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CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PARA A GESTÃO DE PESSOAS Alva Benfica da Silva e Iris Barbosa Goulart Centro Universitário UNA. Belo Horizonte (Brasil) [email protected] e [email protected] Resumo Este estudo busca identificar contribuições da Neurociência para a Administração, destacando o papel do cérebro no comportamento e na natureza humanos, objetivando uma visão diferenciada da gestão. Infere-se que tais pesquisas podem proporcionar insights a um modelo de gestão que priorize o potencial humano, a criatividade, o respeito pelas limitações humanas, ampliando a produtividade. Abordam-se temas como ritmos circadianos, importância da respiração, do sono, do relaxamento, da meditação, das pausas e do ócio criativo, buscando otimizar procedimentos para inovar a gestão organizacional. Na trajetória metodológica, foi feito levantamento da produção científica disponível buscando consolidar o conteúdo abordado no referencial teórico. Palavras-chave: Gestão organizacional. Comportamento organizacional. Gestão de pessoas. Neurociência. Mesa 2 Ciencias Humanas Filosofía de la ciencia Mª Elena Del Valle Mejías (Coord.) 21 y 22 de Octubre (2015) CUICIID 2015 1

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CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PARA A GESTÃO DE PESSOAS

Alva Benfica da Silva e Iris Barbosa Goulart

Centro Universitário UNA. Belo Horizonte (Brasil)

[email protected] e [email protected]

Resumo

Este estudo busca identificar contribuições da Neurociência para a Administração,

destacando o papel do cérebro no comportamento e na natureza humanos, objetivando uma

visão diferenciada da gestão. Infere-se que tais pesquisas podem proporcionar insights a um

modelo de gestão que priorize o potencial humano, a criatividade, o respeito pelas limitações

humanas, ampliando a produtividade. Abordam-se temas como ritmos circadianos,

importância da respiração, do sono, do relaxamento, da meditação, das pausas e do ócio

criativo, buscando otimizar procedimentos para inovar a gestão organizacional. Na trajetória

metodológica, foi feito levantamento da produção científica disponível buscando consolidar o

conteúdo abordado no referencial teórico.

Palavras-chave: Gestão organizacional. Comportamento organizacional. Gestão de pessoas.

Neurociência.

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Aportes de Neurociencia para la gestión de personas

Resumen

Este estudio busca identificar aportes de la Neurociencia para la Administración,

destacando el papel del cerebro en el comportamiento y la naturaleza humana, con el objetivo

de una visión diferenciada de la gestión. Se infiere que este tipo de investigación puede

proporcionar información a un modelo de gestión que prioriza el potencial humano, la

creatividad, el respeto de las limitaciones humanas, el aumento de la productividad. Aborda

temas como ritmos circadianos, importancia de la respiración, el sueño, la relajación, la

meditación, las pausas y el ocio creativo, buscando la optimización de los procedimientos

para innovar la gestión organizacional. La trayectoria metodológica se realizó estudio de la

literatura científica disponible buscando consolidar el contenido cubierto en el marco teórico.

Palabras clave: Gestión Organizacional. Comportamiento organizacional. Gestión de

personas. Neurociencia.

Contributions of Neuroscience for managing people

Abstract

This study seeks to identify contributions of Neuroscience for Administration,

highlighting the role of the brain in behavior and human nature, aiming a differentiated view

of management. It is inferred that such research can provide insights to a management model

that prioritizes human potential, creativity, respect for human limitations, increasing

productivity. It addresses issues such as circadian rhythms, importance of breathing, sleep,

relaxation, meditation, breaks and the creative leisure, seeking to optimize procedures to

innovate organizational management. The methodological trajectory was made survey of

scientific literature available seeking to consolidate the content covered in the theoretical

framework.

Keywords: Organizational Management. Organizational behavior. People management.

Neuroscience.

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1. INTRODUÇÃO

A Administração como área de estudo formalizada é bem recente, contando pouco mais

de um século, e a produção científica sobre as organizações tem buscado alicerçar-se

teoricamente em ciências como a Sociologia, a Filosofia, a Economia, a Matemática e o Direito.

As transformações que estão em curso, evidenciando um processo de mudança

paradigmática, afetam as organizações. Os programas de formação e desenvolvimento de

administradores têm constituído espaços privilegiados para a busca de superação das

limitações até então enfrentadas no trato da complexidade do mundo moderno. O presente

estudo se detém na análise de alguns aspectos do humano, na medida em que toma como

referência uma abordagem nova, a Neurociência, que vem ganhando espaço entre os

pesquisadores e que pode influenciar a Administração.

Nos últimos anos, houve a consolidação explícita do projeto de condensação do sujeito

no cérebro, o que resulta numa mudança fundamental no modo como é compreendido o ser

humano e seu psiquismo. Assim, depois de descrições psicológicas, culturalistas e fisicalistas,

emergem atualmente as descrições cerebrais e genéticas, apoiadas na grande quantidade de

informações novas, produzidas pela Neurociência, sobre as bases biológicas da experiência

subjetiva (Winograd, 2010-2011: 522).

A Neurociência é um campo interdisciplinar que usa a contribuição de outras

disciplinas e várias ciências no estudo da organização funcional do sistema nervoso

(especialmente o cérebro), a fim de compreender sua estrutura, desenvolvimento,

funcionamento e evolução, bem como a relação entre o comportamento e a mente e suas

alterações (Siqueira-Batista & Antônio, 2008). Nesse contexto, a Neurociência se mostra

relevante para vários estudiosos pela possibilidade de compreensão dos mecanismos das

emoções, pensamentos e ações, doenças e loucuras, aprendizado e esquecimento, sonhos e

imaginação, fenômenos que definem e constituem o ser humano (Ribeiro, 2013).

A aproximação de “cientistas” e “homens de negócios”, combinação de esforços de

áreas distintas (a Neurociência fornecendo auxílio para importantes insights à Administração),

deu origem ao nascimento de teorias alternativas importantes, como: Neuromarketing, que

visa entender os desejos, impulsos e motivações das pessoas através do estudo das reações

neurológicas a determinados estímulos externos (Zaltman, 2003:160); Neuroliderança, que

combina princípios do funcionamento do cérebro humano com as práticas de

desenvolvimento de competências de liderança. “[...] alguns achados da Neurociência são

úteis para entender e aperfeiçoar a capacidade de liderança” (Herculano-Houzel, 2009);

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Neuroeconomia, que utiliza métodos da Neurociência com ferramentas mais antigas,

associadas aos campos da Economia experimental e comportamental, e da Psicologia

cognitiva e social (Lowenstein, Camerer & Prelec, 2008:72-76).

Para Hamel (2010), o modelo de gestão para o século XXI tem de ser reinventado, no

sentido de potenciar ao máximo a iniciativa e a imaginação humanas, segundo uma

organização onde a disciplina e a liberdade não devem ser mutuamente exclusivas. Desafios

do novo século estão a colocar em evidência as limitações do tradicional modelo de gestão

das empresas que, em geral, ainda resistem em abandonar os princípios básicos da teoria da

escola neoclássica (divisão do trabalho, especialização, hierarquia e distribuição da autoridade

e responsabilidade) que foi a sustentação da administração do século XX. Passamos de um

mundo industrial, em que a riqueza provinha da capacidade de acumular e empregar o capital,

para um mundo de conhecimento, em que a riqueza era gerada pela capacidade de crescer e

empregar habilidades e competências. Agora, avançamos rumo a uma economia criativa, na

qual até o próprio conhecimento está se convertendo em produto indiferenciado, cujas

vantagens se dissipam muito rapidamente.

Hamel (2010) argumenta ainda que as empresas precisam de inovação em gestão. No

mundo atual a adaptabilidade e a criatividade impulsionam o sucesso empresarial. A gestão

tem de ampliar e agregar as capacidades humanas para criar as condições que inspirem e

incentivem as pessoas a dar o melhor de si para que possam fazer coletivamente o que não

poderiam fazer individualmente. O que infunde um compromisso mais profundo nas pessoas

é alguma causa, um objetivo maior do que o de fazer dinheiro. Se pretendem vencer no

futuro, as organizações têm de encontrar maneiras de energizar as pessoas, para que não

apliquem no trabalho apenas suas capacidades, mas também sua paixão e iniciativa.

Entender como funciona o cérebro humano pode ajudar os relacionamentos

interpessoais, bem como, os processos práticos dentro de uma organização. Administrar

cérebros se tornará a busca pelo equilíbrio entre a razão e a emoção.

Verifica-se que o entendimento do funcionamento do sistema nervoso é importante

para uma gestão de pessoas que proporcione a motivação para o alcance dos objetivos

organizacionais, assim como para a saúde do cérebro.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Há milênios, o homem manipula o conteúdo do crânio dos seus semelhantes por

motivos variados. Fazia-se trepanação (do grego trupanon, broca), a mais antiga entre as

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cirurgias, por inúmeras razões – especulando, as mais prováveis seriam por rituais mágicos e

religiosos, para trazer sorte ou realizar sacrifícios; terapias feitas por curandeiros; tratamento

médico de fraturas no crânio; obtenção das placas de osso retiradas do crânio (rondelles), para a

composição de beberagens, isto é, para finalidades terapêuticas (Kolb & Whishaw, 2002).

Thomas Willis, neuroanatomista inglês e seus seguidores, no final do século XVII,

prenunciaram uma nova era: “Neurocêntrica, em que o cérebro não é apenas a essência do

corpo, mas a visão que temos de nós mesmos”. Ante a constatação de semelhanças entre

cérebros de sapos, lagartos, coelhos, cães, macacos e homens, Thomas Willis transformou o

cérebro e os nervos em alvos para os estudos neurocientíficos; ao negar ao fígado e ao

coração papel mais importante na fisiologia humana. O autor retirou desses órgãos a condição

de residências da alma, concentrando tal privilégio no cérebro, ao reconhecer que as emoções,

as percepções e a memória sediavam-se nos tecidos encefálicos. Ao tornar interdependentes

uma alma sensitiva e uma alma racional e correlacioná-las, ele traçou os caminhos da ciência

no século XXI (Zimmer, 2004:20-21).

A Neurociência dos dias atuais conjectura que o metabolismo cerebral é uma medida

da atividade mental, mesmo porque o consumo de oxigênio e glicose aumenta

proporcionalmente ao incremento da atividade celular. Na segunda década do século XX, o

psiquiatra alemão Hans Berger inventou o EEG - Eletroencefalograma, descobrindo que a

atividade mental provocava o bloqueio das ondas alfa no traçado do EEG; logo, se alteração

das ondas elétricas cerebrais corresponde a um aumento da excitação neuronal, a atividade

mental deve corresponder a um aumento do metabolismo cerebral (Lent, 2010:591).

A tarefa da ciência neural é a de fornecer explicações do comportamento em termos da

atividade cerebral, esclarecendo como bilhões de células neurais individuais atuam para

produzir o comportamento e como, por sua vez, elas são influenciadas pelo meio ambiente, e

pelo comportamento de outras pessoas (Kandel, Schwartz & Jessel, 1997:5).

O conhecimento de como funciona o cérebro humano tem importância fundamental para

a Neurociência. As imagens cerebrais desempenham um papel preponderante no estudo do

funcionamento do cérebro e diferentes técnicas são utilizadas pela Neurociência. A física e a

engenharia auxiliam o conhecimento do funcionamento do cérebro através de recursos como: o

Eletroencefalograma (electroencephalogram - EEG), a Ressonância Magnética funcional

(function magnetic resonance imaging - fMRI), Tomografia por emissão de positrões (posítron

emission tomography - PET) e a Magnetoencefalografia (magnetoencephalogram - MEG)

(Rose, 2006:12).

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Desde o século XIX, o cérebro tem funcionado como um mediador e como uma

superfície de projeção. Após o rápido crescimento da discussão a respeito do impacto social

da Neurociência, termos como “cerebralidade” e “sujeito cerebral” podem auxiliar a conectar

processos sociais, representações culturais, desenvolvimentos em medicina, filosofia,

educação, mídia e outros campos, que têm sido estudados a partir de outras perspectivas.

“Sujeito cerebral” é a figura antropológica que incorpora a ideia de que o ser humano é

essencialmente reduzível a seu cérebro (Ortega & Vidal, 2007:257-258).

Para Marino Júnior (2010),

Nosso cérebro [...] é, sem dúvida, a sede do que consideramos ser a nossa humanidade, nossa

pessoalidade, bem como da ética, da moral, das emoções e sentimentos, do que é certo ou errado,

bom ou mau. O cérebro nos torna único como indivíduos e nos empresta nossa personalidade,

individualidade, caráter, ideais, memórias, habilidades criativas e nosso Eu ou self, nossa mente e

tantas outras funções (Marino Júnior, 2010:109).

O cérebro não é imutável nem estático; na verdade, ele é remodelado continuamente

pela vida que se leva. Trata-se de uma propriedade chamada neuroplasticidade, que é a

capacidade de modificar de forma considerável sua estrutura e seus padrões de atividade

(Davidson, 2013:162). A neuroplasticidade é uma reorganização da dinâmica do sistema

nervoso, um novo crescimento neural gerado pela exposição a novas experiências e pelo

aprendizado de novas capacidades (Chopra & Tanzi, 2013:28-33).

Gerir pessoas deve envolver um foco mais abrangente, observando não somente o

profissional para a empresa, mas também o cidadão e sua saúde cognitiva.

Na busca de insights para a Administração serão abordados a seguir, estudos de

Neurociências sobre o funcionamento do cérebro humano (limitações do cérebro; a lógica de

atuação do cérebro), a importância do relaxamento (relaxamento x estresse crônico;

respiração; sono, meditação), a importância das pausas (pico gama; ócio criativo) e sua

aplicação à gestão de pessoas.

2.1. O funcionamento do cérebro humano

Kahneman (2012:20) divide o pensamento humano em duas formas: a primeira é

rápida, criativa, intuitiva e emocional. A outra é lenta, analítica, deliberativa e lógica. O

cérebro humano trabalha coordenando os dois mecanismos. O rápido é responsável por captar

as impressões imediatas de uma situação e fazer uma interpretação prévia. Em seguida, ele

repassa as informações ao sistema lento de pensamento, que as processa com maior

profundidade e detalhamento. O grande problema apontado por Kahneman é que,

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frequentemente, o sistema rápido sugere ao sistema lento impressões sobre as situações que

nem sempre são as melhores ou mais corretas. De certa forma, o pensamento intuitivo é o que

diferencia o ser humano dos robôs, pois permite ao cérebro processar informações na

velocidade necessária, orientando muitas decisões e julgamentos que a pessoa faz.

Goleman (2014) discorre sobre os tipos de atenção que se formam em nossa mente. A

atenção superior, situada no córtex pré-frontal, é analítica e devagar (sistema “devagar” na

concepção de Kahneman), examina as opções antes de dar uma resposta, opera de cima para

baixo (sistema descendente). É a atenção superior que diferencia o ser humano das demais

espécies animais; é a possibilidade de pensar a longo prazo, de ponderar situações e de escolher a

mais adequada às próprias circunstâncias. A atenção inferior é intuitiva e rápida (sistema rápido

na concepção de Kahneman), age em questão de segundos, operando em um sistema ascendente.

Os movimentos são automáticos - agir sem pensar muito (por exemplo, ao sentir que um perigo

está se aproximando, a atenção inferior é a responsável por executar a reação de fuga).

O gestor deve ser capaz de identificar o tipo de atenção necessária a cada situação, de

modo a obter o máximo de rendimento do trabalhador, dosando o tempo e a capacidade de

atenção de cada um.

Kahneman (2012:43) afirma que o cérebro é inerentemente preguiçoso e prefere tentar

usar os circuitos já gravados para lidar com qualquer demanda, antiga ou nova. A operação

consciente consome mais energia e é mais lenta que a operação inconsciente e por isto o

cérebro prefere atuar de forma inconsciente (automática). A maioria dos comportamentos

físicos e mentais do ser humano é iniciada e ocorre à revelia da consciência. A percepção do

ser humano baseia-se quase exclusivamente em circuitos gravados e usados de forma

automática. O sistema nervoso consome mais glicose do que outras partes do corpo, e a

atividade mental trabalhosa parece ser mais dispendiosa no consumo da glicose.

O cérebro não trabalha unicamente a partir da mais recente informação sensorial, mas

desenvolve previsões, simula internamente o que acontecerá se alguma ação, sob condições

específicas, for realizada. O cérebro faz pressupostos para poupar tempo e recursos e tenta ver

o mundo apenas na medida em que ele precisa (Eagleman, 2012:58-60). O cérebro busca

gastar pouca energia, e em razão disso, ele usa atalhos e completa pensamentos, palavras e

decisões que não estão completos.

O aprendizado é feito através de associações com conhecimentos já adquiridos. Por

vezes, o cérebro estabelece memórias que são falsas na sua origem, normalmente porque um

evento é interpretado de maneira errada. Memória que se imaginou (esperou ver) e não do que

de fato esteve (algo parecido e confundido); também podem ser criadas durante o que parece

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ser uma recordação (a pessoa está convencida que algo aconteceu, pode reformular o evento a

partir de esboços de outras memórias e, então, vivenciá-la como se fosse uma recordação real)

(Carvalho & Hennemann, 2012).

O cérebro funciona como um simulador de ação: ensaia ou imita mentalmente toda

ação que observa. Damásio (2004:92) entende que o cérebro humano é mais complexo que o

de qualquer primata, porque tem a consciência do eu, a intencionalidade dos atos, reconhece a

alteridade do outro. O autor explica a particularidade humana de ter percepção daquilo que se

está fazendo, de desenvolver sentimento de culpa, de se sentir responsável, por meio de uma

categoria biológica do próprio cérebro, os neurônios espelho.

Os neurônios espelho, descobertos por Giacomo Rizzolatti, Vittorio Gallesw e

Leonardo Fogasi, no início da década de 1990, são responsáveis pela imitação mimética do

comportamento humano, possibilitando a aprendizagem - se ativam ao ver agir um outro

indivíduo, normalmente da mesma espécie; impulsionam a imitar o comportamento do outro

como se ele mesmo estivesse realizando a ação. Os neurônios espelho possibilitam o

reconhecimento do outro, estimulam a empatia, constituem a base fisiológica do sentimento

de pertença ao grupo e da identidade coletiva (Gaschler, 2009:48).

De acordo com Goleman (2006),

Os neurônios espelho tornam as emoções contagiosas, fazendo com que os sentimentos que

observamos fluam através de nós, ajudando-nos a entrar em sincronia e acompanhar o que está a

acontecer. ‘Sentimos’ os outros no sentido mais lato do termo: sentindo os seus sentimentos, os

seus movimentos, as suas sensações, e as suas emoções, enquanto eles atuam dentro de nós

(Goleman, 2006:69).

Quando se observa alguém realizar uma ação, esses neurônios disparam - daí o nome

"espelho". Por isso, essas células cerebrais são essenciais no aprendizado de atitudes e ações,

como conversar, caminhar ou dançar. Eles permitem que as pessoas executem atividades sem

necessariamente pensar nelas, apenas acessando o seu banco de memória. Em situações de

treinamentos e capacitação de pessoas, os neurônios-espelho são ativados para que aprendam,

acompanhem e vivenciem situações propostas pelos instrutores.

Vários comportamentos e funções biológicas apresentam uma variação rítmica, com

ciclos que refletem uma adaptação evolutiva dos organismos aos fenômenos de um ambiente

que apresenta mudanças recorrentes, tais como o dia e a noite. Assim, é possível que o

organismo se antecipe às alterações ambientais e se prepare para responder adequadamente,

garantindo a variabilidade necessária para sua sobrevivência (Marques & Menna-Barreto,

2003).

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Os ritmos circadianos são ritmos biológicos que variam em torno de 24 horas e podem

ser eventos bioquímicos, fisiológicos ou comportamentais importantes para sobrevivência.

São controlados por sincronizadores externos como a luz, a alimentação, entre outros, mas

também persistem sem estas pistas ambientais, o que os caracterizam como ritmos gerados

endogenamente (Pereira, Tufik & Pedrazzoli, 2009).

O ser humano é um animal diurno. Para isso, diversas variáveis fisiológicas estão em

seus níveis máximos durante o dia: cortisol sanguíneo (hormônio envolvido na mobilização

dos estoques de glicose em situações de estresse, especialmente logo após o despertar),

temperatura corporal, pressão arterial, nível de atenção, disponibilidade de glicose, colesterol,

entre outras. Enquanto isso, outras variáveis estão no seu nível mais baixo: melatonina

(hormônio liberado nos períodos de escuro, que está envolvido na regulação do ciclo vigília-

sono), hormônio de crescimento, nível de atenção, etc. À noite, durante o sono, a situação se

inverte. Com base nessa organização temporal interna, confirma-se que o ser humano tem

horários ótimos para se alimentar, para dormir, para fazer exercícios e para realizar atividades

cognitivas, necessárias ao trabalho (Valentinuzzi, 2011).

Essas conclusões podem ser relevantes para a definição dos turnos de trabalho dos

profissionais nas organizações. Pode-se identificar em quais horários do dia o organismo

humano produz mais substâncias químicas para a atividade física e mental. Se o gestor souber

explorar tais períodos, pode conseguir um aumento significativo de produtividade.

Trabalhar contra o relógio biológico pode causar diversos distúrbios do sono, como a

fadiga, agitação, sonolência, diminuição da atenção e perturbação do processo metabólico do

organismo, piora o humor, diminui a capacidade cognitiva e os reflexos e torna as pessoas

mais vulneráveis a doenças.

Pessoas que trabalham no turno noturno têm que se adaptar a um cronograma que não

é natural, trabalhando enquanto outros estão dormindo e dormindo enquanto outros estão

trabalhando. São forçadas a lutar contra esse ritmo natural enquanto tentam permanecer

alertas e funcionais durante o período em que deveriam estar descansando. Adicionalmente,

eles podem não ter a quantidade de sono suficiente durante o dia, como os trabalhadores

diurnos têm e o sono frequentemente é fragmentado durante o dia porque seu cérebro está

ativo e programado para estar acordado.

2.2. A importância do relaxamento

Quando há momentos de relaxamento na rotina, o sistema imunológico funciona

melhor, em razão da diminuição da quantidade de algumas substâncias na circulação,

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principalmente, a adrenalina e o cortisol – os hormônios do estresse. Quando o cérebro

registra que haverá um tempo livre e relaxante, produz uma sensação de prazer e tranquilidade

prévios, a mente e o corpo descansam por antecipação. Um valor psicológico especial do

relaxamento parece ser o de restabelecer um equilíbrio adequado da excitabilidade entre as

várias partes do sistema nervoso (Guyton & Hall, 2002:60).

Através do relaxamento, busca-se melhorar a relação com o meio ambiente, uma vez

que este atua sobre a mente, produzindo tranquilidade e, por correlação de funções, uma

descontração muscular geral. As técnicas do relaxamento permitem perceber as tensões

musculares e, em seguida, as controlar e as inibir (Lapierre, 1982:55).

O estresse crônico prejudica o bem-estar na vida moderna e um de seus agravantes mais

terríveis é a sensação de impotência diante dos acontecimentos, a sensação de falta de controle

sobre aquilo que se deseja dominar – a frustração (Herculano-Houzel, 2007:134).

A respiração feita de forma adequada é um antídoto contra o estresse, reduzindo a

ansiedade, a depressão, a irritabilidade, a tensão muscular e a fadiga (Davis, Eshelman &

Mikary, 1996:61). A maioria das pessoas tensas respira mal, tem pouca capacidade vital e

elasticidade torácica. Isto sucede porque a rigidez dos músculos do tronco bloqueia a caixa

torácica, que perde a elasticidade e o pulmão não pode cumprir sua função com toda

normalidade. A função respiratória está intimamente ligada à harmonia da circulação

sanguínea e, portanto, é assim denominada de aparato cardiopulmonar. A reeducação do

movimento respiratório combate vícios respiratórios e restaura a via nervosa correspondente,

através da força voluntária durante o treinamento (Vecchio, 1963:61).

A tensão e o estresse no ambiente laboral tem elevado o diagnóstico de doenças

mentais relacionadas com o trabalho, tais como a Síndrome de Burnout ou Síndrome do

esgotamento profissional. Esta Síndrome é um processo de enfraquecimento decorrente de um

período prolongado de estresse profissional. É uma resposta à tensão crônica no trabalho,

gerada a partir do contato direto e excessivo com outras pessoas, devido à tensão emocional

constante, atenção concentrada e grande responsabilidade profissional. O indivíduo submetido

ao estresse ocupacional pode deixar de responder adequadamente às demandas do trabalho e

geralmente se encontra irritável, ansioso e ou deprimido (França & Rodrigues, 2011:29-36).

Os sinais iniciais incluem sentimentos de exaustão emocional e física, sentimento de

alienação, cinismo, impaciência, negativismo e isolamento.

São inúmeros os métodos e as técnicas de relaxamento existentes, podendo-se destacar

a Yoga e a Meditação. A Yoga, na Índia, reúne um grande número de técnicas, doutrinas e

variações, e tem como objetivo reforçar a homeostase fisiológica e psicológica, e é baseada

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em métodos que ensinam a respirar melhor, como trabalhar o corpo através de exercícios

saudáveis, como relaxar (descontrair-se), como se concentrar melhor (De Rose, 1995:67).

A prática da meditação produz efeitos no cérebro que proporcionam respostas

benéficas ao corpo como um todo. Através da estimulação contínua de complexos circuitos

cerebrais que alteram a frequência das suas ondas e estimulam áreas no cérebro que ajudam a

transpor o excesso de pensamentos e a acalmar a mente para que ela se torne focada e alerta.

O efeito produzido pelo treinamento é algo que se deve à chamada plasticidade cerebral

(Mascaro, 2008).

Muitos praticantes de meditação adquirem uma espécie de percepção panorâmica, na

qual estão conscientes de seus pensamentos e sentimentos, além do ambiente externo. Se a

mente estiver calma, facilita a recepção dos estímulos, o que é expresso pela sincronia de fase

das oscilações corticais a esses estímulos (Davidson, 2013:226).

Aquele que medita relaxa com mais facilidade depois de experienciar um desafio. Isto

permite que a probabilidade de ver ocorrências inocentes como ameaçadoras diminua. Assim,

o meditador consegue perceber a ameaça com maior precisão e reagir com excitação apenas

quando necessário. Mesmo em estado de excitação, sua rápida recuperação se torna mais

provável, fazendo com que o indivíduo tenha reações normais, quando uma pessoa ansiosa

perceberia como ameaça (Goleman, 1997:178).

Independente de método ou da técnica utilizada, o treinamento do relaxamento se

inicia como um exercício mental de concentração interna, que consiste em ficar tranquilo,

pondo o corpo em estado de passividade (Zenteleit, 1968:68). O processo de relaxamento

deve se aplicar em todos os momentos da vida, a fim de levar o indivíduo a adquirir um

domínio de si mesmo, que o capacitará a alcançar diversos objetivos, combatendo os maus

hábitos e adquirindo outros novos e saudáveis, por meio de uma reeducação baseada no

aspecto mental do relaxamento (Davis, Eshelman & Mikary, 1996:68).

Repousar é bom e saudável, mas é necessário ouvir as necessidades do cérebro. O

sono é mais do que um simples descanso e proporciona benefícios para o cérebro que

resultam do seu modo diferente de funcionar nesse estado. Não adianta insistir em mais horas

de raciocínio se os neurônios que cuidam do assunto já se esgotaram. O sono é um período de

atividade intensa no cérebro, diferente do período de vigília: a consciência está desligada, os

sonhos estão ativados de vez em quando, os músculos são desativados, as memórias são

passadas a limpo (o cérebro, protegido da influência dos sentidos, passa a limpo e armazena

as novas informações adquiridas ao longo do dia). É o período em que o cérebro desliga os

quadros associados ao estresse crônico (Herculano-Houzel, 2007:149).

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Esses estudos são fundamentais para que o gestor compreenda situações que podem

levar a um trabalho produtivo e outras que podem determinar o estresse. É oportuno lembrar

que o estresse tem sido considerado um dos mais frequentes tipos de adoecimento,

principalmente entre profissionais da área de saúde e da área bancária.

2.3. A importância das pausas

A pausa permite que a engrenagem cerebral funcione melhor e que as informações

sejam consolidadas. A pausa é importante para a criatividade e para a sanidade do ser humano.

A cultura da pressa, que faz parte da realidade das pessoas no mundo contemporâneo, assim

como o trabalho excessivo, é prejudicial para a saúde. Encontrar equilíbrio entre produtividade

no trabalho e manter a saúde mental é um dos principais desafios da sociedade atual. O ser

humano precisa de um momento, no trabalho e na vida, para parar e pensar. Sem concentração

equilibrada perde-se o controle dos pensamentos. O período de interrupções no trabalho diário,

o sono, prestar atenção na própria respiração, meditar, relaxar, proporcionam ativação do

circuito cerebral responsável pela concentração (Goleman, 2013).

Santos (2014) considera que uma das descobertas mais importantes da Neurociência

na última década foi o estudo dos mecanismos neurais de como a mente divaga – MW, do

inglês Mind Wandering. O autor afirma que a neurofenomenologia do MW classicamente tem

apontado esse estado cognitivo como prejudicial em tarefas que requerem atenção seletiva,

interpretação de textos e memória. O MW é dependente de um grupo de áreas do cérebro (lobo

frontal, principalmente) que envolvem córtex pré-frontal medial, cingulado posterior e córtex

temporo-parietal. Mas estudos recentes de neuroimagem em humanos têm mostrado que o MW

desempenha papel crucial na formação da autobiografia de um indivíduo e na resolução criativa

de problemas diversos. O mais intrigante é que a rede formada pelas áreas citadas está bastante

ativa no MW quando o indivíduo não tem ideia de que sua mente está divagando. O autor

afirma que se pode concluir que o MW parece ser aquele momento necessário para que uma

nova ideia seja incubada, um tempo importante para a reorganização de circuitos neurais

subjacentes à automatização de rotinas.

