Contratando com eficiência Gol de placa na...
Transcript of Contratando com eficiência Gol de placa na...
Frederico Antunes otimista com gestão da Assembléia
Fe
co
mé
rc
ioBENS&
J A N E I R O
332 0 0 8
en t rev i s t a
SERVIÇOS
a ç õ e s
Aprenda como funciona ouniverso da Bolsa de Valores
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
f u t e b o l
Gol de placana economia
g u i a d e g e s t ã o
Contratandocom eficiência
Núm
ero
25 –
Mai
o 2
007
SUMÁR IOEXPEDIENTE
12 De vento em popaEconomia dos países integrantes da região
aproveita conjuntura favorável e apresentam
desenvolvimento contínuo
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS
Federação do Comércio de Bens e de Serviços
do Estado do Rio Grande do Sul
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]
Presidente: Flávio Roberto Sabbadini
Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi
Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi
Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hans Georg Schreiber, HélioBerneira, Hildo Luiz Cossio, Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto,Isabel Cristina Vidal Ineu, Itamar Tadeu Barbosa da Silva, IvanirGasparin, Ivar Ullrich, Jair Luiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira,Joel Carlos Köbe, Jorge Rubem D. Schaidhauer, José Nivaldo daRosa, Jovino Antônio Demari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M.Nascimento, Júlio Roberto L. Martins, Jurema Pesente e Silva,Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, Liones Bittencourt, LúcioGaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo, Luiz CarlosDallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz Henrique Hartmann, LuizRoque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira, Maria Cecília Pozza,Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Olmar João Pletsch, PauloAnselmo C. Coelho, Paulo Antônio Vianna, Paulo Ganzer, PauloRenato Beck, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Saul Trindade deSouza, Régis Feldmann, Renzo Antonioli, Ricardo Murillo, RicardoPedro Klein, Roberto Segabinazzi, Rogério Fonseca, Rui AntônioSantos, Silvio Henrique Fröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto,Tien Fu Liu, Valdo Dutra Nunes, Walter Seewald e Zalmir Fava
Conselho Fiscal: Henrique Gerchmann, João Francisco MicelliVieira, João Oscar Aurélio, Olemar Antônio F. Teixeira, RudolfoJ. Mussnich, Sérgio Roberto H. Corrêa
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Bruna Silveira,Camila Barth, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, FernandaRomagnoli, Juliana Maiesky e Simone Barañano
Coordenação Editorial: Simone Barañano
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
Chefia de Reportagem: Marianna Senderowicz
Reportagem: Marianna Senderowicz, Patricia Campello,Renata Giacobone
Colaboração: Edgar Vasques, Francine de Souza, Lucas Ladwig,Maressah Sampaio, Maria de Fátima Ohl Braga, Moacyr Scliar,Rafael Lubeck
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Impressão: Nova Prova
Tiragem: 25 mil exemplares
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
a m é r i c a l a t i n a
FecomércioSERVIÇOSBENS &
Ingressando na BolsaSaiba como comprar e vender ações na Bovespa
e também como funciona o processo de abertura
de capital no Brasil
a ç õ e s
26
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
SUMÁR IO
05FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
e n t r e v i s t a
Entregando a presidência 18Frederico Antunes (PP/RS) exerce seu último mês
como presidente da Assembléia Legislativa gaúcha
com expectativas positivas para a próxima gestão
g u i a d e g e s t ã o
Responsabilidade do início ao fimContratação de funcionários envolve cuidados com seleção
e respeito a exigências legais. Para evitar custos a mais,
convém ter atenção redobrada no recrutamento
14
c u l t u r a
Para cantar os costumesA música faz parte da formação sócio-
cultural de qualquer população. A difusão
do gênero contribui para o conhecimento
de diversas realidades
42
40c a p a c i t a ç ã o
Certificado na mão,emprego facilitado
Foi-se o tempo em que apenas empenho e experiência
garantiam lugar no mercado. Hoje, a capacitação e o
aprimoramento são fundamentais
44f u t e b o l
Gol de placa para a economiaUma das atividades físicas mais
praticadas no mundo, o esporte bretão
representa excelente nicho de negócios
para diferentes segmentos
c r ô n i c a50
a g e n d aa g e n d a
a g e n d a
t e c n o l o g i a34
6
39p e r s p e c t i v a s
e u , e m p r e e n d e d o r
v i s ã o t r i b u t á r i a
47
e n g a j a m e n t o
r e c u r s o s38
36
p a l a v r a d o p r e s i d e n t e
s a i b a m a i s
h i e r a r q u i a24
7
32
o p i n i ã o
46
p a r a l e r
17
49
n o t í c i a s & n e g ó c i o s8
v i s ã o e c o n ô m i c a48
A
G
E
N
D
A
06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
j a n e i r o
03VerãoInício do Estação Verão Sesc, nas
praias de Arroio do Sal, Capão da
Canoa, Cidreira, Tramandaí,
Cassino, Laranjal e São
Lourenço do Sul. Informações:
www.sesc-rs.com.br.
04CulturaInício do Verão Sesc Cultura, que
terá diversas atividades artísticas
em uma arena na beira da
praia, em Torres. Informações:
www.sesc-rs.com.br.
05Rio Grande no PalcoSesc Rio Grande no Palco, com
Ponto de tecer poesia (05 e 06), e
com Se as coisas fossem mães
(12 e 13), no teatro do Sesc
Passo Fundo.
08TeatroInício do Festival Porto Verão Alegre
2008, no Teatro do Sesc Centro.
12FormaturaFormatura dos cursos tecnólogos
de Marketing, Análise e Desenvolvi-
EsportesCircuito Verão Gaúcho de Esportes, realizado em mais de 80
municípios gaúchos ao longo dos meses de janeiro e fevereiro.
Informações: (51) 3284-2047 ou www.sesc-rs.com.br.
ValdemirBitencourt/Sesc-RS
31FotografiaEncerramento da exposição
Luzes da Canção, do fotógrafo
Hamilton Fialho, na
Unidade Operacional do Sesc
Vale do Gravataí.
Informações: (51) 3490-6400.
Janeiro e FevereiroBrincando nas Férias nas cidades
de Farroupilha, Passo Fundo,
Erechim, Porto Alegre, Uruguaiana,
Lajeado, Pelotas, Camaquã,
Carazinho e Bagé.
Informações nas Unidades
Operacionais do Sesc-RS.
mento de Sistemas e Hotelaria da
Faculdade de Tecnologia Senac-RS, no
Centro de Eventos do Hotel Plaza São
Rafael, em Porto Alegre (12), e do curso
tecnólogo em Análise e Desenvolvimen-
to de Sistemas da Faculdade de Tecnolo-
gia Senac Pelotas (25). Informações:
(51) 3022-1044 e (53) 3225-6918.
19Porto Verão AlegreMostra Sesc de Teatro de Rua na
Usina do Gasômetro (19 e 26), no
Parque Farroupilha (20 e 27), na
Escola Municipal Grande Oriente (22)
e na Escola Municipal Chico Mendes
(29), todos em Porto Alegre.
PA
LA
VR
A D
O P
RE
SID
EN
TE
07FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
Flávio Roberto Sabbadini
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
universo das ações sempre
pareceu um mundo à parte
para quem não atuava em seg-
mentos econômicos ou contábeis.
Nos últimos anos, porém – e espe-
cialmente em 2007 –, essa realidade
sofreu uma reviravolta e passou a en-
volver também as “pessoas comuns”,
que até então não se preocupavam
com cotações ou especulações.
Em novembro de 2007, o valor
de mercado das 405 empresas com
ações negociadas na Bovespa che-
gou a R$ 2,4 trilhões. Com um ren-
dimento que supera de longe os re-
gistrados em fundos de renda fixa,
esse tipo de negócio passou a atrair
gente que antes nem pensava em
aderir aos valores mobiliários. O que
se vê vai além da vontade da popu-
lação de ganhar dinheiro. Trata-se de
um forte indício de vontade de au-
mentar o conhecimento e de se in-
teirar das tendências econômicas
que compõem a vida do país.
Temos a sensação de que, cada
vez mais, a sociedade se empenha
para interpretar o contexto em que
está inserida, seja para aumentar sua qualidade de vida ou
para contribuir com a dos outros. Estudar o mercado de
ações não significa passar horas em cima de livros e aposti-
las como se imaginava. Significa, sim, investir em atualiza-
ção para compreender o mundo em que vivemos, na medi-
da em que a presença crescente das corporações na Bolsa
e a participação ativa de pessoas físicas estão fazendo des-
se segmento uma rotina do brasileiro.
Por meio da educação, a população entendeu que a
Bolsa não é um jogo, e sim um investimento. Se muita gen-
te perdeu até perceber que não adianta apenas arriscar, a
lição parece estar valendo a pena: assuntos como liquidez,
lucros e dividendos estão começando a fazer parte das ro-
das de conversa nos mais variados setores, aproximando as
pessoas do que antes era o desconhecido. Tudo isso nos
leva a crer que a consciência de que para se ter desenvolvi-
mento econômico – individual ou coletivo – é preciso es-
forço e instrução está mais perto do que imaginávamos, e
que, se depender dos brasileiros, estamos na direção certa
do crescimento.
O
da sociedadeBons indícios
Ros
i B
onin
segn
a/Fe
com
érci
o-R
S
NOTÍC IAS & NEGÓCIOS
08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
E d g a r V a s q u e s
Ética traz eficáciaMais do que valores, a ética e o respeito
tornam as relações de trabalho mais eficien-
tes. Uma pesquisa da empresa norte-ame-
ricana Kenexa Research Institute, intitula-
da O que é preciso para ser um bom gerente, mostra
que, na medida em que os empregados apro-
vam a conduta ética do gerente, a avaliação
sobre o desempenho dele também cresce.
O levantamento, que ouviu 16 mil pessoas
em seis países (Estados Unidos, Brasil, Ín-
dia, China, Grã-Bretanha e Alemanha), re-
vela que, na média, 63% dos entrevistados
estão satisfeitos com o chefe. No caso do
Brasil, onde 64% estão satisfeitos, 80% de-
clararam que são tratados com respeito pe-
los gerentes e 68% acreditam que o chefe
apresenta uma conduta ética.
Senac-RS lança curso de ediçãográfica para surdosO Senac-RS apresentou, em dezembro, o curso Edição Gráfica em Libras,
durante o IV Fórum de Estudos Surdos na Área de Informática. Uma iniciativa
inédita no país, o curso está proporcionando inclusão social para os deficientes
auditivos. Segundo dados da Federação Nacional de Educação e Integração
dos Surdos no Rio Grande do Sul (Feneis-RS), entidade que promoveu o fó-
rum em conjunto com o Senac, existem pelo menos 50 mil gaúchos com defi-
ciências auditivas excluídos do mercado de trabalho. O curso envolve noções
de planejamento e técnicas para a elaboração de projetos visuais de publicações
eletrônicas e impressas, entre
outras atividades. Os interessa-
dos podem efetuar inscrição e
obter informações adicionais na
sede da instituição, pelo site
www.senacrs.com.br ou pelo te-
lefone (51) 3029-3633.
Rod
rigo
Mot
a/S
enac
-RS
NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS
09FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
Estação Verão leva cultura elazer às praias gaúchasO Projeto Estação Verão Sesc proporciona saúde, esporte e
diversão em sete praias do litoral gaúcho. São oficinas de pan-
dorga e brinquedos de sucata, gincanas, festival de escultura de
areia, empréstimos de livros, revistas e materiais esportivos. Tam-
bém são realizados momentos diários de ginástica, massagem e
verificação de pressão arterial. As atividades, desenvolvidas en-
tre 3 de janeiro e 24 de fevereiro, acontecem nas Casas Sesc de
Arroio do Sal, Capão da Canoa, Cidreira, Tramandaí, Cassino,
Laranjal e São Lourenço do Sul. Mais informações sobre a pro-
gramação no site www.sesc-rs.com.br.
Tarifas bancárias são normatizadasOs bancos terão de transformar as cerca de 80 tarifas que cobram atualmente
em, no máximo, 25, oferecendo gratuitamente uma série de operações básicas.
A decisão, tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), também unifor-
miza o nome das cobranças, facilitando para o cliente a comparação na hora de
decidir qual instituição escolher, e deve entrar em vigor a partir de abril. Aproxi-
madamente 20% do lucro dos dez maiores bancos do país são referentes ao
custo desses serviços.
Melissa Stoffel/Sesc-RS
Mais ProconsmunicipaisPodendo ser estaduais ou muni-
cipais, os Procons são instrumen-
tos criados para intermediar as re-
lações entre clientes e empresas,
com base no Código de Defesa do
Consumidor. Apesar de estarem
em vigor de acordo com as regras
do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor, são órgãos indepen-
dentes, não havendo relação de
hierarquia entre eles. Embora já
exista um Procon em cada estado
brasileiro, menos de 450 municí-
pios possuem o órgão. No Rio
Grande do Sul, no fim de 2007, o
Ministério da Justiça orientou a
abertura de Procons em Sapucaia,
Esteio, Viamão, Alvorada e Gra-
vataí, iniciativa prevista pelo
Programa Nacional de Seguran-
ça Pública com Cidadania.
Propaganda por celularReceber as mesmas informações, de manei-
ra rápida, sem precisar folhear papéis nem fi-
car parado na frente da TV. Eis o mote do
mobile marketing, modalidade que, através dos
celulares, busca conquistar o consumidor. Re-
centemente, a empresa italiana Mckay & Sis-
ters passou a oferecer aos clientes a opção
de, em vez de comprar santinhos de papel,
baixar as imagens dos protetores pelo celu-
lar. Afinal, melhor do que ter a imagem pal-
pável, que amassa e tem pouca durabilidade,
é poder levá-la junto com a única coisa que
ninguém deixa em casa: o celular. Entre os
atrativos do mobile marketing destacam-se as possibilidades de ser uma ferramenta
direta, dirigida, personalizada, interativa e, principalmente, com custo acessível.
San
ja G
jene
ro/S
tock
.Xch
ng
NOTÍC IAS & NEGÓCIOS
10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
Adaptação de clássico traz Beth Goularte Guilherme LemeO espetáculo Quarttet, de Heiner Mullerm, foi destaque do calendário cultural gaúcho em
dezembro. A peça, baseada no clássico romance Ligações Perigosas, do francês Chordelos
de Laclos, fez parte da programação do Arte Sesc – Cultura por toda parte e trouxe ao palco os
atores Beth Goulart e Guilherme Leme. Assistiram às apresentações as cidades de São Leo-
poldo, Montenegro, Pelotas, Passo Fundo, Erechim, Santa Cruz do Sul e Porto Alegre. A
direção da peça é assinada por Victor Garcia Peralta.
