Contratando com eficiência Gol de placa na...

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Frederico Antunes otimista com gestão da Assembléia Fecomércio BENS & JANEIRO 33 2 0 0 8 entrevista SERVIÇOS ações Aprenda como funciona o universo da Bolsa de Valores Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul futebol Gol de placa na economia guia de gestão Contratando com eficiência

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Frederico Antunes otimista com gestão da Assembléia

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J A N E I R O

332 0 0 8

en t rev i s t a

SERVIÇOS

a ç õ e s

Aprenda como funciona ouniverso da Bolsa de Valores

Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul

f u t e b o l

Gol de placana economia

g u i a d e g e s t ã o

Contratandocom eficiência

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SUMÁR IOEXPEDIENTE

12 De vento em popaEconomia dos países integrantes da região

aproveita conjuntura favorável e apresentam

desenvolvimento contínuo

Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS

Federação do Comércio de Bens e de Serviços

do Estado do Rio Grande do Sul

Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]

Presidente: Flávio Roberto Sabbadini

Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi

Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi

Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hans Georg Schreiber, HélioBerneira, Hildo Luiz Cossio, Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto,Isabel Cristina Vidal Ineu, Itamar Tadeu Barbosa da Silva, IvanirGasparin, Ivar Ullrich, Jair Luiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira,Joel Carlos Köbe, Jorge Rubem D. Schaidhauer, José Nivaldo daRosa, Jovino Antônio Demari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M.Nascimento, Júlio Roberto L. Martins, Jurema Pesente e Silva,Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, Liones Bittencourt, LúcioGaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo, Luiz CarlosDallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz Henrique Hartmann, LuizRoque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira, Maria Cecília Pozza,Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Olmar João Pletsch, PauloAnselmo C. Coelho, Paulo Antônio Vianna, Paulo Ganzer, PauloRenato Beck, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Saul Trindade deSouza, Régis Feldmann, Renzo Antonioli, Ricardo Murillo, RicardoPedro Klein, Roberto Segabinazzi, Rogério Fonseca, Rui AntônioSantos, Silvio Henrique Fröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto,Tien Fu Liu, Valdo Dutra Nunes, Walter Seewald e Zalmir Fava

Conselho Fiscal: Henrique Gerchmann, João Francisco MicelliVieira, João Oscar Aurélio, Olemar Antônio F. Teixeira, RudolfoJ. Mussnich, Sérgio Roberto H. Corrêa

Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi

Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Bruna Silveira,Camila Barth, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, FernandaRomagnoli, Juliana Maiesky e Simone Barañano

Coordenação Editorial: Simone Barañano

Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)

Chefia de Reportagem: Marianna Senderowicz

Reportagem: Marianna Senderowicz, Patricia Campello,Renata Giacobone

Colaboração: Edgar Vasques, Francine de Souza, Lucas Ladwig,Maressah Sampaio, Maria de Fátima Ohl Braga, Moacyr Scliar,Rafael Lubeck

Revisão: Flávio Dotti Cesa

Edição de Arte: Silvio Ribeiro

Impressão: Nova Prova

Tiragem: 25 mil exemplares

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.

a m é r i c a l a t i n a

FecomércioSERVIÇOSBENS &

Ingressando na BolsaSaiba como comprar e vender ações na Bovespa

e também como funciona o processo de abertura

de capital no Brasil

a ç õ e s

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SUMÁR IO

05FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

e n t r e v i s t a

Entregando a presidência 18Frederico Antunes (PP/RS) exerce seu último mês

como presidente da Assembléia Legislativa gaúcha

com expectativas positivas para a próxima gestão

g u i a d e g e s t ã o

Responsabilidade do início ao fimContratação de funcionários envolve cuidados com seleção

e respeito a exigências legais. Para evitar custos a mais,

convém ter atenção redobrada no recrutamento

14

c u l t u r a

Para cantar os costumesA música faz parte da formação sócio-

cultural de qualquer população. A difusão

do gênero contribui para o conhecimento

de diversas realidades

42

40c a p a c i t a ç ã o

Certificado na mão,emprego facilitado

Foi-se o tempo em que apenas empenho e experiência

garantiam lugar no mercado. Hoje, a capacitação e o

aprimoramento são fundamentais

44f u t e b o l

Gol de placa para a economiaUma das atividades físicas mais

praticadas no mundo, o esporte bretão

representa excelente nicho de negócios

para diferentes segmentos

c r ô n i c a50

a g e n d aa g e n d a

a g e n d a

t e c n o l o g i a34

6

39p e r s p e c t i v a s

e u , e m p r e e n d e d o r

v i s ã o t r i b u t á r i a

47

e n g a j a m e n t o

r e c u r s o s38

36

p a l a v r a d o p r e s i d e n t e

s a i b a m a i s

h i e r a r q u i a24

7

32

o p i n i ã o

46

p a r a l e r

17

49

n o t í c i a s & n e g ó c i o s8

v i s ã o e c o n ô m i c a48

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A

06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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j a n e i r o

03VerãoInício do Estação Verão Sesc, nas

praias de Arroio do Sal, Capão da

Canoa, Cidreira, Tramandaí,

Cassino, Laranjal e São

Lourenço do Sul. Informações:

www.sesc-rs.com.br.

04CulturaInício do Verão Sesc Cultura, que

terá diversas atividades artísticas

em uma arena na beira da

praia, em Torres. Informações:

www.sesc-rs.com.br.

05Rio Grande no PalcoSesc Rio Grande no Palco, com

Ponto de tecer poesia (05 e 06), e

com Se as coisas fossem mães

(12 e 13), no teatro do Sesc

Passo Fundo.

08TeatroInício do Festival Porto Verão Alegre

2008, no Teatro do Sesc Centro.

12FormaturaFormatura dos cursos tecnólogos

de Marketing, Análise e Desenvolvi-

EsportesCircuito Verão Gaúcho de Esportes, realizado em mais de 80

municípios gaúchos ao longo dos meses de janeiro e fevereiro.

Informações: (51) 3284-2047 ou www.sesc-rs.com.br.

ValdemirBitencourt/Sesc-RS

31FotografiaEncerramento da exposição

Luzes da Canção, do fotógrafo

Hamilton Fialho, na

Unidade Operacional do Sesc

Vale do Gravataí.

Informações: (51) 3490-6400.

Janeiro e FevereiroBrincando nas Férias nas cidades

de Farroupilha, Passo Fundo,

Erechim, Porto Alegre, Uruguaiana,

Lajeado, Pelotas, Camaquã,

Carazinho e Bagé.

Informações nas Unidades

Operacionais do Sesc-RS.

mento de Sistemas e Hotelaria da

Faculdade de Tecnologia Senac-RS, no

Centro de Eventos do Hotel Plaza São

Rafael, em Porto Alegre (12), e do curso

tecnólogo em Análise e Desenvolvimen-

to de Sistemas da Faculdade de Tecnolo-

gia Senac Pelotas (25). Informações:

(51) 3022-1044 e (53) 3225-6918.

19Porto Verão AlegreMostra Sesc de Teatro de Rua na

Usina do Gasômetro (19 e 26), no

Parque Farroupilha (20 e 27), na

Escola Municipal Grande Oriente (22)

e na Escola Municipal Chico Mendes

(29), todos em Porto Alegre.

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Flávio Roberto Sabbadini

Presidente do Sistema Fecomércio-RS

universo das ações sempre

pareceu um mundo à parte

para quem não atuava em seg-

mentos econômicos ou contábeis.

Nos últimos anos, porém – e espe-

cialmente em 2007 –, essa realidade

sofreu uma reviravolta e passou a en-

volver também as “pessoas comuns”,

que até então não se preocupavam

com cotações ou especulações.

Em novembro de 2007, o valor

de mercado das 405 empresas com

ações negociadas na Bovespa che-

gou a R$ 2,4 trilhões. Com um ren-

dimento que supera de longe os re-

gistrados em fundos de renda fixa,

esse tipo de negócio passou a atrair

gente que antes nem pensava em

aderir aos valores mobiliários. O que

se vê vai além da vontade da popu-

lação de ganhar dinheiro. Trata-se de

um forte indício de vontade de au-

mentar o conhecimento e de se in-

teirar das tendências econômicas

que compõem a vida do país.

Temos a sensação de que, cada

vez mais, a sociedade se empenha

para interpretar o contexto em que

está inserida, seja para aumentar sua qualidade de vida ou

para contribuir com a dos outros. Estudar o mercado de

ações não significa passar horas em cima de livros e aposti-

las como se imaginava. Significa, sim, investir em atualiza-

ção para compreender o mundo em que vivemos, na medi-

da em que a presença crescente das corporações na Bolsa

e a participação ativa de pessoas físicas estão fazendo des-

se segmento uma rotina do brasileiro.

Por meio da educação, a população entendeu que a

Bolsa não é um jogo, e sim um investimento. Se muita gen-

te perdeu até perceber que não adianta apenas arriscar, a

lição parece estar valendo a pena: assuntos como liquidez,

lucros e dividendos estão começando a fazer parte das ro-

das de conversa nos mais variados setores, aproximando as

pessoas do que antes era o desconhecido. Tudo isso nos

leva a crer que a consciência de que para se ter desenvolvi-

mento econômico – individual ou coletivo – é preciso es-

forço e instrução está mais perto do que imaginávamos, e

que, se depender dos brasileiros, estamos na direção certa

do crescimento.

O

da sociedadeBons indícios

Ros

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NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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E d g a r V a s q u e s

Ética traz eficáciaMais do que valores, a ética e o respeito

tornam as relações de trabalho mais eficien-

tes. Uma pesquisa da empresa norte-ame-

ricana Kenexa Research Institute, intitula-

da O que é preciso para ser um bom gerente, mostra

que, na medida em que os empregados apro-

vam a conduta ética do gerente, a avaliação

sobre o desempenho dele também cresce.

O levantamento, que ouviu 16 mil pessoas

em seis países (Estados Unidos, Brasil, Ín-

dia, China, Grã-Bretanha e Alemanha), re-

vela que, na média, 63% dos entrevistados

estão satisfeitos com o chefe. No caso do

Brasil, onde 64% estão satisfeitos, 80% de-

clararam que são tratados com respeito pe-

los gerentes e 68% acreditam que o chefe

apresenta uma conduta ética.

Senac-RS lança curso de ediçãográfica para surdosO Senac-RS apresentou, em dezembro, o curso Edição Gráfica em Libras,

durante o IV Fórum de Estudos Surdos na Área de Informática. Uma iniciativa

inédita no país, o curso está proporcionando inclusão social para os deficientes

auditivos. Segundo dados da Federação Nacional de Educação e Integração

dos Surdos no Rio Grande do Sul (Feneis-RS), entidade que promoveu o fó-

rum em conjunto com o Senac, existem pelo menos 50 mil gaúchos com defi-

ciências auditivas excluídos do mercado de trabalho. O curso envolve noções

de planejamento e técnicas para a elaboração de projetos visuais de publicações

eletrônicas e impressas, entre

outras atividades. Os interessa-

dos podem efetuar inscrição e

obter informações adicionais na

sede da instituição, pelo site

www.senacrs.com.br ou pelo te-

lefone (51) 3029-3633.

Rod

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Mot

a/S

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-RS

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NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

09FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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Estação Verão leva cultura elazer às praias gaúchasO Projeto Estação Verão Sesc proporciona saúde, esporte e

diversão em sete praias do litoral gaúcho. São oficinas de pan-

dorga e brinquedos de sucata, gincanas, festival de escultura de

areia, empréstimos de livros, revistas e materiais esportivos. Tam-

bém são realizados momentos diários de ginástica, massagem e

verificação de pressão arterial. As atividades, desenvolvidas en-

tre 3 de janeiro e 24 de fevereiro, acontecem nas Casas Sesc de

Arroio do Sal, Capão da Canoa, Cidreira, Tramandaí, Cassino,

Laranjal e São Lourenço do Sul. Mais informações sobre a pro-

gramação no site www.sesc-rs.com.br.

Tarifas bancárias são normatizadasOs bancos terão de transformar as cerca de 80 tarifas que cobram atualmente

em, no máximo, 25, oferecendo gratuitamente uma série de operações básicas.

A decisão, tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), também unifor-

miza o nome das cobranças, facilitando para o cliente a comparação na hora de

decidir qual instituição escolher, e deve entrar em vigor a partir de abril. Aproxi-

madamente 20% do lucro dos dez maiores bancos do país são referentes ao

custo desses serviços.

Melissa Stoffel/Sesc-RS

Mais ProconsmunicipaisPodendo ser estaduais ou muni-

cipais, os Procons são instrumen-

tos criados para intermediar as re-

lações entre clientes e empresas,

com base no Código de Defesa do

Consumidor. Apesar de estarem

em vigor de acordo com as regras

do Sistema Nacional de Defesa do

Consumidor, são órgãos indepen-

dentes, não havendo relação de

hierarquia entre eles. Embora já

exista um Procon em cada estado

brasileiro, menos de 450 municí-

pios possuem o órgão. No Rio

Grande do Sul, no fim de 2007, o

Ministério da Justiça orientou a

abertura de Procons em Sapucaia,

Esteio, Viamão, Alvorada e Gra-

vataí, iniciativa prevista pelo

Programa Nacional de Seguran-

ça Pública com Cidadania.

Propaganda por celularReceber as mesmas informações, de manei-

ra rápida, sem precisar folhear papéis nem fi-

car parado na frente da TV. Eis o mote do

mobile marketing, modalidade que, através dos

celulares, busca conquistar o consumidor. Re-

centemente, a empresa italiana Mckay & Sis-

ters passou a oferecer aos clientes a opção

de, em vez de comprar santinhos de papel,

baixar as imagens dos protetores pelo celu-

lar. Afinal, melhor do que ter a imagem pal-

pável, que amassa e tem pouca durabilidade,

é poder levá-la junto com a única coisa que

ninguém deixa em casa: o celular. Entre os

atrativos do mobile marketing destacam-se as possibilidades de ser uma ferramenta

direta, dirigida, personalizada, interativa e, principalmente, com custo acessível.

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10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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Adaptação de clássico traz Beth Goularte Guilherme LemeO espetáculo Quarttet, de Heiner Mullerm, foi destaque do calendário cultural gaúcho em

dezembro. A peça, baseada no clássico romance Ligações Perigosas, do francês Chordelos

de Laclos, fez parte da programação do Arte Sesc – Cultura por toda parte e trouxe ao palco os

atores Beth Goulart e Guilherme Leme. Assistiram às apresentações as cidades de São Leo-

poldo, Montenegro, Pelotas, Passo Fundo, Erechim, Santa Cruz do Sul e Porto Alegre. A

direção da peça é assinada por Victor Garcia Peralta.