As regiões reveladas pelos exames de neuroimagem como ativas durante a divagação

da mente (lobo frontal, principalmente) são consideradas fundamentais para manter a pessoa

focada numa tarefa. Os exames mostram que, em ambos os casos, mente focada e mente

divagando, tais regiões estão ativadas. Cientistas cognitivos veem a mente divagadora como o

modo-padrão do cérebro – aonde ele vai quando não está trabalhando em alguma tarefa

mental. Uma mente à deriva permite que sua essência criativa flua e os insights aconteçam.

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Entre as outras funções positivas da divagação da mente estão a geração de cenários para o

futuro, a autorreflexão, a capacidade de se relacionar em um mundo social complexo, a

incubação de ideias criativas, a flexibilidade do foco, a ponderação do que se está aprendendo,

a organização das lembranças ou a mera meditação sobre a vida – e também a possibilidade

de dar aos circuitos de foco mais intensivo uma pausa revigorante (Goleman, 2014:45-46).

Em momentos criativos, pouco antes de um insight, o cérebro costuma descansar em

um foco aberto e relaxado, caracterizado por um ritmo alfa. Isso sinaliza um estado de

devaneio ou sonho acordado. Como o cérebro armazena diferentes tipos de informações em

circuitos de amplo alcance, uma consciência vagando livremente aumenta as chances de

novas combinações e associações em serendipidade (fazer descobertas por obra do acaso e

sagacidade, de coisas pelas quais não se está procurando). A consciência aberta cria uma

plataforma mental para descobertas criativas e insights inesperados. A serendipidade vem

primeiro com a abertura da possibilidade e, depois, com a concentração em aplicar um

insight. Quando um momento imaginário ganha vida na mente, o cérebro quase certamente

gera um pico gama (Goleman, 2014:47-49).

O início do insight é uma inesperada atividade cerebral (pulso de ritmo gama, a mais

alta frequência elétrica gerada pelo cérebro). No entanto, para que esses neurônios gerem o

pulso gama, o córtex precisa relaxar e desfocar, para que associações mais remotas sejam

recolhidas por essas eventuais sinapses errantes. O relaxamento parece ser essencial; por isso,

muitas pessoas relatam que tiveram insights durante o banho ou ao acordar (Muotri, 2008).

Imediatamente depois do pico gama, a nova ideia surge na consciência. Esses picos

gama indicam que o cérebro teve um novo insight. Momentos espontâneos de insights criativos

podem parecer realmente vir do nada. Mas, é possível supor que ocorreu esse mesmo processo,

em que havia algum grau de envolvimento em um problema criativo, e em seguida, durante o

“tempo ocioso”, circuitos neurais fizeram novas associações e conexões (Romantini, 2013).

Um dos maiores defensores da teoria de que o cérebro precisa de uma pausa para

funcionar bem é o sociólogo italiano Domenico De Masi, que elaborou o conceito de ócio

criativo. Segundo ele, é possível estabelecer uma rotina equilibrada e fazer com que o

trabalho, o estudo e o lazer se cruzem de maneira tão harmoniosa que a pessoa praticamente

não consiga distinguir de qual deles está se ocupando em determinado momento. De acordo

com De Masi, o ócio não é caracterizado por momentos inertes, mas justamente pela

ocupação do tempo de forma gratificante e criativa (De Masi, 2000:16).

Nos dicionários, geralmente o ócio aparece como sinônimo de preguiça, caracterizado

pela inatividade física e mental e a falta de produtividade. Entretanto, o tempo livre capaz de

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aumentar a criatividade ocorre em situações que levam uma pessoa ao contato com

habilidades não utilizadas na rotina diária ou a desenvolver melhor aquelas que já são usadas.

A civilização grega pôde se dedicar ao trabalho intelectual porque havia condições para

produzir ideias filosóficas, artísticas e políticas e, sob esse olhar, era preciso levar uma vida

com mente e corpo sãos. Para desenvolver a criatividade, torna-se importante cuidar da

criatividade, que está mais ligada à capacidade de acolher e de elaborar, do que aos recursos

disponíveis, mesmo que haja forte troca de ideias em um grupo criativo (De Masi, 2000:16).

Mesmo sendo o lazer uma prática distinta do ócio, a maneira como esse último se

apresenta em Descartes abre espaços para compreender as incidências dos sentidos de ambos

nos dias de hoje. O lazer em Descartes está próximo da conotação de ‘ter tempo para’ ou ‘ter

repousado suficiente para’ superar batalhas, chegar ao conhecimento verdadeiro e aquietar o

espírito agitado pelas paixões da alma. Por causa disso, há uma grande preocupação no

filósofo francês com o impedimento de seu lazer o qual é, ao mesmo tempo, o impedimento

de sua tranquilidade para se dedicar aos desígnios aos quais se propôs. O ócio, em Descartes,

se distancia do sentido de uma experiência contemplativa de pura criação e de prazer estético,

desprendida da utilizada prática, para se aproximar do sentido de repouso do espírito, do

descanso e da tranquilidade como indispensáveis para produzir conhecimentos seguros e

capazes de promover o bem coletivo. Por esse motivo, o ócio cartesiano não é algo

desinteressado, mas altamente comprometido com o bem de todos (Nogueira, 2009:18-20).

O ócio pode ter efeitos positivos, principalmente quando as pessoas se colocam de

acordo com o sentido da palavra trabalho. Para os gregos, por exemplo, a palavra tinha uma

conotação estritamente física – o trabalho era tudo aquilo que fizesse suar, com exceção do

esporte. Quem trabalhava, isto é, suava, ou era escravo ou era cidadão de segunda classe. “As

atividades não físicas como a política, o estudo, a poesia e a filosofia eram consideradas

ociosas, ou seja, como expressões mentais, dignas somente dos cidadãos de primeira classe”.

A sociedade industrial permitiu que o trabalhador usasse o corpo para agir, mas não havia

tempo ou liberdade para expressar-se com a mente. A sociedade pós-industrial ofereceu uma

nova liberdade: depois do corpo, liberta a alma. Entende-se que é da alma que saem os

ensinamentos que permitem aos indivíduos lidar com a própria realidade. É na alma que

reside o que é belo (De Masi, 2000:10).

De Masi (2000) vai além da crítica ao modelo industrial, que ele considera arcaico e

ultrapassado, e sugere um novo modelo de gestão – o Ócio Criativo, que se materializa como

proposta de um novo modelo de gestão pela natural combinação de três variáveis: Trabalho,

Estudo e Lazer (ou Prazer).

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A proposta de De Masi é conciliar uma atividade que possa ser exercida (Trabalho), que

nela perceba-se e encontre-se uma forma permanente de aprendizado (Estudo) e que possa

conferir uma agradável sensação de realizar algo prazeroso (Prazer) (Loureiro, 2013:82).

Os benefícios do ócio criativo, das pausas, do Mind Wandering são diversos: aumento

de produtividade dos funcionários, fazendo um trabalho mais eficaz, a criatividade cresce

nesses momentos de antiestresse, gerando vivência de experiências criativas no seu sentido

mais global, como criação e recriação, que propiciam surgimento de soluções ou ideias

inovadoras. É uma ação pessoal e comunitária que tem a sua raiz na motivação e na vontade.

A criatividade se nutre de ócio. Para se ter ideias é preciso tempo para introspecção.

3. METODOLOGIA

Este trabalho, através de uma pesquisa bibliográfica, busca explorar algumas

descobertas da Neurociência que convergem para a Administração, especialmente na área de

gestão de pessoas, destacando o papel do cérebro no comportamento e na natureza humanos.

Tais estudos podem proporcionar insights a um novo modelo de gestão, que priorize o

potencial humano, a criatividade, o respeito pelas limitações humanas.

Foi utilizado o método exploratório, que se justifica quando o tema é pouco explorado

e/ou se pretende levantar questões para outras pesquisas (Goulart, 2013). No caso presente,

verifica-se que os estudos de Neurociência são recentes e são poucos os pesquisadores que

têm apresentado sugestões sobre a aplicação desse conhecimento à Administração.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Administração contemporânea é marcada por mudanças provocadas pela revolução

nas comunicações, na tecnologia, na modernização resultante da globalização, as quais fazem

com que as empresas tenham que romper paradigmas e criar novas posturas para encarar a

dinâmica organizacional. Essas transformações determinam o desenvolvimento de novas

atitudes empresariais para transformar a empresa numa organização capaz de ter uma visão

global e sistêmica de seus processos, desenvolvendo capacidades importantes.

A área da Neurociência visa à compreensão do funcionamento do sistema nervoso e de

como ele se relaciona com o comportamento humano, podendo oferecer subsídios ao

conhecimento e melhoria do desempenho da organização. Trata-se de uma área

caracteristicamente interdisciplinar, na qual as contribuições têm vindo não só das Ciências

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Biológicas e da Saúde, mas também das Ciências Físicas e Humanas. Conhecer o conjunto

mente–cérebro–corpo ajuda no entendimento da estrutura do comportamento humano, e, por

consequência, da dinâmica organizacional.

Os pontos estudados neste trabalho corroboram a importância da observação, por parte

das organizações, da emergente importância atribuída às pessoas para confrontar as

adversidades no presente e no futuro. A modernização na forma de gerir pessoas permitirá à

organização avaliar a possível contribuição de todos os seus colaboradores, bem como deve

possibilitar a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas de maneira mais

dinâmica.

No momento em que foi produzido este trabalho, era notória a preocupação com o

desenvolvimento do ser humano, que na Era do Conhecimento passou a constituir uma

imposição, uma vez que o investimento no capital humano é considerado atualmente o

suporte fundamental de uma organização.

A Neurociência está se configurando, neste início de século XXI, como mais um

caminho viável para a investigação do comportamento humano nas Ciências Sociais

Aplicadas. Os cientistas e formadores de opinião precisam ter clara a importância do diálogo

genuíno com a sociedade sobre o que fazem e pensam os seres humanos, sabedores que tal

atitude é determinantemente crítica para a promoção de uma sociedade justa e participativa. O

progresso advindo das contribuições da Neurociência trouxe desafios éticos, legais e sociais,

principalmente pela possibilidade da aplicação dessas tecnologias tornar possível o acesso ao

pensamento, quando se deve manter o respeito à privacidade e confidencialidade do ser

humano (Kipper, 2011:397-409).

A Neuroética surge como uma nova especialidade que leva ao estudo das implicações

éticas de intervenções sobre o cérebro: os presentes e futuros desafios a monitorar, mapear,

estimular ou alterar as funções cerebrais por meio de imagens radiológicas, fármacos ou

técnicas neurocirúrgicas avançadas, que modificam a cognição, humor, afetividade e, até

mesmo, invadem a privacidade dos pensamentos do ser humano – como os modernos

detectores de mentira empregados em assuntos forenses ou em grupos antiterroristas (Marino

Júnior, 2010:117).

Torna-se urgente considerar a necessidade de se desenhar um modelo normativo e

institucional que, num futuro próximo, trate não somente de viabilizar o acesso de todos, por

igual, a benefícios provenientes da revolução neurocientífica, como, especialmente, evitar que

alguns (ou muitos) possam ser prejudicados por um particular uso e aplicação desses novos

avanços (Fernandez & Fernandez, 2008:72).

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A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NAS REDES DE INVESTIGAÇÃO INTERDISCIPLINARES E SUAS PRÁTICAS

DISCURSIVAS

Anabela Félix Mateus Labcom - Universidade da Beira Interior e FCT (Portugal)

[email protected]

A Comunicação é uma encruzilhada pela qual muitos passam e poucos permanecem.

(Wilbur Schramm)

RESUMO: Falar de interdisciplinaridade é falar de interação de disciplinas. A interdisciplinaridade traduz-se numa abordagem metodológica que consiste na procura sistemática de integração das teorias, dos instrumentos e das fórmulas de ação científica de diferentes disciplinas, baseada numa conceção multidimensional e global dos fenómenos. Pretendemos apresentar uma reflexão sobre as caraterísticas do fator dinâmico que é a nova comunicação – implícita à interdisciplinaridade. Um dos grandes benefícios e contributos com o desenvolvimento das TIC para a eficácia da Nova Comunicação traduz-se na divulgação da ciência e na interação entre cientistas de diferentes unidades científicas, muitas vezes bastante distanciadas geograficamente. Palavras-chave: Interdisciplinaridade – Metodologia de investigação – Comunicação- Redes de Investigação

LA IMPORTANCIA DE LA COMUNICACIÓN EN LAS REDES DE INVESTIGACIÓN INTERDISCIPLINARIAS Y SUS PRÁCTICAS

DISCURSIVAS RESUMEN: Hablar de interdisciplinariedad es hablar de interacción entre disciplinas. La interdisciplinariedad se traduce en un abordaje metodológico que consiste en la búsqueda sistemática de integración de teorías, de los instrumentos y de las fórmulas de acción científica en las diferentes disciplinas, basada en un concepto multidimensional y global de fenómenos. Pretendemos presentar una reflexión sobre las características del factor dinámico que supone la Nueva Comunicación, implícita en la interdisciplinariedad. Uno de los grandes beneficios y tributos derivados del desarrollo de las TIC para la eficacia de la Nueva Comunicación se plasma en la divulgación de la ciencia y en la interacción entre científicos de diferentes ámbitos, muchas veces bastante lejanos geográficamente. Palabras Clave: Interdisciplinariedad - Metodología de investigación - Comunicación - Redes de investigación

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THE IMPORTANCE OF COMMUNICATION IN THE RESEARCH NETWORK INTERDISCIPLINARY AND THEIR DISCURSIVE

PRACTICES

ABSTRACT: Speaking about interdisciplinarity is talking about disciplinar interaction. The interdisciplinarity is a methodological approach that consists in a systematic research to integrate the theories, the instruments and the formulas of scientific action of various subjects, based on a multidimensional and global conception of phenomena. We intend to present a reflection about the characteristics of the dynamic factor which is the new communication – implicit to the interdisciplinarity. One of the biggest benefits and contributions with the development of the TIC for the effectiveness of the New Communication is reflected in the promotion of the science and the interaction between scientists of different scientific units, often quite geographically distant. Keywords: Interdisciplinary - Research Methodology - Communication- Research Networks

1. INTRODUÇÃO

A complexidade dos problemas da sociedade moderna e a necessidade de inovação levam a

considerar um processo de convergência entre diversas áreas de pesquisa científica. Os

desafios do tempo globalizado têm, na interdisciplinaridade, um de seus pilares. Um fator há a

realçar: ciências distintas, discursos próprios.

O efeito sinérgico que resulta da complementaridade ativa das várias ciências que se propõem

a um mesmo objetivo só se obtém através da ação da comunicação, presente ao longo de todo

o processo (MATEUS: 2010).

A questão da interdisciplinaridade é um tema que foi entrando no meio dos curiosos

científicos não há muito mais de duas décadas, ainda assim num campo arenoso da filosofia,

no âmbito da epistemologia.

O atual desenvolvimento das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) permitem,

em primeira instância, uma facilidade da comunicação, na construção de redes de

investigação interdisciplinares e na aproximação entre países geograficamente afastados. São,

muitas vezes, custos que se evitam, tempo que se poupa, recursos que não se desperdiçam.

Mas, nem sempre tudo o que brilha é ouro…

Há o reverso da medalha, que não se vê a um primeiro olhar.

Uma preocupação que se afigura hoje é os discursos herméticos de cada disciplina. Tal pode

confirmar-se em pleno com a linguagem específica das ciências médicas, também com modas

de termos empresariais na área da Gestão submissa aos mais variados estrangeirismos

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importados dos países Anglosaxónicos - talvez estes dois sejam exemplos dos mais

representativos, pois são os que de imediato se me afloram à memória.

Com a introdução e utilização quase em pleno das TIC em redes de investigação

interdisciplinares, oriundas de distintas culturas e com a utilização habitual de discursos

particulares a cada ciência, será que nos estamos a preocupar com o mero princípio básico aos

conceitos Informação e Comunicação: codificação/descodificação?

2. A EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO E A EPISTEMOLOGIA DA

INTERDISCIPLINARIDADE

A presente reflexão aborda duas temáticas intimamente relacionadas, qual fundamento do

presente artigo. Nem se poderia deixar de falar de relação, independentemente do seu tipo, ao

referirmo-nos as problemáticas da interdisciplinaridade e da comunicação.

2.1. PORQUÊ EPISTEMOLOGIA?

Nem sempre é muito consensual o conceito Epistemologia.

Epistemologia significa ciência, conhecimento, saber…é o estudo científico que trata dos

problemas relacionados com o conhecimento, sua natureza e limitações. É uma palavra que

vem do grego.

A epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento, e é

também conhecida como teoria do conhecimento.

A epistemologia surgiu com Platão (348/347 a.C.) que utilizava o termo opondo-o à crença ou

opinião ao conhecimento, sendo a crença um ponto de vista subjetivo e o conhecimento

comprovadamente verdadeiro.

Só que a epistemologia também pode ser vista como a filosofia da ciência. E a filosofia não é

algo que justifique comprovação...

Mas se se fala da Epistemologia enquanto “Ciência geral do Conhecimento”, também há a

considerar as mais variadas Epistemologias, com os seus objetos bem definidos e localizados.

É nesse âmbito que se encontram as Epistemologias que diretamente fazem parte da presente

abordagem, no contexto da atual reflexão.

2.1.1. A EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO

O conceito Nova Comunicação, surgiu ligado à escola de Palo Alto (o Colégio Invisível), pela

mão de Gregory Bateson (1904-1980), quando este introduziu a teoria da Cibernética nas

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Ciências Sociais. É a partir de noções como sistema e circularidade que Bateson começou a

formular uma teoria geral da comunicação.

O que Bateson buscava nos anos 50, e que viria, efetivamente, a desenvolver até à sua morte,

assentava numa vasta interrogação sobre a comunicação humana nos termos de uma estrutura que

pudesse ligar os “seres vivos” entre si – a natureza e o pensamento, a comunicação e a

antropologia.

Bateson tornar-se-ía ao longo de três décadas, o visionário lúcido e o fundador crítico de uma

nova maneira de encarar as relações entre comunicação e antropologia. Com uma forma

inovadora de repensar comunicação humana, ao lado de colegas psiquiatras e antropólogos, não

somente delineou os parâmetros de uma “Nova Comunicação”, mas soube criar os alicerces de

uma “Antropologia da Comunicação” e de uma “Epistemologia da Comunicação”.

Nesse âmbito criou alguns parâmetros de uma nova comunicação, de uma antropologia da comunicação e de uma epistemologia da comunicação:

- o universo é um imenso organismo em constante interação; - o conhecimento deve ser construído no campo do empirismo; - deve-se falar numa epistemologia vinculada a um prévio e constante trabalho de

observação; - todo conhecimento se insere num contexto, e - a observação e experimentação de construção de conhecimento são sempre

constituídas por “informações de diferenças”. A epistemologia de Bateson procura sempre compreender como se constroem as

ideias que nós fazemos das coisas. Bateson veio introduzir a abordagem antropológica na comunicação humana; veio

introduzir a dimensão e o valor comunicativos na investigação etnográfica dos comportamentos,

das situações e dos objetos de uma comunidade.

Gregory Bateson, (…) propõe-nos e procura despertar dentro de nós um novo “estado do olhar” sobre uma leitura comunicacional do mundo social (dos seres vivos). Uma comunicação encarada não mais e apenas como ato individual, e sim como um fato cultural, uma instituição e um sistema social. Uma comunicação refletida não mais e apenas como uma telegrafia relacional, mas, sim como uma orquestração ritual, eminentemente sensível e sensual. (SAMAIN, 2001)

2.1.2. A EPISTEMOLOGIA DA INTERDISCIPLINARIDADE

O interesse sobre a interdisciplinaridade surgiu na Europa (França e Itália), em meados da

década de 1960. Foi pioneiro Georges Gusdorf (1912-2000) com um projeto de pesquisa

interdisciplinar que apresentou à Unesco em 1961 para as ciências humanas. Desse projeto

faziam parte estudiosos de universidades europeias e americanas, de diferentes áreas de

conhecimento, por iniciativa de alguns professores que procuravam romper a “Educação por

migalhas” (FRANCISCHETT, 2005).

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A proposta desse grupo era indicar as principais tendências de pesquisa nas ciências humanas,

no sentido de sistematizar a metodologia e os objetos das investigações realizadas pelos

investigadores.

O termo foi publicado pela primeira vez em 1937 pelo sociólogo Louis Wirth (1897- 1952)

que definia a interdisciplinaridade como a qualidade daquilo que é interdisciplinar, e o que é

interdisciplinar por aquilo que se realiza com a cooperação de várias disciplinas.

O fato é que passado muito mais de um quarto de século o termo mantém-se bem fiel a esse

conceito: para que haja interdisciplinaridade é preciso que haja mais de uma disciplina e

implica uma relação de troca entre elas de modo a cumprirem objetivos e obterem mais-valias

que de forma isolada não conseguiriam alcançar (MATEUS, 2010).

É no seio desta nova situação epistemológica que se têm vindo a constituir novos tipos de

disciplinas. Umas têm sido designadas como ciências de fronteira, novas disciplinas que

nascem nas fronteiras entre duasdisciplinastradicionais.Éoexemplodabioquímica,abiofísica,

etc.Outras,comointerdisciplinas,asquenascemnaconfluênciaentreciênciaspuraseciências

aplicadas. (POMBO, 2004)1

O movimento mais teórico, propriamente dito, começou por realizar os primeiros estudos

sobre as questões da interdisciplinaridade nos anos 1970, na tentativa da explicitação

filosófica em busca de uma definição para o conceito.

Na década seguinte, 1980, o avanço já então obtido com a pesquisa efetuada, permitia uma

fase de desconstrução à luz das contradições epistemológicas decorrentes, em direção à busca

de uma diretriz sociológica, a fim de tentar explicitar um método para a interdisciplinaridade.

Com o conhecimento obtido, a década de 1990 veio permitir a construção de uma nova

epistemologia, a própria da interdisciplinaridade, em busca de um projeto antropológico, para

a construção de uma teoria correspondente.

Alémdaconstituiçãodenovasdisciplinas, assistimoshoje àproliferaçãodenovaspráticasde

investigação interdisciplinar emesmo à constituição de novos problemas. Problemas grandes

demais,problemascomplexos,quesenãodeixampensaremlaboratórioporquecomportamum

númeroenormedevariáveis,problemasquenenhumadisciplinaestápreparadapararesolver.

A juventude urbana, o envelhecimento, a violência, o clima ou a manipulação genética, por

exemplo, são novidades epistemológicas a que só a interdisciplinaridade tem condições para

procurardarresposta.(POMBO, 2004)

1  Texto de uma conferência apresentada a convite da Prof. Doutora Ruth Gauer e do Prof. Doutor Jayme Paviani, no Congresso Luso-Brasileiro sobre Epistemologia e Interdisciplinaridade na Pos-Graduação, realizado em Porto Alegre, Brasil, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, nos dias 21, 22 e 23 de Junho de 2004.

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Evitando uma definição teórica concetual do termo, pela indefinição que os debates teóricos

mantêm, entendemos apresentar uma visão atual do conceito de Leis (2005) que considera a

interdisciplinaridade

como um ponto de cruzamento entre atividades (disciplinares e interdisciplinares) com lógicas diferentes. Ela tem a ver com a procura de um equilibro entre a análise fragmentada e a síntese simplificadora, assim como entre as visões marcadas pela lógica racional, instrumental e subjetiva. (RICARDO, s/d).

2.2. A NOVA COMUNICAÇÃO

No ano de 1951 Bateson tentou formular uma teoria da Comunicação derivada precisamente

da cibernética (CHIAVENATO, 1983: 471), e também à luz da perspetiva interaccionista,

implícita à teoria geral dos sistemas:

“A partir de finales de los años 50 y gracias a Irving Goffman, las personas comienzan a construir sus realidades mediante un proceso de interacción”. Un proceso integrado y como tal ha de ser interpretado para que funcione en un modelo sistémico en el cual cada uno de los polos siempre está relacionado con los otros y todos con cada uno. (Oliveira, 1988:48, in MATEUS, 2009: 61)

A cibernética surgira nos anos 40 pela mão de Norbert Wiener (1894-1964), que a definiu

como:

la ciencia de la comunicación y del control. (…) [o seu ] objetivo es el de determinar las leyes generales de la comunicación, en cuanto a los fenómenos naturales o artificiales, a las máquinas, a los animales, al hombre o a la sociedad (MATEUS, 2009:63)

Nesta conceção a cibernética veio a demonstrar-se fundamental para a teoria da comunicação.

A visão sistémica transmitida por Bériot (1997:67, in DIAS, 2001) mostra-nos que, no que

respeita aos sistemas de componentes humanos, o efeito pode ser retroativo sobre a causa,

contrariamente à perspetiva clássica em que se mencionava sempre a relação causa-efeito.

Segundo essa ideia, o sistema não funciona de forma linear (de A para B), mas num esquema

circular, pois há adaptações e movimentos constantes (mecanismos de idas e voltas). Pelo

mecanismo de retroalimentação, há possibilidade de adaptações e ajustes no próprio

organismo e nas relações com outros sistemas. Quanto mais complexo um sistema, maior a

possibilidade que se deem interações e, portanto, de que existam círculos retroativos, o que

faz com que a causalidade adquira um sentido circular, (relações de ida e volta, de retroação

constantemente). Isto verifica-se tanto nos comportamentos e nas informações, quanto nos

fatores e acontecimentos. De um certo ponto de vista, Bateson utiliza alguns desses

pressupostos interacionistas para tentar compreender a comunicação: ela é condição para que

haja interação e a sociedade é considerada uma comunidade (que partilha, em comum, tal

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como o sentido etimológico de comunicação) de ação e comunicação. Nunca poderemos

pretender conhecer as ‘coisas’ deste mundo, isoladamente: todo conhecimento se insere num

contexto (Samain, op. cit.). Essas redes teóricas mostram que não há um discurso fundador,

mas uma multiplicidade discursiva em constante construção. Ainda nos anos 1940, o autor

ouve falar de feedback e procura, então, dar seguimento à proposta de elaborar uma teoria

geral da comunicação a partir da cibernética e da teoria dos tipos lógicos.

A teoria geral dos sistemas, que vai inspirar particularmente Bateson, começa a ser

desenvolvida nos EUA, pelo biólogo austríaco Bertalanffy (1901-1972), com o intuito de

compreender a realidade a partir de múltiplas interelações, de dependências entre os seus

elementos numa relação mais global, em que há interações entre as partes e, por isso,

necessidade de observar as coisas de forma sistémica, de acordo com a abordagem orgânica

da biologia que vem tentar aceitar a ideia de que o organismo é um todo maior do que a soma

dos seus componentes.

O termo sistema, aspeto central da teoria, poderia definir-se, segundo Dias, (2009:27 in

MATEUS, 2009:61):

como un conjunto de elementos interdependientes que interactúan mediante flujos de información. Se trata de un grupo de unidades combinadas para formar un todo organizado, cuyo resultado global es cualitativamente superior al resultado que podrían obtener las unidades si funcionaran de modo independiente unas de otras.

Assim, se falamos de Comunicação, particularmente nesta nova aceção e no âmbito da teoria

geral dos sistemas, conceitos estreitamente relacionados no campo da ciência e segundo as

palavras de um grande seguidor desta teoria, Chiavenato, (1983:137),

…la cibernética nació como la ciencia destinada a establecer relaciones entre las diversas ciencias, en el sentido de cubrir tanto los huecos interdisciplinares aún no investigados por ninguna ciencia, como permitir que cada ciencia usara los conocimientos desarrollados por el resto para su próprio beneficio.

Os trabalhos dos diversos teóricos que construíram esta teoria da Nova Comunicação

emergiram unidos à volta de uma convicção: a sua oposição ao clássico modelo de

comunicação baseado exclusivamente na transmissão de mensagens do emissor para o recetor

- segundo a conceção de linearidade e funcionalidade criado por Shannon y Weaver (1949) -

apresentando uma alternativa onde propunham a observação do comportamento humano

como ponto de partida para a criação de outro modelo que ficou conhecido como modelo

orquestral.

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Trata-se de um modelo que concebe a comunicação como um todo integrador dos diversos

comportamentos, orientados individualmente dentro do grupo por códigos comuns que não

permitem desviar-se do objetivo comum – a partitura; daí a importância atribuída à interação.

Bateson e seus interlocutores da Escola de Palo Alto defendiam que a comunicação deveria

ser estudada a partir de um modelo próprio das ciências humanas e não a partir de lógicas

matemáticas. Ao contrário da teoria funcional, em que a comunicação é compreendida como

uma determinação, uma simples atribuição de A para B (emissor-recetor), nesta nova

perspetiva, a comunicação é, sobretudo, relacional, em que os indivíduos participam, são

membros e parte constitutiva dessa comunicação e não meros transmissores ou ‘espectadores’

com uma função pré-determinada. O Antropólogo Birdwhistell (1918-1994), um dos

principais representantes da nova escola, formulou a seguinte proposição, bastante

representativa da nova conceção de comunicação: Não nos comunicamos, participamos da

comunicação.

Aqui Watzlawick, Beavin e Jackson (1979) vêm distinguir entre comunicação enquanto

aspeto comportamental, pondo a tónica da teoria a nível da “relação”, ao invés do “conteúdo”

– informação propriamente dita, primazia da escola tradicional. Uma comunicação não se

limita a transmitir uma informação, mas induz ao mesmo tempo um comportamento o que

permite distinguir, na comunicação, entre “conteúdo”, ou informação propriamente dita, e

“relação”, que tem sobretudo a ver com a estrutura comportamental que se articula, no mesmo

sentido ou mesmo em sentido contrário, com a informação (1979:49 in SERRA, 2007:129)

2.4. A ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR

Esta nova comunicação veio dar origem à abordagem interdisciplinar. A interação apresenta-

se básica à interdisciplinaridade, a circularidade da comunicação, os círculos retroativos.