Nan
a M
orae
s/S
esc-
RS
Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2007 (%)
Atividades
Comércio
Comércio varejista
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
Combustíveis e lubrificantes
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
Comércio atacadista
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
Combustíveis
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
Set/07
4,1
0,7
-2,0
-8,5
15,7
8,3
3,8
4,5
9,6
Out/07
13,8
12,1
0,5
9,5
35,5
15,8
8,9
13,8
24,5
Acum. no Ano
8,4
5,8
3,4
-2,3
18,1
11,5
6,9
11,4
10,9Fonte: Fecomércio-RS
Comércio gaúcho tem maioralta em 43 mesesA alta registrada pelo comércio gaúcho em outubro de 2007
chegou a 13,8% na comparação com o mesmo período do ano
anterior, segundo cálculos do Índice de Vendas do Comércio
(IVC). Calculados pela Fecomércio-RS e pela FEE, os dados
apresentam os melhores resultados desde março de 2004, quan-
do a elevação foi de 19,2%. Tanto varejo quanto atacado regis-
traram bom desempenho, com índices de +12,1% e + 15,8%,
respectivamente. No acumulado do ano (janeiro a outubro de
2007), houve alta de 8,4% no volume de vendas total, sendo
que o comércio varejista apresentou uma variação positiva de
5,8% e o atacadista de 11,5%. Para ver a íntegra do estudo
acesse www.agencia.fecomercio-rs.org.br.
Marketing comcrescimento em 2008As empresas brasileiras estão otimistas com o ano
novo. Um estudo realizado no fim de 2007 pelo Ibope
Inteligência aponta que 90% dos entrevistados, entre
diretores e profissionais de marketing, acreditam que
suas empresas vão aumentar o crescimento líquido em
2008. Quanto aos lucros, 79% prevêem que continua-
rão aumentando. E o otimismo se reflete nos futuros
investimentos: as ações de marketing devem crescer
em até 30%. Afinal, quanto maior fica a corporação,
maior é a responsabilidade com a imagem da empresa.
Copom reduz Selic.Você entende?Todo mês, a televisão e os jornais publicam o resultado da reu-
nião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide se
a taxa básica de juros aumenta ou não. Embora seja um tema
recorrente, pouco se esclarece sobre o Sistema Especial de Li-
quidação e Custódia, ou simplesmente Selic, como é conheci-
do o índice. Chamada de taxa básica porque serve de alicerce
para todos os outros sistemas de juros cobrados pelos bancos –
como os usados em empréstimos, por exemplo –, após uma se-
qüência de altas a Selic tem diminuído nos últimos anos. Os
efeitos para o consumidor, no entanto, são lentos: cada recuo
de 0,25% na Selic corresponde a uma diminuição de apenas
0,02% ao mês nas taxas bancárias.
NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS
11FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
MTE determina prazos para arenovação de contrato temporárioO Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) publicou, no dia 22 de
novembro de 2007, a Portaria n° 574, que determina que empresas
contratantes protocolem, no órgão regional do MTE, o requerimento
de prorrogação do contrato de trabalho temporário, devidamente pre-
enchido, até quinze dias antes do término do contrato. O retorno,
com a autorização ou não da prorrogação do contrato de trabalho
temporário, deverá ocorrer no prazo de cinco dias, após a entrega do
documento. O requerimento encontra-se em anexo na portaria e pode
ser acessado no site do MTE (www.mte.gov.br).
Taxas de cartões afastam varejoAos poucos, as altas tarifas cobradas pelas empresas administradoras para a manutenção dos serviços
de cartão de crédito vão afastando as lojas. As taxas no valor de venda de 3% a 5%, o custo de manu-
tenção mensal de cada máquina e os gastos com a linha telefônica afastam as empresas menores, que
não possuem uma demanda alta o suficiente para compensar esses valores com as vendas. Deixar de
usar o serviço, porém, é uma medida extrema, já que nem as administradoras nem o varejo podem
deixar de contar com a renda gerada pelos 91 milhões de cartões de créditos existentes no Brasil.
Empresas de países emergentescrescem com rapidez
Segundo a consultoria Bos-
ton Group (EUA), que ela-
borou um ranking das 100
maiores corporações das na-
ções em desenvolvimento,
essas empresas tiveram um
aumento de rendimento, em
2004, três vezes mais rápido que as 500 maiores norte-americanas.
Corporações que privilegiaram a internacionalização, com desta-
que para as que adquiriram empresas menores de outros países,
lideram a lista. Atrás apenas de China (41) e Índia (21), o Brasil
ficou com 13 representantes entre as mais competitivas dos países
em desenvolvimento. Entre elas, estão Gerdau e Marcopolo.
Sanja Gjenero/Stock.Xchng
Lotu
s H
ead/
Sto
ck.X
chng
União em prol do socialUma parceria entre o Senac-RS e o Lions Club,
organização voltada ao terceiro setor, benefici-
ará 10 mil pessoas em um ano. No final de no-
vembro, as instituições firmaram um acordo de
cooperação para a realização de atividades em
31 municípios gaúchos. Serão duas formas de
qualificação: em cotas nos cursos já oferecidos
pelo Senac-RS ou em turmas a serem monta-
das pelo Lions. Fundado há 60 anos nos Esta-
dos Unidos, o Lions Club foi considerado pelo
jornal inglês Financial Times a melhor organi-
zação não-governamental do mundo.
Com o intuito de oferecer aos pequenos e médios em-
presários oportunidades em âmbito global, a Fecomér-
cio-RS e a Federação das Câmaras de Comércio Exte-
rior (FCCE) realizaram, em agosto e setembro, semi-
nários bilaterais de comércio exterior e investimentos
com foco nos mercados francês e português. Ambos os
eventos, nos quais são apresentadas vantagens compe-
titivas de se negociar com outras nações, foram patro-
cinados pela CaixaRS – Agência de Desenvolvimento,
que também apresentou projetos para o desenvolvimen-
to de empresas gaúchas. Em março, devem ser aborda-
dos os mercados de Rússia, Canadá e China. Para saber
mais acesse www.seminariosbilaterais.com.br.
Fecomércio-RS e Caixa RSpromovem seminários
Diferentemente do publicado na matéria O sistema em xeque da edição 31 da B&S, o déficit do INSS e dos regimes especiais
de servidores públicos chegou aos R$ 100 bilhões em 2006, e não aos R$ 100 milhões.Errata
AMÉRICA LATINAN
úm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Aproveitando o bom momento mundial, as economias da América Latina
vêm se desenvolvendo em ritmo constante e de forma substancial. Apesar de revezes
pontuais, a conjuntura indica um período favorável no caminho da região
em popa
s pesquisas não deixam dúvidas: o pa-
norama econômico da América Latina
é promissor. De acordo com dados da
Comissão Econômica para a América Latina
e Caribe (Cepal), órgão da ONU destina-
do a estudos sobre a região, houve um cres-
cimento de 5,5% em 2006, o terceiro con-
secutivo, e a previsão é de números seme-
lhantes para os próximos dois anos. A pes-
quisa ainda informa que, pela quarta vez
seguida, as transações comerciais do con-
De vento
junto dos países foram superavitárias, chegando ao
montante de US$ 47 bilhões em 2006.
A boa fase se explica pela conjuntura mundial de cres-
cimento rápido, que gera uma demanda internacional di-
nâmica, favorecendo a composição de preços competi-
tivos para produtos exportados pelas nações da América
Latina (petróleo, alimentos, fibras vegetais e minérios di-
versos). O equilíbrio externo conseguido ainda favorece
a importação de bens de capital e insumos tecnológicos,
estimulando o desenvolvimento. “As mudanças estrutu-
rais na indústria desses países, incluindo a crescente ex-
A
13FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
AMÉR ICA LAT INA
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
portação de manufaturas, contribuem para explicar a a-
tual situação favorável”, analisa o economista Juan Algor-
ta Plá, professor adjunto da Faculdade de Ciências Eco-
nômicas da Ufrgs.
Com tão boas perspectivas, o empresariado regional
se mostra otimista (confira no box) e aposta no Brasil e no
México como economias líderes, até por serem as duas
maiores do subcontinente. No entanto, essa liderança
passa por outros motivos. Enquanto o México viveu, em
1910, uma revolução que incorporou demandas das ca-
madas médias urbanas, dos operários industriais e dos
camponeses, resultando em grande crescimento econô-
mico, o Brasil apresentou, durante os governos Vargas,
JK e João Goulart, um crescimento industrial importante,
que, combinado com a presença do Estado em setores
como energia, comunicações e desenvolvimento científi-
co durante a ditadura militar, levou o país ao posto de
oitava economia mundial na época. “Ao mesmo tempo,
neste processo assistiu-se à profunda crise argentina, na-
ção que alcançou talvez os maiores níveis de opulência
possíveis na América Latina”, explica o historiador César
Augusto Guazelli, professor do departamento de Histó-
ria da Faculdade de Ciências Humanas na Ufrgs.
Tudo pelo social
Também a estrutura social da região vem melhoran-
do. Conforme dados da Cepal, em 2006 cerca de 15 mi-
lhões de pessoas saíram da linha de pobreza e outras 10
milhões não são mais consideradas indigentes. Atualmen-
te, existem 194 milhões de cidadãos latino-americanos
que se enquadram na definição de pobres. O professor
Guazelli credita essa melhora à retomada, ainda que tími-
da, de algumas políticas de bem-estar social. “Caso exem-
plar é o Bolsa-Família no Brasil, que não encanta a
imprensa, traz a ojeriza dos intelectuais e a crítica das opo-
sições, mas que resultou em enorme popularidade ao pre-
sidente Lula.” Ele afirma que a manutenção desses pro-
gramas dependerá das forças políticas de cada país.
Para o futuro da região, pode-se esperar, de acordo
com o professor Plá, o fortalecimento dos movimentos
populares para que canalizem as demandas desses seto-
res, a elevação da qualidade do sistema educativo para
aumentar a capacidade da sociedade de resol-
ver seus problemas e a incorporação de mão-
de-obra em iniciativas diversas. Além disso,
uma atenção especial deverá ser concedida à
preservação dos recursos naturais, já que seu
esgotamento prejudicaria a competitividade
produtiva dos países. Também deverão ser
adotados mecanismos para conter o cresci-
mento demográfico, já que a expansão irres-
trita do número de cidadãos iria impor um
peso adicional sobre o Estado, acelerando o
esgotamento dos recursos e inviabilizando a
elevação do bem-estar em bases igualitárias.
“As soluções deverão ser adaptadas às condi-
ções particulares de cada país, levando em
consideração a disponibilidade de recursos e
as necessidades da população.”
Loco por ti de amoresecente pesquisa realizada pela empresa norte-americana de
entregas UPS revela que pequenos e microempresários da
região estão otimistas quanto às perspectivas para os próximos
anos. O levantamento foi realizado no Brasil, no México, na Ar-
gentina, na Costa Rica e na República Dominicana.
84% dos entrevistados acreditam que sua empresa deve
melhorar em 4% a posição econômica em 2008
58% das empresas participantes prevêem aumento no
número de contratações
As áreas que devem receber mais investimentos dentro das
empresas devem ser infra-estrutura (55%), marketing (36%) e
tecnologia da informação (32%)
83% acreditam que o crescimento econômico do Brasil deve
ser maior que o do ano anterior
94% acreditam ser conveniente que o Brasil amplie sua
influência econômica e política na região, enquanto 85%
pensam o mesmo sobre o México
A Argentina é o segundo país que mais deve crescer, na
opinião de 73% dos entrevistados
A previsão de crescimento para Cuba, único país socialista
da região, é de 28%
Fonte: Latin American Business Monitor, feita pela UPS
R
GUIA DE GESTÃO
14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
início ao fim
contratação de um profissional consis-
te em um dos atos mais importantes da
administração. Precisa ser pensada com
cuidado, já que exige do empregador com-
prometimento com os direitos trabalhistas
previstos pela lei brasileira e um olho clínico
na hora de recrutar candidatos capazes de
suprir as expectativas da organização. Antes
de partir em busca de um colaborador, é fun-
damental refletir sobre as competências ade-
Encontrar o colaborador ideal não é uma tarefa fácil, e arcar com os custos da
contratação também não. Por isso, tanto o processo seletivo como a decisão de
assinar uma carteira devem ser examinados com zelo
Responsabilidade do
quadas para ocupar a vaga em aberto, os encargos sociais
e os custos do respectivo contrato.
Quando surge a necessidade de ampliar o quadro fun-
cional, o primeiro passo é desenvolver um processo de
seleção, que pode ser realizado internamente ou por uma
consultoria externa. Diferentemente do que se imagina,
estabelecimentos de médio porte podem se beneficiar com
o auxílio de consultores sem onerar de forma demasiada
o caixa. “Empreendimentos menores vivem um momen-
to de profissionalização e querem empregar os melhores.
A
GUIA DE GESTÃO
15FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
Eles nem sempre têm uma estrutura interna para fazer
recrutamento”, afirma Roberto Picion, consultor da Mi-
chel Page Internacional, empresa especializada em recru-
tar profissionais, com escritórios ancorados em vários paí-
ses, inclusive no Brasil, onde tem sede em São Paulo.
Participar da seletiva não é função exclusiva do setor
de recursos humanos ou do consultor. Os dirigentes da
empresa também são agentes valiosos nessa ação, por se-
rem os maiores interessados em trazer para o negócio pes-
soas qualificadas. “Não significa que o presidente tenha que
abandonar suas atribuições para sabatinar candidatos, mas
que um dos gestores, diretores ou gerentes disponibilize
um pouco do seu tempo para conhecer quem está concor-
rendo ao posto de trabalho”, explica Picion.
Etapas
Após ter definido os responsáveis pelo recrutamento,
não menos relevante é a divulgação da vaga, que pode ser
feita por meio de classificados de jornais, sites ou em lu-
gares de fácil acesso de leitura do público-alvo. O currí-
culo é a porta de entrada para a maioria dos interessados
em assumir o cargo. Contudo, a entrevista constitui-se
em um dos principais instrumentos para conhecer de fato
o profissional. Para Picion, é uma fase exaustiva e cheia
de detalhes, em que se estudam a formação acadêmica, o
nível cultural, os projetos realizados, os desafios enfren-
tados e tudo aquilo que possa ajudar a reconhecer as com-
petências do indivíduo. “É uma abordagem mais psicoló-
gica do que de negócios.”
O resgate do passado e os sentimentos vivenciados em
iniciativas de trabalho acabam revelando uma face oculta
difícil de perceber se o recrutador não for perspicaz ao
ponto de desvendá-la. O comum, observa o consultor, é
os entrevistados falarem sempre das qualidades e tentarem
convencer da sua habilidade de se relacionar com os cole-
gas. No entanto, as entrelinhas da entrevista trazem a ver-
dade à tona. “Sugiro que sejam investigados fatos que com-
provem as características relatadas”, aconselha.
A personalidade e a motivação fazem toda a diferen-
ça, sendo tão relevantes quanto o portfólio. Uma dica é
formular questões que testem, por exemplo, como o co-
laborador se comporta frente a mudanças no seu local de
trabalho e às relações interpessoais. “Há inú-
meras técnicas para fazer um processo de se-
leção, mas o modelo certo é o bom senso”,
diz Picion. Por meio de uma conversa des-
contraída e de perguntas é possível examinar
um conjunto de fatores e pormenores como
apresentação, comunicação e trajetória pro-
fissional e, assim, formar um perfil. “Deixe o
candidato à vontade e conduza o questiona-
mento em direção ao que convém à empresa.
É preciso ouvir mais do que falar.”
Calma nessa hora
Recrutar o funcionário certo é um desa-
fio estratégico enfrentado por grande parte
dos empreendedores. Para diminuir as pro-
babilidades de erros, a calma é um excelente
conselho. Na Katy Calçados, de Novo Ham-
burgo, a seleção dura aproximadamente 15
dias. A empresa publica a vaga no Sistema Na-
cional de Empregos (Sine) da região ou em
placas colocadas nas próprias unidades.
