Contribuição da auditoria corporativa na análise crítica doRegina Naito Nohama Borelli CENTRO...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Regina Naito Nohama Borelli Contribuição da auditoria corporativa na análise crítica do sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho São Paulo 2006

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CENTRO UNIVERSITRIO SENAC Regina Naito Nohama Borelli Contribuio da auditoria corporativa na anlise crtica do sistema de gesto da segurana e sade no trabalho

So Paulo 2006

Regina Naito Nohama Borelli Contribuio da auditoria corporativa na anlise crtica do sistema de gesto da segurana e sade no trabalho

DissertaoapresentadaaoCentro Universitrio Senac Campus Santo Amaro, comoexignciaparcialparaobtenodo Ttulo de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Dorival Barreiros So Paulo 2006

Borelli, Regina Naito Nohama Contribuiodaauditoriacorporativanaanlisecrticado sistema de gesto da segurana e sade no trabalho / Regina Naito Nohama Borelli So Paulo, 2006. 89 f. Dissertao(Mestrado)CentroUniversitrioSenac CampusSantoAmaro.(Mestradoemgestointegradaem sade do trabalho e meio ambiente) Orientador: Prof. Dr. Dorival Barreiros 1. Sistema de gesto da segurana e sade no trabalho 2. Auditoria3. Anlise crtica I.Ttulo

Aluno: Regina Naito Nohama Borelli Ttulo:Contribuiodaauditoriacorporativana anlisecrticadosistemadegestodaseguranae sade no trabalho Dissertao apresentada ao Centro Universitrio Senac CampusSantoAmaro,comoexignciaparcialpara obteno do Ttulo de Mestre Orientador: Prof. Dr. Dorival Barreiros A banca examinadora das dissertaes de mestrado em sesso pblica realizada em __/__/__ considerou o(a) candidato(a): 1.Examinador(a) 2.Examinador(a) 3.Presidente

Dedico este trabalho ao meufilho Felipe.

AGRADECIMENTOS

A Deus por estar sempre ao meu lado em todos os momentos. Ao orientador prof. Dr. Dorival Barreiros, por me guiar desde a concepo do projeto commuitasabedoriaedisposio,agregandoumvalorimensurvelaomeu aprendizado acadmico. Muito obrigada! AoesposoMrio,peloapoio,foraecompreensodesempre,epormesuportar nos momentos em que eu mesma no me suportava. Ao filho Felipe, por ser to especial e comemorar cada pgina escrita deste trabalho, que parecia no ter fim. AopaiCarlos,eameemelhoramigaRiroko,pelacolaboraoetorcidana concluso de mais uma etapa importante de minha vida.

RESUMO O sistema de gesto da segurana e sade no trabalho um processo estruturado que pode auxiliar as organizaes a melhorar progressivamente o desempenho da SST.UmdosmodelosmaisdifundidosaOccupationalHealthandSafety Assessment Series OHSAS 18001, que estabelece os elementos mnimos de um sistema de gesto. Entre eles destacam-se a verificao e ao corretiva no requisito auditoria e a anlise crtica. Esta dissertao tem como objetivo evidenciar a importncia da auditoria corporativa na gerao de informaes para a anlise crtica do sistema de gesto da segurana esadenotrabalho.Paraisto,osprocedimentosmetodolgicosenvolverama revisodeliteraturasobreaanlisecrtica,demonstrandosuaimportnciana melhoria contnua e o mtodo exploratrio analtico para compreender a importncia dos resultados das auditorias corporativas na anlise crtica do sistema de gesto da SST. Osaspectosconclusivosevidenciaramqueaanlisecrticaprovosmecanismos para o processo de melhoria contnua, por meio do exame realizado pelo tomador de deciso para verificar o funcionamento do sistema de gesto da SST e promover as aes necessrias, para atingir os resultados esperados pela organizao. Por outro lado,aauditoriacorporativaforneceinformaesconsistentesparaotomadorde decisesnestaanlise,umavezqueidentificamonveldematuridade,as discrepnciasepermiteaanlisedascausas-razespertinentesembuscade solues, agregando valor ao sistema por enfocar as questes-chave,tornando o sistema de gesto da SST um instrumento com maior consistncia e agilidadepara auxiliar e melhorar o desempenho da SST. Palavras-chave:Sistemadegestodaseguranaesadenotrabalho;Auditoria;Anlise crtica.

ABSTRACT The occupational health and safety management system is a structured process that can help the organizations to improve the OH&S performance progressively.One of the spread models is Occupational Health and Safety AssessmentSeries - OHSAS 18001,thatestablishestheminimumelementsofamanagementsystem.Among themthestandoutelementsarethecheckingandcorrectiveactioninthe requirement audit and the management review. This dissertation has as objective to evidence the importance of the corporate audit in the generation of information for the management review of the occupational health andsafetymanagementsystem.Forthis,themethodologicalproceduresinvolved the literature revision on the management review, demonstrating its importance in the continualimprovementandtheanalyticexploratorymethodtounderstandthe importanceoftheresultsofthecorporateauditsinthemanagementreviewofthe OH&S management system. Theconclusiveaspectsevidencedthatthemanagementreviewprovidesthe mechanismsfortheprocessofcontinualimprovement,bymeansoftheexam accomplished by the decision make to verify the operation of the OH&S managementsystem and to promote the necessary actions, to reach the results expectedby the organization. On the other hand, the corporate audit provides consistent information forthedecisionmakeinthisanalysis,onceitidentifiesthelevelofmaturity,the discrepanciesanditallowstheanalysisofthepertinentroot-causesinsearchof solutions, joining value to the system for focusing the subject-key, turning the OH&S management system an instrument with larger consistency and agility to helpand to improve the OH&S performance. Keywords: Occupational health and safety management system; audit; management review.

LISTA DE ILUSTRAES Figura 1: Principais elementos do sistema de gesto da SST .....................................15 Figura 2: Elementos da gesto da sade e segurana baseado na HSG65................16 Figura 3: Elementos da gesto bem sucedida da SST ................................................19 Figura 4: Elementos com os requisitos da gesto da SST...........................................20Figura 5: Verificao e ao corretiva..........................................................................22 Figura 6: Fluxo do processo de gesto deum programa de auditoria.......................25 Figura 7: Viso geral das atividades tpicas de auditoria............................................27 Figura 8: Conceito de competncia .............................................................................29Figura 9: Anlise crtica pela administrao ................................................................31 Figura10: Elementos de sustentao do ciclo de melhoria contnua..........................39Figura 11: Nvel de maturidade do sistema de gesto da qualidade (SGQ)...............40 Figura 12: Evoluo do sistema de gesto da qualidade (SGQ) .................................42

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Resumo da anlise do relatrio de auditoria em Trinidad e Tobago...........55 Quadro 2: Resumo da anlise do relatrio de auditoria na Colmbia..........................61 Quadro 3: Resumo da anlise do relatrio de auditoria no Brasil ................................66 Quadro 4: Resumo da anlise do relatrio de auditoria na Venezuela........................71 Quadro 5: Resumo da anlise do relatrio de auditoria no Brasil II .............................76

LISTA DE SIGLAS ABNT AssociaoBrasileira de Normas Tcnicas BSBritish Standards BSI British Standards Institution IAF International Accreditation Forun ILO International Labour Office ISOInternationalOrganization for Standardization LER Leses por Esforos Repetitivos NBR Norma Brasileira Registrada OHSASOccupational Health and Safety Assessment Series OITOficina Internacional del Trabajo OSHOccupational Safety and Health PDCAPlan Do Check Act SGQ Sistema de Gesto da Qualidade SGSST Sistema de Gesto da Segurana e Sade no Trabalho SSTSegurana e Sade no Trabalho SUDS Sudden Unexpected Death Syndrom

