CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO...

55
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE BACHARELADO CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO A EXPORTAÇÃO NO BRASIL CAROLLINE LOPES RAMOS matrícula nº: 103113798 ORIENTADOR: Prof. Edson Peterli ABRIL 2011

Transcript of CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO...

Page 1: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA

MONOGRAFIA DE BACHARELADO

CONTRIBUICcedilAtildeO DA POLIacuteTICA PUacuteBLICA DE FINANCIAMENTO A EXPORTACcedilAtildeO NO BRASIL

CAROLLINE LOPES RAMOS matriacutecula nordm 103113798

ORIENTADOR Prof Edson Peterli

ABRIL 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA

MONOGRAFIA DE BACHARELADO

CONTRIBUICcedilAtildeO DA POLIacuteTICA PUacuteBLICA DE FINANCIAMENTO A EXPORTACcedilAtildeO NO BRASIL

__________________________________ CAROLLINE LOPES RAMOS

matriacutecula nordm 103113798

ORIENTADOR Prof Edson Peterli

ABRIL 2011

As opiniotildees expressas neste trabalho satildeo de exclusiva responsabilidade da autora

Dedico este trabalho aos meus pais Luis Carlos e Elisabete

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo aos meus pais Luis Carlos e Elisabete e ao meu namorado Leonardo Arauacutejo pelo incentivo permanente e paciecircncia principalmente nos muitos momentos de desalento

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Professor Doutor Edson Peterli pela sensibilidade com que compreendeu minhas dificuldades e individualidades e pelo fato de me fazer acreditar que este trabalho poderia ser um objetivo alcanccedilado

RESUMO Esta monografia avalia a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de financiamento puacuteblico

brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas De modo geral apresenta-

se o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras por tamanho de empresa (pequena meacutedia e

grande) considerando a participaccedilatildeo do sistema de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

desde os anos de 1970 Os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de apoio ao sistema de

creacutedito agraves vendas externas satildeo examinados concentrando a anaacutelise nos principais mecanismos

puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o PROEX e BNDES-Exim

Palavras chaves Exportaccedilotildees Financiamento agraves Exportaccedilotildees PROEX

SIacuteMBOLOS ABREVIATURAS SIGLAS E CONVENCcedilOtildeES APEX Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil SA BNDES Banco do Desenvolvimento Econocircmico e Social BNDESPAR BNDES Participaccedilotildees SA CACEX Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil CAMEX Cacircmara de Comeacutercio Exterior CCEX Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees CCR Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos CFGE Diretor do Fundo de Garantia agrave Exportaccedilatildeo CGU Controladoria Geral da Uniatildeo CMN Conselho Monetaacuterio Nacional CNI Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria COFIG Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees DECEX Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior DECOM Departamento de Defesa Comercial DEINT Departamento de Negociaccedilotildees Internacionais DENOC Departamento de Normas e Competitividade DEPLA Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comeacutercio Exterior DI Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo DPR Departamento de Promoccedilatildeo Comercial FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FINAME Agecircncia Especial de Financiamento Industrial FINEX Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo GECEX Comitecirc Executivo da Cacircmara de Comeacutercio Exterior IRB Brasil Resseguro SA LIBOR London Interbank Offered Rate MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior MERCOSUL Mercado Comum do Sul MF Ministeacuterio da Fazenda MPME Micro Pequenas e Meacutedias Empresas MRE Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores NTN Notas do Tesouro Nacional PACE Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior PASEP Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integraccedilatildeo Social PROEX Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees SBCE Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SECEX Secretaria de Comeacutercio Exterior SFB Secretaria da Receita Federal do Brasil SISCOMEX Sistema Integrado de Comeacutercio Exterior TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL 13

I1 - A POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO ENTRE 1964 E 1990 13 I2 - A REMONTAGEM DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO APOacuteS A ABERTURA DA ECONOMIA 14 I3 - DESEMPENHO DAS EXPORTACcedilOtildeES BRASILEIRAS 16 I4 - DESEMPENHO EXPORTADOR DAS MICRO PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS 20

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 22

II1 - CAcircMERA DE COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash CAMEX 23 II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG 24

II2 - MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash MDIC 24 II3 - MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES ndash MRE 25 II4 - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL ndash BNDES 25 II5 - BANCO DO BRASIL SA ndash BB 26

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 27

III1 - O PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES ndash PROEX 28 III11 - PROEX Financiamento 30 III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros 32

III2 - BNDES-EXIM 36

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 39

IV1 - PRINCIPAIS ENTRAVES A EXPANSAtildeO DAS EXPORTACcedilOtildeES 39 IV2 ndash DESEMPENHO DO PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES - PROEX 43

CONCLUSAtildeO 49

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 52

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 2: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA

MONOGRAFIA DE BACHARELADO

CONTRIBUICcedilAtildeO DA POLIacuteTICA PUacuteBLICA DE FINANCIAMENTO A EXPORTACcedilAtildeO NO BRASIL

__________________________________ CAROLLINE LOPES RAMOS

matriacutecula nordm 103113798

ORIENTADOR Prof Edson Peterli

ABRIL 2011

As opiniotildees expressas neste trabalho satildeo de exclusiva responsabilidade da autora

Dedico este trabalho aos meus pais Luis Carlos e Elisabete

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo aos meus pais Luis Carlos e Elisabete e ao meu namorado Leonardo Arauacutejo pelo incentivo permanente e paciecircncia principalmente nos muitos momentos de desalento

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Professor Doutor Edson Peterli pela sensibilidade com que compreendeu minhas dificuldades e individualidades e pelo fato de me fazer acreditar que este trabalho poderia ser um objetivo alcanccedilado

RESUMO Esta monografia avalia a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de financiamento puacuteblico

brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas De modo geral apresenta-

se o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras por tamanho de empresa (pequena meacutedia e

grande) considerando a participaccedilatildeo do sistema de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

desde os anos de 1970 Os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de apoio ao sistema de

creacutedito agraves vendas externas satildeo examinados concentrando a anaacutelise nos principais mecanismos

puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o PROEX e BNDES-Exim

Palavras chaves Exportaccedilotildees Financiamento agraves Exportaccedilotildees PROEX

SIacuteMBOLOS ABREVIATURAS SIGLAS E CONVENCcedilOtildeES APEX Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil SA BNDES Banco do Desenvolvimento Econocircmico e Social BNDESPAR BNDES Participaccedilotildees SA CACEX Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil CAMEX Cacircmara de Comeacutercio Exterior CCEX Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees CCR Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos CFGE Diretor do Fundo de Garantia agrave Exportaccedilatildeo CGU Controladoria Geral da Uniatildeo CMN Conselho Monetaacuterio Nacional CNI Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria COFIG Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees DECEX Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior DECOM Departamento de Defesa Comercial DEINT Departamento de Negociaccedilotildees Internacionais DENOC Departamento de Normas e Competitividade DEPLA Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comeacutercio Exterior DI Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo DPR Departamento de Promoccedilatildeo Comercial FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FINAME Agecircncia Especial de Financiamento Industrial FINEX Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo GECEX Comitecirc Executivo da Cacircmara de Comeacutercio Exterior IRB Brasil Resseguro SA LIBOR London Interbank Offered Rate MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior MERCOSUL Mercado Comum do Sul MF Ministeacuterio da Fazenda MPME Micro Pequenas e Meacutedias Empresas MRE Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores NTN Notas do Tesouro Nacional PACE Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior PASEP Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integraccedilatildeo Social PROEX Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees SBCE Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SECEX Secretaria de Comeacutercio Exterior SFB Secretaria da Receita Federal do Brasil SISCOMEX Sistema Integrado de Comeacutercio Exterior TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL 13

I1 - A POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO ENTRE 1964 E 1990 13 I2 - A REMONTAGEM DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO APOacuteS A ABERTURA DA ECONOMIA 14 I3 - DESEMPENHO DAS EXPORTACcedilOtildeES BRASILEIRAS 16 I4 - DESEMPENHO EXPORTADOR DAS MICRO PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS 20

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 22

II1 - CAcircMERA DE COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash CAMEX 23 II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG 24

II2 - MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash MDIC 24 II3 - MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES ndash MRE 25 II4 - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL ndash BNDES 25 II5 - BANCO DO BRASIL SA ndash BB 26

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 27

III1 - O PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES ndash PROEX 28 III11 - PROEX Financiamento 30 III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros 32

III2 - BNDES-EXIM 36

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 39

IV1 - PRINCIPAIS ENTRAVES A EXPANSAtildeO DAS EXPORTACcedilOtildeES 39 IV2 ndash DESEMPENHO DO PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES - PROEX 43

CONCLUSAtildeO 49

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 52

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 3: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

As opiniotildees expressas neste trabalho satildeo de exclusiva responsabilidade da autora

Dedico este trabalho aos meus pais Luis Carlos e Elisabete

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo aos meus pais Luis Carlos e Elisabete e ao meu namorado Leonardo Arauacutejo pelo incentivo permanente e paciecircncia principalmente nos muitos momentos de desalento

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Professor Doutor Edson Peterli pela sensibilidade com que compreendeu minhas dificuldades e individualidades e pelo fato de me fazer acreditar que este trabalho poderia ser um objetivo alcanccedilado

RESUMO Esta monografia avalia a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de financiamento puacuteblico

brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas De modo geral apresenta-

se o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras por tamanho de empresa (pequena meacutedia e

grande) considerando a participaccedilatildeo do sistema de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

desde os anos de 1970 Os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de apoio ao sistema de

creacutedito agraves vendas externas satildeo examinados concentrando a anaacutelise nos principais mecanismos

puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o PROEX e BNDES-Exim

Palavras chaves Exportaccedilotildees Financiamento agraves Exportaccedilotildees PROEX

SIacuteMBOLOS ABREVIATURAS SIGLAS E CONVENCcedilOtildeES APEX Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil SA BNDES Banco do Desenvolvimento Econocircmico e Social BNDESPAR BNDES Participaccedilotildees SA CACEX Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil CAMEX Cacircmara de Comeacutercio Exterior CCEX Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees CCR Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos CFGE Diretor do Fundo de Garantia agrave Exportaccedilatildeo CGU Controladoria Geral da Uniatildeo CMN Conselho Monetaacuterio Nacional CNI Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria COFIG Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees DECEX Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior DECOM Departamento de Defesa Comercial DEINT Departamento de Negociaccedilotildees Internacionais DENOC Departamento de Normas e Competitividade DEPLA Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comeacutercio Exterior DI Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo DPR Departamento de Promoccedilatildeo Comercial FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FINAME Agecircncia Especial de Financiamento Industrial FINEX Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo GECEX Comitecirc Executivo da Cacircmara de Comeacutercio Exterior IRB Brasil Resseguro SA LIBOR London Interbank Offered Rate MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior MERCOSUL Mercado Comum do Sul MF Ministeacuterio da Fazenda MPME Micro Pequenas e Meacutedias Empresas MRE Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores NTN Notas do Tesouro Nacional PACE Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior PASEP Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integraccedilatildeo Social PROEX Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees SBCE Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SECEX Secretaria de Comeacutercio Exterior SFB Secretaria da Receita Federal do Brasil SISCOMEX Sistema Integrado de Comeacutercio Exterior TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL 13

I1 - A POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO ENTRE 1964 E 1990 13 I2 - A REMONTAGEM DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO APOacuteS A ABERTURA DA ECONOMIA 14 I3 - DESEMPENHO DAS EXPORTACcedilOtildeES BRASILEIRAS 16 I4 - DESEMPENHO EXPORTADOR DAS MICRO PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS 20

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 22

II1 - CAcircMERA DE COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash CAMEX 23 II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG 24

II2 - MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash MDIC 24 II3 - MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES ndash MRE 25 II4 - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL ndash BNDES 25 II5 - BANCO DO BRASIL SA ndash BB 26

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 27

III1 - O PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES ndash PROEX 28 III11 - PROEX Financiamento 30 III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros 32

III2 - BNDES-EXIM 36

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 39

IV1 - PRINCIPAIS ENTRAVES A EXPANSAtildeO DAS EXPORTACcedilOtildeES 39 IV2 ndash DESEMPENHO DO PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES - PROEX 43

CONCLUSAtildeO 49

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 52

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 4: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

Dedico este trabalho aos meus pais Luis Carlos e Elisabete

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo aos meus pais Luis Carlos e Elisabete e ao meu namorado Leonardo Arauacutejo pelo incentivo permanente e paciecircncia principalmente nos muitos momentos de desalento

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Professor Doutor Edson Peterli pela sensibilidade com que compreendeu minhas dificuldades e individualidades e pelo fato de me fazer acreditar que este trabalho poderia ser um objetivo alcanccedilado

RESUMO Esta monografia avalia a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de financiamento puacuteblico

brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas De modo geral apresenta-

se o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras por tamanho de empresa (pequena meacutedia e

grande) considerando a participaccedilatildeo do sistema de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

desde os anos de 1970 Os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de apoio ao sistema de

creacutedito agraves vendas externas satildeo examinados concentrando a anaacutelise nos principais mecanismos

puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o PROEX e BNDES-Exim

Palavras chaves Exportaccedilotildees Financiamento agraves Exportaccedilotildees PROEX

SIacuteMBOLOS ABREVIATURAS SIGLAS E CONVENCcedilOtildeES APEX Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil SA BNDES Banco do Desenvolvimento Econocircmico e Social BNDESPAR BNDES Participaccedilotildees SA CACEX Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil CAMEX Cacircmara de Comeacutercio Exterior CCEX Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees CCR Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos CFGE Diretor do Fundo de Garantia agrave Exportaccedilatildeo CGU Controladoria Geral da Uniatildeo CMN Conselho Monetaacuterio Nacional CNI Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria COFIG Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees DECEX Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior DECOM Departamento de Defesa Comercial DEINT Departamento de Negociaccedilotildees Internacionais DENOC Departamento de Normas e Competitividade DEPLA Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comeacutercio Exterior DI Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo DPR Departamento de Promoccedilatildeo Comercial FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FINAME Agecircncia Especial de Financiamento Industrial FINEX Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo GECEX Comitecirc Executivo da Cacircmara de Comeacutercio Exterior IRB Brasil Resseguro SA LIBOR London Interbank Offered Rate MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior MERCOSUL Mercado Comum do Sul MF Ministeacuterio da Fazenda MPME Micro Pequenas e Meacutedias Empresas MRE Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores NTN Notas do Tesouro Nacional PACE Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior PASEP Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integraccedilatildeo Social PROEX Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees SBCE Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SECEX Secretaria de Comeacutercio Exterior SFB Secretaria da Receita Federal do Brasil SISCOMEX Sistema Integrado de Comeacutercio Exterior TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL 13

I1 - A POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO ENTRE 1964 E 1990 13 I2 - A REMONTAGEM DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO APOacuteS A ABERTURA DA ECONOMIA 14 I3 - DESEMPENHO DAS EXPORTACcedilOtildeES BRASILEIRAS 16 I4 - DESEMPENHO EXPORTADOR DAS MICRO PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS 20

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 22

II1 - CAcircMERA DE COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash CAMEX 23 II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG 24

II2 - MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash MDIC 24 II3 - MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES ndash MRE 25 II4 - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL ndash BNDES 25 II5 - BANCO DO BRASIL SA ndash BB 26

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 27

III1 - O PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES ndash PROEX 28 III11 - PROEX Financiamento 30 III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros 32

III2 - BNDES-EXIM 36

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 39

IV1 - PRINCIPAIS ENTRAVES A EXPANSAtildeO DAS EXPORTACcedilOtildeES 39 IV2 ndash DESEMPENHO DO PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES - PROEX 43

CONCLUSAtildeO 49

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 52

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 5: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo aos meus pais Luis Carlos e Elisabete e ao meu namorado Leonardo Arauacutejo pelo incentivo permanente e paciecircncia principalmente nos muitos momentos de desalento

Agradeccedilo especialmente ao meu orientador Professor Doutor Edson Peterli pela sensibilidade com que compreendeu minhas dificuldades e individualidades e pelo fato de me fazer acreditar que este trabalho poderia ser um objetivo alcanccedilado

RESUMO Esta monografia avalia a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de financiamento puacuteblico

brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas De modo geral apresenta-

se o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras por tamanho de empresa (pequena meacutedia e

grande) considerando a participaccedilatildeo do sistema de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

desde os anos de 1970 Os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de apoio ao sistema de

creacutedito agraves vendas externas satildeo examinados concentrando a anaacutelise nos principais mecanismos

puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o PROEX e BNDES-Exim

Palavras chaves Exportaccedilotildees Financiamento agraves Exportaccedilotildees PROEX