Os aspirantes ao cargo preenchem uma
ficha com informações pessoais e profissio-
Contrate os melhores
Para não desperdiçar tempo e dinheiro em um processo sele-
tivo, planeje adequadamente o recrutamento.
Analise se há necessidade de preencher urgentemente o
cargo que ficou vago
A escolha de um recrutador externo pode ser
uma alternativa eficaz
Dirigentes devem acompanhar de perto a seletiva
Faça uma análise minuciosa do currículo
Nunca dispense uma boa entrevista
Estude o perfil psicológico do candidato
Conduza a entrevista segundo os interesses da empresa
Ouça mais do que fale
Deixe o candidato à vontade
GUIA DE GESTÃO
16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
nais e realizam uma prova de
matemática. “Como pertence-
mos ao varejo, noções de di-
nâmica de cálculo são requisi-
tos imprescindíveis”, afirma
Marta Bossardi, supervisora de
Recursos Humanos da rede,
que possui nove lojas. Os
aprovados conversam com o
gerente, passando por uma
pré-seleção, e depois são en-
caminhados a uma dinâmica de
grupo para, posteriormente,
fazerem uma entrevista indivi-
dual. “O segredo para não fazer uma contra-
tação equivocada é ficar ligado em todos os
movimentos do candidato desde a chegada
dele à sala de espera até a saída”, conta Marta.
Carteira na mão
Passada a fase de seleção, é hora de partir
para a contratação. As burocracias da legisla-
ção trabalhista brasileira são muitas e os gas-
tos também. Antes de mais nada, o emprega-
dor deve solicitar ao futuro colaborador uma
série de documentos como CPF, RG, Certi-
dão de Casamento e número do PIS, sendo, também,
obrigatório o exame de admissão.
Depois de reunir a documentação, a carteira de traba-
lho é assinada e o funcionário cumpre um período de ex-
periência de no máximo 90 dias. Segundo o advogado
trabalhista Ricardo Serafim, do escritório paulista Ilário
Serafim Advogados, algumas convenções coletivas esti-
pulam prazos menores que precisam ser obedecidos. “Se
o contrato de experiência se extinguir no tempo deter-
minado, as verbas devidas ao empregado são as mesmas
de uma dispensa sem justa causa, excluindo-se a multa de
40% sobre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS)”, explica.
Efetuado o registro, o empregado tem o salário defi-
nido conforme o piso da categoria. As férias são concedi-
das depois de fechar um ano de contratação. A empresa
paga o salário mais um terço do mesmo valor. Já nos me-
ses de novembro e dezembro, o empresário desembolsa
o décimo terceiro, que pode ser quitado em duas parce-
las. Ainda são recolhidos valores para FGTS, INSS e im-
posto de renda. “Existem outros direitos previstos nas con-
venções, que devem ser respeitados”, afirma o advogado.
Em relação ao vale-transporte, o contratado precisa
solicitar e informar o número de conduções utilizadas,
sendo descontados 6% da folha de pagamento. O vale-
refeição é estipulado no acordo coletivo. “Normalmente,
convenciona-se o benefício em razão dos dias, indepen-
dentemente das horas trabalhadas”, elucida Serafim.
Para Marta, da Katy Calçados, recrutar é um desafio estratégico
Em dia com a lei
Registrar o empregado formalmente
requer que o empregador assuma compro-
missos com o contratado. Entre os bene-
fícios a serem oferecidos, destacam-se:
Salário de acordo com o piso
da categoria
Dar férias de 30 dias ao ano (salário
mais um terço do valor)
13º salário
Recolher FGTS e INSS
Vale-transporte
Lúci
a S
imon
OPIN
IÃO
17FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
em positivo nem negativo. A postura
correta de encarar o feedback é como
instrumento, canal de informação. Po-
rém, tanto do ponto de vista de quem recebe
como de quem dá o retorno, encarar o ins-
trumento com tranqüilidade nem sempre é ta-
refa fácil.
Quando o feedback aponta, por exemplo,
para um caminho de mudança, a
paciência vira palavra de ordem.
Um comportamento novo requer
mudança de hábitos, destreza, re-
petições. E a percepção desse novo
comportamento pode demorar a
chegar. o fato de o indivíduo ter
mudado seu modo de pensar não
quer dizer que, de imediato, consi-
ga fazer diferente. Mesmo que es-
teja bem intencionado para fazer diferente, é pre-
ciso que repita esse novo comportamento várias
vezes, em situações diferentes, até que os outros
percebam a mudança em sua postura. Ou seja,
até que esse “novo comportamento” tenha se
transformado em hábito.
Do ponto de vista de quem dá feedback a
posição pode ser delicada, pois não se pode
fazê-lo como quem faz uma crítica. E aqui há
um componente cultural a ser considerado: para
o brasileiro, é difícil falar assertivamente sobre
N
algo que pensa. Em geral, tem receio de produzir mágoa
ou de ser excluído do grupo por ter dado sua opinião sin-
cera. E, dessa forma, não diz tudo o que é para ser dito.
O equilíbrio está em falar sobre o fato em si e o que ele
acarreta, usando situações nas quais o mesmo comporta-
mento apareceu. Para facilitar, é importante que o retorno
seja dado de forma objetiva, sem que o interlocutor esteja
com raiva e/ou que haja muito envolvimento de quem irá
receber o feedback. O despreparo do avaliador ao não pas-
sar os fatos ou ao dar o feedback no clamor de sua raiva
pode, muitas vezes, machucar quem o recebe.
Considerando as diferentes hi-
póteses e ambas as posições, o que
me parece é que feedback deveria
ser encarado como uma arte de dar
e receber e que deveria estar presen-
te sempre nas relações. Quem não
sabe dar (doar) não sabe receber. E
vice-versa. É uma mesma linha em
pontas diferentes. Quem consegue
dar feedback de forma assertiva
sabe receber uma crítica assertivamente.
Para o chefe é essencial, e para um profissional que
está em franco desenvolvimento é importante saber em
que ponto está, em que direção caminha. E quem conhece
o caminho deve estar pronto para ensiná-lo ao outro. Tal
como deve ser aquele que tem a humildade de rever esse
caminho, se necessário.
O despreparo do
avaliador ao dar o
feedback no clamor de
sua raiva pode, muitas
vezes, machucar quem
o recebe
Feedback: o melhor é encarar
com naturalidade
Maria de Fátima Ohl Braga
Diretora da área de planejamento organizacional da Ohl
Braga Consultoria
ENTREV I STA
18 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
ENTREVISTA
Frederico Antunes
Fot
os:
Lúci
a S
imon
19FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
B & S Como o senhor avalia o desempenho da Assem-
bléia gaúcha em 2007?
A n t u n e s Avalio como altamente positivo. Tivemos questões
envolvendo desvios de conduta, mas que foram imediatamente
apuradas. Os encaminhamentos legais foram feitos, integran-
do órgãos como o Ministério Público, Tribunal de Contas do
Estado, Contadoria e Auditoria Geral do Estado (Cage) e
Polícia Federal, entre outros. Isso serviu para que os mecanis-
mos de controle interno fossem aperfeiçoados.
B & S Quais foram as maiores dificuldades encontradas
na administração da casa?
A n t u n e s Os desafios foram muitos e inten-
sos, servindo para amadurecer o Parlamento.
Tivemos votações importantes e assuntos de
alta relevância foram debatidos ao longo do
ano. Também desenvolvemos temas como o
planejamento familiar, que considero funda-
mental para melhorar os indicadores sociais do
país e do Estado. O trabalho integrado de to-
dos os deputados e partidos que ocuparão a
presidência da casa tem sido fundamental para
desenvolver atividades de maior abrangência.
B & S Quais os desafios para o próximo
presidente?
A n t u n e s Pela primeira vez a Assembléia Le-
gislativa terá uma administração compartilha-
Frederico Antunes
No comando da Assembléia Legislativa gaúcha em
2007, o deputado Frederico Antunes, do Partido
Progressista, implementou um rigoroso corte de
despesas para reduzir o déficit orçamentário do
governo estadual e enfrentou momentos de crise,
como o escândalo dos selos. Com a casa mais em
ordem, ele se diz otimista com o futuro do órgão
Entregando a
presidência
ENTREV I STA
20 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
tares. Moreira, que já foi deputado estadual e prefeito, além de
presidente da Famurs, tem dito publicamente que vai racionali-
zar as atividades da casa, cortar gastos e otimizar os recursos
disponíveis. Isso é altamente positivo, fruto da experiência e da
permanente troca de idéias.
B & S Mesmo com a alternância de partidos na Presidên-
cia da Assembléia, as políticas e condutas da casa vêm
demonstrando harmonia nos últimos anos. Há um es-
forço conjunto para o desenvolvimento do Estado?
Como ele está sendo construído?
A n t u n e s As críticas feitas ao Legislativo são normais e sau-
dáveis. Integro o poder mais fiscalizado e transparente de to-
dos, com as mazelas inerentes à atividade. Na Assembléia
Legislativa, assim como nas Câmaras Municipais e no Con-
gresso Nacional, o poder de fiscalização da população é mui-
to abrangente, o que aumenta a nossa responsabilidade. Na
Assembléia, os principais temas de interesse do Estado são
debatidos diariamente. As comissões técnicas permanentes dis-
cutem intensamente com a participação de especialistas, téc-
nicos e da população em geral. São reuniões abertas, onde o
contraditório tem sempre espaço assegurado.
B & S Quais as prioridades neste momento?
A n t u n e s O desenvolvimento do Estado é uma preocupação
constante. Existe uma consciência muito clara de que é preci-
so encontrar caminhos e buscar soluções para enfrentar a maior
crise financeira da história dos gaúchos. Isso é feito através da
elaboração de projetos e da apreciação de iniciativas do Exe-
cutivo, levando sempre em conta os interesses do Estado.
Nenhum parlamentar precisa abrir mão de suas convicções
políticas e ideológicas para compreender as dificuldades do
Estado. Afinal, a Assembléia Legislativa é uma casa política.
Isso, no entanto, jamais inviabilizou um esforço conjunto para
tirar o Rio Grande da crise.
da entre os quatro partidos com maior ban-
cada na Casa – PP, PMDB, PT e PDT –, que
ocuparão a presidência juntamente com a
Mesa Diretora. Isso foi importante na minha
gestão, porque existe maior solidariedade da-
queles que ocuparão a Presidência e as res-
pectivas bancadas. Outro fato inédito é que
pela primeira vez o Partido dos Trabalhado-
res, que tem eleito a maior bancada do Legis-
lativo nas últimas eleições, ocupará a presi-
dência em 2009. Isso representa um claro si-
nal de amadurecimento das relações internas
do Parlamento. O deputado Alceu Moreira,
que assume a presidência no dia 31 de janei-
ro, é hoje secretário da Mesa Diretora, o que
amplia a visão de funcionamento da Assembléia.
Certamente ele tem uma visão própria, mas que
não foge dos compromissos que todos nós as-
sumimos ao fazer o juramento como parlamen-
“Alceu Moreira tem dito publicamente que vai
racionalizar as atividades da casa, cortar gastos e
otimizar os recursos disponíveis.”
21FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008“Em qualquer processo de qualidade as
pessoas e a visão sistêmica são os
fundamentos básicos.”
B & S A recente recusa da Assembléia para o pacote de
impostos da governadora Yeda Crusius significa ten-
são nas relações entre Legislativo e Executivo nessa
gestão? Como têm sido as relações em outros temas?
A n t u n e s O episódio do projeto reprovado pela Assembléia
Legislativa demonstra o posicionamento público dos parlamen-
tares. Cada deputado tem sua convicção e por isso cada um
responde pelo voto que deu. Acredito, no entanto, que o tensio-
namento é uma situação natural nas relações institucionais nes-
tes momentos. O Executivo esperava ver o conjunto de medi-
das aprovadas, mas o plenário decidiu de forma diferente. As-
sim funciona a democracia, e é preciso respeitar os resultados,
mesmo quando não nos favorecem. Mas isso jamais irá com-
prometer a harmonia e a independência entre os poderes. Este
é um pressuposto que tem norteado minhas ações na presidên-
cia. Negociar é o lema que levo às últimas conseqüências.
B & S Como o senhor avalia o impacto dessa votação na
política e na economia gaúcha?
A n t u n e s É difícil fazer uma projeção a partir da premissa do
tipo “se o projeto fosse aprovado aconteceria isto, ou aquilo”.
A intenção da governadora Yeda Crusius era encontrar uma
saída a partir de estudos e convicções próprias. Ela precisava
fazer alguma coisa para tirar o Estado da crise, e acho que o
conjunto de projetos remetidos à Assembléia era o ideal na-
quele momento.
B & S Qual a importância da participação da sociedade
civil na vida política estadual?
A n t u n e s É fundamental, afinal, o Parlamento é formado por
homens e mulheres que foram eleitos, ou seja, indicados dire-
tamente pelo voto da comunidade gaúcha. Todos os segmen-
tos – pelo menos os mais representativos – estão dentro da
Assembléia Legislativa. Ao contrário de outras funções públi-
cas, o deputado é eleito e julgado a cada quatro anos pelas
atitudes, decisões, votos e procedimentos. É uma decisão
única, exclusiva do eleitor, que pode reconduzir ou substituir
seu representante. Além disso, como disse
anteriormente, a casa dispõe de comissões téc-
nicas permanentes em que os assuntos de inte-
resse do Estado são encaminhados, debatidos,
analisados e muitas vezes transformados em pro-
jetos que viram leis. Por isso, a participação per-
manente, por meio de sugestões, fiscalização e
presença nas galerias, é fundamental para o aper-
feiçoamento da democracia, valor maior con-
quistado com muita luta e determinação.
B & S A descoberta do escândalo dos selos
pôs em evidência fragilidades administra-
tivas que até pouco tempo eram desco-
nhecidas pela população. O que mudou
na gestão da casa a partir desse caso?
“Existe uma consciência muito clara de que é preciso
encontrar caminhos e buscar soluções para enfrentar a
maior crise financeira da história dos gaúchos.”
ENTREV I STA
22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
A n t u n e s Fundamentalmente houve o aperfei-
çoamento dos mecanismos internos de contro-
le. Em um trabalho conjunto com o Tribunal
de Contas do Estado e Ministério Público, re-
alizamos um trabalho de revisão. É importante
constatar que em momento algum houve a ten-
tativa de esconder os problemas. Pelo contrá-
rio. A ampla cobertura da imprensa comprovou
o comprometimento da direção da casa em es-
clarecer todos os indícios de irregularidades.
B & S Quais foram as conseqüências da
investigação?
A n t u n e s Não julgamos ou condenamos nin-
guém. A Polícia Federal, o Ministério Públi-
co, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Con-
tas foram parceiros de primeira hora, dando
orientações e participando ativamente da
busca de soluções e melhoramentos. Hoje,
certamente, nossos mecanismos estão melho-
“É preciso respeitar os resultados, mesmo quando não
nos favorecem. Mas isso jamais irá comprometer a
harmonia e a independência entre os poderes.”
res, mas é um aperfeiçoamento permanente, que exige aten-
ção e cuidados constantes para que os recursos públicos se-
jam bem empregados. Houve um desgaste em um primeiro
momento, mas é também necessário reiterar que o Parlamen-
to saiu fortalecido desses episódios, porque reconheceu os
problemas e buscou alternativas e soluções.
