Contos de Natal
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CONTOS DE NATAL
Resultaram de um concurso promovido pela
Biblioteca Escolar e divulgado no blogue “O
Bloco da Fantasia”. Concorreram mais de
uma centena de alunos do Agrupamento.
De acordo com o regulamento selecionámos
os melhores e o resultado está aqui neste
ebook “Contos de Natal”.
Neste ebook aparecem os contos premiados
do JI e 1.º, 2.º e 3.º ciclo, a seguir os outros,
que considerámos valer a pena a sua
divulgação.
A Bondade de Joana
Era uma vez uma menina que se chamava Joana, que vivia em "alto dos moinhos". Ela adorava
o Natal porque podia fazer bonecos de neve na rua quando nevava e também de receber
presentes na noite de natal.
Nessa noite, quando já estava muito escuro e a Joana estava a dormir o pai natal deixou-lhe
mu i t o s presentes p o r q u e e l a portou-se muito bem durante o ano, fez o que os pais e
professores lhe pediam, cumpriu as regras de casa e da escola.
0 seu preferido era uma boneca que dançava e dizia "Olá"! Joana deixou leite e bolachas em
cima do mês para agradecer ao Pai Natal tudo o que tinha recebido.
Quando voltou para a escola, depois das férias de natal todos os seus amigos levaram e
conversaram sabre as prendas que tinham recebido no Natal... todos menos o João e a
Margarida, que não receberam brinquedos, porque os seus pais não tinham dinheiro, só
para a comida, e o pai Natal não sabia a morada deles! João e Margarida disseram que
mesmo assim o Natal tinha sido bom porque receberam o amor da sua família.
Joana decidiu partilhar alguns dos seus brinquedos com os seus amigos. Os dois irmãos
ficaram felizes com a bondade e amizade da Joana e o Natal ficou ainda melhor!"
Trabalho colectivo: Sala 1 - Jardim de Infância
Trabalho coletivo do JI - premiado
A Máquina de Presentes do Pai Natal
Era uma vez um Pai Natal que levava prendas aos meninos e tinha uns duendes e umas
renas muito lindas. Como o Pai Natal tinha muito trabalho eram os duendes que o
ajudavam a fazer e embrulhar as prendas.
Mas um dia o Pai Natal teve um grande problema, o dia de Natal estava a chegar e o Pai
Natal não tinha as prendas todas preparadas. Foi então que o Pai Natal decidiu com os
duendes construir uma máquina de fazer brinquedos e outras prendas.
Como o dia de Natal estava a chegar os meninos de todo o Mundo monta ram a árvore
de Natal. Mas o Pai Natal tinha, agora, outro problema... A maquina de fazer
brinquedos deixou de funcionar, na Lapónia todos pensavam que se tinha soltado uma
peça da máquina, mas todos os dias desaparecia mais uma peça, outra e outra. O
Pai Natal decidiu investigar. Procurou, procurou mas ninguém sabia onde estavam as
peças. Foi então que o Pai Natal montou uma armadilha a para descobrir quem é que
estava a fazer aquela maldade.
Montou uma rede invisível com uma alavanca e pôs em cima um prato com biscoitos.
Qual não foi o espanto quando a alavanca disparou e o Pai Natal descobriu um duende
na armadilha.
O Pai Natal ficou furioso como duende e o duende muito envergonhado. O Pai Natal
perguntou ao duende porque e que ele tinha tirado as peças e o duende disse que queria
ser o Pai Natal e, por isso, tinha feito com que a máquina parasse para o Pai Natal ser
despedido.
0 Pai Natal, então, disse-lhe que bastava o duende ter pedido· para ele lhe ensinar a ser
como o Pai Natal. 0 duende pediu desculpa e prometeu voltar a montar as peças
na máquina. Também perguntou se podia ter umas aulas de Pai Natal e o Pai Natal disse
que sim.
0 duende, que percebeu que tinha sido mau, passou a ser bem comportado e a
ajudar o Pai Natal em tudo.
• Trabalho coletivo
Sala4
Jardim de Infância
Milagre de Natal
Era noite e fazia muito frio. Soprava o vento e caia uma chuva miudinha. Tiago, um
rapazinho com 6 anos, estava muito ansioso pelo Dia de Natal. Viu as ruas iluminadas
pelas luzes e as montras repletas de decorações de Natal. De repente, viu um menino
solitário, que chorava muito.
Vestia umas roupas velhas e calçava uns sapatos rotos. Tiago perguntou ao menino o que
é que se passava com ele. 0 menino respondeu: - Chamo-me Miguel, não tenho dinheiro para comprar comida e
brinquedos... E o Tiago perguntou-lhe:
- Onde estão os teus pais? - Os meus pais estão desempregados e não têm dinheiro. - Respondeu o
Miguel. Tiago ficou muito triste e preocupado:
- Vou pedir aos meus pais para te darem comida, roupa e brinquedos.- Disse o Tiago. - Obrigado por me ajudares. - Respondeu o Miguel. Miguel ficou muito contente e
entusiasmado. Chegou, finalmente, a Noite de Natal. Tiago convidou o Miguel e seus pais
para passarem esta noite com a sua família. Fizeram um banquete e à meia-noite o Tiago e
o Miguel abriram as suas prendas. Foi uma noite fantástica. As duas famílias f i ca r a m
amigas. Tiago pediu aos pais para ajudarem sempre o Miguel e a sua família, dando um
pouco daquilo que tem para eles serem mais felizes.
Trabalho colectivo Jardim de Infância sala 2
A Estrela Cadente
Era noite de Natal, o céu estava estrelado na pequena aldeia de Oleiros.
As pessoas decoravam as suas casas com luzes e bolas coloridas e as crianças esperavam pelos
presentes de Natal. No céu andava uma estrela cadente feliz. De repente encontrou o Pai Natal que
ía em direcção à aldeia e perguntou-lhe:
- Onde vais pai Natal?
- Vou entregar os presentes às crianças da aldeia de Oleiros.
A estrela cadente queria ver a alegria das crianças ao receberem os presentes e, perguntou ao Pai
Natal:
- Posso ir contigo para te ajudar a distribuir os presentes!?
- Claro que podes, assim a noite de Natal ficou cheia de brilho.
Maria Margarida Custódio – 3.ºB
Floresta encantada
Havia muitos pinheiros num lindo pinhal. Um deles sonhava ser árvore de Natal.
Contou o seu segredo aos meninos que se deitavam à sua sombra a ler uma história.
Os pinheirinhos lá do pinhal ondulavam ao vento e segredaram-lhe o seu desejo. Este, quando
empurrou as nuvens, avisou-as e pediu-lhes que levassem bem longe a notícia. Disse às flores do
jardim que levava as que quisessem para contribuírem com a sua beleza. Um duende aventureiro
ajudou-o a espalhar a novidade.
Os animais da floresta ouviram o sussurrar do vento quando ele abanava os ramos onde subiam.
Reuniram-se na clareira da floresta, decidiram invadir a cidade e, cada um deles, trazer um enfeite
para o decorar. Cada anima l- a perdiz, o esquilo, o coelho, o mocho, o cuco…- resolveu fazer um
fio com folhas secas entrelaçadas que encontraram no chão dos parques e jardins.
A noite colheu algumas estrelas do céu e deixou-as cair com subtileza. Iluminou-a.
Os meninos, quando começaram os preparativos desta época festiva, foram à floresta oferecer
uma bola colorida igual àquelas com que enfeitaram a sua árvore de Natal. Cada um subiu onde
podia e aí colocou a bola que trazia.
Assim enfeitada, ainda à tardinha, vieram os meninos visitar a floresta, curiosos por admirar a
árvore decorada. Deixaram presentes para os animais: sementes, grãos, nozes, cenouras, folhas
de couve… Ficou linda! Fios de folhas, bolas coloridas, estrelas que luziam, presentes e tudo o
que é do Natal!
Quando anoiteceu, as mães e os pais quiseram deitar os seus meninos. Antes, porém, todos eles
pediram:
- Mãe, Pai, deixa-me ir à janela para admirar aquela linda árvore da floresta que brilha.
Os pais surpreendidos, olhavam, olhavam e diziam que eram luzes ou estrelas que brilhavam no
escuro, lá ao longe.
Todos os meninos sorriam, pois cada um deles sabia do que se tratava. A floresta estava
encantada com uma árvore de Natal para festejar esta época.
Alguém perguntou:
- Mãe, Natal é sonhar?
- Sim, dar e receber é acreditar no Natal e ajuda-nos a sonhar… Para viver o Natal só
precisamos de sentir amizade e estar em harmonia com a Natureza.
- Sabes, mãe, hoje há uma árvore feliz naquela floresta encantada.
- Vamos dormir -disse a mãe- porque é tempo de sonhar!
- Tens de ser como os meninos, mãe. Para sonhar tens de acreditar que há uma floresta
encantada pela amizade dos amigos da Natureza.
1ºAno Turma C
Escola Básica do 1º Ciclo das Laranjeiras
2º prémio – 1.º Ciclo
A Prima do Natal
Há muitos anos atrás, uma menina chamada Nádia nasceu no Pólo Norte. Ela tinha grandes planos
para o seu futuro, era a prima do Natal, um grande cargo. Mas um dia, no silencioso inverno
desapareceu. Diz-se que Nádia foi levada pelo vento, para uma família de Lisboa, e é verdade.
Passaram-se dez anos desde essa noite e ela continua com esta mesma família de Lisboa.
Nádia era a desportista da família, passava os dias todos a treinar para os jogos olímpicos na
modalidade de natação.
Numa véspera de Natal ela viu um portal para o Pólo Norte e pensou: “que raio é isto?” – ela
atravessou o portal e quando viu, já estava fechado. Virou-se para um bando de anões que lhe
disseram em coro:
- Vem connosco, nós temos uma casa muito confortável e um chefe muito simpático, mais
conhecido como Pai Natal, já ouviste falar?
- Sim, acho que sim. Está bem eu vou convosco.
Quando lá chegaram, viram o Pai Natal a chorar.
- O que é que foi Pai Natal? – perguntou à Nádia com os resto dos anões.