SIacuteMBOLOS ABREVIATURAS SIGLAS E CONVENCcedilOtildeES APEX Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil SA BNDES Banco do Desenvolvimento Econocircmico e Social BNDESPAR BNDES Participaccedilotildees SA CACEX Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil CAMEX Cacircmara de Comeacutercio Exterior CCEX Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees CCR Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos CFGE Diretor do Fundo de Garantia agrave Exportaccedilatildeo CGU Controladoria Geral da Uniatildeo CMN Conselho Monetaacuterio Nacional CNI Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria COFIG Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees DECEX Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior DECOM Departamento de Defesa Comercial DEINT Departamento de Negociaccedilotildees Internacionais DENOC Departamento de Normas e Competitividade DEPLA Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comeacutercio Exterior DI Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo DPR Departamento de Promoccedilatildeo Comercial FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FINAME Agecircncia Especial de Financiamento Industrial FINEX Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo GECEX Comitecirc Executivo da Cacircmara de Comeacutercio Exterior IRB Brasil Resseguro SA LIBOR London Interbank Offered Rate MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior MERCOSUL Mercado Comum do Sul MF Ministeacuterio da Fazenda MPME Micro Pequenas e Meacutedias Empresas MRE Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores NTN Notas do Tesouro Nacional PACE Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior PASEP Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integraccedilatildeo Social PROEX Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees SBCE Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SECEX Secretaria de Comeacutercio Exterior SFB Secretaria da Receita Federal do Brasil SISCOMEX Sistema Integrado de Comeacutercio Exterior TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL 13

I1 - A POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO ENTRE 1964 E 1990 13 I2 - A REMONTAGEM DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO APOacuteS A ABERTURA DA ECONOMIA 14 I3 - DESEMPENHO DAS EXPORTACcedilOtildeES BRASILEIRAS 16 I4 - DESEMPENHO EXPORTADOR DAS MICRO PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS 20

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 22

II1 - CAcircMERA DE COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash CAMEX 23 II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG 24

II2 - MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash MDIC 24 II3 - MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES ndash MRE 25 II4 - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL ndash BNDES 25 II5 - BANCO DO BRASIL SA ndash BB 26

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 27

III1 - O PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES ndash PROEX 28 III11 - PROEX Financiamento 30 III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros 32

III2 - BNDES-EXIM 36

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 39

IV1 - PRINCIPAIS ENTRAVES A EXPANSAtildeO DAS EXPORTACcedilOtildeES 39 IV2 ndash DESEMPENHO DO PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES - PROEX 43

CONCLUSAtildeO 49

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 52

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 6: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

RESUMO Esta monografia avalia a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de financiamento puacuteblico

brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas De modo geral apresenta-

se o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras por tamanho de empresa (pequena meacutedia e

grande) considerando a participaccedilatildeo do sistema de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

desde os anos de 1970 Os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de apoio ao sistema de

creacutedito agraves vendas externas satildeo examinados concentrando a anaacutelise nos principais mecanismos

puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o PROEX e BNDES-Exim

Palavras chaves Exportaccedilotildees Financiamento agraves Exportaccedilotildees PROEX

SIacuteMBOLOS ABREVIATURAS SIGLAS E CONVENCcedilOtildeES APEX Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil SA BNDES Banco do Desenvolvimento Econocircmico e Social BNDESPAR BNDES Participaccedilotildees SA CACEX Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil CAMEX Cacircmara de Comeacutercio Exterior CCEX Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees CCR Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos CFGE Diretor do Fundo de Garantia agrave Exportaccedilatildeo CGU Controladoria Geral da Uniatildeo CMN Conselho Monetaacuterio Nacional CNI Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria COFIG Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees DECEX Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior DECOM Departamento de Defesa Comercial DEINT Departamento de Negociaccedilotildees Internacionais DENOC Departamento de Normas e Competitividade DEPLA Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comeacutercio Exterior DI Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo DPR Departamento de Promoccedilatildeo Comercial FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FINAME Agecircncia Especial de Financiamento Industrial FINEX Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo GECEX Comitecirc Executivo da Cacircmara de Comeacutercio Exterior IRB Brasil Resseguro SA LIBOR London Interbank Offered Rate MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior MERCOSUL Mercado Comum do Sul MF Ministeacuterio da Fazenda MPME Micro Pequenas e Meacutedias Empresas MRE Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores NTN Notas do Tesouro Nacional PACE Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior PASEP Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integraccedilatildeo Social PROEX Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees SBCE Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SECEX Secretaria de Comeacutercio Exterior SFB Secretaria da Receita Federal do Brasil SISCOMEX Sistema Integrado de Comeacutercio Exterior TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL 13

I1 - A POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO ENTRE 1964 E 1990 13 I2 - A REMONTAGEM DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO APOacuteS A ABERTURA DA ECONOMIA 14 I3 - DESEMPENHO DAS EXPORTACcedilOtildeES BRASILEIRAS 16 I4 - DESEMPENHO EXPORTADOR DAS MICRO PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS 20

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 22

II1 - CAcircMERA DE COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash CAMEX 23 II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG 24

II2 - MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash MDIC 24 II3 - MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES ndash MRE 25 II4 - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL ndash BNDES 25 II5 - BANCO DO BRASIL SA ndash BB 26

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 27

III1 - O PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES ndash PROEX 28 III11 - PROEX Financiamento 30 III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros 32

III2 - BNDES-EXIM 36

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 39

IV1 - PRINCIPAIS ENTRAVES A EXPANSAtildeO DAS EXPORTACcedilOtildeES 39 IV2 ndash DESEMPENHO DO PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES - PROEX 43

CONCLUSAtildeO 49

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 52

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 7: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

SIacuteMBOLOS ABREVIATURAS SIGLAS E CONVENCcedilOtildeES APEX Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil SA BNDES Banco do Desenvolvimento Econocircmico e Social BNDESPAR BNDES Participaccedilotildees SA CACEX Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil CAMEX Cacircmara de Comeacutercio Exterior CCEX Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees CCR Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos CFGE Diretor do Fundo de Garantia agrave Exportaccedilatildeo CGU Controladoria Geral da Uniatildeo CMN Conselho Monetaacuterio Nacional CNI Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria COFIG Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees DECEX Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior DECOM Departamento de Defesa Comercial DEINT Departamento de Negociaccedilotildees Internacionais DENOC Departamento de Normas e Competitividade DEPLA Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comeacutercio Exterior DI Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo DPR Departamento de Promoccedilatildeo Comercial FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FINAME Agecircncia Especial de Financiamento Industrial FINEX Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo GECEX Comitecirc Executivo da Cacircmara de Comeacutercio Exterior IRB Brasil Resseguro SA LIBOR London Interbank Offered Rate MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior MERCOSUL Mercado Comum do Sul MF Ministeacuterio da Fazenda MPME Micro Pequenas e Meacutedias Empresas MRE Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores NTN Notas do Tesouro Nacional PACE Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior PASEP Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integraccedilatildeo Social PROEX Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees SBCE Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SECEX Secretaria de Comeacutercio Exterior SFB Secretaria da Receita Federal do Brasil SISCOMEX Sistema Integrado de Comeacutercio Exterior TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL 13

I1 - A POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO ENTRE 1964 E 1990 13 I2 - A REMONTAGEM DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO APOacuteS A ABERTURA DA ECONOMIA 14 I3 - DESEMPENHO DAS EXPORTACcedilOtildeES BRASILEIRAS 16 I4 - DESEMPENHO EXPORTADOR DAS MICRO PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS 20

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 22

II1 - CAcircMERA DE COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash CAMEX 23 II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG 24

II2 - MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash MDIC 24 II3 - MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES ndash MRE 25 II4 - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL ndash BNDES 25 II5 - BANCO DO BRASIL SA ndash BB 26

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 27

III1 - O PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES ndash PROEX 28 III11 - PROEX Financiamento 30 III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros 32

III2 - BNDES-EXIM 36

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 39

IV1 - PRINCIPAIS ENTRAVES A EXPANSAtildeO DAS EXPORTACcedilOtildeES 39 IV2 ndash DESEMPENHO DO PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES - PROEX 43

CONCLUSAtildeO 49

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 52

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 8: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

IacuteNDICE

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL 13

I1 - A POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO ENTRE 1964 E 1990 13 I2 - A REMONTAGEM DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilAtildeO APOacuteS A ABERTURA DA ECONOMIA 14 I3 - DESEMPENHO DAS EXPORTACcedilOtildeES BRASILEIRAS 16 I4 - DESEMPENHO EXPORTADOR DAS MICRO PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS 20

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 22

II1 - CAcircMERA DE COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash CAMEX 23 II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG 24

II2 - MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR ndash MDIC 24 II3 - MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES ndash MRE 25 II4 - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL ndash BNDES 25 II5 - BANCO DO BRASIL SA ndash BB 26

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 27

III1 - O PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES ndash PROEX 28 III11 - PROEX Financiamento 30 III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros 32

III2 - BNDES-EXIM 36

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES 39

IV1 - PRINCIPAIS ENTRAVES A EXPANSAtildeO DAS EXPORTACcedilOtildeES 39 IV2 ndash DESEMPENHO DO PROGRAMA DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES - PROEX 43

CONCLUSAtildeO 49

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 52

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 9: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

LISTA DE GRAacuteFICOS E FIGURA Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees 18 Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB 19 Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais 19 Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado 20 Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte 21 Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008 40 Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 40 Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees 44 Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX 46 Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro 23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 10: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento 31

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo 34

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim 37

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees () 41

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento () 41

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza () 42

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue Utilizar () 42

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees 45

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX 46

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001 47

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 11: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

9

INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros debates sobre a importacircncia acerca do comeacutercio externo que

influenciaram a teoria econocircmica moderna iniciaram em 1776 a partir da publicaccedilatildeo de Adam

Smith do seu livro A Riqueza das naccedilotildees A teoria claacutessica a partir da oacutetica smithiana busca

explicar o fluxo mercantil a partir da produtividade relativa dos fatores de produccedilatildeo que

decorre em primeiro lugar da divisatildeo do trabalho Adam Smith postula que a especializaccedilatildeo

do trabalho aumenta a capacidade produtiva que por sua vez permite uma melhor dotaccedilatildeo de

recursos bem como excedentes cada vez mais amplos que ao serem permutados

incrementam a riqueza

O autor utiliza a ideacuteia das vantagens absolutas para demonstrar os benefiacutecios da

especializaccedilatildeo do trabalho e da troca entre os paiacuteses Smith em sua anaacutelise sobre o comeacutercio

internacional afirma que um paiacutes deteacutem vantagem absoluta sob outras naccedilotildees quando na

produccedilatildeo de um determinado bem utiliza uma menor quantidade de insumo por possuir uma

maior produtividade relativa dos seus fatores de produccedilatildeo Como resultado Smith evidenciou

que o comeacutercio internacional amplia o bem-estar dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio

internacional a partir da exportaccedilatildeo de bens que conferem vantagens absolutas e importaccedilatildeo

de bens que outros paiacuteses produzem com menos recursos do que seria necessaacuterio na produccedilatildeo

interna

Eis uma maacutexima que todo chefe de famiacutelia prudente deve seguir nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar O alfaiate natildeo tenta fabricar seus sapatos mas os compra do sapateiro Este natildeo tenta confeccionar seu traje mas recorre ao alfaiate O agricultor natildeo tenta fazer nem um nem outro mas se vale desses artesatildeos Todos consideram que eacute mais interessante usar suas capacidades naquilo em que tecircm vantagem sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado de suas atividades ou o que vem a dar no mesmo com o preccedilo de parte das mesmas aquilo de que venham a precisar (SMITH 1985380)

A teoria do comeacutercio internacional introduzida por Smith foi aprimorada

posteriormente por David Ricardo a partir do principio das vantagens comparativas que

consistia na possibilidade de ganhos no comeacutercio internacional a todos os paiacuteses

independente destes possuiacuterem ou natildeo vantagens absolutas Segundo a teoria ricardiana um

paiacutes possui vantagens comparativas na produccedilatildeo de um bem se o custo de oportunidade dele

em termos de outros bens produzidos no paiacutes eacute inferior independente dos custos dos demais

paiacuteses na produccedilatildeo daquele bem Seria mais vantajoso aos paiacuteses efetuarem suas trocas

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 12: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

10

internacionais com base nos custos de oportunidades das produccedilotildees nacionais conforme

demonstrado no exemplo a seguir

O paiacutes A precisa de 90 horas para produzir tecido e 80 horas para produzir vinho

Enquanto o paiacutes B utiliza 100 horas para produccedilatildeo da mesma quantidade de tecido e 120

horas na produccedilatildeo de vinho Neste cenaacuterio o paiacutes A possui vantagem absoluta na produccedilatildeo de

ambos os produtos A partir do pensamento de Ricardo o paiacutes A deveria se especializar

apenas na produccedilatildeo de vinho onde tem maior vantagem comprar tecidos e vender vinho do

paiacutes B Jaacute o paiacutes B se especializaria na produccedilatildeo de tecido compraria vinho venderia tecido

ao paiacutes A

ldquoNum sistema comercial perfeitamente livre cada paiacutes naturalmente dedica seu capital e seu trabalho agrave atividade que lhe seja mais beneacutefica Essa busca de vantagem individual estaacute admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos paiacuteses Estimulando a dedicaccedilatildeo ao trabalho recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econocircmico enquanto pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefiacutecio de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as naccedilotildees do mundo civilizado por laccedilos comuns de interesse e de intercacircmbiordquo (RICARDO 1982104)

Sendo assim o entendimento de Ricardo eacute que o comeacutercio entre dois paiacuteses pode

beneficiar ambos se cada um se especializar na produccedilatildeo dos produtos nos quais possui

vantagens comparativas

Outras linhas de pensamento desenvolvidas como alternativa agrave teoria claacutessica natildeo

abandonaram o princiacutepio das vantagens absolutas e relativas no entanto buscam enfoques

alternativos com o objetivo de elucidar os determinantes dos padrotildees de troca bem como da

capacidade competitiva dos paiacuteses envolvidos no comeacutercio internacional e por fim entender

como as vantagens obtidas no comeacutercio internacional emergem

Em linhas gerais alguns autores contribuiacuteram para ampliar a teoria claacutessica Stuart

Mill (1983) incluiu a demanda como variaacutevel explicativa do equiliacutebrio das trocas no mercado

internacional e determinou a relaccedilatildeo quantitativa de troca Schumpeter (1984) por outro lado

apresentou a noccedilatildeo do progresso teacutecnico responsaacutevel pela ruptura de um padratildeo teacutecnico-

produccedilatildeo-consumo e por incluir dinamismo nos termos de troca entre os paiacuteses Williamson

(1989) afirmou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas para

reduzir os custos das empresas de um paiacutes em comparaccedilatildeo com os custos das empresas

internacionais Porter (1989) se concentrou nas vantagens competitivas de um paiacutes originadas

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 13: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

11

pelas forccedilas competitivas de mercados segmentados de produtos singulares e da tecnoloacutegica

de produto e processo disponiacuteveis a empresas localizadas em determinados paiacuteses

A menccedilatildeo feita aos principais pensadores que contribuiacuteram para a evoluccedilatildeo da teoria

de comeacutercio internacional eacute importante na medida em que seus esforccedilos demonstram os

ganhos provenientes das trocas internacionais Assim o desenvolvimento de ferramentas

institucionais que levem a melhor utilizaccedilatildeo dos fatores de produccedilatildeo seja atraveacutes de recursos

tecnoloacutegicos diferenciaccedilatildeo de produto ou aparato juriacutedico-institucional devem ser

privilegiados em detrimentos dos instrumentos de poliacutetica comercial externa que restrinjam o

fortalecimento do mercado internacional

ldquoDe acordo com o argumento poliacutetico a favor do livre comeacutercio o

compromisso poliacutetico com o livre comeacutercio pode ser uma boa ideacuteia na praacutetica

mesmo que em principio possa haver poliacuteticas melhores Com frequecircncia os

economistas argumentam que na praacutetica as poliacuteticas comerciais satildeo mais

influenciadas por interesses particulares [] na teoria um conjunto especiacutefico

de tarifas e subsiacutedios agrave exportaccedilatildeo poderia aumentar o bem estar nacional

[]rdquo (KRUGMAN E OBSTFELD 2005 p165)

