os igarapés.

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Estou feliz, amigo, em saber que, por onde você andar, contará a todos o que aprendeu aqui.

Assim, quem sabe, chegará o dia em que todos amarão e respeitarão os rios.

Naquela tarde, os amigos despedi-ram-se. Mesmo no momento do adeus, levaram consigo as boas lembranças.

Levaram também um presente guar-dado no coração: A esperança de que, nas gerações futuras, muitos sapos e jacarés possam viver e amar este mes-mo rio em que eles tanto brincaram.

O Rio de Artur

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OS AMIGOS DE ANTÔNIO LUIZ

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CURIOSIDADES SOBRE OS PORAQUÊS

• O poraquê, também conhecido como pei-xe elétrico ou enguia elétrica, pode pro-vocar uma descarga elétrica de até 600 volts. Com essa energia, daria para ligar uma televisão.• Ele utiliza essa descarga elétrica para atacar ou para se defender. • A descarga é produzida por células mus-culares modificadas – os eletrócitos, sen-do o conjunto deles denominado de eletro-placas.• Vive nos rios do Brasil, da Colômbia, da Venezuela e do Peru.• A cada oito minutos, em média, precisa subir à superfície da água para respirar.• É um dos maiores peixes de água doce da América do Sul. Pode atingir 2 metros de comprimento e pesar até 20 quilos.

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Antônio Luiz não gostava de ir à es-cola. Tudo porque, em seu pri-

meiro dia de aula, ouviu de longe seus colegas comentarem que não seria pru-dente ficar perto dele. Afinal, era um peixe elétrico e poderia ser perigoso.

Os Amigos de Antônio Luiz

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Mas ele pensava: ― Como posso aceitar que eu seja um perigo aos outros? Nunca quis fazer mal a ninguém.

E assim seguiam os dias...

Sempre que Antônio Luiz se aproximava de seus colegas eles logo davam um jeito de se afastar.. E, com a rejeição de to-dos, ele foi se tornando um poraquezinho muito triste.

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Um dia, de tão chateado, Antônio Luiz acordou sem forças para ir à escola. Sua mãe ficou bem preocupada...

Os Amigos de Antônio Luiz

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

A professora, ao perceber a ausência do poraquê, aproveitou para conversar com a turma sobre o assunto.

Então, perguntou a todos por que nin-guém andava com Antônio Luiz.

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Laura, uma filhota de tucunaré, foi logo tomando a palavra:

― Professora, como poderia confiar em um poraquê? Sem o menor aviso ele pode nos dar um choque. Minha mãe me avisou que eu poderia até morrer.

Os Amigos de Antônio Luiz

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Diego, um filhote de arraia, o aluno mais envergonhado da turma, pediu para falar. Todos se assustaram, pois Diego detestava falar em público.

Com uma voz trêmula e baixa, começou:

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― Sabe professora, andei pensando se é mesmo certo tratarmos Antônio Luiz com tamanha indiferença.

Meu pai me disse que, quando peque-no, chegou à escola e muitos colegas tinham medo dele. Medo de seu ferrão.

Com o tempo, eles entenderam que o ferrão para nós, ar-raias, não é uma ame-aça: é uma defesa na-tural. Sem ele, muitos predadores acabariam com nós. Ficaríamos indefesos.

Quando viram que meu pai nunca usava seu ferrão sem motivo, os colegas passa-ram a se aproximar dele.

Muitos daqueles colegas até hoje são seus amigos.

Os Amigos de Antônio Luiz

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Será que com os poraquês não acontece algo parecido? ― terminou Diego.

A professora, perplexa com o raciocínio desenvolvido pelo tímido Diego, retomou a palavra e perguntou:

― Vocês já viram Antônio Luiz ameaçar ou descarregar eletricidade em algum colega? Aposto que não!

Eu penso ― continuou a professora ― que quando tratamos alguém com preconceito e diferença, atribuímos a este, característi-cas que muitas vezes não são suas.