Verifica-se nos comportamentos, nas informações, nas situações, nos acontecimentos. São

conceitos intrínsecos à interdisciplinaridade.

A complexidade do mundo que nos rodeia exige a participação de investigadores especialistas

em áreas distintas - social, económica, saúde, meio ambiente - que trazem perspetivas

diferentes e complementares sobre determinado problema ou realidade. Isso não representa

um simples somatório, mas a recriação e reconstrução do conhecimento, além de

departamentos estanques da estrutura universitária, envolvendo investigadores de diversas

áreas de conhecimento.

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A amplitude e a complexidade dos problemas teóricos e práticos do analista das relações

sistémicas exigem uma abordagem que transcenda os limites estreitos das áreas de

conhecimento.

A interdisciplinaridade vai traduzir-se numa abordagem metodológica que consiste na procura

sistemática de integração das teorias, dos instrumentos e das fórmulas de ação científica de

diferentes disciplinas, baseada numa conceção multidimensional e global dos fenómenos.

Com a utilização desta metodologia o objeto de estudo é abordado de forma integral o que

leva à motivação para a elaboração de novas perspetivas metodológicas para a resolução de

problemas.

Piaget (1896-1990) foi o primeiro autor a debruçar-se sobre o conceito Interdisciplinaridade.

Veio propor uma caracterização dos níveis de colaboração e integração entre disciplinas,

(1972), que entendemos pertinente apresentar pelas não raras situações em que conceitos

similares, mas com graus distintos, são utilizados com um único significado ou mesmo

significados distorcidos:

Multidisciplinaridade - ocorre quando se procura informação e ajuda em várias

disciplinas para a solução de um problema, sem que qualquer uma delas seja modificada ou

enriquecida por essa interação. Trata-se do nível inferior de integração.

Interdisciplinaridade – trata-se da cooperação entre várias disciplinas em que existe

reciprocidade nos intercâmbios e enriquecimentos mútuos delas. É o segundo nível de

integração.

Transdisciplinaridade – implica a construção de um sistema global sem fronteiras

delimitadas entre as disciplinas. Corresponde a etapa mais elevada de integração.

Para se entender o termo interdisciplinaridade, deve-se partir da noção de disciplina. A

organização disciplinar foi instituída no século XIX, com a formação das universidades

modernas; desenvolveu-se, depois, no século XX, com o impulso dado à pesquisa científica;

isto significa que as disciplinas têm uma história: nascimento, institucionalização, evolução,

esgotamento, etc.; essa história está inscrita na história da Universidade, que, por sua vez, está

inscrita na história da sociedade; MORIN (2002:105) A disciplina é uma maneira de

organizar, de delimitar, ela representa um conjunto de estratégias organizacionais, uma

seleção de conhecimentos que são ordenados para apresentar ao aluno, com o apoio de um

conjunto de procedimentos didáticos e metodológicos para seu ensino e de avaliação da

aprendizagem.

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2.4.1 A INTERDISCIPLINARIDADE - O PAPEL DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Os dias de hoje vivem rápidas e profundas mudanças tecnológicas e económicas,

particularmente no que toca às ligadas à informação e à comunicação que permitem e exigem

o avanço da Ciência. Essa abrangência no campo das Ciências concorrem cada vez mais para

a efetiva necessidade de interlocuções com campos afins.

Pensar os fenómenos de comunicação leva a várias ingerências em outras disciplinas, nas quais nós exerceremos um direito de acompanhamento. Não pelo prazer de adicionar pedaços de saberes dispersos, mas para colocar estes em união, para os ligar e esclarecer uns pelos outros (Bougnoux, 2001:5, in SERRA: 29)

Por outro lado, a prática dessas relações interdisciplinares exige maior esforço dos

investigadores de áreas distintas. A exigência interdisciplinar impõe a cada especialista a sua

própria especialidade, tomando consciência dos seus próprios limites para acolher as

contribuições das outras disciplinas.

Segundo, Vanzella (2006), nesse sentido, entende-se o valor da formação integrada a fim de

que o especialista possa compreender e estar preparado para colaborar com outros

especialistas, tanto da área das ciências biomédicas, como das ciências humanas e das ciências

exatas, com características de uma proposta interdisciplinar.

Na realidade há problemas que só encontram solução com uma investigação interdisciplinar.

E aí o especialista encontra-se a perder terreno para o generalista, que, para além dos

conhecimentos científicos específicos da sua formação, detém outros conhecimentos

particulares e gerais que lhe permitem lidar com situações diversas, complexas e inesperadas,

uma vez que as suas distintas capacidades cognitivas lhe permitem tomar decisões nos mais

variados campos. Para isso, é necessário um novo tipo de formação intelectual que facilite a

visão do contexto em que hoje o conhecimento se aplica.

Enquanto os países desenvolvidos investem nas Tecnologias da Informação e Comunicação

(TIC) para manter a hegemonia, os países em desenvolvimento necessitam dessa tecnologia

para reduzir o abismo que os separa do mundo desenvolvido. A partir das TIC, estabeleceu-se

uma cultura informacional, que proporciona um aumento da interação em tempo real, sem

deslocamento físico, ou seja, uma simultaneidade e unicidade do espaço geográfico.

De uma forma a sociedade organiza-se em rede; “a rede constitui um conjunto de nós

interligados”, cujo instrumento básico é o computador individual ligado através da internet. O

novo tipo de espaço criado, o “ciberespaço” - econômico, social, cultural e imaterial, permite

um relacionamento não linear e multidimensional com uma dinâmica amplificadora. Este

contexto cria uma nova cultura que hoje coexiste com a clássica e tradicional.

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No entanto, é fundamental estar-se familiarizado com as TIC, que potenciam a aprendizagem

e a permanente atualização, independentemente do contexto social e da diversidade cultural.

Segundo Perrenoud (2000):

(…) as TIC podem facilitar o processo interdisciplinar, pois apresentam uma série de vantagens em relação aos métodos convencionais de aprendizagem e facilitam a troca imediata de informações, a visualização de subtarefas como parte de tarefas mais globais, a adaptação da informação aos estilos individuais de aprendizagem, o encorajamento à exploração, maior e melhor organização das ideias, maior integração e interação, agilidade na recuperação da informação, maior poder de distribuição e comunicação nos mais variados contextos (PERRENOUD:14).

Na mesma linha Castells (1999) apresenta a sociedade atual como uma sociedade em rede. Aí

as estruturas, as funções e os processos dominantes estão organizados à volta de redes. Para

ele, as redes constituem a nova morfologia social das nossas sociedades. Segundo o mesmo

autor as tecnologias da informação passaram por uma revolução a partir da década de 1980,

tendo permitido um desenvolvimento a nível da divulgação de informação a que ele chamou

de informacionalismo, e que teve base na tecnologia de geração de conhecimentos, de

processamento e de comunicação de informação. Esse informacionalismo emergiu como a

nova base material, tecnológica, da atividade económica e da organização social

(CASTELLS, 1999:32) Estaríamos, assim, inseridos num novo paradigma tecnológico, o

paradigma da tecnologia da informação (CASTELLS, 1999:497) e a presença/ausência na

rede e a dinâmica de cada rede em relação às outras são fatores de dominação e de

transformação.

A revolução e implantação das novas tecnologias vêm, dessa forma, mudar as estruturas de

poder no âmbito social e, particularmente, da ciência.

Um dos grandes benefícios do desenvolvimento das TIC traduz-se na divulgação da ciência e

na interação entre cientistas de diferentes unidades científicas, muitas vezes bastante

distanciados geograficamente, o que vem, também, permitir realizações comuns e partilhadas

entre centros e países distintos, até então condicionadas pela distância e impossibilidade de

tão fácil e direto contacto. (MATEUS, 2014:593)

Os desafios do tempo globalizado vêm assentar hoje na inevitável interdisciplinaridade.

A importância da interdisciplinaridade, e sequente construção de redes de investigação

interdisciplinares, surge com o próprio desenvolvimento científico-técnico que tem permitido

e provocado o nascimento de variados ramos científicos. Essas novas abordagens passam a

contemplar a pesquisa científica dos processos transnacionais.

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A interdisciplinaridade que, por sua vez, sem o fator dinâmico da Comunicação, e a

fundamental responsabilidade da interligação entre os distintos campos da ciência que lhe

estão inerentes, não é passível de se concretizar.

As rápidas e profundas mudanças tecnológicas e económicas que hoje se verificam potenciam

cada vez mais essa tendência para a epistemologia interdisciplinar que há muito se destaca.

A complexidade dos problemas da sociedade moderna e a necessidade de inovação, levam a

considerar um processo de convergência entre as diversas áreas de pesquisa científica.

Cada disciplina apresenta-se como uma propriedade intelectual única e que a diferencia e

distingue de todas as outras. O discurso da interdisciplinaridade implica a busca de

fundamentos em várias áreas de conhecimento para alcançar a complexidade de um objeto.

Não duvidamos também que é do intercâmbio e da partilha de áreas distintas que se consegue

sinergias que levam a novos saberes. E como é de relembrar, o efeito sinérgico que resulta da

complementaridade ativa das várias ciências que se propõem a um mesmo objetivo só se

obtém através da ação da Comunicação.

Mas algo há a realçar, uma vez mais: ciências distintas, discursos próprios. A necessidade de

um esforço suplementar de cada uma das áreas, complementares, em ordem a uma

comunicação eficaz e eficiente, impõem-se dentro de cada grupo devido às características dos

seus discursos técnicos e científicos, particulares a cada uma, na maior parte das vezes

também difíceis de descodificar pelos públicos a quem se dirigem.

Apresenta-se fundamental a sensibilização e algum conhecimento na área da Comunicação,

aos vários especialistas que aí trabalham, no que respeita a esta barreira:

(…) as pessoas que fazem parte de projetos de pesquisa (…) devem ter uma certa convergência de linguagem, (…). É necessário, por exemplo, determinada área da engenharia, que tem uma linguagem, entender e se fazer entender na área das ciências sociais; e essa se fazer entender nas áreas da engenharia, da biologia, da química, enfim, quem estiver sendo trazido à discussão. (...) Veja-se o exemplo da saúde pública, em que se tem de trabalhar com meio-ambiente, saúde, economia, participação social, comunicação, envolvimento da sociedade, epidemiologia, estatística, entre outras. (Professor Philippi Jr2 in MATEUS, 2015:2).

A questão é levantada pela necessidade da existência de códigos comuns aos elementos de um

mesmo projeto quando oriundos de distintas áreas de especialização. Há que estar atento à

grande necessidade, cada vez mais presente ao longo de todo o processo, no sentido de um

2“Ciência caminha para a interdisciplinaridade, dizem pesquisadores” 3ª Reunião de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação da Área Interdisciplinar (Recopi) Finatec, Brasília 2008, on line

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esforço a ser feito pelos técnicos e especialistas, pelo tecnicismo da linguagem registada e

hermetismo dos discursos apresentados em relação aos parceiros de distintas áreas, numa

necessidade de partilha de informação e intercâmbio, cada um com linguagens e discursos

próprios, o que se traduz em barreiras muitas vezes difíceis de serem transpostas.

É de registar que:

a prática interdisciplinar implica condições e regras de colaboração aceites por todos (nomeadamente no que se refere a aprendizagens de diferentes epistemologias e ontologias, à necessária quebra das barreiras metodológicas, à integração de diferentes linguagens e literacias) e, sobretudo, à necessidade de tempo para que estes processos se interiorizem na equipa de trabalho (…) [e que] (…) pode atingir-se um rigor científico menor do que aquele que se consegue em cada um das disciplinas que para ela contribuem. (Mendonça; Cunha, 2014)

Paralelamente eleva-se uma outra questão. A globalização tecno-económica que tão bem

carateriza a sociedades dos nossos dias facilita a emergência de um novo tipo de sociedade:

uma sociedade-mundo (MORIN, 2002: 8) onde coexistem identidades e culturas próprias,

bastante vincadas,

uma sociedade caracterizada por um território planetário, dotado de uma rede de comunicações sem precedentes, por uma economia que ainda necessita de regulamentação, pela existência de múltiplas culturas e de uma cultura global própria, mundializada mas não homogênea (ANDALÉCIO, 2009:26)

São aspetos que podem comprometer a eficácia tão desejada da comunicação, mas são

também desafios maiores que se apresentam e valorizam o papel da comunicação com

respostas flexíveis, específicas a cada situação, de acordo com as práticas interdisciplinares,

também nas distintas propostas culturais.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Num conceito mais emergente e atual, a Nova Comunicação vai ter que se ultrapassar na

essência da Circularidade e ir mais além.

É fundamental que supere a subserviência à especialidade em cada área para alargar a sua

função a um discurso generalista.

Significa isto que, com as mudanças permitidas pela morfologia social das atuais sociedades -

a sociedade em rede - e as relações interdisciplinares a ela implícitas, tal como com a

interação dos seus componentes, o desenvolvimento das TIC que aprimoram a divulgação da

ciência, a interação entre cientistas e a complementaridade ativa das várias ciências, o

conceito terá que ser revisto e atualizado.

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O papel do cientista apresenta-se agora alargado. Enquanto generalista compete-lhe, através

de uma atuação inter e transdisciplinar, combinar conhecimentos específicos com uma sólida

formação generalista, afim de romper as barreiras outrora rígidas entre as ciências humanas,

as exatas e as biológicas, com uma investigação científica.

Um dos grandes benefícios e contributos com o desenvolvimento das TIC para a eficácia da

Nova Comunicação traduz-se na divulgação da ciência e na interação entre cientistas de

diferentes unidades científicas, muitas vezes bastante distanciadas geograficamente.

Trata-se de um conceito que se mantém fundamentado nos princípios teóricos em que foi

construído, mas redesenhado à luz das exigências das transformações sociais que se deram ao

longo do tempo, tendo vindo a usufruir das novas capacidades comunicacionais permitidas

pelo grande desenvolvimento proporcionado pelas TIC.

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CATOLICISMO SOCIAL: SU INFLUENCIA EN LA CIENCIA Y EL

PENSAMIENTO ECONÓMICOS ESPAÑOLES

SOCIAL CATHOLICISM: ITS INFLUENCE ON SPANISH ECONOMIC

SCIENCE AND THOUGHT

Begoña Pérez Calle. Universidad de Zaragoza (España)

[email protected] mailto:[email protected]

RESUMEN

En la España del periodo 1860-1930 el peso del catolicismo social, fue relevante para el

desarrollo del pensamiento económico, la enseñanza de la Economía y las concepciones de

muchos de los principales economistas. En este artículo demostraremos cómo esta ciencia se

alimentó de su propio ataque al liberalismo vía discursos y escuelas, siendo rasgo básico de

identidad la prevención y reforma de la libre competencia, para evitar una monopolización o

cartelización del sistema de nefastas consecuencias para el mercado y la sociedad. Veremos

además cómo se creó uno de los sustratos que justificaría la economía corporativa.

Palabras clave: Ciencia Económica – Pensamiento Económico – Doctrina Social de la Iglesia

– Marginalismo – Corporativismo

ABSTRACT

During the period 1860-1930, Social Catholicism influence was such that the Economic

Thought development, Economics and Teaching and many other leading economists

conceptions were strongly affected by it in Spain. This article attempts to shop how this

science was nourished by its own attack on liberalism via speeches and schools, adopting as a

basic feature of identity the prevention and reform of competition, in order to avoid a

monopoly or cartel system with dire consequences for the market and society. We will also

see how one of the substrates that justified corporate Economics was created.

Keywords: Economic Science – Economic Thought – Social Doctrine of the Church –

Marginalism - Corporatism

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1. Introducción

El peso del sustrato católico fue relevante para el desarrollo del pensamiento económico

español desde finales del siglo XIX y hasta el primer tercio del siglo XX. De él surgirían una

serie de posiciones gremialistas y antiliberales que, en sus variadas manifestaciones

conformarían algunos de los elementos básicos del pensamiento conducente al

corporativismo.

El concepto catolicismo social, contempla un movimiento que incluye tanto un pensamiento

como un conjunto de iniciativas prácticas, desde los Círculos a los Sindicatos, en un terreno

en principio neutral y separado del catolicismo político, superador de las diferencias cada vez

mayores en el seno de éste último. El cuerpo doctrinal conformado por ese pensamiento es la

denominada Doctrina Social de la Iglesia, la cual presidiría en muchos casos la enseñanza de

la Economía, mientras que sus postulados de Política social influirían enormemente en las

concepciones de muchos de los principales economistas españoles de la época1.

2. La gestación del catolicismo social.

Durante la segunda mitad del siglo XIX, y ligado a los problemas de la sociedad industrial, se

despertaría una perspectiva de justicia en cuanto a la relación capital-trabajo como parámetro

explicativo de la cuestión social que trataría de sustituir al binomio pobreza-caridad anterior.

En este escenario se desarrolló la oposición del Vaticano a las ideas políticas y económicas

del liberalismo, dando lugar a una abundante bibliografía socioeconómica que conformaría la

Doctrina Social de la Iglesia, la cual partió la denuncia religiosa y moral de dos efectos

negativos del mundo moderno: el orden liberal en general, y en concreto el proceso de

industrialización2. La Doctrina Social de la Iglesia o Doctrina Social Católica se constituye

con la publicación el 15 de mayo de 1891 de Rerum Novarum, encíclica escrita por León XIII

2.1. El sustrato neotomista: una influencia tradicionalmente aceptada.

Verdaderamente y como viene aceptándose, un elemento importante en la génesis de la

Doctrina Social Católica fue la reflexión económica y social consecuencia de la proyección

social del neotomismo o neoescolástica, corriente filosófica que reivindicaba el pensamiento

                                                            1 Especialmente puede apreciarse al estudiar la obra de profesores de Economía de diferentes disciplinas:

ingenieros como Portuondo, matemáticos como Fernández Baños y economistas como Flores de Lemus y

Zumalacárregui. 2 Para ampliar este proceso de pensamiento véase Montero (2001).

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de Santo Tomás de Aquino con el objetivo de resolver problemas contemporáneos y fuente

relevante de reflexión sobre el liberalismo3.

A principios del siglo XIX en Italia puede situarse el comienzo de la neoescolástica con los

hermanos jesuitas Serafino y Domenico Sordi (1793-1865 y 1790-1880)4. Serafino Sordi

instruyó en el tomismo a Luigi Taparelli (1793-1862)5 y Domenico Sordi fue maestro de

Matteo Liberatore (1810-1892) en Nápoles, donde logró, junto a Taparelli, crear un

importante núcleo tomista. A través de la actividad del grupo jesuita se fundó la famosa

revista La Civiltà Cattolica, decisiva para la restauración escolástica y tomista.

La obra más importante de Taparelli, Saggio Teoretico di diritto naturale apoggiatto sui fatti,

escrita entre 1840 y 1843, ofrece una síntesis de lo que se conocería como neotomismo. Para

Taparelli la Economía debía ser estudiada dentro de la comunidad políticamente unida y al

servicio de toda la sociedad, siendo la obligación de la Ciencia Económica investigar cómo

lograr el máximo bienestar material. En este contexto, atacaría el liberalismo por su posición

antirreligiosa, su protestantismo oculto y su optimismo en materia de libertad; Taparelli

también se manifestó de acuerdo con una “comunidad de los pueblos” requerida por Dios,

estando las sociedades siempre integradas por otras sociedades, conformándose así un sistema

de relaciones justas y naturales entre todas ellas, desde la familia hasta el Estado y más allá.

En su descripción viene aceptada la rúbrica de “socialidad” con raíces en el entendimiento de

la existencia de un bien común para la sociedad, de dimensiones sobrenaturales, que incluye

el bien propio y el de los demás y que puede entenderse como un anticipo del principio de

solidaridad en la Doctrina Social católica. A partir de los conceptos de socialidad y

subsidiaridad de Taparelli e ideas similares de otros autores neoescolásticos6, el neotomismo,

en su deseo de restaurar el orden tomista desaparecido con la Revolución Industrial inspiraría

la idea de las corporaciones como solución a los conflictos sociales y a los males del

capitalismo liberal (O’Neill y Domínguez, 2001).

                                                            3 El neotomismo se consagró a raíz de la encíclica Aeterni Patris de León XIII, publicada el 4 de agosto de 1879,

documento que hacía un llamamiento para la “Restauración de la filosofía cristiana conforme a la doctrina de

Santo Tomás de Aquino”, y se afirmaba que “todas las ciencias humanas deben esperar aumento y prometerse

grande auxilio de esta restauración de las ciencias filosóficas por Nos propuesta” (León XIII, 1879: 12). 4 Los maestros de los tomistas italianos fueron españoles (donde nunca se había perdido del todo la tradición

escolástica del siglo de Oro), profesores de la Universidad de Cervera y jesuitas muchos de ellos, desde que se

trasladaron a Italia después de su expulsión del siglo XVIII (Gil Cremades, 1969). 5 también a Isaia Carminatti (1798-1851) y Giuseppe Pecci (1807-1890), hermano de León XIII. 6 Como Matteo Liberatore, Joseph Kleutgen, Theodor Meyer, Victor Kathrein o Charles Antoine.

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Gioacchino Pecci, el futuro Papa León XIII, había comenzado a apreciar el tomismo en el

Collegio romano, cuando era estudiante entre 1825 y 1828, bajo el rectorado de Taparelli. Ya

arzobispo de Perugia y junto a su hermano Giuseppe, fundaría en 1872 la Accademia

Tomistica. Elegido Papa en 1878, Pecci se rodeó de los tomistas más destacados. En 1879

publicó Aeterni Patris. En 1880 fundó la Pontificia Accademia di San Tommaso, de la que

serían presidentes los cardenales Giuseppe Pecci y Tommaso Zigliara y en cuya tarea

científica colaborarían los españoles Zeferino González y José Manuel Ortí y Lara.

Zeferino González, dominico, Profesor de Filosofía y Teología en la Universidad de Manila,

fue uno de los más importantes de los pensadores neoescolásticos del momento7. Fundó los

Círculos Católicos de Obreros en Córdoba al ser promovido a dicho obispado en 1875 y

ostentó un papel fundamental en la concepción de la Económica Política desde el punto de

vista del catolicismo social en España. En su obra La Defensa de la Sociedad (1877) podemos

observar su concepción del mercado proyectada en la sociedad: ésta para él es la colección de

muchas familias puestas en contacto, no la suma de individuos, siendo la familia la primera

forma determinada de sociabilidad. El equilibrio y la eficacia social dependen de que cada

individuo, en su puesto, desempeñe bien su función.

2.2. Una aportación fundamental a considerar: la influencia del franciscanismo.

Estamos de acuerdo con Montero (1986) cuando apunta que el impulso de los estudios

renovados de Santo Tomás configuró a León XIII como un Papa moderno que despertaba

esperanza, más allá de los círculos católicos, sobre la posibilidad de ejercer un liderazgo

moral positivo y progresivo.

Pero detengámonos en un aspecto apenas tenido en cuenta en la literatura desarrollada hasta la

fecha: desde Pio IX hasta Juan XXIII8, todos los Papas habían pertenecido a la orden tercera

franciscana antes de su ascensión al pontificado. De todos ellos, quien puso en el

franciscanismo sus mayores preferencias y sus mayores esperanzas para la regeneración de la

sociedad cristiana fue León XIII. Siendo todavía obispo de Perugia había impulsado por todos

los medios la expansión de la tercera en todas las parroquias de su diócesis; este entusiasmo

subió de punto al escalar el solio pontificio. Aprovechando la celebración del séptimo

                                                            7 De gran presencia en la vida política española, Zeferino González en 1867 ya criticaría al muy joven entonces

activista liberal Segismundo Moret en el Ateneo. Durante el sexenio liberal se convirtió en mentor de un grupo

de discípulos, entre los que se encontraban los hermanos Pidal y Mon y Juan Manuel Ortí y Lara. Para más

información véase Suárez y Andrés-Gallego (1992). 8 Es decir, Pio IX (1846-1878), León XIII (1878-1903), San Pío X (1903-1914), Benedicto XV (1914-1922),

Pío XI (1922-1939), Pío XII (1939-1958), San Juan XXIII (1958-1963).

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centenario del nacimiento de San Francisco, publicó en 1882 la encíclica Auspicato

Concessum, en que hacía un llamamiento a la revigorización de todas las instituciones

franciscanas, en especial de la orden tercera9, como el mejor antídoto contra los egoísmos que

dan pretexto al socialismo.

A pesar del consenso generalizado sobre “el lado neotomista” de León XIII a la hora de

concebir Rerum Novarum, y del preámbulo que pudo haber significado Aeterni Patris en

1879, las investigaciones hasta la fecha parecen olvidar los mensajes escritos tres años

después en Auspicato Concessum, así como el gran apoyo de Pecci a las publicaciones

periódicas que difundieran los ideales franciscanos10.

En esos años se promovieron los grandes congresos. Entre ellos destacaremos el de 1893,

reunido por el terciario franciscano Léon Harmel, con las hermandades de Francia, Bélgica y

Holanda, en Val des Bois. Léon Harmel era un empresario textil francés, considerado un

“icono del catolicismo social en Francia” (Sierra, 1990: 4). Su modelo de empresa estaba

basado en la mejora de las condiciones laborales y el empoderamiento de los trabajadores,

demostrando que el acuerdo y el respeto mutuos eran posibles a través del trabajo y la gestión.

Convirtió una rentable hilandería de su propiedad en una corporación cristiana. La práctica de

su negocio asentado en el mercado ético llamaría la atención del Papa León XIII11.

2.3. Rerum Novarum

El 15 de mayo de 1891 ve la luz la encíclica Rerum Novarum. Desde el Vaticano el

liberalismo venía siendo condenado por Gregorio XVI en las encíclicas Mirari Vos de 1832 y

Singulari Nos de 1834, por Pío IX en la Quanta Cura de 1864 y por León XIII en la Libertas

Praestantissimun de 1888. Sin embargo Rerum Novarum aportaría una condena mucho más

firme al liberalismo en cuanto a su responsabilidad en el pauperismo, planteando un nuevo

                                                            9 León XIII decidió modificar la Regla de la Orden Tercera, con el fin de adaptarla a las exigencias de la vida

moderna, siendo promulgada mediante la constitución apostólica Misericors Dei Filius del 30 de mayo de 1884.

Dado este paso trascendental, el Papa no perdió ocasión en los años siguientes de interesar a todo el episcopado

católico en la propagación de la dicha Orden. 10 La más antigua publicación de este género son los Annales Franciscaines, iniciada en 1861 por los capuchinos

franceses. Poco tiempo después apareció L´Année Franciscaine de los recoletos. En 1870 fundaban los

capuchinos de Lombardía la revista Annali Francescani, a la que seguía en 1873 L´Eco di San Francesco en

Nápoles. En Inglaterra los capuchinos comenzaron a publicar en 1877 Franciscan Annals. En 1919 se contaban

ya 164 por todo el mundo. Para más información véase Lázaro (1979). 11 Sobre Léon Harmel y su labor véase Coffey (2003).

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mercado sobre cimientos éticos y basado en preceptos franciscanos y neotomistas,

reconociendo además el derecho del trabajador al asociacionismo y a la negociación salarial.

Entre 1885 y 1891 se celebraron las reuniones de la Unión de Friburgo, cuyo objetivo central

era buscar una alternativa al sistema de mercado liberal a través de la restauración del orden

basado en el ideal católico medieval. Sus plataformas dialécticas fueron el anti-liberalismo y

el anti-industrialismo, desde las cuales se abrirían posiciones reformistas como

intervencionismo y corporativismo. En Friburgo se discutió la idea de una legislación

internacional del trabajo, se reafirmó la preferencia por la asociación mixta, pero sin rechazar

posibles sindicatos separados y paralelos de patronos y obreros y defendiendo la pequeña

propiedad agraria mediante la organización corporativa de los agricultores (Montero, 1983).

La contribución alemana/austriaca fue decisiva con autores como Ketteler, Pesch o

Vogelsanz, pero grandes teóricos del catolicismo social estuvieron en Francia (la Tour du Pin,

Keller, de Mun, Nude, Dabry, Lemire), donde la mejor forma de visualizar su desarrollo es

estudiando la evolución doctrinal de René de La Tour du Pin desde 1871 a 1881 a través de la

Obra de los Círculos hacia la configuración del Orden Corporativo cristiano, que representa la

tendencia del catolicismo social francés y europeo propugnadora del régimen corporativo

como alternativa cristiana global al sistema liberal. A ello añadimos la proyección pragmática

amparado en el franciscanismo a través de la labor desarrollada por Léon Harmel en Val des

Bois. Además, la contribución de Italia (con Murri, Sturzo, y sobre todo Toniolo, catedrático

de Economía decididamente al lado de la acción católica en el campo social) fue decisiva para

consolidar la Democracia Cristiana.

Ante estas tendencias francamente opuestas, la encíclica defendería una posición

prointervencionista propugnando cierto corporativismo sobre la base del ideal asociativo

armónico mixto -recreando míticamente el desaparecido orden gremial-, aunque también

dejaría abierta la puerta al asociacionismo obrero puro, optando por un intervencionismo

moderado más cerca del socialismo de Estado que del liberalismo, si bien la preferencia por la

iniciativa personal, familiar y asociativa sobre la estatal marcaba los límites del

intervencionismo de acuerdo con el principio de subsidiariedad.