- Snif… snif…não há presentes para este Natal! – respondeu o Pai Natal muito triste e com um
nozinho na garganta.
- Não há problema, Pai Natal, eu vou buscar a pedra dos presentes – disse a Nádia.
Então, lá foi ela. Passou por ursos, montanhas e outras coisas muito mais perigosas.
Finalmente lá chegou ao local onde se encontrava a tal pedra. Pegou nela e atirou-a ao ar e
começaram a chover presentes!!!! Uau!! Então o Pai Natal descobriu que ela era a Prima do Natal.
E depois foram os dois entregar presentes às crianças de todo o mundo. Alguns destes presentes
Os presentes eram mesmo muito especiais porque não eram brinquedos, mas algo muito mais
precioso – paz, amor, solidariedade, alegria e comida para os pobres.
Foi assim que Nádia ficou conhecida como a Prima do Natal.
Joana Neves Calheiros Gaspar
4.º A
Natal!
Estava a ver televisão
E ouvi falar de um velhinho Tinha a barba grande e branca E um rosto coradinho
Como pode o Pai Natal Com as prendas carregar?
Felizmente tem as renas Que o podem ajudar
Se eu quero merecer prendas
Quando chega o Natal Sei que durante o ano Não me posso portal mal.
Já nasceu o Deus menino Que todos vão adorar
E para dar as boas vindas
Uma canção vamos cantar
Laura Pedro Cavaleiro 3.ºC
0 NATAL DE RODRIGO E MARIA
Lá fora estava muito frio e a neve caia, era quase noite! 0 Rodrigo e a Maria estavam em
casa com os pais. Era noite de Natal! .. .
Alguém tocou à campainha e quando abriram a porta viram uma árvore de Natal!
Trouxeram a árvore para dentro de casa; puseram-lhe uma estrela no topo e decoraram a árvore com
coisas muito bonitas.
Antes de irem dormir, deixaram ao pé da árvore, bolachas e leitinho branco para o Pai Natal.
No dia seguinte, acordaram, tomaram o pequeno- a l m o ç o e abriram as prendas que eram muito
bonitas...Foram brincar para o quarto.
Rodrigo e Maria viram que tinham tantos brinquedos que decidiram dar alguns aos
meninos que não tinham nada: pediram ao Pai e à Mãe que mandassem alguns brinquedos
para outro país.
Os dois meninos, naquele dia de Natal sentiram-se felizes porque partilharam os seus brinquedos com
meninos que não tinham nada! No dia de Natal nasceu Jesus!...
Jardim de Infância de Telheiras – Sala 3
1º ciclo
O Pai Natal que não conseguia dormir
Era uma vez um menino chamado Tomás que andava a corre de um lado para o outro, dizendo:
- Hoje é dia de Natal!
E a sua mãe disse:
-Pois é, pois é, mas agora são horas de ir para a cama!
O menino Tomás foi para acama e acabou por adormecer. Quando estavam todos a dormir,
aparecer o Pai Natal. Entrou pela chaminé e quando chegou à sala, fez algum barulho. O Tomás
acordou e foi ver o que se passava. Viu o Pai Natal deitado e perguntou:
- O que tens pai Natal?
-É que não consigo pregar olho, fico todos os dias sem dormir e ando muito cansado…
-Respondeu o Pai Natal.
- Pai Natal vou ajudar-te a adormecer. Tenho algumas ideias!
- Fico muito agradecido se me ajudares…. – disse o Pai Natal cansado – se adormecer será a
primeira vez em muitos anos!
- Não fales alto que os meus pais estão a dormir… - sussurrou o Tomás ao Pai Natal.
A primeira ideia do Tomás era cantar canções de embalar parecidas com as que a mãe lhe
cantava quando era pequeno. Mas não resultou, o Pai Natal continuava acordado.
A segunda ideia foi contar histórias de encantar, esta resultou, já no final da história o Pai Natal
adormeceu e o Tomás disse a sussurrar:
Boa noite Pai Natal…
O Tomás foi-se deitar. No dia seguinte acordou e foi a correr ver se o Pai Natal ainda lá estava.
O Pai Natal já se tinha ido embora…mas, como forma de agradecimento, deixou seis presentes
especiais para o Tomas.
-Obrigada Pai Natal, és o maior… - Disse o menino baixinho.
Fabiana Patrícia da Costa Ferreira
4.ºA
1º prémio – 1.º Ciclo
Pedro e o Pinheirinho de Natal
Pedro e seu pai foram à cidade para comprar um pinheirinho para decorar;
o seu quarto, assim ele ficara mais bonito. 0 Yuki, o seu cão, saltava tentando cheirar
o pinheirinho... - Para quieto yuki! I sto não é um bolo de chantilly! Isto é um pinheirinho branco
e não me atrapalhes senão deixo-o cair.
Quando chegou a casa, o Pedro levou o seu pinheiro branco para o quarto.
Logo depois pegou numa caixa onde tinha as decorações de Natal e enfeitou o seu
pinheirinho... 0 quarto do Pedro estava com uma luz diferente, a luz do Natal.
Pedro Miguel dos Santos Lourenço
3° C
Um dia de Natal Era um dia de Natal. A família Mota juntou-se na casa da avó e do avô.
A tia Paula tinha uma gata amarela que desapareceu nessa noite e ninguém
sabia onde estava. Foram todos à rua ver onde estava a gata, mas não a
encontraram.
Passado algum tempo a família Mota foi para casa, menos o tio que foi para o
carro dar uma volta rua. Procurou, procurou e nada.
- A gata não está na rua! - Disse o tio.
- Nem em casa - Respondeu a tia Paula. Já eram 21h30 e a família Mota
começou a comer o bacalhau à Brás, depois os sonhos e por fim os bolos.
Depois de jantar e muito conversar era meia noite. As crianças começaram a saltar e
a gritar:
- Já é meia noite. Viva!
E a família Mota foi abrir os presentes. A Tia Paula decidiu ir guardar os seus presentes no quarto, dentro da sua mala de
viagem, quando a abriu. saltou lá de dentro a gatinha amarela Ela apanhou um
grande susto e toda a família desatou a rir sem parar.
Guilherme Mota,
3°A,
Era um dia de Natal (3º prémio – 1.º Ciclo)
f
i..
0 Natal do Tiago
Era dia de Natal e um menino chamado Tiago decidiu ajudar quem precisava e
foi dar comida aos pobres com os seus amigos. Depois o Tiago foi para casa dos avós
comemorar o Natal com os avós, tios, tias, primos, primas, amigos, amigas, irmão,
irmãs e pais.
Os pais acenderam a lareira e depois foram jantar.
Finalmente chegou a hora de abrir os presentes e o Tiago adorou o seu novo
carro dos bombeiros.
Depois conversaram sobre coisas que já tinham acontecido há muito tempo. 0
tio do Tiago disse-lhe assim:
- Tiago, eu quando tinha a tua idade também recebi um presente assim. Gostei
muito e ainda me lembro como ele era. Era vermelho, tinha uma mangueira, uma
escada e acendia uma luz que piscava. Era lindo o meu carro de bombeiros!
- Ainda o tens?- perguntou o Tiago.
- Claro que sim. Está muito bem guardado na cave da avó Julieta.
- Posso ir lá buscá-lo?
- Claro que sim, mas não o partas!
- Esta bem, eu prometo.
0 Tiago foi a correr à cave e procurou, procurou até que o encontrou. La
estava ele, um Iindo carro de bombeiros tal como o seu tio havia dito. Pegou nele e
levou-o para a sala e brincou durante toda a noite, até adormecer junto da lareira. ,
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-(l
•
0 Natal
Para mim, o Natal é mais do que o nascimento do menino Jesus.
E a festa da família.
E a altura em que eu e o meu irmão, vamos para casa dos meus avós.
Quando chegamos a Pinhel, cheira a Natal.
De manhã, quando nos levantamos, existe um aroma diferente no ar.
A lareira está acesa, e a minha avó está na cozinha a fazer os doces e as comidas
típicas da época: polvo, rabanadas e filhoses.
Para o pequeno-almoço ela faz-nos um chocolate quente. Eu e o meu irmão sentamo-nos
.em frente da lareira, a sentir o calor, e a ouvir a lenha a arder.
Lá fora faz muito frio. Às vezes neva. As ruas ficam pintadas de branco, mas toda a
gente está com um ar feliz.
Esses rostos representam o Natal.
:
Margarida Quirino Laura Silva
Turma: 3° C
O Natal
Era uma vez um menino chamado Pedro. Nas férias do Natal foi com os pais à Serra da
Estrela brincar na neve.
Alugaram uma casa de Madeira. Quando chegaram preparam tudo. De seguida brincaram
com a neve. 0 Pedro fez um boneco de neve com nariz de cenoura, olhos com botões e
três botões na barriga. Puseram um balde em cima da cabeça da boneca de neve.
Um dia a boneco de neve encontrou uma menina que também era uma boneca de neve.
A boneca de neve perguntou ao boneco se queria passar o Natal com ela. Ele respondeu
que sim.
Na noite de Natal o boneco de neve fez as malas e levou uma prenda que era um
gelado para a boneca de neve.
0 caminho era longo, apareceu o sol e o gelado derreteu-se. 0 boneco de neve continuou
o caminho e encontrou o Pedro. Foram os dois para casa da boneca de neve e o Pedro
pediu desculpa por não levar a prenda. A boneca de neve respondeu que o importante era
passar o Natal os três juntos
Luís Gonçalves, 3°A
O Pai Natal atrasado
Numa noite muito fria, que por acaso era véspera de Natal, o Pai Natal estava atrasado.
As pessoas, nas suas casas, com a família e amigos reunidos, estavam preocupadas
porque o Pai Natal nunca mais chegava.
Mas, não era só na cidade que estava o caos, no Polo Norte, também estava. Os duendes, já nos seus carrinhos de choque preparados para partir, não podiam ir sem o Pai Natal. 0 maior problema era que ninguém sabia onde ele estava e o mais estranho era que as renas e o treno também tinha desaparecido.