Antônio Luiz é um peixe elétrico, sim. Se precisar em alguma situação, pode produzir energia elétrica e soltar des-cargas. Esse fato não o torna mal. Ele é apenas diferente de nós.

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E a professora prosseguiu:

― Cada um tem sua própria caracterís-tica, como bem comentou Diego.

Pensem, se vocês não gostassem de ca-lor, poderiam pedir a Guaraci que não os esquentasse?

Ou ainda, exigiriam que Jaci brilhasse me-nos caso quisessem a noite mais escura?

Com um tom inconformado, Laura, a filhota de tucunaré, a interrompeu:

― Professora, precisamos de Guaraci e de Jaci, afinal, eles nos criaram. Já os poraquês, além de dar choques, para que poderiam servir?

Com a calma de sempre a Professora respondeu:

Os Amigos de Antônio Luiz

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

― Laura, se um bicho existe, certamen-te ele tem sua importância. Os poraquês, por exemplo, com suas descargas elétri-cas, podem facilmente expulsar um intru-so do rio e proteger a todos nós.

Bateu o sinal do recreio, e a conversa logo acabou. Não demorou muito e todos estavam brincando em rodas no pátio.

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Mas Laura não conseguiu parar de pensar na injustiça cometida contra o colega...

Ela não queria mais ver o poraquê infeliz.

Os Amigos de Antônio Luiz

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Irrequieta, aproximou-se de Diego e o convidou a visitarem Antônio Luiz depois da aula.

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Em seu quarto, o poraquê ficou assusta-do quando sua mãe entrou e anunciou as visitas.

Que estariam fazendo em sua casa co-legas que mal lhe davam “oi”?

Mesmo surpreso, foi ao encontro deles.

Os Amigos de Antônio Luiz

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

De início, estavam um pouco tímidos. Mas logo conversaram como grandes amigos.

Passaram uma tarde muito divertida. Laura perdeu as contas de quantas vezes riu com as histórias do poraquê.

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Daquele dia em diante, Antônio Luiz, Laura e Diego tornaram-se amigos inse-paráveis. Eram sempre vistos brincando ou nadando pelos cantos da escola.

E esta bela amizade entre um poraquê, uma arraia e uma tucunaré só foi possível porque ambos perceberam que poderiam conviver e entender as diferenças entre eles.

Os Amigos de Antônio Luiz

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OS FILHOS DE DONA SI

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CURIOSIDADES SOBRE OS TUIUIÚS

• O tuiuiú, também chamado de jaburu, é a ave símbolo do Pantanal.

• Vive nas margens de lagos e pântanos em regiões da Amazônia até o Paraná.

• Quando adulto pode medir até 1,20 metro de altura e sua envergadura che-gar a 2,60 metros.

• Seu bico é enorme e ligeiramente cur-vado para cima.

• Seu pescoço é dilatado, com a base vermelha. A plumagem é inteiramente branca.

• Constrói seu ninho sobre árvores altas. Após nadar, costuma abrir as asas ao sol para secar a plumagem.

• Alimenta-se de peixes.

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P aula e Michel eram dois belos filho-tes de tuiuiú.

Sua mãe, Dona Si, demorou trinta dias para chocar os ovos. Antes disso, teve que procurar uma árvore bem alta perto de uma lagoa.

Não foi fácil! Quando Dona Si encontrou uma boa árvore, lá haviam vários ninhos.

Com muita persistência encontrou um galho meio escondido e forte. E ali a mamãe fez seu ninho, onde nasceram Paula e Michel.

Os Filhos de Dona Si

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Assim que nasceram, Dona Si percebeu que eram especiais, além do carinho que tinham um com o outro.

Sentia que Michel não gostava muito de bater e exerci-tar as asas. E Paula ficava aflita toda vez que olhava para a água.

― Será possível? Como vou poder aju-dar meus filhos? ― Dona Si suspirava e dizia para si mesma.

Ora, voar e nadar são características essenciais aos tuiuiús.

Eles sempre ficam voando perto de águas rasas ou mesmo de lamaçais. Lá encontram toda a comida e água de que precisam.