SUMRIO 1 INTRODUO.............................................................................................. 01 1.1 Contextualizao do tema............................................................................................. 01 1.2 Objetivos......................................................................................................................... 04 1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 041.2.2 Objetivos Especficos.......................................................................................... 04 1.3 Estrutura do trabalho.............................................................................................. 05 2REVISO DA LITERATURA ....................................................................... 06 2.1 A globalizao e o mundo do trabalho....................................................................... 06 2.2 A sade e segurana dos trabalhadores.................................................................. 09 2.3 Sistema de gesto da segurana e sade no trabalho............................................. 12 2.3.1. Diretrizes sobre sistemas de gesto da segurana e sade no trabalho ILO OSH 2001 ....................................................................... 14 2.3.2. Modelo de gesto definido pela BS 8.800 ....................................................... 15 2.3.3. Modelo de gesto definido pela OHSAS18001................................................ 17 2.4 Auditoria no sistema de gesto da SST..................................................................... 22 2.4.1 Definies de auditoria...................................................................................... 23 2.4.2 Objetivos da auditoria........................................................................................ 24 2.4.3 Programa de auditoria ....................................................................................... 24 2.4.4 Atividades de auditoria...................................................................................... 25 2.4.5 Competncia e avaliao de auditores ............................................................ 28 2.4.6 Tipos de auditoria............................................................................................... 30 2.5 Anlise crtica............................................................................................................... 31 2.5.1 Definies ........................................................................................................... 31 2.5.2 Tomada de deciso nas organizaes ............................................................ 35 2.5.3 Melhoria contnua .............................................................................................. 38 3 METODOLOGIA ........................................................................................... 44 4 ANLISE DOS RESULTADOS.................................................................... 52 4.1 A importncia da anlise crtica................................................................................... 52 4.2 Anlise dos relatrios daauditoria corporativa........................................................ 54 5CONSIDERAES FINAIS......................................................................... 84 REFERNCIAS......................................................................................... 87 11 INTRODUO 1.1 Contextualizao do tema Sistemadegestodaseguranaesadenotrabalho-SGSST-um processoestruturadoquepodeauxiliarasorganizaesamelhorar progressivamente o desempenho da segurana e sade no trabalho. Entretanto,paraalcanaressamelhoriafaz-senecessrioqueas organizaescriemascondiesparaformarascompetnciasquerespondam adequadamentenecessidadedecumprirdiferentesrequisitospreconizadosem procedimentos, diretrizes, guias, normas e especificaes estabelecidos. Alm disso, importantequeasorganizaescriemascondiesparaqueasquestesda seguranaesadeestejamincorporadasaoseujeitodeser,ouseja,suacultura organizacional. imprescindvel que esses requisitos sejam permanentemente ajustados em funo do aprendizado organizacional decorrente do funcionamento do sistema. Este ajuste ir assegurar que o SGSST adquira a maturidade necessria e se consolide aolongodotempo,proporcionandoorganizaouminstrumentocadavezmais consistenteparaquepossaauxili-lanatarefadeidentificar,analisarecontrolar seus riscos com eficincia.UmdosmodelosmaisdifundidossobreSGSSTentreasorganizaesa OccupationalHealthandSafetyAssessmentSeries-OHSAS18001-que estabeleceoselementosmnimosquedevemsercontempladosparaquea organizaopossaconceber,implementaremanterumsistemadegestoda seguranaesadenotrabalho.Entreeles,destacam-seaverificaoeao corretiva no requisito auditoria e a anlise crtica do sistema de gesto, os quais so fundamentaisparaassegurarapromoodosajustesnecessriosparaqueo sistema responda adequadamente aos desafios da organizao quanto a SST. Este trabalho visa demonstrar a importncia da auditoria e da anlise crtica para o tomador de deciso, o qual ir adotar novos procedimentos ou ajust-los a partir das informaes produzidas por esses processos, a fim de tornar o sistema de gesto da segurana e sade no trabalho um instrumento com maior consistncia e agilidadeparamelhorarcontinuamenteaeficciadosresultadosdesejadosem relao segurana e sade no trabalho. 2Aauditoriaumainvestigaosistemticaqueverificaaprofundidadede adeso das prticas da gesto organizacional com os requisitos estabelecidos pelo sistema de gesto eleito pela organizao. A anlise crtica, por outro lado, o exame feito pelo tomador de deciso para verificarofuncionamentodosistemadegestodaSST,contribuindoparaquea organizaoconfronteeeventualmenteincorporenovospressupostosquelhe permitiroagirsobreasvulnerabilidades,apartirdeestratgiasmaisefetivasque devero ser implementadas.Umdosdadosnecessriosparaestaanliseapartirdosresultadosdas auditoriasrealizadas.Portanto,quantomelhorforaqualidadedasinformaes geradasapartirdasauditorias,melhoresseroasanlisesarespeitodocorreto funcionamentodosistemadegestodaSST,paraqueesteresponda adequadamente ao que se deseja. Existem diferentes maneiras pela qual o processo de auditoria executado. A organizaopoderealizarauditoriasdeprimeiraparte,empregandoseusprprios recursosoueventualmente,designarumterceiroque,emseunome,realizea auditoria. Nessecaso,aorganizaointeressadanaauditoriadefinediretrizescom basenasuapolticaenosistemadegestodaSSTadotadoquedeveroser seguidasporelaoupeloterceirodesignadopararealizaressasauditorias.Essa auditoria tambm conhecida como auditoria corporativa. A auditoria corporativa no explicitamente mencionada pela OHSAS 18001, masessemodelodesistemadegestodaSSTquedefineaauditoriacomo elementofundamentalparadeterminarseasatividadeseresultadosrelacionados estoemconformidadecomasprovidnciasplanejadas,seestoefetivamente implementadasesoadequadasparaatenderpolticaeaosobjetivosda organizao. 3A proposta deste trabalho surgiu a partir da experincia profissional do autor na Amrica Latina e Caribe, atuando como auditor lder para rgos certificadores e em auditorias corporativas de segurana e sade no trabalho e meio ambiente em empresas multinacionais. Essa trajetria profissional permitiu constatar a importncia queasauditoriascorporativaseasanlisescrticasadquiriramparaconsolidaro sistema de gesto da SST. Tambm para que haja melhor compreenso sobre elas nas organizaes as quais podero encontrar elementos, a fim de assegurar que o sistema de gesto possa se consolidar cada vez mais e, desta forma, contribuir para atingir os resultados desejados.Otemaoportuno,poisasorganizaes,demodogeral,esto implementandoosistemadegestodaSSTcomoinstrumentoparaauxiliare melhorar o desempenho da SST. 41.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral Evidenciar a importncia da auditoria corporativa na gerao de informaes para a anlise crtica do sistema de gesto da segurana e sade no trabalho. 1.2.2 Objetivos especficos a) mostraraimportnciadaanlisecrticanoprocessodemelhoriacontnuado sistema de gesto da segurana e sade no trabalho;b) avaliar o que pode ser feito com as informaes obtidas a partir dos resultados de auditoria corporativa para a contribuio no processo de anlise crtica. 51.3 Estrutura do trabalho Visandoalcanarosobjetivospropostospelapesquisa,estetrabalhofoi estruturado em cinco captulos. Ocaptulo1contextualizaotemadepesquisa,bemcomo,apresentaos objetivos deste estudo.O captulo2 apresenta a reviso da literatura. A reviso foi desenvolvida a partirdecincotemascentrais:aglobalizaoeomundodotrabalho,asadee seguranadostrabalhadores,osistemadegestodaseguranaesadeno trabalho, a auditoria no sistema de gesto da SST e a anlise crtica. Ocaptulo3apresentaosprocedimentosmetodolgicosqueguiaramo desenvolvimento deste trabalho, envolvendo os seguintes elementos: levantamento bibliogrfico para a compreenso do SGSST e da anlise crtica, demonstrando sua importncianamelhoriacontnuadosistemadegestodaSSTeanlisedos resultadosdecincorelatriosdeauditoriascorporativaspormeiodoscritriosde avaliao definidos. No captulo 4 os resultados da pesquisa so apresentados e analisados.No captulo 5 so discutidas as consideraes finais da pesquisa. 62 REVISO DA LITERATURA 2.1 A globalizao e o mundo do trabalho As relaes entre trabalho e sade dos trabalhadores, a partir do sculo XXI, vmganhandonovadimensodentrodoprocessodeglobalizaoou mundializao, com o estabelecimento de novos paradigmas do conhecimento nos camposdaEconomia,daPoltica,daCincia,daCultura,daInformaoedo Espao.Ocenriomundialapresenta-secomoumuniversomltiploecomplexo, caracterizado por crescente internacionacionalizao da produo, do mercado, do trabalho e da cultura. importante destacar as contradies e conflitos existentes no interior do processo que sugerem oportunidades de interveno e de mudana social na direo de uma sociedade mais justa e eqitativa. DeacordocomSantos(2001),ocrescimentoedominaodaeconomia mundialsobagidedascorporaestransnacionais(TNCs)caracterizamo processo de globalizao, nos quais se destacaram o crescimento em nmero, poder einvestimentodiretodasTNCs.Aemergnciadeummundoeconmicotripolar, liderado pelos interesses competitivos dos Estados Unidos, Unio Europia e J apo e a promoo de free trade no interior e entre esses blocos, por meio da agenda de ampliaoederegulamentaoimpostapelasTNCstrouxeramaerosoda soberaniaepoderdosEstadosNacionaiscompressesparareduoefetivados gastossociais.Conseqentemente,aumentandoainstabilidadenossetores produtivosefinanceiro,caracterizadaporpagamentosepadresmonetrios internacionais e ampliao da disparidade na distribuio das riquezas no interior e entreasnaes.Estenovocontextoeconmico-financeirogerouoaumentodo stressambiental,bemcomo,damarginalizaosocial,polticaeeconmicade grande parte da populao mundial. Portanto, dando origem a dinmica econmica dealgunspasessubdesenvolvidos(China,pasesdoSudesteAsitico,por exemplo),comnovosfluxosdeimigraes(doLesteEuropeu,fricaesiaeda Amrica Latina) em direo dos pases ricos que criaram, de um lado, novas tenses e, de outro, novos desafios sociais, polticos e culturais. 7Dias (2005) destacou o desenvolvimento do movimento social de iniciativas de oposio e enfrentamento dessa situao, ainda que isoladas, fortes, possibilitando a expanso dos mercados internos e do exerccio da solidariedade internacional. Este mododeproduziredistribuirriquezasdeterminouprofundasmudanassobreas condies de vida das populaes, particularmente no mundo do trabalho.As condies dessa nova ordem mundial aparecem, tambm, refletidas sobre o trabalho, os nveis de emprego, meio ambiente e nveis de sade das populaes e dos trabalhadores em particular. SegundoestudosrealizadosporMattelard(1994)sobreosimpactosno mundo do trabalho destacam-se:a)aintroduodetecnologias,particularmentedaautomaoedarobtica substituindo o trabalho do homem;b)o declnio das atividades de manufatura e o crescimento do setor de servios,a introduo de novos processos de produo e gesto do trabalho, gerando novos riscos para a sade e o meio ambiente;c)a proliferao de pequenas unidades de produo, com maior dificuldade para a organizao;d)aumento da mobilidade das unidades de produo e das empresas, resultando em aumento da competio global pelo emprego;e)aumento dos nveis de desemprego em vrias regies do globo;f)aumento da intensidade e durao do trabalho, levando ao conseqente aumento do stress e das doenas dele decorrentes;g)aumento do trabalho realizado no domiclio, do trabalho em tempo parcial e sazonal, levando precarizao das condies do trabalho;h)diminuio dos nveis de remunerao e pagamento pelo trabalho realizado. Diantedessequadro,observa-seumaverdadeirarevoluonanaturezado trabalhoenapercepodeseupapelpelasgerncias,sobretudonotrabalho produtivo na indstria e nos servios, obrigando a uma reviso radical do papel do trabalho nas estratgias de produo das empresas. 8A difuso das novas tecnologias de produo associadas s novas tcnicas degestoeprogressivasofisticaotecnolgicadosprodutosexigema recuperao da inteligncia da produo, vista at ento, como um rudo indesejvel na organizao taylorista do trabalho (SANTOS, 2001). 