Os benefiacutecios trazidos pelas exportaccedilotildees satildeo potencialmente favoraacuteveis na medida em

que promovem a geraccedilatildeo de empregos e renda aumentam as reservas cambiais e possibilitam

um melhor desempenho na balanccedila comercial Para as empresas a exportaccedilatildeo eacute uma

alternativa estrateacutegica pois permite maiores possibilidades de ganhos de escala por meio de

um mercado mais amplo e diversificado bem como estimula a eficiecircncia via aumento da

competitividade em niacutevel mundial

Dessa forma potencializar ou manter a competitividade sustentada das empresas por

meio da criaccedilatildeo de condiccedilotildees para o desenvolvimento harmonioso das vantagens competitivas

pode revelar-se uma condiccedilatildeo indispensaacutevel para o sucesso do crescimento e da

competitividade sustentada de um paiacutes e de suas empresas Neste aspecto pode-se afirmar a

importacircncia dos mecanismos oficiais de financiamento agraves exportaccedilotildees tanto na produccedilatildeo

como na comercializaccedilatildeo do bem exportaacutevel conforme expressa Veiga e Iglesias (2003) ldquoos

mecanismos puacuteblicos desempenham um papel importante no suprimento de financiamento

para bens com ciclos longos de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e para os quais o financiamento eacute

um fator relevante de competitividade internacionalrdquo Adiante Garoacutefalo e Teixeira (1996)

opinam que a necessidade de financiamento eacute um fator crucial para competitividade dos bens

a serem comercializados internacionalmente bem como constatam que quanto menor o grau

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 14: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

12

de desenvolvimento de um paiacutes maior deve ser a presenccedila do Estado no sistema de creacutedito

puacuteblico

Este trabalho tem por objetivo avaliar a contribuiccedilatildeo dos principais mecanismos de

financiamento puacuteblico brasileiro agrave atividade exportadora de pequenas e meacutedias empresas O

desenvolvimento deste trabalho divide-se em quatro capiacutetulos aleacutem desta introduccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentado o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras bem

como das pequenas e meacutedias empresas a partir de um enfoque teoacuterico e histoacuterico do sistema

de financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil

No segundo capiacutetulo seratildeo apresentados os principais oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo e de

apoio ao sistema de creacutedito agraves vendas externas

No terceiro capiacutetulo seratildeo apresentados os principais mecanismos puacuteblicos de

financiamento agraves exportaccedilotildees do Brasil o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees

(PROEX) e BNDES-Exim bem como suas caracteriacutesticas

A seguir no quarto capiacutetulo seraacute efetuada uma anaacutelise sobre a contribuiccedilatildeo do

Governo atraveacutes de mecanismos de financiamento puacuteblico para o aumento do valor e volume

das exportaccedilotildees sobretudo das micro pequenas e meacutedias empresas

Para testar as hipoacuteteses de que o Estado atraveacutes de seus programas de incentivo via

creacutedito agraves exportaccedilotildees tecircm colaborado para incrementar as vendas externas e ampliar a

participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no mercado mundial focaremos o presente

estudo numa anaacutelise do desempenho do PROEX programa que teoricamente deve dar suporte

creditiacutecio aos pequenos e meacutedios exportadores exatamente aqueles que possuem maiores

dificuldades de acesso ao creacutedito O quinto e uacuteltimo capiacutetulo seratildeo apresentadas as

consideraccedilotildees finais

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 15: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

13

CAPIacuteTULO I ndash SIacuteNTESE DA POLIacuteTICA DE EXPORTACcedilOtildeES NO BRASIL

I1 - A Poliacutetica de Exportaccedilatildeo entre 1964 e 1990

As primeiras poliacuteticas puacuteblicas de incentivo agraves exportaccedilotildees montadas a partir de

meados da deacutecada de 1960 visavam promover as vendas externas brasileiras ldquosem alterar a

estrutura de barreiras agraves importaccedilotildees que constituiacuteam um elemento central da estrateacutegia de

desenvolvimento industrial por substituiccedilatildeo de importaccedilotildeesrdquo (Veiga e Iglesias 2003 p 9)

Na aacuterea do financiamento agraves exportaccedilotildees a primeira iniciativa puacuteblica data de junho

de 1966 quando foi criado o Fundo de Financiamento agrave Exportaccedilatildeo (FINEX) com objetivo de

suprir a demanda de creacutedito natildeo atendida pelo setor financeiro privado bem como

desenvolver e diversificar a pauta de exportaccedilotildees no paiacutes Na deacutecada de 1970 somaram-se

outros mecanismos ao FINEX como o esquema de equalizaccedilatildeo das taxas de juros

O sistema de financiamento comeccedilou a apresentar problemas quando a crise do Estado

e da economia na deacutecada de 1980 atribuiacuteda principalmente agrave falecircncia das poliacuteticas

governamentais desenvolvidas naqueles uacuteltimos anos e aos acontecimentos externos levaram

a estagnaccedilatildeo do niacutevel de atividade econocircmica o atraso tecnoloacutegico e por sua vez a

interrupccedilatildeo das poliacuteticas de estiacutemulo agraves exportaccedilotildees via financiamento

A economia brasileira durante esse periacuteodo enfrentou a crescente diacutevida puacuteblica o

aumento da inflaccedilatildeo e baixas taxas de investimentos no paiacutes o que direcionou as poliacuteticas

puacuteblicas aos esforccedilos de controle da inflaccedilatildeo

Diante desse cenaacuterio vaacuterias alteraccedilotildees aos mecanismos de financiamento foram

introduzidas como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de equalizaccedilatildeo e a lista de produtos elegiacuteveis ateacute que

em 1988 o FINEX e o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros foram desativados como sinal

de desmonte do sistema puacuteblico de financiamento estabelecido nas deacutecadas de 1960 e 1970

Pianni e Valls Perreira (1990) atribuem a proacutepria estrutura do sistema puacuteblico de

financiamento no periacuteodo o seu esgotamento Os recursos disponiacuteveis para creacutedito agrave

exportaccedilatildeo aleacutem de possuir dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria apresentava um custo fixado em termos

nominais ou atrelado a indexadores que natildeo condiziam com o contexto de aceleraccedilatildeo

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 16: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

14

inflacionaacuteria dos anos 80 o que ampliava o niacutevel de subsiacutedio embutido nos financiamentos e

tornou as operaccedilotildees de creacutedito cada vez mais onerosas para o Tesouro e por fim

insustentaacuteveis tendo em vista o niacutevel de endividamento do Governo nesses anos

I2 - A Remontagem da Poliacutetica de Exportaccedilatildeo apoacutes a Abertura da Economia

A partir da deacutecada de 1990 o Brasil iniciou um periacuteodo de transformaccedilotildees econocircmicas

e de comeacutercio exterior onde o processo de estabilizaccedilatildeo macroeconocircmica e as reformas

regulatoacuterias foram os fatores centrais que conduziram a ampliaccedilatildeo do grau de exposiccedilatildeo do

paiacutes ao cenaacuterio internacional e viabilizaram a implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de

valorizaccedilatildeo da atividade do comeacutercio exterior

A reduccedilatildeo das barreiras que protegiam no passado a induacutestria nacional a introduccedilatildeo

do plano Real que rompeu com a espiral inflacionaacuteria e a mudanccedila da poliacutetica cambial

delinearam um cenaacuterio em que a internacionalizaccedilatildeo designadamente a exportaccedilatildeo constituiu

um desafio e uma inevitabilidade Esta surgiu como resultado natural de estrateacutegias

empresariais visto que a exposiccedilatildeo das firmas locais agrave concorrecircncia com importados impocircs

condiccedilotildees competitivas no mercado interno que significavam uma produccedilatildeo em uma escala

tatildeo maior que a exportaccedilatildeo tornou-se fundamental bem como a importacircncia das empresas de

se modernizarem e se tornarem mais competitivas e eficientes para natildeo correrem o risco de

natildeo sobreviver

Na aacuterea de financiamento puacuteblico Veiga e Iglesias (2003) citam que os principais

componentes do processo de reestruturaccedilatildeo da poliacutetica de comeacutercio exterior a partir da deacutecada

de 1990 satildeo (i) a desoneraccedilatildeo tributaacuteria das exportaccedilotildees (ii) o restabelecimento de

mecanismos puacuteblicos de financiamento e seguro agraves exportaccedilotildees (iii) a reorganizaccedilatildeo das

estruturas institucionais de promoccedilatildeo comercial e (iv) os esforccedilos para identificar fatores

sistecircmicos regulatoacuterios e infra-estruturais que onerassem os investimentos a produccedilatildeo e as

exportaccedilotildees

No iniacutecio da deacutecada de 1990 o governo restabeleceu as linhas de creacutedito com a

criaccedilatildeo do Programa Finamex1 atualmente denominado BNDES-Exim operado pelo

BNDES e o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX que absorveu as linhas de

1 O termo FINAMEX eacute derivado do nome FINAME subsidiaacuteria do BNDES para o financiamento agrave comercializaccedilatildeo de bens de capital

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 17: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

15

creacutedito ainda ativa do antigo FINEX2 O PROEX tambeacutem reintroduziu o sistema de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigentes agrave eacutepoca do FINEX e da Resoluccedilatildeo 509 do Conselho

Monetaacuterio Nacional - CMN

ldquoNo iniacutecio dos anos 90 depois de um curto periacuteodo em que se anunciou a intenccedilatildeo de promover a implantaccedilatildeo de um banco de comeacutercio exterior predominantemente privado as linhas de creacutedito foram gradual e seletivamente restabelecidas por meio do FINAMEX operado pelo BNDES e voltado para o setor de bens de capital Na mesma eacutepoca o Governo regulamentou o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees (PROEX) que absorveu as linhas de creacutedito mais antigas do antigo FINEX e re-introduziu o sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros vigente sob o FINEX e a Resoluccedilatildeo 509 Tambeacutem os recursos do PROEX estavam destinados naquele momento a financiar bens de capitalrdquo (Veiga e Iglesias 2003)

Em fevereiro de 1992 o Governo lanccedilou a Poliacutetica Ativa de Comeacutercio Exterior

(PACE) Entre as medidas adotadas na PACE diversas se referem ao PROEX Neste ano o

projeto de lei sancionado pelo Legislativo permitiu a emissatildeo de tiacutetulos puacuteblicos federais com

correccedilatildeo cambial destinados a lastrear o pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de juros Essa

medida teve por objetivo aproximar o setor privado ao sistema de financiamento agraves

exportaccedilotildees por oferecer ao banco financiador uma garantia da Uniatildeo no que se refere ao

compromisso de equalizaccedilatildeo de taxas de juros ateacute o final do empreacutestimo Aleacutem disso o

Governo se comprometeu a rever a legislaccedilatildeo sobre Seguro de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo

favorecendo a alavancagem das exportaccedilotildees de maior valor agregado e conteuacutedo tecnoloacutegico

Segundo Pinheiro et al (1994) a PACE instituiu tambeacutem o Programa de Apoio ao

Comeacutercio Exterior Brasileiro que engloba as atividades de treinamento que tem como

objetivo fomentar o ingresso de novas empresas na atividade de comeacutercio exterior e no

acircmbito governamental estabelecer uma uniformidade no tratamento das questotildees relativas ao

comeacutercio exterior de pesquisa de mercado de implementaccedilatildeo de um cadastro informatizado

de potenciais importadores de ediccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de informes teacutecnicos e de estiacutemulo agrave

participaccedilatildeo brasileira em eventos como feiras e exposiccedilotildees internacionais A PACE criou

ainda os serviccedilos disque-decex e disque-aduana para informar ao puacuteblico sobre os

procedimentos aduaneiros e de comeacutercio exterior em geral

No que se refere agrave administraccedilatildeo do comeacutercio exterior implantou- se o Sistema

Integrado de Comeacutercio Exterior (SISCOMEX) para viabilizar a integraccedilatildeo computadorizada

dos principais oacutergatildeos federais e agentes privados na aacuterea de comeacutercio exterior A PACE

2 O FINEX e a resoluccedilatildeo 509 do CMN (equalizaccedilatildeo de taxas de juros) foram desativados em 1988 O agravamento das restriccedilotildees financeiras na segunda metade da deacutecada de 1980 levou agrave interrupccedilatildeo da maioria das linhas de creacutedito

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 18: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

16

contempla ainda a simplificaccedilatildeo dos procedimentos adotados por regimes aduaneiros

especiais como o drawback e a consolidaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em uma Lei Uacutenica de Comeacutercio

Exterior

As duas linhas de financiamentos mencionadas foram nos uacuteltimos anos

significativamente remodeladas e reforccediladas em termos de recursos orccedilamentaacuterios teacutecnicos e

de abrangecircncia tornando-se menos concentradas setorialmente No iniacutecio dos anos 90 os

mecanismos se dirigiam quase que exclusivamente a bens de capital no entanto esses

instrumentos foram se horizontalizando e a lista de produtos beneficiados aumentou

consideravelmente Adicionalmente se constata que os recursos orccedilamentaacuterios de fonte

puacuteblica vecircm logrando aumentar sua carteira de clientes de menor porte como um esforccedilo do

Governo de dar acesso a essas empresas ao mercado internacional

A partir de 2000 tendeu a consolidar-se um sistema puacuteblico de creacutedito agraves exportaccedilotildees

baseado em um tripeacute os creacuteditos do BNDES-Exim o seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo e o

mecanismo de equalizaccedilatildeo do PROEX A linha de financiamento do PROEX passou a buscar

atender prioritariamente empresas de menor porte e assumir um papel relevante no apoio

principalmente agraves exportaccedilotildees de serviccedilos de engenharia

I3 - Desempenho das Exportaccedilotildees Brasileiras

A atuaccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo poacutes-abertura (1996 a 2006) na balanccedila

comercial brasileira foi influenciada por diversos fatores Dentre estes o processo de

liberalizaccedilatildeo comercial iniciado nos anos 1990 com a reduccedilatildeo de tarifas de importaccedilatildeo e

reformulaccedilatildeo dos incentivos agrave exportaccedilatildeo No mesmo periacuteodo eacute criado o bloco econocircmico

regional o MERCOSUL e a Organizaccedilatildeo Mundial de Comeacutercio organismo responsaacutevel pela

regulamentaccedilatildeo do comeacutercio

A evoluccedilatildeo das exportaccedilotildees no periacuteodo apresentada no Graacutefico 1 Balanccedila Comercial

Brasileira - 1992 a 2006 demonstra que ao contraacuterio da maioria das experiecircncias bem-

sucedidas nos paiacuteses em desenvolvimento a abertura comercial iniciado nos anos 90 natildeo foi

acompanhada pelo aumento expressivo das exportaccedilotildees

As poliacuteticas de estiacutemulo ao setor exportador certamente contribuiacuteram para a reduccedilatildeo

do vieacutes antiexportador no entanto as exportaccedilotildees apresentaram uma taxa de crescimento

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 19: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

17

anual composta de apenas 8 enquanto o crescimento das importaccedilotildees 24 no periacuteodo

compreendido entre 1992 a 1997 mostrou-se significativamente superior

Um dos fatores que contribuiu para esse cenaacuterio foi a estabilidade da moeda brasileira

devido a implantaccedilatildeo do Plano Real em 1994 que vinculou a nova moeda ao doacutelar e por sua

vez trouxe credibilidade do paiacutes no exterior A inflaccedilatildeo foi reduzida e controlada poreacutem os

produtos importados se tornaram mais atrativos que os produtos produzidos internamente o

que resultou em desequiliacutebrio da balanccedila comercial com o raacutepido crescimento das

importaccedilotildees e pequeno crescimento exportaccedilotildees

A situaccedilatildeo se agravou ao final de 1997 e durante 1998 e a tendecircncia de crescimento

das exportaccedilotildees que estava iniciando foi interrompida pela deterioraccedilatildeo dos mercados

internacionais provocada pela Crise Asiaacutetica e a Crise Ruacutessia

As crises financeiras de repercussatildeo internacional geraram a perda de credibilidade

internacional Como resposta agraves crises o Governo foi forccedilado a rever sua poliacutetica de controle

da inflaccedilatildeo via acircncora cambial por meio da implantaccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante em

15 de janeiro de 1999 Ao final de 1999 o preccedilo do doacutelar norte-americano alcanccedilou R$ 1789

o que refletiu uma desvalorizaccedilatildeo estimada em 40 em relaccedilatildeo ao ano anterior O iniacutecio da

desvalorizaccedilatildeo cambial viabilizada pela adoccedilatildeo do cacircmbio flexiacutevel estimulou as exportaccedilotildees

jaacute que a depreciaccedilatildeo do real configurou por si soacute um ganho de competitividade para o

produtor brasileiro Da mesma forma as importaccedilotildees de bens e serviccedilos foram

desestimuladas o que refletiu na diminuiccedilatildeo do deacuteficit da balanccedila comercial