3. Doctrina Social de la Iglesia y pensamiento económico en España.

Aunque Rerum Novarum no había entrado en consideraciones sobre la forma de gobierno, su

legitimación de elementos asociacionistas sobre un sustrato de armonía entre capital y trabajo,

concibiéndolos como solución al problema social devengaría en una serie de reformas

económicas sugeridas por distintos economistas españoles que -sobre todo en cuanto a la

asociación- llevarían a que algunas posturas propugnasen el corporativismo económico y/o

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político, frente a otras que simplemente entendieron que bastaba con una reforma del

liberalismo existente a cargo de la tutela estatal y con auxilio gremial12.

Por ello en España las posiciones liberales reformistas, bajo un prisma conservador y

abonadas por el clima regeneracionista existente, conciliarían un liberalismo heterodoxo con

los preceptos papales, y señalarían al Estado como un agente poderoso de unidad social,

representación natural de los intereses generales y la más poderosa de las asociaciones

existentes, asociaciones que algunos políticos conservadores no descartarían, si bien en el

plano de los trabajadores su aceptación obedecería a intereses más bien preventivos y

defensivos ante el sindicalismo emergente. El rechazo hacia el Estado-caridad o Estado-

patrón se trataría más de una manifestación de desconfianza hacia el Estado liberal que un

rechazo del intervencionismo así como de una fórmula que trataba de asimilar la vieja

realidad a las nuevas necesidades hablando de la representación de los pueblos, las

profesiones, industrias y clases sociales y que sobre una base neogremialista como fórmula

corporativista habría de lograr una transición hacia la adopción de fórmulas nuevas

absorbiesen y superasen al propio gremio, necesitando acrecentar las sociedades corporativas

de producción y consumo.

El pensamiento católico fue especialmente significativo en el caso español. Los argumentos

pertenecientes esta tradición católica junto al clima regeneracionista existente colaborarían en

la construcción de una tradición que desembocaría en el cuerpo teórico del corporativismo

primorriverista. A la tendencia española hacia el gremialismo y la cartelización, la Doctrina

Social de la Iglesia añadió dimensión moral y aportó aún más legitimidad a la organización

corporativa de la actividad económica y la retórica que generaría fue tal vez la posición

anticompetencia más significativa en España.

3.1. La crítica al liberalismo y la Economía Política clásica.

Como afirma Fraile (1998), una de las bases éticas contra el liberalismo económico es que en

ausencia de la caridad social, éste conduce inexorablemente a la proletarización de la mayoría,

empobrecimiento que implica su sujeción al sistema fabril resultante de la Revolución

Industrial. Ante ello, el ataque al liberalismo por parte de la Doctrina Social católica tuvo su

                                                            12 El “clima corporativista” ya venía abonado por algunas posiciones que defendían el sistema gremial como el

pilar donde había de asentarse una reforma del modelo político. Tengamos en cuenta que en dicha época está

muy presente el pensamiento regeneracionista, además de ideas neogremialistas procedentes de la filosofía

krausista (caso de Pérez Pujol que propugnaba una forma de democracia en la cual las elecciones por gremios y

clases conseguirían un progreso ordenado evitando a su vez posibles engaños de los partidos), y sin olvidar los

carlistas que venían abogando por fomentar la vida corporativa y restablecer los antiguos gremios

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origen en el planteamiento de una Economía cristiana que debía de sustituir a la Economía

Política clásica, lo que afectaría primeramente a su pretensión científica, planteándose una

interpretación global sobre las raíces de la cuestión social que había de incluir a la Economía

Política, cuya nueva concepción iba a ser “Economía social”13.

A posturas de este tipo habría que añadir otras que mostrarían convergencia doctrinal entre el

liberalismo conservador y el catolicismo social, heredando la crítica a la Economía ortodoxa

en referencia a la relación disciplina-moral y funciones del Estado.. En esta línea, Salvador

Bermúdez de Castro, Marqués de Lema, acusaría a la Economía Política tanto de “cómplice

de una obra verdaderamente inmoral” en cuanto a las injusticias liberales como de alentadora

del socialismo afirmando que “La Economía Política (…) contribuye a la obra revolucionaria,

sofocando con vagos optimismos el concepto del bien social” (Bermúdez de Castro, 1891:

13). Del mismo modo, Eduardo Sanz y Escartín criticaría a la Economía Política entendiendo

que “los partidarios de la libertad (… ) hicieron de esta ciencia una serie de cánones

abstractos y una sanción permanente de todos los abusos de la fuerza y de todas las

deslealtades de la concurrencia” (Sanz y Escartín, 1890:23).

Puesto que la consecuencia final del capitalismo era una monopolización o cartelización del

sistema desde el marco liberal con nefastas consecuencias para el mercado y la sociedad, su

prevención y reforma conformaría uno de los rasgos básicos de identidad de la Economía

Social, una muestra es la advertencia hacia dicho peligro que hace en 1883 Antonio Vicent:

Una vez acabada la competencia se sube el precio y se realizan inmensas

ganancias, sin haber hecho progresar de ningún modo la producción. Este

procedimiento inmoral se ha extendido extraordinariamente,…,la libertad

absoluta del trabajo ha producido el más horrible monopolio, desconocido en los

antiguos gremios (Vicent, 1972:77)

3.2. El corporativismo social: mercado de trabajo y relaciones sociales.

Rerum Novarum realiza una firme condena a los efectos del individualismo en el mercado de

trabajo, lo que observamos cuando entre las causas de la pobreza, León XIII enumera

1. La destrucción en el siglo pasado de los antiguos gremios de obreros, no

habiéndoles dado en su lugar defensa ninguna (…) 3ª El individualismo, dejando a los

                                                            13 Ya Zeferino González en 1862 se había negado a admitir a la Economía “como una invención de los últimos

siglos”, concibiéndola como una ciencia anterior a Smith, Malthus y Quesnay e indicando que desde la

antigüedad “los sabios meditaron sobre los problemas económicos” y “si no escribieron tratados especiales de

Economía Política fue porque acostumbraban a separar la Economía de la Política” (González, 1862).

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pobres obreros solos e indefensos, por la condición de los tiempos, a la inhumanidad

de sus amos y a la desenfrenada codicia de sus competidores (León XIII, 1891)

Las estructuras corporativas serían recomendadas para reorganizar el mercado de trabajo:

asentado en principios neogremialistas, se cartelizaría a través de un esqueleto sindical. El

postulado se extendería pensamiento y praxis católica con experiencias reales como los

Círculos. En la Universidad, profesores como el Marqués de Valle Ameno apelarían a la

función gubernamental de favorecer la asociación y amparar la tendencia gremial.

En este contexto, una de las líneas principales de la “Economía social” será el legítimo y

necesario intervencionismo del Estado para regular condiciones laborales dignas y determinar

salarios justos, rechazando su determinación vía leyes del mercado. La alternativa de León

XIII a la cuestión social conlleva una necesaria contribución de Iglesia, Estado e interesados

(obreros y patronos) a través de los mecanismos de actuación siguientes (Montero, 1983):

La aportación de la iglesia y el carácter absolutamente imprescindible de su intervención

plasmado al convocar a patronos y obreros al cumplimiento respectivo y recíproco de sus

justos deberes vía negociación bilateral. El fin absoluto es lograr la armonía entre las

clases, no la lucha: ni el capital puede vivir sin el trabajo ni el trabajo sin el capital

El intervencionismo justo y legítimo del Estado, cuestión conflictiva y polémica,

presentando argumentos morales y económicos, defendiendo la intervención protectora en

defensa obrera, al reconocer incuestionable una riqueza nacional que proviene del trabajo

proletario. Los salarios justos deberán ser fijados por acuerdo bilateral entre las partes.

La contribución de las diversas asociaciones e instituciones existentes interesadas,

especialmente las obreras (círculos, gremios actualizados, asociaciones profesionales…)

contempla y acepta implícitamente la doble posibilidad: asociaciones de obreros

solamente, o mixtas, o de las dos clases14, rechazando un modelo único y rígido al

considerar que ha de adaptarse a las necesidades y condiciones del lugar y momento.

3.3. El corporativismo económico: competencia y monopolio en los mercados de bienes.

Si bien no podemos decir que exista realmente una teoría económica en la visión social-

católica, sin embargo, en cuanto a su dimensión normativa y tratando de reorganizar el orden

socioeconómico existente, esta visión se ocuparía del problema ético que plantea la asimetría

del intercambio, así como del desenfreno en la competencia y el subsiguiente peligro de

degenerar en situaciones de monopolio u oligopolio.

                                                            14 aceptación implícita de la asociación pura, de enorme trascendencia para el desarrollo del sindicalismo obrero

cristiano.

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El monopolio ya venía siendo condenado por el pensamiento católico previamente a Rerum

Novarum,15 y en este sentido la encíclica suscribe la idea de la teoría tradicional y considera

una de las principales causas de la pobreza “el monopolio del trabajo y del comercio”

añadiendo que “unos cuantos opulentos hombres y riquísimos han puesto sobre los hombros

de la multitud innumerable de proletarios un yugo que difiere poco del de los esclavos” (León

XIII, 1881). La competencia es criticada por sus riesgos en cuanto a la superproducción junto

a las caídas desastrosas en precios que podrían llevar al abandono de negocios junto a que

otros de mayor solidez financiera controlasen el mercado, llegando al monopolio. Para evitar

todo esto, la Doctrina Social de la Iglesia propondría una regulación de la competencia basada

en la colaboración entre consumidores y productores organizados, así como de las autoridades

centrales y ocasionalmente de las agrupaciones profesionales.

Así, la Economía Social como nueva concepción de la Economía va a llevar pareja una nueva

forma de explicar el mercado y su funcionamiento asentada en el plano ético, identificando

una “mala” competencia desenfrenada cuya consecuencia sería el monopolio privado que

incluiría explotación de los trabajadores y manifestando hacia dicha competencia un rechazo

unánime proveniente de una interpretación moral y teológica de la producción y el

intercambio. Los auténticos valores humanos se formarían así independientemente de la

escasez y la utilidad materiales, para actuar determinados por fines éticos sobre el intercambio

en el mercado16. Éste pasará a ser, según esta concepción, una situación independiente de los

individuos que la forman (por el contrario a la concepción clásica que suma las voluntades de

sus participantes) así como superior a ellos, lo que sugiere la existencia de una fuerza

autónoma desde arriba, sin posibilidad de que el mercado actúe como institución

representativa de los deseos individuales.

Esta concepción ética del mercado señala dos substratos teóricos básicos:

Uno, que calificamos como externo al mercado: La manipulación de éste por parte del

Estado, variando las posturas desde las más integristas que propugnan un mercado

                                                            15 Por ejemplo destaca a este efecto las fuertes críticas realizadas en Alemania por el Abate Hitze, quien fundaría

en 1890 bajo el nombre de Volksverein una federación que congregaba a diversas asociaciones de trabajadores.

Hitze llegó a afirmar en 1880 “¿Y qué será de esta hermosa patria alemana si viene a ser propiedad de unos

cuantos millonarios, de unos cuantos judíos? ¿Quién puede sufrir tan escandaloso monopolio?” (Hitze, 1880) 16 No faltaría además la crítica a la parte de la demanda, implícita en la Doctrina Social de la Iglesia, por la cual

podríamos hablar de una teoría del consumo en la que se fijaría un límite máximo de bienes materiales a partir de

los cuales la utilidad tiende a cero, cayendo el consumidor en el exceso de consumismo y en la insatisfacción

moral, para información sobre esto véase Fraile (1998).

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supeditado totalmente a los preceptos de la Iglesia a las que abogan por la acción

independiente del gobierno sobre una competencia de bases ético-sociales cristianas.

Otro, de carácter interno: La competencia “buena” como modelo ideal de mercado en su

vertiente cartelizadora vía estructuras corporativas, así como fijación de precios a través

de la negociación bilateral y rechazo del equilibrio oferta-demanda.

Si el mercado no se concibe en función de sus fines éticos, la excesiva concurrencia junto a la

industrialización desenfrenada vendrían acompañada de crisis de producción y ruina en

algunas empresas junto al gigantismo de otras como último resultado. Sumando la necesidad

del intervencionismo estatal a ese modelo de competencia buena, el resultado para lograr el

bien común sería la agrupación de empresas bajo control del Estado. Ese modelo ideal de

mercado de pseudomonopolios intervenido generado a partir de la concepción ética, puede

entenderse como solución católica a la competencia desenfrenada y sus consecuencias,

argumento de Sismondi que años después se observaría en los discursos corporativistas.

4. Líneas de pensamiento principales en el primer catolicismo social español.

Mientras en otros países Rerum Novarum confirmó y consagró un movimiento preexistente,

impulsándolo hacia nuevas metas, en el caso español, sin embargo, significó prácticamente el

punto de partida, puesto que antes de su publicación únicamente se observaron iniciativas

bastante dispersas y excepcionales, faltas de coordinación y centradas de forma casi exclusiva

en la fundación de Círculos y Patronatos para obreros17, aún cerca de aquéllas benéfico-

caritativas. Sin embargo, a partir del Congreso Católico de Zaragoza de 1890 y el de

Tarragona de 1894 se puede hablar de un auténtico despegue del catolicismo social que

incluiría un primer intento de organización y coordinación a nivel nacional de iniciativas y la

propaganda, con el traslado del Consejo Nacional de Corporaciones católico-obreras a Madrid

y la fundación de la Revista Católica de Cuestiones Sociales. Unimos a ello una recepción

inmediata y poco madura de Rerum Novarum (1891-92), y una segunda más amplia y

profunda (1894-95) a partir de la Peregrinación obrera a Roma de 189418.

Desde 1892 se comenzaron a publicar las primeras obras para justificar Rerum Novarum y

darle difusión, año en que escribió la primera de ellas Eduardo Sanz y Escartín (El Estado y la

reforma social), que aunque no cita muchas veces a la Encíclica está saturada de sus

doctrinas. En 1893 Antonio Vicent publicaría la primera edición de Socialismo y Anarquismo,

                                                            17 Como el Instituto catalán de artesanos y obreros, obra del obispo Lluch y Garriga y la Asociación “Amigos de

los Obreros”, fundada por el obispo Urquinaona. 18 Para analizar detalladamente la recepción de Rerum Novarum en España véase Montero (1983).

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que constituye el primer comentario extenso de Rerum Novarum. En medios extraeclesiales,

la Encíclica para unos significaba la esperanza de un nuevo liderazgo moral del Papado y para

otros una intromisión intolerable de la Iglesia fuera de sus competencias. Los distintos

partidos católicos la acogerían para lograr la reconquista católica de las clases populares,

apreciándose algunas diferencias de matiz si bien coincidiendo básicamente en la proyección

política del neotomismo subyacente, en lo que están de acuerdo Suárez y Andrés-Gallego

(1992) y Gil Cremades (1969), y por lo tanto en la consideración religiosa de la cuestión

social y el papel de la Iglesia en la superación del problema.

En cuanto a poder hablar de una “escuela católica” de pensamiento económico y precisamente

en una época de confusión doctrinal como ésta, nos obliga a matizar, como afirma Malo

(1999), que si bien intentar identificar una “escuela” no es tarea fácil, sin embargo las

soluciones “no laicas” para el problema social relacionadas con la concepción de la Ciencia

Económica y el estudio de los mercados sí nos ayudarán a extraer parámetros comunes en

diferentes pensamientos de forma que podamos agruparlos. En cualquier caso no se trató de

un grupo homogéneo, se adoptaban distintas posturas dentro de él y en ocasiones incluso

colaborarían con grupos no católicos; además, ni siquiera puede hablarse de catolicismo social

exclusivamente, habida cuenta de su frecuente unión en una primera época con el catolicismo

político, claramente distinto y en el que situamos posiciones vigentes en el momento como el

integrismo y el carlismo19.

En esta línea hemos de considerar que el clima neotomista, la crítica al liberalismo y la

defensa del neogremialismo ya existentes en España en la segunda mitad del siglo XIX

añadidos al impacto de la Rerum Novarum configuraron dicha “escuela católica”, que en

realidad no es sino un sustrato teórico cristiano generalizado de posturas con pautas comunes

de autores en ocasiones muy alejados doctrinalmente, pudiendo estudiarse así una corriente de

pensamiento económico común denominada “crítica católica” que incluyó la crítica al sistema

clásico y además propuestas de soluciones, y en la que coexistieron, por otra parte, distintos

matices acerca del concepto caridad, de la intervención estatal, de la relación Iglesia-Estado o

la valoración del sindicalismo obrero. A partir de estos matices se desarrollarían distintas

tendencias, desde el integrismo hasta la democracia cristiana. Es verdaderamente relevante

que en España, esta “escuela católica” consiguió un claro predominio en la enseñanza de la

                                                            19 Más adelante, en una segunda época, con la democracia cristiana sí que podrá hablarse de cierta separación

entre la vertiente política y la social

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Ciencia Económica del fin del siglo XIX, lo que contribuiría a propiciar que el modelo clásico

muriese sin sucesión por alternativa teórica alguna (Malo, 1999)20 .

Por nuestra parte, ajustándonos a la forma de entender y explicar la Ciencia Económica y el

mercado, asistimos a un debate católico de posturas y críticas muy diversas, incluyendo a

autores que podríamos denominar más “progresistas” como Antonio Vicent, pasando por

profesores de Derecho próximos al posibilismo político y en los que se advierte un integrismo

emergente como Rodríguez de Cepeda y el Marqués de Valle Ameno, carlistas como Vázquez

de Mella e integristas radicales como Sardá y Salvany, Ortí y Lara o Nocedal. En otras

posturas conservadoras, como la de Sanz y Escartín, encontramos las bases teóricas católicas

del pragmatismo político español. Los debates de dicha “escuela católica” cobraron especial

importancia a partir de las visiones neotomistas en la Universidad, todo ello en el periodo en

que la Ciencia Económica se consolidaría en España.

4.1. El primer catolicismo social en la Universidad.

La reflexión neotomista se llevó a cabo en España por profesores de Derecho natural como

José Mendive, Antonio Pou y Ordinas, el Marqués de Valle Ameno o Rafael Rodríguez de

Cepeda, próximos al catolicismo social y al posibilismo político, y en cuyos manuales se

encuentran planteados algunos de los criterios de Rerum Novarum. Gil Cremades habla de “la

aparición en el campo católico de seglares, profesores de Universidad, dotados de una

conciencia de su tiempo, mayor de la que se estima normalmente”, otorgándoles además una

“evidente lucidez” en el terreno concreto de los hechos, sumada a una amplia base doctrinal e

intentando además el diálogo con la modernidad (Gil Cremades, 1969). Sus principales

fuentes doctrinales eran obras francesas, a las que incluso dieron difusión como traductores21,

pero su crítica al individualismo tuvo un carácter mucho más profundo planteando

directamente el carácter anticatólico de la escuela smithiana. De acuerdo con Malo (1999), la

radicalización de su postura se apoyó de alguna manera en los socialistas de cátedra (en cuyo

diagnóstico sobre las consecuencias negativas del juego de las pasiones individuales y la libre

concurrencia confiaban), si bien no aceptaron el historicismo de los economistas alemanes ni

sus soluciones intervencionistas al problema social puesto que la solución debía estar asentada

en la autoridad religiosa y moral de la Iglesia Católica.

                                                            20 José Luis Malo indica también que con Pou y Ordinas en Barcelona, Ledesma en Valladolid, Teodoro Peña en

Sevilla, Valle-Ameno en Zaragoza, Brañas y Amando Castroviejo en Santiago, los feudos clásicos y krausistas

quedaron reducidos a la Universidad de Madrid y la de Oviedo. 21 Pou y Ordinas fue el traductor de la obra principal de Charles Antoine y de Hervé-Bazin

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Una muestra del modus operandi de estos profesores la tenemos la obra de Antonio José Pou

y Ordinas22 Prolegómenos ó Introducción general al Estudio del Derecho y Principios de

Derecho Natural, de 1878. En ella no se refiere explícitamente al mercado, al trabajo o al

derecho de asociación, pero ya antes de la publicación de Aeterni Patris nos confirma una

base neotomista en la concepción del Derecho Natural. En el manual refuta las teorías de

Hobbes, Rousseau, Kant y Krause puesto que para él la finalidad del Estado ha de ser el de la

concepción tomista, entendiendo la sociedad como una pluralidad de órganos ordenados en un

organismo, dentro del cual habrán de encontrar satisfacción y desarrollo todas las aptitudes y

aspiraciones de la persona humana, idea que toma de Matteo Liberatore. En este contexto

expone una inteligencia organizadora divina con respecto a la sociedad y el mercado, así

como una clara identidad Iglesia-Estado:

Aunque sean independientes no deben vivir aislados el Sacerdocio y el Imperio,

sino relacionados con unión profunda plena y comunicativa (…) Procede

además la unión entre el Sacerdocio y el Imperio (…) son por consiguiente

beneficiosos para entrambas sociedades los resultados de su sincera alianza (Pou

y Ordinas, 1887: 251).

La Economía Política ha de estudiarse como una ciencia al auxilio del Derecho, definida

como “ciencia de la riqueza social, pero añadiendo que esta definición sea entendida en un

sentido espiritual y elevado” (Pou y Ordinas, 1887: 269), recomendando para ampliar su

estudio la obra de Herve-Bazin titulada Tratado elemental de Economía Política, y las de

Charles Perin, titulada De la Richesse Dans les societés chrétiennes.

Otra referencia docente importante es Ángel Sánchez-Rubio e Ibáñez, Marqués de Valle

Ameno23. En 1890 su comunicación “Acerca de la cuestión social” presentada al Congreso de

Zaragoza planteó una amplia crítica de la Economía Política clásica y de sus pretensiones

autonómicas como ciencia independiente de la moral, apelando a la tradición escolástica.

Identificó como causas de la cuestión social “la Economía sensualista, el racionalismo en

general y el gran desarrollo industrial”, atacando a la competencia como enemiga inhibidora

de la asociación y el gremio, así como situación que degenera en la concentración industrial y

proponiendo remedios que parten del “Restablecimiento por la propaganda doctrinal de los

principios de filosofía escolástica acerca de la justicia en los contratos y del contrato de

                                                            22 Catedrático de Derecho Romano en la Universidad de Zaragoza y de Economía Política y Estadística en la de

Barcelona, donde también fue Presidente de la Academia filosófico-científica de Santo Tomás de Aquino 23 Catedrático de Derecho de la Universidad de Zaragoza y asiduo participante en la sección de asuntos sociales

de los Congresos Católicos

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arrendamiento de servicios” (Sánchez Rubio, 1904:70). La combinación de la acción del

individuo, las corporaciones y el poder público procurarían, entre otras cosas, asociaciones

obreras subvencionadas o por lo menos protegidas por el Estado además de las ganancias

excesivas capitalistas, monopolios o privilegios.

Su comunicación “La usura”, presentada al Congreso Católico de Sevilla de 1892 incluye

afirmaciones en contra de la Economía Política clásica como doctrina que no concuerda con

el verdadero progreso económico, desaconsejando además la libertad y la concurrencia para

condenar la usura, y ello por su falta de resultados en la práctica. Sánchez Rubio señaló en

este congreso como causas económicas principales de la pobreza “la desmedida concurrencia

y el predominio de las grandes compañías” además de la influencia de “aquellas doctrinas

económicas individualistas que se inspiraban en el naturalismo”, añadiendo que “a la

resolución del problema han de concurrir el individuo, la autoridad, las distintas asociaciones

y la Iglesia” (Sánchez Rubio, 1904: 76)

En su conferencia de 1902 “Las Leyes protectoras de los obreros” apelaría a los antiguos

gremios, afirmando que su necesidad social había vuelto a surgir constituyéndose las

agrupaciones obreras que habían de sustituir al laisser faire (Sánchez Rubio, 1904).

Otro profesor neotomista a destacar es Rafael Rodríguez de Cepeda24. En sus Elementos de

Derecho Natural, manual en el cual refutaría teorías como las de Hobbes, Spinoza, Rousseau,

Benthan, Kant, Hegel, Krause y las doctrinas positivistas, planteaba una Economía

subordinada a la Ética y a la ciencia del Derecho natural, para evitar que el bien material se

antepusiera al bien moral: “dos son las necesidades esenciales de la humanidad: la ley moral y

el pan cotidiano (…) el olvido de estas verdades y el haber querido fundar una Ciencia

Económica completamente independiente, ha sido una de las causas de la cuestión social, que

de una manera tan terrible se presenta en todos los países” (Rodríguez de Cepeda, 1915: 11).

El mercado de trabajo debía generarse a partir de su rehabilitación cristiana, pues la libertad

de contratación había llevado la subordinación absoluta de un obrero considerado “una

prolongación de la máquina” (Rodríguez de Cepeda, 1915: 240). . Surge así el derecho de

asociación entendido como “facultad que tiene todo hombre de aunar sus fuerzas con las de

sus semejantes, de un modo constante, para la consecución de un fin común, lícito y honesto”

(Rodríguez de Cepeda, 1915: 254).

                                                            24 Catedrático de Derecho natural de la Universidad de Valencia y Doctor Honoris Causa por la Universidad de

Lovaina. En él se puede hacer una excepción con respecto al rechazo sistemático de los neotomistas hacia el

historicismo, pues conjuntó el tomismo con el historicismo de Savigny, muy difundido en el área catalana.

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El fin del Estado ha de ser el de la concepción tomista: el bien común, siendo la sociedad y la

autoridad civil instrumentos para lograrlo, siendo su búsqueda lo que subyace en la tutela del

orden jurídico (el fin más importante y esencial de la sociedad). Para Rodríguez de Cepeda,

analizando la industria desde su relación con el Poder civil, a la manera neotomista la pequeña

industria mantiene de alguna forma las tradiciones del antiguo régimen, mientras que la

grande es la que lleva consigo graves inconvenientes morales (aglomeraciones y

promiscuidad en las fábricas y disolución del hogar por ausencia de la mujer que trabaja) y

sociales (diferencias sociales, dificultad de ascenso social y males económicos consecuencia

de la industrialización desenfrenada); la industrialización desenfrenada llevará tras de sí crisis

de producción nacidas de la excesiva concurrencia, y por consiguiente disminución de salarios

y paralización de trabajo y el nacimiento del pauperismo es debido al desarrollo de la

moderna industria con sus grandes fábricas y su concurrencia ilimitada. La solución inmediata

que presenta al pauperismo Rodríguez de Cepeda es el restablecimiento del sistema gremial,

pero adaptado a los nuevos tiempos. Los beneficios del régimen corporativo asegurarían a la

clase obrera el bienestar y el desahogo, impidiendo además al individuo elevarse muy por

encima de los otros, creando esas fortunas colosales consecuencia de la libertad absoluta que

presentaban el elemento antagónico de opresión de otros seres

4.2. Pensamiento católico y Política: un breve esbozo.

Si bien la presencia católico-social en la consolidación de la Economía como ciencia en

España se aprecia lógica y principalmente en el ámbito académico, es prácticamente

imposible separar la acción política de ello a la hora de realizar una investigación rigurosa

sobre el tema. La aparición del catolicismo social significó adoptar un terreno aspiradamente

neutral que lograse superar las divisiones políticas cada vez mayores en el seno del

catolicismo. Esto, en una primera fase, sería más bien deseo que realidad, pues la cuestión

política interferiría en las iniciativas sociales, y que a su vez venían tratadas en el mundo

universitario, cuestión a su vez referida a la división política de los católicos. En este sentido

asistimos a una crítica católica de resultados diversos, entre posiciones cercanas a la reforma

del liberalismo, de carácter pragmático, a otras integristas que abogarían por el

corporativismo político.

En primer lugar, podemos hablar de una línea de orientación conservadora que se habría

conformado con una rectificación del liberalismo económico y a la que habitualmente suelen

añadirse políticos como Pidal y Mon, Cánovas o Dato, bajo la cual se asentaron las bases

católicas del pragmatismo político de la Restauración. No tan numerosa en miembros como la

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línea de inspiración neotomista tuvo, sin embargo, un gran protagonismo en el discurso

político de la época.

Una muestra entre muchas, especialmente interesante es el Discurso de Eduardo Sanz y

Escartín, gran teórico del pragmatismo político conservador25, leído en el Congreso de

Tarragona de 1894, “Las asociaciones obreras y el catolicismo” suscribiendo la doctrina de

Rerum Novarum, con respecto a las soluciones para obreros, y recomendando “la vida

corporativa” ya que “exige el ejercicio constante de las virtudes que se oponen a la soberbia,

al egoísmo y a la envidia” (Sanz y Escartín, 1894: 24). En el discurso se alude como ejemplo

a la experiencia real del terciario franciscano León Harmel en Val des Bois:

“el hermoso ejemplo de los resultados conseguidos ya por algunas corporaciones

semejantes a la que describe M. León Harmel en su precioso manual de una

corporación cristiana, ha de ser seguramente fecundo para el porvenir. En

nuestra patria, donde, felizmente, la religión conserva su prestigio y gran parte

de su eficacia, ha de ser más fácil fundar la vida corporativa sobre la sólida base

de la fraternidad y unión religiosa de amos y obreros. La asociación profesional

mixta, ó, lo que es lo mismo, aquella en que participan ambas clases, debe ser la

forma preferida en cuanto sea posible. No deben hallarse siempre separados el

superior y el inferior, sino unidos en el fin económico y en los fines más altos de

la vida” (Sanz y Escartín, 1894: 26).

Otros dos discursos políticos que hemos de significar fueron los pertenecientes al Carlismo y

al Integrismo. Los carlistas abogaron por dirigir la intervención del Estado hacia una política

agraria de protección del pequeño propietario, rechazando tajantemente la fijación del salario

vía fuerzas oferta-demanda, proponiendo que el patrono y el obrero se unan por relaciones

morales y jurídicas anteriores y superiores, para lo cual recomendaban en primer lugar

fomentar la vida corporativa y restablecer los antiguos gremios, lo que se observa tanto en el

texto del Acta de Loredán (Ferrer, 1960), como en el comentario y desarrollo del programa

carlista por Polo y Peyrolón (Polo y Peyrolón, 1907).