A Mãe Natal, preocupada, foi perguntar aos duendes se sabiam do Pai Natal, eles disseram que também não sabiam nada dele.
De repente, começou a ouvir-se um riso muito grosso e alto, e também se começou a ver renas e um treno. Todos gritaram- Pai Natal!
Quando o Pai Natal aterrou, a Mãe Natal disse:
- Onde e que andaste? Esta na hora de entregares os presentes, estás atrasado!
- Sabes, fui aquela pastelaria do outro lado do Polo Norte, aquela muito boa.
-Que guloso! Agora despacha-te. Já estás atrasado para ires entregar os presentes.
0 Pai Natal olhou para o relógio e viu que estava mesmo atrasado. Meteu-se no treno, preparou as renas e gritou:
- Vamos, vamos, vamos rápido!
E partiram para a cidade. Quando chegaram à cidade, entregaram os presentes e quando o Pai Natal estava no ar pronto para regressar ao Polo Norte, gritou:
- Desculpem ter-me atrasado, não volta a acontecer! Quando chegou ao Polo Norte, a Mãe Natal disse:
- Fizeste bem em pedir desculpa aos meninos.
- Como e que tu sabes que eu pedi desculpa? - Perguntou o Pai Natal admirado.
- Conheço o som da tua voz e gritaste tão alto que se ouviu daqui.
No fim de tudo, ficaram todos felizes. Os meninos já tinham os presentes, Norte já sabiam onde estava o Pai Natal e ele já sabia onde ir comer bolos deliciosos.
Joana Rodrigues Maria 4.º A
O Sonho do Pai Natal (1.º prémio -2.º Ciclo)
O Pai Natal tinha um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E não queria acordar
porque neste ano os Humanos encheram-se de boa vontade e fizeram um acordo de Paz,
que silenciou todas as armas. Em todos os cantos do planeta, mesmo nos lugares mais
recônditos da Terra, as armas calaram-se para sempre e os carros de combate e outras
máquinas de guerra foram entregues às crianças para nelas pintarem flores brancas de paz.
O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E não queria acordar
porque nesse sonho não havia fome: em todas as casas havia comida, havia até algumas
guloseimas para dar aos mais pequenos. Mesmo as crianças de países outrora pobres
tinham, agora os olhos brilhantes, brilhantes de felicidade. Todas as crianças tinham
acabado de tomar um esplêndido pequeno-almoço e preparavam-se para ir para a escola,
onde todos aprendiam a difícil tarefa de crescer e ser Homem ou mulher.
O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não
havia barracas, com água a escorrer pelas paredes e ratos pelo chão, nem gente sem teto, a
dormir ao relento. No sonho do Pai Natal, todos tinham uma casa, um aconchego, para se
protegerem do frio e da noite.
O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não
havia instituições para acolher crianças maltratadas e abandonadas pelos pais nem
pequeninos e pequeninas à espera de um carinho, de um beijo… de AMOR. Todas as
crianças tinham uma família: uma mãe ou um pai ou ambos os pais, todas as crianças
tinham um colo à sua espera.
O Pai Natal sonhou um sonho indo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não
havia palavrões ou outras palavras feias, não havia empurrões, má educação e
desentendimentos. Toda a gente se cumprimentava com um sorriso nos lábios, nas
estradas, os automobilistas não circulavam com excesso de velocidade, cumpriam as regras
de trânsito e não barafustavam uns com os outros.
Sara Pontes, n.º22 5.º G
Um desejo de Natal (2.º prémio - 2.º Ciclo)
Era uma vez um menino chamado Rafael. A sua família era pobre e os seus pais já não
eram novos por isso era-lhes muito difícil arranjar um trabalho adequado.
O Rafael, ara se entreter e para se alimentar, pescava. Às vezes pescava peixes muito
grandes e, outras vezes, muito pequenos, cada um de seu tamanho.
Estava quase a chegar o Natal. Ele queria dar um grande presente aos pais. Uma coisa
bonita, de que eles precisassem, mas de certeza que um peixe não ia ser. Uma coisa
especial. Mas o que poderia ser?
Pôs-se a pensar e descobriu o que lhes queria dar. Queria dar-lhes um Natal feliz, uma casa
bonita e dinheiro para comprar aquilo que precisavam. Mas isso era difícil, pois ele só
tinha dez anos e não podia trabalhar.
Todas as noites ele desejava ir ao Pólo Norte para conhecer o Pai Natal e ajuda-lo a
distribuir as prendas de Natal. Desde pequenino que era o seu sonho.
Um dia, quando estava a cortar um pinheiro para o Natal, viu uma coisa. Não sabia bem ao
certo o que era, talvez um animal. Decidiu segui-lo. Fosse o que fosse, começou a correr
sem parar e o Rafael também, até cair num buraco. Ao cai deu cambalhotas e caiu num
sofá, numa cama… Quando finalmente caiu no chão, percebeu que estava frio. Andou e
andou, até se aperceber que estava no Pólo Norte.
Estava tanto frio, mas tanto frio, que depressa decidiu procurar um sítio para se abrigar e
aquecer. Felizmente conseguiu encontrar. Ao entrar, viu pessoas baixinhas a embrulhar
presentes. Era tudo colorido, estava tudo enfeitado e parecia a fabricado Pai Natal tal qual
ele a tinha imaginado num sonho que tinha tido…aquilo era mesmo a fábrica do Pai Natal.
Seria mais um sonho? Só podia ser um sonho. Estava mesmo encantado. Para ter a certeza
que não estava a sonhar beliscou-se três vezes. Nada aconteceu, aquilo não era um sonho,
era verdade.
Encantado, perguntou a um duende:
- É aqui a fábrica do Pai Natal?
- É sim senhor.
- E onde está o Pai Natal?
- Espera aí um bocadinho, afinal de onde és exactamente?
- Sou de África.
- O que te traz cá?
- Vim cá parar sem querer. Já agora…eu queria mesmo pedir uma coisa. Os meus pais e eu
somos pobres e eu queria-lhes dar um Natal feliz e…uma prenda. Mas não tenho dinheiro
para nada.
- Se vieste de tão longe, acho qu, no mínimo, tenho de levar-te ao Pai Natal.
E lá foi ele com o duende para conhecer o Pai Natal. O quarto do Pai Natal era gigante e
ele também.
O Duende chamou o Pai Natal. Ele levantou-se gentilmente e sorriu. Rapidamente disse:
- Já vi que me trouxeste um menino simpático e de bom coração. O que vais querer?
- Eu queria um presente para dar aos meus pais.
O Pai Natal mandou o duende trazer dois baús, um de ouro e outro de bambu. E disse para
ele escolher um. O Rafael escolheu o de bambu pois o de ouro era demais para ele.
O Pai Natal, contente, disse que ele escolhera bem. Ao abri o baú de bambu viu que lá
dentro estavam moedas de ouro e depois mandou abrir o baú de ouro para amostrar que lá
dentro havia apenas areia e neve.
O Pai Natal, de tão contente que estava, levou o menino a passear no trenó e aproveitou
para o deixar em casa.
Quando chegou o dia de Natal e o menino entregou o seu presente, os pais viram aquele
dinheiro todo e ficaram espantados. Perguntaram ao filho como é que ele tinha arranjado
aquele dinheiro. O menino explicou aos pais o que lhe tinha acontecido e como tinha
concretizado o seu sonho.
Naquele Natal o menino teve tudo o que sempre quisera: ver os seus pais mais felizes do
que nunca!
Rita N. º19 5.ºF
Um presente de Natal (3.ºprémio - 2.ºCiclo)
Era uma vez um menino que vivia com a sua mãe numa casa muito velha, toda estragada,
pouco mais do que uma barraca. A história passa-se em 1920, dois anos após ter terminado
a Primeira Guerra Mundial, nessa mesma guerra, o pai do Tomás, assim se chamava o
menino, faleceu no final desta. A mãe do Tomás de tanto trabalhar para tentar sustentar o
filho e manter a casa, acabou por ficar doente.
O Tomás era um menino muito bom, tentava ajudar a mãe e apesar de só ter dez anos já
trabalhava como ajudante de jardineiro com um velho amigo de seu pai. No caminho de
casa apanhava paus, madeiras e pinhas para acender a lareira e nesta fazer uma sopa com
duas batatas que lhe tinham sido oferecidas pela dona da casa onde trabalhava. Já não
havia gota de azeite, mas talvez a velha panela de ferro desse algum gosto à sopa.
Naquela altura era Natal e a mãe do Tomás estava cada vez mais doente, passava a maior
parte dos dias deitada, mas como não se alimentava com devia, não havia meio de ficar
melhor.
O Tomás rezava todas as noites ao Menino Jesus, a pedir saúde para a mãe, mas nunca
pedia nada par si, era na realidade uma criança fora do vulgar.
Na véspera do Natal, o Menino Jesus andava com os anjos a distribuir presentes por todas
as casas ondem viviam crianças. Estas tinham pedido brinquedos, livros, roupas e
guloseimas. O Menino Jesus já ia a subir para o céu com o seu cortejo de anjos, quando
reparou que ainda havia uma criança numa casa muito pobre. O Menino Jesus, como sabia
os pensamentos das pessoas, apercebeu-se de imediato do que se passava com aquela
criança que era o Tomás da nossa história. Como já não tinha nada para lhe oferecer, subiu
rapidamente ao céu onde tirou uma estrela do firmamento e veio colocá-la na lareira por
baixo da velha panela de ferro.
Entretanto o Menino Jesus regressou rapidamente ao céu, onde a sua mãe já estava
preocupada com a sua demora mas, em vez de chegar feliz e contente como era costume
chegou triste e preocupado. Pegou na mão da mãe, e apontou para o firmamento onde se
via um buraco, e depois para a terra na direcção da casa do Tomás. Nossa Senhora
percebendo de imediato o que se tinha passado, tirou então uma estrela do seu manto e
deu-a a seu filho, que logo voou e foi colocá-la no firmamento.
Em casa do nosso amigo Tomás, ele e a sua mãe estavam a passar o melhor Natal das suas
vidas, acordaram com a casa quente e com um perfume a manjar de reis, a velha panela de
ferro tinha dentro a melhor sopa que alguma vez tinham imaginado comer.