A recuperaccedilatildeo econocircmica do Brasil e a consolidaccedilatildeo do novo sistema de cacircmbio

flutuante se deram apenas no ano 2001 em conjunto a retomada poacutes-crise da economia

internacional o que gerou um novo impulso ao comeacutercio internacional brasileiro e permitiu o

primeiro superaacutevit da balanccedila comercial apoacutes a implantaccedilatildeo do plano Real Como resultado

as exportaccedilotildees saltaram de 477 bilhotildees para 1378 bilhotildees de doacutelares de 1996 a 2006 A partir

de 2001 as vendas externas descolaram das importaccedilotildees e despontaram a uma taxa de

crescimento anual composto de 19 o que representa aproximadamente um crescimento

duas vezes superior as importaccedilotildees embora ambas tenham seguindo uma tendecircncia

semelhante

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 20: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

18

Graacutefico 1 Balanccedila Comercial Brasileira - 1992 a 2006 - US$ bilhotildees

-2000

000

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

US$ b

ilhotildees

FOB

Exportaccedilatildeo Importaccedilatildeo Saldo Comercia l

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O fato eacute que ao longo dos uacuteltimos anos o Brasil vem aumentando a participaccedilatildeo das

suas exportaccedilotildees enquanto proporccedilatildeo do PIB De 1996 a 2006 essa participaccedilatildeo cresceu

aproximadamente 127 saltando de 67 para 128 Da mesma forma a participaccedilatildeo

brasileira no total das exportaccedilotildees realizadas no mundo que vinha decrescendo (saindo de

104 em 1994 para 086 em 1999) tambeacutem apresentou crescimento e em 2006 essa

participaccedilatildeo atingiu seu maior patamar no periacuteodo 117

O primeiro foi o choque adverso dos preccedilos relativos entre os meses de janeiro de 1997 e janeiro de 1999 ndash quando ocorreu a desvalorizaccedilatildeo ndash o iacutendice de preccedilos dos produtos baacutesicos e semimanufaturados exportados pelo Brasil caiu 15 e 17 respectivamente O segundo foi o fechamento dos mercados internacionais de creacutedito apoacutes a crise da Ruacutessia em agosto de 1998 A estrateacutegia brasileira pressupunha que o paiacutes teria tempo para fazer os ajustes necessaacuterios enquanto o resto do mundo financiava um desequiliacutebrio temporariamente elevado do Balanccedilo de Pagamentos O choque de preccedilos fez esse desequiliacutebrio se tornar ainda maior (AVERBUG e GIAMBIAGI 2000 p 11)

A participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no comeacutercio internacional embora tenha obtido ganhos

positivos ainda tem um desafio pela frente tendo em vista que Alemanha Estados Unidos

China Japatildeo e Franccedila juntos detecircm aproximadamente 37 das exportaccedilotildees mundiais com

meacutedia de participaccedilatildeo que varia de 3 a 9

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 21: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

19

Graacutefico 2 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees Brasileiras no PIB

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Graacutefico 3 Participaccedilatildeo () do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

O incremento das vendas brasileiras no mercado externo incentivou ganhos de

produtividade incorporaccedilatildeo de novas tecnologias crescimento mais dinacircmico do PIB

geraccedilatildeo de novos empregos etc Entretanto os produtos baacutesicos e semimanufaturados

respondem por mais de 40 da pauta brasileira de exportaccedilotildees o que se deve a atentar uma

vez que as exportaccedilotildees brasileiras permaneceram vulneraacuteveis agraves flutuaccedilotildees dos preccedilos das

commodities internacionais o que contraria a visatildeo de crescimento sustentaacutevel das vendas

externas

000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees no PIB

000

020

040

060

080

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

P

artic

ipaccedil

atildeo

Part do Brasil nas Exportaccedilotildees Mundiais

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 22: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

20

Graacutefico 4 Participaccedilatildeo () das Exportaccedilotildees por Fator Agregado

Fonte SECEX Elaboraccedilatildeo proacutepria

Neste aspecto pode-se reafirmar a importacircncia do financiamento agraves exportaccedilotildees haja

vista que quanto maior o valor agregado de um bem maior seu custo de produccedilatildeo bem como

de sua exportaccedilatildeo Eacute partir dessa loacutegica que se pode justificar a natildeo participaccedilatildeo dos produtos

agriacutecolas na pauta de produtos elegiacuteveis aos mecanismos oficiais de financiamento

I4 - Desempenho exportador das Micro Pequenas e Meacutedias Empresas

Cabe ressaltar a atuaccedilatildeo das micro pequenas e meacutedias empresas (MPMEs) no

comeacutercio internacional bem como no processo de desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes

Em uma economia focada no desenvolvimento regional as MPMEs tecircm um papel de

muita importacircncia pois possuem maior agilidade e flexibilidade de adaptaccedilatildeo do que as

empresas de grande porte Este fato eacute ainda mais acentuado quando as instabilidades

econocircmicas e poliacuteticas requerem inuacutemeras accedilotildees e adequaccedilotildees com reflexos raacutepidos

No caso do Brasil o nuacutemero das MPMEs vem aumentando ano a ano e embora

detenham poder de grande abrangecircncia na sustentaccedilatildeo da economia estas satildeo bastante

vulneraacuteveis tendo em vista que 49 das empresas encerram as atividades com ateacute dois anos

de abertura segundo dados do estudo realizado pelo SEBRAE em 2010 As Micros e

Pequenas Empresas na Exportaccedilatildeo Brasileira (1998 - 2009)

Dados estatiacutesticos do SEBRAE e IBGE revelaram que juntas micro pequenas e

meacutedias empresas deteacutem 67 dos empregos totais disponiacuteveis no Brasil 26 do total da

massa salarial e correspondem a 99 das empresas formais Enquanto as grandes empresas

56 58 58 61 58 56 55 56 56 56

16 16 17 16 15 15 15 14 14 14

28 26 25 23 27 29 30 30 30 30

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

P

artic

ipaccedil

atildeo

Manufaturado Semi-manufaturado Baacutesico

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 23: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

21

detecircm 33 dos empregos formais correspondem a 03 do total de empresas e a 62 da

massa salarial total

O principal setor de atuaccedilatildeo exportadora das empresas de menor porte industriais eacute o

de fabricaccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (163) seguidos pelo de fabricaccedilatildeo de produtos

de madeira (121) fabricaccedilatildeo de moacuteveis e induacutestrias diversas (118) preparaccedilatildeo de couros

e fabricaccedilatildeo de artefatos em couro artigos de viagem e calccedilados (78) confecccedilatildeo de artigos

do vestuaacuterio e acessoacuterios (71) e demais setores (449)

Ao avaliar a frequumlecircncia exportadora das MPMEs brasileiras verifica-se que a

continuidade nas exportaccedilotildees aumenta em um crescimento linear com um incremento de

242 no nuacutemero de microempresas com participaccedilatildeo contiacutenua entre os anos de 1998 e 2009

Quando comparadas as empresas de grande porte os dados demonstram que as

MPMEs representam 76 do total das empresas exportadoras no entanto quando se trata de

valor exportado a participaccedilatildeo ainda estaacute concentrada nas grandes empresas com

aproximadamente 92 do total exportado

Graacuteficos 5 Empresas Exportadoras por Porte e Valor Exportado por Porte

Fonte SECEX 2006 Elaboraccedilatildeo proacutepria

76

21

3

Empresas Exportadoras84

914

01

Valor Exportado

MPMEs

Grandes Empresas

Outros

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 24: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

22

CAPIacuteTULO II - ESTRUTURA DO COMEacuteRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Ateacute 1990 as accedilotildees e decisotildees sobre as poliacuteticas de comeacutercio exterior no Paiacutes se

mantiveram centralizadas em torno da Carteira de Comeacutercio Exterior do Banco do Brasil

(CACEX) que reunia muacuteltiplas funccedilotildees satildeo elas concessatildeo de recursos financeiros creacutedito e

incentivos fiscais regulamentaccedilatildeo operacionalizaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos

brasileiros Motta e Veiga (2003) caracterizam a estrutura interna da uacutenica agecircncia federal

responsaacutevel pela direccedilatildeo do comeacutercio externo no Brasil pela subordinaccedilatildeo ao Estado e pelas

parcerias informais de caraacuteter ldquosetorialistardquo permeada por informaccedilotildees natildeo transparentes

entre agentes privados e puacuteblicos

O CACEX foi desativa no ano de 1990 e suas funccedilotildees foram distribuiacutedas pela

Secretaria do Comeacutercio Exterior (SECEX) e Agecircncia de Promoccedilatildeo de Exportaccedilotildees e

Investimentos (APEX-Brasil) ambas subordinadas ao Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

Em novembro de 1997 foi criada por decreto presidencial a Agecircncia de Promoccedilatildeo de

Exportaccedilotildees (APEX) com o papel de promover as vendas externas de bens e serviccedilos

brasileiros atraveacutes de accedilotildees realizadas em parceria com os setores puacuteblico e privado ldquoA

Agecircncia foi criada com o objetivo geral de reverter o cenaacuterio de concentraccedilatildeo das exportaccedilotildees

em empresas de grande porte e de procurar estimular um maior conteuacutedo tecnoloacutegico nas

exportaccedilotildees das empresas de pequeno porterdquo (Aacutelvares 1999 p 61)

Em resumo os anos 90 foram marcados pela reorganizaccedilatildeo da estrutura do comeacutercio

exterior brasileiro a partir da criaccedilatildeo de novos oacutergatildeos A gestatildeo da poliacutetica de apoio ao

comeacutercio internacional tornou-se mais dinacircmica dividindo funccedilotildees entre ministeacuterios

secretaacuterias departamentos bancos e oacutergatildeos natildeo governamentais o que promoveu o

incremento ao programa de promoccedilatildeo agraves exportaccedilotildees Atualmente o Brasil possui uma

complexa estrutura de regulamentaccedilatildeo defesa e suporte ao comeacutercio exterior como se

percebe na Figura 1 ndash Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 25: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

23

Figura 1 Estrutura do Comeacutercio Exterior Brasileiro

Fonte MIDC Elaboraccedilatildeo proacutepria

II1 - Cacircmera de Comeacutercio Exterior ndash CAMEX

A CAMEX eacute um oacutergatildeo integrante do Conselho do Governo criado em janeiro de

1995 com objetivo de formular adotar programar e coordenar poliacuteticas e atividades relativas

ao comeacutercio exterior de bens e serviccedilos As competecircncias redefinidas pela Resoluccedilatildeo No 11

de 25 de abril de 2005 compreendem dentre muitas a de fixar diretrizes para a poliacutetica de

financiamento das exportaccedilotildees de bens e de serviccedilos bem como para a cobertura dos riscos

de operaccedilotildees a prazo inclusive as relativas ao seguro de creacutedito agraves exportaccedilotildees

A CAMEX eacute formada3 pelo Conselho de Ministros Comitecirc Executivo de Gestatildeo

(GECEX) COFIG Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) integrado por ateacute 20

representantes do setor privado e Secretaria Executiva

3Artigo 2ordm do Regimento Interno do CAMEX Anexo a Resoluccedilatildeo No 11 de 25 de abril de 2005

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 26: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

24

II11 - Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees ndash COFIG

O COFIG colegiado integrante da CAMEX criado em fevereiro de 2004 unificou as

competecircncias do Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx) e do Conselho Diretor do Fundo

de Garantia agrave Exportaccedilatildeo (CFGE) com o intuito de trazer mais agilidade e eficiecircncia para os

exportadores bem como uma visatildeo mais coordenada do governo e dos setores apoiados O

COFIG eacute composto pelo secretaacuterio-executivo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e

Comeacutercio Exterior que o preside e por um representante titular e suplente indicado

nominalmente da Secretaria do Tesouro Nacional e de cada um dos Ministeacuterios que

compotildeem a CAMEXmiddot (Ministeacuterio da Fazenda - MF Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e

Abastecimento - MAPA Ministeacuterio do Planejamento - MP Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores - MRE e Casa Civil)

Participam tambeacutem das reuniotildees do COFIG sem direito a voto com vistas a

apresentar suas respectivas operaccedilotildees um representante titular e respectivo suplente

indicados nominalmente pelos seguintes oacutergatildeos4

sect Banco do Brasil

sect Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social - BNDES

sect IRB ndash Brasil Resseguro SA e

sect Seguradora Brasileira de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo SA ndash SBCE

O COFIG possui entre outras as atribuiccedilotildees de estabelecer alccediladas e demais condiccedilotildees a

serem observadas pelo Banco do Brasil na conduccedilatildeo do PROEX analisar os pedidos de

equalizaccedilatildeo de taxas de juros que extrapolem ou natildeo atendam aos limites e agraves condiccedilotildees de

alccedilada do Banco do Brasil e analisar os pedidos de equalizaccedilatildeo de taxas de juros relativos agrave

exportaccedilatildeo de serviccedilos de programas de computadores (softwares) de navios e de aeronaves

para aviaccedilatildeo regional

II2 - Ministeacuterio do desenvolvimento da induacutestria e comeacutercio exterior ndash MDIC

O MDIC instituiu-se a partir da Medida Provisoacuteria No 1911-8 de 29 de julho de 1999

e tem como competecircncia aleacutem de poliacuteticas de desenvolvimento da induacutestria do comeacutercio e

dos serviccedilos poliacuteticas de comeacutercio exterior regulamentaccedilatildeo e execuccedilatildeo dos programas e

atividades relativas ao comeacutercio exterior

4 Artigo 3ordm do Regimento Interno do COFIG aprovado na 31ordf Reuniatildeo Ordinaacuteria do Comitecirc realizada em 28 de fevereiro de 2007

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 27: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

25

A aacuterea de competecircncia do MDIC abrange assuntos desde poliacutetica de desenvolvimento

da induacutestria comeacutercio e serviccedilo a regulamentaccedilatildeo execuccedilatildeo e participaccedilatildeo em negociaccedilotildees

internacionais relativas comeacutercio exterior e seus programas e atividades e formulaccedilatildeo de

poliacutetica de apoio as micro pequenas e meacutedias empresas

Dentre as diversas Secretarias que compotildeem a estrutura do Ministeacuterio estaacute a

Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) que possui funccedilatildeo de assessorar e coordenar a

participaccedilatildeo do MIDC no Comitecirc de Financiamento e Garantia das Exportaccedilotildees - COFIG no

Comitecirc de Avaliaccedilatildeo de Creacuteditos ao Exterior e na Comissatildeo de Programaccedilatildeo Financeira do

Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O MIDC oferece ferramentas informativas aos exportadores e interessados a ingressar

no comeacutercio exterior atraveacutes de sites como Portal do Exportador e Vitrine do Exportador

com objetivo de oferecer informaccedilotildees baacutesicas sobre os principais termos mecanismos

legislaccedilatildeo eventos e atividades que ajudem ao exportador no processo de alcanccedilar novos

mercados

II3 - Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores ndash MRE

O MRE eacute responsaacutevel por assessorar o Presidente da Repuacuteblica na formulaccedilatildeo e

execuccedilatildeo da poliacutetica externa brasileira Dentro da sua estrutura diplomaacutetica possui o

Departamento de Promoccedilatildeo Comercial (DPR) subordinado a Subsecretaria Geral de

Cooperaccedilatildeo e Comunidades Brasileiras no Exterior e tem como funccedilatildeo orientar e controlar

as atividades de promoccedilatildeo comercial no exterior O Departamento de Promoccedilatildeo Comercial do

MRE apoacuteia as exportaccedilotildees brasileiras no sentido de divulgaccedilatildeo de oportunidades comerciais

como eventos (feiras e exposiccedilotildees internacionais missotildees empresariais seminaacuterios)

investimentos e transferecircncia de tecnologia

II4 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social ndash BNDES

O Sistema BNDES eacute composto do Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES e

suas subsidiaacuterias a Agecircncia Especial para Financiamento Industrial (FINAME) e o BNDES

Participaccedilotildees SA (BNDESPAR)

O BNDES desde sua criaccedilatildeo em 1952 pela Lei No 1628 de 20 de junho de 1952

esteve fortemente vinculado agraves diretrizes governamentais e atua como um importante

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 28: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

26

instrumento para analisar projetos e dar suporte ao Governo na implementaccedilatildeo de poliacuteticas

estrateacutegicas para a industrializaccedilatildeo do Brasil

Em 1971 o BNDES se tornou um oacutergatildeo vinculado ao MIDC e foi enquadrado como

empresa puacuteblica federal com personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio

Atualmente o Banco possui muacuteltiplos princiacutepios que norteiam sua atividade como

estimular o desenvolvimento econocircmico e social do Paiacutes fortalecer o setor empresarial e o

mercado de capitais atenuar os desequiliacutebrios regionais promover desenvolvimento

integrados dos diversos setores da economia bem como das micro pequenas e meacutedias

empresas e crescimento e diversificaccedilatildeo das exportaccedilotildees

Entre o conjunto de programas jaacute lanccedilados pelo Banco ressalta-se o apoio as

exportaccedilotildees e inserccedilatildeo internacional das empresas privadas atraveacutes de financiamentos com

custos e prazos diferenciados e competitivos Os produtos oferecidos pelo BNDES se dividem

em linhas de financiamento em que se destacam o BNDES Finem ndash Apoio agrave formaccedilatildeo de

capital de giro a empresas exportadoras o BNDES Exim ndash Financiamento agrave produccedilatildeo de bens

e serviccedilos brasileiros agrave exportaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo no exterior