                                                            25 Sanz y Escartín, de formación krausista, siempre defendió la compatibilidad de la Ciencia Económica con las

prescripciones de la moral católica. Su discurso teórico encontró asiento en muchas posturas pragmáticas de

políticos españoles del momento, como es el caso de Eduardo Dato, de quien podemos destacar el protagonismo

que concede a la iniciativa social sobre la estatal y prioridad de la reforma moral como paso previo de la social,

elementos que definen bastante bien la posición ideológica del reformismo conservador y católico

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Saliendo de las filas del carlismo, los integristas del Partido Católico Nacional26 propugnaron

la vuelta al “estado de cristiandad” rechazando la interpretación constitucional de las

relaciones Iglesia-Estado subrayando la raíz religioso-moral de la cuestión social y

desconfiando profundamente de la intervención estatal. Los miembros de este grupo, tras

recibir la Rerum Novarum dentro de su idea de vuelta al “Estado de cristiandad” y de su

profunda desconfianza hacia la intervención estatal, reaccionarían ante las lecturas

conservadora y católica de la Encíclica por parte tanto de profesores como de políticos

(destacando las críticas a Cristóbal Botella, Salvador Bermúdez de Castro, Eduardo Sanz y

Escartín o el propio Antonio Cánovas del Castillo). Posteriormente se convertirían en los

grandes críticos del Grupo de la Democracia Cristiana. 

5. Conclusiones

Rerum Novarum significó prácticamente el punto de partida del catolicismo social en España

adquiriendo un papel especialmente relevante a la hora de configurar un pensamiento

económico antiliberal que presidiría una nueva concepción de la Ciencia Económica como

Economía social, la cual se asentaría en no pocas cátedras y ambientes académicos en general.

Esta nueva Economía, alimentada de su propio ataque al liberalismo, presentó como rasgo

básico de identidad la prevención y reforma de la libre concurrencia, cuya necesidad obedecía

a que la consecuencia final del capitalismo era una monopolización o cartelización del sistema

desde el marco liberal con nefastas consecuencias para el mercado y la sociedad.

A la vez los efectos del individualismo en el mercado de trabajo fueron reprobados por el

catolicismo social, que legitimaría ciertos elementos asociacionistas propugnadores de una

nueva vida sobre la armonía entre el capital y el trabajo, a base de adaptar los sistemas

gremiales medievales a los nuevos tiempos. Sobre esa base neogremialista como fórmula

corporativa se trataría de lograr una transición hacia nuevas fórmulas que absorbiesen y

superasen al propio gremio abogando algunas posturas por un sistema político más allá del

Estado liberal en el cual patronos y obreros deberían cumplir sus legítimos deberes mediante

negociación bilateral. Este postulado se extendería desde el ámbito doctrinal hasta

experiencias reales como los círculos obreros.

Si bien no podemos concluir que una nueva Teoría Económica en sí se hubiese construido

desde la Economía social, sin embargo es de enorme trascendencia que dicha Economía

presidiese gran parte de las doctrinas impartidas por docentes en un periodo en el que se                                                             26 El Partido Católico Nacional fue un partido político de corte integrista creado en 1888 por Ramón Nocedal

tras la expulsión del integrismo de la Comunión Católico-Monárquica, el partido carlista. Durante la Segunda

República, en 1932 volvió al seno del carlismo, uniéndose a la Comunión Tradicionalista Carlista.

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estaba gestando la modernización de la Ciencia Económica en España en su dimensión

normativa. Al tratar de reorganizar el orden socioeconómico existente planteando un nuevo

mercado sobre bases éticas, formados y formadores protagonizarían esa crítica a la Economía

Política y al liberalismo, así como una propugnación del corporativismo político, social y

económico que se desprenden de Rerum Novarum.

Sin embargo y a pesar de todo esto, defendemos la idea de no poder hablar de una escuela

católica en España de carácter purista, sino más bien de un sustrato teórico cristiano

generalizado con pautas comunes en autores a menudo lejanos doctrinal e ideológicamente,

pudiendo estudiarse así una corriente de pensamiento económico común que incluiría la

crítica al sistema clásico y además propuestas de soluciones en la que coexistirían distintos

matices acerca del concepto caridad, de la intervención estatal, de la relación Iglesia-Estado o

la valoración del sindicalismo obreros. A partir de estos matices se desarrollarían distintas

tendencias, observándose posturas y críticas muy diversas.

La ambigüedad existente en Rerum Novarum sobre asociaciones mixtas o puras llevaría hacia

un mayor protagonismo proletario dentro de los círculos obreros, en lo que sería realmente un

cambio lento del corporativismo al sindicalismo. Más adelante comenzarían a adquirir

protagonismo los demócratas cristianos, partidarios del sindicato puro. En España, el grupo se

organizaría en 1919, importando la tradición católica italiana y propugnando una construcción

teórica del corporativismo enmarcada en una tradición de pensamiento católico-social, desde

los postulados de Rerum Novarum, a lo que se unirían ciertos elementos de la comunión

tradicionalista, confluyendo con el desarrollado en la Dictadura de Primo de Rivera.

La Eonomía social había llegado, por lo tanto, para quedarse. Bajo sus postulados

comenzaron sus estudios todos aquéllos que se encargarían de modernizar la Ciencia

Económica en España durante el primer tercio del siglo XX.

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DE UN AFORTUNADO GAG. CINE Y FILOSOFÍA EN LAS

LIBERTARIAS DE V. ARANDA

ONE LUCKY GAG. CINEMA AND PHILOSOPHY IN FILM

LIBERTARIAN BY V. ARANDA

Rita Vega Baeza

Universidad Autónoma de Zacatecas (México)

[email protected]

RESUMEN

El objetivo es mostrar que el cineasta Vicente Aranda en la película Libertarias (1996) re

significa mediante las imágenes tan plurales como crudas, una parte de la Guerra Civil

española (1936-1939) desde una responsabilidad cívica, una melancolía estética, y en

momentos un desenfado conciliatorio. Aborda cuestiones políticas y religiosas entre

republicanos, anarquistas y fascistas. Temas que nosotros analizaremos desde una

metodología hermenéutica y desde autores como Habermas, Ratzinger, Vattimo y Rorty,

principalmente. Concluyendo que el papel de las mujeres libertarias del filme coincide con el

concepto de “pensamiento débil” de Vattimo. Incluyendo el gag que los humaniza en la

guerra.

Palabras clave: cine, filosofía, religión, hermenéutica, “Pensamiento débil”

ABSTRACT

The aim is to show that the director Vicente Aranda in the Libertarian Movie (1996) plural

meaning through images as raw as a part of the Spanish Civil War (1936-1939) from a civic

responsibility, an aesthetic melancholy, and at times hearted conciliatory. Deals with political

and religious issues between Republicans, anarchists and fascists. Topics that we discuss from

a hermeneutical methodology and from authors like Habermas, Ratzinger, Vattimo and Rorty,

mainly. Concluding that the role of women libertarian film coincides with the concept

Vattimo’s "weak thought ". Including gag that humanizes the war.

Key words: cinema, philosophy, religion, hermeneutics, “Weak thought”

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1. INTRODUCCIÓN

La película Libertarias (1996) dirigida por Vicente Aranda y dedicada a la memoria de

José Luis Guarner, muestra imágenes sobre una parte de la Guerra Civil española (1936-

1939) tan plurales como críticas –una monja con amigos anarquistas tan numerosos como

heterogéneos. Sesenta años después de esa guerra, el cineasta apela a la memoria de una

manera estética y feminista: una organización, ‘Mujeres libres’, revolucionarias militantes; las

mujeres del convento, las del prostíbulo –todas vinculadas al final por un lema “Ni Dios ni

patria ni amo” –y los compañeros de lucha. Afloran las mezclas, se manifiesta la música con

su omnipresente Orquesta Sinfónica de la Radio de Bratislava, así como los coros casi a la

manera de un plano fijo sonoro: “…a las barricadas, a las barricadas”. Son excitantes los

colores emblemáticos y los fragmentos literarios de la Biblia devenidos poemas, “Mirad como

las aves del cielo no siegan ni siembran…”, o, el gesto de solidaridad de un ex cura y ahora

combatiente que reparte los chaquetones: “para los que tienen que aguantar el relente de la

noche”. Los argumentos contienen también un divertido lenguaje soez que se expresa por

ejemplo en la voz de una miliciana: “¡…y tú cabronazo a la puta calle, de prisita o te reviento

los huevos!”; –claro, quizá lo que llama la atención de esta última invectiva es el diminutivo

que usa al decir ‘de prisita’–; o uno del bando de los fascistas que grita a la ex monja que les

predica con fragmentos de Bakunin: “¡... sácate la polla de la boca para hablar!”, etc. Así,

desde una responsabilidad cívica, una melancolía estética, y en momentos un desenfado

conciliatorio el cineasta aborda cuestiones políticas y religiosas; se exhibe la radicalización de

las partes: los republicanos, los anarquistas y los fascistas. En principio y a posteriori el filme

tiene el valor añadido del reparto que participa, las ya ahora figuras emblemáticas del cine

español: Ana Belén, Ariadna Gil, Victoria Abril, Jorge Sanz, Loles León, Miguel Bosé,

Laura Maña, entre otros. Así como de haber rodado en los lugares reales y simbólicos donde

acontece la historia: Barcelona, Madrid, Zaragoza. En el filme subyace toda una filosofía

sobre ese acontecer.

2. METODOLOGÍA

Sin duda este filme tiene una arista histórica que bien ha tratado ya Maguí Crusells

en La Guerra Civil española: cine y propaganda1. Nosotros centraremos nuestro análisis más

bien en una perspectiva hermenéutica, reflexiva y quizá controvertida desde algunos

                                                            1 También puede consultarse a R. GUBERN, R. 1986. 1936-1939: La guerra de España en la pantalla. Filmoteca Española. Madrid. (España).

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pensadores y figuras contemporáneas como Habermas, Ratzinger, Rorty, Vattimo,

principalmente, argumentos que no pueden agotarse ni en la exaltación ni en la

descalificación de los temas políticos y religiosos.

3. BOSQUEJO SOBRE LA PELÍCULA LIBERTARIAS

En esta película de Aranda se revelan algunos aspectos de moral difícil –más allá de la

fácil lectura maniquea o de la respuesta de los abstinentes al definir la moral: “es lo que le

falta a los otros”-, específicamente aspectos del mundo religioso y su vínculo con lo político

de esa época en la que se expone la decadencia de los integrantes de la Iglesia católica,

obispos y curas vinculados con el mundo de la prostitución, por un lado; y, por otro, la

humanización y dignificación de las prostitutas vinculadas con la revolución. En la cinta

vemos la destrucción y la quema de estatuas religiosas, imágenes y objetos. Se alude a los

líderes de los movimientos revolucionarios y anarquistas como Bakunin (y Kropotkin de

fondo); y a dirigentes históricos como Durruti –cuestionado en el filme por su machismo al

excluir a las mujeres del Frente. Pero también se valoran sus convincentes frases –en esos

tiempos- recuperadas del propio Bakunin: “Ni Dios, ni patria ni amo”, o también “el ser

humano tiene que desear la libertad de todos los hombres en interés de su propia libertad

personal”.

Por otro lado queremos destacar el detalle –en lenguaje cinematográfico: gag- que

humaniza a los personajes en medio de la guerra: salvar la olla del cocido2; esto pareciera un

simple periplo gracioso y disconrdante pero justamente esta humanización de la difícil etapa

que nos muestra, juega de contrapeso, pues hace del todo terrenal lo que en todos los bandos –

anarquistas, republicanos y nacionalistas- mantenían siempre en la esfera ideal o trascendental

–platonismo mediante tanto en el bando cristiano como en el anarquista. Dar la vida, o por lo

menos exponerla por esa olla de cocido bajo la lluvia de balas de los fascistas, con el grito

furioso de protesta de un miliciano anarquista polvoriento dentro de las barricadas y dos

milicianas que salen de la barricada a salvarla; eso está tan justificado como fuera de lo

común. Quita hierro a la crudeza de una convivencia en guerra. Relaja al espectador y lo

libera de la obligación de tomar partido en algo que quizá no le corresponde; hay un

desplazamiento de un posible resentimiento hacia el humor. Otra parte a destacar de la

película sería una forma de feminismo abierto en el que las mujeres prefieren tirar balas que                                                             2 El cocido madrileño es un platillo o plato de la cocina de España, es un caldo que está preparado con trozos de carne de res o ternera, garbanzos, col, papas, zanahorias y embutidos.

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fregar los platos, arguyendo que de hacer lo segundo ya se sabría de antemano el desenlace.

Son rebeldes, hirientes y a veces persuasivas las radicales frases en boca de las milicianas:

“¿Por qué la revolución tiene que correr a cargo de la mitad de la población?”, “queremos

morir, pero queremos morir como hombres, no vivir como criadas”, “¿Dios? Dios es mujer”.

No obstante el radicalismo irónico de los personajes femeninos y su evidente defensa, el final

que tienen en la película casi todas las anarquistas menoscaba fortaleza a ese feminismo, es

decir, subyace una lección moralizante en contra de ellas, pues reciben un ejemplar castigo.

Aún cuando podemos comprender, que no aceptar, que parte de la historia fue así. La ficción

siempre extiende un pago por la verdad. Pasamos pues al punto polémico oscilante entre

filosofía y teología.

4. ALGUNOS REFERENTES TEÓRICOS. HABERMAS Y

RATZINGER. RAZÓN Y RELIGIÓN

En un diálogo sostenido entre filosofía y teología se abordará el difícil problema entre

razón y religión. El tema de la religión para ciertas versiones de la filosofía tiene el mismo

interés que el de la verdad, el tiempo, el sujeto, o la sociedad, es decir, no atenderemos a las

posturas inhibitorias sobre la posibilidad de diálogo entre esas dos actitudes del pensamiento

contemporáneo de Occidente.

Un elemento que tratan estos actores de la vida pública –Habermas y Ratzinger- en torno

al Estado liberal y secularizado que a su vez tiene un nexo con preceptos religiosos, es la

cuestión normativa, misma que quedaría cuestionada dado que el mismo Estado no puede

garantizar su cumplimiento. Se trata de una conversación en torno a los fundamentos morales

del Estado. Habermas entiende el proceso de secularización cultural y social como “un doble

proceso de aprendizaje que fuerce tanto a las tradiciones de la Ilustración como a las

enseñanzas religiosas a una reflexión sobre sus propios límites.” Quizá lo que nos muestra

Aranda en esa película –que no documental- es la radicalidad de los personajes: los

anarquistas enfervorecidos, esperanzados y debilitados materialmente, aunque no

ideológicamente, por sus propios líderes; y los fascistas –con un Franco desdibujado en el

filme pero dejando ver su fortalecido, violento y execrable ejército con integrantes incluso

marroquíes. En ese sentido quizá habría que preguntarle al propio filósofo de la “Acción

Comunicativa” si cabe tal reflexión en cualquier época o situación. Pues ‘nadie sabe todavía

lo que puede un cuerpo’. Es que en una situación de guerra, de penurias –para los finalmente

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sometidos, aniquilados- lo que pudo mantenerse como límite y donde ya no se jugaba sólo la

democracia –pues ésta fue avasallada por el Caudillo y sus guardianes- sino la vida, que en el

límite del dolor desgaja los confines de toda convicción, ahí, quizá esos aprendizajes saltan

por los aires.

No obstante para el filósofo la fundación del Estado secular se constituye a partir de las

fuentes de la razón práctica, y entiende el proceso democrático como:

método para generar legitimidad partiendo de la legalidad –y no de forma

positivista como lo entienden Kelsen o Luhmann- no surge ningún déficit de

validez que precise de la ‘ética’. Frente a la concepción del Estado constitucional

proveniente del hegelianismo de derechas, la concepción de procedimientos

inspirada en Kant insiste en una justificación autónoma de los principios

constitucionales, con la pretensión de ser aceptable racionalmente para todos los

ciudadanos (Habermas y Ratzinger, 2008).

En lo que a nosotros corresponde abstraer o replantearnos a propósito de Libertarias se

tendría que pensar la actitud de los personajes ante una situación límite. Siguiendo a

Habermas que sugiere al tratar la dificultad de la respuesta como conciudadano en

situaciones de necesidad, que solamente se le puede atribuir al sujeto, al ciudadano, una

cierta disponibilidad:

el estatus de ciudadano se inserta en una sociedad civil que se alimenta de fuentes

espontáneas o, si se prefiere, “prepoplíticas”. Entre los miembros de una sociedad

política, enfatizará el autor “solamente puede darse una solidaridad –por abstracta

y jurídica que esta sea- cuando los principios de justicia han penetrado

previamente el denso entramado de los diferentes conceptos culturales. (Habermas

y Ratzinger, 2008).

Considero que el filósofo, por otro lado, pone el acento en un problema fundamental: el

del mercado y la comunicación, esto es, en sus propias palabras:

Los mercados, que evidentemente no pueden someterse a un proceso democrático

como las administraciones estatales, adoptan cada vez más funciones de

orientación en ámbitos de la vida que hasta ahora habían estado recogidos

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normativamente; esto es, mediante formas políticas o prepolíticas de

comuniicación (Habermas y Ratzinger, 2008).

Lo anterior con el resultado de lo que él mismo denomina un ‘privaticismo ciudadano’.

Después de un cierto desencanto ante los atolladeros de la razón en el Pensamiento Moderno

se trataría der generar una provocación cognitiva. Para Habermas (2008) después de la

crítica de la razón todavía queda por asentar diferencias entre dos discursos: “…la razón que

reflexiona descubre su origen en Otro. (…) el discurso laico, que busca ser accesible a todos,

y el religioso que se basa en verdades reveladas” (p. 25). Además alude al pensamiento

posmetafísico al que caracteriza por “su moderación en lo que concierne a lo ético y por la

ausencia de cualquier concepción generalizante acerca de lo que es una vida buena y

ejemplar” (p. 26). Se trataría pues de pensar la secularización como un proceso de

aprendizaje. El autor expone, apelando a la tolerancia como principio, que “la neutralidad al

respecto del poder Estatal, que garantiza las mismas libertades éticas para todos los

ciudadanos, es incompatible con la generalización política de una visión del mundo

laicista.”(p. 32). Alude con este razonamiento a que no pueden negarse a los conceptos

religiosos un cierto potencial de verdad.

4.1 RATZINGER, LA RELIGIÓN TUTELADA POR LA RAZÓN

Veamos ahora los planteamientos de quien dialoga con el filósofo multicitado. Para

Ratzinger (Habermas y Ratzinger, 2008) que interpela ciertas formas de interpretar el mundo

especifíca que “no debe regir el derecho del más fuerte, sino más bien la fuerza del derecho”.

Su postura es abiertamente antianarquista pues plantea que “la libertad carente de derecho es

anarquía y, por tanto, es la destrucción de la libertad”. Hace algunas reflexiones sobre el

terrorismo y se pregunta si “No debería ponerse la religión bajo la tutela de la razón y dentro

de unos límites adecuados”. El ahora ya ex Papa, y en el momento de esas reflexiones

Cardenal, discurre en torno a las dos grandes culturas de Occidente, la de la fe cristiana y la

de la racionalidad laica, subraya que tanto una como a la otra, no obstante su influencia en el

mundo carecen de universalidad. La reflexión tiene un peso determinante, pues en ese sentido

aparece como un crítico del Pensamiento Moderno al enunciar que dicha racionalidad ‘no es

reproducible en el conjunto de la humanidad’. Es categórico al afirmar “no existe la fórmula

universal racional, o ética o religiosa en la que todos puedan estar de acuerdo y en la que todo

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pueda apoyarse. Por eso mismo la llamada ‘ética mundial’ sigue siendo una abstracción”

(2008:52). Finalmente concluye que debería haber ‘una correlación necesaria de razón y fe, de

razón y religión que están llamadas a depurarse y regenerarse recíprocamente”. La dificultad,

ahora desde nuestras propias reflexiones, de esa posible correlación para ser pensada o para

ser puesta en acto –obvio- radica en el elemento fe y en una recaída en el eurocentrismo o lo

que es lo mismo en la metafísica, por una razón muy neta porque Europa3 es la propensión –

todavía- de todas las formas de cristianismo identificado con el Pensamiento Moderno o los

dos grades discursos de Occidente, aún cuando la América de habla hispana tenga el mayor

número de usuarios o feligreses; de ahí –quizá- la instalación del nuevo Papa pues la cantidad

sí cuenta. De cualquier forma tendríamos que ceder ante ciertas utopías filosóficas –las que

depositaron toda su fe en la razón-: soñar con un mundo exento de fervores y de

intoxicaciones celestes.

4.2 RICHARD RORTY Y LA IDEA DE FELICIDAD. VATTIMO Y

EL PENSAMIENTO DÉBIL

Rorty, filósofo estadunidense contemporáneo, que se apoya en pensadores como Dewey

–promotor del pragmatismo- Wittgenstein y Heidegger, plantea que ahora se trataría de

accionar sobre la realidad. Es Vattimo –fuertemente influenciado por Nietzsche- quien

presenta un librito del estadunidense llamado Una ética para laicos, en el que, dicho sea de

paso, critica al propio Habermas por ese diálogo sostenido con Ratzinger: “porque pese a que

últimamente haya empezado a hablar de naturaleza humana –se refiere a al propio Habermas-,

ganándose el aplauso de las altas jerarquías vaticanas”. Ya es del todo conocido el giro que el

propio Vattimo dio a su propia filosofía: el pensamiento débil4 y el tratamiento que hace

desde una versión del cristianismo del concepto de caridad. En esa presentación dice

“…pero lo esencial es, una vez más, no tanto la correspondencia con los datos de hecho –el

espejo de la naturaleza- cuanto la búsqueda compartida de felicidad, la concordancia y, si se

desea, también la caridad” (Rorty, 2009). Por otro lado, el italiano va a llamar pensamiento

débil a su filosofía que vincula con la hermenéutica –la existencia es interpretación, esto es,

haber entendido algo es ya haberlo interpretado- y el nihilismo: “todo carece de sentido” –

una vez descubierto que el mundo no tiene sentido, una vez contestada la pregunta,

                                                            3 Cfr. CACCIARI, M. 2007. Europa o la filosofía. Ed. A. Machado Libros. Madrid. (España). 4 Cfr. VATTIMO, G. y ZAVALA, S. 2014. Comunismo hermenéutico. Herder. Barcelona. (España). 

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distanciándose de la teología, “¿por qué hay algo y no más bien nada?” se asume un

nihilismo con derivas ya sea éste negativo, pasivo, reactivo o activo, este último tiene que ver

con que todos los anteriores artículos de fe han perdido su fuerza, esto es, una vez que el

nihilismo se hace cargo de sí, una vez debilitado el nihilismo pasivo o reactivo, una vez

“desenmascarado” dicho nihilismo puede desembocar en pensamiento trágico, es decir, se

asume el mundo como dificultad y se abandona toda esperanza en el más allá, o sea, se

desmantela la esperanza en la nada, y, así, se recupera la fuerza para la vida –que estaba

distraída, depositada, malgastada en esa nada-, todo esto lo vincula Vattimo con el final de la

metafísica, así, tanto las vicisitudes de la propia metafísica –toda idea salvífica y esperanzada

en ese más allá divulgado como cielo, Dios o progreso, da lo mismo- como la historia del Ser

han de ser interpretados como un debilitamiento de los absolutos, de la Verdad, donde el

Fundamento queda debilitado o sustituido por una hermenéutica antifundacional. El tema

central que aborda Rorty es “espiritualidad y secularismo” y alude también a Benedicto XVI.

Hay en los planteamientos del propio Rorty ciertas ideas tradicionales como la de que el

hombre es un animal inteligente –sin embargo para nosotros, el hombre es la muestra del

animal fracasado –atravesado por un fluir pulsional e inconsciente- y paradójicamente es

también el indicativo de lo sagrado5 inextinguible, sí, en esa ambivalencia se juega el Ser.

Por su parte Rorty (2009: 24-35) al dar cuenta de lo que entiende por espiritualidad nos dice

que se trataría de “considerar la espiritualidad en sentido elevado de nuevas posibilidades que

se abren a los seres finitos” que a su vez remite a “tener la esperanza de un mundo donde los

seres humanos lleven vidas largamente más felices”. Aborda también el problema sobre la

verdad y la trascendencia aseverando:

Me parece que ambas nociones, la de verdad universal y la de dimensión

trascendente, son expresión de la esperanza de que en realidad haya junto a

nosotros algo más grande y más poderoso, que trabaje en nuestro beneficio y

                                                            5 Cuando aludimos a lo sagrado nada tiene que ver con la idea común que remite a un Dios judeocristiano, sino que se vincula con una esfera de pensamiento que remite parcialmente a la idea de lo irracional y terrorífico, alude lo numinoso. Para pensar lo sagrado cfr. ELIADE, M. 1981 Lo sagrado y lo profano, Ed. Guadarrama. Madrid. (España); HEIDEGGER, M. 1995. “La frase de Nietzsche ‘Dios ha muerto’” en Caminos del bosque. Ed. Alianza. Madrid. (España); M. DETIENNE. 1986. Dioniso a cielo abierto. Ed. Gedisa. Barcelona. (España); J. MUÑOZ, J. 2005. “Nihilismo y crítica de la religión en Nietzsche” en: M. FRAIJÓ Comp. Filosofía de la Religión. Trotta. Madrid. (España); F. DUQUE, F. 1993. “La profanación técnica de Dios” en Lo santo y lo sagrado. Trotta. Madrid (España) y OTTO, R. 1998. Lo santo. Sobre lo racional e irracional en la idea de Dios. Ed. Alianza Madrid. (España). Indudablemente la traducción de este último debe ser lo sagrado ahí donde dice lo santo.

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simpatice con nuestros objetivos. La religión es la expresión tradicional de esa

creencia (Rorty, 2009).

Desde aquí podemos enfatizar que las ideas utópicas de una cierta versión del anarquismo

plasmadas en esa película de Aranda cobran un carácter religioso, como en el propio filme lo

cuestiona el personaje del periodista extranjero “hay quienes afirman que el anarquismo es

una forma de formación religiosa…Bakunin tiene un estilo bíblico profético”. Esto no

invalida esas ideas solamente la sitúa de esa manera. El filme está lleno de paradojas. En otro

sentido hay dos elementos que quisiera destacar, uno el de la felicidad y otro el de la

esperanza. Tanto uno como el otro ya mostraron sus límites y sus desenlaces en la historia, y

si bien Rorty apela todavía al primero es porque desconoce o se desentiende del

descubrimiento psicoanalítico6: el inconsciente, y la demostración -aún en contra de casi toda

filosofía que sitúa la felicidad como el ‘absoluto’ del hombre- de que el hombre no quiere,

no busca la felicidad sino que da todos los rodeos posibles para evitarla, y aún más, no le

basta con ser feliz sino que tiene la necesidad o la aspiración de que el Otro sufra en virtud de

que se ve compelido por la pulsión de muerte incluso a su propia aniquilación; y esto no por

cuestiones atribuibles a la naturaleza humana, como lo quiere Habermas, pues más bien se

trataría de la condición humana. Aquí cabe mejor esa pregunta de la película de Aranda que

hace el personaje de la miliciana Pilar “¿Sabes por qué nuestra bandera es roja y negra? Roja

por la lucha y negra porque el espíritu humano es oscuro”.

5. CONSIDERACIONES FINALES

Si nos fijamos bien, los estudiosos, tanto los filósofos como el teólogo explican lo que

hay, “el discurso laico, que busca ser accesible a todos, y el religioso que se basa en verdades

reveladas”, esto es desde Habermas; y desde al polémico Ratzinger que resume: “no existe la

fórmula universal racional, o ética o religiosa en la que todos puedan estar de acuerdo y en la

que todo pueda apoyarse”. Concluyendo que debería haber ‘una correlación necesaria de

razón y religión que están llamadas a depurarse y regenerarse recíprocamente’; y el último,

Rorty que intenta recuperarse de la metafísica al señalar que de lo que se trata es de pensar

“nuevas posibilidades que se abran a los seres finitos” elemento con el que estamos de

acuerdo, al definir a casi toda la filosofía Occidental como religión: “La religión es la

                                                            6 Cfr. FREUD, S. 1976. Obras Completas. Amorrortu. Bs. As. (Argentina).

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expresión tradicional de la creencia en la verdad universal y la dimensión trascendente”. En

lo que ya no lo podemos seguir es en su planteamiento de la “esperanza de un mundo donde

los seres humanos lleven vidas largamente más felices”. Revisamos muy abreviadamente a

Vattimo con su aporte sobre el pensamiento débil sostenido por una versión de la

hermenéutica. Así, no es difícil observar que la disertación sobre la felicidad y la esperanza

extenúa tanto a la filosofía como a la teología en su apuesta por esa felicidad, porque ésta

ha sido algo que está por venir, remite a un tiempo que no es, es decir, se prorroga esa

posibilidad vital de los seres finitos por una mortificación, una espera, una oferta para

después: la propia felicidad, esto en los diferentes autores. Es por eso que queremos incitar a

un referente, si se quiere, un tercero en discordia, que ya no está ubicado en la polaridad de la

racionalidad por un lado y de la religión por otro sino que remite a esa dificultad –también

posibilidad finita- denominada inconsciente, a un saber que no se sabe, por lo tanto ese saber

es no todo racional, o si se prefiere se trataría de una racionalidad impura que el cine ha

puesto en acto en lo mejor del propio cine.