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Passaram-se três semanas e os filhotes não mudaram seus hábitos. Dona Si estava ansiosa para lhes ensinar novas responsabilidades.

Sabia que, caso eles não conseguissem voar ou nadar, não teriam sucesso na difícil e competitiva vida adulta.

Então, numa manhã de domingo, Dona Si acordou os filhotes e lhes disse:

― Queridos, hoje cada um de vocês vai aprender com o outro.

Então, a mãe sugeriu:

― Paula, você deverá mostrar ao seu irmão a liberdade de um voo. E você, Michel demonstrará a Paula como se faz um bom mergulho na lagoa.

― Mas mamãe ― adiantou-se Paula ― só de pensar em entrar naquela água eu já me sinto afogada.

Os Filhos de Dona Si

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

E Michel, com muito medo, perguntou:

― Não posso fazer outra coisa, mamãe?

Dona Si, mesmo com o coração apertado, disse:

― Não, queridos filhos! Nadar e voar são necessidades dos tuiuiús. Nem sempre poderei trazer comida e água para vocês aqui no ninho.

Vocês precisam aprender a sobreviver, para não morrerem de fome e sede.

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Paula, vendo que não teria outra solução, tomou a iniciativa:

― Está bem! Vou começar ensinando o Michel a voar.

― Irmão, é assim que se voa: abra bem as asas. Basta controlar o vento que passar por elas. Para ficar mais fácil para você, é só me seguir ― disse isso e foi abrindo as asas para voar..

Os Filhos de Dona Si

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Michel procurou não pensar, fechou os olhos e fez o que Paula sugeriu.

Quando abriu os olhos, Michel estava voando ao lado de sua irmã. Era incrível!

Ele estava adorando ver as coisas do alto e sentir o vento e a liberdade em suas asas.

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Voaram juntos por quase uma hora. Então, Michel disse:

― Paula, agora é sua vez de aprender a nadar.

Logo o jovem tuiuiú pousou lentamente sobre uma parte rasa da lagoa.

― Não tenha medo, irmã, aqui seus pés tocarão o chão.

Paula, acreditando nas palavras de Michel, pousou lentamente seus pés até tocarem o fundo da lagoa.

Os Filhos de Dona Si

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

― Agora, é só movimentar os pés bem devagar e deixar a água correr por baixo deles.

Disse isso para a irmã e seguiu nadando para a parte mais funda.

Ao olhar para trás, Michel nem acreditou! Paula estava nadando ao seu lado.

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Os dois jovens tuiuiús atravessaram a lagoa a nado. Que alegria! E ficaram pensando em como puderam ter medo de sair do ninho para conhecer as coisas mais maravilhosas do mundo.

Dona Si, que observava os filhotes de longe, ficou emocionada. Ela teve a certeza de que, juntos e confiantes, Paula e Michel estavam preparados para a nova vida que se iniciava.

Os Filhos de Dona Si

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ROBERTO, O GALO QUE PENSAVA

SER GAVIÃO

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CURIOSIDADES SOBRE O GALO-DA-AMAZÔNIA

• Também chamado “galo-da-serra”, o galo-da-amazônia é uma ave da região amazônica. Habita escarpas rochosas e emite barulhos parecidos com miados.

• Sua dieta é principalmente à base de frutas e com isso desempenha um papel importante na dispersão das sementes de várias espécies de árvores.

• Chega a medir até 28 cm de compri-mento. O macho possui plumagem ala-ranjada e uma grande crista que cobre o bico. A plumagem da fêmea é mar-rom-escura e sua crista é menor.

• Para atrair as fêmeas, os machos realizam uma bela dança pré-nupcial.

• O ninho é feito com barro e grave-tos e a fêmea choca dois ovos a cada gestação.

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R oberto era um lindo galo-da-amazônia. Plumagem, cor e canto destacavam

toda sua beleza.

De tão bonitos esses pássaros são chamados de galos reais.

Roberto, o Galo que Pensava ser Gavião

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Roberto não sabia nada disso... Desde pequeno, convivera somente com outros bichos, fora criado por uma harpia.