De acordo com o BNDES o banco tem consolidado tambeacutem sua posiccedilatildeo de

financiador das exportaccedilotildees brasileiras de serviccedilos de engenharia e construccedilatildeo como se pode

observar atraveacutes dos outros programas direcionados agrave internacionalizaccedilatildeo de empresas como

BNDES Proacute-Aeronaacuteutica

II5 - Banco do Brasil SA ndash BB

O Banco do Brasil SA foi o primeiro banco a operar no Brasil e atua desde entatildeo

como um dos agentes do desenvolvimento econocircmico do paiacutes Atualmente o Banco do Brasil

eacute uma sociedade de economia mista com participaccedilatildeo majoritaacuteria do Governo Federal

O Banco do Brasil eacute uma das Instituiccedilotildees Financeiras Oficiais Federais Sendo assim

a Instituiccedilatildeo contribui com o Governo Federal na execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas viabilizando

os repasses a administraccedilatildeo e arrecadaccedilatildeo de recursos financeiros a exemplo de (i)

recolhimento de tributos federais (ii) operaccedilotildees de creacutedito lastreadas com recursos

provenientes de contribuiccedilotildees federais (iii) financiamento diretor ao exportador com recursos

obtidos junto ao Tesouro Nacional - PROEX dentro outros

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 29: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

27

CAPIacuteTULO III - MECANISMOS PUacuteBLICOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

O mercado de financiamento agrave exportaccedilatildeo se divide basicamente em dois tipos de

creacutedito o financiamento agrave produccedilatildeo (preacute-embarque) e agrave comercializaccedilatildeo (poacutes-embarque) Os

dois tipos de financiamento podem ser mais ou menos importantes a depender do setor mas

um mercado bem desenvolvido de ambos em um paiacutes eacute essencial para a viabilizaccedilatildeo de

exportaccedilotildees

O financiamento agrave produccedilatildeo fornece recursos em prazos adequados ao ciclo de

produccedilatildeo da empresa que iraacute exportar Eacute representado por capital de giro que o exportador iraacute

utilizar na compra de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra para a produccedilatildeo dos bens a serem

exportados

O financiamento agrave comercializaccedilatildeo permite que a empresa financie seu importador e

receba os recursos antecipadamente A empresa poderaacute competir internacionalmente com

prazos de pagamento mais longos sem onerar sua estrutura financeira Uma mesma operaccedilatildeo

pode contar com os dois tipos de financiamento Financia-se a produccedilatildeo na fase preacute-

embarque e depois se descontam as cambiais geradas pela venda do bem a prazo ao

importador

O sistema puacuteblico de creacutedito agrave exportaccedilatildeo busca cumprir as funccedilatildeo natildeo

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras privadas entre as quais prover garantias contra

os riscos inerentes agrave atividade exportadora fornecer creacutedito a custos menores e a prazos mais

longos permitir acesso as micros pequenas e meacutedias empresas ao financiamento e outras

Adicionalmente eacute reconhecido que o superaacutevit comercial para um paiacutes eacute de grande

importacircncia para o equiliacutebrio das contas externas de forma que cabe ao Estado assegurar o

crescimento sustentaacutevel das exportaccedilotildees

Os dois principais instrumentos de creacutedito agraves exportaccedilotildees no Brasil de cunho

governamental satildeo o Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX e o BNDES-

Exim Ambos os programas estatildeo disponiacuteveis em todo o territoacuterio nacional e atende as

empresas de todos os portes Enquanto instrumentos de assistecircncia financeira vale ressaltar

que o BNDES-Exim natildeo ampara apenas na produccedilatildeo exportaacutevel mas tambeacutem nas

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 30: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

28

exportaccedilotildees propriamente ditas (poacutes-embarque) o que acaba por disseminaacute-lo mais entre as

empresas de grande porte do que entre as empresas de menor porte que por sua vez utilizam

com maior frequumlecircncia o PROEX

A principal diferenccedila entre os dois Programas refere-se agrave origem dos recursos

financiados O PROEX eacute dependente de negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do orccedilamento da Uniatildeo

pois os aportes ao Programa satildeo previstos no Orccedilamento Geral da Uniatildeo anualmente ao

contraacuterio do BNDES-Exim que possui recursos provenientes de fundos puacuteblicos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador ndash FAT

III1 - O Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

O PROEX foi instituiacutedo pelo Governo Federal pela Lei nordm 8187 de 1ordm de junho de

1991 com o objetivo de conceder agraves exportaccedilotildees brasileiras condiccedilotildees equivalentes agraves do

mercado internacional O PROEX recriou as modalidades de financiamento (PROEX

Financiamento) e de equalizaccedilatildeo (PROEX Equalizaccedilatildeo) por meio de recursos do Tesouro

Nacional previstos anualmente no Orccedilamento Geral da Uniatildeo Atualmente o programa possui

uma terceira modalidade de assistecircncia creditiacutecia o PROEX Preacute-Embarque e eacute regido pela

Lei nordm 10184 de 12 de fevereiro de 2001 que foi alterada pela Lei nordm 11499 de 28 de junho

de 2007 A legislaccedilatildeo baacutesica em vigor do PROEX por ordem cronoloacutegica eacute apresentada a

seguir

sect Resoluccedilatildeo Senado nordm 50 de 16061993 - Dispotildee com base no art 52 inciso

V e VII da Constituiccedilatildeo Federal sobre as operaccedilotildees de financiamento externo

com recursos orccedilamentaacuterios da Uniatildeo

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 2575 de 17121998 - Redefine os criteacuterios aplicaacuteveis aos

financiamentos das exportaccedilotildees brasileiras ao amparo do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees ndash PROEX

sect Lei nordm 10184 de 12022001 - dispotildee sobre a concessatildeo de financiamento

vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CMN nordm 3219 de 30062004 - redefine os criteacuterios aplicaacuteveis agraves

operaccedilotildees do sistema de equalizaccedilatildeo de taxas de juros do Programa de

Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 31: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

29

sect Decreto nordm 4993 de 18022004 - cria o Comitecirc de Financiamento e Garantia

das Exportaccedilotildees ndash COFIG

sect Lei nordm 11499 de 28062007- acrescenta o art 2ordm-A e altera o art 3ordm da Lei nordm

10184 de 12 de fevereiro de 2001 que dispotildee sobre a concessatildeo de

financiamento vinculado agrave exportaccedilatildeo de bens ou serviccedilos nacionais

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 35 de 22082007 - estabelece as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

sect Resoluccedilatildeo CAMEX nordm 45 de 26082009 - cria a modalidade PROEX

Financiamento agrave Produccedilatildeo Exportaacutevel ndash PROEX Preacute-Embarque e

sect Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

O Banco do Brasil SA eacute Agente Financeiro exclusivo do Tesouro Nacional

responsaacutevel pela operacionalizaccedilatildeo do Programa No sentido normativo vale ressaltar a

atuaccedilatildeo do COFIG que possui as atribuiccedilotildees de enquadrar e acompanhar as operaccedilotildees do

PROEX estabelecendo os paracircmetros e condiccedilotildees para concessatildeo de assistecircncia financeira agraves

exportaccedilotildees e de prestaccedilatildeo de garantia da Uniatildeo

Os recursos financiados pelo PROEX natildeo retornam ao mecanismo quando utilizados

ou seja uma vez que haacute o pagamento das operaccedilotildees contratadas ao Tesouro Nacional natildeo satildeo

colocados agrave disposiccedilatildeo do segmento exportador

A Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007 alterou as diretrizes para a

utilizaccedilatildeo do PROEX de forma que as operaccedilotildees de financiamento passaram a partir desta

data a ser destinadas prioritariamente as micro pequenas meacutedias empresas brasileiras

exportadoras de bens e serviccedilos a exceccedilatildeo5 das empresas de grande porte no cumprimento de

compromissos do Governo em negociaccedilotildees bilaterais que envolvam concessatildeo de creacutedito

brasileiro ou outra operaccedilatildeo que natildeo pode ser viabilizada por outra fonte de financiamento

Com relaccedilatildeo agrave modalidade equalizaccedilatildeo o PROEX Equalizaccedilatildeo apoacuteia a todas as empresas

exportadoras de qualquer porte em financiamentos obtidos por intermeacutedio de instituiccedilotildees

financeiras privadas puacuteblicas nacionais ou estrangeiras

5 Texto Art 1o Paraacutegrafo I e II da Resoluccedilatildeo CAMEX no 35 de 22 de agosto de 2007

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 32: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

30

As trecircs modalidades do programa satildeo descritas nas seccedilotildees a seguir

III11 - PROEX Financiamento

Na modalidade financiamento o creacutedito eacute concedido ao exportador (supplierrsquos credit)

ou ao importador (buyerrsquos credit) No financiamento concedido ao exportador o exportador

emite um tiacutetulo de creacutedito representativo da exportaccedilatildeo a prazo e em seguida desconta o tiacutetulo

no Banco Brasil apoacutes o embarque do produto As operaccedilotildees de creacutedito concedidas

diretamente ao importador satildeo realizadas por intermeacutedio de contrato entre o governo federal

brasileiro e entidades estrangeiras do setor puacuteblico sem vinculaccedilatildeo do exportador que soacute

recebe o recurso apoacutes autorizaccedilatildeo do importador

O PROEX Financiamento permite que os exportadores nacionais recebam agrave vista o

valor correspondente agraves vendas externas concedendo prazo aos importadores para liquidaccedilatildeo

dos compromissos firmados O financiamento eacute concedido a taxas de juros compatiacuteveis com o

mercado internacional o que permite que os exportadores pratiquem preccedilos mais atrativos

por meio da adequaccedilatildeo do seu preccedilo agrave reduccedilatildeo dos custos financeiros bem como atuem com

uma margem operacional maior pois as operaccedilotildees do PROEX Financiamento natildeo impactam

o limite de creacutedito no banco o que daacute espaccedilo a realizaccedilatildeo de outras operaccedilotildees6

Adicionalmente o programa confere melhores condiccedilotildees no que se refere a agilidade e

competitividade por viabilizar um prazo de pagamento estendido ao importador sem a

cobranccedila de taxa de administraccedilatildeo

O valor financiado em regra geral eacute limitado em ateacute 85 do valor das exportaccedilotildees

de acordo como iacutendice de nacionalizaccedilatildeo das mercadorias Em situaccedilotildees excepcionais o valor

financiado poderaacute ser de 100 do valor exportado para os financiamentos de ateacute dois anos

limitado a U$10 milhotildees anuais dentro do ano civil por empresa

Os prazos dos financiamentos em vias gerais variam de 60 dias a dez anos em funccedilatildeo

do tipo e valor de produto ou complexidade do serviccedilo prestado conforme definido pela

Portaria MIDC nordm208 de 20 de outubro de 2010 a ser pago em parcelas semestrais iguais e

consecutivas

6O BACEN atraveacutes da Circular nordm 2825 de 24061998 criou a possibilidade de encadeamento das operaccedilotildees de Adiantamento sobre Contrato de Cacircmbio ndash ACC com as operaccedilotildees do PROEX Financiamento ou seja as operaccedilotildees de ACC passaram a ser passiacuteveis de liquidaccedilatildeo mediante utilizaccedilatildeo de recursos do PROEX Financiamento

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 33: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

31

O Departamento de Operaccedilotildees de Comeacutercio Exterior ndash DECEX e a Secretaria de

Comeacutercio Exterior ndash SECEX tem autonomia para conceder prazo de carecircncia acima de seis e

de ateacute dezoito meses para pagamento da parcela do principal quando a praacutetica internacional

ou as condiccedilotildees especiais de comercializaccedilatildeo transporte montagem teste ou andamento

assim o recomendem Os pedidos de carecircncia envolvendo prazos superiores a dezoito meses

satildeo submetidos agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Credito agrave Exportaccedilatildeo ndash CCEx

O periacuteodo de carecircncia seraacute aprovado apenas para a parcela do principal devendo o

pagamento dos juros sem qualquer carecircncia ocorrer no prazo estabelecido de trecircs ou seis

meses da data do embarque ou da entrega das mercadorias em acordo com o regime de

pagamento

Tabela 1 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Financiamento

PROEX Financiamento

Disposiccedilotildees Baacutesicas

Modalidades Beneficiaacuterios minus Supplierrsquos credit ndash concedido ao exportador mediante desconto dos tiacutetulos

representativos de vendas a prazo minus Buyerrsquos credit ndash concedido ao importador (entidade estrangeira do setor

puacuteblico ou privado) por intermeacutedio de contrato de financiamento firmado pelo governo brasileiro

Bens e serviccedilos elegiacuteveis minus Mercadorias - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010

Produtos natildeo elegiacuteveis partes e peccedilas de reposiccedilatildeo poderatildeo ser financiados nas mesmas condiccedilotildees de prazos e juros previstas para os bens a que se destinem desde que estejam sendo exportadas no mesmo pacote observado o percentual maacuteximo de 30 do valor das mercadorias elegiacuteveis

minus Serviccedilos - todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos teacutecnicos e de execuccedilatildeo e montagem ou pacotes turn-key

Valor financiaacutevel - ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade incoterm pactuada para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 com prazo de financiamento de ateacute 2 anos de 85 do valor da exortaccedilatildeo nos demais casos Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional a parcela financiaacutevel poderaacute ser reduzida e seraacute igual ao percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 Forma de pagamento minus Parte financiada ndash prestaccedilotildees iguais e consecutivas venciacuteveis

semestralmente vencendo a primeira parcela ateacute 6 meses apoacutes cada embarque de acordo com o regime de amortizaccedilatildeo

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 34: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

32

minus Prazo do financiamento - eacute o periacuteodo compreendido entre as datas do embarque da mercadoria da ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato de financiamento ou ainda da data da consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos e o vencimento da uacuteltima prestaccedilatildeo do principal Os prazos maacuteximos de pagamento variam de 60 dias a 10 anos observado o disposto na Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 Nas exportaccedilotildees de serviccedilos os prazos seratildeo definidos caso a caso pelo Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees (CCEx)

minus Taxas de juros ndash taxa fixa ou variaacutevel correspondente agrave LIBOR7 divulgada pelo Banco Central Os juros devem ser calculados sobre o saldo devedor e devidos nas mesmas datas de vencimento das parcelas do principal

Garantias ndash (i) aval fianccedila ou carta de creacutedito de estabelecimento de creacutedito ou financeiro de primeira linha no exterior (ii) creacuteditos documentaacuterios ou tiacutetulos emitidos ou avalizados por instituiccedilotildees autorizadas dos paiacuteses participantes do Convecircnio de Pagamentos e Creacuteditos Reciacuteprocos (CCR) (iii) seguro de creacutedito agrave exportaccedilatildeo (iv) aval de governo ou de bancos oficiais do paiacutes importador quando se tratar de operaccedilotildees com entidades estrangeiras do setor puacuteblico e (v) outras a criteacuterio do CCEx ndash Comitecirc de Creacutedito agraves Exportaccedilotildees Existe dispensa de direito de regresso sobre o exportador se a garantia for representada por (i) e (ii) no caso da Garantia (iii) o regresso sobre o exportador restringe-se a parte natildeo coberta pelo seguro de creacutedito e quando se tratar da garantia (iv) o direito de regresso sobre o exportador poderaacute ser dispensado pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

III12 - PROEX Equalizaccedilatildeo de Taxa de Juros

A modalidade de equalizaccedilatildeo de taxas de juros tem por finalidade tornar o custo de

financiamento agrave exportaccedilatildeo equivalente aos praticados no mercado internacional o que

possibilita a reduccedilatildeo da desvantagem comparativa que o Brasil possui com relaccedilatildeo a outros

paiacuteses envolvidos no comeacutercio externo no que tange a encargos financeiros

Nessa modalidade os exportadores captam financiamento com os bancos muacuteltiplos

comerciais de investimento e desenvolvimento ou com a Agecircncia Especial de Financiamento

Industrial - FINAME e o PROEX assumem parte dos encargos financeiros das operaccedilotildees

financiadas de forma a equalizar as taxas de juros praticadas localmente com as

internacionais

O valor maacuteximo admitido para fins de caacutelculo de equalizaccedilatildeo eacute de ateacute 85 do valor da

exportaccedilatildeo no caso de mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo de 60 conforme criteacuterios