92.2 A sade e segurana dos trabalhadores Asprofundasmudanasobservadasnosprocessosdetrabalho, particularmente, na organizao e na globalizao no foram, ainda, adequadamente avaliadas. No entanto, em alguns setores produtivos, j so mais conhecidos ou tm sido estudados com maior profundidade como o da informtica, o trabalho com vdeo terminais, os processos automatizados e a robtica. Abuscadoaumentodaprodutividadeereduodoscustossofatores determinantes das mudanas nos setores produtivos, geralmente, acompanhadas da reduodonmerodepostosdetrabalhoedoscritriosderemuneraodos trabalhadores, mas no so necessariamente seguidas pela melhoria das condies de trabalho. Freqentemente,ocrescimentodaprodutividadeconseguidopela combinao do aumento do ritmo do trabalho, diminuio das pausas de descanso e aumentodacargaderesponsabilidadedostrabalhadores.Asomadessesfatores gerouimpactossobreasadeeseguranadostrabalhadorestraduzidospor verdadeirasepidemias,observadosuniversalmente,nasdoenasocupacionaispor movimentosrepetitivos,includasnogrupodaLER(LesesporEsforos Repetitivos).Outrasdoenaspoucoespecficasemalconhecidastmaparecido, sob a forma discreta ou grave, de manifestaes de stress ou de sofrimento mental, decorrentes das novas exigncias impostasaos trabalhadores, alm da solicitao de mais ateno, disponibilidade e responsabilidade por toda uma linha de produo. Enquanto os antigos processos possuam seus fatores de stress na forma da monotonia - tarefas repetitivas - eliminando a capacidade de inovao e criao dos trabalhadores,osnovossistemasdeproduotrazemoutrosincentivos,porm introduzem outros fatores de stress, particularmente a insegurana e a competio. Para entender a intimidade e complexidade desses processos e suas conseqncias nasade-doenadostrabalhadoressonecessriosestudosmaisabrangentese interdisciplinares. 10Dias (2005) relata o episdio da ocorrncia de alta incidncia da sndrome de morterpidaeinexplicadasuddenunexpecteddeathsyndrom(SUDS),entre trabalhadorestailandesesemSingapuraeoutrossemelhantes.Essasmortes parecemdecorrerdacombinaodostressprovocadopormudanasbruscasno estilo de vida prprio de culturas milenares, para outras tpicas de pases altamente industrializados de vida urbana , em ambientes competitivos, nas quais o stress, causado por trabalhos fsicos intensos em situao de sobre-trabalho, somam-se a microambienteshostis(episdiossemelhantesforamdescritosnosprimrdiosda histria da colonizao brasileira, entre os indgenas escravizados). No J apo, o fenmeno da morte por excesso de trabalho conhecido como karoshi, caracterizado por morte sbita, usualmente entre adultos na faixa de 30 a 40 anos, aps um perodo prolongado de trabalho intensivo. A causa imediata da morte usualmenteum"ataque".Assim,entreosproblemasdesade-doenados trabalhadores,merecemdestaqueapersistnciadealtosndicesdedoenas relacionadas s condies de trabalho e meio ambiente e dos acidentes socialmente distribudos de modo desigual. Pode-se dizer que as conseqncias para a sade dos trabalhadores e o meio ambienteconfiguramumaquestoextremamentecomplexa.Representamuma combinaodeproblemasbasais,aosquaisseagregamoutros,emergentes, decorrentes do processo de globalizao. Noquesereferesadedostrabalhadoresimportanteconsiderar, particularmente nos pases do chamado "terceiro mundo", a persistncia de antigas formasdeproduo.Caracterizando-sepelabaixacapacitaotecnolgica, processos artesanais e/ou mecanizados inspirados no setor industrial, nos princpios fordistas e tayloristas, sob relaes de trabalho diversas, desde o trabalho escravo passando por distintas formas de parcerias, trabalho informal e alta rotatividade de mo de obra. A co-existncia deste duplo padro de produo se reflete no chamado duplo perfildemorbi-mortalidadetomando-secomoexemploasantigasdoenas profissionais,comoasintoxicaesporchumboemercrio.Asilicoseeoutras doenaspulmonaresealtosndicesdeacidentesdotrabalhoconvivemcoma ocorrnciaelevadadecasosdeLesesporEsforosRepetitivos,cncereo sofrimento mental. 11As conseqncias do trabalho realizado em condies inadequadas geraram muitosestudosqueenvolveramnosaMedicinacomotambmaArquiteturae EngenhariaIndustrialnaconcepodelayoutquerespeitamaposturado trabalhador, o estudo do tempo e movimentos nos postos de trabalho, objetivando maior produtividade. As empresas precisaram se modernizar para no perderem seu efetivo e para que cumprissem as normas do Ministrio do Trabalho que protegem ostrabalhadorescontraambientesinsalubresehorasextrasexcessivas,por exemplo.Atualmente as empresas admitem a necessidade do descanso aps o almoo. Muitas delas oferecem salas especiais para acomodar seus funcionrios, contratam terapeutas corporais para exercitar os trabalhadores antes de cada turno de trabalho e ainda h casos de empresas que possuem salas de ginstica.Ofatorpropulsordetodasessasadequaespautou-senasadedo trabalhador.Manterumfuncionrioafastadodesuasfunesonerosoparaas empresasepagarindenizaesporsituaesinadequadasdetrabalho,nos implicaemgastos,comotambm,fereaimagempblicadaempresa,aspectode responsabilidade social altamente considerado no mundo globalizado. 122.3 Sistema de gesto da segurana e sade no trabalhoA preocupao com o SGSST ocorreu paralelamente com a necessidade da qualificaodostrabalhadorespelasorganizaes.ConformeBarreiros(2002)as mudanas que ocorreram, a partir da dcada de 80, no contexto social, econmico, poltico e tecnolgico refletiram no ambiente de trabalho que sofreu transformaes no mbito das relaes de trabalho concernentes sade e segurana, obrigando, decertaforma,asempresasaadotaremsistemaseficientesdegestoque contemplassem as novas formas de produo. A Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT (2005, p.9) que publicou aNBRISO9000definesistemadegestocomo:conjuntodeelementosinter-relacionados ou interativos para estabelecer poltica e objetivos, e para atingir estes objetivos. Asconseqnciassobreaquantidadeequalidadedoempregoeparaas prticas de gesto do trabalho so imediatas e radicais. Surge, em decorrncia, um trabalhore-profissionalizadoqueexigemaiorqualificaodaforadetrabalhoeescolaridadedostrabalhadores,bemcomo,alternativasouestratgiasdegesto que levem cooperao por parte dos trabalhadores. Informes estatsticos das Naes Unidas (2000) abordaram a necessidade de que,nosprximosdezanos,oplanetaterquegerar,nomnimo,umbilhode empregos.Noentanto,hnomundo37milmultinacionais,com200milfiliais espalhadaspelosvriospasesasquaisrespondempor33%dosativosglobais, gerando apenas 5% do emprego global. Narealidade,oquejsepodeobservar,constituindoumapreocupao crescente de mbito mundial, a possibilidade de uma sociedade de trabalhadores sem trabalho. Tendo como conseqncia a gerao mltiplos problemas decorrentes daalteraodafontebsicadaidentidadepsicolgica,deinserosociale socializaodefinidapelotrabalhoremunerado,queviabilizaoacessoabense servios e o exerccio de direitos de cidadania, produzindo, tambm, novas formas deadoecimento,individualecoletivo e profundas repercusses navidasocial (DIAS, 2005). 13Sistema de gesto da segurana e sade no trabalho - SGSST um processo estruturadoparaatingiramelhoriacontinuaeauxiliarasorganizaes,desdeque contemplemosrequisitosnormativosesejadevidamenteimplementadoemantido ao longo do tempo, para produzir os efeitos desejados. tambm um instrumento queauxiliaasempresasacontrolaremosriscosdeacidentesedoenas ocupacionais, bem como, na melhoria de desempenho.Para a British Standards Institution - BSI (1999, p.2) que publicou a OHSAS 18001,odesempenhodefinidocomo:resultadosmensurveis(queincluia mensuraodeatividadeseresultadosdoSGSST),relacionadosaocontroleda organizaosobreseusriscosseguranaesade,combaseemsuapolticae objetivos de SST. ABSI(1999,p.2)defineosistemadegestodaseguranaesadedo trabalho como: [...]" partedosistemadegestoglobalquefacilitaogerenciamento dos riscos de segurana e sade do trabalho associados aos negcios dasorganizaes.Inclui-seaestruturaorganizacional,atividadesde planejamento,responsabilidades,prticas,procedimentos,processos erecursosparadesenvolver,implementar,atingir,analisar criticamenteemanterapolticadeseguranaesadedotrabalhoda organizao . Osmodelosdesistemasdegestodaseguranaesadenotrabalho,de acordo com Barreiros (2003), caracterizam-se por incorporar o princpio da melhoria contnua. Este princpio permite a integrao da gesto da SST com outros sistemas de gesto nas empresas, demonstrando o comprometimento da alta direo com o atendimentodasdisposiesdapolticaeobjetivosestabelecidospelaempresa, bem como, auxilia a organizao a demonstrar s partes interessadas a necessidade da preveno para se evitar as aes corretivas.A seguir, abordaremos trs modelos de SGSST: a International Labour Office ILO-OSH (2001), a BSI (2004) e a BSI (1999). 142.3.1. Diretrizes sobre sistemas de gesto da segurana e sade no trabalho ILO-OSH 2001 A ILO-OSH (2001) elaborou as diretrizes sobre o SGSST conforme princpios acordadosinternacionalmenteedefinidospelosseusconstituintestripartites.As recomendaes e prticas destas diretrizes so destinadas ao uso de todos aqueles quetenhamresponsabilidadepelagestodaseguranaesadenotrabalho.Por seremrecomendaes,nopossuemcarterobrigatrioenotmporobjetivo substituiralegislaonacionalnemasnormasaceitas.Suaaplicaonoexige certificao.Estas diretrizes contribuem para proteger os trabalhadores contra fatores de risco,eliminarleses,doenas,incidentes,degradaesdasadeemortes relacionadas ao trabalho. No plano nacional, as diretrizes devem: a) servirparacriarumaestruturanacionalparaossistemasdegestodaSST sustentados, preferencialmente, por legislao nacional; b) fornecerorientaoparaodesenvolvimentodemecanismosvoluntriosque reforcemocumprimentoderegulamentosepadres,ecomvistasmelhoria contnua dos resultados em matria de SST; c) fornecer orientaes sobre o desenvolvimento tanto de diretrizes nacionais como de diretrizes especficas relacionadas aos sistemas de gesto da SST, a fim de responderadequadamentesnecessidadesreaisdasorganizaes,deacordo com o seu porte e a natureza de suas atividades (ILO-OSH, 2001). No mbito da organizao, as diretrizes se propem a: a) fornecer orientao sobre a integrao dos elementos do sistema de gesto da SSTnaorganizaocomoumcomponentedapolticaedosmecanismosde gesto; b) motivar todos os membros da organizao em particular os empregadores, os proprietrios,opessoaldedireo,ostrabalhadoreseseusrepresentantes para que apliquem os princpios e os mtodos adequados de gesto da SST para a melhoria contnua dos resultados nessa rea (ILO-OSH, 2001). 15Afigura1,apresentadaaseguir,ilustraosprincipaiselementospara estabelecer um sistema de gesto da segurana e sade no trabalho, constitudo da poltica,organizao,planejamentoeimplementao,avaliaoeaopara melhorias. Figura 1 - Principais elementos do sistema de gesto da SST Fonte: adaptada pelo autor da ILO-OSH, 2001 2.3.2. Modelo de gesto definido pela BS 8800 OBSI(2004),guiabritnicodenominadoBS8800,publicadoem1996e revisadoem2004,forneceorientaessobresistemadegestodaseguranae sade no trabalho para assistir s organizaes no atendimento poltica e objetivos de SST e como deve ser integrada no sistema de gesto global, a fim de minimizar osriscosparaempregadoseoutros,aprimorarodesempenhodosnegciose auxiliar as organizaes a estabelecer uma imagem responsvel onde atuam. 