- Só pode ter sido um presente do Menino Jesus! Exclamaram mãe e filho!
Quando crescemos, achamos que as Histórias de anjos, fadas e bruxas que as nossas avós
nos contavam quando éramos crianças pequenas eram umas grandes aldrabices mas se
pensarmos bem têm sempre grandes lições que não passam de moda.
Francisca Casanova 5.º Ano Turma E
As Crianças estão sempre a nascer. Às vezes nascem de explosivas
alegrias, de achados incríveis, de deslumbramentos únicos, mas o mais frequente,
uma vez após outra, é nascerem de cada tristeza sofrida em silêncio, de cada
desgosto padecido, de cada frustração imerecida. Há que ter muito cuidado com
as Crianças, nunca me cansarei de o dizer.
José Saramago in Deste Mundo e do Outro (excerto do conto História de um muro
branco e de uma neve preta)
Noite de Natal (1.º prémio - 3.ºCiclo)
Ming está sentado num banco de jardim, perto de uma grande árvore de Natal, um
pinheiro gigante vestido de festa. Ao longe, avista-se o casario de Lisboa e, lá em baixo,
por entre a neblina, o rio. Os seus colegas de escola correm na relva e jogam, felizes, pois é
Natal! Ele contempla o infinito, de olhar vazio. A seu lado, uma cadeira de rodas espera.
Tudo acontecera há três anos, estava ele no seu oitavo aniversário. Era um menino
feliz: tinha uma mãe terna e amiga e um pai trabalhador e empenhado. Nunca duvidara,
então, que esta vida não iria durar para sempre! Mas o Sempre não existe, aprendeu mais
tarde, quando um acidente trágico veio destruir o seu mundo.
Era dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Aquele era, para si, o dia de todas as
ilusões: o dia do seu aniversário. Comemoraram-no, como habitualmente, num pequeno
restaurante chinês, acolhedor, o único aberto naquele dia festivo. À meia-noite, houve
bolo, Ming soprou as velas e recebeu um presente dos pais, no meio de muita alegria.
Voltaram a pé para casa, caminhando despreocupados pela avenida. Um grupo de
jovens conversava à volta de uma árvore grande e brilhante e, à frente de algumas lojas,
um modelo vestido de vermelho, com uma longa barba branca como neve, assinalava a
quadra.
Ming estava feliz, mas cansado, e viraram por um caminho curto e remoto por onde
ninguém passava. O vento era forte e frio e a luz dos candeeiros tremeluzia, vacilante. A
noite estava em silêncio.
Chegaram ao cruzamento fatídico e esperaram o sinal verde. Avançaram. Não
ouviram o som do carro, não ouviram a voz que gritou “Cuidado!”, não viram que o carro
se aproximava a uma velocidade alarmante... Quando o olhar se cruzou com o feixe de luz
do carro, era já demasiado tarde.
- Ming, em que estás a pensar?
O rapaz volta à realidade, levanta a cabeça, e vê Liang e Hong, seus colegas de
escola.
- Nada. – Responde-lhes.
Ming sobrevivera ao trágico acidente porque a mãe o empurrara e o carro só lhe
atingira as pernas. Depois do funeral dos pais, tinha entrado num orfanato onde passara
dois longos anos solitários. A sua vida mudara há seis meses apenas, quando um casal o
adotou.
Tinha novamente uma família: um pai e uma mãe cuidadosos e um irmão que o
enchia de atenções. Ming revia-se em Liang: eram ambos adotados, tinham a mesma idade
e eram colegas de turma. Tudo parecia coincidentemente perfeito! Mas o rapaz não
conseguia abrir a porta do seu coração à nova família... Quando dizia Pai, Mãe, a sua voz
era gelo, negando qualquer emoção. Liang notava-o e sofria com isso.
O tempo passou muito rapidamente e setembro chegou. Com ele, a escola e os
novos colegas. De início, convidavam-no para conversar e fazer parte do grupo, mas logo
se esqueceram de que existia. Só Liang, seu colega e irmão, e a doce Hong permaneceram
a seu lado, sem que percebesse exatamente porquê.
- Vamos jogar, Ming! É Natal! – insistem Liang e Hong, incitando-o.
- Não consigo jogar com a cadeira de rodas...
- Não interessa! – diz Hong, ajudando Liang a instalarem-no na cadeira de rodas.
- Vamos, Liang! – grita a rapariga – Empurra a cadeira que eu vou à frente!
Por entre a neblina que aumenta, três silhuetas avançam: um rapaz de cadeira de
rodas brinca com os outros, guiado por dois amigos. Ouve-se o riso dos meninos, as
palmas, os gritos de entusiasmo... Ming, no entanto, não sorri.
Porque é Natal, todos regressam a casa mais cedo. Ming também. Liang não o
acompanha logo, tem algo ainda a fazer. O menino entra em casa, finge uma expressão
neutra e os pais adotivos nada dizem. Sabem que por detrás daquela camuflagem, muito se
esconde. Ming ignora o bolo em cima da mesa, dirige-se ao quarto e fecha a porta.
Naquele instante, não resiste mais e uma lágrima desliza pelo seu rosto como conta
de um colar quebrado. Hoje é um dia terrível para ele. É o dia mais irritante do ano: aquele
que arrebatou os seus pais, a sua felicidade, tudo o que tinha. Porque haveria de ficar
feliz?!
Despe-se e vai para a cama. Natal?! Aniversário?! Quero que todos
desapareçam!!!
Ouve a voz da mãe a chamá-lo para a mesa, para acenderem as velas do bolo. Esconde a
cabeça debaixo do edredom e a voz diminui, até já não se ouvir.
Acorda com o som de passos. Quem será? Só pode ser Liang... Ouve, então, uma
voz feminina que lhe é familiar... Hong.
- Estás a dormir, Ming? Se estás acordado, responde-me...
Permanece em silêncio. Pensa em levantar-se, mas antes de o fazer já Hong está
sentada a seu lado.
- Queria dizer-te uma coisa. É um pensamento que nunca partilhei com ninguém!
Só consigo fazê-lo porque estás a dormir... Mas se estiveres acordado, diz! Se não, fico
zangada!... Sabes, mal te conheci, soube que tinhas vivido a mesma experiência que eu...
Tens o mesmo olhar que eu tinha, cativo!
O corpo de Ming estremece.
- Falei com o Liang e confirmei as minhas suspeitas. Ele ainda me perguntou,
surpreso, como é que eu tinha adivinhado... Depois de me ouvir, pediu-me: Podes ajudá-
lo? E eu concordei. Demorei ainda dois meses a escrever este texto. São as minhas
experiências reais. Espero que possam ajudar-te, meu amigo.
Quando ela se cala, ele acha que ela pousa alguma coisa na mesa de cabeceira.
- É o meu presente de Natal. Merry Christmas!
Leva muito tempo a ter coragem de encarar o presente. Quando o olha, vê o
sapatinho. E há algo dentro dele... um livro!
Soube que tinhas vivido a mesma experiência que eu... Recorda as palavras da
amiga e o seu corpo estremece de novo. Acende a luz ao seu lado e abre o livro. É fino e
tosco, mas consegue ver que foi feito com muito cuidado.
Lê-o com redobrada surpresa: a protagonista parece viver a sua vida! Tem uma
família muito boa e é feliz, quando tudo é destruído por um acidente trágico! Ela não
consegue suportar o choque e fica deprimida...
Prossegue a leitura. Após um ano, a menina redescobre a alegria. Não esquecendo,
compreende. Afinal, os pais tinham sacrificado as suas vidas para salvar a sua! Ficara um
ano deprimida, mas continuar a abandonar-se ao desespero, seria abandonar os seus pais ao
desespero também! Nesse instante, aceita. E o nó no seu coração desata-se de imediato.
Renasce.
Ming fecha o livro e chora lágrimas de chuva. Lembra as palavras do médico e dos
pais adotivos:
- As pernas evidenciam antigas fraturas, mas nada inultrapassável.
- Então por que não consegue ainda levantar-se?
- Problemas de coração não são fáceis de superar... Só ele próprio conseguirá
vencer os seus fantasmas.
Ming respira fundo. Apoia-se no suporta da cama, ergue-se... e cai. Junta todas as
forças e tenta de novo... e volta a cair. As suas articulações e os seus músculos estão fracos,
mas consegue finalmente soerguer-se. Chega ao corredor cambaleante e, apoiado na
ombreira da porta, espreita a sala. A cadeira de rodas permanece, inerte, no quarto.
- Já... já consegues andar, Ming?!... – Diz a mãe, num fio de voz.
- Sim, mãe, pai, Liang, CONSIGO!
Liang sorri. A voz de Ming já tem alma. Obrigada Hong, murmura. Ming ouve o
sino da igreja chamando para a Missa do Galo e sorri, iluminado:
- Não me dão os parabéns? Hoje, mais do que nunca, também eu nasci.
Os pais e o irmão dizem, em uníssono, Parabéns! enquanto, lá longe, o sino ecoa...
Guanqun Zhang, n.º 13, 8.º A
Singelos Anjos de Natal (2.º prémio - 3.º Ciclo)
O Natal sempre foi a sua data preferida. Todas as cores, luzes, sons e aquela energia
vibrante que corria o mundo, faziam daquele dia um momento mágico, único. O dia em
que os homens revestiam o seu coração com um desejo de altruísmo. O dia em que cada
um envolvia o seu espírito com pensamentos de conforto e alegria, fazendo do planeta uma
bola palpitante de positividade; mesmo que por alguns instantes. Era uma época gloriosa
que sempre estava por vir, quando Novembro começava a despedir-se. Mas não naquele
ano. Longe da sua família, da sua casa, exilada naquela densa floresta. Branca de Neve iria
passar o primeiro Natal desde a morte do seu pai. Sentia-se sozinha e saudosa, e no seu
coração aquela data já não fazia sentido. As cores haviam desvanecido e as luzes já não
brilhavam. E a sua tristeza atingiu outros corações.