Nan

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orae

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RS

Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2007 (%)

Atividades

Comércio

Comércio varejista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis e lubrificantes

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Comércio atacadista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Set/07

4,1

0,7

-2,0

-8,5

15,7

8,3

3,8

4,5

9,6

Out/07

13,8

12,1

0,5

9,5

35,5

15,8

8,9

13,8

24,5

Acum. no Ano

8,4

5,8

3,4

-2,3

18,1

11,5

6,9

11,4

10,9Fonte: Fecomércio-RS

Comércio gaúcho tem maioralta em 43 mesesA alta registrada pelo comércio gaúcho em outubro de 2007

chegou a 13,8% na comparação com o mesmo período do ano

anterior, segundo cálculos do Índice de Vendas do Comércio

(IVC). Calculados pela Fecomércio-RS e pela FEE, os dados

apresentam os melhores resultados desde março de 2004, quan-

do a elevação foi de 19,2%. Tanto varejo quanto atacado regis-

traram bom desempenho, com índices de +12,1% e + 15,8%,

respectivamente. No acumulado do ano (janeiro a outubro de

2007), houve alta de 8,4% no volume de vendas total, sendo

que o comércio varejista apresentou uma variação positiva de

5,8% e o atacadista de 11,5%. Para ver a íntegra do estudo

acesse www.agencia.fecomercio-rs.org.br.

Marketing comcrescimento em 2008As empresas brasileiras estão otimistas com o ano

novo. Um estudo realizado no fim de 2007 pelo Ibope

Inteligência aponta que 90% dos entrevistados, entre

diretores e profissionais de marketing, acreditam que

suas empresas vão aumentar o crescimento líquido em

2008. Quanto aos lucros, 79% prevêem que continua-

rão aumentando. E o otimismo se reflete nos futuros

investimentos: as ações de marketing devem crescer

em até 30%. Afinal, quanto maior fica a corporação,

maior é a responsabilidade com a imagem da empresa.

Copom reduz Selic.Você entende?Todo mês, a televisão e os jornais publicam o resultado da reu-

nião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide se

a taxa básica de juros aumenta ou não. Embora seja um tema

recorrente, pouco se esclarece sobre o Sistema Especial de Li-

quidação e Custódia, ou simplesmente Selic, como é conheci-

do o índice. Chamada de taxa básica porque serve de alicerce

para todos os outros sistemas de juros cobrados pelos bancos –

como os usados em empréstimos, por exemplo –, após uma se-

qüência de altas a Selic tem diminuído nos últimos anos. Os

efeitos para o consumidor, no entanto, são lentos: cada recuo

de 0,25% na Selic corresponde a uma diminuição de apenas

0,02% ao mês nas taxas bancárias.

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11FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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MTE determina prazos para arenovação de contrato temporárioO Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) publicou, no dia 22 de

novembro de 2007, a Portaria n° 574, que determina que empresas

contratantes protocolem, no órgão regional do MTE, o requerimento

de prorrogação do contrato de trabalho temporário, devidamente pre-

enchido, até quinze dias antes do término do contrato. O retorno,

com a autorização ou não da prorrogação do contrato de trabalho

temporário, deverá ocorrer no prazo de cinco dias, após a entrega do

documento. O requerimento encontra-se em anexo na portaria e pode

ser acessado no site do MTE (www.mte.gov.br).

Taxas de cartões afastam varejoAos poucos, as altas tarifas cobradas pelas empresas administradoras para a manutenção dos serviços

de cartão de crédito vão afastando as lojas. As taxas no valor de venda de 3% a 5%, o custo de manu-

tenção mensal de cada máquina e os gastos com a linha telefônica afastam as empresas menores, que

não possuem uma demanda alta o suficiente para compensar esses valores com as vendas. Deixar de

usar o serviço, porém, é uma medida extrema, já que nem as administradoras nem o varejo podem

deixar de contar com a renda gerada pelos 91 milhões de cartões de créditos existentes no Brasil.

Empresas de países emergentescrescem com rapidez

Segundo a consultoria Bos-

ton Group (EUA), que ela-

borou um ranking das 100

maiores corporações das na-

ções em desenvolvimento,

essas empresas tiveram um

aumento de rendimento, em

2004, três vezes mais rápido que as 500 maiores norte-americanas.

Corporações que privilegiaram a internacionalização, com desta-

que para as que adquiriram empresas menores de outros países,

lideram a lista. Atrás apenas de China (41) e Índia (21), o Brasil

ficou com 13 representantes entre as mais competitivas dos países

em desenvolvimento. Entre elas, estão Gerdau e Marcopolo.

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União em prol do socialUma parceria entre o Senac-RS e o Lions Club,

organização voltada ao terceiro setor, benefici-

ará 10 mil pessoas em um ano. No final de no-

vembro, as instituições firmaram um acordo de

cooperação para a realização de atividades em

31 municípios gaúchos. Serão duas formas de

qualificação: em cotas nos cursos já oferecidos

pelo Senac-RS ou em turmas a serem monta-

das pelo Lions. Fundado há 60 anos nos Esta-

dos Unidos, o Lions Club foi considerado pelo

jornal inglês Financial Times a melhor organi-

zação não-governamental do mundo.

Com o intuito de oferecer aos pequenos e médios em-

presários oportunidades em âmbito global, a Fecomér-

cio-RS e a Federação das Câmaras de Comércio Exte-

rior (FCCE) realizaram, em agosto e setembro, semi-

nários bilaterais de comércio exterior e investimentos

com foco nos mercados francês e português. Ambos os

eventos, nos quais são apresentadas vantagens compe-

titivas de se negociar com outras nações, foram patro-

cinados pela CaixaRS – Agência de Desenvolvimento,

que também apresentou projetos para o desenvolvimen-

to de empresas gaúchas. Em março, devem ser aborda-

dos os mercados de Rússia, Canadá e China. Para saber

mais acesse www.seminariosbilaterais.com.br.

Fecomércio-RS e Caixa RSpromovem seminários

Diferentemente do publicado na matéria O sistema em xeque da edição 31 da B&S, o déficit do INSS e dos regimes especiais

de servidores públicos chegou aos R$ 100 bilhões em 2006, e não aos R$ 100 milhões.Errata

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AMÉRICA LATINAN

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12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Aproveitando o bom momento mundial, as economias da América Latina

vêm se desenvolvendo em ritmo constante e de forma substancial. Apesar de revezes

pontuais, a conjuntura indica um período favorável no caminho da região

em popa

s pesquisas não deixam dúvidas: o pa-

norama econômico da América Latina

é promissor. De acordo com dados da

Comissão Econômica para a América Latina

e Caribe (Cepal), órgão da ONU destina-

do a estudos sobre a região, houve um cres-

cimento de 5,5% em 2006, o terceiro con-

secutivo, e a previsão é de números seme-

lhantes para os próximos dois anos. A pes-

quisa ainda informa que, pela quarta vez

seguida, as transações comerciais do con-

De vento

junto dos países foram superavitárias, chegando ao

montante de US$ 47 bilhões em 2006.

A boa fase se explica pela conjuntura mundial de cres-

cimento rápido, que gera uma demanda internacional di-

nâmica, favorecendo a composição de preços competi-

tivos para produtos exportados pelas nações da América

Latina (petróleo, alimentos, fibras vegetais e minérios di-

versos). O equilíbrio externo conseguido ainda favorece

a importação de bens de capital e insumos tecnológicos,

estimulando o desenvolvimento. “As mudanças estrutu-

rais na indústria desses países, incluindo a crescente ex-

A

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AMÉR ICA LAT INA

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portação de manufaturas, contribuem para explicar a a-

tual situação favorável”, analisa o economista Juan Algor-

ta Plá, professor adjunto da Faculdade de Ciências Eco-

nômicas da Ufrgs.

Com tão boas perspectivas, o empresariado regional

se mostra otimista (confira no box) e aposta no Brasil e no

México como economias líderes, até por serem as duas

maiores do subcontinente. No entanto, essa liderança

passa por outros motivos. Enquanto o México viveu, em

1910, uma revolução que incorporou demandas das ca-

madas médias urbanas, dos operários industriais e dos

camponeses, resultando em grande crescimento econô-

mico, o Brasil apresentou, durante os governos Vargas,

JK e João Goulart, um crescimento industrial importante,

que, combinado com a presença do Estado em setores

como energia, comunicações e desenvolvimento científi-

co durante a ditadura militar, levou o país ao posto de

oitava economia mundial na época. “Ao mesmo tempo,

neste processo assistiu-se à profunda crise argentina, na-

ção que alcançou talvez os maiores níveis de opulência

possíveis na América Latina”, explica o historiador César

Augusto Guazelli, professor do departamento de Histó-

ria da Faculdade de Ciências Humanas na Ufrgs.

Tudo pelo social

Também a estrutura social da região vem melhoran-

do. Conforme dados da Cepal, em 2006 cerca de 15 mi-

lhões de pessoas saíram da linha de pobreza e outras 10

milhões não são mais consideradas indigentes. Atualmen-

te, existem 194 milhões de cidadãos latino-americanos

que se enquadram na definição de pobres. O professor

Guazelli credita essa melhora à retomada, ainda que tími-

da, de algumas políticas de bem-estar social. “Caso exem-

plar é o Bolsa-Família no Brasil, que não encanta a

imprensa, traz a ojeriza dos intelectuais e a crítica das opo-

sições, mas que resultou em enorme popularidade ao pre-

sidente Lula.” Ele afirma que a manutenção desses pro-

gramas dependerá das forças políticas de cada país.

Para o futuro da região, pode-se esperar, de acordo

com o professor Plá, o fortalecimento dos movimentos

populares para que canalizem as demandas desses seto-

res, a elevação da qualidade do sistema educativo para

aumentar a capacidade da sociedade de resol-

ver seus problemas e a incorporação de mão-

de-obra em iniciativas diversas. Além disso,

uma atenção especial deverá ser concedida à

preservação dos recursos naturais, já que seu

esgotamento prejudicaria a competitividade

produtiva dos países. Também deverão ser

adotados mecanismos para conter o cresci-

mento demográfico, já que a expansão irres-

trita do número de cidadãos iria impor um

peso adicional sobre o Estado, acelerando o

esgotamento dos recursos e inviabilizando a

elevação do bem-estar em bases igualitárias.

“As soluções deverão ser adaptadas às condi-

ções particulares de cada país, levando em

consideração a disponibilidade de recursos e

as necessidades da população.”

Loco por ti de amoresecente pesquisa realizada pela empresa norte-americana de

entregas UPS revela que pequenos e microempresários da

região estão otimistas quanto às perspectivas para os próximos

anos. O levantamento foi realizado no Brasil, no México, na Ar-

gentina, na Costa Rica e na República Dominicana.

84% dos entrevistados acreditam que sua empresa deve

melhorar em 4% a posição econômica em 2008

58% das empresas participantes prevêem aumento no

número de contratações

As áreas que devem receber mais investimentos dentro das

empresas devem ser infra-estrutura (55%), marketing (36%) e

tecnologia da informação (32%)

83% acreditam que o crescimento econômico do Brasil deve

ser maior que o do ano anterior

94% acreditam ser conveniente que o Brasil amplie sua

influência econômica e política na região, enquanto 85%

pensam o mesmo sobre o México

A Argentina é o segundo país que mais deve crescer, na

opinião de 73% dos entrevistados

A previsão de crescimento para Cuba, único país socialista

da região, é de 28%

Fonte: Latin American Business Monitor, feita pela UPS

R

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início ao fim

contratação de um profissional consis-

te em um dos atos mais importantes da

administração. Precisa ser pensada com

cuidado, já que exige do empregador com-

prometimento com os direitos trabalhistas

previstos pela lei brasileira e um olho clínico

na hora de recrutar candidatos capazes de

suprir as expectativas da organização. Antes

de partir em busca de um colaborador, é fun-

damental refletir sobre as competências ade-

Encontrar o colaborador ideal não é uma tarefa fácil, e arcar com os custos da

contratação também não. Por isso, tanto o processo seletivo como a decisão de

assinar uma carteira devem ser examinados com zelo

Responsabilidade do

quadas para ocupar a vaga em aberto, os encargos sociais

e os custos do respectivo contrato.

Quando surge a necessidade de ampliar o quadro fun-

cional, o primeiro passo é desenvolver um processo de

seleção, que pode ser realizado internamente ou por uma

consultoria externa. Diferentemente do que se imagina,

estabelecimentos de médio porte podem se beneficiar com

o auxílio de consultores sem onerar de forma demasiada

o caixa. “Empreendimentos menores vivem um momen-

to de profissionalização e querem empregar os melhores.

A

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Eles nem sempre têm uma estrutura interna para fazer

recrutamento”, afirma Roberto Picion, consultor da Mi-

chel Page Internacional, empresa especializada em recru-

tar profissionais, com escritórios ancorados em vários paí-

ses, inclusive no Brasil, onde tem sede em São Paulo.

Participar da seletiva não é função exclusiva do setor

de recursos humanos ou do consultor. Os dirigentes da

empresa também são agentes valiosos nessa ação, por se-

rem os maiores interessados em trazer para o negócio pes-

soas qualificadas. “Não significa que o presidente tenha que

abandonar suas atribuições para sabatinar candidatos, mas

que um dos gestores, diretores ou gerentes disponibilize

um pouco do seu tempo para conhecer quem está concor-

rendo ao posto de trabalho”, explica Picion.

Etapas

Após ter definido os responsáveis pelo recrutamento,

não menos relevante é a divulgação da vaga, que pode ser

feita por meio de classificados de jornais, sites ou em lu-

gares de fácil acesso de leitura do público-alvo. O currí-

culo é a porta de entrada para a maioria dos interessados

em assumir o cargo. Contudo, a entrevista constitui-se

em um dos principais instrumentos para conhecer de fato

o profissional. Para Picion, é uma fase exaustiva e cheia

de detalhes, em que se estudam a formação acadêmica, o

nível cultural, os projetos realizados, os desafios enfren-

tados e tudo aquilo que possa ajudar a reconhecer as com-

petências do indivíduo. “É uma abordagem mais psicoló-

gica do que de negócios.”

O resgate do passado e os sentimentos vivenciados em

iniciativas de trabalho acabam revelando uma face oculta

difícil de perceber se o recrutador não for perspicaz ao

ponto de desvendá-la. O comum, observa o consultor, é

os entrevistados falarem sempre das qualidades e tentarem

convencer da sua habilidade de se relacionar com os cole-

gas. No entanto, as entrelinhas da entrevista trazem a ver-

dade à tona. “Sugiro que sejam investigados fatos que com-

provem as características relatadas”, aconselha.

A personalidade e a motivação fazem toda a diferen-

ça, sendo tão relevantes quanto o portfólio. Uma dica é

formular questões que testem, por exemplo, como o co-

laborador se comporta frente a mudanças no seu local de

trabalho e às relações interpessoais. “Há inú-

meras técnicas para fazer um processo de se-

leção, mas o modelo certo é o bom senso”,

diz Picion. Por meio de uma conversa des-

contraída e de perguntas é possível examinar

um conjunto de fatores e pormenores como

apresentação, comunicação e trajetória pro-

fissional e, assim, formar um perfil. “Deixe o

candidato à vontade e conduza o questiona-

mento em direção ao que convém à empresa.

É preciso ouvir mais do que falar.”

Calma nessa hora

Recrutar o funcionário certo é um desa-

fio estratégico enfrentado por grande parte

dos empreendedores. Para diminuir as pro-

babilidades de erros, a calma é um excelente

conselho. Na Katy Calçados, de Novo Ham-

burgo, a seleção dura aproximadamente 15

dias. A empresa publica a vaga no Sistema Na-

cional de Empregos (Sine) da região ou em

placas colocadas nas próprias unidades.