En Libertarias quizá faltó mostrar la solidaridad de otros pueblos ante la muerte, la

enfermedad, la orfandad y la hambruna de los damnificados de esa guerra. Se entiende: se

trataría de hacer sentir toda la crudeza de esa etapa sin aburrir al espectador. Pero aún más,

quizá los principios de justicia, como decía más arriba Habermas, no habían ‘penetrado

previamente el denso entramado de los diferentes conceptos culturales’: en el contexto

histórico de la Guerra Civil lo que se ganó en las urnas se perdió con el Caudillo.

Después de las reflexiones expuestas y a propósito de la película Libertarias, las relaciones

Estado-Iglesia –se entiende- han de tomar su legítima, legal y prudente distancia por lo menos

en sus declaraciones, aún cuando la segunda casi siempre encuentra –microfísica del poder

mediante- cómo incardinarse en el discurso y la (con)formación del Estado en torno a los

ciudadanos. Pues tan sólo al aludir en nuestros días a realidades cotidianas, a la educación

por ejemplo, encontramos toda aquella antigua disciplina estudiada y delatada por Foucault

(1988): horarios, alimentos, cuidados y sacrificios corporales; la confesión y el sometimiento

a exámenes.

El desenlace hábilmente tratado, en la película de Aranda no encontramos ni esperanza

ni felicidad; quizá un balbucir triste, un silabeo: la metamorfosis corporal, ideológica y

estética en un solo rostro. Da la voz a una realidad en desventaja y con ello, entendemos, hace

intervenir el “pensamiento débil” tornando con ello fuertes a las libertarias. Hay una defensa

y apelación a la memoria de las derrotadas que decidieron jugarse la vida en su última

utopía: “ni Dios, ni patria, ni amo”. Por lo tanto se trata de una manera de resarcir desde una

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estética de la ambivalencia –y desde el cine como expresión poliédrica del arte- la memoria

colectiva de una comunidad de gente de a pie, de anarquistas, y revolucionarias; y, de

sublevarse así ante el olvido tomando distancia de la ya también ajada España Cañí. Podría

decirse que en Libertarias el talante de Aranda –por ese final que se presta a varias

interpretaciones- es pesimista pero reivindicativo y terrenal, nihilista activo; inmanente y

conciliatorio –insisto, tanto las pugnas filosóficas como religiosas o teológicas se resuelven

en ese afortunado gag, en la olla de cocido-, está alejado pues de esas tentaciones filosóficas,

la de la verdad universal y la de la dimensión trascendente, o sea, el cineasta fisura a golpes

de angulación, atmósfera y efectos especiales a la tradición, a la política fervorosa y a la

religión. Y es que la acusación banal que recayó sobre los anarquistas fue la de tener un

temperamento inmoderado –hybris- que les llevó a todo tipo de excesos: muerte de curas y

monjas sin miramientos; y claro, en esa película se complejiza, se revela y se rebela el

personaje de María –eje vertebrador de la reconciliación rebelde-, la monja al final inteligente

y revolucionaria pero confrontada con una realidad en bancarrota tan cruel como infausta.

Finalmente podríamos decir con el poeta Octavio Paz: “Las ideas se disipan/ quedan los

espectros:/ verdad de lo vivido y padecido”.

FILMOGRAFÍA

ARANDA, Vicente. Dir. 1996. Libertarias. Televisión Española (TVE), Lolafilms, Canal+

España, Sociedad General de Televisión (Sogetel), Sogepaq, Academy Pictures, Era

Films. España.

REFEREENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CACCIARI, Massimo. 2007. Europa o la filosofía. A. Machado Libros. Madrid. (España).

CRUSELLS. Magí. 2003. La Guerra Civil española: cine y propaganda. Ariel. Barcelona.

(España).

FOUCAULT, Michel. 1988. Vigilar y castigar. El nacimiento de la prisión. Ed. S. XXI

México.

HABERMAS Jürgen. Y RATZINGER, Joseph. 2008. Entre razón y religión. Dialéctica de

la secularización. Editorial FCE. Distrito Federal. (México).

RORTY, Richard. 2009. Una ética para laicos. Editorial Katz. Madrid. (España)

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VATTIMO, Gianni y ZAVALA, Santiago. 2014. Comunismo hermenéutico. Herder.

Barcelona. (España).

 

                                                            Desde un pensamiento nómada pueden desarrollarse líneas futuras de investigación al respecto. 

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POSICIÓN COHERENTISTA DE LA VERDAD EN JAMES Y EN

DAVIDSON

Nairobis Margarita Fuenmayor Mendoza. Universidad del Zulia (Venezuela) [email protected]

Resumen Este estudio tiene como objetivo comparar la coherencia como elemento de la verdad, tan

importante en James, con una explicación más reciente sobre la coherencia aportada por

Davidson, con la finalidad de mostrar hasta qué punto son coincidentes sus planteamientos al

considerar que éste último posee una orientación pragmatista en sus explicaciones sobre esta

materia; y que ambos parecen concebir la coherencia como prueba de la verdad. Al final se

muestra que al compartir James y Davidson algunos compromisos ontológicos y

epistemológicos, entre otros, el antifundacionalismo y la ausencia de intermediarios

epistémicos, la coherencia está presentada como garantía o resguardo.

Palabras Clave: Verdad, coherencia, garantía, actuación.

The Coherentist position of the truth found in James and Davidson

Abstract

This research aims to compare coherence as an element of truth, which is very importantly

found in James’ work, with a more recent explanation about coherence given by Davidson, in

order to demonstrate to what extent his approaches coincide when considering that the latter

has a pragmatist orientation in his explanations about this subject, and that either James or

Davidson seem to conceive coherence as an evidence of truth. In the end, it is shown that they

share some ontological and epistemological commitment, among others, antifoundationalism

and the absence of epistemic intermediaries, coherence is present as a guarantee or receipt.

Key words: truth, coherence, guarantee, performance.

1. Premisa (A modo de introducción)

Davidson expone que la mayoría de nuestras creencias básicas son verdaderas y esto es así

sencillamente porque las creencias son en general verdaderas por naturaleza. Y tal afirmación

la explica del modo siguiente:

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Todas las creencias están justificadas en el siguiente sentido: están apoyadas por muchas

otras creencias (pues en otro caso no serían las creencias que son) y gozan de una

presunción de verdad. La presunción se incrementa cuanto más amplio e importante sea

el cuerpo de creencias con el que la creencia en cuestión es coherente, y al no haber cosa

tal como una creencia aislada, no hay creencia alguna sin una presunción en su favor

(Davidson, 1992: 96).

Podemos percibir que Davidson hace hincapié en que debe haber una presunción a favor de

cada una de nuestras propias creencias al estar apoyadas por otras creencias; y esto nos lleva a

ir en contra del escepticismo por cuanto si partimos de este supuesto no podemos considerar

que todas nuestras creencias sean falsas. Esta idea de la coherencia como prueba de la verdad

tiene vinculación evidente con la epistemología, y supone que si muchas de nuestras creencias

son coherentes con otras, tal situación nos da razones para pensar que son verdaderas. Así

tenemos, que si la coherencia es una prueba de la verdad, entonces se tendrá una prueba del

juicio de que las condiciones objetivas de verdad han sido satisfechas. Se esboza de esta

manera una correspondencia sin confrontación, por medio de la presunción a favor de la

verdad de una creencia que es coherente con una masa significativa de otras creencias. Tal

presunción a favor de la verdad de una creencia por parte de Davidson la podemos equiparar

con lo dicho por James cuando afirma que la coherencia con el conjunto de verdades ya

existentes es el requisito más imperioso. Al parecer ambos autores conciben la coherencia

como prueba o garantía de la verdad, y es lo que se tratará de mostrar.

2. Oposición a dualismos

Como primer punto de acercamiento entre dichos autores tenemos que ambos se manifiestan

abiertamente opuestos a los dualismos: esquema/contenido y subjetivo/objetivo. En este

sentido nos dice Davidson que la impugnación de estos dualismos por nuevas vías o su

remodelación radical constituye el cambio más prometedor e interesante que está teniendo

lugar en la filosofía actual. Tenemos que resaltar a favor de James que desde sus comienzos

ya estaba opuesto a los dualismos en sus explicaciones sobre el conocimiento de la realidad.

Podemos advertir que ambos autores se oponen a la idea de una separación entre la

experiencia no interpretada y un esquema conceptual organizador; esto constituye un

profundo error, según Davidson. Para los pragmatistas, a su vez, el pensamiento es creativo,

no simplemente representativo; esta idea está basada en el desarrollo del proceso

evolucionista que toman los pragmatistas de Darwin. Un aspecto muy importante que nos

evidencia que los pragmatistas tenían superadas tales dicotomías es que para ellos la realidad

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no está dada completamente ni en un hecho físico ni en un hecho mental, sino que incluye a

ambos elementos inmersos en el proceso de la experiencia. Por lo que el sujeto que conoce

será siempre un sujeto activo que ayuda a la creación de la realidad, y no un simple

espectador. La relación entre el sujeto y el objeto no se plantea, por tanto, en términos de

superioridad de uno sobre el otro, sino de una estrecha relación o conexión entre ambos; al

contrario de la separación entre el sujeto y el objeto planteada por la tradición cartesiana, de

uno frente al otro. Davidson, por su parte, nos comenta que este punto de vista cartesiano nos

conduce al idealismo y al escepticismo; para este autor el origen común de las dicotomías se

encuentra en un concepto de la mente como algo dotado de sus estados y objetos privados,

como lo suponía dicha tradición. Al respecto del dualismo esquema y mundo nos explica lo

siguiente:

Al dejar de lado la dependencia del concepto de una realidad ininterpretada, de algo

exterior a todos los esquemas y a toda la ciencia, no estamos renunciando a la noción de

verdad objetiva: todo lo contrario. Dado el dogma de un dualismo de esquema y realidad,

llegamos a la relatividad conceptual y a la verdad relativa a un esquema. Sin este dogma,

esta clase de relatividad se derrumba sin remedio. Damos por sentado que la verdad de las

oraciones continúa siendo relativa al lenguaje, pero eso es todo lo objetivo que puede

llegar a ser. Al dejar de lado el dualismo de esquema y mundo, no dejamos de lado al

mundo, sino que restablecemos un contacto sin mediaciones con los objetos familiares

cuyas travesuras y extravagancias hace a nuestras oraciones y opiniones verdaderas o

falsas (Davidson, 1990: 203).

Al mencionar Davidson que la verdad de las oraciones es relativa al lenguaje, no solo está

teniendo en cuenta la lección tarskiana de que el predicado “es verdadero” es relativo a un

lenguaje objeto, sino que además trata de mostrarnos que los contenidos de nuestras creencias

más básicas son públicos, al estar causados por objetos del entorno, como veremos más

adelante. Esta idea la podemos relacionar con el ‘realismo natural’ que adopta James al

considerar las percepciones como un darse cuenta sensorialmente de los aspectos de la

realidad ‘que está afuera’ y no la mera afección de la subjetividad de una persona provocada

por tales aspectos. Es decir, James supera en parte los dualismos al introducir la noción de

experiencia, pues considera que esta no presenta duplicidad interna, tal y como queda

reflejado en los textos en los que nos habla de un mundo de ‘experiencia pura’, como el

siguiente:

Mi tesis es que si partimos de la suposición de que no hay más que una materia

primordial en el mundo, de la que todas las cosas están compuestas, y si a esa materia la

llamamos ‘experiencia pura’, el conocer se explica fácilmente como una especie

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particular de relación de uno a otro, en la que pueden intervenir partes o porciones de

experiencia pura. La relación en sí misma es una parte de experiencia pura; uno de sus

‘términos’ se convierte en el sujeto o portador del conocimiento, es decir, el cognoscente,

y el otro, en el objeto conocido (James, 1904, en: Kurtz, 1972: 155).

James como podemos observar deja de lado el dualismo esquema/contenido, y en su lugar nos

habla de un mundo de ‘experiencia pura’ indivisible, en el cual la conciencia no será un ente

sino que designa una función, la función de conocer. Razón por la cual para James en la

experiencia per se no reside ningún dualismo de ser representado y representar. Muy parecida

a la idea de Davidson que al abandonar la dicotomía de esquema/mundo establecemos un

contacto sin mediaciones con los objetos.

3. Conciliación de correspondencia y coherencia en relación con la verdad

Debemos comenzar este apartado con la afirmación de Davidson de que ‘la coherencia

engendra correspondencia’, pues este autor nos habla de una correspondencia sin

confrontación a través de la coherencia. Ésta será una prueba de la verdad en el sentido de

alegar una presunción a favor de la verdad de las creencias coherentes. Una creencia es

verdadera porque es coherente con un grupo de creencias y porque tiene una conexión causal

con el mundo. Por tanto, si tenemos razones para pensar que muchas creencias son

coherentes, entonces tenemos razones para pensar que muchas son verdaderas. En este sentido

es que nos explica Davidson que la coherencia genera correspondencia. Aquí la

‘correspondencia’ no va a implicar ninguna confrontación con los hechos, como en las

explicaciones tradicionales correspondentistas sobre la verdad1. Las creencias serán

1 Esta idea está presente en Davidson desde sus primeros escritos como en “True to the Facts” (1969) donde

hace explícita su adhesión a la teoría correspondentista, al decir que “un enunciado verdadero es un enunciado fiel a los hechos” (Davidson, 1990: 57); pero la propiedad de ser verdadero, como él la llama, deberá ser explicada por una relación entre un enunciado y alguna otra cosa. No prejuzga la cuestión de qué podría ser esa otra cosa, o de qué palabra o frase expresa mejor la relación. Él llamará teoría de correspondencia de la verdad a cualquier consideración de este tipo (Ídem). Se advierte que Davidson habla de cualquier otra cosa, sin especificar cuál sea; parece seguir de esta manera a Tarski cuando éste manifiesta estar más de acuerdo con la concepción aristotélica clásica de la verdad al exponer Aristóteles que “decir de lo que es que no es, o de lo que no es que es, es falso; mientras que decir de lo que es que es, o de lo que no es que no es, es verdadero”. Tarski compara esta definición con otras más modernas, como por ejemplo “una oración es verdadera si designa un estado de cosas existentes”; y concluye que la aristotélica es menos equívoca que las demás (Valdés, 1991: 278), al no mencionar a qué tipo de cosas se refiere. Podemos observar que en la definición de verdad ofrecida por Aristóteles no están claramente definidos los términos de la relación lenguaje y mundo; es una concepción general del estilo de que sea lo que sea, la verdad tiene que suponer una relación (o una correspondencia) entre lenguaje y mundo, pero no se especifica en qué consiste esa relación. Así nos parece, que la propuesta más general de Aristóteles sobre la verdad parece ser también la que satisface más a Davidson cuando menciona que la relación es entre el enunciado y alguna otra cosa, y no menciona ni entidades, ni cualquier estado de cosas que pueda comprometer su propuesta. Ahora bien, en todas las propuestas están presentes las dos dimensiones puestas en relación por la verdad: el lenguaje y el mundo.

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verdaderas o falsas pero no representan nada. En virtud de que al abandonar Davidson los

hechos como entidades que hacen a las oraciones verdaderas, abandona también las

representaciones. Podemos hablar de la verdad de las oraciones sin mencionar los hechos que

representan, porque tales hechos solo causan nuestras creencias pero no las justifican. La idea

de ‘ajustarse’ a los ‘hechos’ no agrega nada inteligible al simple concepto de verdad, comenta

Davidson. En este aspecto se parece mucho al pensamiento de James cuando critica la verdad

de los ‘racionalistas’ al decirnos “La noción de una realidad que nos insta a ‘adecuarnos’ a

ella, pero por ninguna razón, excepto simplemente porque su exigencia es ‘incondicional’ o

‘trascendente’, esa idea [...] es algo a lo que no le veo ni pies ni cabeza” (James, 2002: 148).

Para Davidson, por tanto, la inteligibilidad de las creencias debe depender de un trasfondo de

creencias mayoritariamente verdaderas.

Debemos dejar claro que Davidson está de acuerdo con la idea de que la verdad depende en

parte de cómo es el mundo. Éste no niega la correspondencia ─incluso la adopta de manera

explícita en sus primeros escritos─ sino que plantea otra manera de lograr esa

correspondencia, como se ha dicho, distinta a la confrontación directa de la realidad con los

enunciados, distinta a la correspondencia tradicional como una copia. De ahí que

consideremos que tanto Davidson como James concilian correspondentismo y coherentismo

acerca de la verdad, por lo menos en lo que corresponde a esa etapa del pensamiento de

Davidson. Éste último, reiteramos con su correspondencia sin confrontación y James con su

concepto de actuación2. Al analizar estos dos últimos apartados, consideramos que la

oposición de Davidson al dualismo esquema/contenido y su particular forma de entender la

correspondencia aluden a la posición pragmatista sobre estos asuntos; tal punto de vista lo

comprendemos como una continuación o desarrollo de uno de los postulados principales de

los pragmatistas clásicos.

Ahora bien, por otro lado debemos advertir que Davidson en sus escritos posteriores ─nos

referimos específicamente al artículo “Estructura y contenido de la verdad” (1990)─ se

manifiesta abiertamente contrario a lo que el denomina ‘concepciones epistémicas’,

calificándolas de ‘insostenibles’, y a las ‘concepciones realistas’, que considera

‘ininteligibles’, y que se corresponden con las teorías coherentistas y correspondentistas

acerca de la verdad, respectivamente. En concreto, Davidson les hace la siguiente crítica:

El realismo, con su insistencia en la correspondencia radicalmente no epistémica,

pide más a la verdad de lo que podemos entender; el antirrealismo, con su 2 La actuación, para James, va a consistir en una íntima relación entre el proceso de verificación de nuestras

ideas y la efectiva congruencia con las verdades pasadas.

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limitación de la verdad a lo que puede determinarse, priva a la verdad de su papel

de standard intersubjetivo. Debemos encontrar otra manera de considerar el

asunto (Davidson, 1990: 182).

A pesar de que en los artículos recogidos en Mente, mundo y acción Davidson nos hablaba de

lo que él denominaba ‘correspondencia sin confrontación’, como se ha venido explicando,

conciliando ambas teorías con respecto a la verdad como se puede observar claramente, a

nuestro parecer, en el siguiente pasaje de su artículo “Verdad y conocimiento: una teoría de la

coherencia”, en el que nos dice “[…] si una teoría de la coherencia acerca de la verdad es

aceptable, ha de estar de acuerdo con una teoría de la correspondencia” (Davidson, 1992: 77).

Sin embargo, en este artículo posterior explícitamente niega lo afirmado anteriormente de la

siguiente manera: “No me propongo reconciliar las dos posiciones. Considero insostenibles

las concepciones epistémicas, e ininteligibles en último extremo a las concepciones realistas

[...] ambas invitan al escepticismo” (Davidson, 1990: 169).

Nos explica Davidson que él simplemente cometió el error de asumir que el realismo y las

teorías epistémicas eran las únicas posiciones posibles. Al decir que su posición era una forma

de realismo lo hacía para rechazar la doctrina de que la realidad o la verdad dependían

directamente de nuestras capacidades epistémicas. Pero ahora considera inútil tanto rechazar

como aceptar el slogan de que lo real y lo verdadero son ‘independientes de nuestras

creencias’. No obstante debe haber alguna conexión entre la creencia y la verdad si tenemos

que relacionar la verdad de las proferencias con su uso.

Además, manifiesta Davidson “Rorty me persuadió de que no llamara a mi posición ni una

teoría de la correspondencia ni una teoría de la coherencia” (Ibídem, 174). Y menciona frases

como: “ahora me parece que es otro error terminológico más haber llamado a la tesis de ‘A

Coherence Theory’ una teoría de la coherencia”; o “los términos ‘realismo’ y

‘correspondencia’ estaban mal elegidos [...]”; y “el error está solo en un nombre equivocado”

(Davidson, 1987: 135). Ahora bien, no obstante este cambio de terminología, Davidson

siempre ha sostenido que la verdad depende de lo que las palabras significan y de cómo es el

mundo. Éste apoyado en la interpretación radical3 y en el principio de caridad4, nos dice “mi

enfoque es externalista: sugiero que la interpretación depende (en la situaciones más simples 3 La interpretación radical es un recurso metodológico que utiliza Davidson a fin de establecer el significado

de proferencias emitidas por alguien y desconocidas por su intérprete. Éste último tomará como base evidencial la conducta que puede observar en el sujeto y el entorno.

4 El principio de caridad es a través del cual un intérprete está justificado a hacer ciertas asunciones acerca de las creencias de un agente antes de que comience la interpretación. La caridad, para Davidson, no es una opción, sino una condición para tener una teoría practicable. Así tenemos que si queremos comprender a los demás debemos darlos por acertados en la mayor parte de los asuntos.

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y básicas) de los objetos y eventos externos sobresalientes tanto para el hablante como para el

intérprete, los mismos objetos y eventos son entonces considerados por el intérprete como el

tema de las palabras del hablante” (Davidson, 1990: 196). Para Davidson el externalismo

tiene que ver con la historia y con las cosas que existen fuera del sujeto, que hacen la

diferencia de lo que se puede pensar o lo que está pensando en un momento determinado un

sujeto. Es decir, para Davidson a lo largo de todo su pensamiento, hay que prestar atención,

no solo a qué oraciones un agente considera verdaderas, sino también a los objetos y eventos

del mundo que causan el que él considere a las oraciones verdaderas. La verdad debe

depender del lenguaje y de cómo son los eventos5.

Así tenemos que la razón de Davidson por la que prefiere evitar los términos

‘correspondencia’ y ‘coherencia’ es porque a su juicio las impropiedades terminológicas

tienen una manera de reproducir confusiones conceptuales, como por ejemplo la falsa

suposición de que la verdad es transparentemente epistémica, o concluir que la realidad o la

verdad son construcciones del pensamiento. Es decir, Davidson se opone a la forma como han

sido concebidas la teoría correspondentista y la coherentista de la verdad. La primera, con la

idea de que la verdad y, por tanto, la realidad son independientes de lo que cualquiera pueda

conocer, niega que lo que es verdad esté conectado conceptualmente de alguna manera con lo

que creemos. Y la segunda al plantear que los estados mentales podrán ser exactamente como

son con independencia del resto del mundo y de su historia. Para Davidson no podemos dejar

de lado o, mejor dicho, no podemos separar el mundo de las creencias sobre él.

En sus “Afterthoughts”, aparte de explicar las ideas anteriores, Davidson nos dice “la verdad

no aparece como totalmente separada de la creencia (como una teoría de la correspondencia

hace), ni tan dependiente de los métodos humanos y las competencias de descubrimiento

(como las teorías epistémicas de la verdad lo harían)” (Davidson, 1987: 136). Es decir,

Davidson va a superar la dualidad de entender la verdad como un concepto exclusivamente no

epistémico, independiente totalmente del ser humano, como la entienden los

correspondentistas (realistas); o entender la verdad como un concepto epistémico subordinado

por completo a nuestras capacidades intelectivas, como la conciben los coherentistas

(idealistas). Esta idea de superar las posiciones extremas y de integrar los aspectos positivos

de una y otra concepción es, como podemos observar es un postulado básico pragmatista

basado en su forma de entender la realidad, tal y como lo presenta Blau al afirmar que:

5 Por esta razón afirma Davidson que “la evidencia última, en oposición a la concepción tradicional, para la

corrección de una teoría de la verdad debe descansar en los hechos disponibles acerca de cómo los hablantes usan el lenguaje” (Davidson, 1990: 173).

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El realista arguye que la realidad existe independientemente del conocimiento humano de

ella. El idealista rebate que no hay realidad apartada de alguna forma del conocimiento de

ella; quizás el conocimiento de ella por el yo, en cuyo caso es un idealista subjetivo;

quizás el conocimiento es en algún sentido social, el de una comunidad de mentes, en

cuyo caso es un idealista objetivo. La respuesta pragmática a las dos actitudes es que cada

cual es una verdad a medias; que la realidad no existe completamente ni en un hecho

físico ni en un hecho mental, sino en una situación que incluye a ambos (Blau, 1957:

271).

Esta manera pragmatista de concebir la realidad, como indica Blau, es la misma que le va a

permitir a James explicar su concepto de ‘actuación’, en el cual conjuga los elementos

correspondentistas y epistémicos de la verdad, al decir que una “teoría debe mediar entre

todas las verdades previas y ciertas experiencias nuevas [...] y debe conducir a algún otro

término sensible que pueda verificarse de una forma precisa” (James, 2002: 139).

Ahora bien, queremos resaltar que Davidson nos trata de explicar que en realidad el resultado

al que se llega desde las distintas concepciones de la verdad, llámense correspondentista,

coherentista, pragmatista, son las oraciones verdaderas, ellas son el resultado final. Pero lo

que distingue a unas y otras doctrinas sobre la verdad es cómo se explican tales concepciones,

cuáles son los compromisos ontológicos, epistemológicos y explicativos que hay por detrás.

En tales consideraciones es donde encontramos la distinción, es decir, en los presupuestos que

asumimos dependiendo que tomemos posición por una u otra teoría explicativa con respecto a

la verdad. Y es precisamente aquí, en tales supuestos subyacentes, en los cuales hallamos el

contacto fundamental entre James y Davidson; podemos mencionar como ejemplos de éstos

supuestos: el abandono de los dualismos, el desinterés por la búsqueda de una evidencia

privilegiada que sirva de fundamento al conocimiento, tomar en consideración la

intencionalidad del sujeto6 y el carácter público del lenguaje.

6 Para ambos autores los estados mentales (como los llama Davidson) o los estados de conciencia

(denominación dada por James), es decir, las ideas, los pensamientos o “sensaciones de realidad”, son estados intencionales, se tienen acerca de algo, e impulsan las distintas experiencias a partir de las necesidades e intereses que posee el ser humano. Así tenemos, que en las relaciones que van de la mente al mundo priva la intencionalidad; en tanto que, las relaciones que se dan entre el mundo y la mente serán causales, los eventos del mundo serán las causas de las creencias, como hemos dicho. Davidson nos explica en sus “Afterthoughts” que la verdad emerge no como totalmente separada de la creencia, ni como dependiente de los métodos humanos y el poder del descubrimiento. Esto implica que tanto Davidson como James exponen que las creencias o cualquier estado mental no pueden considerarse con independencia del mundo y de su historia. Los estados de la mente, tales como dudas, anhelos, creencias y deseos, se identifican, en parte, por el contexto social e histórico en que se adquieren, nos explica Davidson. Punto éste crucial en el pensamiento de James al tomar en consideración los intereses del ser humano en todo proceso cognoscitivo, así como todo el cuerpo de verdades existentes, como se ha explicado.

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La asunción de tales presupuestos le permite a Davidson colocarse en el modelo triádico de:

mundo (papel causal), intérprete e intención del hablante, como fuente última de la

objetividad y de la comunicación, y hacer desaparecer tanto la coherencia como la

correspondencia. Con lo cual supera por completo el marco dualista, que tanto le preocupa, de

esquema/contenido, y el denominado ‘tercer dogma’, y deja al mismo tiempo sin sentido las

críticas relativistas con respecto a la verdad. Enfatiza que la traducción de todo lenguaje es

posible porque es acerca del mundo que nos rodea y éste es compartido7. Davidson fija de

esta manera la fuente de la objetividad en la intersubjetividad, al igual que James al

preocuparse, éste último, por cómo los sujetos concretos elaboran significados que los

conduzcan a través de sus acciones de manera próspera en el mundo.

3.1. Coherencia como garantía de verdad

De manera general, una vez analizadas las posiciones de James y Davidson con respecto a la

coherencia, podríamos afirmar que para ambos ésta es una especie de garantía o condición de

verdad. En James la teoría, además de poder verificarse, debe mediar entre todo el cúmulo de

verdades que ya poseemos y las experiencias que se nos presentan, ocasionando un mínimo

de trastorno, que nos garantice que no somos arbitrarios al proponer dicha teoría. Al hablar de

la teorías científicas afirma que “en la elección de estas fórmulas de fabricación humana no

podemos ser caprichosos impunemente [...] nuestra teoría debe mediar entre todas las

verdades previas y determinadas experiencias nuevas” (James, 2002: 139). Podemos observar

como James nos presenta la coherencia como una de las condiciones que debe satisfacer una

teoría para recibir el nombre de ‘verdadera’. Y en Davidson la coherencia nos aporta razones

para pensar que las creencias son verdaderas, por lo menos así lo manifiesta de manera

explícita en sus primeros escritos, aunque luego reniegue del término ‘coherencia’, como se

ha observado. Nos dice expresamente que la coherencia de una creencia con un cuerpo

importante de creencias incrementa la posibilidad de que sea verdadera, es decir, trata de

mostrarnos que hay una presunción a favor de la verdad de una creencia que es coherente con

una masa significativa de otras creencias.

En razón de esto, la idea de coherencia como garantía o resguardo es lo que queremos resaltar.

Davidson supone razonable pensar que muchas de nuestras creencias son coherentes con

7 Esta idea de Davidson de un mundo compartido tiene algunas semejanzas con el pensamiento de James sobre

este asunto, como pone de relieve Putnam al comentar: “el punto principal es que la atención puesta en lo que él llama (se refiere a James) la ‘plasticidad’ de la verdad, en nuestra función de ‘codeterminantes de la verdad, por un lado’, se equilibra al sostener que compartimos y percibimos un mundo común, al afirmar que ‘registramos la verdad que ayudamos a crear’” (Putnam, 1999: 36).

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muchas otras, y ello nos da razones para pensar que son verdaderas. Por su lado, en James la

coherencia nos sirve de resguardo, y de no caer en la tentación de pensar que verdadero es lo

que queremos o deseamos creer.

4. Antifundacionalismo. Crítica a la búsqueda de fundamentos últimos en el proceso del

conocer.