Conhecia apenas os gaviões reais. Nunca tinha visto outro galo de sua espécie.

Não fosse ter visto seu reflexo nas águas do igarapé, não saberia nem mes-mo qual era sua cor.

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Os amigos de Roberto diziam que ele tinha um sol na cabeça, nascido ali de tanto que ele ficava olhando para o astro-rei.

Diziam também que até a cor dele tinha sido mudada pelo Sol.

Roberto, o Galo que Pensava ser Gavião

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

De início, sempre brincando ou vo-ando, Roberto não se importava mui-to com o que os outros falavam. Mas o tempo foi passando...

De vez em quando, ele ficava pensan-do em como podia ter um sol na cabeça.

― Seria algum castigo?

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Por que seu corpo era alaranjado e o de todos ao seu redor era acinzentado?

Roberto seguia sua vida. A cada dia que passava guardava aquela angústia para si.

Roberto, o Galo que Pensava ser Gavião

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Pensava que algum momento tudo seria diferente. Ele iria se levantar da cama e teria cor cinza e nada de sol na cabeça.

Imaginou até outra solução: Caso se comportasse mais como gavião, acaba-ria se transformando em um deles.

Roberto começou a fazer de tudo para parecer um gavião real.

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A cada manhã, olhava sua imagem no igarapé. O que via, porém, não era o que esperava: o sol de sua cabeça estava maior e sua cor ainda mais alaranjada.

Roberto, o Galo que Pensava ser Gavião

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Ele estava triste e inconformado!

De tanto desespero, certo dia começou a gorjear como se soltasse um miado. Era muito diferente do som de um gavião.

Ficou tão envolvido com seu novo canto que nem percebeu a companhia a seu redor.

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Ali estavam mais três galos reais.

― Milagre! Não fiquei cinza, mas meus amigos agora são parecidos comigo! ― pensou Roberto.

Que nada! Logo os outros galos reais foram se apresentando:

Roberto, o Galo que Pensava ser Gavião

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

― Oi, eu sou a Viviane! ― disse a fêmea do grupo ― Seu canto me deixou emocio-nada! Procurei por entre as árvores até encontrar o local de onde vinha esta ma-ravilhosa melodia.

Os outros eram Carlos e Fábio. E também disseram a Roberto que foram atraídos pelo canto.

Eles eram pássaros alaranjados, que carregavam um sol na cabeça... Aquilo só podia ser um sonho! Roberto não se conteve e foi logo perguntando:

― Vocês também são gaviões reais? Ficaram olhando muito o Sol? É por isso que foram castigados?

― Nós somos as mais belas aves, somos os galos reais! Como poderíamos ter sido castigados? Nossa crista é uma coroa, e não um sol. ― respondeu Carlos.

― A natureza nos presenteou com toda essa beleza. Nosso dever é retribuir a todos cantando.

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E você faz isso muito bem! ― completou Fábio.

Assim, Roberto compreendeu quem era. Não precisaria mais viver tentando imitar os gaviões.

Daquele dia em diante, passou a andar com os galos reais.

Roberto, o Galo que Pensava ser Gavião

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Carlos Daniel / Contos Ambientais

Quando a saudade batia no peito, voltava a encontrar seus amigos gaviões.

Assim, Roberto aprendeu uma lição muito preciosa.

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Roberto, o Galo que Pensava ser Gavião

Não devemos imitar ninguém, e sim buscar nossa própria essência para encontrar a felicidade.

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CARLOS DANIEL [email protected]

FÁBIO [email protected]

A impressão deste livro ficou a cargo de Projeto IP Grafis Soluções Gráficas Ltda.

São Paulo SP Brasil

Capa em papel Supremo 240 gramasMiolo em Couche 115 gramas

Para a composição deste texto, foram usadas as fontes Comic Sans MS, corpo 15, com entrelinhas de 18 pt. Nos titulos e sub-titulos foram usadas as fontes Komika Axis

e French Script MT.

Impresso em Abril de 2012

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