B & S Com a sua gestão foi implementado um corte sig-
nificativo de gastos na Assembléia. Qual a importância
da manutenção dessa política na próxima gestão?
A n t u n e s A 52ª legislatura é marcada por um trabalho conjun-
to dos quatro partidos que ocuparão a presidência da casa e a
Mesa Diretora. Isso é fundamental para que as medidas adota-
das agora sejam ampliadas e fortalecidas em médio e longo pra-
zos. Desde o começo da nossa administração reiteramos a ne-
cessidade de sermos solidários com o esforço do Executivo para
reduzir despesas, cortar custos. Fizemos isso sem comprometer
a qualidade do serviço prestado ou as funções institucionais da
Assembléia Legislativa. Por isso, as medidas adotadas este ano
serão pauta ao longo dos quatro anos da atual legislatura.
B & S Mesmo com os cortes feitos no governo do Estado,
o déficit do Rio Grande do Sul ainda é grande. Como a
Assembléia pode contribuir para o saneamento das
contas públicas?
A n t u n e s Infelizmente o Parlamento tem sua função restrin-
gida pela Constituição. Muitas iniciativas são exclusivas do
Poder Executivo. Mas por meio de um trabalho conjunto com
os demais poderes e com o Ministério Público é possível con-
ciliar as necessidades do Estado com as funções do Parlamen-
to. Diariamente os debates na casa convergem para a necessi-
dade de auxiliar na redução do déficit. Isto é dever de casa
permanente da Assembléia Legislativa, que acabou com auxí-
lios e subvenções. Também não possui carro com motorista,
ao contrário de outros estados. Além disso, reduzimos o re-
23FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
cesso de verão e do meio do ano e temos o link Transparência
no site (www.al.rs.gov.br), onde estão relacionados os gastos
e a prestação de contas dos parlamentares e assessores.
B & S Como o senhor avalia a reforma política nacional?
Quais os impactos no Rio Grande do Sul?
A n t u n e s Infelizmente, não temos uma sinalização concreta de
que as reformas fundamentais e urgentes serão implementadas.
A reforma tributária, por exemplo, é necessária para resgatar o
poder de arrecadação de estados e municípios, responsáveis pela
geração de tributos. Em conseqüência de uma legislação irracio-
nal – e que só interessa à União –, prefeitos e governadores são
obrigados a peregrinar mensalmente em Brasília para buscar mi-
galhas daquilo que produzem em suas comunidades. Temos si-
nais aqui e ali de mudanças, mas infelizmente elas não saem da
promessa. É imperioso, também, um novo pacto federativo, no
qual a função da União, dos estados e dos municípios seja repen-
sada. Não é mais possível que os brasileiros sejam penalizados
com contribuições que só trazem benefícios ao
governo federal, porque não são compartilha-
das com prefeitos e governadores.
B & S Como e quando isso deve ser feito?
A n t u n e s A reforma política deve ser implan-
tada com urgência para moralizar o processo
eleitoral, juntamente com a revisão das leis tra-
balhistas para modernizar as relações de traba-
lho. É preciso exercer uma pressão permanen-
te para que todos esses mecanismos sejam ado-
tados imediatamente, sob pena de o Brasil con-
tinuar crescendo a taxas pífias em comparação
com outros países emergentes, como China,
Índia e até o Vietnã.
HIERARQUIAN
úm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
24 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Normas
empresariais foram
estipuladas para
serem cumpridas.
Em uma mesma
empresa, elas não
são iguais para
todos, e isso deve
ser esclarecido
para não gerar
transtornos
futuros. Cabe
explicar que
diferenças de
obrigações nada
têm a ver com
injustiças
iguais por outroentro de uma empresa há “pesos e me-
didas” diferentes para cada setor, visto
que pessoas de funções hierárquicas
distintas têm direitos e deveres específicos que
nem sempre são bem compreendidos em to-
das as esferas empresariais. Assim, alguns con-
trapontos acabam se tornando comuns no
meio corporativo, prejudicando a auto-esti-
ma e o rendimento dos colaboradores, que se
sentem inferiorizados pela diferença de obri-
gações. Estabelecer o modo de organização
de forma harmoniosa inclui plena ciência das
normas e de como cada um deve cumpri-las,
cenário que se conquista a partir do diálogo.
Antes de mais nada, é importante definir
regras de organização interna, sem que isso
se confunda com o tipo de tratamento que
deve ser dirigido aos funcionários. O respei-
to e a educação são primordiais para se con-
Diferentes por um lado,
quistar parceiros. “As únicas desigualdades aceitáveis são
importâncias técnicas, administrativas e estratégias de car-
go. Para tanto, se constroem planos de carreira e salários
a fim de dar o peso relativo a cada um”, ensina o especia-
lista em recursos humanos e em desenvolvimento organi-
zacional Enio Resende, da Enio Resende e Consultores
Associados (SP).
Uma questão fundamental é mostrar que alguns prin-
cípios precisam ser seguidos para que a empresa alcance
seus propósitos e todos saiam ganhando. É o caso de en-
tender a necessidade de usar uniforme, identificação, cum-
prir uma carga horária que não é igual à do colega do ou-
tro departamento e que é preciso saber se reportar ade-
quadamente aos gestores. Segundo Resende, a assina-
tura do ponto diverge, dependendo da área e da posição
do funcionário: para funções operacionais e administrati-
vas é exigido, não sendo usual na situação de lideranças,
assessoria e nível superior. Contudo, para evitar problemas
e sentimentos de menos valia é necessária uma justificativa
D
Foto
s: D
ivul
gaçã
o/C
NC
Lúcia Simon
25FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
HIERARQUIA
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
coerente, tarefa que fica por conta dos responsáveis pela
difusão da missão e da filosofia do negócio. “A adoção do
crachá tem sido generalizada nos estabelecimentos e até
gerentes usam para dar bom exemplo.”
Comunicação acima de tudoNormas não causam mal-estar se bem gerenciadas. O
entrosamento entre as equipes e o âmbito gerencial, mes-
mo com as diferenças, pode ser conquistado com relacio-
namentos francos, que incluem um modelo de comporta-
mento educado e justo vindo das funções hierárquicas su-
periores. Para estruturar esse processo, boas políticas de
recursos humanos, com ações que aumentem a auto-esti-
ma dos colaboradores, são uma boa receita. Desenvolver
projetos de valorização também pode ser um redutor de
divergências, elucidando que as obrigações devem ser en-
caradas como desafios e não como afronta. Para Resende,
nenhuma atitude pode dar margem a protecionismo: “Com
uma comunicação eficaz, metodologia orga-
nizacional e enquadramento de pessoas bem
definido, os funcionários entendem a reali-
dade da empresa”.
Para difundir as diferentes regras aplica-
das nos setores, uma alternativa é a criação
de estatutos ou políticas de comunicação que
prezem pela transparência, de modo a escla-
recer papéis. Para isso, é indispensável trei-
nar diretores, gerentes, supervisores e respon-
sáveis pelo setor de RH. Entretanto, não
adianta definir um conjunto de normas se elas
não estiverem em consonância com as atitu-
des e a postura diária da companhia. “Cada
lugar estabelece políticas conforme sua cul-
tura, seu desenvolvimento organizacional e
sua disposição de ser um estabelecimento mo-
derno e evoluído”, conclui Resende.
AÇÕES
A Ç Õ E S
27FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
Ingressando no
universo da BolsaPor Marianna Senderowicz
A cada dia o brasileiro recebe novas informações
otimistas a respeito dos rendimentos da Bolsa de
Valores. No entanto, muita gente sequer sabe
como pode fazer parte desse universo, seja por
meio de investimentos ou de abertura de capital.
Saiba como esse mundo funciona
ABolsa de Valores do Brasil é a Bovespa,
localizada em São Paulo. Lá são ofer-
tadas parcelas mínimas de capital de
Sociedades Anônimas (S/A) – empre-
sas cujos lucros são distribuídos aos
acionistas – em forma de títulos. Cha-
mados de ações ou de papéis, esses
“pedacinhos” de empresa beneficiam
tanto quem compra quanto quem ven-
de por meio da valorização, situação que vem chamando
a atenção de quem antes nunca tinha se preocupado com
o mercado financeiro.
Diferentemente da Bolsa de Mercadorias e Futuros,
mais voltada a especuladores com experiência em proje-
tar o futuro do mercado e para empreendedores do agro-
negócio, a Bovespa pode ser encarada por qualquer tipo
de investidor, da pessoa física à jurídica. Somente em
2006, as ações negociadas na instituição tiveram uma va-
lorização acima dos 30%, índice que corresponde ao do-
bro da média de rendimento dos fundos de
renda fixa tradicionais. Ao mesmo tempo,
cada vez mais empresas demonstram inte-
resse em oferecer suas ações ao público, au-
mentando a oferta e possibilitando maior
aporte de capital nas organizações.
Todavia, nem tudo são flores quando o
assunto é investimento, e não bastam vonta-
de e disponibilidade de capital para garantir
sucesso nesse mercado, seja para investir ou
para abrir capital. “Ganhar dinheiro dá tra-
balho e requer conhecimento”, previne Flá-
vio Lemos, diretor-geral da Trader Brasil Es-
cola de Investidores (RJ). Nas próximas
páginas, você terá um breve guia de como
investir ou abrir capital na Bolsa, objetivando
esclarecer dúvidas elementares sobre um uni-
verso cada vez mais atrativo e, ao mesmo
tempo, tão misterioso.
AÇÕES
28 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
aplicar via bancos, a opção são fundos de ações, que variam
conforme os resultados das empresas cotadas e são con-
trolados pelas próprias instituições bancárias com tarifas
definidas internamente.
As transações via corretoras podem ser feitas por or-
dem fixa (aproximadamente R$ 20 de corretagem por
movimentação de compra ou venda) ou pela corretagem
padrão da Bovespa, que opera por uma tabela variável de
acordo com a movimentação financeira. Na visão de Flávio
Lemos, da Trader Brasil, em meio a essa quantidade de
tarifas pode não ser compensatório investir valores baixos.
“Se você compra R$ 100 em ações, por exemplo, a taxa de
corretagem ficará em torno de R$ 20, ou seja, para que o
investimento dê lucro é preciso ter um lucro de mais de
20%. Por outro lado, se a operação for de R$ 100 mil, os
mesmos R$ 20 serão quase nada.”
Chance à pessoa físicaCom o intuito de incentivar a participação da socieda-
de no pregão, a legislação atual prevê diferenças de tributa-
ualquer pessoa pode investir na Bolsa
de Valores, mas nem sempre a decisão
de comprar papéis é a melhor alternati-
va para ganhar dinheiro. Mesmo que não haja
valor mínimo para a aplicação (apesar de algu-
mas plataformas sugerirem um mínimo de R$
500), negociar títulos mobiliários demanda um
custo relativamente alto, contexto que precisa
ser considerado por iniciantes.
Para qualquer negociação no pregão são
exigidas algumas taxas: a corretagem, paga à
corretora de valores que intermedeia a transa-
ção (entre R$ 2,70 e R$ 25), o emolumento,
cobrado pela própria Bovespa, e a taxa de cus-
tódia (cerca de R$ 10). Se a preferência for
sessoria e Consultoria Empresarial (SP), o primeiro passo é
fazer uma auditoria de balanço para verificar se os dados
financeiros e contábeis são reais, evitando problemas como
informalidade. “É preciso botar a casa em ordem”, informa.
Organizado o plano de finanças, é hora de aderir à go-
vernança corporativa – sistema que proporciona gestão
estratégica e monitoração efetiva da administração –, que
inclui escolha de conselheiros e definição de comitês de
administração. “Com isso, a empresa dará ao mercado a
garantia de uma gestão profissionalizada e transparente, fa-
cilitando a perenidade dos negócios.”
Resolvidas as questões internas, uma análise de viabili-
dade e um plano de negócios definirão a necessidade efe-
tiva de abrir o capital. “É preciso saber por que se quer ter
uma companhia aberta, e a resposta deve ser boa. Se for
apenas pela verba, existem outras formas de aporte, como
fundos e auxílios de instituições financeiras.” Para Pasin,
sem um negócio bem fundamentado e sólido – que inclui
definição do valor da empresa e estimativa do valor dela no
IPO – será difícil atrair novos sócios na Bolsa.
brir capital na bolsa significa poder ne-
gociar valores mobiliários – como
ações, debêntures e notas promissórias
– de forma pública. Para tanto, várias exigências
são previstas em lei, que só permite que empre-
sas em forma de Sociedade Anônima (S/A) dis-
ponibilizem seus títulos na Bovespa. A abertura
em si acontece por meio do IPO (sigla em in-
glês para Oferta Pública de Ações), mas o tra-
balho interno nas organizações que desejam
tornar sua gestão pública começa bem antes.
A companhia aberta precisa prestar contas
a todos, implicando preocupação extra com o
detalhamento dos demonstrativos financeiros.
Conforme Rodrigo Pasin, sócio da Value As-
Como investir
Q
Como abrir capital
A
A Ç Õ E S
29FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
renda fixa, e o controle é feito por meio de
um extrato que mostra toda a movimentação
para cada integrante, incluindo a participação
do acionista no total do clube. “A operação
se torna extremamente vantajosa porque só
será cobrado o imposto quando o dinheiro
for sacado. Se houver uma escolha de ficar
operando por anos com lucros sucessivos, o
ção entre pessoas físicas – sistema mais vantajoso – e jurí-
dicas. Enquanto organizações que possuem conta em Bol-
sa arcam com despesas como imposto de renda, IOF so-
bre movimentação financeira, PIS e Cofins, pessoas físicas
só pagarão imposto de renda se venderem acima de R$ 20
mil por mês. “A pessoa pode ter comprado mil ações por
R$ 1 cada. Se no final do mês os papéis forem para R$ 19 e
forem vendidos por R$ 19 mil, o ganho chega a R$ 18 mil
e, mesmo assim, não haverá tributação”, exemplifica. Caso
o volume vendido ultrapasse esse valor, a tributação será
de 15% mensais sobre o ganho de capital.
Uma opção lucrativa para quem não tem capital sufi-
ciente para obter lucros são os clubes de investimento,
que reúnem no mínimo três pessoas físicas, ou seja, três
CPFs, e no máximo 150. Abertos (público em geral) ou
fechados (funcionários de empresas, familiares ou ami-
gos), eles têm seu valor de aplicação definido pelos pró-
prios participantes, sendo que nenhum membro pode
possuir mais de 40% do total das cotas. Como estratégia,
é possível aplicar até 49% do patrimônio do clube em
O processo formal começa com a solici-
tação de registro de companhia aberta na Co-
missão de Valores Mobiliários (CVM), que
tem 30 dias para analisar a proposta de abertu-
ra (se houver necessidade de ajustes o tempo
pode ser maior). Para isso, a empresa deve
estar constituída na forma jurídica de uma so-
ciedade anônima, de acordo com a Lei nº
6.404, de 1976. Paralelamente, a organização
Bolso cheioAo abrir capital, o empreendimento aumenta sua cap-
tação de recurso e valoriza sua imagem perante o merca-
do, além de fortalecer seu relacionamento com o públi-
co. “Uma empresa aberta é bastante observada por
acionistas, analistas, investidores e credores, o que faz
com que ela ganhe projeção e reconhecimento”, explica
Pasin. No entanto, vantagens tão atraentes têm seu preço:
segundo o sócio da Value, lançar ações na bolsa custa
mais ou menos R$ 3 milhões, além das comissões emiti-
das aos bancos sobre o volume captado, que variam en-
tre 3% a 6 %. Há também gastos para publicação de mate-
rial, como prospecto para investidores potenciais, estatuto
social, demonstrações financeiras e formulários de infor-
mações anuais e trimestrais, sem falar na obrigatoriedade
de se criar um departamento de Relações com Investido-
res, que centraliza todas as informações internas a serem
fornecidas ao mercado. “Manter uma companhia de capi-
tal aberto custa entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões por
ano”, estima o consultor.