Na véspera de Natal, os anões fizeram um pedido incomum à princesa: procurar azevinho,
mas um azevinho tão raro que levaria horas para ser encontrado. Tão grande era a sua
angústia e tão vazio o seu coração, que mesmo surpreendida, assim foi ela.
E depois de uma tarde inteira à procura do que só ao pôs do sol encontraria, Branca de
Neve, regressou à casa. Quão grande foi a surpresa ao avista, não uma simples e humilde
cabana, mas uma pequena versão do seu antigo castelo. As paredes, antes mera madeira,
estavam pintadas de roxo; portas e janelas ganharam tons rosa e em cima do telhado
surgiram torres feitas de ramos e musgo. Uma lágrima verteu no seu rosto, iluminado pela
meia-lua à sobra dos pinheiros. Branca de Neve sorriu; jamais imaginara tal coisa.
À espera estavam os anões, que correram em sua direção. O abraço do Dengoso, as piadas
do Feliz… o aconchego do Dunga; o Atchim que espirrou mais do que o normal; o Soneca,
que adiou a sua sesta… até o Zangado esboçou um sorriso.
Foi então que lhe disso o Mestre:
- Queríamos trazer-te a tua casa, já que não podemos trazer a tua família de volta.
Mas nem seria preciso, disse a princesa: - pois ela está mesmo aqui, e é maravilhosa.
Vocês são a minha família!
Havia um novo brilho no seu olhar, pois ela havia percebido que aquelas pequenas pessoas
eram os seus anjos natalinos. Os ventos de Dezembro ensinaram-lhe que família significa
cuidar do que cuida de nós; e assim a magia do natal retornar finalmente ao coração de
Branca de Neve.
Bianca Burlacchini Passos de Barros, n.º 5, 9.ºC
Um Natal Perfeito (3.º prémio - 3.º ciclo)
Era uma vez uma menina de dez anos chamada Carlota. Carlota vivia numa casa
maravilhosa, envolvida por uma floresta verdejante! No Inverno, a sua casa estava vestida
de branco, visto que os flocos de neve caíam abundantemente nessa região. As árvores que
envolviam a sua casa pareciam gigantescas esculturas, maravilhosamente delineadas, com
as mais diversas figuras, desde o mais amistoso duende ao mais assustador gigante! Da sua
janela, Carlota olhava, sonhadoramente, para a floresta que a rodeava e, todos os dias,
antes de dormir, imaginava ver a mais deslumbrante das fadas a sorrir, e a sussurrar-lhe
“Boa noite, Carlota”! Carlota deitava-se na sua caminha quentinha e sonhava que esta era a
casa onde todas as crianças do mundo deveriam viver! Dezembro era o mês preferido da
Carlota, pois era o mês do Natal! Na sua casa, havia uma grande árvore de Natal no meio
da sala de estar. A árvore estava decorada com bengalas de açúcar, luzes brilhantes,
chocolates deliciosos, anjos e pais natais dos mais variados materiais, estrelas cintilantes de
várias texturas, brinquedos de sonho… Cada vez que olhava para as decorações natalícias
da sua casa, Carlota sonhava com a chegada da Véspera de Natal… Sonhava com a família
reunida, com a ceia de Natal repleta de iguarias mas, sobretudo, Carlota sonhava com a
entrega dos presentes! Era um momento maravilhoso, durante o qual todas as pessoas se
alegravam!
Na véspera de Natal, a Carlota e os pais foram visitar uma instituição de caridade
perto da sua cidade, para doar brinquedos e roupas que já não usavam. Quando chegaram,
Carlota pensou que não queria separar-se das suas coisas, mesmo que não necessitasse
delas. Então, sentou-se num canto, contrariada. De repente, uma menina da sua idade
convidou-a para brincar. Como a Carlota nunca dizia “não” a uma brincadeira, foi com a
menina, chamada Elisa, para a rua. Carlota brincou, brincou e brincou. Patinaram num lago
gelado, correram atrás de uma lebre, fizeram um boneco de neve e, subitamente, Carlota
verificou que Elisa tinha desaparecido… Procurou-a por todo o lado e, sem se aperceber,
entrou numa floresta muito densa. Tentando voltar para trás, começou a chorar porque
queria ir para casa mas não sabia o caminho de volta. Carlota colheu frutos e bagas
silvestres, porque sentiu imensa fome. Entretanto, a floresta escureceu e a Carlota entrou
em pânico. Tentou sair daquele lugar escuro, tenebroso e estranho, repleto de sombras
assustadoras, que lembravam os semblantes das bruxas dos contos de fadas…
Repentinamente, Carlota viu um clarão de luz a pairar no ar. Tudo se iluminou! Ela
nunca tinha visto um clarão tão forte e brilhante em toda a sua vida! Foi procurar a luz que
tanto a impressionou e encontrou uma estrela reluzente! Agarrou-a e beijou-a ternamente!
Assim, adormeceu num monte de folhas, agarrada à estrela misteriosa!
Quando acordou, Carlota olhou para a estrela e viu que esta se tinha transformado numa
fada maravilhosa! Tinha cabelos loiros como ouro, olhos azuis como a água fresca dos
oceanos, lábios vermelhos como uma rosa e a pele tão branca como a neve que cobria o
telhado da sua linda casa! Desde que recebera o seu primeiro livro sobre fadas, a Carlota
sonhava com a incrível felicidade que teria ao ver uma fada! Finalmente, um dos seus
maiores desejos tinha sido realizado! A fada olhou, severamente, para Carlota e disse-lhe:
- Foste bastante inconsciente, Carlota! Nunca devias ter saído de perto dos teus pais
sem os avisar! Eles estão muito preocupados contigo! Procuram-te incansavelmente!
- Nunca pensei nisso, fada. Eu esqueci-me dos meus pais quando ouvi falar em
brincar… Desculpa, fada… - disse a Carlota, e começou a chorar.
- Não precisas de chorar, Carlota! Eu estou aqui contigo! Eu apenas quero que tu
compreendas a gravidade do que fizeste! – Sossegou-a a fada.
- Onde está a Elisa? Ela estava a brincar comigo mas, de repente, desapareceu! -
questionou a Carlota.
- Eu sou a Elisa! Sou um espírito! Eu queria ver se tu eras vulnerável à tentação: se
eras capaz de renunciar a uma brincadeira e calcular os riscos e perigos que ela te podia
proporcionar! Mas, pelos vistos, isso não aconteceu! Em vez de teres ajudado as pobres
crianças da instituição, preferiste abandoná-las e brincar com uma menina que, na tua
opinião, era mais parecida contigo: tinha roupas bonitas, cheirava a perfume e tinha uma
fitinha no cabelo!
Mas eu penso que, com este susto, percebeste que necessitas de calcular os riscos, respeitar
os mais pobres e ajudá-los consoante as tuas possibilidades, com uma palavra amiga, um
brinquedo, um sorriso e um pouco de carinho! Não te esqueças que todos temos direito à
felicidade! Prometes?
- Sim, fada! Prometo!
Então, a fada agarrou a mão da menina e levou-a para casa, para junto dos seus
pais. Os pais e a menina agradeceram bastante à fada misteriosa.
Nesse dia, a Carlota pediu aos pais para irem de novo à instituição de caridade! Ao
chegar, Carlota sentiu-se verdadeiramente feliz ao ver a alegria das crianças, ao receberem
alguns brinquedos com os quais Carlota já não brincava há muitos anos, bem como alguns
doces! As crianças ficaram tão felizes que cantaram uma bela canção de Natal, como
agradecimento pela alegria que a Carlota lhes tinha proporcionado!
Quando chegaram a casa, foram celebrar o nascimento de Jesus! Jantaram
magnificamente, seguindo-se a entrega dos presentes da família! À meia-noite, foram à
Missa do Galo! No Dia de Natal, o Pai Natal visitou a Carlota deixando, como presente,
uma bela estrela dourada e brilhante, com um cartão de agradecimento no qual estava
escrito que, quem ajuda o próximo, será sempre recompensado!
Carlota teve o melhor Natal de sempre, pois aprendeu a partilhar e a ser solidária!
Não será este o verdadeiro espírito do Natal?!
FELIZ NATAL!!!
Cláudia Reis, 9.ºC n.º7
A Razão do Natal
Era uma vez, numa aldeia muito distante um príncipe muito rico que nunca tinha dado real
valor aos presentes e a todos os restantes bens materiais. Todos os natais recebia muitas
prendas, mas estas eram dos amigos, dos pais, dos poucos amigos dele. Ora, cero Natal,
um rapaz deu-lhe um boneco de palha, algodão e rendas que ele tinha tecido com todo o
amor e carinho. Depois do rapaz ter ido embora com a sua família, o príncipe deitou o
boneco para o lixo com o maior dos desprezos. Quando já tinha escolhido os presentes que
lhe eram úteis, viu uma carta no chão que dizia: “És muito cruel para as pessoas e eu não
vou tolerar que isso aconteça. Caso não melhores as tuas atitudes, vais ter de enfrentar as
trágicas consequências”.
O príncipe, pouco preocupado, rasgou a carta e deitou-a fora. Esta carta não tinha o seu
autor e ele continuou a praticar ao mesmo atos.
No Natal seguinte, ele não viu ninguém na aldeia que estava completamente deserta.
Procurou as pessoas até ao anoitecer e viu fumo de uma fogueira no mato. Foi até lá e
observou o rapaz que lhe tinha oferecido o boneco de palha no Natal anterior, com a sua
família a rir às gargalhadas. O rapaz estava cheio de presentes à sua volta e o príncipe foi
ter com ele e disse-lhe:
- Ordeno-te que me dês todos os presentes!
O rapazito, com medo, deu todos os presentes ao príncipe. Este foi guardá-los no seu
ilustre palácio e mais tarde voltou ao mesmo local de antes. A fogueira continuava acesa e
a família continuava a rir. O príncipe perguntou:
- Qual a razão de ainda estarem a rir? Afinal apoderei-me dos vossos presentes!
O rapazito respondeu-lhe:
- Pois, mas o maior presente que nós podemos ter é a família ao nosso lado.