16A figura 2 ilustra os elementos propostos de um sistema de gesto da SST, incluindoaanlisecrticadasituao(inicialouperidica);polticaeobjetivos; organizao; planejamento e implementao; medio do desempenho e a auditoria, bem como, a interao entre eles, com destaque para a auditoria, que interage com todos os elementos por permitir umaavaliao crtica dos mesmos. Figura 2 - Elementos da gesto da sade e segurana baseado na HSG65Fonte: BSI, 2004 172.3.3 Modelo de gesto definido pela OHSAS 18001 J aBSI(1999)publicouaOHSAS18001comaparticipaode13 organizaes.Estaespecificaoatendenecessidadedasempresasteremde demonstrar o comprometimento para com a segurana e sade de seus funcionrios e contratados, estabelecendo os requisitos de um SGSST para o controle dos riscos ocupacionaisemelhoriadedesempenho.Aindanopossuiocarterdenorma nacionalouinternacional,maspodeserutilizadaporqualquerorganizaoque deseje: a) estabelecer um sistema de gesto da SST para eliminar ou minimizar riscos aos funcionrios e outras partes interessadas que possam estar expostos aos riscos de SST associados as suas atividades; b) implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gesto da SST; c) assegurar-se de sua conformidade com sua poltica de SST definida; d) demonstrar tal conformidade a terceiros; e) buscarcertificao/registrodoseusistemadegestodaSSTporuma organizao externa;f)realizarumaauto-avaliaoeemitirautodeclaraodeconformidadecomesta especificao (BSI, 1999). A BSI (1999) tem sua estrutura fundamentada no ciclo de melhoria contnua denominado PDCA (Plan, Do, Check, Act) que significa, planejar, executar, verificar e agir. Tambm conhecido como ciclo de Deming que teve origem na gesto da qualidade. DeacordocomWalton(1989)cadaetapadesteciclocompreendeas atividades descritas abaixo: a)planejar - estudo do processo e deciso das mudanas necessrias;b)executar - implementao das mudanas; c)verificar - observao dos efeitos das mudanas; d)agir - estudo dos resultados e verificao dos efeitos colaterais. Combasenesteciclo,aBSI(1999)foiestruturadaemseiselementos fundamentais: 181.poltica:deveserapropriadanaturezaeescaladosriscosdeSSTda organizao, incluindo o comprometimento com a melhoria contnua, bem como,ocomprometimentocomoatendimento,pelomenos,legislaovigentede Segurana e Medicina do Trabalho aplicvel, e a outros requisitos subscritos pela organizao.Deve,tambm,serdocumentada,implementada,mantidae comunicadaatodososfuncionrios,comoobjetivodequeelestenham conhecimentodesuasobrigaesindividuaisemrelaoSST,assimcomo, estejadisponvelparaaspartesinteressadas,sejaperiodicamenteanalisada criticamente,paraassegurarquepermanecepertinenteeapropriada organizao; 2.planejamento:paraidentificaodeperigoseavaliaoecontrolederiscos; requisitos legais e outros requisitos; objetivos e programa (s) de gesto da SST; 3.implementaoeoperao:estruturaeresponsabilidade;treinamento, conscientizao e competncia; consulta e comunicao; documentao; controle de documentos e de dados; controle operacional; preparao e atendimento as emergncias; 4.verificaoeaocorretiva:monitoraoemensuraododesempenho; acidentes,incidentes,no-conformidadeseaescorretivasepreventivas; registros e gesto de registros; auditoria; 5.anlisecrticapelaadministrao:aaltaadministraodaorganizao,em intervalosporelapredeterminados,deveanalisarcriticamenteosistemade gestodaSST,paraassegurarsuaconvenincia,adequaoeeficcias contnuas;6.melhoriacontinua: processo de aprimoramento do sistema de gesto da SST, visando melhorias no desempenho global da segurana e sade no trabalho, de acordo com a poltica de SST da organizao. 19A figura 3, abaixo, sugere a importncia da presena desses elementos para a busca do processo de melhoria contnua. Figura 3 - Elementos da gesto bem sucedida da SST Fonte: BSI, 1999 Cabe a organizao estabelecer e manter um sistema de gesto da SST que atendaoselementosdiscriminados nos requisitos estabelecidos pela BSI (1999) a fim de assegurar que esse processo auxilie na busca da melhoria do desempenho da SST. Afigura4apresentadaaseguir,ilustraosrequisitosquecompemcada elemento deste modelo de gesto. 20 Figura 4 - Elementos com os requisitos da gesto da SST Fonte: adaptada pelo autor da BSI, 1999 Emsetratandodeorganizaes,osobjetivosdoSGSSTenglobama eliminaooureduodosriscosdetrabalho,aintegraodoselementosdo SGSST com outros sistemas de gesto das organizaes, alm da implementao, manutenoemelhoriacontnuadasaes.Nesteprocessoestincludaa motivaodetodososmembrosdaorganizaoparaaplicaodosprincpiose procedimentosdefinidos,paradarvisibilidadespartesenvolvidasnomodelo adotado pela organizao para melhoria do desempenho da segurana e sade no trabalho. De acordo com Silva (2002), as organizaes que alcanam alto padro em SSTsoestruturadasparacolocaremprticataispolticas.Esseprocesso apoiado a partir da criao de aes pr-ativas que assegurem o envolvimento e a participao de toda a equipe. 21combasenestemodelodegestopropostopelaBSI(1999)queas questesprincipaissobreauditoriaeanlisecrticaforamfundamentadasnesta dissertao. 222.4 Auditoria no sistema de gesto da SST Um dos requisitos imprescindveis para o sucesso de uma gesto da SST est no elemento verificao e ao corretiva, na qual se encontra a auditoria, que o processoquepermiteaumaorganizaoavaliarperiodicamenteaeficciado sistema de gesto da SST.Segundo Chiavenato (2002), a eficcia de um sistema engloba o alcance dos objetivosorganizacionais,assimcomo,amanutenodosistemainternoea adaptaoaoambienteexterno.Noentanto,aeficciaeosucessona implementao de um sistema dependem de mltiplas relaes entre os elementos ligados organizao como um todo. Figura 5 - Verificao e ao corretiva Fonte: BSI, 1999 A figura 5, acima, sugere que para realizar a verificao e a ao corretiva importante que se obtenham dados relativos implementao e operao, auditoria e da retro-alimentao da avaliao do desempenho do sistema de gesto. A partir disso, o processo de verificao e ao corretiva permitir ao tomador de deciso a realizao da anlise crtica pela administrao. 232.4.1 Definies de auditoria A Oficina Internacional del Trabajo OIT (2001, p.23), define auditoria como um procedimento sistemtico, independente e documentado para obter evidncias e avali-lasobjetivamente,afimdedeterminaronveldecumprimentodoscritrios estabelecidos. Para a BSI (1999, p.1):Auditoriaumexamesistemticoparadeterminarseasatividadese resultadosrelacionadosestoemconformidadecomasprovidncias planejadas, e se essas providncias esto implementadas efetivamente esoadequadasparaatenderpolticaeaosobjetivosda organizao. Para a ABNT (2004, p.3) a auditoria interna :[...]processosistemtico,independenteedocumentadoparaobter evidncia e avali-la objetivamente para determinar a extenso na qual os critrios de auditoria do sistema da gesto ambiental estabelecidos pela organizao so atendidos.AABNT(2002)fornecediretrizesparaauditoriasdesistemadegestoda qualidadee/ouambiental,comenfoquenagestodeprogramasdeauditoria, realizaodeauditoriasinternasouexternas,assimcomo,acompetnciaea avaliaodeauditores.Estanormadefineoconceitodeauditoriacomoum processosistemtico,documentadoeindependenteparaobterevidnciasde auditoria e avali-las objetivamente para determinar a extenso nas quais os critrios da auditoria so atendidos.Comopodemosobservar,osconceitosdeauditoriacitadossosimilares, entretanto,aauditoria,algumasvezes,temsidointerpretadaerroneamentepelos auditados,quevemoauditorcomoumpolicialtentandoencontraroqueest erradoouatribuircrticasaosistema.Aauditoriaumrequisitoessencialpara proporcionar a melhoria contnua, sendo que toda a equipe auditada deve aproveitar aomximodesteprocessoparaagregarvaloraoseusistema,poisuma oportunidade muito rica para todos os envolvidos. 24Nasauditoriasdeterceiraparte,estavisomaisacentuadaquenas auditoriasdeprimeiraparte,nestecaso,paraasauditoriascorporativas.Umdos motivosquenaauditoriacorporativaoauditorpodediscutireproporsolues, analisandoacausa-raizdasdiscrepnciasdetectadas,paraidentificarasaes corretivasapropriadas.Oquenoocorrenasauditoriasdeterceiraparte,ondeo auditor no deve exercer a funo de consultor. 2.4.2 Objetivos da auditoria ABSI(1999)especificaqueaorganizaodeveestabeleceremanterum programa e procedimentos para auditorias peridicas do SGSST, os quais devero serrealizadosdeformaquedetermineseosistemadegestodaSSTestem conformidadecomasdisposiesplanejadas,atendendoaosrequisitos especificados pela OHSAS; se foram implementados e mantidos e se foram eficazes no atendimento poltica e aos objetivos da organizao.ConformeaBSI(2004),osrelatriosdeauditoriacontendoconcluses favorveise/oudesfavorveis,devemserutilizadospelaaltaadministraona anlise crtica, bem como a analise critica dos resultados das auditorias anteriores.Aexecuodeauditoriasdesadeesegurananasorganizaes reconhecida como um componente essencial para o xito do SGSST.2.4.3 Programa de auditoriaUmprogramadeauditoriadeveserapropriadoaotamanho,naturezae complexidadedaorganizaoaserauditada.convenientequeotomadorde decises da organizao designe a autoridade para gerenci-lo. Os elementos do programa de auditoria seguem a estrutura do ciclo PDCA e contm:objetivos,abrangncia,responsabilidades,recursoseprocedimentos, implementao,registros,monitoramentoeaanlisecrtica,ilustradosnafigura6 apresentada a seguir. 25 Autoridade para o programa de auditoria Figura 6 - Fluxo do processo de gesto de um programa de auditoria Fonte: ABNT, 2002 2.4.4 Atividades de auditoriaComopartedeumprogramadeauditoriaestoinseridasasatividadesde planejamento e gerenciamento. importante salientar que as atividades dependem doescopoecomplexidadeetambmdousopretendidoparaasconclusesda auditoria.De uma maneira geral, as atividades incluem seis etapas que seguem: a)no incio da auditoria: designao do lder da equipe, a definio dos objetivos, estabelecimentodoescopoecritrios,analiseeavaliaodaviabilidadeda auditoria, seleo da equipe da auditoria, contato inicial com o auditado; b)anlise crtica dos documentos; c)preparaodasatividadesdaauditorianolocal,queincluem,designaodo trabalho para a equipe da auditoria e preparao dos documentos de trabalho; Estabelecendo o programa de auditoria Objetivos e abrangncia Responsabilidades Recursos Procedimentos Implementando o programa de auditoria Programando auditorias Avaliando os auditores Selecionando equipes de auditoria Dirigindo atividades de auditoria Mantendo registros Melhorando o programa de auditoria Monitorando e analisando criticamente o programa de auditoria Monitorando e analisando criticamente Identificando necessidades de aes corretivas e preventivas Identificando oportunidades de melhoriaAgir (Act) Competncia e avaliao de auditores Atividades de auditoria Planejar (Pan)Fazer (Do)Verificar (Check) 26d)conduo de atividades de auditoria no local (a conduo da reunio de abertura, acomunicaoduranteaauditoria,asfuneseresponsabilidadesdeguiase observadores, a coleta e verificao de informaes, a gerao de constataes da auditoria, a preparao das concluses da auditoria, a conduo da reunio de encerramento); e)preparao, aprovao e distribuio do relatrio; f)concluso; g)conduo de aes de acompanhamento de auditoria (no considerada parte da auditoria). Aauditoriacorporativacompreendebasicamenteasatividadesacima descritas, abordadas em seo especfica, em funo de ser foco deste trabalho. Afigura7apresentaasatividadestpicasdeauditoriaemumaordem seqencial. 27Iniciando a auditoria designando o lder da equipe da auditoria definindo objetivos, escopo e critrio da auditoria determinando a viabilidade da auditoria selecionando a equipe da auditoria estabelecendo contato inicial com o auditado Realizando anlise crtica de documentos analisando criticamente documentos pertinentes ao sistema de gesto,incluindoregistros,edeterminandosuaadequao com respeito ao critrio da auditoriaPreparando as atividades da auditoria no local preparando o plano da auditoria designando trabalho para a equipe da auditoria preparando documentos de trabalho Conduzindo atividades da auditoria no local conduzindo a reunio de abertura comunicao durante a auditoria funes e responsabilidades de guias e observadores coletando e verificando informaes gerando constataes da auditoria preparando concluses da auditoria conduzindo a reunio de encerramento Preparando, aprovando e distribuindo o relatrio da auditoria preparando o relatrio da auditoria aprovando e distribuindo o relatrio da auditoriaConcluindo a auditoria Conduzindo aes de acompanhamento de auditoria Figura 7 - Viso geral das atividades tpicas de auditoria Fonte: ABNT, 2002 282.4.5 Competncia e avaliao de auditores Acompetnciadosauditoresdefundamentalimportnciaparaobom desempenho da auditoria, demonstrada por meio de atributos pessoais e capacidade paraaplicarconhecimentosehabilidades,adquiridosatravsdaeducao, experincia profissional, treinamento em auditoria e experincia em auditoria.A ABNT (2002) destaca entre os atributos pessoais, que um auditor seja:a) tico, isto , justo, verdadeiro, sincero, honesto e discreto; b) mente aberta, isto , disposto a considerar idias ou pontos de vista alternativos; c) diplomtico, isto , com tato para lidar com pessoas; d) observador, isto , ativamente atento circunvizinhana e s atividades fsicas; e) perceptivo, isto , instintivamente atento e capaz de entender situaes; f) verstil, isto , se ajuste prontamente a diferentes situaes; g) tenaz, isto , persistente, focado em alcanar objetivos;h) decisivo, isto , chegue s concluses oportunas baseadas em razes lgicas e anlise;i) autoconfiante, isto , atue e funcione independentemente, enquanto interage de forma eficaz com outros. Comestesatributospessoais,oauditorconsegueenfrentarcompostura profissional,asmaisvariadascondutasdaorganizaoauditada.Nemsempreo auditor bem recebido, podendo se deparar com clima tenso durante o processo, devidoafortepressoexercidapelosdirigentesdaorganizao,naobtenode resultados.Levinson (1987 apud CHIAVENATTO, 2000) afirma que a administrao por objetivoseosprocessosdeavaliaodedesempenhosoinerentemente destrutivosalongoprazo.Sobaseadosemumapsicologiaderecompensae punioqueintensificaapressosobrecadaindivduo,proporcionando-lhea escolhadeobjetivomuitolimitado.Taisprocessospoderiamsermelhoradosse inclusseaavaliaocoletivaedessemprioridadesmetaspessoaisdos funcionrios.Essasprticasexigemdacorporaoelevadospadresticosealto grau de responsabilidade pessoal. 29Conhecimento,habilidadesgenricascomoprincpios,procedimentose tcnicasdeauditoria,sistemadegestoedocumentosdereferncia,situaes organizacionais,legislaoeregulamentosaplicveis,bemcomo,ashabilidades especficas para o sistema de gesto a ser auditado, so imprescindveis para que a auditoria atenda ao objetivo. O estabelecimento da avaliao contnua do desempenho dos auditores e a identificaodasnecessidadesdetreinamentodevemserpartesintegrantesdos procedimentos do programa de auditoria.