Operadores daBovespa acompanhamofertas de compra evenda no pregãoeletrônico
Percio Lima/Bovespa
FinançasAlguns custos da abertura de capital
Manutenção de um Departamento de Acionistas e de um
Departamento de Relações com Investidores, contratação de
empresa especializada em emissão de ações escriturais, custó-
dia de debêntures, serviços de planejamento e de corretagem,
taxas da CVM, contratação de serviços de auditores indepen-
dentes e divulgação de informações ao mercado.Fonte: CVM
AÇÕES
30 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
imposto vai ficar provisionado, mas não será
descontado. Dessa forma, tem-se uma espé-
cie de fundo.”
Na práticaA negociação na Bolsa sempre é feita via
corretoras, seja por meio de operadores ou
pelo home broker, disponibilizado no site da em-
presa (nesse caso, é o investidor quem envia a ordem de
compra e venda diretamente ao sistema da Bolsa). A renta-
bilidade pode ser conquistada por dividendos, participa-
ção nos resultados ou benefícios concedidos pela empre-
sa emissora, sem falar no possível ganho proveniente da
venda da ação no mercado secundário (veja dicionário na pági-
na 31). O sucesso na empreitada depende do desempenho
da empresa no mercado e do comportamento da econo-
mia brasileira e internacional, entre outros fatores.
Para escolher as ações que serão adquiridas, é preciso
considerar sua liquidez (facilidade de venda para obter lu-
cros), o retorno que pode ser conseguido com aqueles
papéis e o risco do negócio. Na opinião de Lemos, inician-
tes devem optar por empresas que já tenham histórico
positivo no pregão, como Companhia Vale do Rio Doce,
Gerdau e Usiminas.
ConfiançaPara não jogar dinheiro fora, a escolha da empresa que
representará o interesse do investidor é fundamental. An-
Lúci
a S
imon
pode solicitar sua listagem na Bovespa, forne-
cendo a documentação necessária (veja box na
página 31). Antes disso, porém, é preciso esco-
lher um intermediário financeiro, pois todas as
distribuições públicas acontecem por meio de uma insti-
tuição financeira (corretora, banco de investimento ou dis-
tribuidora), que auxiliará na definição das características da
oferta, tais como preço e quantidade, e na procura por
compradores. As despesas totais para finalizar o processo
variam, mas geralmente incluem contratação de auditoria
externa, preparação da documentação, publicações legais,
comissão do intermediário financeiro e processo de mar-
keting da distribuição.
Mão na massaAs ações podem ser vendidas de forma primária (emi-
tidas pela empresa), secundária (sócios vendem suas pró-
prias ações) ou das duas maneiras ao mesmo tempo. Elas
podem ser ordinárias (concedem poder de voto aos acio-
nistas nas assembléias deliberativas) ou preferenciais (com
preferência na distribuição de resultados ou no reembolso
do capital em caso de liquidação, restringindo ou vetando
o direito de voto). Todavia, o surgimento do Novo Merca-
do – segmento especial de listagem que reúne apenas em-
LiquidezExistem ações com diferentes níveis de liquidez, o que deter-
mina se os ganhos serão obtidos no curto, médio ou longo prazo.
As blue chips, ou de 1ª linha, são bastante negociadas, principalmen-
te por empresas de grande porte e reputação, que costumam ter
retorno mais lento. As de 2ª linha registram um pouco menos de
liquidez, sendo ofertadas por empresas de boa qualidade, mas de
porte menor. Já as de 3ª linha apresentam pouca liquidez e são
marcadas por negociações sem continuidade.
LegislaçãoEtapas para abertura de capital
Análise preliminar, contratação de auditoria ex-
terna independente, contratação de intermediário
financeiro, adaptação dos estatutos, contrato de
coordenação e distribuição, autorização da Assem-
bléia Geral, nomeação de um diretor de Relações
com Investidores, criação de uma área de atendi-
mento aos acionistas/debenturistas, obtenção dos
registros na CVM, registro em Bolsa de Valores ou
no Mercado de Balcão Organizado, anúncio de iní-
cio de distribuição pública e anúncio de encerra-
mento de distribuição pública.Fonte: Leis nos 6.404/76 e 6.385/76 e Instruções CVM nos 13/80 e 202/93
A Ç Õ E S
31FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
tes de tudo, é preciso verificar se ela está habilitada pela
Bovespa, o que assegura credibilidade para negociar valo-
res mobiliários. Com essa garantia, é possível ter análises
de mercado para conferir se o momento é propício ou não
para as negociações.
Como o interesse pelo assunto é crescente, uma série
de cursos são oferecidos por diferentes instituições, in-
clusive pela Bovespa, que também disponibiliza em seu
site (www.bovespa.com.br) informações relevantes para
quem deseja ingressar no mundo das ações. “O investi-
dor tem que procurar se educar, porque o mercado é mau
e geralmente deixa ganhar de primeira, mas depois dá o
bote”, previne Lemos. O conselho do consultor é claro:
“Se você não sabe por que está ganhando, está em maus
lençóis”. Ele ensina que não se pode acreditar em qual-
quer informação recebida, pois fontes sem credibilidade
podem manipular dados e prejudicar o investidor. “Com
a disseminação da internet ficou muito difícil controlar a
quantidade de notícias referentes ao tema, e nem sempre
elas são verdadeiras.”
Dicionário:
Home broker: sistema que permite ao investidor
enviar ordens de compra e venda pelo site de sua
corretora. No site da Bovespa são relacionadas todas
as páginas de home brokers autorizadas
pela instituição
Mercado primário: Lançamento de novas ações
no mercado
Mercado secundário: quando, depois do lançamento
dos títulos no mercado primário, acontece a
negociação contínua dos papéis
Mercado à vista: compra ou venda de ações
propriamente dita
IBovespa: Índice Bovespa, que acompanha a
evolução média das cotações das ações negociadas
na Bovespa
Dividendo: parcela de lucro distribuída aos acionistas
Bonificações: distribuição de novas ações – ou de
dinheiro, eventualmente – aos acionistas
presas com nível de risco inferior ao das demais – disponi-
biliza apenas as ações ordinárias. Para atrair empreendi-
mentos de menor porte, foi desenvolvida a Bovespa Mais,
que terá captações de empresas de menor valor e sem
limite de faturamento. “Serão cláusulas específicas de ne-
gociação, só para investidores institucionais”, explica Pa-
sin. O objetivo do balcão é incluir empreendimentos em
perspectivas de crescimento – com condições
de liquidez ainda incompatíveis aos segmen-
tos principais – que se comprometam a ampliar
sua base acionária com base em melhores prá-
ticas de governança corporativa, proporcionan-
do a essas companhias um acesso gradual ao
mercado de capitais.
BurocraciaDocumentos para registro na CVM (para empresas que já forem S/A):
Atas da Assembléia Geral e da reu-
nião do Conselho de Administração, re-
querimento à CVM descrevendo as prin-
cipais características da operação, lista das
instituições financeiras participantes do
consórcio de distribuição, contrato de
distribuição assinado com a instituição
coordenadora, contrato de subdistribui-
ção, justificativa do preço de emissão, in-
formação sobre o destino dos recursos,
escritura pública de emissão das debên-
tures registrada em cartório, escritura pú-
blica de constituição de garantia imobili-
ária registrada em cartório, três vias do
prospecto da distribuição, indicando a
quantidade a ser impressa e os locais onde
estarão disponíveis, minuta dos anúncios
de início e encerramento da distribuição,
autorização da Cetip ou no Sistema Na-
cional de Debêntures, modelo de certifi-
cado/cautela (debêntures), contrato com
a instituição financeira responsável pelo
controle das ações escriturais e cópia do
boletim de subscrição.Fonte: CVM
32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
SA IBA MA IS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
eu
r
ec
om
en
do Com uma dose de ficção, o
filme Uma onda no ar, de
Helvécio Ratton, conta a
história real da luta por um
sonho comunitário. Se o
asfalto, como o pessoal das
favelas chama o lado de cá,
possui suas antenas, por que
o mesmo não pode ocorrer
do lado de lá? De pirata a
emissora legalizada, a Favela
FM, de Belo Horizonte, é
um marco na comunicação
brasileira. Foi construída no
dia-a-dia, em meio à
pobreza, enfrentando ações
das autoridades para
interromper suas transmis-
sões enquanto era reconhe-
cida, inclusive, pela ONU.
Hoje, a rádio chega
via internet ao mundo
todo, pelo site
www.radiofavelafm.cjb.net.
Luiz Artur Ferraretto
Jornalista
Planeta e bolso Em tempos de alerta sobre
o uso indiscriminado de energia elétrica,
algumas ações básicas podem ser adota-
das no cotidiano para a obtenção de
vantagens tanto para o planeta quanto
para o bolso. Nos escritórios, desligar o
condicionador de ar uma hora antes do
final do expediente garante uma econo-
mia diária de até 12,5% sem prejudicar o
bem-estar de quem trabalha, já que a
temperatura no fim da tarde é mais amena
e a refrigeração ainda se mantém por
certo tempo. Outra ação vantajosa é, na hora da compra de computado-
res, optar por monitores LCD (cada vez mais baratos), que, além de
serem mais econômicos que os de tubo, ocupam bem menos espaço.
Sustentabilidade O Guia de Sustentabilidade para as Empresas,
coordenado pelo Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), orienta os gestores para as questões de
governança corporativa. Explica os aspectos econômicos,
sociais, culturais e ambientais que tornam um empreendimento
sustentável e, ao mesmo tempo, competitivo. Para ler o
conteúdo, que foi elaborado por executivos e acadêmicos,
acesse www.ibgc.org.br.
Impostos Apesar de os impostos brasileiros serem altos,
a consultoria Mercer divulgou um estudo que aponta a
carga do país como uma das 32 mais atrativas do mundo
no que diz respeito à tributação de salários, figurando
em nono lugar. Aqui, os profissionais considerados de
média hierarquia pagam cerca de 22,5% de sua remuneração
em tributos e taxas. Na liderança do ranking aparecem os
Emirados Árabes, onde não existe imposto de renda pessoal,
seguidos por Rússia (13% em média) e
Hong Kong (14,2%). As médias mais altas
ficaram com a Bélgica, 48,6%, e a
Hungria, 50,5%. O regime de
impostos possui grande relevância
na hora de as multinacionais
decidirem em que país investir.
Free Photos Bank
Arq
uivo
pes
soal
33FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
SA IBA MA IS
em
te
mp
oA
A equação da matemática
TV digital Implantada oficialmente em 2 de dezem-
bro, a TV digital brasileira ainda caminha em passos
estreitos. Fora a região da Grande São Paulo – única
onde o sistema já está em uso –, as transmissões
digitais só começarão a chegar aos grandes centros
em 2008 (2013 é o ano em que todo o território
nacional deve ser coberto). Embora represente um
grande mercado potencial para equipamentos,
comércio e serviços, na prática ainda não há grande mobilização no sentido
de oferecer os produtos. Por enquanto, a movimentação se restringe a São
Paulo, onde começaram a ser vendidos os primeiros conversores de sinal
analógico em digital, enquanto os televisores digitais ainda não chegaram. O
preço é uma questão em aberto, já que o governo federal defende que os
conversores não custem mais de R$ 200, mas o varejo tem oferecido o
produto por, em média, R$ 600.
Como os fabricantes afirmam que o
preço só vai cair quando a procura
aumentar e o governo orienta que
as pessoas só comprem quando o
preço cair, um impasse prende o
crescimento do setor. Se em longo
prazo a expectativa é de lucros, a
realidade até agora mostra que até mesmo a venda de
TVs tradicionais está diminuindo, já que as pessoas estão deixando de
comprar porque esperam pelos novos aparelhos com sinal digital.
Unificação O Cadastro Sincronizado,
que está em vigor em alguns estados e
municípios do país, começa a render
benefícios para as empresas. Na Bahia,
por exemplo, a média de tempo para a
efetivação do cadastro de novas
empresas passou de sete para três dias,
entre o pedido e a formalização. O
sistema unifica as administrações
tributárias federal, estaduais,
municipais e outros órgãos atuantes no
processo de legalização de
empreendimentos. A medida otimiza a
ação porque todo o tempo gasto antes
com deslocamentos a órgãos
diferentes passa a ser feito em
qualquer lugar com internet. A
unificação já está disponível em seis
estados e quatro capitais brasileiras.
Outros 15 estados, entre eles, o Rio
Grande do Sul, também já assinaram o
convênio para a parceria com
a Receita Federal.
Mais informações
na edição 31 da B&S
Gustavo Bueso Padgett/Stock.xchng
Leo
cine
zi/S
tock
.xch
ng
habilidade dos estudantes brasileiros em leitura, matemática e ciências está
deixando a desejar. O alerta veio do Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa), realizado em 2006 pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE) em dezenas de países. Pelo estudo, divulgado em dezembro, os
alunos do Brasil estão nas últimas posições em todas as áreas, obtendo as piores notas.
Na avaliação em matemática, o país ficou na 53ª posição (entre 57 países), figurando antes de
Quirguistão, Qatar e Tunísia. Na comparação com o desempenho nacional em 2003, que já
era considerado ruim, as notas de 2006 pioraram em leitura, se mantiveram em ciências e
evoluíram em matemática.
O Rio Grande do Sul ainda está entre os estados com melhores resultados dentro
do país, aparecendo na terceira posição em ciências e matemática. Já na avaliação de leitura,
os gaúchos caem para a sétima colocação.
RECURSOS
38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
B & S Quais os projetos novos da Caixa
RS para incentivar o crescimento do Rio
Grande do Sul e como os empresários
podem fazer uso dessas alternativas?
Susana A Caixa RS é o instrumento operacio-
nal da política de desenvolvimento do Esta-
do e formulou três estratégias para cumprir
este novo desafio: atuar na modernização de
setores tradicionais, inserindo novos fatores
de competição, atuar na dinamização do de-
senvolvimento regional, articulando as pro-
postas de desenvolvimento para um foco co-
mum, e fomentar a introdução de setores por-
tadores de futuro, sintonizados com tendên-
cias globais. Estas estratégias vão muito além
do papel de agente financiador, passando a
atuar diretamente na articulação, elaboração
e implementação de iniciativas – inclusive fi-
nanceiras – para acelerar a competitividade
de economias setoriais e regionais para seu
ingresso e manutenção sustentada no merca-
do. E faz isso sintonizada com a Câmara Se-
torial de Desenvolvimento Econômico e Ino-
vação e a Agenda 2020.
B & S A senhora pode dar exemplos de
bons resultados gerados?