O príncipe voltou para casa com um enorme peso na consciência. Encontrou o boneco que
o rapazito lhe tinha oferecido no Natal passado, perto do seu palácio. Apanhou-o e voltou a
construí-lo. De repente, surge o Pai Natal que disse ao príncipe:
- Finalmente percebeste que os presentes não são o mais importante.
O Pai Natal, dito isto, desapareceu.
As pessoas voltaram a aparecer e o príncipe passou a dar mais valor ao Natal, aos presentes
e sobretudo às pessoas de quem gostava. A partir daí tornou-se uma pessoa mais amável e
bondosa.
João Ricardo 7-ºE
Ariel
Era uma vez uma rapariga chamada Ariel. Era uma criança doce, bondosa e leve
como um anjo ou um espírito do ar. Seus pais, dinamarqueses, quiseram dar-lhe um nome
bíblico, profético até: Ariel... o leão de Deus!
A menina veio para Portugal viver com uma tia distante e fria, quando tinha apenas
sete anos. Os pais ficaram a trabalhar na Dinamarca, lá longe, prometendo que um dia
viriam ter com ela. Tinha de ser forte e corajosa, disseram-lhe.
À medida que o tempo passava, Ariel sentia-se cada vez mais triste. Os pais não
chegavam e, na escola, não tinha amigos. Comia, dormia, estudava e brincava,
praticamente só. Sobrevivia.
Os pais telefonavam-lhe, é um facto, mas só perguntavam pelos seus estudos. Se
tinha maus resultados, zangam-se; se progredia, só falavam disso. Pais!...
Chegou a Véspera de Natal. Ariel jantou com a tia e deitou-se na cama,
escondendo- -se do mundo. Pela janela, chegava-lhe a alegria vivida nas outras casas: as
crianças recebendo prendas, o afeto dos pais, o jantar de festa em família, os cânticos de
Natal. A felicidade delas doía e Ariel chorou lágrimas de tristeza até que, exausta,
adormeceu.
Primeiro, sonhou que os pais tinham voltado! Na sua imaginação, havia prendas,
beijos, ceia e muitas, muitas canções! Mas, no final, os pais desapareciam
inexplicavelmente. Ela corria, corria, corria, mas não os encontrava. Quando acordou, a
menina chorava ainda.
Viu a hora: ainda não era meia-noite. Deitou-se de novo e adormeceu. Desta vez,
sonhou que estava num local onde tudo era negro, tão escuro que nem conseguia ver os
próprios dedos! Ela caminhava muito até encontrar uma luz. Então, sorrindo, percebia que
à sua frente estava o menino Jesus.
Ele ficava encantado por vê-la e tratava-a por Ariel e tudo, como se a conhecesse!
Ela confessava-lhe, chorosa, que o seu maior desejo era que os pais voltassem da
Dinamarca na véspera de Natal! E ele sorria, traquinas.
Ariel levantou-se cedo e percorreu toda a casa: nada! Correu rapidamente até à
porta e abriu-a... mas não viu os pais. Esperou todo o dia: em vão. Já era 25 de dezembro!
Desconsolada, percebeu que afinal a sua esperança não passara de uma quimera.
À noite, estava ela a ver televisão quando, de repente, alguém bateu à porta: três
pancadas fortes que ecoaram, assustadoras. A tia olhou-a, apavorada, e Ariel, leão de Deus,
recordou as palavras dos pais: Tens de ser forte e corajosa! Agarrou num chapéu de chuva,
bem pesado, e abriu a porta de repente, surpreendendo o ladrão com a pancada.
- Aiiii! Por que razão me bates, minha filha?!...
Ariel e os pais caíram nos braços uns dos outros! Choraram, riram, beijaram-se e
Ariel recebeu uma linda prenda e cantou É Natal!, maravilhada por estarem de novo
juntos. Para sempre...
No Céu, o menino Jesus, enroscado numa nuvem, riu-se, feliz, e bateu palminhas!
Adorava reencontros, ainda que estivesse a ficar algo trapalhão com a programação das
horas. Afinal, a distração do século XXI, também fazia vítimas no Céu...
Iulia Anastas, n.º 18, 8.º A
Yongjiao Xia , n.º 23, 8.º A
Nádia, n.º 18, 9.º C
Alda, minha mãe
Esta é a história verdadeira de Alda Pereira, mulher de
coragem são-tomense, que tudo sacrificou para salvar sua filha,
minha irmã.
Na Cidade de São Tomé, distrito de Água Grande, numa casinha pintada de rosa,
vivia Alda com seus pais. Tinha a leveza que só o povo daquelas paragens conhece. Seus
dois filhos, Joana e José, eram crianças alegres que caçavam passarinhos, trepavam aos
coqueiros e corriam pela rua sadios como ninguém. E seu marido, homem bom e generoso,
partira um dia para longe, em busca de sustento, na terra dos navegadores portugueses que
há muito tempo descobriram a ilha.
Porém, num Natal de má memória, a doença que ensombrava a ilha veio bater à sua
porta, como cobra preta de mau agoiro. Atingiu sua filha. A menina andava mortiça, com
febres, tremuras teimosas e calafrios, mas nada fazia prever o pior.
À medida que o tempo passava, Alda desesperava, vendo que os sintomas ruins
não abandonavam a filha. Resolveu, então, levá-la ao Hospital. Os médicos, sábios e
sisudos, diagnosticaram o perigo e fizeram-lhe tratamentos, mas nada evitou o seu estado.
Deram-lhe então a notícia: a doença atingira fatalmente o cérebro da criança.
No Hospital, a menina piorava de dia para dia e era um desconsolo de alma vê-la
ali, ora arrancando os cabelos num acesso inexplicável, ora paralisada e caída, como se
uma rajada de vento a tivesse arrancado à vida.
Um dia, quando já nem o amor nem a ciência pareciam vencer a doença, minha
mãe deixou São Tomé. Para trás, ficavam os pais – meus avós - e eu, ainda muito pequeno.
Levava consigo uma menina gravemente doente, rumo a um horizonte de esperança.
Em Portugal, minha mãe viria a saber que o paludismo era incurável, mas minha
irmã sobreviveu. A cobra preta que durante tanto tempo se alimentara de medos, angústias
e receios, rastejando, deixou as nossas vidas.
Doze Natais passaram e minha mãe ansiava por regressar com minha irmã à sua
terra natal. Era a saudade do filho. Era a saudade dos pais. Era a recordação do verde
quente da selva, do cheiro a terra molhada depois da chuva, da onda a bater na praia...
Mas não podia voltar. Os medicamentos em São Tomé não existiam ou eram
demasiado caros. Arriscar era-lhe proibido.
Outro dezembro chegou. Frio, cinzento, chuvoso. E minha mãe reinventou o quente
natal são-tomense, como só ela sabia fazer. Organizou a casa para receber os amigos,
preparou calulu de peixe seco, blá-blá, funge, angu de banana, quizaca, azagoa e izaquente
doce. E esperou.
Sentada à janela, mirou o horizonte possível na cidade grande. Mas, para lá das
nuvens sombrias, viu surgir a sua praia deserta de areia branca rodeada de coqueiros até à
beira-mar. E sentiu o calor ameno do inverno no rosto e a calidez da água azul. E
desbravou selvas impenetráveis, onde reinam macacos, papagaios e as terríveis cobras
pretas que aprendera a ignorar.
E viu-me, então, criança pequena de bracitos nus a pedir colo, como me vira, em
São Tomé, pela última vez... Fechou os olhos e ousou sonhar. Era eu quem chegava agora,
rapaz de catorze anos feitos, conservando no rosto os traços de menino e o sorriso
encantador.
E eu cheguei. Vinha estudar para Portugal. Meu pai escondera de minha mãe a
surpresa. Quando abriu os olhos e me encarou de novo, teve a certeza de que, naquele
Natal português, era a força de África que lhe batia de novo no peito.
José Pereira, n.º 20, 9.º B
A velha árvore de Natal
Era uma vez uma mulher chamada Maria da Piedade que tinha cinco filhos e vivia
sem marido numa casinha amarela no cimo de um monte. Desesperava, pois não conseguia
acalmá-los. Os filhos nunca ficavam quietos: corriam, saltavam, subiam às árvores,
roubavam chocolates às crianças vizinhas, atiravam pedrinhas aos cães. Um nunca acabar
de disparates!
No dia 2 de dezembro, ela perdeu definitivamente a paciência: os filhos tinham
partido as janelas dos vizinhos! A polícia chegou, houve interrogatórios, gritos, vergonha,
muita confusão. Foi a gota de água.
À noite, quando os filhos já dormiam, Maria da Piedade, saiu de casa, sentou-se
num banco abandonado e começou a chorar. Então, viu uma estrela cadente e,
involuntariamente, pediu um desejo: Quero que os meus filhos desapareçam!
Quando acordou, na manhã seguinte, viu que nenhuma das crianças estava em casa
e pensou que teriam ido todos brincar para a rua. Mais tarde, percebeu.... O seu desejo
infantil havia sido atendido... E os meninos, misteriosamente, desapareceram.
Pensou em contar às vizinhas, às amigas, às colegas de trabalho... mas teve receio
de que todas a julgassem uma má mãe! Como não tinha pensado no poder do destino?!
Mais tarde, enlouqueceu com a dor! Abandonou-se à vida fácil e ao divertimento.
Fazia festas a toda a hora e chegava muito tarde a casa! Gastava o dinheiro todo em roupa,
restaurantes, com os amigos...
No dia 15 de dezembro, Maria da Piedade acordou muito cedo, indisposta. Estava
com dores de barriga e estranhos pressentimentos. Comeu um pãozinho, bebeu o chá da
manhã e foi trabalhar. Na empresa, sentiu-se mal, de novo. Então foi ao Hospital. O
médico disse que não era nada de grave, só precisava de descanso. Alguma coisa a
preocupava?...
Ao chegar a casa, as suas suspeitas confirmaram-se: tinham assaltado a sua casa.
Quis chamar a polícia, mas não encontrava o telemóvel, porque este ficara perdido no
casaco. Onda estaria?!