Figura 8 - Conceito de competncia Fonte: ABNT, 2002 A figura 8, apresentada acima, ilustra o conceito de competncia por meio de atributos pessoais; conhecimentos e habilidades genricas e especficas adquiridas pormeiodeeducao,experinciaprofissional,treinamentoeexperinciaem auditoria. 302.4.6 Tipos de auditoria A ABNT (2002) classifica auditoria em: a) auditoria de primeira parte: destinada a avaliar o sistema da prpria organizao que tem interesse no resultado; b) auditoria de segunda parte: realizada pelo cliente ou por outras pessoas em seu nome,naorganizaofornecedoradeprodutos(bensouservios),visando qualific-la ou aprov-la para situaes contratuais especificas;c) auditoriadeterceiraparte:realizadapororganismosindependentesvisando certificar o sistema por interesse tanto da primeira como da segunda parte.A auditoria de primeira parte pode ser realizada pelos funcionrios da prpria corporao ou por uma empresa por ela contratada. Nestetrabalhoaauditoriadeprimeirapartetambmfoidenominadade auditoria corporativa. A auditoria corporativa compreende as auditorias em SST realizadas por uma empresaespecializada,quenomedacorporaointeressada,fazesse procedimento em diferentes plantas dessa organizao.Cabe corporao interessada definir o protocolo de auditoria no foco desta dissertao esse protocolo definido com base nos requisitos da BSI (1999) bem como, outros procedimentos para que a empresa especializada contratada execute esse processo. 312.5 Anlise crtica 2.5.1 DefiniesDe acordo com a ABNT (2005, p. 5) a anlise crtica a atividade realizada paradeterminarapertinncia,aadequaoeaeficciadaquiloqueestsendo examinado,paraalcanarosobjetivosestabelecidos.Elapodetambm,incluira determinao da eficincia. Segundo a BSI (1999, p.11) a anlise crtica deve ser realizada em intervalos predeterminadospelaorganizaoeesteprocessodeveassegurarqueas informaes necessrias sejam coletadas para permitir administrao proceder tal avaliao, bem como, [...]deveabordaraeventualnecessidadedealteraesnapoltica, objetivoseoutroselementosdoSGSST,luzdosresultadosde auditoriasdosistema,damudanadascircunstnciasedo comprometimento com a melhoria contnua. Afigura09,abaixo,sugerequepararealizaraanlisecrticapela administraoimportanteobterdadosreferentesverificaoeaocorretiva, fatores internos e fatores externos. Com estas informaes, o processo de anlise crticapermitiraotomadordedecisoverificaranecessidadedealteraona poltica. Figura 09 Anlise crtica pela administrao Fonte: BSI, 1999 32Osfatoresinternoseexternos(mudanasnaestruturaorganizacional, pendnciaslegais,introduodenovatecnologia,novaslegislaes,etc.),bem como, todos os requisitos do elemento verificao e ao corretiva (monitoramento e mensuraododesempenho;acidentes,incidentes,no-conformidadeseaes corretivas e preventivas; registro e gesto de registros e auditoria) so considerados na avaliao da anlise crtica. ParaSmith(2004)aanlisecrticaforneceomecanismoparapromovera melhoria contnua requerido em qualquer sistema de gesto e difere da auditoria na tomada de deciso.A auditoria pode concluir que o sistema atende a poltica e os objetivosdaSST,masaanlisecrticapodejustificarumamudanadevidoaos fatores internos ou externos. DeacordocomILO-OSH(2001),aanlisecrticadeveavaliaraestratgia globaldosistemadegestodaSST,afimdedeterminarseelesatisfazaos objetivosdedesempenhoplanejadosesuacapacidadepararesponders necessidadesglobaisdaorganizaoedaspartesinteressadas,incluindoos trabalhadores e as autoridades regulamentares. Tambm deve avaliar a necessidade demodificarosistemasegundoapolticadeSSTeseusobjetivos,assimcomo, identificar quais aes so necessrias para remediar quaisquer deficincias e ajuste dos demais aspectos que envolvem a estrutura de administrao da organizao e da medio dos resultados. Aanlisecrticaaindaforneceorientaodefeedback,determinando prioridades para o planejamento e melhoria contnua, alm de avaliar os progressos alcanados em relao aos objetivos de SST da organizao e as atividades de ao corretiva e, tambm, a eficcia das aes de acompanhamento a partir das anlises crticas precedentes. Para tanto, a anlise crtica, segundo a ILO-OSH (2001) deve considerar os resultados das investigaes sobre os casos de doenas e incidentes relacionados aotrabalho,bemcomo,domonitoramentoedamediodedesempenhoedas atividadesdeauditoria.Precisatambmconsiderarascontribuiesinternase externas adicionais como as mudanas organizacionais que possam afetar o sistema de gesto da SST.As concluses da anlise crtica so registradas e formalmente comunicadas s pessoas responsveis pelo(s) elemento(s) pertinente(s) do sistema de gesto da SST para que elas possam tomar as medidas necessrias. 33Segundo a BSI (2004)as entradas da anlise crtica devem incluir: 1.resultados do status da reviso peridica; 2. resultados das auditorias da SST; 3. comunicao das partes interessadas; 4. desempenho do SGSST; 5. a extenso com a qual os objetivos foram alcanados; 6. status das aes corretivas e preventivas; 7. follow-up das aes da anlise crtica anterior; 8. mudanas circunstanciais; 9. recomendaes para melhoria contnua. As sadas da anlise crtica incluem quaisquer decises e aes referentes eventualnecessidadedealteraesnapoltica,objetivoseoutroselementosdo SGSST,quesejamconsistentescomocomprometimentoparamelhoriacontnua. Osresultadossodocumentadosecomunicadosparagarantiraesadequadas quando necessrio. Tambm podem ser incorporados nos relatrios de desempenho para comunicao aos acionistas.J a BSI (2000) publicou a OHSAS 18002, que fornece as diretrizes para a aplicao da BSI (1999), no auxilio da compreenso na implementao da OHSAS 18001 que recomenda a analise critica do SGSST pela alta administrao, a fim de avaliarseestsendoimplementadoesepermaneceadequadoparacumpriras polticas e objetivos de SST estabelecidos pela organizao.DeacordocomaBSI(2000)asentradastpicasincluemasestatsticasde acidentes, resultados de auditorias internas e externas do sistema de gesto da SST, aescorretivastomadasemrelaoaosistema,desdealtimaanlisecrtica; relatrios de emergncia reais ou de simulados e de desempenho global do sistema, dasgerenciassobreaeficciaemsuasreasespecficase,dosprocessosde identificao dos perigos, avaliao e controle dos riscos. 34ABSI(2000)estabelecequeosresultadossejampormeioderelatriosde anlise crtica realizada com revises da poltica e dos objetivos de SST, definindo aesdemelhoriasespecficasparagerentes,comprazosparaconcluso. Estabelecetambm,arealizaodaanlisedeaescorretivasimplementadase reascrticasaseremincludasnoplanejamentodefuturasauditoriasinternase externas no sistema de gesto da SST. A anlise crtica para Robitaille (2002) a avaliao lgica de um negcio, por meio de um modelo que reflete seu sistema da qualidade, que tambm valido para o sistema de gesto da SST. Um bom processo de anlise crtica deve: a)ser bem definido; b)refletir o planejamento e a preparao; c)ser adequadamente fundamentado; d)contribuir para o plano estratgico de negcios; e)ser implementado e conduzido pela alta administrao; f)ser adequado para o tamanho e a natureza de sua organizao; g)incluir revises de todas as dinmicas relevantes do sistema da qualidade; h)fornecer provises para itens de ao e melhoria contnua; i)garantir que a eficcia do sistema da qualidade verificado; j)fornecer registros da qualidade acessveis no sistema de gesto da qualidade. Robitaille(2002)afirmaaindaquesemaanlisecrticadosistemano possveltomadadedecisessobreosistemadaqualidade.Asorganizaes, freqentemente,realizamdoistiposdeanlisescrticasumaparaatender formalmenteosrequisitosdaISO9001eoutraparaatomadadedecisocom enfoque no planejamento estratgico da organizao. Para ela, a anlise crtica deve agregarvaloraonegciodaorganizaoapartirdamelhoriacontinuaedo comprometimento da administrao e de todas as partes envolvidas no processo. 35Para Davignon (1996 apud ROLIM, 2003, p.11): [...] a anlise crtica indispensvel para uma avaliao permanente da polticaestabelecida,possibilitandocorreesderumo,quando necessrio.Estaetapafundamentalparaagarantiadeimplantao do processo de melhoria contnua. A alta administrao deve avaliar, a cadaciclodeplanejamento,aadequaodasmetasedosobjetivos definidos pela poltica. Segundo Maimon (1999 apud ROLIM, 2003, p.12)[...]aanlisecrticaprecondiodoprocessodemelhoriacontnua, isto,doaperfeioamentodaresponsabilidadeedodesempenho ambientaldaempresa,sendoqueapscadaciclo,sejamrevistos todososobjetivosemetasanteriormentealcanadas,verificandoseu graudecomprometimentocomagestoambiental,eavaliandoo desempenho global do sistema. A definio acima referente ao sistema de gesto ambiental, que tambm aplicvel ao sistema de gesto da SST. Aindapertinentesalientarqueaaltaadministraodevecontarcom profissionaisqualificadosparaacatare/oudiscutirosresultadosdaanlisecrtica, semoqueacoletaeanlisededadosnocumprirosuarealfuno,ouseja, implementar procedimentos corretivos e a eficcia contnua das polticas adotadas. 