Susana Concretamente, temos resultados positivos em
vários novos programas para empreendedores. O Pro-
grama RS Energia, criado para atração de empresas in-
ternacionais e geração de novos nichos de negócios para
empreendedores gaúchos, já conta com 20 projetos, que
somam R$ 1 bilhão. Em agosto, apresentamos na Expo-
inter nossa estratégia de atuação para o agronegócio e
novos programas de financiamento. E já o Programa Ar-
mazenagem Certificada tem seus primeiros projetos,
confirmando a demanda de empreendedores que estão
atentos à adequação de suas unidades armazenadoras.
B & S Quais os planos de investimentos para 2008?
Susana Vamos aumentar nosso investimento em 20% no
mínimo. Em um trabalho articulado com a Associação
Brasileira de Bancos de Desenvolvimento (ABDE), da qual
sou vice-presidente, conseguimos triplicar nossa capaci-
dade de alavancar recursos de repasses de outros bancos.
Poderemos chegar a triplicar nossos ativos. Administra-
mos, hoje, um total de R$ 1,2 bilhão em ativos. O setor
de Serviços e Tecnologia será foco estratégico: a exem-
plo do pólo de Saúde, Biotecnologia e Fármacos na Re-
gião Metropolitana e o segmento de Tecnologia da Infor-
mação, que encontram no Estado as condições desejáveis
para sua implantação e expansão. Somando vontade polí-
tica com proatividade empreendedora, o momento é opor-
tuno para o Rio Grande, e a Caixa RS está preparada.
negóciosFomentando
Caixa RS desenvolve estratégias para fomentar o desenvolvimento
econômico gaúcho. A presidente da instituição financeira, Susana
Kakuta, explica qual será o papel da entidade
Elias
Ebe
rhar
dt/C
aixa
RS
34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
TECNOLOGIA
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
Do antigo pager aos blackberrys e PDAs, as
tecnologias remotas ganham força no
mercado, transformando-se em opção para
empresas de diferentes áreas e regiões. Agora,
a sede da organização não precisa mais ser o
lugar de trabalho dos colaboradores
rabalhar em casa é o sonho de muitos
profissionais, que vêem no trânsito con-
gestionado, nas conversas paralelas e no
excesso de telefonemas corporativos um en-
trave ao rendimento. Se antes essa facilidade
parecia distante, agora começa a virar realidade
em diferentes segmentos do comércio de bens
e de serviços, trazendo vantagens para empre-
sas, funcionários, sociedade e meio ambiente.
O trabalho remoto – ou teletrabalho –
existe desde o século 19, quando a difusão do
telégrafo permitiu que informações referen-
tes à gestão fossem transmitidas sem a pre-
sença de quem as fornecia. No entanto, so-
mente a partir da década de 80 ele se molda
de forma a permitir que pessoas desempenhem
sua função sem estarem presentes nas sedes das empresas.
“Naquela época, usavam-se principalmente ferramentas
como telefone, pager e fax para manter contato com as
matrizes corporativas”, explica Ana Manssour, diretoria
executiva e de Comunicação da Sociedade Brasileira de
Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt). De acordo com ela,
no Brasil esse tipo de atividade demorou um pouco mais
para ser implementada, tendo início nos anos 90.
O trabalho a distância não necessariamente é feito a
partir do domicílio do trabalhador. “Pode ser de um hotel,
de um ônibus ou outro veículo em movimento, do estádio
de futebol ou de telecentros”, esclarece Ana. Ela conta que
isso é mais comum em empresas cuja sede é muito distan-
te e pressupõe um transtorno grande de deslocamento
diário dos funcionários. “Dessa forma, reduzem-se as des-
pesas com ônibus fretados e vários vales-transporte diários
e o estresse das idas e vindas, aumentando as horas de sono
ou disponíveis para outras atividades.”
Tão longe, tão perto
Ao mesmo tempo em que facilita a rotina de funcio-
nários e executivos, essa forma de trabalho também be-
neficia a natureza, reduzindo a emissão de gases poluen-
tes oriundos de veículos. “Além disso, diminuem-se os
gastos com eletricidade, com infra-estrutura corporativa
T
O câmbio
inicial
Lúcia Simon
35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
TECNOLOGIA
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
e até mesmo com tributos, visto que o tamanho do em-
preendimento pode ser subtraído com pessoas atuando
fora.” Ao mesmo tempo, a opção abrevia prazos de exe-
cução de tarefas. “O uso de tecnologias como internet
sem fio permite que as pessoas estejam conectadas à ma-
triz em tempo integral. Isso agiliza processos e permite
que as atividades não fiquem restritas a um horário estan-
que”, pondera Douglas Rivero, gerente geral Brasil e Amé-
rica do Sul da SonicWall, empresa que fornece soluções
de segurança em TI.
Enquanto em países desenvolvidos essa cultura está
cada vez mais presente no meio empresarial – mais de
33% dos empreendimentos pesquisados pela SonicWall
nos Estados Unidos possuem funcionários trabalhando
fora do escritório –, Rivero avalia que no Brasil essa ten-
dência ainda não está consolidada. “É preciso um pouco
de amadurecimento, visto que contamos com uma legis-
lação antiga (veja box) e com conceitos engessados sobre
produtividade.” Mesmo assim, o executivo sente na pele
e no bolso as vantagens. “Temos cinco representantes da
empresa no Brasil, e raramente se trabalha dentro do es-
critório, localizado em São Paulo. Possuímos notebooks
e celulares com acesso à internet e a partir deles pode-
mos desenvolver nossas atividades em qualquer lugar por
meio de uma conexão privada e segura com a matriz nor-
te-americana.” Rivero salienta que trabalho a distância não
significa ausência de sede: “É preciso uma base para rece-
ber pessoas. Sem um endereço fixo é provável que se gere
um receio por parte de clientes e fornecedores”.
De casa para o trabalho
Realizar atividades profissionais a partir de pontos
externos pode gerar um aumento de 15% a 30% na pro-
dutividade. “Existem menos distrações, menos preocu-
pação com o horário de expediente e maior potencial de
concentração, o que facilita o fluxo de produção”, afirma
Ana. Contudo, a mudança envolve aspectos familiares.
“A família deve entender que a presença daquela pessoa
em casa, por exemplo, não significa que ela esteja livre
para o lazer. Todos devem se adaptar a essa realidade.”
Renato Faria, presidente do Sindicato das Empresas
de Informática do Rio Grande do Sul (Seprorgs), lembra
que já existem empresas em que a quantidade
de mesas e cadeiras é inferior à de funcioná-
rios. “Um vendedor externo, por exemplo,
não precisa ter uma mesa dentro da empresa,
pois se ele estiver sentado lá, estará deixando
de vender na rua. Na área de tecnologia da
informação também existem tarefas que po-
dem ser desempenhadas de casa, e não ne-
cessariamente por freelancers. O próprio call
center é um modelo. Hoje, com as telefonias
VoIP (voz sobre IP, que permitem realização
de ligações telefônicas via internet), vale mais
a pena remunerar o funcionário um pouco
melhor e ele trabalhar de casa.”
Todavia, é preciso atenção para que a pro-
fissão não tome conta de todo o tempo dis-
ponível. “Algumas pessoas têm tendência a
serem viciadas em trabalho, e a flexibilidade
de horário e de local pode ser uma inimiga
nesse caso. Assim, a empresa precisa estar ci-
ente do desenvolvimento de todos os cola-
boradores, a fim de evitar problemas emocio-
nais nessas pessoas”, alerta Ana. Ela sugere a
realização de encontros periódicos entre equi-
pes para não apenas assegurar que todos este-
jam cumprindo suas metas como também para
manter uma convivência necessária em qual-
quer ambiente profissional.
projeto de lei 3129/04, do deputado Eduardo Valver-
de (PT-RO), altera o Artigo nº 6 da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), prevendo a legalização do tra-
balho remoto. Pelo texto, devem ser incluídas na relação for-
mal de trabalho as atividades realizadas a distância do local
de trabalho, via computador, como subordinação jurídica aos
meios pessoais e diretos de comando do empregador, desde
que haja relação empregatícia. O texto foi aprovado por una-
nimidade pela Comissão de Constituição e Justiça e de Ci-
dadania em outubro de 2007, e aguarda aprovação em ple-
nário da Câmara.
O
Atualização legal
ENGAJAMENTO
Núm
e r
o 3
3 –
Jan
eir
o 2
008
36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Apesar do jargão ao lado ser conhecido em todas as esferas da sociedade, muitos
empresários ainda não perceberam o poder de suas entidades representativas. A partir delas,
podem-se obter conquistas e esclarecimentos que, individualmente, seriam um desafio bem maior
a força
ue uma andorinha só não faz verão todo
mundo sabe. No entanto, muita gente
ainda não entende que a mesma máxi-
ma se aplica aos negócios, às organizações ou
ao papel político de todos os empresários, fa-
zendo das entidades representativas uma for-
ça garantida para a conquista de metas e para
o aumento do conhecimento e da influência
no mercado.
Separados por segmento econômico, por
porte de empresas representadas ou por re-
gião geográfica, federações, associações, sin-
A união faz
dicatos e demais entidades representativas servem para
fornecer a seus associados um poder de voz superior ao
que teriam de maneira individual. Paralelamente, também
viabilizam a conquista de informações, obtidas diretamen-
te nas fontes que, provavelmente, só chegariam aos inte-
ressados via imprensa. “Esse tipo de entidade existe para
fazer o que os empresários não sabem ou não conseguem
alcançar sozinhos”, explica Derly Fialho, superintenden-
te do Sebrae-RS.
De acordo com Fialho, até as grandes empresas pos-
suem limitações políticas e econômicas, na medida em
que necessitam de interlocutores para determinadas ques-
tões. “Não se pode defender
uma causa coletiva sem um re-
presentante oficial”, justifica.
Conforme Fialho, infeliz-
mente ainda há empresários
que encaram a participação e
o engajamento como um ônus.
“Alguns empreendedores pen-
sam que participar das entida-
des é perda de tempo e de di-
nheiro, e preferem voltar sua
atenção apenas para dentro dos
negócios. No entanto, é exa-
tamente dentro desses órgãos
Fot
os:
Lúci
a S
imon
Q
Fot
os:
Lúci
a S
imon
Edy, do Movimento das Donas de Casa, defende a participação de todos na entidade
37FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENGAJAMENTO
Núm
e r
o 3
3 –
Jan
eir
o 2
008
que acontecem as maiores e melhores discussões sobre
diferentes assuntos gerenciais, o que serve de subsídio para
o desenvolvimento de qualquer organização.”
Santo de casa faz milagre
Um dos exemplos mais consolidados de força repre-
sentativa no Estado é o Movimento das Donas de Casa e
Consumidoras do Rio Grande do Sul (MDCC). Comple-
tando 20 anos em 2008, a entidade comemora conquistas
em prol daquelas que até então não eram encaradas como
uma categoria economicamente ativa da sociedade.
De acordo com a presidente do movimento, Edy Ma-
ria Mussoi, por meio do órgão as donas de casa ganharam
a oportunidade de serem ouvidas pelo poder público e
por representantes comerciais, aumentando sua partici-
pação nas decisões econômicas e políticas, principalmen-
te no que diz respeito ao setor varejista e aos direitos do
consumidor. “A existência do movimento viabilizou a for-
mação de parcerias com outros institutos voltados ao con-
sumidor. Assim, temos maiores chances de realizar pres-
sões políticas, reuniões com autoridades e, em última ins-
tância, Ações Civis Públicas na Justiça”, analisa Edy.
Entre as principais conquistas do grupo ela cita alte-
rações nas ligações de prefixo 0900, geralmente aplica-
das em serviços de telessexo e utilizadas principal-
mente por crianças e empregados sem autorização
prévia, e a redução de 10% para 2% nas multas por atra-
sos de pagamentos. “Sempre
procuramos ouvir o que as
associadas têm de demanda.
Nesse último caso, recolhe-
mos 10 mil assinaturas em prol
da redução.”
Para chegar a 98% de so-
lução de casos, o movimento
conta com apoio de forças
como Fórum Estadual de De-
fesa do Consumidor, Procon,
Confederação Nacional de
Donas de Casa,Fórum Nacio-
nal de Defesa do Consumidor,
entre outros. “O retorno é
muito positivo. Recebemos diversas mensa-
gens agradecendo a representatividade, elo-
giando o trabalho e querendo participar das
atividades promovidas externamente”, con-
ta a presidente. Na visão dela, se não fosse o
movimento, essa categoria ainda estaria sen-
do ignorada. “Sabemos como exercer os di-
reitos de quem representamos.”
Entretanto, Edy lamenta o baixo número
de associadas. “Hoje somamos mais de 200
mil em Porto Alegre, mas pretendemos che-
gar a números como os de Buenos Aires, onde
existe 1 milhão de associadas ao movimen-
to.” Na opinião da representante do MDCC,
falta educação por parte da sociedade como
um todo. “Sempre digo que para ter repre-
sentatividade é preciso representar todos, se-
não corre-se o risco de priorizar algumas ne-
cessidades. Contudo, para representar todos
é preciso que todos sejam associados.” Fia-
lho, do Sebrae, concorda. Para ele, o com-
partilhamento de experiências proporciona-
do dentro das entidades só tem a beneficiar
todos os envolvidos: “O empresário ganha
maturidade e conhecimento, ao mesmo tem-
po em que o conjunto ganha força para de-
fender os interesses da categoria.”
Fialho destaca que em associações, federações e sindicatos o empresário
tem acesso a novos conhecimentos
39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
PERSPECT IVAS
A expectativa para o próximo ano é de bom
desempenho da economia. Estabilidade
cambial, aumento da demanda interna e boa
performance da indústria, do comércio e da
agricultura deverão ser fatores decisivos
esmo que a probabilidade seja de uma desace-
leração em relação aos resultados de 2007, a
economia gaúcha deverá crescer cerca de 4,5%
em 2008. Baixa inflação, expansão do crédito e aumento
no número de empregos serão alguns dos pontos influ-
entes para tal processo, incentivando a demanda no co-
mércio de bens e de serviços e contribuindo para o de-
senvolvimento do Estado como um todo.
Registrando crescimento significativo nos três prin-
cipais segmentos econômicos do Rio Grande do Sul –
agricultura, comércio e indústria –, o ano de 2007 foi
marcante para a economia regional, que demonstrou me-
lhor desempenho do que a brasileira e deve manter essa
tendência no próximo ano. “O Estado foi o segundo maior
em crescimento na produção industrial do país”, pondera
Marcelo Portugal, assessor econômico da Fecomércio-RS.
De acordo com ele, tal comportamento se deve a uma con-
jugação de fatores como elevação da demanda interna e
fim da vulnerabilidade cambial. “Também houve boa atua-
ção da economia mundial, mas não foi esse o quesito de-
terminante para os bons resultados observados.”
O cenário também é favorável em nível nacional. “A
comparação com as reservas acumuladas e com a dívida
externa mostra que o problema de financiamento exter-
no desapareceu”, aponta Portugal. Ele lembra que, mes-
mo com a incerteza a respeito da crise imobiliária norte-
americana, não devem existir graves impactos no Brasil:
“Existe uma influência em relação às exportações, mas a
desaceleração não deve ser muito grande”.