Resignada, foi para casa do seu amigo Bruno. Tocou à campainha e ele perguntou
quem era. Ela respondeu que era Piedade, a sua amiga, e explicou-lhe o seu azar e o facto
de estar quase sem dinheiro. Bruno respondeu que não conhecia ninguém com esse nome e
não abriu a porta. Ela decidiu ir a casa da sua amiga Madalena. E a mesma história
aconteceu. Como Bruno, esta não abriu a porta. E assim foi, também, em todas as outras
casas dos supostos amigos. Maria da Piedade ficou outra vez triste e adormeceu no banco
abandonado em frente a sua casa. Tinha pensado que o dinheiro era infinito, mas não era
assim!
Adormeceu de madrugada e atrasou-se tanto na hora do trabalho que o chefe a
despediu. No final, ficou sem família, sem casa, sem dinheiro. Mais pobre ainda do que
alguma vez fora!
Vagueava pelas ruas da cidade, perdida, e só então percebeu que a vida que antes
tivera era a melhor que se podia imaginar! Se os filhos agora se portavam mal, era porque
eram crianças, mas quando crescessem, poderiam mudar e ser bons homens. Maria da
Piedade chorou todas as lágrimas do mundo: estava com tantas saudades dos filhos! Como
se sentia arrependida...
O dia 24 de dezembro finalmente chegou. Era Véspera de Natal. Piedade
continuava sozinha, mas agora trabalhava num Hospital e já tinha dinheiro para comer. Ao
regressar a casa, enfeitou uma velha árvore de Natal, com uma secreta esperança no
coração. Preparou a mesa de festa e sentou-se, imóvel. Esperou. Com um ar triste, pensou:
Jesus, traz a minha família de volta! e soluçou. Mas ninguém chegou.
Então, foi dormir. Sonhou que se encontrava com Jesus e seu Pai no Céu, com Alá
e o profeta Maomé, com os milhares de deuses hindus, com Buda e os espíritos de África.
Acordou exausta e ouviu vozes e risos. Saiu do quarto e viu, com uma alegria indescritível,
os seus cinco filhos sãos, salvos, felizes. Olhou o calendário desbotado da sala, era 25 de
dezembro! Recebera o presente mais valioso do mundo que era, para sempre,
Dmytro Traynych, n.º 6, 7.º D
O Natal sem presentes
Numa madrugada gelada e branca na Natalolandia, estava o Pai Natal em sua casa a
beber um leite quentinho e a comer bolachinhas com recheio de canela e chocolate,
quando, de repente, se ouve um som:
- BUUUUUMMMM!
O Pai Natal sai da sala, e vai ver o que aconteceu ao estábulo , mas estava tudo normal,
mas quando abre a porta da sala dos presentes o Pai Natal assusta-se e diz:
- Ah! As minhas prendas!
Rapidamente aparecem os duendes e ao verem o Pai Natal perguntam:
-O que aconteceu, porque choras Pai Natal?
-Olha as prendas! Foram roubadas. Neste natal não vai haver presentes. Vai ser o meu
fim é impossível arranjar milhares de presentes até a amanhã á noite.
O Pai Natal e os duendes foram dormir, mas com o acontecimento nenhum deles
conseguiu dormir. No dia seguinte estava limpo e frio, os duendes levantaram o pequeno
almoço, quando a Mãe Natal chegou da Terra onde foi passar uns dias na sua casa de férias
no Polo Norte, ela pergunta porque o Pai Natal não estava com eles à mesa e os duendes
disseram-lhe o que se tinha sucedido.
Ela ficou furiosa, reuniu todos e puseram mãos à obra Trabalharam a manhã e a tarde
toda mas quando anoiteceu não tinham presentes suficientes para toda a gente e o Pai Natal
adoeceu.
A noite chega também. Na terra, as casas, as ruas estavam todas reluzentes com os
enfeites de Natal, as famílias todas reúnem-se e conversam, comem e bebem enquanto
esperam pela chegada do Pai Natal e dos presentes. Passavam horas e horas mas ninguém
dava pelo tempo passar, pois a conversa e o brilhar dos olhos de cada pessoa iluminava a
noite escondendo o frio do Inverno aquecendo-se uns aos outros com amor e afeto.
Enquanto em Natalolandia o Pai Natal estava cada vez pior e a sua família muito triste
até que entrou no quarto a Mensageira:
- Olha! As imagens da Terra, olha para aqueles seres não mágicos, olha o brilho no olhar
de cada um deles estão a partilhar carinho e amor e nem sentem a falta das prendas, o Natal
não são só presentes é muito mais do que isso é estar em família e partilhar amor afeto e
carinho.
- Magia! Isso é a magia do Natal que está dentro de todos nós. Como me posso ter
esquecido disso- disse o Pai Natal.
- Não é bem verdade eles ainda não sabem que nós não vamos levar os presentes por isso
estão felizes, quando souberem a alegria acaba e chega o nosso fim - disse um dos
duendes.
- Não digas isso - disse a Mãe Natal. Vamos preparam o trenó e as renas e vão todos com
o Pai Natal.
Os duendes preparam o trenó e vão todos com o Pai Natal para a Terra. Chegando lá, os
duendes e o Pai Natal percorreram todos os lugares espalhando magia pelos céus e fazendo
crianças felizes por os ver surgindo por magia milhares de presentes e o que havia de ser
um Natal sem prendas foi um Natal cheio delas.
Desde aí as pessoas da Terra perceberam que o Natal não é só presentes, mas sim estar
em família a partilhar amor afeto e carinho todos juntos.
Trabalho realizado por:
Rodrigo Jesus Nº22 8ºB
Soraya Lopes Nº23 8ºB
José Pedro Nº14 8ºB
Marta Penteado Nº17 8ºB
Querido Primo Duendino
Eu sei que esta é uma época muito ocupada para nós, mas estou com uma coisa a
atormentar-me. Fiz um disparate… e logo agora que se aproxima o Natal! Precisava de
desabafar com alguém e por isso pensei em escrever-te.
Ontem, dia 22 de Dezembro, entrei em casa do Pai Natal e dei com ele a rir, a rir, a rir
tanto que fiquei com medo que tivesse um ataque cardíaco. A sério, Duendino, é que o Pai
Natal não está a ficar mais novo!
Quando acalmou, de tão estafado que estava de tanto rir, acabou por adormecer e uma
carta caiu para o chão; e aí surgiu a minha oportunidade de satisfazer a minha curiosidade.
Eu sei, não devia ter lido, mas não resisti Duendino! Estava escrito numa língua estranha e
custou-me a decifrar, mas nós duendes sabemos tantas línguas, não é verdade? Era
tubaronês – escrita de tubarão. Olha, resumindo foi escrita por um jovem e vegetariano
tubarão que estava preocupado com os seus irmãos tubarões, que nem no Natal deixam os
peixes em paz! Até aqui eu percebi que ele tinha um bom coração, mas não percebi o riso
descontrolado do Pai Natal.
Cheguei então ao pedido propriamente dito; o tubarão pedia uma enorme dor de dentes
para os seus irmãos. Acreditas neste pedido? Eu desatei a rir e quase acordei o Pai Natal.
Tive de segurar a boca com as duas mãos e correr para fora de casas para “explodir” a rir.
Pois é querido primo, nesta altura de tanto trabalho, preocupamo-nos em fazer sorri o
máximo de crianças do mundo, tornando os seus sonhos realidade. Uma boneca para a
menina, um carrinho para o menino, um lápis para pintar para um mais crescido, um
telemóvel…, sei lá, tantas coisas que preparamos e pomos no trenó para levar às crianças e
ajuda-las a sorrir. Agora, dor de dentes para tubarões??? Acha que o Pai Natal conseguirá
resolver esta situação? Nunca vi tal coisa! E o pior é que o tubarão merece uma prenda
pois não só fez rir o Pai Natal, como o fez dar muitas gargalhadas!
Ainda bem que sou só um duende e estas situações complicadas não ficam à minha
responsabilidade! Não sei o que o Pai Natal fará!
Bom, agora vou trabalhar e deixar-te a fazer o mesmo. Quando tiveres um tempinho
escreves e dizes-me se achas que o meu disparate foi muito grave? Sinto-me tão culpado,
que até estou a ficar com dor de dentes!
Um grande abraço
Primo Elfino
Catarina Ferreira dos Reis n.º 9, 5.º G
A porta secreta
Num dia de inverno, já perto do Natal um menino chamado Pedro não acreditava no Pai
Natal. Os pais faziam tudo o que podiam para que ele acreditasse, mas nada.
No dia seguinte, Pedro e a família começaram a enfeitar a árvore para que tudo estivesse
perfeito nesse dia. O menino tinha uma irmã mais nova chamada Madalena que estava
ansiosa por conhecer o Pai Natal. Pedro, nunca lhe disse que não acreditava e sempre lhe
confirmou o que os pais lhe diziam: que ele entrava em casa pela chaminé e trazia as
prendas num grande saco. Este natal foi diferente porque enquanto estavam todos na
cozinha a comer o peru assado no forno e as filhoses, ouviram um estrondo enorme, vindo
da sala de estar. Correram par ver o que era. Só se viam presentes embrulhados em caixas
com laços dourados. Pedro pensava que era tudo inventado pelos pais. Mas, ao ver os pais
surpreendidos, achou estranho.
A sua pequena irmã divertia-se a abri todos aqueles presentes e os pais olhava para ela com
carinho.
Pedro, junto à estante do seu quarto, tinha uma lareira que não era usada e nessa parede,
tinha uma pequena porta que nunca se tinha aberto, nem sabia para que servia. Olhou para
uma folha de papel caída no chão que tinha um desenho de umas chamas. Pensou que
podia desvendar o segredo da porta fechada. Então Pedro, com uma chave colocou-a na
abertura da pequena porta que estava ao lado da lareira, rodou-a e a porta abriu-se. Então
viu um caminho cheio de neve. Depois de percorrer todo aquele gelo branquinho, encontro
uma fábrica de brinquedos. Viu muitos duendes a construir brinquedos e a embrulhá-los
em caixas muito parecidas às que tinha encontrado em casa. De repente, sente uma mão
tocar-lhe no ombro.
- Ora viva – Disse um homem gordo com barbas brancas!