Según lo analizado tenemos que Davidson le quita todo rol epistemológico a la sensación en

la determinación de los contenidos de las creencias, y solo le deja su papel en el proceso

causal que conecta las creencias con el mundo. Este planteamiento es muy parecido al de

Peirce cuando nos explica el concepto de realidad aplicando la máxima pragmática en el cual

enfatiza que “el único efecto que ejercen las cosas reales es causar una creencia, porque todas

las sensaciones que provocan aparecen en la conciencia en forma de creencias” (Peirce, 1971:

81). Se observa que en ambos llámese sensación, llámese realidad, su papel es causar la

creencia. Esto nos reafirma lo dicho, que podemos ver en los planteamientos de Davidson una

continuidad o desarrollo de principios básicos de los pragmatistas.

Al quitarle el rol epistemológico a la sensación en su relación con las creencias estaríamos

abandonando lo que él denomina ‘el tercer dogma del empirismo’, que mencionábamos en un

apartado anterior; este es el dogma crucial del empirismo tradicional, según Davidson, en

clara alusión a los dogmas analizados por Quine en “Dos dogmas del empirismo” (1951) los

cuales, según Davidson, no eran los más relevantes. Con este tercer dogma Davidson sugiere

que el conocimiento empírico no tiene fundamento epistemológico alguno y que tampoco lo

necesita. Es de resaltar que en esencia esta idea ya está presente en los planteamientos

fundamentales de James sobre el tema del conocimiento desde la publicación de su artículo

“La función de conocer” de 1884 al preguntar James ¿qué es lo que nos ha dado garantías

para denominar realidad a algo? Responde, que “no hay sino la fe del crítico o del examinador

a creer en algunas realidades, aunque las realidades de un año puedan trocarse en las ilusiones

del siguiente” (James, 1974: 47). Podemos advertir en este pasaje que a James no le preocupa

la búsqueda de un fundamento último del conocimiento, y además que los conocimientos son

falibles. Es más, en su obra Principios de psicología James nos habla de la conciencia como

un “río” o un “curso”, no la presenta fraccionada en pedazos, como las sensaciones, sino

como un continuo que no necesita de ningún apoyo “extraño”. En concreto nos dice James:

La conciencia no parece, pues, dividirse en fragmentos. Palabras como ‘cadena’ o ‘serie’

no lo [sic] describen adecuadamente tal como se presenta en primer lugar. Nada se junta;

fluye. Un ‘río’ o un ‘arroyo’, son las metáforas por las cuales se describe más

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naturalmente. Al hablar de esto en lo sucesivo llamémoslo el torrente del pensamiento, de

la conciencia, o de la vida subjetiva (James, 1945: 228).

Esta idea también está directamente conectada con el primer punto analizado de la oposición a

los dualismos por cuanto para James no hay dualidad sujeto/objeto, los pensamientos o la

conciencia de los individuos no son una realidad distinta de la materia que conforma el

mundo, sino que todo forma parte de la misma experiencia, lo que el denomina la

‘experiencia pura’. Tanto el conocedor como el objeto conocido deben ser porciones de

experiencia, nos comenta James.

Así tenemos que tanto James como Davidson se muestran contrarios a la búsqueda de

fundamentos últimos en el proceso del conocimiento. Específicamente en relación con esta

materia señala Davidson:

En los casos más simples y básicos, las palabras y oraciones derivan su significado de los

objetos y circunstancias en las que fueron aprendidas. Sí, en los casos más básicos, las

palabras y los pensamientos tratan necesariamente de los tipos de objetos y eventos que

los causan, no hay espacio alguno para dudas cartesianas acerca de la existencia

independiente de tales objetos y eventos. Las consecuencias de estas consideraciones para

la teoría del conocimiento son revolucionarias. No es necesario que haya algo sobre lo

cual estemos indudablemente en lo cierto para que sea correcto afirmar que estamos

generalmente en lo cierto sobre la naturaleza del mundo (Davidson, 1992: 60).

Según nuestro modo de ver este asunto, creemos que Davidson por otra vía, llega al mismo

planteamiento de James de que somos co-creadores del mundo o ayudamos a construir la

realidad en la cual nos desenvolvemos. Y aunque Davidson habla de tales consideraciones

como revolucionarias para la teoría del conocimiento, podemos observar como James en sus

planteamientos fundamentales ya se percataba de ellas, anticipando ideas que posteriormente

serán muy relevantes en ámbitos filosóficos como la filosofía del lenguaje, la teoría del

conocimiento y que autores como Davidson, Putnam o Rorty retomarán.

Insistimos en que la característica del antifundacionalismo está presente tanto en los

planteamientos básicos de Davidson como en los de James. Podemos advertir con estas notas

que precisamente tal característica, que separa, por ejemplo, de manera radical el pensamiento

de James del de los positivistas lógicos, es precisamente una de las características

fundamentales que acerca a Davidson y a James en sus planteamientos básicos.

4.1. Ausencia de intermediarios epistémicos

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En virtud del antifundacionalismo8, para Davidson y para James, por tanto, no hay

intermediarios epistémicos entre el mundo y la mente. James, por su parte, nos habla de que

no hay fundamento transempírico alguno en la explicación del conocimiento, no hay algo así

como una base segura sobre la cual asentarse. En el Significado de la verdad explicita que “en

ningún caso [...] necesita la verdad consistir en una relación entre nuestras experiencias y algo

arquetipo o transexperiencial” (James, 1974: 155). A su vez, desde el punto de vista de la

‘experiencia pura’, para James todas las relaciones tienen lugar en el mundo experiencial, y

éste es concebido como un todo en el cual no da cabida a ninguna división o separación. Ya en

su artículo de 1904 “¿Existe la conciencia?” James nos dice:

Pero mi tesis tal vez resulte menos plausible al lector cuando pase de las percepciones a

los conceptos o del caso de las cosas representadas al de las remotas. A pesar de todo creo

que también ahí es válida la misma ley. Si tomamos las copias conceptuales, recuerdos o

imaginaciones, todos son también, en su primera intención, simples porciones de

experiencia pura y, como tales, únicos esos que actúan en un contexto como objetos y en

otro como estados mentales (James, 1904, en: Kurtz, 1972: 159).

Así tenemos, que para James tanto en la experiencia perceptual como en la conceptual no existe

la mínima división interna en conciencia y contenido; por un lado es todo conciencia, y por otro,

todo contenido. Para este autor el mundo de los conceptos, de lo que es solo ‘pensado’, igual

que el mundo de las percepciones, viene a nosotros como un caos de experiencia; y lo hacen sin

ningún tipo de mediaciones. En el ejemplo que James nos proporciona del cuarto ‘real’ y el

cuarto ‘pensado’, el cuarto desempeña dos papeles diferentes: el pensamiento de un objeto y el

objeto pensado: ambos a un mismo tiempo, y todo sin paradoja o misterio. Debemos enfatizar

que James trata por igual a las percepciones y a los conceptos, en esta materia no hace ningún

tipo de distinción, ambos están inmersos en lo que el denomina ‘experiencia pura’ y, por tanto,

sin ningún tipo de intermediarios. Para James las relaciones de todo tipo son miembros

integrantes del flujo sensacional tanto como lo son los términos; y las relaciones conjuntivas son

miembros tan auténticos del flujo como lo son las relaciones disyuntivas (James, 2009: 175). En

8 Davidson sostiene que él se ha alejado completamente del fundacionismo, y que en su versión

antifundacionista rompe con la tradición filosófica cartesiana que entiende al lenguaje como un medio para la representación o la expresión. De acuerdo con Rorty la filosofía del lenguaje de Davidson constituye el primer tratamiento sistemático del lenguaje que rompe completamente con la idea del lenguaje como algo que podría ser adecuado o inadecuado con el mundo o con el ser. Si el lenguaje no media entre nosotros y el mundo como argumenta Davidson, y si dejamos de imaginar la existencia de una división entre el mundo interior del pensamiento y los sentimientos y el mundo de los objetos y los eventos, como lo invoca Davidson, entonces no existe nada ‘allá afuera’ o ‘aquí’ que pudiera servir como fundamento epistemológico para una teoría del significado o para una teoría de la verdad. Todo lo que tendríamos para dar autoridad a nuestras expresiones serían otras expresiones (Cfr. Vargas, “Donald Davidson. Apuntes para un seminario”, 2007, p. 11).

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virtud de estas consideraciones, para James la verdad de nuestras operaciones mentales debe

ser siempre una cuestión intraexperiencial.

James explica que ni el ‘conocimiento intuitivo’, ni el ‘conocimiento representativo’ implican

nociones misteriosas de autotrascendencia y presencia en la ausencia. James para una mejor

explicación aporta éste otro ejemplo:

Llamar a la idea presente de un perro, por ejemplo, cognitiva del perro real, significa,

dado el modo en que se halla constituido el tejido actual de la experiencia, que la idea es

capaz de guiarme o seguir por mi parte una cadena de otras experiencias, las que, yendo

de una en otra, terminen, finalmente, en la vivida percepción de un salto, un ladrido, un

cuerpo peludo. Ellas son el perro real (James, 1974: 150).

Estamos inmersos de esta manera en un mundo experiencial en el cual sus conexiones se

trazan en diferentes direcciones, desde el punto de vista de James. Para este autor la ‘verdad’

de nuestras operaciones mentales debe ser siempre una cuestión intraexperiencial, no da

cabida a intermediarios transempíricos o transexperienciales, reiteramos. Ahora bien, para los

filósofos, en el ejemplo antes mencionado del ‘perro’, nos explica James que los términos

sensoriales originales en lugar de conjugarse entre sí y con el objeto perro real, se consideran

separados por invisibles realidades con las cuales son, a lo más, colindantes. Como

señalábamos antes, el punto de vista de James hay que encuadrarlo en su explicación de la

‘experiencia pura’, con sus características de continua, ininterrumpida, fluida, en la cual la

propia substancia mental se concibe como un género de experiencia.

Davidson en este mismo orden de ideas expresa que para la descripción de los estados

mentales no requerimos de la existencia de entidades fantasmales contempladas de algún

modo por la mente; la función del mundo exterior es causar estados mentales, y solo

comparamos creencias con creencias. Lo que equivaldría a eliminar un buen número de

problemas en materia de teoría del conocimiento como el de la representación. Reiteramos

que para Davidson hay intermediarios causales no epistémicos. Éste reafirma con todo esto

que solo una creencia puede justificar otra creencia; y, que no es la experiencia el tribunal

último del conocimiento, como se ha dicho, sino las actitudes proposicionales (estados

intencionales). Nos dice expresamente:

Lo que distingue una teoría de la coherencia es simplemente la idea de que nada puede

contar como una razón para sostener una creencia excepto otra creencia. El defensor de

esta idea rechaza por ininteligible la demanda de fundamentos o fuentes de justificación

de una especie distinta (Davidson, 1992: 79).

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Davidson, además, nos explica que las creencias no requieren justificación, pues la existencia de

la creencia implica la existencia de la sensación, de modo que la existencia de la creencia

implica su propia verdad. Tal afirmación la razona porque la relación entre una sensación y una

creencia es de carácter causal; las sensaciones causan algunas creencias pero no las justifican,

para Davidson es un error pensar que la sensación desempeña un papel epistemológico. Y

critica a los adversarios de la coherencia al comentar que éstos trasmutan una causa en una

razón, al considerar que las sensaciones justifican las creencias. Para él confrontar creencias con

el tribunal de la experiencia no tiene sentido; los intermediarios son simplemente causales.

Enfatiza que para los defensores de la coherencia es inútil buscar una fuente de justificación

más allá de otras oraciones que se tienen por verdaderas.

La sugerencia tanto de Davidson como de James en sus exposiciones es que abandonemos la

idea que el significado o el conocimiento se fundamentan en algo que valga como fuente

última de evidencia, como se advertía en el punto anterior. Para Davidson resulta absurdo

buscar un fundamento que justifique la totalidad de las creencias. Nos dice que alguien que

posea un conjunto de creencias coherentes tiene razón para suponer que sus creencias no son

en su mayoría erróneas. Y James desde otro punto de vista nos dice lo mismo:

Si una experiencia nueva conceptual o sensible viene a contradecir demasiado nuestro

preexistente sistema de creencias, en noventa y nueve de cien casos, considérase como

falsa. Solo cuando las nuevas y las antiguas experiencias son lo bastante congruentes para

apercibirse y modificarse mutuamente, resulta verdad la que como tal consideramos por

adelantado (James, 1974: 155).

Hemos visto como la propuesta de Davidson tiene algunas similitudes con la de James,

especialmente la consideración de la verdad como coherencia en los términos que ya

señalamos, su oposición a los dualismos, la ausencia de intermediarios epistémicos, entre

otros. Todo ello nos permite reforzar nuestra idea del valor del pensamiento de James en su

comprensión del fenómeno de la verdad, ya que es confirmada recientemente por las

aportaciones que sobre este tema de la verdad también realiza un filósofo actual como

Davidson; a nuestro entender, una muestra de la vigencia de las reflexiones de James sobre la

verdad.

Conclusiones

(a) Tanto James como Davidson al abandonar la dicotomía esquema/mundo establecen un

contacto sin mediaciones con los objetos.

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(b) En ambos autores la idea de coherencia está presentada como garantía o resguardo. Según

Davidson la coherencia nos aporta razones para pensar que las creencias son verdaderas,

muestra que hay una presunción a favor de la verdad de una creencia que es coherente con

una masa significativa de otras creencias; por lo menos así lo manifiesta de manera explícita

en sus primeros escritos, aunque luego reniegue del término ‘coherencia’. Para James la

coherencia nos sirve de resguardo, y de no caer en la tentación de pensar que verdadero es lo

que queremos o deseamos creer.

(c) James y Davidson comparten algunos compromisos ontológicos y epistemológicos en sus

explicaciones sobre la verdad, éstos son: el abandono de los dualismos, el desinterés por la

búsqueda de una evidencia privilegiada que sirva de fundamento al conocimiento –el

antifundacionalismo–, tomar en consideración la intencionalidad del sujeto y el carácter

público del lenguaje.

Referencias Documentales

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CIENCIA Y FILOSOFÍA DEL DERECHO

SCIENCE AND PHILOSOPHY OF LAW

Cristina Fuertes-Planas Aleix

Universidad Complutense de Madrid (España) [email protected]

RESUMEN:

La filosofía de la ciencia tiene como objeto de investigación el conocimiento científico, es

decir, cómo se conoce la ciencia, así como los problemas prácticos que pueden darse en la

práctica científica, tema relacionado con la teoría del conocimiento y con el método lo que,

normalmente será acometido por parte de filósofos, aunque una buena parte de científicos,

partiendo del pensamiento griego, se han interesado en este ámbito de conocimiento

Si podemos afirmar la existencia de una “ciencia del Derecho” que, tradicionalmente se

denomina “dogmática jurídica”, también existirá una “filosofía de la ciencia del Derecho”,

como así ha sido elaborada por eminentes iusfilósofos.

PALABRAS CLAVE: Filosofía y ciencia, ciencia del Derecho, Filosofía del Derecho, teoría

del conocimiento, método.

KEY WORDS: Philosophy, science, philosophy of science, science of law, theory of

knowledge, method.

ABSTRACT:

Philosophy of science aims to research scientific knowledge, that is, how science is known, as

well as practical problems that may occur in practice science, issue related to the theory of

knowledge and the method, what would normally be undertaken by the philosophers,

although much of scientifics, starting from Greek thought they have been interested in this

field of knowledge.

If I can confirm the existence of a science of law which traditionally it is called legal

doctrine, there will also be a philosophy of de science law as well it has been prepared bye

eminent legal philosophers.

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1. INTRODUCCIÓN

La filosofía de la ciencia tiene como objeto de investigación el conocimiento científico,

es decir, cómo se conoce la ciencia, así como los problemas prácticos que pueden darse en la

práctica científica, lo que se encuentra íntimamente relacionado con la teoría del

conocimiento y con el método lo que, normalmente será acometido por parte de filósofos,

aunque una buena parte de científicos, partiendo del pensamiento griego, se han interesado en

este ámbito de conocimiento, aunque sólo se ha utilizado el término “filosofía de la ciencia” a

principios del siglo XX, en el ámbito del denominado “Círculo de Viena”, como consecuencia

del gran impulso científico de la época, en la que se desarrolló la teoría de la relatividad y la

mecánica cuántica.

Los filósofos de la ciencia más importantes del siglo XX son KARL R. POPPER,

THOMAS KUHN, PAUL FEYERABEND, IMRE LAKATOS, etc.

Estas aportaciones de la filosofía de la ciencia se han aplicado al mundo del Derecho,

ya que si se puede predicar la existencia de una “ciencia del Derecho” que, tradicionalmente

se denomina “dogmática jurídica”, también existirá una “filosofía de la ciencia del Derecho”,

como así ha sido elaborada por eminentes iusfilósofos.

No se pueden ocultar los problemas inherentes a estos planteamientos por varios

motivos: a) La negación del estatuto científico del Derecho (como señaló von KRICHMANN:

tres palabras del legislador y bibliotecas enteras se convierten en papeles inútiles), en cuanto

el objeto de estudio, al igual que el de otras parcelas sociales y de humanidades, además de

contingente y no cuantificable, es sumamente mutable; b) Las soluciones que utilizan los

juristas para la resolución de problemas no encajan de modo exacto con una lógica formal,

como lo hacen otro tipo de ciencias; c) El esoterismo de la ciencia del Derecho, es decir, su

carácter misterioso, casi mágico, comprendido tan sólo por quienes se dedican a su estudio; d)

Porque la ciencia del Derecho tampoco cuenta con un rigor metodológico como el de otros

saberes científicos.

No obstante, se han elaborado multitud de aportaciones para tratar de dilucidar cómo

tiene que ser el saber jurídico para considerarse científico, es decir, para saber si las

afirmaciones que nos proporciona la ciencia del Derecho son o no verdaderas.

Todas las aportaciones realizadas por la filosofía de la ciencia, en cuanto investigación

del conocimiento científico, ya sea observando la ciencia como un producto de la lógica y la

razón (empirismo lógico y falsacionismo); como la reacción a tales postulados excesivamente

“angostos” (historicismo, cultura); como otras más modernas (estructuralismo, semántica,

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naturalismo, sociologismo, realismo, etc.), para predicar la existencia de lo “realmente

científico”, así como de los métodos adecuados aplicables, han sido trasladados, con mayor o

menor acierto, al ámbito de la ciencia del Derecho.

Resulta necesario distinguir entre el propio Derecho, que utiliza un lenguaje

prescriptivo, y su ciencia -dogmática jurídica-, que es descriptiva, ya que señala cómo es la

ciencia del Derecho pero, como ponen de relieve muchos juristas, también es prescriptiva, en

cuanto intenta influir en las conductas.

Por otra parte, para los juristas -no así para los expertos en metodología externa al

propio Derecho- lo más importante no es la catalogación o no del saber jurídico como un

saber científico que, naturalmente, dependerá de la misma concepción que tengamos de la

ciencia, para atribuirle o no estatuto científico, sino poder llegar a comprender el

funcionamiento, en cuanto a la posibilidad de conocimiento, de quienes se dedican -

científicos o jurisprudentes- al estudio del Derecho.

2. EL TRÁNSITO DE LA FILOSOFÍA OBJETIVISTA A LA SUBJETIVISTA,

El punto de partida de una filosofía objetivista es la admiración hacia lo que nos rodea.

La ontología jurídica se preocupa, en efecto, de lo que el Derecho es en sí mismo, en el ser del

Derecho, y esta reflexión es propia de la etapa anterior al racionalismo.

Por el contrario, a partir de KANT la actitud se desplaza hacia el sujeto y sus juicios

(desconfianza y duda).

“Ya que no tenemos absoluta certeza de que nuestros sentidos no nos

engañen, ni tampoco de que no cometamos errores una y otra vez en nuestras

aspiraciones de conocimiento, y dado que con demasiada frecuencia tenemos

que experimentar que nuestro pensamiento nos introduce en contradicciones

insalvables, preciso será ante todo que pongamos en cuestión todo aquello

que sea susceptible de percepción y de saber, de tal modo que se demuestre

qué es lo que se resiste a la duda radical y, por tanto, puede valer realmente

como certeza” ( KAUFMANN, 1992: 38).

La reflexión se sitúa en torno a cómo puede conocerse el derecho (no a qué es el

Derecho realmente). Se tratará de saber si es posible un conocimiento verdadero del derecho y

si es posible hablar de una ciencia del Derecho, produciéndose una evolución en el sentido de

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cuestionarse el carácter científico del derecho comparándolo con el conocimiento de la

ciencia natural.

Cabe preguntarse por la naturaleza del conocimiento acerca del Derecho; si se trata de

un conocimiento cierto y seguro que permite alcanzar conclusiones estables, o si estamos ante

un saber impreciso, sometido a duda y discusión. Esta cuestión se encuentra íntimamente

relacionada con la naturaleza misma del Derecho, si sobre él se producen una pluralidad de

conocimientos en lugar de uno solo y si esos diferentes conocimientos tienen el mismo valor.

La consideración de la existencia de una diversidad de conocimientos jerarquizables entre sí

se remonta a Aristóteles, y a partir de él se ha venido hablando de grados de conocimiento: a)

conocimiento vulgar, proporcionado por la experiencia inmediata; b) conocimiento científico,

reflexivo y que proporciona una visión sistemática; c) conocimiento filosófico, que trata de

conocer las causas últimas y profundas de las cosas.

El saber técnico o instrumental es especializado porque requiere fórmulas cuyo

conocimiento precisa de un estudio previo. La técnica supone un conjunto de operaciones a

través de las que adaptan medios adecuados a los fines buscados o queridos. Jurídicamente, es

el propio de las personas cuya profesión es la de aplicar las leyes, costumbres y principios

generales del Derecho a los hechos, es decir, -en sentido estricto- la labor que realizan los

jueces y magistrados y, en sentido amplio, quienes, de algún modo, ayudan a la aplicación de

la norma.

3. CIENCIA Y TEORÍA DE LA CIENCIA

3.1 Concepto de Ciencia

La voz “Ciencia” es ambigua y vaga, produciéndose dudas acerca de si el vocablo es

usado en un contexto para descubrir una serie de actividades o procedimientos científicos, o el

conjunto de proposiciones que resultan de tales actividades (CHALMERS, 1998; HEMPEL,

1988).

“El sentido común no puede ser juez autorizado de la ciencia, y el intento de

estimar las ideas y los procedimientos científicos a la luz del conocimiento

común u ordinario exclusivamente es descabellado: la ciencia elabora sus

propios cánones de validez y, en muchos temas, se encuentra muy lejos del

conocimiento común, el cual va convirtiéndose progresivamente en ciencia

fósil” (…) Aunque no están tan alejados, ya que “tanto el sano sentido común

cuanto la ciencia aspiran a ser racionales y objetivos: son críticos y aspiran a

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la coherencia (racionalidad), e intentan adaptarse a los hechos en vez de

permitirse especulaciones sin control (objetividad)”. (BUNGE, 1989:20).

Toda ciencia se basa en la experiencia, y el Derecho será objeto de la ciencia, en la

medida en que sea objeto de experiencia. Mientras que el racionalismo jurídico realizó un

esfuerzo enorme para construir una ciencia del Derecho fuera del ámbito de la experiencia

jurídica, la Escuela Histórica significó una ontologización del Derecho positivo con la

finalidad de construir sobre él la única Ciencia del Derecho.

Se podría decir que la distinción entre normas y proposiciones normativas nos permite

separar el Derecho de la Ciencia jurídica, pero esto no es del todo cierto ya que no constituyen

dos esferas totalmente diferentes y, en ocasiones, es absolutamente imposible establecer esta

distinción. Esta clase de ambigüedad se denomina de proceso-producto, ya que con el vocablo

“Ciencia”, nos referimos tanto a la actividad como a su resultado. El término “Ciencia” es

también vago, ya que no se puede enunciar una propiedad común a todos sus usos y, finalmente,

tiene una carga emotiva favorable, ya que produce reacciones favorables. En el término

“Ciencia”, hay una zona cuyo uso que no ofrece dudas, mientras que existe otra zona de

penumbra, en la que el uso de este vocablo no está claro.

El concepto de Ciencia jurídica, en el pensamiento jurídico moderno se refiere a forma

de saber cuyo objeto, ya sean hechos naturales, ya creaciones humanas son temporales, y se

tratan de describir, explicar y comprender, bien reduciéndolos a leyes generales, ya

tratándolos en su singularidad, insertándolos en una serie causal y tratando de fijar su esencia,

al contrario de la Filosofía del derecho cuyo punto de vista formal del que parte no es previo.

La ciencia tiene prefijado de antemano su objeto de estudio (formalmente parte de la

previa posesión del objeto) y tiene que desentrañar cómo es. Sus conocimientos son seguros,

aunque no puede satisfacer las necesidades intelectuales en su totalidad (NEUMANN, 1992:

351).

La expresión “teoría de la ciencia” no suele ser frecuente en los manuales de filosofía

del derecho ni de metodología jurídica, lo que no significa que no existan problemas al

respecto. “La renuncia a tener conocimiento de la discusión teórico-científica implica asumir

un inevitable déficit de reflexión en la ciencia jurídica -a menos que ya de antemano se

considere que la discusión teórico-científica es irrelevante para la ciencia jurídica”

(BUNGE, 1989:32).

Habitualmente, cuando se reflexiona sobre la ciencia sin utilizar un lenguaje científico -

modo propio de filósofos de la ciencia, estamos ante un lenguaje metacientífico, aunque es

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posible que un mismo autor realice ambas tareas. De hecho, existen disciplinas que son

científicas (historia de la ciencia). Aplicado al mundo del Derecho, cabría distinguir:

a) Derecho positivo: normas, instituciones.

b) Ciencia del Derecho, que no siempre puede distinguirse del Derecho: Jurisprudencia,

Sociología del Derecho, Teoría General del Derecho, Derecho Comparado.

c) Teoría de la Ciencia Jurídica: descripción y propuesta de modelos de las ciencias

jurídicas.

3.2 Características en el conocimiento de las ciencias naturales

3.2.1 La verificabilidad

Ciencia (ciencias naturales) es toda disciplina que utiliza un método científico para

poder formular leyes generales. Este método, para las corrientes empiristas y positivistas es el

verificacionismo-inductivista (nomotético o generalizador), consistente en solucionar un

problema y a través de un procedimiento inductivo establecer una ley general con dicha

solución, que servirá para solucionar todos los problemas iguales que se produzcan con

posterioridad (NEUMANN, 1992: 351)).

3.2.2 La falsabilidad

Sin embargo, contra el inductivismo se reveló KARL POPPER (POPPER, 1965),

señalando que el proceso de la ciencia se realiza a través del método de ensayo y error. Una

teoría no es la verdadera, la ciencia no tiene un valor absoluto y objetivo, sino que en cada

momento histórico se acoge la mejor teoría existente en ese momento. El verificacionismo

pretende dicha validez absoluta y objetiva, lo que se contradice con el carácter histórico del

conocimiento humano. Con estas premisas se negaría el carácter científico de las ciencias

sociales empíricamente incontrastables.

Expresa POPPER que, aun cuando no se pueda afirmar la existencia de una teoría

verdadera, si podemos expresar que existen falsas teorías y en ello consistiría la realización del

experimento para probar las teorías, rechazando las que no resistan tal prueba (quedarían

falseadas).

3.2.3 El método

Se trataría de encontrar un método que nos permitiera afirmar la veracidad de las teorías

científicas, lo que resulta harto difícil.

Por estas dificultades algunos autores (FEYERABEND, 1981) han señalado la validez del

pluralismo metodológico, y otros (LAKATOS, 1975) indican la necesidad de mejora del modelo

de ciencia de POPPER.

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3.2 4 No dogmático y abierto, capaz de revisar sus propios presupuestos, progresivo.

No existen un conjunto de teorías que se van sucediendo, ni se producen explicaciones y

predicciones cada vez más exactas, sino que la ciencia se rige por un solo paradigma (conjunto

de leyes, supuestos teóricos y principios metafísicos u ontológicos que los científicos normales

que trabajan en el ámbito de dicho paradigma aceptan sin discusión (KUHN, 1979). El espíritu

dogmático es superior al crítico. En los periodos normales, expresa el autor, el progreso

científico se caracteriza por la aceptación del mismo paradigma por parte de los científicos, se

utiliza el mismo lenguaje observacional y resulta posible la elección de la teoría más progresiva.

Sin embargo, en las etapas extraordinarias, en las que un paradigma va a ser sustituido por otro,

no es posible dilucidar qué teoría es la mejor, ya que los lenguajes observacionales son

diferentes.

3.2.5 Neutral

Supone la ausencia de ideas de valor o ideologías. Sin embargo, en la actualidad se

reconoce la conexión entre ciencia y filosofía, ya que el científico parte, ineludiblemente, de

presupuestos ontológicos o valorativos..

3.2.6 Ciencias históricas o sociales

No tendrían cabida en estos parámetros rigurosamente científicos, ya que no pueden

formular leyes generales que se basen en comportamientos regulares y constantes de un objeto,

pudiendo hacer predicciones con absoluta certeza y seguridad.

3.3 Características de las ciencias sociales

3.3.1 Naturaleza y Cultura

Existen dos órdenes de realidades: el natural o físico natural y el cultural, que se

corresponden con “necesidad” y “libertad”, frente a “causalidad” y “finalidad”, lo que se

corresponde, a su vez, con el mundo del ser, en el que las cosas son necesariamente; y el mundo

del deber ser, que se producen en en un sentido, sin que pueda asegurarse que efectivamente

suceda así.

Las leyes de la Naturaleza son indicativas, descriptivas de fenómenos; las de la Cultura son

prescriptivas, ya que ordenan comportamientos. Su distinción fundamental la encontramos en los

resultados; las relaciones, en el ámbito de la naturaleza, se rigen por el principio de causalidad,

mientras que en el ámbito cultural conllevan juicios de valor y adecuación de medios a fines

(FERNÁNDEZ GALIANO, 1972:368). Las ciencias naturales investigan hechos naturales; las

culturales y sociales acciones humanas, comportamientos. En las ciencias sociales hay una

identidad entre sujeto y objeto, mientras que en las ciencias naturales el distanciamiento es

mayor.