Insanidade fiscal
Na opinião de Portugal, em meio a esse contexto de
otimismo é preciso frear o que o economista chama de
insanidade fiscal do país. “A arrecadação em 2007 foi R$
60 bilhões maior do que a de 2006, superando o orçado
em R$ 36 bilhões. Fazendo bom uso dessa ver-
ba é possível extinguir a CPMF.”
Com essa visão, o governo gaúcho deve
instituir uma agenda positiva no próximo ano,
objetivando recompor seus aliados na socie-
dade e na Assembléia Legislativa, afastados
depois da tentativa de implantar um pacote
que elevava os impostos no Estado. “Só se
pode reduzir o déficit fiscal aumentando a
receita ou cortando as despesas. Como o in-
cremento na arrecadação despertou insatisfa-
ção coletiva, devem ser tomadas medidas
como extinção de empresas públicas defici-
tárias, reformulação do regime previdenciá-
rio estadual e modernização instrucional”,
previne Rodrigo Giacomet, assessor político
da Fecomércio-RS.
M
para 2008Otimismo
Perspectivas de Crescimento
Projeções para 2008
Taxa de inflação: 4,5%
Câmbio: Dólar a R$ 1,87 (dez/08)
Crescimento (projeção) do PIB em:
2007
2008
Brasil: 4,9% RS: 7%
Brasil: 4,4% RS: 4,5%
CAPAC ITAÇÃON
úm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Diversos pré-
requisitos são
exigidos para
conseguir destaque
no mundo do
trabalho. Para tanto,
o caminho é único:
capacitação. E, por
incrível que pareça,
o país carece de
competências
qualificadas
emprego facilitadoportunidades de trabalho são sempre
bem-vindas e no verão o número de
vagas é ampliado pelas contratações
temporárias. Para não perder a chance de con-
seguir uma colocação, o jeito é estar prepara-
do para conquistar um espaço no competiti-
vo mercado brasileiro. A capacitação profis-
sional entra como uma forte aliada na disputa
por um emprego, e buscar aperfeiçoamento
por meio de cursos técnicos, por exemplo,
pode ser uma saída para quem ainda não en-
controu o seu lugar no universo profissional.
O número de novos postos de trabalho
formais referentes a 2007 deve fechar em apro-
Certificado na mão,
ximadamente 1,56 milhão. Contudo, a contradição está
na quantidade de trabalhadores com formação adequada:
apenas 18% dos 9,7 milhões de desempregados possuem
a escolaridade solicitada pelas empresas. Os dados, le-
vantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) em 2006, mostram a carência de mão-de-obra qua-
lificada enfrentada por alguns setores da economia, como
a indústria de transformação.
O paradoxo também é vivido na região Sul. Nos esta-
dos do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul
o empresariado sofre com o déficit de empregados quali-
ficados. Entre os mais de 1 milhão que procuram ocupa-
ção, apenas 22% têm condições de pleitear uma vaga. De
acordo com a pesquisa, o Sul e o Centro-Oeste, por exem-
plo, têm abertas 25 mil vagas
na indústria química, 23 mil na
área de transporte, 21 mil no
setor de produtos mecânicos e
20 mil no segmento de extra-
tiva mineral. Todas não preen-
chidas e com exigências curri-
culares como formação técni-
ca e ensino médio.
Outro ponto importante
do levantamento são as carac-
terísticas que seduzem os em-
preendedores no momento de
identificar os melhores para a
sua equipe funcional. As em-
presas observam, acima de
tudo, capacitação. São recru-
tados com mais facilidade can-
O
Brasil: estimativa de trabalhadores ativos que procuram emprego com e sem experiênciae capacitação profissional em 2007 (em mil)
Fonte: Elaboração Ipea a partir de microdados da Pnad/IBGE e do Caged-Rais/MTE,excluída a área rural dos estados da regiâo Norte - exeto Tocantins
41FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
CAPAC ITAÇÃO
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
Val
ter
Cam
pana
to/A
Br
didatos cursando o ensino médio e com experiência no
ramo industrial e de atendimento ao público.
Qualificação como referencialO nível de conhecimento conta muito na hora de par-
ticipar de uma seleção. Um bom começo é apostar no
aperfeiçoamento, que pode ser feito por meio de cursos
técnicos, graduação ou especializações. O que vale é não
parar no tempo. “A qualificação é a porta de entrada para
qualquer atividade”, afirma Fabiane Franciscone, gerente
do Núcleo de Educação Profissional do Senac-RS.
Para ela, apresentar um diferencial no currículo só é
possível por meio da educação e do ensino continuado,
sendo essa a fórmula para uma melhor inserção no mun-
do do trabalho. “Setores especializados, como o de Tec-
nologia da Informação, necessitam de profissionais habili-
tados para suas funções”, exemplifica, enfatizando que na
área técnica há uma nova imposição das empresas em fun-
ção das mudanças na legislação. “Algumas profissões são
regulamentadas, e a lei não permite que se atue sem for-
mação técnica. É o caso do ramo imobiliário, no qual é
necessário formação específica para se obter o registro
profissional junto ao Conselho Regional”, elucida.
O guia de turismo Gabriel Lara Weigert percebeu que
precisava ir além do ensino médio. Com receio de perder
a vez para os concorrentes, resolveu fazer um curso técni-
co na área de turismo e caminhar na direção certa. “Traba-
lho em uma agência e consegui enxergar as transformações
sofridas pelo setor”, diz. Hoje, por exemplo, a maior parte
das empresas solicita que o guia tenha a cre-
dencial da Embratur, que só é concedida a
partir do certificado de formação profissional
fornecido pelas instituições de ensino.
O certificado também vai engordar a con-
ta bancária de Weigert. Credenciado, ele do-
brará os ganhos nas suas viagens pelo Brasil.
Por essa razão, futuramente pretende especia-
lizar-se como guia internacional. “Quero con-
tinuar me capacitando. Os cursos estão con-
tribuindo para agregar valor ao que eu já co-
nhecia na prática.”
Senac-RS apóia a profissionalizaçãosforço e habilidade são fundamen-
tais para consolidar uma carreira.
Contudo, o conhecimento teórico e o
permanente aperfeiçoamento torna-
ram-se de extrema relevância no mun-
do contemporâneo. Pensando nisso, o
Senac-RS oferece cursos com habilita-
ção técnica nas suas 12 escolas espalha-
das por todo o Estado. O período de
inscrição se iniciou no dia 19 de no-
vembro e tem diferentes datas de en-
cerramento, conforme cada município.
Em 2008, a instituição vai dispo-
nibilizar 13 opções de cursos. A gran-
de novidade fica por conta do curso
Técnico em Moda, que será oferecido
pela Escola de Educação Profissional
Senac Canoas. “Analisamos sempre as
tendências de mercado e concluímos
que essa era uma delas”, explica Fabia-
ne Franciscone. Informações adicionais
sobre as matrículas e cursos podem ser
obtidas no endereço eletrônico
www.senacrs.com.br.
E
Weigert agregou valor a sua experiência comoguia turístico e já planeja fazer uma especialização
Lúci
a S
imon
CULTURA
42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
música é a forma de expressão artísti-
ca mais democrática que existe. Do
canto dos pássaros aos jingles, todas as
pessoas têm acesso a melodias. Alguns estu-
dos, inclusive, mostram que os bebês ainda
no útero da mãe respondem a estímulos mu-
sicais. Além dessa característica, e talvez até
mesmo em função dela, as canções também
auxiliam na formação cultural da população.
A musicista e produtora musical paulis-
ta Renata Amaral acredita que melodias
estão presentes em todas as outras artes e
A
Seja pela letra, pela melodia ou mesmo pela união das duas, a música traz consigo
elementos da sociedade em que foi criada. Sua difusão proporciona conhecimento
sobre realidades diversas e auxilia na formação cultural dos ouvintes
conectadas de forma intrínseca à cultura das socieda-
des. Por meio delas, é possível experimentar e conhecer
o mundo sem uma especialização na área. “É possível
trabalhar história, geografia, biologia e até mesmo lite-
ratura, por exemplo.”
Renata, que esteve em Porto Alegre participando do
Acorde Brasileiro, promovido pelo Sesc-RS (mais infor-
mações no box), afirma que a música regional oferece mais
possibilidades de formação cultural do que outros gêne-
ros, uma vez que trabalha também com o folclore local.
“Há o improviso poético, a dança e uma série de outros
elementos, ou seja, é um material mais abrangente.”
costumesPara cantar os
Lúcia Simon
43FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
CULTURA
Antropologia musical
Sendo a música uma expressão que congrega elemen-
tos da vida da sociedade em que está inserida, pesquisá-
la significa também realizar uma busca histórica. Foi isso
que motivou o músico e historiador cearense Alemberg
Quindins Kariri a iniciar um estudo na Chapada do Ara-
ripe, distante 550 quilômetros de Fortaleza (CE). “En-
contramos vestígios de instrumentos, o que demonstra
que o homem pré-histórico habitante da região já trans-
mitia sua história pela música.”
Para ele, o pano de fundo da investigação dá uma
dimensão da importância desse tipo de arte na formação
das pessoas. É o registro da constituição social de um
povo e permite conhecer até mesmo os diferentes esta-
dos de espírito do compositor. Além disso, ressalta o
historiador, a letra das composições, por vezes, pode ser
considerada uma espécie de tratado social. “É o que se
pode chamar de verdadeira arqueologia musical.”
A música pode fornecer imagens para o que é desco-
nhecido. A cantiga Boi da cara preta (folclore popular), lem-
bra Kariri, é a materialização do medo, enquanto uma
canção como Deu pra ti (de Kleiton e Kledir) caracteriza
uma cidade (Porto Alegre). Assim, essa arte pode ser
utilizada como forma de diálogo do indivíduo com seu
entorno e com o mundo.
Aproximando realidades
Um país de dimensões continentais como o Brasil
pode tirar proveito da produção diversificada para criar
uma população culturalmente rica, o que ainda é uma
realidade distante. “Existe um hiato em todo o país que
dificulta o conhecimento do que se passa, muitas vezes,
no estado vizinho”, avalia Renata. Ela comenta que exis-
tem diversas atividades com bastante reconhecimento
local que não conseguem se expandir, dada a dificuldade
de distribuição de material que alguns artistas encontram.
“Isso prejudica o público também, pois não permite a
experimentação e o acúmulo de experiências.”
A produtora argumenta que os meios de comunica-
ção têm papel importante no sentido de popularizar os
Fazendo a sua parteeguindo sua missão de promover cultura e lazer, o Sesc-
RS também investe em música, com os projetos Circui-
to Sesc de Música Gaúcha, que difunde o tradicionalismo
em todo o Estado, e o Sonora Brasil, que propicia o inter-
câmbio pelo país.
De acordo com o gerente de Cultura da entidade, Silvio
Bento, a intenção é disponibilizar para o público gaúcho pro-
duções com conteúdo. Ele acredita que a música é a repre-
sentação oral da cultura local e, nesse sentido, é também re-
gistro da língua, dos hábitos e do momento histórico de cada
sociedade: “Ao promovermos a circulação dos artistas, não
apenas incentivamos a produção musical em sua totalidade,
como também levamos informação às platéias”.
Já o projeto Acorde Brasileiro, realizado no final de 2007,
surge como a unificação entre o local e o nacional em termos
de diversidade de produções. “Mais do que um encontro de
música, ele serve para divulgar os trabalhos que estão em
andamento nos mais diversos cantos do Brasil”, salienta. O
sucesso do evento, que reuniu artistas de 21 estados em Por-
to Alegre durante quatro dias, já motivou uma próxima edi-
ção, que deve ocorrer em novembro de 2008.
S
trabalhos, proporcionando mais acesso à
cultura. Ainda falta, em sua opinião, um tra-
balho mais eficiente de fusão, que vem sen-
do melhorado graças a iniciativas como o
Acorde Brasileiro.
Kir
an/S
esc-
RS
FUTEBOL
Núm
e r
o 3
3 –
Jan
eir
o 2
008
44 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
A paixão do
brasileiro pelo
futebol não apenas
mobiliza torcidas
como também
movimenta todo
um setor ligado ao
esporte. De
maneira direta ou
indireta, quase
todas as empresas
podem aproveitar
o nicho para
aumentar
suas vendas
a economiaGol de placa para
Já se vão mais de cem anos desde que
aportou por terras brasileiras, e o fute-
bol continua sendo uma verdadeira lou-
cura nacional. Mais do que isso, trans-
formou-se em negócio lucrativo dentro e fora
de campo. Dados da Confederação Brasileira
de Futebol (CBF) mostram que, no Campeo-
nato Brasileiro da Série A de 2007, foram arre-
cadados mais de R$ 76,9 milhões, o que signi-
fica uma média de R$ 212 mil por partida.
Se esses números se referem apenas às
bilheterias dos jogos, o mercado que envolve
o esporte não deixa por menos. Levantamen-
to oficial da Federação Internacional de Fu-
tebol Associação (Fifa) dá conta de que, no
mundo todo, o segmento movimenta cerca
de US$ 250 bilhões por ano, tanto com o co-
mércio direto quanto com o indireto. Segundo Anderson
Gurgel, pesquisador da área de Economia do Esporte da
Universidade de Santo Amaro (SP), o valor comprova a
força econômica do esporte. “É uma indústria que se ca-
racteriza pela potencialidade na geração de empregos e
no estímulo ao turismo, por exemplo.” Ele lembra que,
em um dia de jogo, o comércio do entorno, os vendedo-
res ambulantes e mesmo as empresas de transporte cole-
tivo que possuem linhas até os estádios saem lucrando
com o evento.
Marketing com a bola
O nicho futebolístico pode ser aproveitado por quase
todos os setores da economia, ainda que em diferentes
graus. Antes de investir, no entanto, é preciso avaliar o
retorno direto que uma ação ligada ao futebol pode tra-
zer. “As características do esporte, como o trabalho em
45FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
FUTEBOL
Núm
e r
o 3
3 –
Jan
eir
o 2
008
equipe e a disciplina, devem ser condizentes com as polí-
ticas da empresa. Caso contrário, o público não se con-
vencerá”, alerta Gurgel.
Foi o que aconteceu com a empresa catarinense Pa-
rati, que há quase 15 anos mantém o projeto Bom de
Bola. A iniciativa começou como uma ação de responsa-
bilidade social junto a crianças, educando por meio do
esporte. “Quando formatamos o projeto, pensamos na
modalidade hegemônica para congregar as crianças”,
relata Luiz Carlos Fraga, coordenador do Bom de Bola.
Com a expansão das ações, foi criada uma linha de pro-
dutos que leva o nome do programa, cujas vendas se
revertem em investimentos no projeto. Fraga comenta
que, sem ser o foco principal, a comercialização dos itens
atinge patamares interessantes. “Pelo apelo futebolísti-
co, a linha tem uma participação importante no fatura-
mento anual da empresa.”