- Quem é o senhor? Perguntou o Pedro.
- Não me conheces? Sou O Pai Natal! Exclamou o homem.
- Mas…mas…mas… o senhor …Pai…Pai…Natal? – Gaguejou o Pedro.
- Sim, o próprio!
Pedro e Pai Natal foram tomar chocolate quente juntos.
A partir daí, Pedro passou a acreditar no Pai Natal e visitou-o todos os anos para tomar
chocolate quente com ele.
Vasco Oliveira N.º24 5.ºH
Natal Tecnológico
Hoje em dia tudo está diferente, desde há nem 50 anos atrás, a tecnologia evolui muito
rapidamente, até demasiado, já desapareceram muitos postos de trabalho, devido ao
aparecimento de robôs e máquinas. Até um dos postos mais importantes está prestes a
desaparecer, é verdade, o Pai Natal já não precisa de distribuir as prendas, devido ao
avançado equipamento do trenó, o mesmo consegue fazer tudo sozinho.
Num dia, o Pai Natal estava a ver as cartas que lhe enviaram, quando o duende-chefe
entrou no gabinete com o seu IPad 3 na mão e avisou o Pai Natal que tinha acabado de
receber um mail a dizer que com o avanço das tecnologias o seu trenó fazia tudo o que ele
faz em metade do tempo, por isso já não precisavam do seu trabalho.
O Pai Natal, as renas e os duendes não sabiam o que iriam fazer, visto que aquela era a
única função que tinha.
Até que, num dia, um grupo de 3 duendes, os mais “matreiros”, começou a ter umas
ideias…
Um dizia:
- Vamos sabotar o trenó! Mas como?
- Temos de conseguir chegar à fonte de energia do trenó! – disse outro com cara de
triunfante.
- Bem, hoje é dia 13, ainda temos 11 dias até à véspera de Natal…
No dia seguinte estiveram horas e horas a trabalhar no plano:
- … e depois cortamos os cabos e voltamos para a fábrica sem dar nas vistas! – afirma um
deles.
- É como se já estivesse feito! – Confirmam os outros.
Dia 18, dia em o Pai Natal ficava habitualmente o dia todo no gabinete, deram início ao
plano.
Um dos duendes foi bater à porta do gabinete do Pai Natal e foi distraí-lo, pedindo que
fosse tratar de uma emergência na fábrica. O Pai Natal sai da porta e os outros duendes
entraram para “levar emprestada” a chave da sala do trenó.
Passado um minuto ainda estavam à procura, já não tinham muito tempo, a pressão
aumentava, até que encontraram um molho de chaves e o levaram com eles, bem na altura
certa, o Pai Natal acabava de entrar no gabinete.
Chegaram à porta da sala do trenó e passadas umas quinze tentativas lá conseguiram achar
a chave certa, abriram a porta e no meio da sala estava o trenó topo de gama.
Com um grande trabalho de equipa escalaram o trenó, acharam a fonte de energia e
tentaram abrir a tampa da mesma. Para grande espanto de todos, deu erro num ecrã que
estava incorporado na tampa, e pedia um código, código esse que permitia o acesso à fonte
de energia. Eles tentaram umas duzentas vezes, mas sem grande êxito.
Até que um exclamou:
- O código da sala das prendas!
Tentaram esse código e, novamente, para espanto de todos, a tampa abriu-se e lá dentro
encontrava-se uma grande confusão de cabos e fios, amarelos, brancos, verdes…
- Como vamos cortar isto tudo?! – Perguntou um deles.
Os outros sem terem ideias foram tentando cortar um e depois outro e após uma hora o
trenó já não possuía uma fonte de energia e a missão deu-se por completa e bem-sucedida.
No dia da véspera de Natal, enquanto o trenó estava a ser verificado, foi descoberto o
problema, ninguém pensou duas vezes, o Pai Natal e as renas foram rapidamente avisados
do sucedido e teriam eles de resolver a situação, fazendo o que habitualmente faziam.
E o que aconteceu foi que no final das entregas, foi decidido que a partir daquele dia
ninguém poderia substituir o trabalho do Pai Natal e das renas. E foi mantida a tradição.
Guilherme António Vieira Ferreira
8ªA nº14
A Estrela de Natal
Era uma bela manhã, uma manhã especial… Era o dia pelo qual todos tanto ansiavam.
A neve caía sobre os telhados das casas, formando um tapete de branco puro sobre
todas as superfícies e se dispersava. As crianças brincavam lá fora construindo os mais
bonitos bonecos de neve. Faziam montes, bem redondos, para modelar aquela personagem
característica da época. Para os olhos, utilizavam grandes botões pretos de camisas antigas,
para o nariz, uns usavam uma pequena cenoura, enquanto outros usavam pequenos ramos,
de que também faziam a boca e os braços do tão desejado boneco de neve.
Tudo promovia um cenário calmo, feliz, para todas as famílias que já se aprontavam
para um belo dia, um dia de amor, de partilha, aquele dia do ano pelo qual todos anseiam e
esperam. Afinal, é esse o aspeto característico do Natal, o dito espírito natalício típico da
época.
Para Manuel, que admirava todo aquele aparato da janela ampla da sala de estar, era só
mais um dia. Um dia de aparências, um dia em que punha em evidência todo o
materialismo do ser humano, um dia em que já não era dominado pelo carinho, pelo amor,
pela compaixão, mas sim um dia dominado pela oferta, pelos bens materiais.
Manuel relembrava como todo aquele dia significara tanto para ele, não agora, mas há
uns anos. Começou a lembrar-se do seu Natal anterior e foi dominado por uma sensação
instantânea de angústia, de revolta. Para Manuel, naquela altura, o Natal reduzia-se às
prendas, aos bens que recebia, aos brinquedos que toda a família lhe dava… Exigia à sua
mãe tudo do mais caro e do melhor. Todas as cartas que escrevia para o Pai Natal visavam
todas essas coisas materialistas e desmedidas.
A sua mãe dizia sempre: “Oh meu traquina…O Pai Natal dá prendas simples,
essenciais e especiais… Existem muitos meninos! Um dia, quem sabe, vais entender que
existem pequenas coisas, que podes desejar que irão fazer a diferença, ou que teriam feito a
diferença, se as tivesses pedido ao Pai Natal, se tivesses dado valor… O que temos hoje e
não sentimos falta, podemos não ter amanhã! E, aí, percebemos que pedimos pelo errado e
que já não podemos ter aquilo que realmente queremos…”
Manuel, perplexo, ficou parado a olhar para a mãe e por mais que parecessem
palavras importantes ele não as entendera, nem procurava entender. Tudo lhe parecia
banal, comparado com o que esperava receber. Naquele dia, Manuel exigira à mãe que lhe
comprasse uma pista de comboios, que vira exposta numa das montras do centro
comercial, a mais bela e a mais cara. Manuel fez tal pranto que a mãe não teve outra
solução senão ir comprá-la.
Escurecia lá fora e já estava próxima a hora, a lareira já estava acesa e a família
reunida para festejar a tão aguardada noite. Todos estavam reunidos, mas a mãe de Manuel
não tinha regressado ainda do centro comercial.
Estava escuro, lá fora caía a neve sobre os candeeiros, as decorações das casas…
Por todo o sítio cintilavam as luzes mais coloridas e as mais belas, e, no céu, a lua brilhava
rodeada de tantas estrelas, mas uma, em especial, brilhava com mais intensidade, com mais
fulgor que todas as outras, essa que despertara a atenção de Manuel.
Naquela noite, Manuel perdera a mãe…Com a mãe perdera também o desejo de
todas aquelas coisas exuberantes e materialistas que desejava. Perdera a mãe num acidente
de carro e perdeu-a porque a sua ganância, o seu desejo por aquela pista fora maior. Nesse
mesmo momento, lembrou-se do que a mãe lhe dissera anteriormente: “O que temos hoje e
não sentimos falta, podemos não ter amanhã! E aí percebemos que pedimos pelo errado e
que já não podemos ter aquilo que realmente queremos…”
Manuel finalmente percebera as palavras que a mãe lhe dissera e com tamanha dor
que carregava ao peito, encostou-se à janela e ficou a admirar a estrela. Todos pareciam
distraídos e aterrados, que nem ligaram à indiferença falaciosa do menino.
Era uma bela manhã, uma manhã especial…Era o dia pelo qual todos tanto ansiavam.
A neve caía sobre os telhados das casas, formando um tapete de branco puro sobre todas as
superfícies em que tombava e se dispersava. As crianças brincavam lá fora, construindo
dos mais bonitos bonecos de neve. Manuel continuava a apreciar todo aquele aparato,
enquanto recordava todas aquelas memórias.
Naquela mesma janela, Manuel ouviu uma voz que lhe perguntou: “Se pudesses
pedir outro desejo ao Pai Natal, que pedirias?...”
Manuel olhou fixamente para todas as crianças que brincavam lá fora e disse: “Se
pudesse, eu pediria, para que aqui estivesses mãe! Afinal já tinha a prenda mais preciosa de
todas…Tinha-te a ti e o que é que significa agora o Natal sem os que mais amamos? Já não
me interessam as prendas, nem tudo o resto que te pedi, porque perdi a coisa mais valiosa!
O que é o Natal? O que é ele sem ti?”
Escurecia lá fora e já estava próxima a hora. A lareira já estava acesa e a família
reunida, para festejar a tão aguardada noite. Lá fora caía a neve sobre os candeeiros, as
decorações das casas… Por todo o sítio cintilavam as luzes mais coloridas e mais belas, e,
no céu, a lua brilhava rodeada de tantas estrelas, mas uma, em especial, brilhava com mais
intensidade, com mais fulgor que todas as outras, essa mesma que despertara a atenção de
Manuel no ano anterior.
Manuel deslumbrava-se com aquela estrela, quando disse: “ Poderei não te receber
como prenda, mãe…Mas sei que serás sempre a estrela mais brilhante que iluminará todas
as minhas noites de Natal…Afinal, o que é o Natal sem ti, mãe?”
Márcia Filipa Ribeiro, nº15, 11º 1 (ESDPV)