2.5.2 Tomada de deciso nas organizaes Asorganizaessempreenfrentamsituaesquerequeremtomadasde deciso. Este processo extremamente complexo, pois envolve riscos e incertezas. SegundoChoo(2003),acapacidadedamentehumanadeformulare solucionar problemas complexos muito pequena comparada com o tamanho dos problemas cuja soluo requer um comportamento objetivamente racional no mundo real ou mesmo uma aproximao razovel a essa racionalidade objetiva. Dentreaslimitaesdacapacidadedamentehumanaparatomardecises eminentemente racionais, podemos citar: a)sua capacidade mental, seus hbitos e reflexos; b)a extenso do conhecimento e das informaes que possuem; 36c)osvalores,crenasepressupostosquepodemdivergircomosobjetivosda organizao. Chiavenato (2000) define deciso como o processo de anlise e escolha entre as alternativas disponveis para definir estratgias ou redirecionar as j existentes, pelo tomador de deciso, para alcanar os objetivos planejados pela corporao. A deciso classificada em trs nveis: estratgica, ttica e operacional, de acordocomShimizu(2001)edeterminadaspeladuraooufreqnciaacurto, mdio e longo prazo. 1.estratgica deciso para dois a cinco anos se preocupa principalmente com problemas externos, com a empresa e seu ambiente; 2.tticadecisoparaalgunsmesesatdoisanossepreocupacoma estruturao dos recursos da empresa de modo a criar alternativas de execuo que visam os melhores resultados; 3.operacional de dias at alguns meses visa maximizar a eficincia do processo de converso dos recursos, a rentabilidade das operaes corrente. Embora distintas todas as decises interajam entre si, so interdependentes e complementares. Saaty(1994apudSHIMIZU,2001,p.30)julgaquemuitosexcelentes tomadoresdedecisesnoutilizamateoriaparaajud-losadecidirelanaa seguinte dvida: as boas decises so acidentais, ou existem princpios lgicos que guiamoraciocnionoprocessodedeciso?Estesprincpiossocompletose consistentes? No processo de tomada de decises, existem vrios enfoques sobre decises empresariais,individuaisouemgrupo.Ansoff(1977apudSHIMIZU,2001)afirma que as decises estratgicas tendem a ser tomadas por grupos, e as operacionais, porindivduos.Oprocessodeauditoriadoportunidadeparaaorganizao,por meiodosvriosdepartamentosegruposdetrabalhodiscutir,verificarograude profundidade e a extenso da categoria auditada, possibilitando a viso sistemtica e geral da organizao como um corpo nico.A auditoria corporativa d informaes consistentes que guiam o raciocnio no processo de deciso do direcionamento do SGSST. 37Conforme Shimizu (2001) alguns fatores podem contribuir para o sucesso no processo de tomada de deciso, tais como: a)responsabilidade e transparncia;b)especializao - cada tomada de deciso deve estar baseada em conhecimentos profundos de um especialista;c)coordenao; d)tempo e recursos financeiros. Dentreessesfatores,destacamosaespecializao.Aconstataodas discrepnciaspelaauditoriacorporativafundamentalparaaanlisecrticado sistema de gesto da SST. Se a raz do problema no for determinada, estabelecida e compreendida, no permitir detectar as vulnerabilidades existentes fazendo com que a tomada de deciso seja ineficaz, agregando pouco valor por no enfocar as questes-chaves (CERTO, 1993). SegundoCerto(1993)aanlisedoambienteparaumacorporao multinacional,comoocasodestetrabalho,geralmentemaiscomplexadoque realizaraanlisedoambienteparaumaempresapuramentedomstica.Amaior complexidadedoambienteoperacionaldeumacorporaomultinacionaldepende primariamente de seis fatores:1.as corporaes multinacionais operam dentro de diferentes soberanias nacionais,ou seja, sob diferentes governos nacionais; 2.ascorporaesmultinacionaisfuncionamsobcondieseconmicasmuito diferentes; 3.ascorporaesmultinacionaisenvolvempessoascomsistemasdevalores significativamente diferentes dentro de uma nica organizao; 4.ascorporaesmultinacionaisoperamemlugaresqueexperimentarama revoluo industrial em pocas diferentes ou pode ainda estar experimentando-a; 5.ascorporaesmultinacionaisgeralmenteprecisamadministrardegrandes distncias; 6.ascorporaesmultinacionaisnormalmenteconduzemnegciosemmercados nacionais que variam muito em populao e rea. 382.5.3 Melhoria contnua DeacordocomaBSI(1999,p.1)melhoriacontnuaumprocessode aprimoramento do sistema de gesto da SST, visando alcanar melhorias globais no desempenho da SST, compatveis com a poltica de SST adotado pela organizao.J paraaABNT(2005,p.6)aatividaderecorrenteparaaumentara capacidade de atender requisitos. o processo contnuo que estabelece objetivo e identificaoportunidadesparamelhoria,pormeiodousodasconstataesedas concluses da auditoria, anlise de dados, bem como, anlises crticas pela direo, ou outros meios, que geralmente conduzem ao corretiva ou preventiva.Comovimosanteriormente,aintenoprincipaldaanlisecrticaade verificarofuncionamentodosistemadegestodaSSTdaorganizaopela identificao de oportunidades para a melhoria contnua por meio da determinao de aes que facilitem esse processo. A integrao dos quatro elementos do PDCA instrumento necessrio para umacaminhada,semfim,emproldamelhoriadaeficinciaedaeficciadeuma organizao (SZACHER, 2006). Podemosassegurarqueosrequisitosdaauditoria,aescorretivase preventivas e, o elemento anlise crtica compe a base para a melhoria contnua de um sistema de gesto da SST de uma organizao. SegundoBarreiros(2003)asustentaodoprocessodemelhoriacontnua, ao longo do tempo, deve ser assegurada pela existncia de um sistema de gesto da SST,privilegiadopelapresenadeumaculturaorganizacional.Estesvalorese crenas devem refletir a importncia que a organizao atribui a SST para auxiliar na consecuo de seus objetivos e do aprendizado organizacional, que a aquisio de competnciascoletivas.Soelasquepermitempromovermelhoriascontnuasno desempenho organizacional com base em experincias adquiridas, conforme figura 10, apresentada a seguir. 39 Figura 10 Elementos de sustentao do ciclo de melhoria contnua Fonte: Barreiros, D., 2003 O PDCA simboliza o princpio da iterao na resoluo de problemas, efetua melhorias por etapas e repetem este ciclo vrias vezes. So retratados pela figura do crculo para indicar a natureza contnua da melhoria, com a finalidade de atingir os objetivos traados pela corporao (SHIBA, 1997). Baseadonaclassificaodonveldematuridade,aauditoriapodeagregar valor organizao promovendo a melhoria contnua. Neste trabalho apresentamos doismodelosdeclassificaodoInternationalAccreditationForumIAF(2004) que considera a cultura da qualidade da organizao e a maturidade do sistema de gesto com os requisitos da ABNT (2000), classificados em quatro diferentes zonas e outro do Kausek (2006), que descreve o nvel de maturidade em fases.Ambososmodelossereferemaosistemadegestodaqualidade,quese aplicam tambm para o sistema de gesto da SST. 40O IAF (2004, p. 2) define, de um lado, cultura da qualidade como ograude conscientizao,comprometimento,atitudecoletivaecomportamentoda organizaorelacionadoqualidadee,dooutro,ograudeconformidadecoma ABNT(2000),queserefereamaturidadedosistemadegestodaqualidadeda organizao, e a extenso com os quais so atendidos estes requisitos. Combasenestaclassificao,pode-setambmdefinircomoaauditoria agrega valor para a organizao, demonstrada pela figura 11. Figura 11 Nvel de maturidade do sistema de gesto da qualidade (SGQ) Fonte: IAF, 2004 A zona1 significa baixa maturidade da cultura da qualidade e sistema de gestodaqualidadeimaturo,no-conformecomaABNT(2000).Aexpectativada organizao o de receber sugestes de como implementar o sistema de gesto da qualidade e/ou resolver qualquer no-conformidade constatada. 41A zona 2 significa cultura da qualidade com maturidade e sistema de gesto daqualidadeimaturo,no-conformecomaABNT(2000).Aexpectativada organizao maior em relao ao auditor, j que possui uma cultura consolidada pelasprticasexistentesnaorganizao.Oauditordeverespeitaraculturaeo processo na aplicao da ABNT (2000) sem insistir que a organizao redefina seus processos,devetambmsercapazdeavaliaroatendimentodosprogramas existentes em conformidade com a norma. A zona3 significa baixa maturidade da cultura da qualidade e sistema de gesto da qualidade maturo, conforme com a ABNT (2000). A organizao que tem a certificao ISO 9001, por um perodo significativo, poderia demonstrar um alto nvel deconformidade,mas,aomesmotempo,noterimplementadoumaverdadeira culturadaqualidadenaorganizao.Nestecaso,osistemadegestofoi implementadopelapressodosclienteseconcebidoatravsdosrequisitosda norma,aoinvsdorespeitosnecessidadesprpriaseexpectativasda organizao.Comoresultado,osistemadegestopodeoperaremparaleloda mesmaformapelaqualaorganizaodesempenhasuasoperaesrotineiras, gerando redundncia e ineficincia. Para agregar valor, o auditor deve agir como um catalisadorparaaorganizaonaestruturaodoseusistemadegestoda qualidade integrado s suas operaes. Enquanto a auditoria de terceira parte no podedarrecomendaesdecomoatenderosrequisitosdanorma,aauditoriade primeira parte pode promover insights valiosos de como tornar o sistema de gesto eficiente e eficaz. A zona4 significa cultura da qualidade e sistema de gesto da qualidade maturos, conforme com a ABNT (2000), onde o sistema de gesto est totalmente incorporado nos objetivos estratgicos da corporao.Neste momento o tomador de deciso participa de todo o processo de auditoria, buscando evidenciar as melhores praticasparacompartilharcomoutrasplantasdacorporao.Oauditoridentifica oportunidades de melhoria para ajustes do sistema. Outra maneira de avaliar a maturidade do sistema de gesto por meio da evoluo do sistema de gesto da qualidade. Afigura12apresentaaevoluodosistemadegestodaqualidadeem quatro fases, baseado no foco e na maturidade do sistema. 