7 London Interbank Offered Rate ndash LIBOR eacute uma taxa preferencial de juros oferecida amplamente no mercado internacional entre bancos que operam eurodoacutelares Essa taxa eacute utilizada como base de remuneraccedilatildeo para empreacutestimos em doacutelares a empresas e instituiccedilotildees governamentais e eacute reajustaacutevel no primeiro dia dos meses de abril e outubro de cada ano de vigecircncia do financiamento Mais informaccedilotildees disponiacuteveis no site do BNDES

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 35: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

33

FINAME8 O restante (miacutenimo de 15) eacute pago pelo importador agrave vista ou financiado por um

banco no exterior O amparo do PROEX pode ser reduzido quando o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo

do bem ou conjunto de bens contemplados pela operaccedilatildeo de financiamento for inferior a 60

Os produtos e serviccedilos financiaacuteveis estatildeo listados na Portaria MDIC nordm 208 de 20 de

outubro de 2010 que substituiu a nordm 98 de 07 de maio de 2009 Satildeo objetos de apoio os

serviccedilos de instalaccedilatildeo manutenccedilatildeo maacutequinas e equipamento software bens de consumo

duraacuteveis e natildeo duraacuteveis entre outros A lista de produtos beneficiados eacute extensa e

corresponde agrave cerca de 90 da pauta de exportaccedilatildeo brasileira com exceccedilatildeo de commodities e

outros produtos com pouco valor agregado

As condiccedilotildees do financiamento podem ser diferentes das condiccedilotildees da equalizaccedilatildeo e

satildeo livremente negociadas com o financiador garantia taxa de juros prazo e percentual

financiaacutevel Jaacute o prazo de equalizaccedilatildeo de taxas de juros eacute definido pelo MDIC e eacute limitado ao

prazo do financiamento pactuado com o agente financeiro

Nas transaccedilotildees com prazo de financiamento inferior a 360 dias a amortizaccedilatildeo e o

pagamento dos juros devem ser realizados em uma uacutenica parcela na mesma data

Nas transaccedilotildees financeiras com prazo superior a 360 dias o regime de amortizaccedilatildeo do

dos financiamentos e refinanciamentos seraacute feito em parcelas iguais e sucessivas em

periacuteodos semestrais vencendo a primeira seis meses apoacutes a data de embarque ou entrega das

mercadorias da fatura do contrato comercial ou financeiro admitindo ainda a data de

consolidaccedilatildeo dos embarques

O spread de equalizaccedilatildeo incide sobre o saldo devedor do financiamento observado em

cada um dos pagamentos e satildeo estabelecidos em funccedilatildeo do prazo de equalizaccedilatildeo do bem ou

serviccedilo Os percentuais maacuteximos variam de 05 a 25 ao ano conforme Carta-Circular

CMN 288199

As importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo satildeo pagas aos financiadores em Notas

do Tesouro Nacional as chamadas NTN-I monetizadas na data de vencimento dos juros do

financiamento Dessa forma geralmente o periacuteodo de pagamento da equalizaccedilatildeo eacute idecircntico ao

periacuteodo de contagem de juros

8Relaciona-se atraveacutes de Declaraccedilotildees de Importaccedilatildeo (DI) o montante importado e incorporado agrave mercadoria Em seguida aplica-se a foacutermula para o iacutendice de nacionalizaccedilatildeo IN = (1-Σ DI Pv) x 100 sendo Pv o preccedilo de comercializaccedilatildeo atribuiacutedo ao produtoserviccedilo

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 36: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

34

Vale lembrar que a sistemaacutetica utilizada no pagamento da equalizaccedilatildeo de taxas de

juros do PROEX ateacute julho de 1993 era o pagamento em cash cujos desembolsos ocorriam

juntamente com os pagamentos das parcelas pelo importador No entanto o pagamento em

cash acabava por gerar incertezas no sistema financeiro que natildeo tinha garantias para

recebimento da equalizaccedilatildeo Assim implementou-se a forma de pagamento da equalizaccedilatildeo

em NTN-I com desembolso uacutenico na data do embarque da mercadoria exportada e com

vencimentos coincidentes com os pagamentos das parcelas pelo importador Essa uacuteltima

sistemaacutetica daacute ao beneficiaacuterio uma garantia documental do pagamento da equalizaccedilatildeo pelo

governo brasileiro

A operaccedilatildeo de equalizaccedilatildeo poderaacute ser buyerrsquos credit ou seja uma instituiccedilatildeo de

creacutedito no exterior com direito de equalizaccedilatildeo financia o importador que por sua vez deve

pagar a vista ou antecipado ao exportador brasileiro Ou poderaacute ser supplierrsquos credit

primeiramente o exportador concede um prazo para o pagamento do importador logo uma

instituiccedilatildeo financeira brasileira capta recursos do exterior e refinancia o exportador mediante

descontos de tiacutetulos no valor das exportaccedilotildees

Tabela 2 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do PROEX Equalizaccedilatildeo

PROEX Equalizaccedilatildeo not Disposiccedilotildees Baacutesicas

Beneficiaacuterios - bancos comerciais e muacuteltiplos de investimento de desenvolvimento a Agecircncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME e instituiccedilotildees financeiras situadas no exterior Mercadorias elegiacuteveis - relaccedilatildeo anexa agrave Portaria MDIC nordm 208 de 20102010 As exportaccedilotildees podem ser realizadas individualmente ou em ldquopacoterdquo que envolve em uma uacutenica transaccedilatildeo a venda de produtos de natureza conexa poreacutem com prazos de pagamentos distintos Neste pacote satildeo admitidos produtos natildeo elegiacuteveis e partes e peccedilas de reposiccedilatildeo desde que natildeo ultrapassem a 30 do valor total das mercadorias elegiacuteveis O prazo de financiamento da operaccedilatildeo seraacute determinado pela mercadoria de maior prazo Taxa de equalizaccedilatildeo - fixada para todo periacuteodo do financiamento e determinada pelo Banco Central entre 05 a 25 ao ano em funccedilatildeo do prazo do financiamento que pode ser de 60 dias a 10 anos

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 37: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

35

Forma de pagamento das equalizaccedilotildees - as importacircncias devidas a tiacutetulo de equalizaccedilatildeo seratildeo pagas pelo Banco do Brasil de uma soacute vez em Notas do Tesouro Nacional Seacuterie I nominativas e inegociaacuteveis com correccedilatildeo cambial e sem juros resgataacuteveis ateacute as datas de vencimento da correspondente parcela de juros dos financiamentos exceccedilatildeo feita agrave primeira parcela que se daraacute no caso de financiamentos com recursos externos a partir da data de liquidaccedilatildeo do respectivo contrato de cacircmbio relativo ao valor total ou parcial da exportaccedilatildeo e no caso de financiamentos em moeda nacional a partir da data do creacutedito em conta corrente do exportador Para os dois casos pode-se tambeacutem considerar a data dos demais eventos previstos no regime de amortizaccedilatildeo Percentual maacuteximo para fins de equalizaccedilatildeo - 85 do valor da exportaccedilatildeo na modalidade ldquoincotermrdquo negociada jaacute deduzida da comissatildeo do agente para mercadorias com iacutendice de nacionalizaccedilatildeo igual ou superior a 60 Para exportaccedilotildees de mercadorias com menor conteuacutedo nacional o pagamento incidiraacute sobre o percentual correspondente ao iacutendice de nacionalizaccedilatildeo acrescido de 40 aplicado sobre o equivalente a 85 ou 100 do valor da venda ao exterior Caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis Modalidades

shy financiamentos ao importador para pagamento agrave vista ao exportador (buyerrsquos credit)

shy financiamentos ao exportador mediante o desconto de tiacutetulos referentes agrave exportaccedilatildeo (supplierrsquos credit)

Valor financiaacutevel ateacute 100 do valor da exportaccedilatildeo na condiccedilatildeo de venda negociada

Prazo maacuteximo de pagamento negociado entre as partes contratantes Regime de amortizaccedilatildeo parcelas semestrais contadas conforme os caso a

partir da data do embarque ou da entrega das mercadorias da fatura do contrato comercial ou do contrato do financiamento ou da data de consolidaccedilatildeo dos embarques eou do faturamento dos serviccedilos

Taxas miacutenimas de juros shy em financiamentos com taxas fixas LIBOR correspondente ao periacuteodo de

financiamento vigente agrave data de embarque shy em financiamentos com taxas variaacuteveis LIBOR correspondente ao periacuteodo

de amortizaccedilatildeo vigente agrave data de embarque e no iniacutecio de cada periacuteodo subsequumlente

Serviccedilos - satildeo elegiacuteveis as exportaccedilotildees de todas as modalidades de serviccedilos abrangendo estudos projetos consultoria execuccedilatildeo montagem ou pacotes turn-key O prazo maacuteximo de pagamento da equalizaccedilatildeo independentemente do prazo de financiamento das exportaccedilotildees seraacute determinado em funccedilatildeo do valor da exportaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior a 1 ano e superior a 10 anos As caracteriacutesticas dos financiamentos elegiacuteveis acima destacados satildeo basicamente as mesmas definidas para os financiamentos agrave exportaccedilatildeo de bens exceccedilatildeo feita agraves taxas de juros e prazo de financiamento que seratildeo definidos caso a caso pelo CCEx

Fonte PROEX e CNI

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 38: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

36

III2 - BNDES-Exim

O BNDES-Exim criado em 1991 pelo Governo Federal eacute um produto de apoio

financeiro gerenciado pelo BNDES nas modalidades preacute-embarque preacute-embarque especial e

poacutes-embarque Instituiacutedo no acircmbito da Agecircncia Especial de Financiamento Industrial

(FINAME) a abrangecircncia setorial do BNDES-Exim foi significativamente ampliado desde

sua criaccedilatildeo antes voltada ao apoio exclusivo agrave induacutestria de bens de capital Nesse sentindo

seu o objetivo central hoje eacute apoiar amplamente agrave produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e

serviccedilos destinados a exportaccedilatildeo de forma a incentivar o crescimento sustentaacutevel das

exportaccedilotildees brasileiras a partir da disponibilizaccedilatildeo de linhas de financiamentos mais

competitivas

O funding do BNDES-Exim eacute composto de recursos provenientes de depoacutesitos em

conta vinculada do PISPASEP9 por meio do FAT cambial e padratildeo Ou seja embora os

recursos sejam puacuteblicos estes natildeo tecircm origem no Orccedilamento da Uniatildeo o que permite uma

maior liberdade por parte do Conselho Gestor do Programa em viabilizar financiamentos

O BNDES realiza as operaccedilotildees de financiamento as exportaccedilotildees em parceria com 106

instituiccedilotildees financeiras credenciadas10 que operam no paiacutes entre elas bancos comerciais

bancos muacuteltiplos bancos de desenvolvimento e investimento e financeiras

O programa comeccedilou apenas com a modalidade de financiamento Preacute-embarque

atendendo apenas exportadores de grandes empresas e de bens de capital Mas ao longo dos

anos 90 depois de uma reestruturaccedilatildeo foram criadas e ampliadas as linhas de financiamento

as micro pequenas e meacutedias empresas com novas modalidades

sect Poacutes-embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos

sect Preacute- embarque especial financia a produccedilatildeo nacional de bens exportados

sem vinculaccedilatildeo com embarques especiacuteficos com periacuteodo preacute-determinado

para a sua efetivaccedilatildeo

9O Fundo PISPASEP eacute um fundo contaacutebil criado pela Lei Complementar No 261975 Possui natureza financeira e eacute constituiacutedo com recursos do Programa de Integraccedilatildeo Social ndash PIS e do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico ndash PASEP 10A listagem dos agentes financeiros credenciados pode ser obtida no site do BNDES no endereccedilo httpwwwbndesgovbrSiteBNDESbndesbndes_ptNavegacao_SuplementarPerfilInstituicao_Financeira_Credenciadaagentexhtml

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 39: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

37

sect Preacute-Embarque financia a produccedilatildeo de bens a serem exportados em

embarques especiacuteficos com prazo de pagamento de ateacute 180 dias

Atualmente os produtos a serem financiados estatildeo listados e classificados em trecircs grupos na

carta circular Nordm 312007 de 30 de julho de 2007 O iacutendice de nacionalizaccedilatildeo para obter o

financiamento deve ser igual ou superior a 60 do valor de exportaccedilatildeo

Tabela 3 Principais Caracteriacutesticas Operacionais do BNDES-Exim

BNDES- Exim Disposiccedilotildees Baacutesicas

Produtos e serviccedilos elegiacuteveis

Bens de capital serviccedilos associados aos bens exportados e sistemas turn key e produtos manufaturados em geral e alguns produtos intermediaacuterios Produtos natildeo elegiacuteveis

Natildeo satildeo apoiados pelo programa os seguintes itens automoacuteveis de passeio e commodities baacutesicas com participaccedilatildeo expressiva na pauta de exportaccedilatildeo eou facilidade de financiamento atraveacutes dos mecanismos privados (celulose accediluacutecar e aacutelcool gratildeos suco de laranja e mineacuterios entre outros)

Modalidades - Preacute-embarque financiamento agrave produccedilatildeo com vinculaccedilatildeo a um embarque

especiacutefico

- Preacute-embarque especial financiamento agrave produccedilatildeo sem vinculaccedilatildeo a embarques especiacuteficos mas vinculado a um periacuteodo preacute-determinado de 12 meses para a efetivaccedilatildeo da exportaccedilatildeo programada Esta linha natildeo contempla trading companies e empresas comerciais exportadoras

- Poacutes-embarque financiamento agrave comercializaccedilatildeo dos bens no exterior atraveacutes de duas modalidades de creacutedito supplieracutes credit que consiste no financiamento direto ao exportador atraveacutes do desconto de tiacutetulos representativos de venda a prazo e buyerrsquos credit que consiste no financiamento ao importador de produtos brasileiros seja diretamente ou atraveacutes de repasses a instituiccedilotildees financeiras credenciadas

Participaccedilatildeo maacutexima do BNDES - ateacute 100 sobre o valor da exportaccedilatildeo Na modalidade Preacute-embarque especial a base para efeito do caacutelculo do valor financiaacutevel seraacute o valor das exportaccedilotildees dos uacuteltimos 12 24 ou 36 meses

Prazos - Preacute-embarque Financiamento ateacute 36 meses de acordo com o ciclo de

produccedilatildeo com ateacute 36 meses para embarque A amortizaccedilatildeo do principal pode se daacute em parcela uacutenica ou parcelada em 24 meses ateacute a data limite de embarque conforme circular Nordm 492009 de 18 de maio de 2009

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 40: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

38

- Preacute-embarque especial 24 meses em meacutedia para a parcela performada financiada ou seja correspondente ao cumprimento da performance preestabelecida podendo alcanccedilar no maacuteximo 30 meses desde que cumpridas metas compromissadas

- Poacutes-embarque de 91 dias ateacute 12 anos apoacutes embarque em parcelas semestrais

Encargos da operaccedilatildeo - Custo financeiro TJLP11 ou LIBOR acrescida da variaccedilatildeo do doacutelar norte-

americano

- Remuneraccedilatildeo baacutesica varia em funccedilatildeo das prioridades para atuaccedilatildeo do BNDES da modalidade e do porte da beneficiaacuteria Para as MPMEs12 eacute cobrado 1 ao ano Para as demais empresas o intervalo varia de 10 a 35 ao ano

- Remuneraccedilatildeo do agente nas operaccedilotildees com instituiccedilatildeo financeira garantidora o spread eacute negociado entre a instituiccedilatildeo financeira credenciada e o cliente Pode variar de 25 a 20 ao ano a depender do porte da empresa bem como percentual de realizaccedilatildeo do incremento de exportaccedilatildeo contratada

- Outros encargos cobrados em funccedilatildeo das caracteriacutesticas das operaccedilotildees e da modalidade

OBS nos financiamentos concedidos pela modalidade preacute-embarque especial o risco da operaccedilatildeo seraacute sempre do agente financeiro e o seu custo seraacute LIBOR acrescida de 1 ao ano e spread do agente Para a parcela natildeo performada das exportaccedilotildees o custo da operaccedilatildeo se eleva para LIBOR mais ateacute 20 ao ano acrescido do spread do agente

Fonte BNDES e CNI

11A Taxa de Juros de Longo Prazo ndash TJLP eacute fixada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e divulgada pelo Banco Central do Brasil ateacute o uacuteltimo dia uacutetil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigecircncia A TJLP eacute expressa em percentual ao ano e eacute aplicaacutevel para creacuteditos denominados em moeda nacional Mais informaccedilotildees estatildeo disponiacuteveis no site do BNDES (httpwwwbndesgovbr) seccedilatildeo ldquoCustos Financeirosrdquo 12Satildeo consideradas MPMEs as empresas com Receita Operacional Bruta anual de ateacute 90 milhotildees para efeito de concessatildeo de financiamento pelo BNDES