Os aspirantes ao cargo preenchem uma

ficha com informações pessoais e profissio-

Contrate os melhores

Para não desperdiçar tempo e dinheiro em um processo sele-

tivo, planeje adequadamente o recrutamento.

Analise se há necessidade de preencher urgentemente o

cargo que ficou vago

A escolha de um recrutador externo pode ser

uma alternativa eficaz

Dirigentes devem acompanhar de perto a seletiva

Faça uma análise minuciosa do currículo

Nunca dispense uma boa entrevista

Estude o perfil psicológico do candidato

Conduza a entrevista segundo os interesses da empresa

Ouça mais do que fale

Deixe o candidato à vontade

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nais e realizam uma prova de

matemática. “Como pertence-

mos ao varejo, noções de di-

nâmica de cálculo são requisi-

tos imprescindíveis”, afirma

Marta Bossardi, supervisora de

Recursos Humanos da rede,

que possui nove lojas. Os

aprovados conversam com o

gerente, passando por uma

pré-seleção, e depois são en-

caminhados a uma dinâmica de

grupo para, posteriormente,

fazerem uma entrevista indivi-

dual. “O segredo para não fazer uma contra-

tação equivocada é ficar ligado em todos os

movimentos do candidato desde a chegada

dele à sala de espera até a saída”, conta Marta.

Carteira na mão

Passada a fase de seleção, é hora de partir

para a contratação. As burocracias da legisla-

ção trabalhista brasileira são muitas e os gas-

tos também. Antes de mais nada, o emprega-

dor deve solicitar ao futuro colaborador uma

série de documentos como CPF, RG, Certi-

dão de Casamento e número do PIS, sendo, também,

obrigatório o exame de admissão.

Depois de reunir a documentação, a carteira de traba-

lho é assinada e o funcionário cumpre um período de ex-

periência de no máximo 90 dias. Segundo o advogado

trabalhista Ricardo Serafim, do escritório paulista Ilário

Serafim Advogados, algumas convenções coletivas esti-

pulam prazos menores que precisam ser obedecidos. “Se

o contrato de experiência se extinguir no tempo deter-

minado, as verbas devidas ao empregado são as mesmas

de uma dispensa sem justa causa, excluindo-se a multa de

40% sobre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

(FGTS)”, explica.

Efetuado o registro, o empregado tem o salário defi-

nido conforme o piso da categoria. As férias são concedi-

das depois de fechar um ano de contratação. A empresa

paga o salário mais um terço do mesmo valor. Já nos me-

ses de novembro e dezembro, o empresário desembolsa

o décimo terceiro, que pode ser quitado em duas parce-

las. Ainda são recolhidos valores para FGTS, INSS e im-

posto de renda. “Existem outros direitos previstos nas con-

venções, que devem ser respeitados”, afirma o advogado.

Em relação ao vale-transporte, o contratado precisa

solicitar e informar o número de conduções utilizadas,

sendo descontados 6% da folha de pagamento. O vale-

refeição é estipulado no acordo coletivo. “Normalmente,

convenciona-se o benefício em razão dos dias, indepen-

dentemente das horas trabalhadas”, elucida Serafim.

Para Marta, da Katy Calçados, recrutar é um desafio estratégico

Em dia com a lei

Registrar o empregado formalmente

requer que o empregador assuma compro-

missos com o contratado. Entre os bene-

fícios a serem oferecidos, destacam-se:

Salário de acordo com o piso

da categoria

Dar férias de 30 dias ao ano (salário

mais um terço do valor)

13º salário

Recolher FGTS e INSS

Vale-transporte

Lúci

a S

imon

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IÃO

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em positivo nem negativo. A postura

correta de encarar o feedback é como

instrumento, canal de informação. Po-

rém, tanto do ponto de vista de quem recebe

como de quem dá o retorno, encarar o ins-

trumento com tranqüilidade nem sempre é ta-

refa fácil.

Quando o feedback aponta, por exemplo,

para um caminho de mudança, a

paciência vira palavra de ordem.

Um comportamento novo requer

mudança de hábitos, destreza, re-

petições. E a percepção desse novo

comportamento pode demorar a

chegar. o fato de o indivíduo ter

mudado seu modo de pensar não

quer dizer que, de imediato, consi-

ga fazer diferente. Mesmo que es-

teja bem intencionado para fazer diferente, é pre-

ciso que repita esse novo comportamento várias

vezes, em situações diferentes, até que os outros

percebam a mudança em sua postura. Ou seja,

até que esse “novo comportamento” tenha se

transformado em hábito.

Do ponto de vista de quem dá feedback a

posição pode ser delicada, pois não se pode

fazê-lo como quem faz uma crítica. E aqui há

um componente cultural a ser considerado: para

o brasileiro, é difícil falar assertivamente sobre

N

algo que pensa. Em geral, tem receio de produzir mágoa

ou de ser excluído do grupo por ter dado sua opinião sin-

cera. E, dessa forma, não diz tudo o que é para ser dito.

O equilíbrio está em falar sobre o fato em si e o que ele

acarreta, usando situações nas quais o mesmo comporta-

mento apareceu. Para facilitar, é importante que o retorno

seja dado de forma objetiva, sem que o interlocutor esteja

com raiva e/ou que haja muito envolvimento de quem irá

receber o feedback. O despreparo do avaliador ao não pas-

sar os fatos ou ao dar o feedback no clamor de sua raiva

pode, muitas vezes, machucar quem o recebe.

Considerando as diferentes hi-

póteses e ambas as posições, o que

me parece é que feedback deveria

ser encarado como uma arte de dar

e receber e que deveria estar presen-

te sempre nas relações. Quem não

sabe dar (doar) não sabe receber. E

vice-versa. É uma mesma linha em

pontas diferentes. Quem consegue

dar feedback de forma assertiva

sabe receber uma crítica assertivamente.

Para o chefe é essencial, e para um profissional que

está em franco desenvolvimento é importante saber em

que ponto está, em que direção caminha. E quem conhece

o caminho deve estar pronto para ensiná-lo ao outro. Tal

como deve ser aquele que tem a humildade de rever esse

caminho, se necessário.

O despreparo do

avaliador ao dar o

feedback no clamor de

sua raiva pode, muitas

vezes, machucar quem

o recebe

Feedback: o melhor é encarar

com naturalidade

Maria de Fátima Ohl Braga

Diretora da área de planejamento organizacional da Ohl

Braga Consultoria

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ENTREVISTA

Frederico Antunes

Fot

os:

Lúci

a S

imon

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B & S Como o senhor avalia o desempenho da Assem-

bléia gaúcha em 2007?

A n t u n e s Avalio como altamente positivo. Tivemos questões

envolvendo desvios de conduta, mas que foram imediatamente

apuradas. Os encaminhamentos legais foram feitos, integran-

do órgãos como o Ministério Público, Tribunal de Contas do

Estado, Contadoria e Auditoria Geral do Estado (Cage) e

Polícia Federal, entre outros. Isso serviu para que os mecanis-

mos de controle interno fossem aperfeiçoados.

B & S Quais foram as maiores dificuldades encontradas

na administração da casa?

A n t u n e s Os desafios foram muitos e inten-

sos, servindo para amadurecer o Parlamento.

Tivemos votações importantes e assuntos de

alta relevância foram debatidos ao longo do

ano. Também desenvolvemos temas como o

planejamento familiar, que considero funda-

mental para melhorar os indicadores sociais do

país e do Estado. O trabalho integrado de to-

dos os deputados e partidos que ocuparão a

presidência da casa tem sido fundamental para

desenvolver atividades de maior abrangência.

B & S Quais os desafios para o próximo

presidente?

A n t u n e s Pela primeira vez a Assembléia Le-

gislativa terá uma administração compartilha-

Frederico Antunes

No comando da Assembléia Legislativa gaúcha em

2007, o deputado Frederico Antunes, do Partido

Progressista, implementou um rigoroso corte de

despesas para reduzir o déficit orçamentário do

governo estadual e enfrentou momentos de crise,

como o escândalo dos selos. Com a casa mais em

ordem, ele se diz otimista com o futuro do órgão

Entregando a

presidência

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tares. Moreira, que já foi deputado estadual e prefeito, além de

presidente da Famurs, tem dito publicamente que vai racionali-

zar as atividades da casa, cortar gastos e otimizar os recursos

disponíveis. Isso é altamente positivo, fruto da experiência e da

permanente troca de idéias.

B & S Mesmo com a alternância de partidos na Presidên-

cia da Assembléia, as políticas e condutas da casa vêm

demonstrando harmonia nos últimos anos. Há um es-

forço conjunto para o desenvolvimento do Estado?

Como ele está sendo construído?

A n t u n e s As críticas feitas ao Legislativo são normais e sau-

dáveis. Integro o poder mais fiscalizado e transparente de to-

dos, com as mazelas inerentes à atividade. Na Assembléia

Legislativa, assim como nas Câmaras Municipais e no Con-

gresso Nacional, o poder de fiscalização da população é mui-

to abrangente, o que aumenta a nossa responsabilidade. Na

Assembléia, os principais temas de interesse do Estado são

debatidos diariamente. As comissões técnicas permanentes dis-

cutem intensamente com a participação de especialistas, téc-

nicos e da população em geral. São reuniões abertas, onde o

contraditório tem sempre espaço assegurado.

B & S Quais as prioridades neste momento?

A n t u n e s O desenvolvimento do Estado é uma preocupação

constante. Existe uma consciência muito clara de que é preci-

so encontrar caminhos e buscar soluções para enfrentar a maior

crise financeira da história dos gaúchos. Isso é feito através da

elaboração de projetos e da apreciação de iniciativas do Exe-

cutivo, levando sempre em conta os interesses do Estado.

Nenhum parlamentar precisa abrir mão de suas convicções

políticas e ideológicas para compreender as dificuldades do

Estado. Afinal, a Assembléia Legislativa é uma casa política.

Isso, no entanto, jamais inviabilizou um esforço conjunto para

tirar o Rio Grande da crise.

da entre os quatro partidos com maior ban-

cada na Casa – PP, PMDB, PT e PDT –, que

ocuparão a presidência juntamente com a

Mesa Diretora. Isso foi importante na minha

gestão, porque existe maior solidariedade da-

queles que ocuparão a Presidência e as res-

pectivas bancadas. Outro fato inédito é que

pela primeira vez o Partido dos Trabalhado-

res, que tem eleito a maior bancada do Legis-

lativo nas últimas eleições, ocupará a presi-

dência em 2009. Isso representa um claro si-

nal de amadurecimento das relações internas

do Parlamento. O deputado Alceu Moreira,

que assume a presidência no dia 31 de janei-

ro, é hoje secretário da Mesa Diretora, o que

amplia a visão de funcionamento da Assembléia.

Certamente ele tem uma visão própria, mas que

não foge dos compromissos que todos nós as-

sumimos ao fazer o juramento como parlamen-

“Alceu Moreira tem dito publicamente que vai

racionalizar as atividades da casa, cortar gastos e

otimizar os recursos disponíveis.”

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008“Em qualquer processo de qualidade as

pessoas e a visão sistêmica são os

fundamentos básicos.”

B & S A recente recusa da Assembléia para o pacote de

impostos da governadora Yeda Crusius significa ten-

são nas relações entre Legislativo e Executivo nessa

gestão? Como têm sido as relações em outros temas?

A n t u n e s O episódio do projeto reprovado pela Assembléia

Legislativa demonstra o posicionamento público dos parlamen-

tares. Cada deputado tem sua convicção e por isso cada um

responde pelo voto que deu. Acredito, no entanto, que o tensio-

namento é uma situação natural nas relações institucionais nes-

tes momentos. O Executivo esperava ver o conjunto de medi-

das aprovadas, mas o plenário decidiu de forma diferente. As-

sim funciona a democracia, e é preciso respeitar os resultados,

mesmo quando não nos favorecem. Mas isso jamais irá com-

prometer a harmonia e a independência entre os poderes. Este

é um pressuposto que tem norteado minhas ações na presidên-

cia. Negociar é o lema que levo às últimas conseqüências.

B & S Como o senhor avalia o impacto dessa votação na

política e na economia gaúcha?

A n t u n e s É difícil fazer uma projeção a partir da premissa do

tipo “se o projeto fosse aprovado aconteceria isto, ou aquilo”.

A intenção da governadora Yeda Crusius era encontrar uma

saída a partir de estudos e convicções próprias. Ela precisava

fazer alguma coisa para tirar o Estado da crise, e acho que o

conjunto de projetos remetidos à Assembléia era o ideal na-

quele momento.

B & S Qual a importância da participação da sociedade

civil na vida política estadual?

A n t u n e s É fundamental, afinal, o Parlamento é formado por

homens e mulheres que foram eleitos, ou seja, indicados dire-

tamente pelo voto da comunidade gaúcha. Todos os segmen-

tos – pelo menos os mais representativos – estão dentro da

Assembléia Legislativa. Ao contrário de outras funções públi-

cas, o deputado é eleito e julgado a cada quatro anos pelas

atitudes, decisões, votos e procedimentos. É uma decisão

única, exclusiva do eleitor, que pode reconduzir ou substituir

seu representante. Além disso, como disse

anteriormente, a casa dispõe de comissões téc-

nicas permanentes em que os assuntos de inte-

resse do Estado são encaminhados, debatidos,

analisados e muitas vezes transformados em pro-

jetos que viram leis. Por isso, a participação per-

manente, por meio de sugestões, fiscalização e

presença nas galerias, é fundamental para o aper-

feiçoamento da democracia, valor maior con-

quistado com muita luta e determinação.

B & S A descoberta do escândalo dos selos

pôs em evidência fragilidades administra-

tivas que até pouco tempo eram desco-

nhecidas pela população. O que mudou

na gestão da casa a partir desse caso?

“Existe uma consciência muito clara de que é preciso

encontrar caminhos e buscar soluções para enfrentar a

maior crise financeira da história dos gaúchos.”

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A n t u n e s Fundamentalmente houve o aperfei-

çoamento dos mecanismos internos de contro-

le. Em um trabalho conjunto com o Tribunal

de Contas do Estado e Ministério Público, re-

alizamos um trabalho de revisão. É importante

constatar que em momento algum houve a ten-

tativa de esconder os problemas. Pelo contrá-

rio. A ampla cobertura da imprensa comprovou

o comprometimento da direção da casa em es-

clarecer todos os indícios de irregularidades.

B & S Quais foram as conseqüências da

investigação?

A n t u n e s Não julgamos ou condenamos nin-

guém. A Polícia Federal, o Ministério Públi-

co, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Con-

tas foram parceiros de primeira hora, dando

orientações e participando ativamente da

busca de soluções e melhoramentos. Hoje,

certamente, nossos mecanismos estão melho-

“É preciso respeitar os resultados, mesmo quando não

nos favorecem. Mas isso jamais irá comprometer a

harmonia e a independência entre os poderes.”

res, mas é um aperfeiçoamento permanente, que exige aten-

ção e cuidados constantes para que os recursos públicos se-

jam bem empregados. Houve um desgaste em um primeiro

momento, mas é também necessário reiterar que o Parlamen-

to saiu fortalecido desses episódios, porque reconheceu os

problemas e buscou alternativas e soluções.