42 Figura 12 Evoluo do sistema de gesto da qualidade (SGQ) Fonte: Kausek, J ., 2006 A primeira e segunda fasesso denominadas da conformidade, na qual a organizaoestcomfoconaimplementaooujpossuiumsistemadegesto bsico. Quando no-conformidades so constatadas, novos procedimentos, prticas eaescorretivassoestabelecidos.Estafasecaracterizadaporauditoriacom numerosas no-conformidades. A terceira fase denominada a da eficcia. Nesta fase a empresa possui um sistemadegestodaqualidadematuroeoenfoquenodesenvolvimentodeum sistema mais robusto de indicadores, para medir o desempenho de seus processos internos. Para as reas que no obtm os resultados esperados so determinadas aesdemelhorias.Aauditoriagastamaistemponaeficciadosprocessosa conformidade.Asorganizaesverificammelhoriasnaeficcia,produtividadee lucro. A quartafasede maturidade a da melhoriacontnua. Nesta fase, h um completosistemamtricodetodososprocessosimportanteseestootimizados paraproduzirresultados.quandoainovao,criatividadeeimplementaodas melhoresprticaspermeiampelaorganizao.Aauditoria,almdeverificara eficcia e conformidade dos resultados alcanados, verifica as melhores prticas que devemsercomunicadaspelaorganizao.Nestafaseosbenefciosso concretizados, com significante melhoria nos lucros. 43O critrio de avaliao utilizado neste trabalho adotou classificao prpria por meio de pontuao estabelecida pela corporao interessada. De acordo com o nveldematuridadedaorganizao,aauditoriaagregavaloraosistemadegestoda SST,propiciandoinformaesfundamentaisparaotomadordedeciso,emsua anlise crtica. 443 METODOLOGIA O trabalho foi dividido em duas fases: levantamento bibliogrfico e anlise dos resultadosdecincorelatriosdeauditoriascorporativas.Asauditoriasforam realizadasnoperododejulhode2002aoutubrode2005pelaempresaR.B. Consultoria Ltda. especializada na implantao e auditorias de sistemas de gesto daseguranaesadenotrabalhoemeioambiente,emumacorporao multinacional, com plantas localizadas no Brasil, Colmbia, Venezuela e Trinidad e Tobago.A denominao corporao se refere matriz de uma empresa privada que tem funes e estrutura administrativas prprias, que estabelece as diretrizes gerais deSSTaseremcumpridasportodasassuasplantasdistribudasnosdiversos pases do mundo.Otermoplantasereferesunidadesoperacionaisdestacorporaoea denominao tomador de deciso se refere ao nvel hierrquico mais elevado desta planta, que geralmente atribuda ao diretor de operaes. A freqncia das auditorias corporativas de dois a trs anos, sendo que dos cinco relatrios analisados, dois correspondem mesma planta localizada no Brasil, cujas auditorias foram realizadas nos anos de 2003 e 2005. Arevisodaliteraturafoielaboradaemduasetapas,apartirdebasesde dadosnacionaiseinternacionais,consultadaspormeiodoacessoaendereos eletrnicosnainternetdeinstituiesdepesquisa,universidades,fundaes, organizaes e associaes de classe que atuam na rea de sade e segurana do trabalho. Tambm foram visitadas bibliotecas pblicas e de empresas especializadas emSST,paraconsultaadissertaes,teses,peridicos,boletinstcnicos,livros, artigos, normas tcnicas, especificaes e guias. 45Naprimeiraetapafoiabordadootemasistemadegestodaseguranae sade no trabalho, para compreender a sua origem, com enfoque na globalizao e nomundodotrabalho,nasadeeseguranadostrabalhadores,nosistemade gesto da SST e na auditoria.As palavras-chave utilizadas para a pesquisa foram: globalizao (globalization), segurana e sade do trabalho (occupational health and safety),sistemadegestodaseguranaesadenotrabalho(occupationalhealth andsafetymanagementsystem),auditoriadesistema(systemaudit),auditoriade gesto(managementaudit),auditoriadesegurana(safetyaudit)eauditoria corporativa (corporate audit).NasegundaetapaforamobtidasinformaesmaisespecficasdoSGSST, abordandoaanlisecrtica,atomadadedecisonasorganizaeseamelhoria contnua, a fim de demonstrar a importncia do elemento anlise crtica no processo de melhoria contnua do sistema de gesto da segurana e sade no trabalho. As palavras-chavesforam:anlisecrtica(managementreview),melhoriacontnua (continual improvement) e tomada de deciso (decision make).Posteriormente, foram analisados cinco relatrios conclusivos que seguem o protocoloelaboradopelacorporao,apartirdosrequisitosqueseencontram preconizados pela BSI (1999) realizadas pela empresa RB Consultoria. O trabalho de auditoria seguiu as seguintes estratgias: emprego do protocolo que contempla todos os elementos do SGSST, por meio de visita em campo, entrevistas, realizao e avaliao das auditorias. O resultado da auditoria foi validado juntamente com o tomador de deciso da planta interessada.O protocolo de auditoria foi dividido em 16 categorias: 1.poltica de SST; 2.planejamento para identificao de perigos e avaliao e controle de riscos; 3.requisitos legais e outros requisitos; 4.objetivos e programa de gesto da SST; 5.estrutura e responsabilidade; 6.treinamento, conscientizao e competncia; 7.consulta e comunicao; 8.documentao; 9.controle de documentos e dados; 10. controle operacional; 4611. preparao e atendimento a emergncias; 12. monitoramento e mensurao do desempenho; 13.acidentes, incidentes, no conformidades e aes corretivas e preventivas; 14. registro e gesto de registros; 15. auditoria; 16. anlise crtica pela administrao. Os critrios de avaliao foram baseados nas discrepncias e no progresso do Plano de Aes (PA) identificadas nas categorias agrupadas contemplando todos os 16 elementos da BSI (1999), visando o objetivo global da corporao que consiste na identificao e controle dos riscos existentes no ambiente de trabalho, que foram: a)levantamentodetodasasdiscrepnciasporcategoriaregistradasnoscinco relatrios,obedecendoaclassificaodadiscrepnciaNC-1,NC-2ouOBS,seguida das letras A ou N;b)avaliao do progresso do Plano de Aes (PA); c)validao dos resultados obtidos a partir da anlise do processo de auditoria, com o tomador de deciso. Asconstataesdeauditoriaforamdenominadasdiscrepncias,queso inconsistncias com o sistema de gesto da SST corporativo e foram classificadas em no-conformidades (NC) ou observaes (OBS), sendo:NC-1: no-conformidade atribuda ao no atendimento a um requisito legal; NC-2: no-conformidade atribuda ao no atendimento a um requisito corporativo; OBS: observao.Adiscrepnciatambmfoiclassificadaquantoasuaorigem,emauto-identificada (A) ou nova (N), sendo: A:significaqueaplantaidentificouadiscrepnciaduranteaauto-avaliaoe incorporounoplanodeaes(PA),definindoasaescorretivas,especificando responsveis, prazos e custos, porm ainda no foi concluda. 47N:significaqueaplantanoidentificouadiscrepnciaduranteaauto-avaliao, gerando uma nova discrepncia.O resultado final da auditoria, que identifica o nvel de maturidade do sistema de gesto da SST, apresentado por meio de pontuao, variando de um a cinco.A pontuao 5 atribuda quando a planta: a)identificou todos os requisitos legais e da corporao para todas as categorias. Isto significa que, no h no-conformidades novas tanto na classificao NC-1 como na NC-2;b)oplanodeaoestcompleto(100%)paraNC-1eNC-2.Todasasaes corretivasgeradasdasdiscrepnciasNC-1eNC-2foramconcludas.Isto significaque,nohno-conformidadesnovaseauto-identificadastantona classificao NC-1 como na NC-2. A pontuao 4 atribuda quando a planta: a)identificou todos os requisitos legais e da corporao para todas as categorias. Isto significa que, no h no-conformidades novas tanto na classificao NC-1 como na NC-2; b)oplanodeaoestcompleto(100%)paraNC-1.Todasasaescorretivas geradas das discrepncias NC-1 foram concludas. Isto significa que, no h no-conformidades novas e auto-identificadas na classificao NC-1; c)o plano de ao est substancialmente completo (mnimo 75%) para NC-2. Isto significaque,dototalde16categorias,somentequatrocategoriaspodemter aes corretivas geradas deNC-2 ainda no concludas. A pontuao 3 atribuda quando a planta: a)identificou todos os requisitos legais para todas as categorias. Isto significa que, no h no-conformidades novas na classificao NC-1; b)identificouamaioria(mnimo75%)dosrequisitosdacorporao.Istosignifica que, das 16 categorias, somente quatro categorias podem ter no-conformidades nova na classificao NC-2; 48c)oplanodeaoestcompleto(100%)paraNC-1.Todasasaescorretivas geradas das discrepncias NC-1 foram concludas. Isto significa que, no h no-conformidades novas e auto-identificadas na classificao NC-1; d)Oplanodeaoestparcialmentecompleto(mnimo50%)paraNC-2.Isto significa que, do total de 16 categorias, somente oito categorias podem ter aes corretivas geradas de NC-2 ainda no concludas.A pontuao 2 atribuda quando a planta: a)identificouno mnimo 25% dos requisitos legais e da corporao. Isto significa que,dototalde16categorias,somentedozecategoriaspodemterno-conformidades novas na classificao NC-1 ou NC-2;b)o plano de ao est incompleto (mnimo 25%).Isto significa que, do total de 16 categorias, somente doze categorias podem ter aes corretivas geradas de NC-1 ou NC-2 ainda no concludas. A pontuao 1 atribuda quando a planta: a)no identificou os requisitos legais e da corporao.