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 41: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

39

CAPIacuteTULO IV - ANAacuteLISE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AgraveS EXPORTACcedilOtildeES

IV1 - Principais Entraves a Expansatildeo das Exportaccedilotildees

O desempenho das exportaccedilotildees de um paiacutes depende de diversos fatores Sendo assim

ao se analisar o comportamento das exportaccedilotildees eacute importante considerar alguns aspectos da

economia (dotaccedilatildeo de recursos naturais e de fatores em geral extensatildeo geograacutefica niacutevel de

desenvolvimento socioeconocircmico e tecnoloacutegico poliacutetica industrial existente custos de

transporte) poliacuteticas de curto prazo (comercial fiscal movimento de capitais crescimento

relativo da produtividade) poliacuteticas microeconocircmicas ou setoriais (sistema de drawback

isenccedilatildeo de impostos diretos e creacutedito para exportaccedilatildeo) fatores que comprometem a demanda

e a oferta mundial para produtos comercializaacuteveis

No Brasil os entraves apontados para o incremento das exportaccedilotildees estatildeo basicamente

relacionados com as deficiecircncias nos serviccedilos de infra-estrutura destacando-se as debilidades

institucionais e dificuldades burocraacuteticas conforme resultado da uacuteltima pesquisa elaborada

pela Confederaccedilatildeo Nacional da Induacutestria ndash CNI em 2008

A partir da pesquisa ldquoOs Problemas da Empresa Exportadora Brasileira 2008rdquo pela

CNI eacute possiacutevel identificar os principais entraves que as empresas brasileiras encontram no

momento que desejam exportar A pesquisa foi elaborada a partir de uma ampla base de dados

ldquoCataacutelogo de Exportadores Brasileiros 2005-2006rdquo que reuacutene as empresas cujo valor meacutedio

das exportaccedilotildees no biecircnio 2005-2006 foi igual ou superior a U$ 80 mil totalizando 11091

empresas as quais foram aplicadas um questionaacuterio A amostra efetiva da pesquisa foi de 855

empresas (quantidade de empresas que responderam satisfatoriamente os questionaacuterios) o que

garante um grau de confianccedila de 95 na pesquisa (CNI 2008) Cabe ressaltar que ao analisar

o grupo de empresas participantes confirmou-se a questatildeo mencionada na seccedilatildeo anterior

sobre a expressiva participaccedilatildeo das micros pequenas e meacutedias empresas frente ao baixo valor

exportado quando comparado agraves grandes empresas

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 42: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

40

Graacutefico 6 Porte das empresas que participaram da pesquisa CNI 2008

103

334 359

20514 40

236

711

Micro Pequena Meacutedia Grande

Nuacutemero de empresas Valor exportado em 2006

Fonte Pesquisa CNI 2008

O estudo destacou os principais problemas identificados pelos exportadores satildeo eles

a taxa de cacircmbio os custos portuaacuterios de fretes transporte interno tributaacuterios e finalmente o

acesso a financiamento para exportaccedilatildeo O resultado dessa pesquisa eacute demonstrado nas

tabelas a seguir

Graacutefico 7 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de cacircmbioCustos portuaacuterios e aeroportuaacuterios

Burocracia alfandegaacuteriaCusto de frete internacional

Custos tributaacuteriosCustos do transporte interno

Movimentaccedilatildeoliberaccedilatildeo de cargasFnanciamento para exportaccedilatildeo

Burocracia tributaacuteriaBarreiras tarifaacuterias

Financiamento para produccedilatildeoOutros

Fonte Pesquisa CNI 2008

No que se refere ao financiamento para exportaccedilatildeo verifica-se que menos de 15 das

empresas exportadoras utiliza alguma linha oficial de financiamento das exportaccedilotildees o que eacute

justificado pela falta de conhecimento e pelo desinteresse O percentual de empresas que natildeo

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 43: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

41

usam as fontes oficiais de financiamento por falta de interesse eacute praticamente 13 do total ldquoo

que indica ausecircncia de sintonia entre a necessidade das empresas e as condiccedilotildees de oferta de

financiamento oficialrdquo (CNI 2008)

Tabela 4 Principais Entraves agrave Expansatildeo das Exportaccedilotildees ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque Preacute-embarque especial

Natildeo conhece 354 257 396 391 440Conhece 646 743 604 609 560

e utiliza 64 142 43 84 35

natildeo tem interesse em utilizar 560 483 589 53 592

natildeo consegue utilizar 376 375 368 386 373

BNDES-EximPROEX

Fonte Pesquisa CNI 2008

O PROEX financiamento eacute o a mais conhecido entre as linhas oficiais conforme

informado por 743 das empresas Ressalte-se que o PROEX financiamento eacute a linha mais

utilizada pelas empresas 142 das que conhecem essa linha a utilizam o que equivale a 9

das empresas consultadas O BNDES-Exim preacute-embarque especial aparece como a linha

oficial menos conhecida o que eacute atribuiacutedo ao fato de ser a modalidade mais recente dentre as

demais apresentadas

Tabela 5 Dificuldades na Contrataccedilatildeo das Linhas Oficiais de Financiamento ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarquePreacute-embarque

especialAcesso a informaccedilotildees sobre as linhas

347 417 339 362 359

Baixa escala de exportaccedilotildees 214 180 174 172 174

Elevado custo do financiamento

102 129 119 95 87

Prazo de financiamento inadequado 31 79 73 43 54

Recursos insuficientes 82 122 101 103 87

Exigencias de garantias reais 459 439 495 50 424

Documentaccedilatildeo requerida 388 396 349 371 402

Exigecircncia de reciprocidade do agente financeiro

255 259 294 259 228

Outras 204 187 211 207 250

PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 44: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

42

A tabela acima demonstra que os principais problemas enfrentados pelas empresas que

natildeo utilizam as linhas oficiais de financiamento por natildeo conseguirem acesso satildeo os mesmos

independente do tipo de creacutedito satildeo estes exigecircncias de garantias reais documentaccedilatildeo

requerida e o proacuteprio acesso agrave informaccedilatildeo sobre as linhas de financiamento

A pesquisa demonstrou inclusive o quanto o porte das empresas influencia na

contrataccedilatildeo das linhas oficiais A tabela a seguir demonstra que o PROEX Financiamento eacute

mais utilizado pelas MPMEs o que estaacute em linha com as principais caracteriacutesticas de

elegibilidade do Programa Adicionalmente a pesquisa confirma que essas empresas satildeo

aquelas que apresentam maior problema de acesso ao creacutedito jaacute que aproximadamente 40

das MPMEs que conhecem os creacuteditos agraves exportaccedilotildees oferecidos pelo Governo natildeo

conseguem utilizaacute-los

Tabela 6 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e Utiliza ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 64 142 43 84

PorteMicro 24 184 53 28Pequena 64 129 33 50Meacutedia 94 205 31 101Grande 42 49 68 115

BNDES-EximPROEXConhece e Utiliza ()

Fonte Pesquisa CNI 2008

Tabela 7 Utilizaccedilatildeo dos Mecanismos por Porte de Empresa ndash Conhece e natildeo consegue

Utilizar ()

Equalizaccedilatildeo Financiamento Poacutes-Embarque Preacute-embarque

Total 376 375 368 386

PorteMicro 476 429 474 500Pequena 479 466 508 545Meacutedia 283 315 338 340Grande 345 333 231 254

Conhece e natildeo consegue utilizar ()PROEX BNDES-Exim

Fonte Pesquisa CNI 2008

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 45: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

43

IV2 ndash Desempenho do Programa de Financiamento agraves Exportaccedilotildees - PROEX

Concluiu-se na seccedilatildeo anterior que a falta de conhecimento e interesse satildeo os principais

fatores que justificam a baixa utilizaccedilatildeo das linhas oficiais de financiamento em conjunto aos

problemas enfrentados com relaccedilatildeo agraves exigecircncias e documentaccedilatildeo requerida Sendo assim

resta analisar a real efetividade dos financiamentos oficiais como poliacutetica promotora das

exportaccedilotildees bem como refletir sobre accedilotildees estrateacutegicas que podem contribuir para

aperfeiccediloar sua operacionalizaccedilatildeo

O objetivo central eacute avaliar se os desembolsos do PROEX contribuem para alavancar a

quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPEMs

A opccedilatildeo pelo PROEX se deve ao fato de que este programa eacute a uacutenica linha de creacutedito

integralmente financiada pelo Governo por meio de recursos do Tesouro Nacional previstos

no Orccedilamento Geral da Uniatildeo o que permite uma interferecircncia direta do Governo ateacute mesmo

na escolha dos setores que poderatildeo ser beneficiados Enquanto que as micro pequenas e

meacutedias empresas (MPMEs) satildeo aquelas que mais encontram dificuldades para participar do

comeacutercio internacional e obter acesso ao financiamento privado a exportaccedilatildeo o que as tornam

potenciais focos de poliacuteticas puacuteblicas

A metodologia aplicada neste estudo foi o meacutetodo qualitativo comparativo a partir de

dados oficiais representativos do mercado de exportaccedilatildeo do Brasil A anaacutelise teve como

referencial baacutesico os dados histoacutericos de exportaccedilotildees e desembolsos realizados pelas linhas

oficiais de financiamento

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees e os

desembolsos realizados pelos principais instrumentos oficiais de financiamento

aplicados para a promoccedilatildeo das exportaccedilotildees O objetivo eacute verificar o

comportamento das exportaccedilotildees em um determinando periacuteodo vis a vis o valor

desembolsado pelo Programa

sect anaacutelise da relaccedilatildeo entre a quantidade e valor agregado das exportaccedilotildees

realizadas pelas MPMEs e os recursos aprovados pelo PROEX-Financiamento

programa que dada as suas caracteriacutesticas deve dar suporte aos pequenos e

meacutedios exportadores A finalidade eacute avaliar as seguintes hipoacuteteses (i) o

Governo tem contribuiacutedo para internacionalizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 46: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

44

empresas atraveacutes do creacutedito agrave exportaccedilatildeo e (ii) o PROEX eacute um instrumento

efetivo com relaccedilatildeo ao aumento do volume e valor das vendas externas

O volume de financiamento puacuteblico agrave exportaccedilatildeo aumentou bastante entre 1994 e

2004 Dentre os principais fatores estaacute a melhora na situaccedilatildeo da economia nos anos

posteriores ao Plano Real em que o controle da inflaccedilatildeo a estabilidade macroeconocircmica a

adoccedilatildeo do regime de cacircmbio flutuante refletem em condiccedilotildees mais favoraacuteveis as vendas

externas e consequente extensatildeo dos mecanismos O graacutefico demonstra a evoluccedilatildeo dos

desembolsos realizados pelas principais linhas oficiais de creacutedito BNDES-Exim e PROEX e

o valor das exportaccedilotildees brasileiras em US$ bilhotildees

Graacutefico 8 Evoluccedilatildeo dos Mecanismos Puacuteblicos de Financiamento e das Exportaccedilotildees

Fonte SECEX e CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

Dos mecanismos puacuteblicos o BNDES-Exim responde por mais de 50 dos

desembolsos totais durante todo o periacuteodo conforme se pode observar na tabela a seguir de

forma que se tornou nos uacuteltimos anos a principal fonte de recursos para o financiamento das

vendas externas

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

-

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Exportaccedilotildees Desembolsos

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 47: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

45

Tabela 8 Desembolso por Mecanismo em US$ Bilhotildees

Fonte Dados PROEX - CGU 2005 Dados BNDES-Exim - BNDES

Eacute importante observar as diferenccedilas entre as linhas de financiamento para entender a

reduzida participaccedilatildeo do PROEX no total desembolsado (i) o BNDES-Exim possui maior

autonomia para aportar recursos dada que natildeo estaacute atrelado a negociaccedilotildees e aprovaccedilatildeo do

orccedilamento da Uniatildeo conforme o PROEX (ii) o BNDES-Exim oferece um nuacutemero maior de

modalidades de creacutedito que o PROEX e atende exportadoras de grande porte aleacutem das

pequenas e meacutedias empresas e (iii) o BNDES-Exim eacute operacionalizado por diversas

instituiccedilotildees financeiras credenciadas pelo BNDES enquanto o PROEX eacute restrito ao Banco do

Brasil

Vale tambeacutem destacar ainda que o PROEX tenha uma participaccedilatildeo reduzida os

recursos disponibilizados pelo Programa natildeo foram integralmente utilizados em todos os

anos o que pode estar associado principalmente ao seu funding Com relaccedilatildeo a este destaca-

se a incerteza sobre o montante definitivo a ser alocado no Programa o que influencia na

tomada estrateacutegica das empresas exportadoras assim como uma vez orccedilado teme-se as

consequecircncias geradas por uma inesperada variaccedilatildeo cambial tendo em vista que o orccedilamento

eacute realizado em moeda brasileira e os recursos satildeo disponibilizados em doacutelar norte-americano

Esses dados poderiam sugerir uma perda de importacircncia do PROEX como linha

puacuteblica de financiamento no entanto deve-se observar que o PROEX Financiamento desde

sua criaccedilatildeo ampliou significativamente sua base de clientes e agregou empresas de menor

porte ao comeacutercio internacional o que indica que este mecanismo deve ser considerado como

aquele integra essas empresas ao sistema puacuteblico de financiamento agraves exportaccedilotildees

No periacuteodo compreendido entre 1991 e 2004 os desembolsos realizados pelo PROEX

totalizaram US$ 2364 milhotildees Desse total 42 referem-se agrave modalidade de financiamento e

58 a equalizaccedilatildeo

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PROEX 121 123 184 353 684 610 820 1239 522 573 439 Financiamento 75 39 65 115 180 178 359 411 388 269 286 Equalizaccedilatildeo 46 84 120 238 505 432 461 828 134 303 153

Participaccedilatildeo () 30 25 32 23 25 22 21 32 12 13 10

BNDES-Exim 280 378 388 1185 2065 2101 3083 2602 3947 4007 3861

Participaccedilatildeo () 70 75 68 77 75 78 79 68 88 87 90

Total 401 500 573 1539 2749 2710 3902 3841 4469 4580 4300

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 48: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

46

A proacutexima tabela informa os principais indicadores de desempenho do Programa por

modalidade Ao analisar a evoluccedilatildeo dos valores das exportaccedilotildees efetivas segundo a

quantidade de empresas beneficiadas se constata duas tendecircncias o valor meacutedio das

exportaccedilotildees apoiadas pela modalidade equalizaccedilatildeo cresce ao contraacuterio do movimento

apresentado na modalidade de financiamento que eacute de reduccedilatildeo

Tabela 9 Indicadores de Desempenho ndash PROEX

Ano Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees

Quantidade de Operaccedilotildees

Quantidade de Empresas

Exportadoras

Valor da Exportaccedilatildeo

US$ Milhotildees1994 31 23 88 40 14 98 1995 8 6 45 205 49 306 1996 41 15 76 1361 132 985 1997 53 22 136 3647 228 2563 1998 297 107 212 6696 302 7114 1999 522 208 207 4644 271 6274 2000 877 254 439 4961 271 8515 2001 958 293 501 3871 216 8811 2002 1075 307 446 911 152 2326 2003 1035 341 308 1304 53 4254 2004 1295 409 326 1599 44 2871

Financiamento Equalizaccedilatildeo

Fonte CGU 2005

Sendo assim embora a quantidade de operaccedilotildees de financiamento tenha aumentando e

o nuacutemero de empresas exportadoras beneficiadas por esse programa tenha ultrapassado o de

equalizaccedilatildeo a partir de 2000 verifica-se uma reduccedilatildeo expressiva no valor exportado por

operaccedilatildeo realizada conforme melhor apresentado no graacutefico

Graacutefico 9 Indicadores de Desempenho - PROEX

Fonte CGU 2005 Elaboraccedilatildeo proacutepria

0102030405060708090

100

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

US$

bilh

otildees

Qtd de Operaccedilotildees - FinanciamentoQtd de Operaccedilotildees - EqualizaccedilatildeoValor da Exp por Operaccedilatildeo - FinanciamentoValor da Exp por Operaccedilatildeo - Equalizaccedilatildeo

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 49: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

47

Estas evoluccedilotildees podem indicar que a modalidade de equalizaccedilatildeo tem sido utilizada por

empresas que realizam operaccedilotildees de maior porte o que eacute geralmente realizada por grandes

empresas enquanto que a modalidade de financiamento tem atendido a empresas com

volumes menores de exportaccedilotildees que por sua vez estatildeo interessas em obter valores de

financiamento reduzidos Portanto mais uma vez sugere-se que esta modalidade tem atuado

no apoio as MPMEs cuja participaccedilatildeo no programa aumentou significativamente no periacuteodo