B & S Com a sua gestão foi implementado um corte sig-

nificativo de gastos na Assembléia. Qual a importância

da manutenção dessa política na próxima gestão?

A n t u n e s A 52ª legislatura é marcada por um trabalho conjun-

to dos quatro partidos que ocuparão a presidência da casa e a

Mesa Diretora. Isso é fundamental para que as medidas adota-

das agora sejam ampliadas e fortalecidas em médio e longo pra-

zos. Desde o começo da nossa administração reiteramos a ne-

cessidade de sermos solidários com o esforço do Executivo para

reduzir despesas, cortar custos. Fizemos isso sem comprometer

a qualidade do serviço prestado ou as funções institucionais da

Assembléia Legislativa. Por isso, as medidas adotadas este ano

serão pauta ao longo dos quatro anos da atual legislatura.

B & S Mesmo com os cortes feitos no governo do Estado,

o déficit do Rio Grande do Sul ainda é grande. Como a

Assembléia pode contribuir para o saneamento das

contas públicas?

A n t u n e s Infelizmente o Parlamento tem sua função restrin-

gida pela Constituição. Muitas iniciativas são exclusivas do

Poder Executivo. Mas por meio de um trabalho conjunto com

os demais poderes e com o Ministério Público é possível con-

ciliar as necessidades do Estado com as funções do Parlamen-

to. Diariamente os debates na casa convergem para a necessi-

dade de auxiliar na redução do déficit. Isto é dever de casa

permanente da Assembléia Legislativa, que acabou com auxí-

lios e subvenções. Também não possui carro com motorista,

ao contrário de outros estados. Além disso, reduzimos o re-

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cesso de verão e do meio do ano e temos o link Transparência

no site (www.al.rs.gov.br), onde estão relacionados os gastos

e a prestação de contas dos parlamentares e assessores.

B & S Como o senhor avalia a reforma política nacional?

Quais os impactos no Rio Grande do Sul?

A n t u n e s Infelizmente, não temos uma sinalização concreta de

que as reformas fundamentais e urgentes serão implementadas.

A reforma tributária, por exemplo, é necessária para resgatar o

poder de arrecadação de estados e municípios, responsáveis pela

geração de tributos. Em conseqüência de uma legislação irracio-

nal – e que só interessa à União –, prefeitos e governadores são

obrigados a peregrinar mensalmente em Brasília para buscar mi-

galhas daquilo que produzem em suas comunidades. Temos si-

nais aqui e ali de mudanças, mas infelizmente elas não saem da

promessa. É imperioso, também, um novo pacto federativo, no

qual a função da União, dos estados e dos municípios seja repen-

sada. Não é mais possível que os brasileiros sejam penalizados

com contribuições que só trazem benefícios ao

governo federal, porque não são compartilha-

das com prefeitos e governadores.

B & S Como e quando isso deve ser feito?

A n t u n e s A reforma política deve ser implan-

tada com urgência para moralizar o processo

eleitoral, juntamente com a revisão das leis tra-

balhistas para modernizar as relações de traba-

lho. É preciso exercer uma pressão permanen-

te para que todos esses mecanismos sejam ado-

tados imediatamente, sob pena de o Brasil con-

tinuar crescendo a taxas pífias em comparação

com outros países emergentes, como China,

Índia e até o Vietnã.

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Normas

empresariais foram

estipuladas para

serem cumpridas.

Em uma mesma

empresa, elas não

são iguais para

todos, e isso deve

ser esclarecido

para não gerar

transtornos

futuros. Cabe

explicar que

diferenças de

obrigações nada

têm a ver com

injustiças

iguais por outroentro de uma empresa há “pesos e me-

didas” diferentes para cada setor, visto

que pessoas de funções hierárquicas

distintas têm direitos e deveres específicos que

nem sempre são bem compreendidos em to-

das as esferas empresariais. Assim, alguns con-

trapontos acabam se tornando comuns no

meio corporativo, prejudicando a auto-esti-

ma e o rendimento dos colaboradores, que se

sentem inferiorizados pela diferença de obri-

gações. Estabelecer o modo de organização

de forma harmoniosa inclui plena ciência das

normas e de como cada um deve cumpri-las,

cenário que se conquista a partir do diálogo.

Antes de mais nada, é importante definir

regras de organização interna, sem que isso

se confunda com o tipo de tratamento que

deve ser dirigido aos funcionários. O respei-

to e a educação são primordiais para se con-

Diferentes por um lado,

quistar parceiros. “As únicas desigualdades aceitáveis são

importâncias técnicas, administrativas e estratégias de car-

go. Para tanto, se constroem planos de carreira e salários

a fim de dar o peso relativo a cada um”, ensina o especia-

lista em recursos humanos e em desenvolvimento organi-

zacional Enio Resende, da Enio Resende e Consultores

Associados (SP).

Uma questão fundamental é mostrar que alguns prin-

cípios precisam ser seguidos para que a empresa alcance

seus propósitos e todos saiam ganhando. É o caso de en-

tender a necessidade de usar uniforme, identificação, cum-

prir uma carga horária que não é igual à do colega do ou-

tro departamento e que é preciso saber se reportar ade-

quadamente aos gestores. Segundo Resende, a assina-

tura do ponto diverge, dependendo da área e da posição

do funcionário: para funções operacionais e administrati-

vas é exigido, não sendo usual na situação de lideranças,

assessoria e nível superior. Contudo, para evitar problemas

e sentimentos de menos valia é necessária uma justificativa

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Lúcia Simon

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coerente, tarefa que fica por conta dos responsáveis pela

difusão da missão e da filosofia do negócio. “A adoção do

crachá tem sido generalizada nos estabelecimentos e até

gerentes usam para dar bom exemplo.”

Comunicação acima de tudoNormas não causam mal-estar se bem gerenciadas. O

entrosamento entre as equipes e o âmbito gerencial, mes-

mo com as diferenças, pode ser conquistado com relacio-

namentos francos, que incluem um modelo de comporta-

mento educado e justo vindo das funções hierárquicas su-

periores. Para estruturar esse processo, boas políticas de

recursos humanos, com ações que aumentem a auto-esti-

ma dos colaboradores, são uma boa receita. Desenvolver

projetos de valorização também pode ser um redutor de

divergências, elucidando que as obrigações devem ser en-

caradas como desafios e não como afronta. Para Resende,

nenhuma atitude pode dar margem a protecionismo: “Com

uma comunicação eficaz, metodologia orga-

nizacional e enquadramento de pessoas bem

definido, os funcionários entendem a reali-

dade da empresa”.

Para difundir as diferentes regras aplica-

das nos setores, uma alternativa é a criação

de estatutos ou políticas de comunicação que

prezem pela transparência, de modo a escla-

recer papéis. Para isso, é indispensável trei-

nar diretores, gerentes, supervisores e respon-

sáveis pelo setor de RH. Entretanto, não

adianta definir um conjunto de normas se elas

não estiverem em consonância com as atitu-

des e a postura diária da companhia. “Cada

lugar estabelece políticas conforme sua cul-

tura, seu desenvolvimento organizacional e

sua disposição de ser um estabelecimento mo-

derno e evoluído”, conclui Resende.

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AÇÕES

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Ingressando no

universo da BolsaPor Marianna Senderowicz

A cada dia o brasileiro recebe novas informações

otimistas a respeito dos rendimentos da Bolsa de

Valores. No entanto, muita gente sequer sabe

como pode fazer parte desse universo, seja por

meio de investimentos ou de abertura de capital.

Saiba como esse mundo funciona

ABolsa de Valores do Brasil é a Bovespa,

localizada em São Paulo. Lá são ofer-

tadas parcelas mínimas de capital de

Sociedades Anônimas (S/A) – empre-

sas cujos lucros são distribuídos aos

acionistas – em forma de títulos. Cha-

mados de ações ou de papéis, esses

“pedacinhos” de empresa beneficiam

tanto quem compra quanto quem ven-

de por meio da valorização, situação que vem chamando

a atenção de quem antes nunca tinha se preocupado com

o mercado financeiro.

Diferentemente da Bolsa de Mercadorias e Futuros,

mais voltada a especuladores com experiência em proje-

tar o futuro do mercado e para empreendedores do agro-

negócio, a Bovespa pode ser encarada por qualquer tipo

de investidor, da pessoa física à jurídica. Somente em

2006, as ações negociadas na instituição tiveram uma va-

lorização acima dos 30%, índice que corresponde ao do-

bro da média de rendimento dos fundos de

renda fixa tradicionais. Ao mesmo tempo,

cada vez mais empresas demonstram inte-

resse em oferecer suas ações ao público, au-

mentando a oferta e possibilitando maior

aporte de capital nas organizações.

Todavia, nem tudo são flores quando o

assunto é investimento, e não bastam vonta-

de e disponibilidade de capital para garantir

sucesso nesse mercado, seja para investir ou

para abrir capital. “Ganhar dinheiro dá tra-

balho e requer conhecimento”, previne Flá-

vio Lemos, diretor-geral da Trader Brasil Es-

cola de Investidores (RJ). Nas próximas

páginas, você terá um breve guia de como

investir ou abrir capital na Bolsa, objetivando

esclarecer dúvidas elementares sobre um uni-

verso cada vez mais atrativo e, ao mesmo

tempo, tão misterioso.

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aplicar via bancos, a opção são fundos de ações, que variam

conforme os resultados das empresas cotadas e são con-

trolados pelas próprias instituições bancárias com tarifas

definidas internamente.

As transações via corretoras podem ser feitas por or-

dem fixa (aproximadamente R$ 20 de corretagem por

movimentação de compra ou venda) ou pela corretagem

padrão da Bovespa, que opera por uma tabela variável de

acordo com a movimentação financeira. Na visão de Flávio

Lemos, da Trader Brasil, em meio a essa quantidade de

tarifas pode não ser compensatório investir valores baixos.

“Se você compra R$ 100 em ações, por exemplo, a taxa de

corretagem ficará em torno de R$ 20, ou seja, para que o

investimento dê lucro é preciso ter um lucro de mais de

20%. Por outro lado, se a operação for de R$ 100 mil, os

mesmos R$ 20 serão quase nada.”

Chance à pessoa físicaCom o intuito de incentivar a participação da socieda-

de no pregão, a legislação atual prevê diferenças de tributa-

ualquer pessoa pode investir na Bolsa

de Valores, mas nem sempre a decisão

de comprar papéis é a melhor alternati-

va para ganhar dinheiro. Mesmo que não haja

valor mínimo para a aplicação (apesar de algu-

mas plataformas sugerirem um mínimo de R$

500), negociar títulos mobiliários demanda um

custo relativamente alto, contexto que precisa

ser considerado por iniciantes.

Para qualquer negociação no pregão são

exigidas algumas taxas: a corretagem, paga à

corretora de valores que intermedeia a transa-

ção (entre R$ 2,70 e R$ 25), o emolumento,

cobrado pela própria Bovespa, e a taxa de cus-

tódia (cerca de R$ 10). Se a preferência for

sessoria e Consultoria Empresarial (SP), o primeiro passo é

fazer uma auditoria de balanço para verificar se os dados

financeiros e contábeis são reais, evitando problemas como

informalidade. “É preciso botar a casa em ordem”, informa.

Organizado o plano de finanças, é hora de aderir à go-

vernança corporativa – sistema que proporciona gestão

estratégica e monitoração efetiva da administração –, que

inclui escolha de conselheiros e definição de comitês de

administração. “Com isso, a empresa dará ao mercado a

garantia de uma gestão profissionalizada e transparente, fa-

cilitando a perenidade dos negócios.”

Resolvidas as questões internas, uma análise de viabili-

dade e um plano de negócios definirão a necessidade efe-

tiva de abrir o capital. “É preciso saber por que se quer ter

uma companhia aberta, e a resposta deve ser boa. Se for

apenas pela verba, existem outras formas de aporte, como

fundos e auxílios de instituições financeiras.” Para Pasin,

sem um negócio bem fundamentado e sólido – que inclui

definição do valor da empresa e estimativa do valor dela no

IPO – será difícil atrair novos sócios na Bolsa.

brir capital na bolsa significa poder ne-

gociar valores mobiliários – como

ações, debêntures e notas promissórias

– de forma pública. Para tanto, várias exigências

são previstas em lei, que só permite que empre-

sas em forma de Sociedade Anônima (S/A) dis-

ponibilizem seus títulos na Bovespa. A abertura

em si acontece por meio do IPO (sigla em in-

glês para Oferta Pública de Ações), mas o tra-

balho interno nas organizações que desejam

tornar sua gestão pública começa bem antes.

A companhia aberta precisa prestar contas

a todos, implicando preocupação extra com o

detalhamento dos demonstrativos financeiros.

Conforme Rodrigo Pasin, sócio da Value As-

Como investir

Q

Como abrir capital

A

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renda fixa, e o controle é feito por meio de

um extrato que mostra toda a movimentação

para cada integrante, incluindo a participação

do acionista no total do clube. “A operação

se torna extremamente vantajosa porque só

será cobrado o imposto quando o dinheiro

for sacado. Se houver uma escolha de ficar

operando por anos com lucros sucessivos, o

ção entre pessoas físicas – sistema mais vantajoso – e jurí-

dicas. Enquanto organizações que possuem conta em Bol-

sa arcam com despesas como imposto de renda, IOF so-

bre movimentação financeira, PIS e Cofins, pessoas físicas

só pagarão imposto de renda se venderem acima de R$ 20

mil por mês. “A pessoa pode ter comprado mil ações por

R$ 1 cada. Se no final do mês os papéis forem para R$ 19 e

forem vendidos por R$ 19 mil, o ganho chega a R$ 18 mil

e, mesmo assim, não haverá tributação”, exemplifica. Caso

o volume vendido ultrapasse esse valor, a tributação será

de 15% mensais sobre o ganho de capital.

Uma opção lucrativa para quem não tem capital sufi-

ciente para obter lucros são os clubes de investimento,

que reúnem no mínimo três pessoas físicas, ou seja, três

CPFs, e no máximo 150. Abertos (público em geral) ou

fechados (funcionários de empresas, familiares ou ami-

gos), eles têm seu valor de aplicação definido pelos pró-

prios participantes, sendo que nenhum membro pode

possuir mais de 40% do total das cotas. Como estratégia,

é possível aplicar até 49% do patrimônio do clube em

O processo formal começa com a solici-

tação de registro de companhia aberta na Co-

missão de Valores Mobiliários (CVM), que

tem 30 dias para analisar a proposta de abertu-

ra (se houver necessidade de ajustes o tempo

pode ser maior). Para isso, a empresa deve

estar constituída na forma jurídica de uma so-

ciedade anônima, de acordo com a Lei nº

6.404, de 1976. Paralelamente, a organização

Bolso cheioAo abrir capital, o empreendimento aumenta sua cap-

tação de recurso e valoriza sua imagem perante o merca-

do, além de fortalecer seu relacionamento com o públi-

co. “Uma empresa aberta é bastante observada por

acionistas, analistas, investidores e credores, o que faz

com que ela ganhe projeção e reconhecimento”, explica

Pasin. No entanto, vantagens tão atraentes têm seu preço:

segundo o sócio da Value, lançar ações na bolsa custa

mais ou menos R$ 3 milhões, além das comissões emiti-

das aos bancos sobre o volume captado, que variam en-

tre 3% a 6 %. Há também gastos para publicação de mate-

rial, como prospecto para investidores potenciais, estatuto

social, demonstrações financeiras e formulários de infor-

mações anuais e trimestrais, sem falar na obrigatoriedade

de se criar um departamento de Relações com Investido-

res, que centraliza todas as informações internas a serem

fornecidas ao mercado. “Manter uma companhia de capi-

tal aberto custa entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões por

ano”, estima o consultor.