Há, ainda, as companhias que investem em esportes e
têm como carro-chefe o futebol. É o caso da rede Cen-
tauro de materiais esportivos, com 62 lojas no Brasil. Para
Cláudio Assis, diretor de Operações do Grupo SBF, pro-
prietário da rede, é impossível imaginar uma loja nesses
moldes sem uma área de exposição com produtos liga-
dos à modalidade. Responsável por 15% do faturamen-
to total, o setor de futebol ganhou novo formato na uni-
dade de Porto Alegre, inaugurada no final de novem-
bro. “Os espaços exclusivos para produtos dos times
locais já estavam em discussão há algum tempo e foram
AO maior espetáculo da Terra
Copa do Mundo de 2014 ainda
está longe de se realizar, mas já
deixou o país sede em polvorosa. As
obras de infra-estrutura necessárias
para a realização dos jogos começam
a ser orçadas e há oportunidades para
todos saírem lucrando. Enquanto go-
vernos e empresas ensaiam parcerias
para construção ou reforma dos está-
dios, a custos avaliados em cerca de
R$ 1,2 bilhão, outros segmentos da
economia, como turismo, hotelaria e
gastronomia, se preparam para rece-
ber turistas.
Tamanha empolgação encontra
respaldo nos números da mais recen-
te edição do evento, ocorrida em 2006
na Alemanha: foram gerados aproxi-
madamente 25 mil empregos, o co-
mércio faturou 2 milhões de euros a
mais naquele ano e os investimentos
feitos em infra-estrutura se reverteram
em melhor qualidade de vida para a
população, o que fez subir a arreca-
dação em impostos. Para Gurgel,
eventos deste porte tendem a render
resultados intangíveis importantes.
“Barcelona, por exemplo, entrou para
o mapa do turismo mundial após a rea-
lização das Olimpíadas de 1992.”
Na Parati, projeto social deu origem a produtos referência no mercado
consumados na capital gaúcha, onde a torci-
da encontra um mix variado de itens relacio-
nados aos clubes.”
Gurgel afirma que qualquer empresa que
queira entrar no ramo deve avaliar se está
madura o suficiente para tanto. “É uma seara
em que atuam grandes corporações, e o jogo
não é fácil.” Ligar sua marca à Seleção Brasilei-
ra ou a um time local, por exemplo, significa
correlacionar valores, o que deve ficar claro para
o consumidor. Para obter o retorno desejado,
não basta confiar na paixão da torcida: é preci-
so ter-se uma boa equipe e um dirigente com
objetivos concretos, como no bom futebol.
Luiz
Car
los
Frag
a/ P
arat
i
VIS
ÃO
TR
IBU
TÁ
RIA
46 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
A reprovação
retira a legitimidade
de aumento da carga
tributária por outro
instrumento que não
seja a lei
Projeto de Emenda Constitucional que
previa a prorrogação da CPMF não
recebeu o número de votos necessá-
rios para sua aprovação pelo Senado Federal
e foi rejeitado em 13 de dezembro. Além dos
significados político-partidários, a rejeição
demonstra, finalmente, a consciência da clas-
se política acerca da alta
carga tributária brasileira.
A arrecadação da
CPMF, em 2002, ultrapas-
sou R$ 20 bilhões. Para
2007, estimativas prevêem
que a arrecadação atinja
quase R$ 40 bilhões. É, sem
dúvida, bastante dinheiro
com que o orçamento da
União deixará de contar, o que poderá resul-
tar numa redução de cerca de 0,5 ponto per-
centual no superávit primário brasileiro.
A preocupação que se instala na socie-
dade, agora, é saber como o Governo equi-
librará essa equação, seja reduzindo as des-
pesas que têm crescido vertiginosamente
ou aumentando as alíquotas de tributos já
existentes (hipótese mais provável, considerando o
histórico da atual política fiscal).
O princípio da legalidade, no direito tributário, é
identificado como princípio da autotributação. Parte da
idéia de que são os contribuintes, através dos seus man-
datários (Poder Legislativo), que fixam a própria carga
tributária para financiamento da sociedade e do bem-co-
mum. Assim, a posição tomada pelo Senado deve ser en-
carada como uma clara mensagem da sociedade, por meio
dos seus representantes, para o Poder Executivo, relativa-
mente ao limite atingido pela alta carga tributária no Bra-
sil. A saída, portanto, é controlar as des-
pesas, quantitativa e qualitativamente.
Num sistema republicano, a auto-
nomia de cada poder precipuamente
prevista na Carta Constitucional deve
ser respeitada. Essa é a razão pela qual
instrumentos normativos bizarros, como
a medida provisória, devem ser adota-
dos somente em casos de relevância e
urgência. A reprovação da prorrogação
da CPMF, nesse contexto, retira, previamente, a legitimi-
dade de qualquer tentativa de aumento da carga tributária
por outro instrumento que não seja a lei. Na busca do
superávit, relevância e urgência passam a ser elementos
que devem condicionar a edição normativa visando à re-
dução das despesas, e não ao aumento da carga tributária.
O
conseqüênciasRafael Pandolfo*
Rejeição da CPMF e
*Consultor tributarista da Fecomércio-RS
Ros
i B
onin
segn
a/Fe
com
érci
o-R
S
47
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
EU, EMPREENDEDOR
Marília Ferlin
Leiloeira, membro das associações americana e brasileira
de Leiloeiros e do Sindicato dos Leiloeiros Públicos
Oficiais do Estado do Rio Grande do Sul, que lançou o
livro Leiloaria no sistema jurídico brasileiro (publicação indepen-
dente) em 2005, durante o IV Congresso Nacional de
Leiloeiros Oficiais (Conalei).
Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três
“
”
Atuo no setor de leilões há 25 anos, sendo
que nos três primeiros anos de atividade
apenas auxiliava nos processos. Além
disso, sou professora de português
aposentada e continuo ministrando aulas
de italiano em um instituto de línguas de
Passo Fundo, enquanto termino o curso de
Direito. Minha carreira sempre foi muito
interligada, pois agrego características das
diferentes áreas de atuação em todas as
minhas atividades.
Por sempre gostar de ler e de escrever
– trabalhei por 17 anos com projetos
educacionais na 7ª Delegacia de Ensino do
município – e ser uma pessoa muito
curiosa, me senti desafiada a produzir o
livro Leiloaria no sistema jurídico brasileiro, que
reúne diversas informações sobre o
segmento no Brasil e no mundo.
A idéia surgiu depois que percebi que não
existiam registros sobre o setor, apenas
dos eventos realizados, mais em caráter
de propaganda.
A pesquisa, que durou
aproximadamente quatro anos, precisou
ser feita em livros de latim e italiano, em
enciclopédias e outras fontes, já que só
havia registros isolados da história dos
leilões. A partir de agora, se alguém tiver
interesse em conhecer mais sobre o
universo dos leilões, já terá onde encontrar
as informações.
VIS
ÃO
T
RA
BA
LH
ISTA
48 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
m pleno final de ano, quando a expec-
tativa de acréscimo de vendas faz au-
mentarem as contratações temporárias,
a falta de regulamentação sobre a prorroga-
ção destes contratos vinha gerando dor de
cabeça ao departamento de recursos huma-
nos de muitas empresas.
De acordo com o art. 10
da Lei 6.019/74, o contrato
de um mesmo trabalhador
temporário não poderá exce-
der três meses, salvo autori-
zação conferida pelo Minis-
tério do Trabalho e Emprego
(TEM), segundo instruções
normativas a serem baixadas.
Até pouco tempo, o referido diploma legal
era regulamentado pela Instrução Normativa
nº 3/2004, que previa a autorização de uma
única prorrogação, operada de forma auto-
mática, bastando à tomadora uma mera comu-
nicação ao órgão local do MTE. Essa norma,
entretanto, foi revogada em julho pela Instru-
ção Normativa nº 05/2007, que nada dispôs
sobre a possibilidade de prorrogação.
Depois de um período de vazio legal e
incertezas por parte das empresas, finalmen-
te, no dia 23 de novembro, o MTE fez publicar a Porta-
ria nº 225, que regulamenta a prorrogação. Pela nova
regra, o contrato temporário poderá ser prorrogado uma
única vez, pelo mesmo período (três meses). Diferente-
mente do que ocorria na vigência da IN 3/2004, a pror-
rogação não mais se opera de forma automática, deve
ser autorizada pelo MTE. A empresa tomadora deve in-
formar e justificar os pressupostos da contratação tem-
porária (necessidade transitória e acréscimo de serviços),
através de requerimento próprio (conforme anexo à Por-
taria nº 574) protocolado até 15 dias
antes do término do contrato. No pra-
zo de cinco dias do recebimento do pro-
cesso, o Chefe da Seção ou Setor de
Relações do Trabalho – SERET do ór-
gão regional do MTE (DRT/RS) deve
analisar o pedido e decidir pela autori-
zação ou não da prorrogação.
Além de regulamentar a prorroga-
ção, dando-lhe maior segurança jurídi-
ca, ao prever a chancela da DRT/RS, a norma inviabilizará
a discussão em reclamatórias trabalhistas sobre o preen-
chimento dos requisitos da contratação temporária.
De qualquer sorte, sempre convém alertar às empre-
sas que controlem a idoneidade das empresas contrata-
das. Isso porque a responsabilidade (subsidiária) pelo
inadimplemento dos direitos trabalhistas dos trabalha-
dores temporários pode recair sobre a empresa tomado-
ra dos serviços.
Prorrogação dos
temporários
E
Depois de um vazio
legal, finalmente
o MTE fez publicar a
Portaria que
regulamenta
a prorrogação
*Integrante da Flávio Obino Filho Advogados
Eduardo Caringi Raupp*
Arq
uivo
pes
soal
PA
RA
LE
R
49FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
A essência da estratégia no varejo
O sucesso da GoogleOs jornalistas David A. Vise e
Mark Malseed contam, em Google
– A história do negócio de mídia e tecno-
logia de maior sucesso de nossos tempos
(editora Rocco, 352 páginas), a tra-
jetória de Sergey Brin e Larry Page,
fundadores da Google Inc, uma das empresas que
mais crescem no mundo. Além de apresentar a his-
tória da companhia, a obra traz dicas de como utili-
zar melhor as ferramentas do Google e dados sobre
as finanças da organização.
aumento da competitividade no
varejo brasileiro, que ocorreu
com a chegada de grandes grupos in-
ternacionais, trouxe a necessidade de
maior eficácia na gestão das empresas
do setor. Como enfrentar poderosos
concorrentes, que possuem novas téc-
nicas de administração aliadas a um
grande poder econômico?
A obra Varejo no Brasil, de Juracy Pa-
rente, Ph.D. e consultor organizacional,
orienta o empreendedor sobre a utiliza-
ção de estratégias e táticas para superar
esse desafio. O autor apresenta mode-
los para estruturar o planejamento estra-
tégico, comercial, de marketing, com-
pras, em todos os casos com o objetivo
de melhorar os resultados de vendas.
O desenvolvimento e aplicação des-
sas técnicas aguçam a visão do empre-
sário para os fatores críticos de sucesso
que, freqüentemente, não recebem a
atenção necessária. A apresentação de
produtos, uma atmosfera de compra
que estimule o consumo, o gerencia-
mento do capital humano e de estoques
são alguns aspectos citados por Paren-
te para uma melhor gestão de empreen-
dimentos varejistas.
Apesar de centrar seus exemplos
predominantemente no setor de alimen-
tação, o livro oferece desde análises de
mercado e do comportamento do con-
sumidor até a definição do mix de pro-
l e i a t a m b é m
“A informação e o conhecimento são
ingredientes que se tornarão cada vez
mais importantes para o sucesso de
qualquer empreendimento varejista.
O chamado ‘capital intelectual’, como
Thomas Stewart define, consiste na
capacidade mental coletiva, ou seja,
na soma de conhecimento de todos
em uma empresa, tornando-se o
principal fator que lhe proporciona
vantagem competitiva.”
O
Liderança em análiseEm 21 minutos de poder na vida de um
líder (editora Thomas Nelson Brasil,
400 páginas), John Maxwell propõe
21 lições sobre conceitos de lideran-
ça. A idéia é que cada lição seja lida
em uma semana, com o intuito de
gerar uma absorção lenta dos assuntos. O autor pro-
põe ainda perguntas sobre cada aspecto estudado e
convida o leitor a identificar em sua personalidade as
características relacionadas ao tema, além de dar dicas
sobre como corrigir defeitos e ampliar virtudes.
dutos. Utilizando linguagem acessível,
o autor mostra como utilizar essas fer-
ramentas para uma gestão mais profis-
sionalizada e sintonizada com as novas
exigências do mercado. Além disso, fo-
ram adaptadas para o comércio varejis-
ta técnicas originalmente desenvolvidas
para a indústria por pesquisadores como
Michael Porter e Philip Kotler. Juracy
Parente traduz para o vocabulário do
comércio as teorias desses e outros au-
tores reconhecidos, fato raro na litera-
tura empresarial brasileira.
Juracy Parente
Editora:
Autor:
No de páginas:
Varejo no Brasil– Gestão e Estratégia
388
Atlas
CRÔNICA
50 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
33 –
Jan
eir
o 2
008
Uma paixão
brasileira
Por Moacyr Scliar
grande escritor gaúcho Vianna Moog,
membro da Academia Brasileira de
Letras, é autor de um texto verdadei-
ramente antológico sobre o futebol. Os bra-
sileiros pobres, diz ele, são figuras tristes,
pessoas desnutridas, sem energia para enfren-
tar os embates da existência. Mas coloquem-
nos num campo de futebol e a transformação
é instantânea: eles “correm 90 minutos, lu-
tam como bravos, não se poupam e não es-
morecem um segundo”. Por que o contraste?
– pergunta o escritor, e ele próprio responde:
“Porque o futebol é algo que eles aprende-
ram a amar desde a infância”.
O Brasil tem com o futebol um caso de
amor, tanto mais fascinante quando se consi-
dera que o esporte não fazia parte de nossa
história. Quem o introduziu no país foi Char-
les Miller, paulista do Brás e filho de pai in-
glês. Em 1874, Miller foi estudar na Inglater-
ra, onde aprendeu a jogar o soccer. Ao regressar, trazendo
consigo uma bola, estava decidido a fazer os brasileiros
praticarem o esporte. De início, aderiram só os ingleses
que trabalhavam nas numerosas empresas britânicas lo-
calizadas em São Paulo. Os paulistas olhavam com es-
panto aqueles homens muito brancos correndo como
malucos atrás de uma bola. Já o escritor carioca Lima
Barreto, mulato, protestava indignado contra o que con-
siderava um estrangeirismo antinacionalista e racista,
coisa de “arrogantes e rubicundos caixeiros dos bancos
ingleses”. Chegou a fundar, em 1919, uma Liga contra o
futebol. Não deixava de ter certa razão: em 1921 o go-
verno recomendou que não fossem incluídos negros nem
mulatos na seleção de futebol que viajaria à Argentina
para disputar um torneio. Isso logo mudou: a partir de
1925, quando times como o Corinthians e o Vasco da
Gama começaram a aceitar jogadores vindos de cama-
das mais pobres – negros, inclusive –, o esporte se de-
mocratizou e passou a fazer parte da cultura popular.
E por que o futebol triunfou no Brasil? Em primeiro
lugar, porque, diferente do beisebol, do basquete, do
hockey, não exige equipamento especial nem espaço fe-
chado; é jogado em qualquer terreno baldio com uma
bola de trapos. Está, pois, ao alcance dos garotos mais
carentes. Mais do que isso, representou a forma de as-
censão social para negros e pobres. Por último, mas não
menos importante, movimenta quantias astronômicas.
Para o bem ou para o mal, o futebol tornou-se empreen-
dimento. É a verdadeira história do patinho feio trans-
formada em realidade.
O