Tabela 10 Indicadores PROEX Financiamento por Porte de Empresa ndash 19982001

Fonte Blumenschein 2002

Durante os anos de 1998 e 2001 a participaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas no

nuacutemero de operaccedilotildees da modalidade de financiamento aumentou passando de 43 para 61

do total As pequenas e meacutedias firmas representavam em 1998 61 das empresas

beneficiadas pela modalidade participaccedilatildeo que passa em 2001 para 68 Em termos de

valores exportados a linha eacute fortemente dominada pelas grandes firmas que responderam por

mais da metade do total Em 2004 esses nuacutemeros satildeo ainda mais expressivos 97 dos

exportadores desta modalidade satildeo pequenas e meacutedias empresas Vale ressaltar que o mesmo

natildeo se verifica na modalidade de equalizaccedilatildeo cuja participaccedilatildeo dessas empresas eacute de apenas

4 (CGU 2005)

Neste contexto verifica-se que em geral o PROEX tem contribuiacutedo para o aumento

das vendas externas sobretudo no acesso das MPMEs por meio da modalidade de

financiamento No entanto os dados representativos demonstraram que uma vez dada a

utilizaccedilatildeo do PROEX Financiamento pelas empresas de menor tamanho este natildeo foi

suficiente para incentivar a comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos de maior valor agregado

Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Nuacutemero Qtd OperaccedilotildeesTotal 617 100 701 100 1010 100 959 100Pequena e Meacutedia 264 43 465 66 645 64 588 61Grande 353 57 236 34 365 36 371 39

Valor da Exportaccedilatildeo(US Milhotildee s)Total 586 100 1113 100 14294 100 9399 100Pequena e Meacutedia 1168 20 1345 12 6259 44 1129 12Grande 4688 80 9787 88 8035 56 827 88

Qtd de exportadoresTotal 233 100 284 100 346 100 394 100Pequena e Meacutedia 1410 61 1980 70 2240 65 2670 68Grande 920 39 860 30 1220 35 1270 32

1998 1999 2000 2001

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 50: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

48

A partir das consideraccedilotildees acima vale ressaltar a existecircncia de alguns aspectos como

resultado da anaacutelise dos dados O primeiro estaacute relacionado agrave participaccedilatildeo do PROEX no total

das exportaccedilotildees Conforme visto anteriormente o PROEX ainda eacute um mecanismo pouco

utilizado Em 2006 financiou efetivamente apenas 05 do total exportado pelo paiacutes US$

1375 bilhotildees Pode-se afirmar que a falta de divulgaccedilatildeo sobre a linha oferecida a incerteza e

atraso no repasse de informaccedilotildees sobre recursos disponibilizados pelo Governo Federal e as

burocracias nas exigecircncias de documentos para a tomada do creacutedito satildeo argumentos alguns

deles jaacute identificados que justificam parte da subutilizaccedilatildeo do programa Cabe aqui ressaltar

que esta anaacutelise por si soacute natildeo eacute suficiente para identificar o quanto desta subutilizaccedilatildeo se deve

a um problema de demanda e de oferta

O segundo ponto identificado diz respeito ao valor das exportaccedilotildees financiadas pelo

programa em que seu desempenho estaacute condicionado a diversos fatores que se distinguem

por modalidade do PROEX Com relaccedilatildeo agrave modalidade de financiamento verificou-se sua

concentraccedilatildeo no grupo das empresas de pequeno e meacutedio porte conforme o esperado tendo

em vista as caracteriacutesticas desta linha de creacutedito

Sendo assim considerando que grande parte das empresas menores natildeo possui uma

tradiccedilatildeo exportadora pode-se argumentar a existecircncia de uma relaccedilatildeo de causalidade em que

o baixo desempenho do programa em promover as exportaccedilotildees e por sua vez permitir vendas

de maior valor eacute uma questatildeo de deficiecircncia das proacuteprias empresas elegiacuteveis Nesta linha natildeo

se deve perder de vista que o PROEX eacute um mecanismo que atua no poacutes-embarque das

mercadorias ou seja natildeo ampara na produccedilatildeo exportaacutevel o que neste caso eacute um limitador

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 51: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

49

CONCLUSAtildeO

O Brasil iniciou na deacutecada de 1990 a reformulaccedilatildeo do sistema puacuteblico de

financiamento a partir de um conjunto de iniciativas em conformidade aos padrotildees e

tendecircncias internacionais A experiecircncia dos paiacuteses desenvolvidos com comeacutercio

internacional mostrou a importacircncia da intervenccedilatildeo do Governo no mercado de creacutedito

atraveacutes da ocupaccedilatildeo de lacunas deixadas pelos agentes financeiros privados Tem-se hoje um

modelo oficial de financiamento semelhante aos que jaacute foram utilizados pelos Estados

Unidos com a criaccedilatildeo do Ex-Imbank em 1934 na Alemanha com a implantaccedilatildeo em 1948 do

Kreditanstallt fuumlr Wierderaufbau e no Japatildeo por meio do Export-Import Bank of Japan

criado em 1950 atual Japan Bank for International Cooperation (Moreira Seacutervulo 2001)

Este trabalho buscou analisar o empenho governamental brasileiro como agente

promotor de uma poliacutetica de promoccedilatildeo de exportaccedilotildees em incentivar o aumento da

participaccedilatildeo das exportaccedilotildees no saldo da balanccedila comercial a partir dos principais

mecanismos puacuteblicos de financiamentos

Como objetivo especiacutefico o trabalho se propocircs analisar dados representativos do

comeacutercio exterior brasileiro e indicadores de desempenho dos programas de financiamento

oferecidos pelo Governo sobretudo no caso do PROEX Financiamento e das micro pequenas

e meacutedias empresas que representam no Brasil cerca de 99 das empresas formais Sendo

assim algumas conclusotildees obtidas atraveacutes da anaacutelise dos dados podem aqui ser resumidas

Com relaccedilatildeo aos mecanismos puacuteblicos de financiamento agraves exportaccedilotildees verificou-se

que no periacuteodo analisado houve uma evoluccedilatildeo significativa dos valores financiados e dos

nuacutemeros de exportadores beneficiados pelos mecanismos oficiais acompanhado por um

aumento das exportaccedilotildees Por sua vez observa-se ainda uma baixa participaccedilatildeo destes sobre o

total exportado principalmente do PROEX

Nesse iacutenterim foram identificados alguns aspectos que sugerem uma causalidade

Constatou-se que as empresas possuem pouco conhecimento sobre sua existecircncia e

funcionamento o que por sua vez pode estar relacionado agrave subutilizaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos disponibilizados pelo PROEX Neste sentido uma poliacutetica de divulgaccedilatildeo dos

benefiacutecios do creacutedito agrave exportaccedilatildeo poderia incentivar um maior niacutevel de contrataccedilatildeo de

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 52: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

50

creacutedito principalmente pelas empresas de menor porte Para tal sugere-se a consolidaccedilatildeo e

sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em um uacutenico local de acesso a partir do qual qualquer

interessado no assunto possa obter dados histoacutericos e informaccedilotildees sobre o funcionamento e

contrataccedilatildeo das linhas de creacutedito sem precisar recorrer a terceiros ou a consultorias

especializadas Vale ressaltar que por se tratar de mecanismos de creacutedito relativamente

recentes eacute necessaacuterio realizar esforccedilos para que estes sejam ldquodesmitificadosrdquo principalmente

no acircmbito das pequenas e meacutedias empresas que possuem baixa tradiccedilatildeo exportadora pouco

ou nenhum conhecimento sobre o mercado internacional e geralmente possuem uma estrutura

interna com profissionais pouco experientes no assunto

Ressalta-se ainda que embora o PROEX tenha apresentado uma baixa participaccedilatildeo

sobre o total exportado eacute atraveacutes deste mecanismo que se observa uma crescente inserccedilatildeo das

empresas de menor porte no sistema de financiamento e por sua vez nas vendas externas

Este resultado sugere o ecircxito da proposta do Governo em direcionar a modalidade de

financiamento do PROEX ao apoio das micro pequenas e meacutedias empresas

Com relaccedilatildeo ao valor agregado das exportaccedilotildees realizadas pelas MPMEs conforme

observado o aumento crescente do nuacutemero de operaccedilotildees por essas empresas atraveacutes do

PROEX Financiamento natildeo foi acompanhado por um incremento significativo do valor das

exportaccedilotildees realizadas Os dados do PROEX em 2005 mostraram que 80 das operaccedilotildees

realizadas se devem a exportaccedilotildees de ateacute U$ 100 mil sendo 57 derivado da prestaccedilatildeo de

serviccedilos e 16 da comercializaccedilatildeo de bens do setor de agrobusiness

Haacute a necessidade de mais estudos para explicar as causas da baixa participaccedilatildeo dessas

empresas no valor das exportaccedilotildees das MPMEs A tendecircncia eacute generalizar e acreditar que os

principais problemas estatildeo na dentro dessas empresas que por natildeo possuiacuterem um parque

fabril modernizado cultura organizacional procedimentos de controle de qualidade dos

produtos etc natildeo satildeo capazes ou natildeo possuem o interesse de produzir bens de maior valor

agregado Poreacutem deve-se atentar sobre as dificuldades que as empresas de menor porte

possuem para obter acesso a recursos que financiem a produccedilatildeo o que as envolvem em um

ciclo vicioso ldquopor natildeo terem acesso ao creacutedito elas natildeo conseguem exportar e por natildeo terem

condiccedilotildees de exportar natildeo fazem parte do sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeordquo conforme

mencionado por Blumenshein e Leon (2002) O proacuteprio PROEX Financiamento natildeo tende a

ser um instrumento eficaz no estimulo as vendas de produtos de maior valor por se tratar de

uma modalidade poacutes-embarque ou seja financia apenas operaccedilotildees que jaacute estejam contratadas

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 53: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

51

no momento da requisiccedilatildeo do financiamento ao contraacuterio do preacute-embarque este oferecido

pelo BNDES-Exim que adianta o recurso para a produccedilatildeo e posterior comercializaccedilatildeo

Neste contexto destacam-se as exigecircncias de garantias os entraves burocraacuteticos e

algumas condiccedilotildees do financiamento que foram apontados pela pesquisa realizada pela CNI

em 2008 como os maiores responsaacuteveis pelas tentativas frustradas de contrataccedilatildeo de linhas de

creacutedito sobretudo as modalidades preacute-embarque

Por fim para que o sistema de financiamento agrave exportaccedilatildeo alcance resultados eacute

importante que suas regras e o conjunto de incentivos se consolidem cada vez mais O estudo

constante dos indicadores se mostra necessaacuterio para promover mudanccedilas e aperfeiccediloamentos

eficientes aos instrumentos existentes que capturem principalmente as dificuldades

encontradas por cada tipo e segmento de empresas A melhoria do sistema natildeo deve se limitar

ao aumento da capacidade de financiamento e a reduccedilatildeo dos custos mas tambeacutem no uso mais

eficiente dos recursos alocados para essas atividades

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 54: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AacuteLVARES Joseacute Frederico Uma instituiccedilatildeo independente e autocircnoma a serviccedilo da promoccedilatildeo de exportaccedilotildees Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior n 60 p 61-64 julset 1999

AVERBUG Andreacute GIAMBIAGI Faacutebio Crise brasileira de 19981999 - Origens e consequumlecircncias Texto para discussatildeo n 77 Rio de Janeiro BNDES 2000

BB ndash Banco do Brasil SA Boletim PROEX (Vaacuterios Anos) Diretoria Internacional e de Comeacutercio Exterior Disponibilizado em proexbbcombr abril 2011

BLUMENSHEIN FN LEON FLL Uma Anaacutelise do desempenho e da Segmentaccedilatildeo do Sistema de Creacutedito agrave Exportaccedilatildeo no Brasil Rio de Janeiro BNDES FUNCEXFGV 2002

BNDES ndash Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social Programa de Financiamento agraves exportaccedilotildees Disponiacutevel em httpbndesgovbr Acesso em fevereiro 2011

BONELLI Regis VEIGA Pedro da Motta BRITO Adriana Fernandes de As poliacuteticas industrial e de comeacutercio exterior no Brasil Rumos e indefiniccedilotildees IPEATexto para Discussatildeo n 527 Rio de Janeiro IPEA 1997

CATERMOL Fabriacutecio BNDES-exim 15 Anos de apoio agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista do BNDES v12 n 24 p 3-30 dez 2005

CATERMOL Fabriacutecio O BNDES e o Apoio agraves Exportaccedilotildees O BNDES em um Brasil em Transiccedilatildeo cap10 p 163-176 jun 2010

CNI ndash Confederaccedilatildeo Nacional das Induacutestrias Os Problemas da empresa exportadora brasileira Brasiacutelia CNI 2008

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIAtildeO (CGU) Anaacutelise da Programaccedilatildeo Especial das Operaccedilotildees Oficiais de Creacutedito do Tesouro Nacional Diversos anos Disponiacutevel em lthttpwwwcgugovbrgt Acesso em abril de 2011

FIANI Ronaldo Perfil das exportaccedilotildees de bens de capital admitidos pelo programa Finamex 199095 Revista do BNDES v 3 n 6 p 37-62 dez 1996

GAROacuteFALO E TEIXEIRA MGR Uma proposta para dinamizar o financiamento agraves exportaccedilotildees brasileiras Revista Brasileira de Comeacutercio Exterior Rio de Janeiro n 46 1996 GUIDA P PEREIRA Lia Valls Financiamento agraves Exportaccedilotildees Texto para Discussatildeo n 25 Rio de Janeiro FUNCEX 1990

GUIMARAtildeES E P Poliacutetica de Exportaccedilatildeo Brasileira para as Pequenas e Meacutedias Empresas n 7 Rio de Janeiro BNDES ago 2006

KRUGMAN Paul R OBSTFELD Maurice Economia Internacional Teoria e Poliacutetica 6 ed Traduccedilatildeo Eliezer Martins Diniz Satildeo Paulo Pearson Addison Wesley 2005

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO EXTERIOR (MDIC) Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Estatiacutesticas de Comeacutercio Exterior Disponiacutevel em lthttpalicewebdesenvolvimentogovbrgt Acesso em marccedilo de 2011

MILL J S Princiacutepios de Economia Poliacutetica ndash Com Algumas de suas Aplicaccedilotildees agrave Filosofia Social Satildeo Paulo Abril Cultural 1983

MOREIRA Seacutervulo V SANTOS Adelaide F Poliacuteticas puacuteblicas de Exportaccedilatildeo o caso do PROEX IPEA Texto para discussatildeo n 836 Brasiacutelia IPEA 2001

MOREIRA Seacutervulo V TOMICH Frederico RODRIGUES Maria da Gloacuteria PROEX e BNDES-Exim Construindo o Futuro IPEA Texto para Discussatildeo n 1156 Brasiacutelia IPEA 2006

PINHEIRO Armando Castelar et al Uma avaliaccedilatildeo setorial da poliacutetica de incentivos agraves exportaccedilotildees no Brasil Perspectivas da economia brasileira p 339-358 Brasiacutelia IPEA 1994

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees Rio de Janeiro Campus 1989

RICARDO D Princiacutepios de Economia Poliacutetica e Tributaccedilatildeo Satildeo Paulo Abril Cultural 1982

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989

Page 55: CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FINANCIAMENTO …pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2233/1/CLRamos.pdf · PACE Política Ativa de Comércio Exterior PASEP Programa de Formação

53

ROSSI Pedro PRATES Daniele Financiamento agraves exportaccedilotildees no Brasil Artigo aceito para apresentaccedilatildeo no III Encontro da Associaccedilatildeo Keynesiana Brasileira Rio de Janeiro ago 2010

SEBRAE ndash SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As micro e pequenas empresas na exportaccedilatildeo brasileira ndash 1998-2010 Observatoacuterio SEBRAE 2010

SCHUMPETER J Capitalismo Socialismo e Democracia Rio de Janeiro Zahar Editores 1984

SMITH A A Riqueza das Naccedilotildees Investigaccedilatildeo sobre sua Natureza e suas Causas 2 ed Satildeo Paulo Nova Cultural 1985

VEIGA Pedro da Motta IGLESIAS Roberto Poliacuteticas de incentivo agraves exportaccedilotildees no Brasil entre 1964 e 2002 resenha de estudos selecionados Temas de Economia Internacional n 2 SAIN Ministeacuterio da Fazenda do Brasil 2003

VEIGA Pedro da Motta MARKWALD Ricardo Micro pequenas e meacutedias empresas na exportaccedilatildeo desempenho no Brasil e liccedilotildees da experiecircncia internacional FUNCEX Texto para Discussatildeo n 136 Rio de Janeiro FUNCEX jun 1998

WILLIAMSON J A Economia Aberta e a Economia Mundial Rio de Janeiro Campus 1989