Operadores daBovespa acompanhamofertas de compra evenda no pregãoeletrônico

Percio Lima/Bovespa

FinançasAlguns custos da abertura de capital

Manutenção de um Departamento de Acionistas e de um

Departamento de Relações com Investidores, contratação de

empresa especializada em emissão de ações escriturais, custó-

dia de debêntures, serviços de planejamento e de corretagem,

taxas da CVM, contratação de serviços de auditores indepen-

dentes e divulgação de informações ao mercado.Fonte: CVM

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imposto vai ficar provisionado, mas não será

descontado. Dessa forma, tem-se uma espé-

cie de fundo.”

Na práticaA negociação na Bolsa sempre é feita via

corretoras, seja por meio de operadores ou

pelo home broker, disponibilizado no site da em-

presa (nesse caso, é o investidor quem envia a ordem de

compra e venda diretamente ao sistema da Bolsa). A renta-

bilidade pode ser conquistada por dividendos, participa-

ção nos resultados ou benefícios concedidos pela empre-

sa emissora, sem falar no possível ganho proveniente da

venda da ação no mercado secundário (veja dicionário na pági-

na 31). O sucesso na empreitada depende do desempenho

da empresa no mercado e do comportamento da econo-

mia brasileira e internacional, entre outros fatores.

Para escolher as ações que serão adquiridas, é preciso

considerar sua liquidez (facilidade de venda para obter lu-

cros), o retorno que pode ser conseguido com aqueles

papéis e o risco do negócio. Na opinião de Lemos, inician-

tes devem optar por empresas que já tenham histórico

positivo no pregão, como Companhia Vale do Rio Doce,

Gerdau e Usiminas.

ConfiançaPara não jogar dinheiro fora, a escolha da empresa que

representará o interesse do investidor é fundamental. An-

Lúci

a S

imon

pode solicitar sua listagem na Bovespa, forne-

cendo a documentação necessária (veja box na

página 31). Antes disso, porém, é preciso esco-

lher um intermediário financeiro, pois todas as

distribuições públicas acontecem por meio de uma insti-

tuição financeira (corretora, banco de investimento ou dis-

tribuidora), que auxiliará na definição das características da

oferta, tais como preço e quantidade, e na procura por

compradores. As despesas totais para finalizar o processo

variam, mas geralmente incluem contratação de auditoria

externa, preparação da documentação, publicações legais,

comissão do intermediário financeiro e processo de mar-

keting da distribuição.

Mão na massaAs ações podem ser vendidas de forma primária (emi-

tidas pela empresa), secundária (sócios vendem suas pró-

prias ações) ou das duas maneiras ao mesmo tempo. Elas

podem ser ordinárias (concedem poder de voto aos acio-

nistas nas assembléias deliberativas) ou preferenciais (com

preferência na distribuição de resultados ou no reembolso

do capital em caso de liquidação, restringindo ou vetando

o direito de voto). Todavia, o surgimento do Novo Merca-

do – segmento especial de listagem que reúne apenas em-

LiquidezExistem ações com diferentes níveis de liquidez, o que deter-

mina se os ganhos serão obtidos no curto, médio ou longo prazo.

As blue chips, ou de 1ª linha, são bastante negociadas, principalmen-

te por empresas de grande porte e reputação, que costumam ter

retorno mais lento. As de 2ª linha registram um pouco menos de

liquidez, sendo ofertadas por empresas de boa qualidade, mas de

porte menor. Já as de 3ª linha apresentam pouca liquidez e são

marcadas por negociações sem continuidade.

LegislaçãoEtapas para abertura de capital

Análise preliminar, contratação de auditoria ex-

terna independente, contratação de intermediário

financeiro, adaptação dos estatutos, contrato de

coordenação e distribuição, autorização da Assem-

bléia Geral, nomeação de um diretor de Relações

com Investidores, criação de uma área de atendi-

mento aos acionistas/debenturistas, obtenção dos

registros na CVM, registro em Bolsa de Valores ou

no Mercado de Balcão Organizado, anúncio de iní-

cio de distribuição pública e anúncio de encerra-

mento de distribuição pública.Fonte: Leis nos 6.404/76 e 6.385/76 e Instruções CVM nos 13/80 e 202/93

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tes de tudo, é preciso verificar se ela está habilitada pela

Bovespa, o que assegura credibilidade para negociar valo-

res mobiliários. Com essa garantia, é possível ter análises

de mercado para conferir se o momento é propício ou não

para as negociações.

Como o interesse pelo assunto é crescente, uma série

de cursos são oferecidos por diferentes instituições, in-

clusive pela Bovespa, que também disponibiliza em seu

site (www.bovespa.com.br) informações relevantes para

quem deseja ingressar no mundo das ações. “O investi-

dor tem que procurar se educar, porque o mercado é mau

e geralmente deixa ganhar de primeira, mas depois dá o

bote”, previne Lemos. O conselho do consultor é claro:

“Se você não sabe por que está ganhando, está em maus

lençóis”. Ele ensina que não se pode acreditar em qual-

quer informação recebida, pois fontes sem credibilidade

podem manipular dados e prejudicar o investidor. “Com

a disseminação da internet ficou muito difícil controlar a

quantidade de notícias referentes ao tema, e nem sempre

elas são verdadeiras.”

Dicionário:

Home broker: sistema que permite ao investidor

enviar ordens de compra e venda pelo site de sua

corretora. No site da Bovespa são relacionadas todas

as páginas de home brokers autorizadas

pela instituição

Mercado primário: Lançamento de novas ações

no mercado

Mercado secundário: quando, depois do lançamento

dos títulos no mercado primário, acontece a

negociação contínua dos papéis

Mercado à vista: compra ou venda de ações

propriamente dita

IBovespa: Índice Bovespa, que acompanha a

evolução média das cotações das ações negociadas

na Bovespa

Dividendo: parcela de lucro distribuída aos acionistas

Bonificações: distribuição de novas ações – ou de

dinheiro, eventualmente – aos acionistas

presas com nível de risco inferior ao das demais – disponi-

biliza apenas as ações ordinárias. Para atrair empreendi-

mentos de menor porte, foi desenvolvida a Bovespa Mais,

que terá captações de empresas de menor valor e sem

limite de faturamento. “Serão cláusulas específicas de ne-

gociação, só para investidores institucionais”, explica Pa-

sin. O objetivo do balcão é incluir empreendimentos em

perspectivas de crescimento – com condições

de liquidez ainda incompatíveis aos segmen-

tos principais – que se comprometam a ampliar

sua base acionária com base em melhores prá-

ticas de governança corporativa, proporcionan-

do a essas companhias um acesso gradual ao

mercado de capitais.

BurocraciaDocumentos para registro na CVM (para empresas que já forem S/A):

Atas da Assembléia Geral e da reu-

nião do Conselho de Administração, re-

querimento à CVM descrevendo as prin-

cipais características da operação, lista das

instituições financeiras participantes do

consórcio de distribuição, contrato de

distribuição assinado com a instituição

coordenadora, contrato de subdistribui-

ção, justificativa do preço de emissão, in-

formação sobre o destino dos recursos,

escritura pública de emissão das debên-

tures registrada em cartório, escritura pú-

blica de constituição de garantia imobili-

ária registrada em cartório, três vias do

prospecto da distribuição, indicando a

quantidade a ser impressa e os locais onde

estarão disponíveis, minuta dos anúncios

de início e encerramento da distribuição,

autorização da Cetip ou no Sistema Na-

cional de Debêntures, modelo de certifi-

cado/cautela (debêntures), contrato com

a instituição financeira responsável pelo

controle das ações escriturais e cópia do

boletim de subscrição.Fonte: CVM

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eu

r

ec

om

en

do Com uma dose de ficção, o

filme Uma onda no ar, de

Helvécio Ratton, conta a

história real da luta por um

sonho comunitário. Se o

asfalto, como o pessoal das

favelas chama o lado de cá,

possui suas antenas, por que

o mesmo não pode ocorrer

do lado de lá? De pirata a

emissora legalizada, a Favela

FM, de Belo Horizonte, é

um marco na comunicação

brasileira. Foi construída no

dia-a-dia, em meio à

pobreza, enfrentando ações

das autoridades para

interromper suas transmis-

sões enquanto era reconhe-

cida, inclusive, pela ONU.

Hoje, a rádio chega

via internet ao mundo

todo, pelo site

www.radiofavelafm.cjb.net.

Luiz Artur Ferraretto

Jornalista

Planeta e bolso Em tempos de alerta sobre

o uso indiscriminado de energia elétrica,

algumas ações básicas podem ser adota-

das no cotidiano para a obtenção de

vantagens tanto para o planeta quanto

para o bolso. Nos escritórios, desligar o

condicionador de ar uma hora antes do

final do expediente garante uma econo-

mia diária de até 12,5% sem prejudicar o

bem-estar de quem trabalha, já que a

temperatura no fim da tarde é mais amena

e a refrigeração ainda se mantém por

certo tempo. Outra ação vantajosa é, na hora da compra de computado-

res, optar por monitores LCD (cada vez mais baratos), que, além de

serem mais econômicos que os de tubo, ocupam bem menos espaço.

Sustentabilidade O Guia de Sustentabilidade para as Empresas,

coordenado pelo Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa (IBGC), orienta os gestores para as questões de

governança corporativa. Explica os aspectos econômicos,

sociais, culturais e ambientais que tornam um empreendimento

sustentável e, ao mesmo tempo, competitivo. Para ler o

conteúdo, que foi elaborado por executivos e acadêmicos,

acesse www.ibgc.org.br.

Impostos Apesar de os impostos brasileiros serem altos,

a consultoria Mercer divulgou um estudo que aponta a

carga do país como uma das 32 mais atrativas do mundo

no que diz respeito à tributação de salários, figurando

em nono lugar. Aqui, os profissionais considerados de

média hierarquia pagam cerca de 22,5% de sua remuneração

em tributos e taxas. Na liderança do ranking aparecem os

Emirados Árabes, onde não existe imposto de renda pessoal,

seguidos por Rússia (13% em média) e

Hong Kong (14,2%). As médias mais altas

ficaram com a Bélgica, 48,6%, e a

Hungria, 50,5%. O regime de

impostos possui grande relevância

na hora de as multinacionais

decidirem em que país investir.

Free Photos Bank

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SA IBA MA IS

em

te

mp

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A equação da matemática

TV digital Implantada oficialmente em 2 de dezem-

bro, a TV digital brasileira ainda caminha em passos

estreitos. Fora a região da Grande São Paulo – única

onde o sistema já está em uso –, as transmissões

digitais só começarão a chegar aos grandes centros

em 2008 (2013 é o ano em que todo o território

nacional deve ser coberto). Embora represente um

grande mercado potencial para equipamentos,

comércio e serviços, na prática ainda não há grande mobilização no sentido

de oferecer os produtos. Por enquanto, a movimentação se restringe a São

Paulo, onde começaram a ser vendidos os primeiros conversores de sinal

analógico em digital, enquanto os televisores digitais ainda não chegaram. O

preço é uma questão em aberto, já que o governo federal defende que os

conversores não custem mais de R$ 200, mas o varejo tem oferecido o

produto por, em média, R$ 600.

Como os fabricantes afirmam que o

preço só vai cair quando a procura

aumentar e o governo orienta que

as pessoas só comprem quando o

preço cair, um impasse prende o

crescimento do setor. Se em longo

prazo a expectativa é de lucros, a

realidade até agora mostra que até mesmo a venda de

TVs tradicionais está diminuindo, já que as pessoas estão deixando de

comprar porque esperam pelos novos aparelhos com sinal digital.

Unificação O Cadastro Sincronizado,

que está em vigor em alguns estados e

municípios do país, começa a render

benefícios para as empresas. Na Bahia,

por exemplo, a média de tempo para a

efetivação do cadastro de novas

empresas passou de sete para três dias,

entre o pedido e a formalização. O

sistema unifica as administrações

tributárias federal, estaduais,

municipais e outros órgãos atuantes no

processo de legalização de

empreendimentos. A medida otimiza a

ação porque todo o tempo gasto antes

com deslocamentos a órgãos

diferentes passa a ser feito em

qualquer lugar com internet. A

unificação já está disponível em seis

estados e quatro capitais brasileiras.

Outros 15 estados, entre eles, o Rio

Grande do Sul, também já assinaram o

convênio para a parceria com

a Receita Federal.

Mais informações

na edição 31 da B&S

Gustavo Bueso Padgett/Stock.xchng

Leo

cine

zi/S

tock

.xch

ng

habilidade dos estudantes brasileiros em leitura, matemática e ciências está

deixando a desejar. O alerta veio do Programa Internacional de Avaliação de Alunos

(Pisa), realizado em 2006 pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento

Econômico (OCDE) em dezenas de países. Pelo estudo, divulgado em dezembro, os

alunos do Brasil estão nas últimas posições em todas as áreas, obtendo as piores notas.

Na avaliação em matemática, o país ficou na 53ª posição (entre 57 países), figurando antes de

Quirguistão, Qatar e Tunísia. Na comparação com o desempenho nacional em 2003, que já

era considerado ruim, as notas de 2006 pioraram em leitura, se mantiveram em ciências e

evoluíram em matemática.

O Rio Grande do Sul ainda está entre os estados com melhores resultados dentro

do país, aparecendo na terceira posição em ciências e matemática. Já na avaliação de leitura,

os gaúchos caem para a sétima colocação.

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RECURSOS

38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

33 –

Jan

eir

o 2

008

B & S Quais os projetos novos da Caixa

RS para incentivar o crescimento do Rio

Grande do Sul e como os empresários

podem fazer uso dessas alternativas?

Susana A Caixa RS é o instrumento operacio-

nal da política de desenvolvimento do Esta-

do e formulou três estratégias para cumprir

este novo desafio: atuar na modernização de

setores tradicionais, inserindo novos fatores

de competição, atuar na dinamização do de-

senvolvimento regional, articulando as pro-

postas de desenvolvimento para um foco co-

mum, e fomentar a introdução de setores por-

tadores de futuro, sintonizados com tendên-

cias globais. Estas estratégias vão muito além

do papel de agente financiador, passando a

atuar diretamente na articulação, elaboração

e implementação de iniciativas – inclusive fi-

nanceiras – para acelerar a competitividade

de economias setoriais e regionais para seu

ingresso e manutenção sustentada no merca-

do. E faz isso sintonizada com a Câmara Se-

torial de Desenvolvimento Econômico e Ino-

vação e a Agenda 2020.

B & S A senhora pode dar exemplos de

bons resultados gerados?