Para que a auditoria corporativa ocorra, imprescindvel que a planta tenha executado as duas fases anteriores a auditoria, que so fundamentais e constitui o processoglobaldeauditoriadosistemadegestodaSST,conformedescritos abaixo: Fase 1: Auto- avaliao Fase 2:Plano de aes (PA) Fase 3: Auditoria corporativa A seguir, so apresentados os detalhes de cada fase do processo global de auditoria. Fase 1: Auto- avaliao A auto-avaliao tem como objetivo verificar a eficcia da planta em identificar osriscosinerentesaoseuprocesso,avaliaroatendimentoaocumprimentodos requisitos legais e da corporao, alm de priorizar os itens de ao gerados a partir das discrepncias no PA por meio dos recursos necessrios. 49Cadaplantarealizaaauto-avaliao,comfreqnciamnimaanual,como parteintegrantedeumprocessocontnuo,similaraoutrasoperaesdenegcio, por meio de um protocolo contendo as 16 categorias discriminadas no captulo 3 metodologiadestadissertao,queespecificaosrequisitosdacorporao, baseados nos elementos da BSI (1999).Paraumaefetivaauto-avaliaonecessrioocomprometimentoda lideranaedaculturadaorganizao.Asconstataesdeauditoriaso denominadasdiscrepncias,quesoinconsistnciascomosistemadegestoda SST corporativo e foram classificadas em no-conformidades (NC) ou observaes (OBS). Aseqnciaparaconduziraauto-avaliaodeterminadapeladiretoriada planta. Ela designa um lder da equipe de auto-avaliao, que por sua vez, seleciona osmembrosquedevemsercompostasporfuncionriosdediferentesnveis gerentes,coordenadores,supervisores,tcnicos,engenheiros,pesquisadores, mdicos, outros , com abrangncia de todos os departamentos da organizao operaes,pesquisaedesenvolvimento,finanas,recursoshumanos,engenharia, sade e segurana, administrao, etc.Aequipedevepossuircompetnciastcnicas,analticas,decomunicaoe terconhecimentodamissodaempresa,bemcomo,ternoesdonegcioda empresa, sendo:a)competnciatcnica:terconhecimentodosprincpiosdegestoaplicveiscorporao; b)competnciaanaltica:habilidadeemavaliarsistemascomplexosegrande volume de informaes para determinar as discrepncias, habilidade de conduzir anlise da causa-raz para identificar aes corretivas apropriadas; c)comunicao:habilidadeemconquistaraconfianadeoutras funes/departamentos,habilidadeeminfluenciarosoutrosparacolaborarem objetivos comuns; d)missoeintegridade:habilidadeemserobjetivonaavaliaodosistemae constatardiscrepncias,capacidadedeagirdemaneiraaberta,honestae profissional, expor as discrepncias mesmo em situaes de presses de conflito; 50e)perspectivadenegcios:estarconscientedosobjetivosdacorporaoeda planta,associarasdiscrepnciasdetectadascomasconseqnciaspotenciais para a operao e negcios (em termos de probabilidade, severidade e impacto financeiro e nos negcios), habilidade em persuadir a gerncia em agir em favor da reduo de riscos. A equipe de auto-avaliao deve obter todas as documentaes necessrias, informaraplantadaprogramaodaauditoria,revisarosregistros,observaras operaes e atividades de trabalho para determinar a implementao e eficcia do programa,entrevistarosfuncionriosparaevidenciaroatendimentopolticae procedimentosepreencheroprotocolodeauto-avaliao,identificandoas discrepncias.Fase 2: Plano de aes (PA) Aplantaincorporaosresultadosdesuaauto-avaliaonoplanodeaes (PA).Oplanodeaoodocumentoquecontmasdiscrepnciasqueforam constatadas durante o processo de auditoria, nas respectivas categorias e define as aescorretivas,especificandoresponsveiseprazosparacumprimento,assim como, custos. Aps a elaborao do PA realizada uma reunio com a participao do lder da equipe de auditoria, os gerentes e o tomador de decises da planta para analisar criticamenteoPA,checando,aprovandoounotodocontedododocumento.O processo de assinatura garante que a alta administrao est consciente das aes corretivas. O PA includo no plano estratgico de negcios da planta e no plano corporativo da organizao e enviado para a corporao. Fase 3: Auditoria corporativa nesta fase que se inicia a auditoria corporativa, foco deste trabalho, quandoa corporao, aps a anlise e aprovao do PA da planta, designa o auditor por ela contratado que utilizar os mesmos critrios da auditoria de auto-avaliao. Osauditoresdesignadospelacorporaoeosrepresentantesdaplanta avaliam a eficcia do sistema de gesto da SST, por meio da validao do PA, de formaaassegurarquetodasasdiscrepnciasforamidentificadas,utilizandoo mesmo protocolo da auto-avaliao e a reviso do progresso do PA. 51 As atividades de auditoria no local consistem em: 1.reunio de abertura; 2. visita pela planta; 3. reviso das operaes, prticas e sistemas; 4. entrevistas com todos os nveis hierrquicos; 5. reunies ao final de cada dia, resumindo e obtendo consenso das discrepncias constatadas; 6.reunio de fechamento. Oprotocoloseguidonantegraeasconstataesdeauditoriaso atribudasdeacordocomaclassificaodiscriminadanaauto-avaliao,como complemento das letras A (auto identificado) ou N (novo), bem como, a pontuao final, conforme j definido nos critrios de avaliao da metodologia.A RB Consultoria se apia na ABNT (2002, p.17) que diz:[...] a menos que requerido por lei, convm que a equipe de auditores e aequiperesponsvelporgerenciaroprogramadeauditoriano revelemparaqualqueroutraparteocontedodequaisqueroutras informaesobtidasduranteaauditoriaouorelatriodeauditoria, sem a aprovao explcita do cliente da auditoria e, onde apropriado, a aprovao do auditado. Destaforma,osrelatrioseleitosparaefeitodeanlise,oprotocolo,os programas informatizados utilizados no processo de auditoria, bem como, todos os documentospertinentessoconfidenciais,porissoaidentidadedaempresafoi preservada.Paraefeitodestadissertao,foieleitoomtodoexploratrioanalticopara compreenderaimportnciadosresultadosdaimplantaodasauditorias corporativasnaanlisecrticadosistemadegestodaseguranaesadeno trabalho a fim de redirecionar, quando necessrio. 524 ANLISE DOS RESULTADOS 4.1 A importncia da anlise crticaAliteraturaanalisadasobreotema,especialmenteSmith(2004),Robitaille (2002), Shimizu (2001) e Certo (1993) so assertivos com relao importncia da anlise crtica para que o sistema de gesto possa adquirir maturidade ao longo do tempoedessaformacontribuirparaamelhoriadosresultadosdesejadospela organizao.A anlise crtica o exame realizado pelo tomador de deciso para verificar o funcionamentodosistemadegestodaSSTedefinirasaesnecessriaspara assegurar e promover a melhoria nos resultados da organizao.Asinformaesfornecidasparaanlisecrticadevemserconsistentesde maneiraqueevidencieobjetivamenteasreaisnecessidadesdeadequaodo sistema. A anlise crtica deve:a)avaliarseosprogramas,procedimentosecontrolesestabelecidosnoSGSST encontram-seamplamenteimplementadosedisseminadosnaorganizaoe atendem a todos os requisitos estabelecidos;b)identificartodasasnecessidadesdenovosprogramasoudeajustesnos programas e procedimentos que se encontramimplementados;c)compreender,definiretomardecisesarespeitodaimportnciadosperigose riscos existentes no escopo definido quando da implementao do SGSST;d)identificar se os indicadores dos objetivos, a medida do desempenho, os objetivos emetasforamestabelecidosdemodoacontemplarasquestesmais importantes e prioritrias para a organizao e suas partes interessadas. Asinformaesproduzidasemtodoesseprocessodevemseradequadas para que a alta administrao possa responder as seguintes questes: a)aorganizaotemumSGSSTimplementadoefuncionandoadequadamente parasercapazdecontribuirparaqueosperigoseriscospossamser identificados,analisados,controladosemonitoradosecomunicadosparaas partes interessadas? 53b)a organizao tem um SGSST implementado que a ajuda atender aos requisitos legais e a outros eventualmente estabelecidos? c)aorganizaotemumSGSSTimplementadoquevemcontribuindopara melhorar o desempenho da SST ao longo do tempo? d)as crenas que permeiam a organizao sobre como as questes da SST devem ser gerenciadas tm se mostradas coerentes e consistentes? A anlise crtica enquanto um elemento necessrio na especificao OHSAS 18001, por si s, no suficiente para assegurar que o SGSST adquira a maturidade desejada ao longo do tempo.A anlise da literatura sobre o tema evidenciou tambm que se faz necessrio existir o comprometimento da alta administrao, envolvendo os nveis hierrquicos pertinentesdaorganizao,bemcomooestabelecimentodeumafreqnciaeo escopo das anlises crticas so fundamentais para o cumprimento deste elemento. Todoesseprocessodeveseradequadamentedocumentadoparapermitir organizaoincorporaressasreflexesaoseuprocessodeaprendizagem.Este aspectosomenteseincorporaaojeitodeserdaorganizao,quandoacultura organizacionalevidencieemsuascrenasevaloresaimportnciadessa particularidade.issoquevaiimpedirqueesseprocessosetorneumarotina burocratizadae,aomesmotempo,esseaspectoqueirpermitiraotomadorde deciso verificar e confrontar as informaes obtidas com as crenas existentese estabelecer novos desafios. Umaspectoimportantequealiteraturaanalisadaevidenciadequeo processodeanlisecrticanodeveserumaatividadeexecutadaseparadado contexto das demais atividades de organizao. Diferentes autores, entre eles Dias (2005)eBarreiros(2002)chamamatenoparaofatodotemadaseguranae sadenotrabalhoestarcadavezmaissendoincorporadosestratgias organizacionais e constituindo um aspecto importante no somente para melhorar a imagem corporativa, mas tambm para auxiliar as organizaes a alcanarem seus objetivos. 544.2 Anlise dos relatrios da auditoria corporativa A auditoria corporativa realizada por auditores independentes, competentes equalificadospelacorporao.Paratanto,devemterconhecimentoprofundodos processos produtivos por ela realizados quanto aos requisitos tcnicos e sistmicos, cujaimparcialidadepermiteproverinformaesconsistentesparaotomadorde deciso para a melhoria do SGSST. Umacaractersticadaauditoriacorporativaque,almdeidentificaras discrepncias,buscaasoluodoproblema,analisandoacausa-raz,juntamente com os auditados da categoria pertinente. Esta uma oportunidade muita rica, pois permite verificar a extenso do problema e o envolvimento com grupos de diversos departamentos.Osprogramasqueforamimplementadosequeevidenciaram resultadosexcelentes,casosejamaplicveisplantasorelatadossmelhores prticas(bestpractices)como,porexemplo,programadeproteodemquinas, comunicao,legislao,etc.,paraquepossamsercompartilhadoscomoutras plantas.A seguir apresentamos os quadros 1, 2, 3, 4 e 5 com os resultados e anlises das auditorias realizadas respectivamente nas plantas da corporao interessada em Trinidad e Tobago, Colmbia, Venezuela e Brasil. 55Quadro 1. Resumo da anlise do relatrio de auditoria em Trinidad e Tobago DISCREPNCIA SUB-TOTAL CATEGORIA NC-1NC-2OBS 1. Poltica de SST 2. Planejamento para identificao de perigos e avaliao e controle de riscos 5-N; 1-A1-N6-N; 1-A 3. Requisitos legais e outros requisitos1-N1-N 4. Objetivos e Programa(s) de gesto da SST1-N1-N 5.Estrutura e responsabilidade2-N2-N 6. Treinamento, conscientizao e competncia2-N;1-A2-N; 1-A 7. Consulta e comunicao1-A1-A 8. Documentao 9. Controle de documentos e de dados1-N1-N 10. Controle Operacional2-N2-N 11. Preparao e atendimento a emergncias1-N1-N 12. Monitoramento e mensurao do desempenho1-N1-N2-N 13. Acidentes, incidentes, no-conformidades e aes corretivas e preventivas 14. Registro e gesto de registros15. Auditoria1-N1-N 16. Anlise crtica pela administrao T O T A L 1-N16-N; 3-A2-N22 56O quadro 1, exposto na pgina anterior, apresenta o resumo da anlise dos resultados da auditoria realizada na planta da corporao localizada em Trinidad e Tobago. Nacategoria1,denominadapolticadeSST,nohouvenenhuma discrepncia,tantonaclassificaodeno-conformidadescomoobservaes.Isto significa que a planta atendeu todos os requisitos legais e da corporao para esta categoria. Nacategoria2,denominadaplanejamentoparaidentificaodeperigose avaliaoecontrolederiscos,foramconstatadasseisno-conformidadesna classificao NC-2, sendo uma auto-identificada e cinco novas, como tambm uma observao nova.Isto significa que a planta no identificou, durante a fase de auto-avaliao, cinco no-conformidades para cumprimento aos requisitos estabelecidos pela corporao. Tambm uma no-conformidade foi identificada para atendimento ao requisito da corporao e est discriminada no plano de aes (PA), entretanto, estas aes ainda no foram concludas. A planta tambm no identificou durante a auto-avaliao uma observao para melhoria contnua. Nacategoria3,denominadarequisitoslegaiseoutrosrequisitos,foi constatada uma discrepncia nova na classificao NC-1. Isto significa que a planta noidentificouduranteafasedeauto-avaliaoumano-conformidadepara cumprimento a um requisito legal. Nacategoria4,denominadaobjetivoseprograma(s)degestodaSST,foi constatada uma discrepncia nova na classificao NC-2. Isto significa que a planta noidentificouduranteafasedeauto-avaliaoumano-conformidadepara cumprimento aos requisitos estabelecidos pela corporao. Na categoria 5, denominada estrutura e responsabilidade foram constatadas duasnovasdiscrepnciasnaclassificaoNC-2.Istosignificaqueaplantano identificouduranteafasedeauto-avaliaoduasno-conformidadespara cumprimento aos requisitos estabelecidos pela corporao. 57Nacategoria6,denominadatreinamento,conscientizaoecompetncia foramconstatadastrsdiscrepnciasnaclassificaoNC-2,sendoduasnovase umaauto-identificada.Istosignificaqueaplantanoidentificouduranteafasede auto-avaliaoduasno-conformidadesparacumprimentoaosrequisitos estabelecidospelacorporaoeumano-conformidadefoiidentificadapara atendimentoaosrequisitosdacorporaoeestdiscriminadanoplanodeaes (PA), entretanto, estas aes ainda no foram concludas.Nacategoria7,denominadaconsultaecomunicaofoiconstatadauma discrepnciaautoidentificadanaclassificaoNC-2.Istosignificaqueaplanta identificou uma no-conformidade para atendimento aos requisitos da corporao e est discriminada no plano de aes (PA), entretanto estas aes ainda no foram concludas.Nacategoria8,denominadadocumentao,nohouvenenhuma discrepncia,tantonaclassificaodeno-conformidadescomoobservaes.Isto significaque a planta atendeu todos os requisitos legais e da corporao para esta categoria. Nacategoria9,denominadacontrolededocumentosededados,foi identificada uma discrepncia nova na classificao NC-2. Isto significa que a planta noidentificouduranteafasedeauto-avaliaoumano-conformidadepara cumprimento aos requisitos estabelecidos pela corporao. Nacategoria10,denominadacontroleoperacional,foramconstatadasduas discrepnciasnovas na classificao NC-2. Isto significa que a planta no identificou duranteafasedeauto-avaliaoduasno-conformidadesparacumprimentoaos requisitos estabelecidos pela corporao. Nacategoria11,denominadapreparaoeatendimentoaemergncias,foi constatada uma discrepncianova na classificao NC-2. Isto significa que a planta noidentificouduranteafasedeauto-avaliaoumano-conformidadepara cumprimento aos requisitos estabelecidos pela corporao. 58Na categoria 12, denominada monitoramento e mensurao do desempenho, foramconstatadasumano-conformidadenovanaclassificaoNC-2euma observao nova.Isto significa que a planta no identificou durante a fase de auto-avaliaoumano-conformidadeparacumprimentoaosrequisitosestabelecidos pela corporao, comotambmuma observao para melhoria contnua. Nacategoria13,denominadaacidentes,incidentes,no-conformidadese aescorretivasepreventivas,nohouvenenhumadiscrepncia,tantona classificao de no-conformidades como observaes. Isto significaque a planta atendeu todos os requisitos legais e da corporao para