Susana Concretamente, temos resultados positivos em

vários novos programas para empreendedores. O Pro-

grama RS Energia, criado para atração de empresas in-

ternacionais e geração de novos nichos de negócios para

empreendedores gaúchos, já conta com 20 projetos, que

somam R$ 1 bilhão. Em agosto, apresentamos na Expo-

inter nossa estratégia de atuação para o agronegócio e

novos programas de financiamento. E já o Programa Ar-

mazenagem Certificada tem seus primeiros projetos,

confirmando a demanda de empreendedores que estão

atentos à adequação de suas unidades armazenadoras.

B & S Quais os planos de investimentos para 2008?

Susana Vamos aumentar nosso investimento em 20% no

mínimo. Em um trabalho articulado com a Associação

Brasileira de Bancos de Desenvolvimento (ABDE), da qual

sou vice-presidente, conseguimos triplicar nossa capaci-

dade de alavancar recursos de repasses de outros bancos.

Poderemos chegar a triplicar nossos ativos. Administra-

mos, hoje, um total de R$ 1,2 bilhão em ativos. O setor

de Serviços e Tecnologia será foco estratégico: a exem-

plo do pólo de Saúde, Biotecnologia e Fármacos na Re-

gião Metropolitana e o segmento de Tecnologia da Infor-

mação, que encontram no Estado as condições desejáveis

para sua implantação e expansão. Somando vontade polí-

tica com proatividade empreendedora, o momento é opor-

tuno para o Rio Grande, e a Caixa RS está preparada.

negóciosFomentando

Caixa RS desenvolve estratégias para fomentar o desenvolvimento

econômico gaúcho. A presidente da instituição financeira, Susana

Kakuta, explica qual será o papel da entidade

Elias

Ebe

rhar

dt/C

aixa

RS

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34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

TECNOLOGIA

Núm

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008

Do antigo pager aos blackberrys e PDAs, as

tecnologias remotas ganham força no

mercado, transformando-se em opção para

empresas de diferentes áreas e regiões. Agora,

a sede da organização não precisa mais ser o

lugar de trabalho dos colaboradores

rabalhar em casa é o sonho de muitos

profissionais, que vêem no trânsito con-

gestionado, nas conversas paralelas e no

excesso de telefonemas corporativos um en-

trave ao rendimento. Se antes essa facilidade

parecia distante, agora começa a virar realidade

em diferentes segmentos do comércio de bens

e de serviços, trazendo vantagens para empre-

sas, funcionários, sociedade e meio ambiente.

O trabalho remoto – ou teletrabalho –

existe desde o século 19, quando a difusão do

telégrafo permitiu que informações referen-

tes à gestão fossem transmitidas sem a pre-

sença de quem as fornecia. No entanto, so-

mente a partir da década de 80 ele se molda

de forma a permitir que pessoas desempenhem

sua função sem estarem presentes nas sedes das empresas.

“Naquela época, usavam-se principalmente ferramentas

como telefone, pager e fax para manter contato com as

matrizes corporativas”, explica Ana Manssour, diretoria

executiva e de Comunicação da Sociedade Brasileira de

Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt). De acordo com ela,

no Brasil esse tipo de atividade demorou um pouco mais

para ser implementada, tendo início nos anos 90.

O trabalho a distância não necessariamente é feito a

partir do domicílio do trabalhador. “Pode ser de um hotel,

de um ônibus ou outro veículo em movimento, do estádio

de futebol ou de telecentros”, esclarece Ana. Ela conta que

isso é mais comum em empresas cuja sede é muito distan-

te e pressupõe um transtorno grande de deslocamento

diário dos funcionários. “Dessa forma, reduzem-se as des-

pesas com ônibus fretados e vários vales-transporte diários

e o estresse das idas e vindas, aumentando as horas de sono

ou disponíveis para outras atividades.”

Tão longe, tão perto

Ao mesmo tempo em que facilita a rotina de funcio-

nários e executivos, essa forma de trabalho também be-

neficia a natureza, reduzindo a emissão de gases poluen-

tes oriundos de veículos. “Além disso, diminuem-se os

gastos com eletricidade, com infra-estrutura corporativa

T

O câmbio

inicial

Lúcia Simon

Page 36: Contratando com eficiência Gol de placa na economiafecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista33.pdf · Aprenda como funciona o universo da Bolsa de Valores Revista da

35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

TECNOLOGIA

Núm

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008

e até mesmo com tributos, visto que o tamanho do em-

preendimento pode ser subtraído com pessoas atuando

fora.” Ao mesmo tempo, a opção abrevia prazos de exe-

cução de tarefas. “O uso de tecnologias como internet

sem fio permite que as pessoas estejam conectadas à ma-

triz em tempo integral. Isso agiliza processos e permite

que as atividades não fiquem restritas a um horário estan-

que”, pondera Douglas Rivero, gerente geral Brasil e Amé-

rica do Sul da SonicWall, empresa que fornece soluções

de segurança em TI.

Enquanto em países desenvolvidos essa cultura está

cada vez mais presente no meio empresarial – mais de

33% dos empreendimentos pesquisados pela SonicWall

nos Estados Unidos possuem funcionários trabalhando

fora do escritório –, Rivero avalia que no Brasil essa ten-

dência ainda não está consolidada. “É preciso um pouco

de amadurecimento, visto que contamos com uma legis-

lação antiga (veja box) e com conceitos engessados sobre

produtividade.” Mesmo assim, o executivo sente na pele

e no bolso as vantagens. “Temos cinco representantes da

empresa no Brasil, e raramente se trabalha dentro do es-

critório, localizado em São Paulo. Possuímos notebooks

e celulares com acesso à internet e a partir deles pode-

mos desenvolver nossas atividades em qualquer lugar por

meio de uma conexão privada e segura com a matriz nor-

te-americana.” Rivero salienta que trabalho a distância não

significa ausência de sede: “É preciso uma base para rece-

ber pessoas. Sem um endereço fixo é provável que se gere

um receio por parte de clientes e fornecedores”.

De casa para o trabalho

Realizar atividades profissionais a partir de pontos

externos pode gerar um aumento de 15% a 30% na pro-

dutividade. “Existem menos distrações, menos preocu-

pação com o horário de expediente e maior potencial de

concentração, o que facilita o fluxo de produção”, afirma

Ana. Contudo, a mudança envolve aspectos familiares.

“A família deve entender que a presença daquela pessoa

em casa, por exemplo, não significa que ela esteja livre

para o lazer. Todos devem se adaptar a essa realidade.”

Renato Faria, presidente do Sindicato das Empresas

de Informática do Rio Grande do Sul (Seprorgs), lembra

que já existem empresas em que a quantidade

de mesas e cadeiras é inferior à de funcioná-

rios. “Um vendedor externo, por exemplo,

não precisa ter uma mesa dentro da empresa,

pois se ele estiver sentado lá, estará deixando

de vender na rua. Na área de tecnologia da

informação também existem tarefas que po-

dem ser desempenhadas de casa, e não ne-

cessariamente por freelancers. O próprio call

center é um modelo. Hoje, com as telefonias

VoIP (voz sobre IP, que permitem realização

de ligações telefônicas via internet), vale mais

a pena remunerar o funcionário um pouco

melhor e ele trabalhar de casa.”

Todavia, é preciso atenção para que a pro-

fissão não tome conta de todo o tempo dis-

ponível. “Algumas pessoas têm tendência a

serem viciadas em trabalho, e a flexibilidade

de horário e de local pode ser uma inimiga

nesse caso. Assim, a empresa precisa estar ci-

ente do desenvolvimento de todos os cola-

boradores, a fim de evitar problemas emocio-

nais nessas pessoas”, alerta Ana. Ela sugere a

realização de encontros periódicos entre equi-

pes para não apenas assegurar que todos este-

jam cumprindo suas metas como também para

manter uma convivência necessária em qual-

quer ambiente profissional.

projeto de lei 3129/04, do deputado Eduardo Valver-

de (PT-RO), altera o Artigo nº 6 da Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT), prevendo a legalização do tra-

balho remoto. Pelo texto, devem ser incluídas na relação for-

mal de trabalho as atividades realizadas a distância do local

de trabalho, via computador, como subordinação jurídica aos

meios pessoais e diretos de comando do empregador, desde

que haja relação empregatícia. O texto foi aprovado por una-

nimidade pela Comissão de Constituição e Justiça e de Ci-

dadania em outubro de 2007, e aguarda aprovação em ple-

nário da Câmara.

O

Atualização legal

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ENGAJAMENTO

Núm

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008

36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Apesar do jargão ao lado ser conhecido em todas as esferas da sociedade, muitos

empresários ainda não perceberam o poder de suas entidades representativas. A partir delas,

podem-se obter conquistas e esclarecimentos que, individualmente, seriam um desafio bem maior

a força

ue uma andorinha só não faz verão todo

mundo sabe. No entanto, muita gente

ainda não entende que a mesma máxi-

ma se aplica aos negócios, às organizações ou

ao papel político de todos os empresários, fa-

zendo das entidades representativas uma for-

ça garantida para a conquista de metas e para

o aumento do conhecimento e da influência

no mercado.

Separados por segmento econômico, por

porte de empresas representadas ou por re-

gião geográfica, federações, associações, sin-

A união faz

dicatos e demais entidades representativas servem para

fornecer a seus associados um poder de voz superior ao

que teriam de maneira individual. Paralelamente, também

viabilizam a conquista de informações, obtidas diretamen-

te nas fontes que, provavelmente, só chegariam aos inte-

ressados via imprensa. “Esse tipo de entidade existe para

fazer o que os empresários não sabem ou não conseguem

alcançar sozinhos”, explica Derly Fialho, superintenden-

te do Sebrae-RS.

De acordo com Fialho, até as grandes empresas pos-

suem limitações políticas e econômicas, na medida em

que necessitam de interlocutores para determinadas ques-

tões. “Não se pode defender

uma causa coletiva sem um re-

presentante oficial”, justifica.

Conforme Fialho, infeliz-

mente ainda há empresários

que encaram a participação e

o engajamento como um ônus.

“Alguns empreendedores pen-

sam que participar das entida-

des é perda de tempo e de di-

nheiro, e preferem voltar sua

atenção apenas para dentro dos

negócios. No entanto, é exa-

tamente dentro desses órgãos

Fot

os:

Lúci

a S

imon

Q

Fot

os:

Lúci

a S

imon

Edy, do Movimento das Donas de Casa, defende a participação de todos na entidade

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37FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ENGAJAMENTO

Núm

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008

que acontecem as maiores e melhores discussões sobre

diferentes assuntos gerenciais, o que serve de subsídio para

o desenvolvimento de qualquer organização.”

Santo de casa faz milagre

Um dos exemplos mais consolidados de força repre-

sentativa no Estado é o Movimento das Donas de Casa e

Consumidoras do Rio Grande do Sul (MDCC). Comple-

tando 20 anos em 2008, a entidade comemora conquistas

em prol daquelas que até então não eram encaradas como

uma categoria economicamente ativa da sociedade.

De acordo com a presidente do movimento, Edy Ma-

ria Mussoi, por meio do órgão as donas de casa ganharam

a oportunidade de serem ouvidas pelo poder público e

por representantes comerciais, aumentando sua partici-

pação nas decisões econômicas e políticas, principalmen-

te no que diz respeito ao setor varejista e aos direitos do

consumidor. “A existência do movimento viabilizou a for-

mação de parcerias com outros institutos voltados ao con-

sumidor. Assim, temos maiores chances de realizar pres-

sões políticas, reuniões com autoridades e, em última ins-

tância, Ações Civis Públicas na Justiça”, analisa Edy.

Entre as principais conquistas do grupo ela cita alte-

rações nas ligações de prefixo 0900, geralmente aplica-

das em serviços de telessexo e utilizadas principal-

mente por crianças e empregados sem autorização

prévia, e a redução de 10% para 2% nas multas por atra-

sos de pagamentos. “Sempre

procuramos ouvir o que as

associadas têm de demanda.

Nesse último caso, recolhe-

mos 10 mil assinaturas em prol

da redução.”

Para chegar a 98% de so-

lução de casos, o movimento

conta com apoio de forças

como Fórum Estadual de De-

fesa do Consumidor, Procon,

Confederação Nacional de

Donas de Casa,Fórum Nacio-

nal de Defesa do Consumidor,

entre outros. “O retorno é

muito positivo. Recebemos diversas mensa-

gens agradecendo a representatividade, elo-

giando o trabalho e querendo participar das

atividades promovidas externamente”, con-

ta a presidente. Na visão dela, se não fosse o

movimento, essa categoria ainda estaria sen-

do ignorada. “Sabemos como exercer os di-

reitos de quem representamos.”

Entretanto, Edy lamenta o baixo número

de associadas. “Hoje somamos mais de 200

mil em Porto Alegre, mas pretendemos che-

gar a números como os de Buenos Aires, onde

existe 1 milhão de associadas ao movimen-

to.” Na opinião da representante do MDCC,

falta educação por parte da sociedade como

um todo. “Sempre digo que para ter repre-

sentatividade é preciso representar todos, se-

não corre-se o risco de priorizar algumas ne-

cessidades. Contudo, para representar todos

é preciso que todos sejam associados.” Fia-

lho, do Sebrae, concorda. Para ele, o com-

partilhamento de experiências proporciona-

do dentro das entidades só tem a beneficiar

todos os envolvidos: “O empresário ganha

maturidade e conhecimento, ao mesmo tem-

po em que o conjunto ganha força para de-

fender os interesses da categoria.”

Fialho destaca que em associações, federações e sindicatos o empresário

tem acesso a novos conhecimentos

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39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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o 2

008

PERSPECT IVAS

A expectativa para o próximo ano é de bom

desempenho da economia. Estabilidade

cambial, aumento da demanda interna e boa

performance da indústria, do comércio e da

agricultura deverão ser fatores decisivos

esmo que a probabilidade seja de uma desace-

leração em relação aos resultados de 2007, a

economia gaúcha deverá crescer cerca de 4,5%

em 2008. Baixa inflação, expansão do crédito e aumento

no número de empregos serão alguns dos pontos influ-

entes para tal processo, incentivando a demanda no co-

mércio de bens e de serviços e contribuindo para o de-

senvolvimento do Estado como um todo.

Registrando crescimento significativo nos três prin-

cipais segmentos econômicos do Rio Grande do Sul –

agricultura, comércio e indústria –, o ano de 2007 foi

marcante para a economia regional, que demonstrou me-

lhor desempenho do que a brasileira e deve manter essa

tendência no próximo ano. “O Estado foi o segundo maior

em crescimento na produção industrial do país”, pondera

Marcelo Portugal, assessor econômico da Fecomércio-RS.

De acordo com ele, tal comportamento se deve a uma con-

jugação de fatores como elevação da demanda interna e

fim da vulnerabilidade cambial. “Também houve boa atua-

ção da economia mundial, mas não foi esse o quesito de-

terminante para os bons resultados observados.”

O cenário também é favorável em nível nacional. “A

comparação com as reservas acumuladas e com a dívida

externa mostra que o problema de financiamento exter-

no desapareceu”, aponta Portugal. Ele lembra que, mes-

mo com a incerteza a respeito da crise imobiliária norte-

americana, não devem existir graves impactos no Brasil:

“Existe uma influência em relação às exportações, mas a

desaceleração não deve ser muito grande”.

Insanidade fiscal

Na opinião de Portugal, em meio a esse contexto de

otimismo é preciso frear o que o economista chama de

insanidade fiscal do país. “A arrecadação em 2007 foi R$

60 bilhões maior do que a de 2006, superando o orçado

em R$ 36 bilhões. Fazendo bom uso dessa ver-

ba é possível extinguir a CPMF.”

Com essa visão, o governo gaúcho deve

instituir uma agenda positiva no próximo ano,

objetivando recompor seus aliados na socie-

dade e na Assembléia Legislativa, afastados

depois da tentativa de implantar um pacote

que elevava os impostos no Estado. “Só se

pode reduzir o déficit fiscal aumentando a

receita ou cortando as despesas. Como o in-

cremento na arrecadação despertou insatisfa-

ção coletiva, devem ser tomadas medidas

como extinção de empresas públicas defici-

tárias, reformulação do regime previdenciá-

rio estadual e modernização instrucional”,

previne Rodrigo Giacomet, assessor político

da Fecomércio-RS.

M

para 2008Otimismo

Perspectivas de Crescimento

Projeções para 2008

Taxa de inflação: 4,5%

Câmbio: Dólar a R$ 1,87 (dez/08)

Crescimento (projeção) do PIB em:

2007

2008

Brasil: 4,9% RS: 7%

Brasil: 4,4% RS: 4,5%

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CAPAC ITAÇÃON

úm

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40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Diversos pré-

requisitos são

exigidos para

conseguir destaque

no mundo do

trabalho. Para tanto,

o caminho é único:

capacitação. E, por

incrível que pareça,

o país carece de

competências

qualificadas

emprego facilitadoportunidades de trabalho são sempre

bem-vindas e no verão o número de

vagas é ampliado pelas contratações

temporárias. Para não perder a chance de con-

seguir uma colocação, o jeito é estar prepara-

do para conquistar um espaço no competiti-

vo mercado brasileiro. A capacitação profis-

sional entra como uma forte aliada na disputa

por um emprego, e buscar aperfeiçoamento

por meio de cursos técnicos, por exemplo,

pode ser uma saída para quem ainda não en-

controu o seu lugar no universo profissional.

O número de novos postos de trabalho

formais referentes a 2007 deve fechar em apro-

Certificado na mão,

ximadamente 1,56 milhão. Contudo, a contradição está

na quantidade de trabalhadores com formação adequada:

apenas 18% dos 9,7 milhões de desempregados possuem

a escolaridade solicitada pelas empresas. Os dados, le-

vantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(Ipea) em 2006, mostram a carência de mão-de-obra qua-

lificada enfrentada por alguns setores da economia, como

a indústria de transformação.

O paradoxo também é vivido na região Sul. Nos esta-

dos do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul

o empresariado sofre com o déficit de empregados quali-

ficados. Entre os mais de 1 milhão que procuram ocupa-

ção, apenas 22% têm condições de pleitear uma vaga. De

acordo com a pesquisa, o Sul e o Centro-Oeste, por exem-

plo, têm abertas 25 mil vagas

na indústria química, 23 mil na

área de transporte, 21 mil no

setor de produtos mecânicos e

20 mil no segmento de extra-

tiva mineral. Todas não preen-

chidas e com exigências curri-

culares como formação técni-

ca e ensino médio.

Outro ponto importante

do levantamento são as carac-

terísticas que seduzem os em-

preendedores no momento de

identificar os melhores para a

sua equipe funcional. As em-

presas observam, acima de

tudo, capacitação. São recru-

tados com mais facilidade can-

O

Brasil: estimativa de trabalhadores ativos que procuram emprego com e sem experiênciae capacitação profissional em 2007 (em mil)

Fonte: Elaboração Ipea a partir de microdados da Pnad/IBGE e do Caged-Rais/MTE,excluída a área rural dos estados da regiâo Norte - exeto Tocantins

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41FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

CAPAC ITAÇÃO

Núm

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o 2

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Val

ter

Cam

pana

to/A

Br

didatos cursando o ensino médio e com experiência no

ramo industrial e de atendimento ao público.

Qualificação como referencialO nível de conhecimento conta muito na hora de par-

ticipar de uma seleção. Um bom começo é apostar no

aperfeiçoamento, que pode ser feito por meio de cursos

técnicos, graduação ou especializações. O que vale é não

parar no tempo. “A qualificação é a porta de entrada para

qualquer atividade”, afirma Fabiane Franciscone, gerente

do Núcleo de Educação Profissional do Senac-RS.

Para ela, apresentar um diferencial no currículo só é

possível por meio da educação e do ensino continuado,

sendo essa a fórmula para uma melhor inserção no mun-

do do trabalho. “Setores especializados, como o de Tec-

nologia da Informação, necessitam de profissionais habili-

tados para suas funções”, exemplifica, enfatizando que na

área técnica há uma nova imposição das empresas em fun-

ção das mudanças na legislação. “Algumas profissões são

regulamentadas, e a lei não permite que se atue sem for-

mação técnica. É o caso do ramo imobiliário, no qual é

necessário formação específica para se obter o registro

profissional junto ao Conselho Regional”, elucida.

O guia de turismo Gabriel Lara Weigert percebeu que

precisava ir além do ensino médio. Com receio de perder

a vez para os concorrentes, resolveu fazer um curso técni-

co na área de turismo e caminhar na direção certa. “Traba-

lho em uma agência e consegui enxergar as transformações

sofridas pelo setor”, diz. Hoje, por exemplo, a maior parte

das empresas solicita que o guia tenha a cre-

dencial da Embratur, que só é concedida a

partir do certificado de formação profissional

fornecido pelas instituições de ensino.

O certificado também vai engordar a con-

ta bancária de Weigert. Credenciado, ele do-

brará os ganhos nas suas viagens pelo Brasil.

Por essa razão, futuramente pretende especia-

lizar-se como guia internacional. “Quero con-

tinuar me capacitando. Os cursos estão con-

tribuindo para agregar valor ao que eu já co-

nhecia na prática.”

Senac-RS apóia a profissionalizaçãosforço e habilidade são fundamen-

tais para consolidar uma carreira.

Contudo, o conhecimento teórico e o

permanente aperfeiçoamento torna-

ram-se de extrema relevância no mun-

do contemporâneo. Pensando nisso, o

Senac-RS oferece cursos com habilita-

ção técnica nas suas 12 escolas espalha-

das por todo o Estado. O período de

inscrição se iniciou no dia 19 de no-

vembro e tem diferentes datas de en-

cerramento, conforme cada município.

Em 2008, a instituição vai dispo-

nibilizar 13 opções de cursos. A gran-

de novidade fica por conta do curso

Técnico em Moda, que será oferecido

pela Escola de Educação Profissional

Senac Canoas. “Analisamos sempre as

tendências de mercado e concluímos

que essa era uma delas”, explica Fabia-

ne Franciscone. Informações adicionais

sobre as matrículas e cursos podem ser

obtidas no endereço eletrônico

www.senacrs.com.br.

E

Weigert agregou valor a sua experiência comoguia turístico e já planeja fazer uma especialização

Lúci

a S

imon

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CULTURA

42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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o 2

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música é a forma de expressão artísti-

ca mais democrática que existe. Do

canto dos pássaros aos jingles, todas as

pessoas têm acesso a melodias. Alguns estu-

dos, inclusive, mostram que os bebês ainda

no útero da mãe respondem a estímulos mu-

sicais. Além dessa característica, e talvez até

mesmo em função dela, as canções também

auxiliam na formação cultural da população.

A musicista e produtora musical paulis-

ta Renata Amaral acredita que melodias

estão presentes em todas as outras artes e

A

Seja pela letra, pela melodia ou mesmo pela união das duas, a música traz consigo

elementos da sociedade em que foi criada. Sua difusão proporciona conhecimento

sobre realidades diversas e auxilia na formação cultural dos ouvintes

conectadas de forma intrínseca à cultura das socieda-

des. Por meio delas, é possível experimentar e conhecer

o mundo sem uma especialização na área. “É possível

trabalhar história, geografia, biologia e até mesmo lite-

ratura, por exemplo.”

Renata, que esteve em Porto Alegre participando do

Acorde Brasileiro, promovido pelo Sesc-RS (mais infor-

mações no box), afirma que a música regional oferece mais

possibilidades de formação cultural do que outros gêne-

ros, uma vez que trabalha também com o folclore local.

“Há o improviso poético, a dança e uma série de outros

elementos, ou seja, é um material mais abrangente.”

costumesPara cantar os

Lúcia Simon

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CULTURA

Antropologia musical

Sendo a música uma expressão que congrega elemen-

tos da vida da sociedade em que está inserida, pesquisá-

la significa também realizar uma busca histórica. Foi isso

que motivou o músico e historiador cearense Alemberg

Quindins Kariri a iniciar um estudo na Chapada do Ara-

ripe, distante 550 quilômetros de Fortaleza (CE). “En-

contramos vestígios de instrumentos, o que demonstra

que o homem pré-histórico habitante da região já trans-

mitia sua história pela música.”

Para ele, o pano de fundo da investigação dá uma

dimensão da importância desse tipo de arte na formação

das pessoas. É o registro da constituição social de um

povo e permite conhecer até mesmo os diferentes esta-

dos de espírito do compositor. Além disso, ressalta o

historiador, a letra das composições, por vezes, pode ser

considerada uma espécie de tratado social. “É o que se

pode chamar de verdadeira arqueologia musical.”

A música pode fornecer imagens para o que é desco-

nhecido. A cantiga Boi da cara preta (folclore popular), lem-

bra Kariri, é a materialização do medo, enquanto uma

canção como Deu pra ti (de Kleiton e Kledir) caracteriza

uma cidade (Porto Alegre). Assim, essa arte pode ser

utilizada como forma de diálogo do indivíduo com seu

entorno e com o mundo.

Aproximando realidades

Um país de dimensões continentais como o Brasil

pode tirar proveito da produção diversificada para criar

uma população culturalmente rica, o que ainda é uma

realidade distante. “Existe um hiato em todo o país que

dificulta o conhecimento do que se passa, muitas vezes,

no estado vizinho”, avalia Renata. Ela comenta que exis-

tem diversas atividades com bastante reconhecimento

local que não conseguem se expandir, dada a dificuldade

de distribuição de material que alguns artistas encontram.

“Isso prejudica o público também, pois não permite a

experimentação e o acúmulo de experiências.”

A produtora argumenta que os meios de comunica-

ção têm papel importante no sentido de popularizar os

Fazendo a sua parteeguindo sua missão de promover cultura e lazer, o Sesc-

RS também investe em música, com os projetos Circui-

to Sesc de Música Gaúcha, que difunde o tradicionalismo

em todo o Estado, e o Sonora Brasil, que propicia o inter-

câmbio pelo país.

De acordo com o gerente de Cultura da entidade, Silvio

Bento, a intenção é disponibilizar para o público gaúcho pro-

duções com conteúdo. Ele acredita que a música é a repre-

sentação oral da cultura local e, nesse sentido, é também re-

gistro da língua, dos hábitos e do momento histórico de cada

sociedade: “Ao promovermos a circulação dos artistas, não

apenas incentivamos a produção musical em sua totalidade,

como também levamos informação às platéias”.

Já o projeto Acorde Brasileiro, realizado no final de 2007,

surge como a unificação entre o local e o nacional em termos

de diversidade de produções. “Mais do que um encontro de

música, ele serve para divulgar os trabalhos que estão em

andamento nos mais diversos cantos do Brasil”, salienta. O

sucesso do evento, que reuniu artistas de 21 estados em Por-

to Alegre durante quatro dias, já motivou uma próxima edi-

ção, que deve ocorrer em novembro de 2008.

S

trabalhos, proporcionando mais acesso à

cultura. Ainda falta, em sua opinião, um tra-

balho mais eficiente de fusão, que vem sen-

do melhorado graças a iniciativas como o

Acorde Brasileiro.

Kir

an/S

esc-

RS

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A paixão do

brasileiro pelo

futebol não apenas

mobiliza torcidas

como também

movimenta todo

um setor ligado ao

esporte. De

maneira direta ou

indireta, quase

todas as empresas

podem aproveitar

o nicho para

aumentar

suas vendas

a economiaGol de placa para

Já se vão mais de cem anos desde que

aportou por terras brasileiras, e o fute-

bol continua sendo uma verdadeira lou-

cura nacional. Mais do que isso, trans-

formou-se em negócio lucrativo dentro e fora

de campo. Dados da Confederação Brasileira

de Futebol (CBF) mostram que, no Campeo-

nato Brasileiro da Série A de 2007, foram arre-

cadados mais de R$ 76,9 milhões, o que signi-

fica uma média de R$ 212 mil por partida.

Se esses números se referem apenas às

bilheterias dos jogos, o mercado que envolve

o esporte não deixa por menos. Levantamen-

to oficial da Federação Internacional de Fu-

tebol Associação (Fifa) dá conta de que, no

mundo todo, o segmento movimenta cerca

de US$ 250 bilhões por ano, tanto com o co-

mércio direto quanto com o indireto. Segundo Anderson

Gurgel, pesquisador da área de Economia do Esporte da

Universidade de Santo Amaro (SP), o valor comprova a

força econômica do esporte. “É uma indústria que se ca-

racteriza pela potencialidade na geração de empregos e

no estímulo ao turismo, por exemplo.” Ele lembra que,

em um dia de jogo, o comércio do entorno, os vendedo-

res ambulantes e mesmo as empresas de transporte cole-

tivo que possuem linhas até os estádios saem lucrando

com o evento.

Marketing com a bola

O nicho futebolístico pode ser aproveitado por quase

todos os setores da economia, ainda que em diferentes

graus. Antes de investir, no entanto, é preciso avaliar o

retorno direto que uma ação ligada ao futebol pode tra-

zer. “As características do esporte, como o trabalho em

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equipe e a disciplina, devem ser condizentes com as polí-

ticas da empresa. Caso contrário, o público não se con-

vencerá”, alerta Gurgel.

Foi o que aconteceu com a empresa catarinense Pa-

rati, que há quase 15 anos mantém o projeto Bom de

Bola. A iniciativa começou como uma ação de responsa-

bilidade social junto a crianças, educando por meio do

esporte. “Quando formatamos o projeto, pensamos na

modalidade hegemônica para congregar as crianças”,

relata Luiz Carlos Fraga, coordenador do Bom de Bola.

Com a expansão das ações, foi criada uma linha de pro-

dutos que leva o nome do programa, cujas vendas se

revertem em investimentos no projeto. Fraga comenta

que, sem ser o foco principal, a comercialização dos itens

atinge patamares interessantes. “Pelo apelo futebolísti-

co, a linha tem uma participação importante no fatura-

mento anual da empresa.”

Há, ainda, as companhias que investem em esportes e

têm como carro-chefe o futebol. É o caso da rede Cen-

tauro de materiais esportivos, com 62 lojas no Brasil. Para

Cláudio Assis, diretor de Operações do Grupo SBF, pro-

prietário da rede, é impossível imaginar uma loja nesses

moldes sem uma área de exposição com produtos liga-

dos à modalidade. Responsável por 15% do faturamen-

to total, o setor de futebol ganhou novo formato na uni-

dade de Porto Alegre, inaugurada no final de novem-

bro. “Os espaços exclusivos para produtos dos times

locais já estavam em discussão há algum tempo e foram

AO maior espetáculo da Terra

Copa do Mundo de 2014 ainda

está longe de se realizar, mas já

deixou o país sede em polvorosa. As

obras de infra-estrutura necessárias

para a realização dos jogos começam

a ser orçadas e há oportunidades para

todos saírem lucrando. Enquanto go-

vernos e empresas ensaiam parcerias

para construção ou reforma dos está-

dios, a custos avaliados em cerca de

R$ 1,2 bilhão, outros segmentos da

economia, como turismo, hotelaria e

gastronomia, se preparam para rece-

ber turistas.

Tamanha empolgação encontra

respaldo nos números da mais recen-

te edição do evento, ocorrida em 2006

na Alemanha: foram gerados aproxi-

madamente 25 mil empregos, o co-

mércio faturou 2 milhões de euros a

mais naquele ano e os investimentos

feitos em infra-estrutura se reverteram

em melhor qualidade de vida para a

população, o que fez subir a arreca-

dação em impostos. Para Gurgel,

eventos deste porte tendem a render

resultados intangíveis importantes.

“Barcelona, por exemplo, entrou para

o mapa do turismo mundial após a rea-

lização das Olimpíadas de 1992.”

Na Parati, projeto social deu origem a produtos referência no mercado

consumados na capital gaúcha, onde a torci-

da encontra um mix variado de itens relacio-

nados aos clubes.”

Gurgel afirma que qualquer empresa que

queira entrar no ramo deve avaliar se está

madura o suficiente para tanto. “É uma seara

em que atuam grandes corporações, e o jogo

não é fácil.” Ligar sua marca à Seleção Brasilei-

ra ou a um time local, por exemplo, significa

correlacionar valores, o que deve ficar claro para

o consumidor. Para obter o retorno desejado,

não basta confiar na paixão da torcida: é preci-

so ter-se uma boa equipe e um dirigente com

objetivos concretos, como no bom futebol.

Luiz

Car

los

Frag

a/ P

arat

i

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A reprovação

retira a legitimidade

de aumento da carga

tributária por outro

instrumento que não

seja a lei

Projeto de Emenda Constitucional que

previa a prorrogação da CPMF não

recebeu o número de votos necessá-

rios para sua aprovação pelo Senado Federal

e foi rejeitado em 13 de dezembro. Além dos

significados político-partidários, a rejeição

demonstra, finalmente, a consciência da clas-

se política acerca da alta

carga tributária brasileira.

A arrecadação da

CPMF, em 2002, ultrapas-

sou R$ 20 bilhões. Para

2007, estimativas prevêem

que a arrecadação atinja

quase R$ 40 bilhões. É, sem

dúvida, bastante dinheiro

com que o orçamento da

União deixará de contar, o que poderá resul-

tar numa redução de cerca de 0,5 ponto per-

centual no superávit primário brasileiro.

A preocupação que se instala na socie-

dade, agora, é saber como o Governo equi-

librará essa equação, seja reduzindo as des-

pesas que têm crescido vertiginosamente

ou aumentando as alíquotas de tributos já

existentes (hipótese mais provável, considerando o

histórico da atual política fiscal).

O princípio da legalidade, no direito tributário, é

identificado como princípio da autotributação. Parte da

idéia de que são os contribuintes, através dos seus man-

datários (Poder Legislativo), que fixam a própria carga

tributária para financiamento da sociedade e do bem-co-

mum. Assim, a posição tomada pelo Senado deve ser en-

carada como uma clara mensagem da sociedade, por meio

dos seus representantes, para o Poder Executivo, relativa-

mente ao limite atingido pela alta carga tributária no Bra-

sil. A saída, portanto, é controlar as des-

pesas, quantitativa e qualitativamente.

Num sistema republicano, a auto-

nomia de cada poder precipuamente

prevista na Carta Constitucional deve

ser respeitada. Essa é a razão pela qual

instrumentos normativos bizarros, como

a medida provisória, devem ser adota-

dos somente em casos de relevância e

urgência. A reprovação da prorrogação

da CPMF, nesse contexto, retira, previamente, a legitimi-

dade de qualquer tentativa de aumento da carga tributária

por outro instrumento que não seja a lei. Na busca do

superávit, relevância e urgência passam a ser elementos

que devem condicionar a edição normativa visando à re-

dução das despesas, e não ao aumento da carga tributária.

O

conseqüênciasRafael Pandolfo*

Rejeição da CPMF e

*Consultor tributarista da Fecomércio-RS

Ros

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EU, EMPREENDEDOR

Marília Ferlin

Leiloeira, membro das associações americana e brasileira

de Leiloeiros e do Sindicato dos Leiloeiros Públicos

Oficiais do Estado do Rio Grande do Sul, que lançou o

livro Leiloaria no sistema jurídico brasileiro (publicação indepen-

dente) em 2005, durante o IV Congresso Nacional de

Leiloeiros Oficiais (Conalei).

Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três

Atuo no setor de leilões há 25 anos, sendo

que nos três primeiros anos de atividade

apenas auxiliava nos processos. Além

disso, sou professora de português

aposentada e continuo ministrando aulas

de italiano em um instituto de línguas de

Passo Fundo, enquanto termino o curso de

Direito. Minha carreira sempre foi muito

interligada, pois agrego características das

diferentes áreas de atuação em todas as

minhas atividades.

Por sempre gostar de ler e de escrever

– trabalhei por 17 anos com projetos

educacionais na 7ª Delegacia de Ensino do

município – e ser uma pessoa muito

curiosa, me senti desafiada a produzir o

livro Leiloaria no sistema jurídico brasileiro, que

reúne diversas informações sobre o

segmento no Brasil e no mundo.

A idéia surgiu depois que percebi que não

existiam registros sobre o setor, apenas

dos eventos realizados, mais em caráter

de propaganda.

A pesquisa, que durou

aproximadamente quatro anos, precisou

ser feita em livros de latim e italiano, em

enciclopédias e outras fontes, já que só

havia registros isolados da história dos

leilões. A partir de agora, se alguém tiver

interesse em conhecer mais sobre o

universo dos leilões, já terá onde encontrar

as informações.

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m pleno final de ano, quando a expec-

tativa de acréscimo de vendas faz au-

mentarem as contratações temporárias,

a falta de regulamentação sobre a prorroga-

ção destes contratos vinha gerando dor de

cabeça ao departamento de recursos huma-

nos de muitas empresas.

De acordo com o art. 10

da Lei 6.019/74, o contrato

de um mesmo trabalhador

temporário não poderá exce-

der três meses, salvo autori-

zação conferida pelo Minis-

tério do Trabalho e Emprego

(TEM), segundo instruções

normativas a serem baixadas.

Até pouco tempo, o referido diploma legal

era regulamentado pela Instrução Normativa

nº 3/2004, que previa a autorização de uma

única prorrogação, operada de forma auto-

mática, bastando à tomadora uma mera comu-

nicação ao órgão local do MTE. Essa norma,

entretanto, foi revogada em julho pela Instru-

ção Normativa nº 05/2007, que nada dispôs

sobre a possibilidade de prorrogação.

Depois de um período de vazio legal e

incertezas por parte das empresas, finalmen-

te, no dia 23 de novembro, o MTE fez publicar a Porta-

ria nº 225, que regulamenta a prorrogação. Pela nova

regra, o contrato temporário poderá ser prorrogado uma

única vez, pelo mesmo período (três meses). Diferente-

mente do que ocorria na vigência da IN 3/2004, a pror-

rogação não mais se opera de forma automática, deve

ser autorizada pelo MTE. A empresa tomadora deve in-

formar e justificar os pressupostos da contratação tem-

porária (necessidade transitória e acréscimo de serviços),

através de requerimento próprio (conforme anexo à Por-

taria nº 574) protocolado até 15 dias

antes do término do contrato. No pra-

zo de cinco dias do recebimento do pro-

cesso, o Chefe da Seção ou Setor de

Relações do Trabalho – SERET do ór-

gão regional do MTE (DRT/RS) deve

analisar o pedido e decidir pela autori-

zação ou não da prorrogação.

Além de regulamentar a prorroga-

ção, dando-lhe maior segurança jurídi-

ca, ao prever a chancela da DRT/RS, a norma inviabilizará

a discussão em reclamatórias trabalhistas sobre o preen-

chimento dos requisitos da contratação temporária.

De qualquer sorte, sempre convém alertar às empre-

sas que controlem a idoneidade das empresas contrata-

das. Isso porque a responsabilidade (subsidiária) pelo

inadimplemento dos direitos trabalhistas dos trabalha-

dores temporários pode recair sobre a empresa tomado-

ra dos serviços.

Prorrogação dos

temporários

E

Depois de um vazio

legal, finalmente

o MTE fez publicar a

Portaria que

regulamenta

a prorrogação

*Integrante da Flávio Obino Filho Advogados

Eduardo Caringi Raupp*

Arq

uivo

pes

soal

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A essência da estratégia no varejo

O sucesso da GoogleOs jornalistas David A. Vise e

Mark Malseed contam, em Google

– A história do negócio de mídia e tecno-

logia de maior sucesso de nossos tempos

(editora Rocco, 352 páginas), a tra-

jetória de Sergey Brin e Larry Page,

fundadores da Google Inc, uma das empresas que

mais crescem no mundo. Além de apresentar a his-

tória da companhia, a obra traz dicas de como utili-

zar melhor as ferramentas do Google e dados sobre

as finanças da organização.

aumento da competitividade no

varejo brasileiro, que ocorreu

com a chegada de grandes grupos in-

ternacionais, trouxe a necessidade de

maior eficácia na gestão das empresas

do setor. Como enfrentar poderosos

concorrentes, que possuem novas téc-

nicas de administração aliadas a um

grande poder econômico?

A obra Varejo no Brasil, de Juracy Pa-

rente, Ph.D. e consultor organizacional,

orienta o empreendedor sobre a utiliza-

ção de estratégias e táticas para superar

esse desafio. O autor apresenta mode-

los para estruturar o planejamento estra-

tégico, comercial, de marketing, com-

pras, em todos os casos com o objetivo

de melhorar os resultados de vendas.

O desenvolvimento e aplicação des-

sas técnicas aguçam a visão do empre-

sário para os fatores críticos de sucesso

que, freqüentemente, não recebem a

atenção necessária. A apresentação de

produtos, uma atmosfera de compra

que estimule o consumo, o gerencia-

mento do capital humano e de estoques

são alguns aspectos citados por Paren-

te para uma melhor gestão de empreen-

dimentos varejistas.

Apesar de centrar seus exemplos

predominantemente no setor de alimen-

tação, o livro oferece desde análises de

mercado e do comportamento do con-

sumidor até a definição do mix de pro-

l e i a t a m b é m

“A informação e o conhecimento são

ingredientes que se tornarão cada vez

mais importantes para o sucesso de

qualquer empreendimento varejista.

O chamado ‘capital intelectual’, como

Thomas Stewart define, consiste na

capacidade mental coletiva, ou seja,

na soma de conhecimento de todos

em uma empresa, tornando-se o

principal fator que lhe proporciona

vantagem competitiva.”

O

Liderança em análiseEm 21 minutos de poder na vida de um

líder (editora Thomas Nelson Brasil,

400 páginas), John Maxwell propõe

21 lições sobre conceitos de lideran-

ça. A idéia é que cada lição seja lida

em uma semana, com o intuito de

gerar uma absorção lenta dos assuntos. O autor pro-

põe ainda perguntas sobre cada aspecto estudado e

convida o leitor a identificar em sua personalidade as

características relacionadas ao tema, além de dar dicas

sobre como corrigir defeitos e ampliar virtudes.

dutos. Utilizando linguagem acessível,

o autor mostra como utilizar essas fer-

ramentas para uma gestão mais profis-

sionalizada e sintonizada com as novas

exigências do mercado. Além disso, fo-

ram adaptadas para o comércio varejis-

ta técnicas originalmente desenvolvidas

para a indústria por pesquisadores como

Michael Porter e Philip Kotler. Juracy

Parente traduz para o vocabulário do

comércio as teorias desses e outros au-

tores reconhecidos, fato raro na litera-

tura empresarial brasileira.

Juracy Parente

Editora:

Autor:

No de páginas:

Varejo no Brasil– Gestão e Estratégia

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Atlas

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CRÔNICA

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Uma paixão

brasileira

Por Moacyr Scliar

grande escritor gaúcho Vianna Moog,

membro da Academia Brasileira de

Letras, é autor de um texto verdadei-

ramente antológico sobre o futebol. Os bra-

sileiros pobres, diz ele, são figuras tristes,

pessoas desnutridas, sem energia para enfren-

tar os embates da existência. Mas coloquem-

nos num campo de futebol e a transformação

é instantânea: eles “correm 90 minutos, lu-

tam como bravos, não se poupam e não es-

morecem um segundo”. Por que o contraste?

– pergunta o escritor, e ele próprio responde:

“Porque o futebol é algo que eles aprende-

ram a amar desde a infância”.

O Brasil tem com o futebol um caso de

amor, tanto mais fascinante quando se consi-

dera que o esporte não fazia parte de nossa

história. Quem o introduziu no país foi Char-

les Miller, paulista do Brás e filho de pai in-

glês. Em 1874, Miller foi estudar na Inglater-

ra, onde aprendeu a jogar o soccer. Ao regressar, trazendo

consigo uma bola, estava decidido a fazer os brasileiros

praticarem o esporte. De início, aderiram só os ingleses

que trabalhavam nas numerosas empresas britânicas lo-

calizadas em São Paulo. Os paulistas olhavam com es-

panto aqueles homens muito brancos correndo como

malucos atrás de uma bola. Já o escritor carioca Lima

Barreto, mulato, protestava indignado contra o que con-

siderava um estrangeirismo antinacionalista e racista,

coisa de “arrogantes e rubicundos caixeiros dos bancos

ingleses”. Chegou a fundar, em 1919, uma Liga contra o

futebol. Não deixava de ter certa razão: em 1921 o go-

verno recomendou que não fossem incluídos negros nem

mulatos na seleção de futebol que viajaria à Argentina

para disputar um torneio. Isso logo mudou: a partir de

1925, quando times como o Corinthians e o Vasco da

Gama começaram a aceitar jogadores vindos de cama-

das mais pobres – negros, inclusive –, o esporte se de-

mocratizou e passou a fazer parte da cultura popular.

E por que o futebol triunfou no Brasil? Em primeiro

lugar, porque, diferente do beisebol, do basquete, do

hockey, não exige equipamento especial nem espaço fe-

chado; é jogado em qualquer terreno baldio com uma

bola de trapos. Está, pois, ao alcance dos garotos mais

carentes. Mais do que isso, representou a forma de as-

censão social para negros e pobres. Por último, mas não

menos importante, movimenta quantias astronômicas.

Para o bem ou para o mal, o futebol tornou-se empreen-

dimento. É a verdadeira história do patinho feio trans-

formada em realidade.

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