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3.3.2 Ciencias nomotéticas e idiográficas

Para superar la “acientificidad” de la ciencia jurídica, el neokantismo alemán se desarrolla

en dos direcciones:

a) Considerando la ciencia como histórica o cultural.

b) Configurándola como ciencia formal pura.

La escuela sudoocidental neokantiana (WINDELBAND, RICKERT) clasificó las ciencias,

atendiendo al método, en (ATIENZA, 1991:215):

a) Ciencias nomotéticas, que utilizan un método generalizador, es decir, que elaboran

conceptos generales.

b) Ciencias idiográficas, que atienden a los fenómenos en cuanto tienen de individuales; es

un método individualizador o valorativo, cuyos resultados no pueden ser contrastados

empíricamente y no son generalizables. Se corresponden con las ciencias de la naturaleza

y las ciencias del espíritu, lo que vendría a coincidir con la clasificación de DILTHEY

entre ciencias naturales y ciencias espirituales.

El Derecho sería una ciencia histórico-cultural (RADBRUCH, 1997: 158), con las

características de: a) Comprensiva, no explicativa; b) Individualizadora, el interés por la ley

del jurista tiene por objeto casos singulares, no leyes generales; c) Cultural, ya que su objeto

ha sido creado por el hombre; d) Valorativa, ya que juzga en referencia a valores. Sin

embargo, la ciencia del Derecho utiliza un método individualizador, ys que tiene por objeto

un derecho concreto; así como un método generalizador, ya que debe elaborar conceptos

generales.

Para el neokantismo formal (STAMMLER, 2007: 63-122) el Derecho pertenece al

mundo de la voluntad, no al de la naturaleza, existiendo libertad para elegir fines y medios.

Es una voluntad vinculante de unos con otros hombres, no a nivel individual; voluntad

vinculante permanente, independientemente de los individuos vinculados y de carácter

inviolable.

La principal característica de las ciencias sociales es que no pueden ser objeto de

demostración, no pueden contrastarse empíricamente; por ello no pueden hacerse

predicciones. Su conocimiento es plausible. Se puede defender más o menos, pero no es

objetivo. No pueden ser objeto de verificación, razón por la que ciertos autores han negado

su carácter científico.

4. Ciencia jurídica y teoría analítica de la ciencia

El empirismo moderno, unido a la teoría analítica de la ciencia consideró que las

proposiciones elaboradas por una disciplina pueden delimitar la ciencia empírica de las ciencias

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formales (lógica y matemáticas) y frente a la metafísica, siendo propio del empirismo la

verificación o ratificación de los enunciados que no son ni verdaderos ni falsos desde el punto de

vista lógico.

La ciencia jurídica se limitaría a las proposiciones verificables, describiendo actos

legislativos y decisiones judiciales, aunque excluiría el campo de la toma de decisiones, no

pudiendo el juez predecir veredictos deforma empírico-sociológica. Ya que la ciencia jurídica es

dogmática y no empirista, no tendría auténtico carácter empírico.

4.2 ¿Son verificables las proposiciones jurídicas?

De estos temas se han ocupado los tratadistas pertenecientes al Círculo de Viena

(HEMPEL, CARNAP, REICHENBACH), introduciendo el neoempirismo lógico. Esta

corriente doctrinal se caracteriza:

a) Por la distinción entre contexto de descubrimiento y de justificación, poniendo su objeto de

atención primordial en el último. A estos autores les interesa fundamentalmente la ciencia

como resultado, pretendiendo justificar la validez de las proposiciones de la ciencia.

b) Por la utilización del principio de verificación como criterio para delimitar los enunciados

significativos, manteniendo que un enunciado es significativo sólo si es verificable. Los

resultados de la ciencia sólo pueden ser formulados en enunciados significativos, las

proposiciones metafísicas no son auténticas proposiciones ya que no son significativas, por

lo que, en sentido estricto deberían eliminarse las proposiciones metafísicas, valorativas e

ideológicas.

5. ¿Se puede aplicar el modelo falsacional a la ciencia jurídica?

“La teoría que cree posible la comprobación de las teorías científicas sólo mediante

la falsación y no mediante su verificación, está de acuerdo con la imposibilidad

lógica de derivar un enunciado universal de carácter ilimitado a partir de un número

limitado de enunciados singulares; por ello el principio inductivo, que posibilita esa

derivación, es objeto de una crítica demoledora por parte de los defensores del

modelo falsacional” (NEUMANN, 1992:355-356).

Popper se inclina, como hemos comprobado, por el rechazo del principio de

inducción, tanto en el contexto de descubrimiento como en el de justificación, ya que

señala que no puede demostrarse que un enunciado universal es verdadero, aunque sí

puede demostrarse su falsedad. Por esta razón las teorías científicas pasarían a ser

provisionales, sólo podrían confirmarse de modo indirecto, a través del fracaso de los

ensayos de falsación, sólo serían teorías científicas las que no hubieran sido refutadas.. No

obstante, Popper se basa en el principio de simplicidad, esto es, partiendo de la idea de

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que en la ciencia sólo se encuentran hipótesis sencillas, sin relaciones entre sí, pero las

teorías científicas están compuestas por un sistema complejo de hipótesis, enunciados

universales y enunciados particulares. Por ello:

“Sostener que se puede establecer de una vez por todas la metodología de la ciencia

y su aplicación mecánica, tanto en el contexto del descubrimiento como en el de la

justificación, raya en la utopía” (CALSAMIGLIA, 1990:36).

La alternativa entre verificación y falsacionismo es un camino demasiado angosto

para la ciencia jurídica. Las teorías de la ciencia jurídica no pueden verificarse, pero

tienen que fundamentarse.

La filosofía de la ciencia contemporánea se ha desarrollado en el ámbito de la

filosofía analítica (MUGUERZA, 1981), y se caracteriza porque:

a) Reduce la ciencia a lenguaje y la labor del filósofo analítico al análisis lógico de dicho

lenguaje; b) Se puede distinguir entre un lenguaje teórico y un lenguaje observacional y

unas reglas de correspondencia que unen uno y otro. La independencia entre teoría y

observación hacen que pueda hablarse de verificación y progreso científico; c)

Separación entre contexto de descubrimiento (la ciencia se observa como proceso -la

ciencia como es; esta función no le corresponde a los filósofos, sino a los sociólogos e

historiadores de la ciencia) y contexto de justificación; o bien como resultado -la ciencia

como debe ser-; este sería el único que considera el filósofo analítico. Se trataría de

descubrir las reglas del método científico.

Sin embargo, frente a la filosofía analítica, como hemos comprobado anteriormente, se

han manifestados autores como KUHN, LAKATOS o FEYERABEND, ya que: a) La ciencia

no puede reducirse a lenguaje, ya que otros aspectos 8comunidad de científicos, instituciones,

etc., tienen gran importancia, b) No hay una diferencia tajante entre teorías y hechos; lenguaje

teórico y observacional; c) Resulta dificultosa la diferencia entre contexto de descubrimiento

y contexto de justificación.

La ciencia jurídica, en efecto, trabaja con conceptos, tales como “persona Jurídica”,

“propiedad”, etc., que no se relacionan con datos empíricos; a ello se debe la dificultad de

reconducirlos a conceptos empíricos desde la teoría analítica de la ciencia.

6. La cientificidad de la ciencia jurídica

Uno de los problemas más importantes que se plantean actualmente en torno a la

epistemología de las ciencias sociales es el objeto de las mismas, así como el de la explicación

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de las ciencias sociales y humanas ya que, aunque algunos autores sean partidarios de su unidad

fundamental, (debido a que la observación, explicación y previsión son tres pasos comunes a

uno y otro tipo, y, en todo caso, las diferencias serían relativas a técnicas de investigación y

justificación), lo cierto es que desde finales del siglo XIX se trata de defender la idea de un

pluralismo (todas las corrientes próximas al planteamiento de MAX WEBER). Hay, incluso,

quien ha entendido que las ciencias sociales no tienen carácter científico sino filosófico

(WINCH).

Existen dos periodos diferentes en cuanto al concepto de ciencia del Derecho: a) El

anterior al siglo XIX; b) La ciencia jurídica moderna, a partir del del siglo XIX que, a su vez,

tiene tres manifestaciones: 1) La Escuela de la Exégesis, en Francia; 2) La Escuela histórica del

Derecho, en Alemania; y, 3) La Jurisprudencia analítica, en Inglaterra. Todas estas

manifestaciones tienen como objeto de estudio el derecho positivo, pero todas ellas se han

cuestionado el carácter científico de la jurisprudencia o ciencia del Derecho y se han postulado

diversas soluciones: (ATIENZA, 1991:197):

1) Diferenciar aspectos estructurales (formales) y de contenido, con lo que se produce una

ciencia del Derecho formalista, que olvida que el Derecho es un producto histórico y

social. El modelo que se sigue es el de las ciencias deductivas o formales. La tarea más

importante del jurista es la interpretación de la ley. Conciben el Derecho como un

conjunto de normas y la tarea jurisdiccional consiste en decir el Derecho (Escuela de la

Exégesis, Jurisprudencia de conceptos, primer IHERING). Es propio de un ordenamiento

cerrado, que no admite más fuentes del Derecho que la ley.

2) Diferenciar el Derecho como fenómeno normativo y como fenómeno empírico

(concepción sociologista). El modelo que se sigue es el empirista (hechos).

Existe también una metodología de estilo finalista, que tiende a ver el derecho como

una forma de resolución de conflictos y es más flexible en cuanto a la interpretación de la ley,

admitiendo criterios metajurídicos o no estrictamente normativos, por lo que si de la

aplicación de la ley se obtiene un resultado justo y en caso contrario, adoptarían otros

criterios. Tratarían de observar cuál es el interés jurídicamente protegido y justificarían una

jerarquía de intereses.

Como dificultad añadida, hay que tener en cuenta que cuando hablamos del saber

acerca del Derecho, jurisprudencia o dogmática jurídica, nos estamos refiriendo a un objeto de

estudio que es el Derecho vigente, esto es, en un lugar y en un momento determinados, es

decir, el objeto de estudio es contingente.

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Por esta razón, desde la segunda mitad del siglo XIX se escuchan constantemente los

ecos de la afirmación de von KIRCHMANN, señalando el carácter no científico de la

dogmática jurídica, al propio tiempo que se confeccionan diferentes modelos y

clasificaciones de ciencias donde encuadrar a la ciencia del Derecho.

Los puntos más controvertidos en torno a la caracterización de la ciencia jurídica como

una auténtica ciencia son: el objeto, el método y la verificación, por lo que vamos a referirnos

a cada uno de ellos.

6.1 El problema del objeto

6.1.1 Ciencia, arte y prudencia

La polémica en torno al concepto de ciencia aparece con el modelo de ciencia de

ARISTÓTELES, es decir, el conocimiento metódico del ente a partir de sus principios, para

lo que resulta imprescindible tanto la existencia previa del objeto como su inmutabilidad. Pero

si se ocupa de ordenamientos jurídicos, sujetos a cambio histórico, sólo puede ser considerada

como arte o como prudencia.

Existen antecedentes históricos en los que se considera a la dogmática jurídica

Jjurisprudencia), como una técnica. En el Digesto hay ocasiones en que aparece como una

ciencia (iusti atque iniusti scientia), y en otras como una técnica (ars boni et aequi). En la Edad

Media parece que en cuanto a su aspecto teórico se considera como ciencia, y en cuanto a su

aspecto práctico como una técnica. En el Renacimiento, junto a los métodos matemáticos y

lógicos aparecen los experimentales, la ciencia moderna. De acuerdo con Bobbio (BOBBIO,

1990: 174) se produjo una duplicidad de saberes, es decir, una jurisprudencia real (actividad

pragmática, técnica), y una verdadera ciencia del Derecho que a veces se creyó encontrar en el

Derecho natural y otras en la jurisprudencia general, sociología, psicología, lógica jurídica etc.

Por lo que respecta al saber técnico o instrumental: Se trata de un saber especializado

porque requiere fórmulas cuyo conocimiento precisa de un estudio previo. Jurídicamente, es el

propio de las personas cuya profesión es la de aplicar las leyes, costumbres y principios

generales del Derecho a los hechos. O sea, en sentido estricto, los Jueces y magistrados y, en

sentido amplio, quienes, de algún modo, ayudan a la aplicación de la norma.

La ciencia jurídica se encuentra, en consecuencia, con una conceptualización insuficiente,

teniendo en cuenta la dificultad para distinguir entre objeto-real y objeto de conocimiento, entre

Derecho-arte y Derecho-ciencia. El primero hace referencia al conjunto de técnicas para

solucionar posibles conflictos sociales y el segundo hace referencia al conocimiento de dicho

arte.

6.1.2 Inmutabilidad del objeto

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Indudablemente, la crítica más feroz contra el carácter científico de la dogmática jurídica es la

protagonizada por el fiscal prusiano von Kirchmann (KIRCHMANN, 1961) en un escrito

titulado La Jurisprudencia no es Ciencia, el cual recogía una Conferencia dictada en 1847. El

argumento es el de que el objeto de estudio de la Jurisprudencia, el Derecho positivo, es

cambiante y contingente, no susceptible de conocimiento científico. Debido a la variabilidad de

su objeto, los resultados de la Ciencia del Derecho son efímeros.

Von KIRCHMANN parte de un concepto de ciencia (aristotélico), que podemos resumir

(CALSAMIGLIA, 1990:53-54):

a) El único método que puede producir una verdad objetiva es el experimental; las leyes

inmutables de la naturaleza se pueden descubrir a través de la observación. El investigador

debe recoger los hechos, clasificarlos, a través de una observación neutral, carente de ideas

preconcebidas.

b) Lo singular no puede conocerse, el saber sobre la naturaleza se reduce a nociones universales

y necesarias, sólo cabe lo general. Hay que descartar lo particular y singular. Sólo es estable

lo general, se puede formular en leyes constantes e inmutables.

Si aplicamos estas afirmaciones a la jurisprudencia:

1) El objeto de la jurisprudencia es contingente, variable (el derecho positivo). No puede ser

una ciencia. Si su objeto fuera universal e inmutable sí sería una ciencia, ya que podría

reducirse a leyes generales y constantes.

2) En la jurisprudencia no hay progreso. En todas las ciencias se puede iniciar una

investigación a partir de una base firme, en la jurisprudencia no, es estacionaria. Se

encuentra en un círculo vicioso; las discusiones se replantean una y otra vez. Aboga por la

utilización del método experimental que, aunque más incómodo que el tradicional

(derecho romano), puede asegurar el progreso del saber jurídico.

3) La jurisprudencia es inútil, toda su actividad tiende a remediar los graves errores

producidos por el carácter abstracto de la ley. La única función que considera importante

es la legislativa, pero esta es objeto de la política legislativa y no de la jurisprudencia.

Quienes sostienen que la jurisprudencia no es una ciencia sino una técnica,

manifiestan que si pudiera ser considerada así, el hecho de que su objeto sea contingente sería

una “característica estructural de la investigación técnica”. En cuanto al progreso, sería

técnico y no científico, no trata de explicar, sino de obtener un resultado práctico; la regla

técnica será tanto más valiosa cuanto mayor sea su eficiencia para poder resolver los

problemas planteados. La Dogmática tampoco sería inútil, ya que un sistema que disponga de

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una dogmática adecuada resolverá mejor los problemas que quien no lo tenga (ATIENZA,

1991:281-282) )

En este sentido Santiago Mir (MIR, 1978:649-664) expresa:

“No niego que el derecho sea también susceptible de una consideración meramente

especulativa, pero no es esa la función en que está comprometida la dogmática, y

elegir este punto de vista sería pervertir su sentido. Se caería con ello en una

dogmática para sí misma, que merecería las críticas que hace ya tiempo vienen

dirigiéndose a la ciencia jurídica. La única vía para evitarlo es fijar como método de

la dogmática el servir a fines prácticos y reconocer que no posee naturaleza de ciencia

teorética sino de ciencia aplicada, tal vez menos brillante, pero única que no traiciona

la función social de nuestra disciplina.

Queremos insistir, no obstante, en que la caracterización de la dogmática jurídica como

ciencia o como técnica, como hemos tenido ocasión de comprobar, es tradicional y han

existido y siguen existiendo multitud de posturas en este sentido y quienes están radicalmente

en contra de la caracterización de la ciencia jurídica como técnica. En este sentido se ha

señalado que el criterio de inmutabilidad del objeto debería utilizarse como criterio de

división de las ciencias, y no como criterio de delimitación de las mismas, respecto de lo que

no es ciencia. Así es como se ha procedido a la clasificación de las ciencias (RODRÍGUEZ

MOLINERO, 1993:152-153).

6.2 El problema del método

Si se concibe la ciencia como una actividad intelectual y planificada, dirigida a la

obtención de conocimientos (RADBRUCH, 1997), la pretensión de la ciencia jurídica de

poseer el estatus de una ciencia real estará fundamentado, ya que el trabajo jurídico es una

actividad planificada. Si se precisa el concepto de ciencia como un proceder comprobable

racionalmente que utilizando determinados métodos de pensamiento, desarrollados teniendo

en cuenta el objeto, trata de obtener conocimientos ordenados (LARENZ, 2001), remite “al

presupuesto esencial de toda actividad científica, a saber: la posibilidad de verificación

racional de las tesis defendidas. Este criterio de verificación señala, a su vez, un punto

central de discusión en la teoría analítica de la ciencia” (NEUMANN, 1992:353-354).

La reflexión sobre el método y el contenido de la ciencia jurídica dogmática es un tema

clásico de la filosofía jurídica. Siempre ha permanecido la idea de que la calificación científica

dependía del método elegido.

El método racionalista clásico, cuyo exponente más representativo se encuentra en la figura

de Descartes es deductivo, matemático y su origen se encuentra en la razón. De las primeras

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proposiciones, que son evidentes y no necesitan demostración se van deduciendo lógicamente

nuevas proposiciones, que no necesitan demostración y son ilimitadas.

Se ha venido expresando que la Ciencia sería un cuerpo de doctrina metódicamente

ordenado y sistematizado sobre un sector. Siendo sus elementos un conjunto de conocimientos

que versan sobre un objeto, adquiridos y elaborados siguiendo un método, y ordenados en un

todo ausente de contradicciones (sistema).

Al método racionalista le sigue el empirista, el método experimental preconizado por

Bacon. Consiste en la observación de los hechos y en su registro, después se analizan y clasifican

y, finalmente se formulan generalizaciones a través de un método inductivo. “La objetividad del

conocimiento viene garantizada por la ausencia de ideas preconcebidas y de hipótesis. El

método experimental garantiza la verdad de los descubrimientos científicos” (CALSAMIGLIA,

1990: 25-26). Este método plantea ciertos problemas que lo hacen inviable de cara al

conocimiento científico del Derecho:

a) No puede emprenderse una investigación científica sin conjeturas previas, ya que hay que

discernir acerca de cuáles hechos deben observarse, hay que realizar una clasificación con un

criterio previo.

b) Se plantea el problema de la inducción ya que se observan hechos concretos y singulares,

mientras que las proposiciones de la ciencia son universales. “El problema de la inducción

es como establecer la verdad de enunciados universales a partir de la experiencia. Es cierto

que la experiencia enseña que de una regularidad observada se puede inducir una ley

general, pero también es cierto que, como dice Popper, ‘el intento de fundamentar el

principio de inducción en la experiencia lleva inevitablemente a un regreso al infinito”

(CALSAMIGLIA, 1990:20).

7. La Jurisprudencia como ciencia dogmática

Por otra parte, la jurisprudencia es dogmática porque supone la aceptación previa de

ciertos puntos -dogmas- (normas, no se trata de hechos experimentales), pero por otra parte,

esto puede aumentar las posibilidades de decisión del sistema, haciéndolas relativamente

previsibles, y además, estos dogmas pueden ser objeto de cambio.

Ser dogmático significa aceptar previamente un principio sin someterlo a crítica

racional, lo que puede chocar con la defensa del carácter científico de la jurisprudencia

(BUNGE, 1989).

E. Díaz (DÍAZ, 1993:72-73), señala que hay investigación en el pensar dogmático

(desentrañar el sentido de una norma en la Dogmática jurídica) y hay "dogmas" en el campo del

pensar investigador. El problema, en alto grado, es terminológico. Lo que no se puede es volver a

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una Dogmática jurídica no investigadora del Derecho, no reelaboradora, simplemente repetidora

de fórmulas (normas) mecánicamente aplicadas. Por todo ello, se pretenderá que el elemento

lógico-constructivo observe las normas positivas para obtener, por inducción, conceptos cada vez

más amplios, ordenados y jerárquicamente trabados (HERNÁNDEZ MARÍN, 1984).

Este saber acerca del Derecho ha sido denominado además “ciencia jurídica”,

“Jurisprudencia”, “doctrina jurídica”.

Su objeto de estudio es el Derecho vigente en un determinado lugar y momento

histórico, es decir, un derecho nacional cuyo objeto de estudio es plural y diverso, lo que no

impide que los derechos positivos puedan agruparse en familias o sistemas (sistema

Continental o Romano-germánico; sistema del Common Law, etc.). En nuestro caso,

podríamos referirnos a la ciencia jurídica europea.

7.1 Características, objeto y función de la dogmática jurídica

1) Su objeto de estudio es un sistema jurídico dotado de vigencia (lo que la diferencia de la

teoría general del derecho, del derecho comparado y de la Historia del derecho)

2) Las proposiciones de la dogmática jurídica se realizan desde un punto de vista interno; lo que

significa: a) Quien las emite acepta las normas vigentes y es al propio tiempo destinatario de

las mismas. Esto permitiría distinguirla de la sociología del Derecho; b) Quien las emite no

considera las normas como simples fines para la obtención de unos medios (existe una cierta

aproximación entre el sujeto y el objeto). Esta característica la diferenciaría de la Política

jurídica.

De cualquier manera, hay que tener en cuenta que algunos autores (KELSEN, HART,

WEBER, LUHMAN: los dos primeros juristas y los restantes sociólogos) han defendido la

autonomía de la dogmática frente a la sociología, pero hay otros que han pretendido integrar una

y otra (Ross) y otros han abogado por la sustitución en buena medida de la dogmática por la

sociología (EHRLICH, GEIGER). Ello significa que no es posible evitar en la actividad

dogmática una dimensión sociológica e incluso política, siempre que se establezca un límite.

3) La Dogmática cumple tres funciones:

– Suministra criterios para la aplicación de las normas vigentes.

– Suministra criterios para el cambio del Derecho.

– Elabora un sistema conceptual.

Así, las funciones que tiende a desenvolver son las de suministrar criterios para la

interpretación y aplicación del Derecho vigente; ofrecer pautas para lograr el cambio del

Derecho, y elaborar un sistema conceptual que permita llevar a cabo las labores citadas. No debe

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únicamente, ni siquiera con preferencia, aparecer como obstáculo que el jurista no pueda

sobrepasar en su tarea aplicadora del Derecho positivo.

“La comunidad dogmática posee un poder de mediación entre el derecho legislado y el

derecho aplicado. Ese poder político no está legitimado y precisamente por esto se le ha

intentado legitimar como si fuera una ciencia”. También “realiza una función de adaptación del

derecho a las nuevas necesidades sociales sin que sea necesario replantearse continuamente la

modificación del derecho legislado” (CALSAMIGLIA, 1990:142).

Por otra parte, la Dogmática es un saber normativo, ya que: a) su objeto son las normas

(aunque existen también enunciados no estrictamente normativos como definiciones y principios,

y además, en la interpretación y aplicación del Derecho se utilizan no sólo normas, sino también

hechos y valores); b) su método: no se analizan las normas causal sino normativamente,

suministrando criterios para el desarrollo y funcionamiento del Derecho) y c) función, ya que

contribuye a moldear el material de estudio que es, a su vez, objeto de estudio; es un saber

valorativo, no es una actividad simplemente descriptiva. Se orienta a la aplicación e

interpretación del Derecho, que no son nunca actividades mecánicas; suministra criterios para

modificar el Derecho; y es un saber práctico su objetivo no es conocer por conocer sino conocer

para actuar (ATIENZA, 1991, 276-278).

8. Conclusiones La ciencia jurídica como ciencia normativa

Una teoría es la “formulación explícita de determinadas relaciones dentro de un conjunto

de variables, con cuya ayuda puede explicarse una clase más amplia de regularidades

establecidas empíricamente (o de leyes). Un suceso se explica cuando el enunciado que lo

expresa puede deducirse lógicamente y de las condiciones marco circunstanciales. De este

modo, la explicación de un suceso conocido tiene la misma estructura lógica que el pronóstico

de un suceso desconocido; explicación y pronóstico constituyen funciones complementarias de

las teorías científicas”. (NAGEL, 1989).

Si comparamos estas funciones con las teorías dogmático-jurídicas podemos observar que

estas últimas tienen la función de explicar las proposiciones jurídicas existentes y preparar

proposiciones aún no establecidas, pero las teorías de las ciencias empíricas se encuentran

unidas a lo establecido con carácter no dispositivo y sus conceptos teóricos se encuentran libres

en una gran parte frente a su objeto; en cambio en las teorías dogmáticas el objeto es dispositivo

pero son material potencial del ámbito del objeto, pues son objeto de una posible legislación.

Sólo las normas están abiertas a la regulación jurídico-positiva y no los enunciados cognitivos.

Mientras que aquéllos están a disposición del legislador, las teorías dogmáticas no tienen carácter

cognitivo, sino normativo (propuesta normativa). Por lo que se podría cuestionar si son

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verdaderas teorías, tal como se entiende este término en el ámbito de la teoría de la ciencia. Las

teorías dogmático-jurídicas están entre el conocimiento y el establecimiento de normas, lo que

hace difícil que puedan denominarse propiamente teorías.

Para considerar la ciencia jurídica como ciencia normativa hay que ver lo que se entiende por

normativo (proponer norma, describir normas, expresar normas). Si se entiende el trabajo

científico-jurídico como una actividad para preparar la decisión judicial el objeto de la ciencia

jurídica es el derecho constituido por las normas indiscutiblemente válidas y también las

problemáticas; en este caso, la tarea a realizar no es sólo descriptiva de normas, sino también de

propuesta de normas (dogmática jurídica).

Si el objeto de la ciencia jurídica es el establecimiento y aplicación del derecho la normatividad

será entendida en sentido estricto (creación de normas); la tarea de la ciencia jurídica consiste en

reconstruir y examinar críticamente orientando hacia la racionalidad los fundamentos de la

decisión de la práctica jurídica (teoría de la argumentación jurídica normativa).

La cuestión radica en saber si a la ciencia jurídica le corresponde mostrar las alternativas o

bien optar por posibilidades de acción.

Si optamos por la primera vía estamos ante la postura del racionalismo crítico, por lo que habría

de desempeñar una labor científica real: explicar la validez fáctica y la eficacia de las reglas

jurídicas. Los enunciados de la ciencia jurídica son sobre normas y no tienen carácter

normativo, por lo que sólo le correspondería presentar propuestas de lege ferenda (ALBERT,

1973), la concepción socio-tecnológica de la ciencia jurídica estaría orientada a la praxis sin

carácter normativo. Pero una limitación en estos términos de la ciencia jurídica no es posible ni

deseable porque la concepción sociotecnológica se reduce a un tipo de argumentación: el que se

basa en las consecuencias. La afirmación de que una propuesta determinada de significado es

una interpretación posible contiene una valoración. Por otra parte, el que la ciencia jurídica se

comprenda como una tecnología social orientada en base a determinados puntos de vista

valorativos no cambia nada porque las valoraciones lo son en las consecuencias y van unidas, a

la vez a la realización de una propuesta de interpretación y son diferentes de aquellas otras

valoraciones que intentan concordar una interpretación con el texto de la ley, la voluntad del

legislador o la justicia. El ámbito de la argumentación racional se reduce, en gran medida, a favor

de las personas revestidas de autoridad.

Si la ciencia quiere criticar no sólo las actitudes de los que deciden sino también las

decisiones mismas necesitan un criterio de adecuación de decisiones en cuanto al contenido, es

decir, la verdad de las proposiciones jurídicas (medida transpositiva de derecho correcto). Esta

verdad no puede comprenderse desde la teoría de la correspondencia (concordancia entre las

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proposiciones jurídicas y las normas establecidas de antemano, por lo que parece mejor la teoría

del consenso (“la condición para la verdad de las proposiciones es el consenso potencial de todos

los demás”. Si el concepto de verdad se corresponde con el de justificabilidad discursiva de la

pretensión de validez de un acto de lenguaje, les corresponde también a las normas un valor de

verdad, pues también con los mandatos y las valoraciones se elevan exigencias de validez que

hay que justificar en un discurso práctico. L pretensión de verdad no significa la idea de una

única decisión correcta ya establecida, sino que lo que pretende es una fundamentación

convincente. La ciencia jurídica sería una ciencia argumentativa. La racionalidad de la ciencia

jurídica se encontraría en la racionalidad de sus argumentos (posibilidad de comprobar los

argumentos jurídicos con reglas de argumentación racional). La ciencia jurídica sería una teoría

de la argumentación jurídica.

La jurisprudencia lleva a cabo una función cognoscitiva, ya que supone un saber teórico

sobre el derecho. Se encuentra en ella una labor constructiva e incluso monopoliza la transmisión

del conocimiento jurídico.

La jurisprudencia realiza también una labor prescriptiva. A través de los principios más

abstractos se pueden introducir criterios metajurídicos. Sería un aspecto constructivo

(cognoscitivo y reformulador a la vez), ya que teoría y práctica no están separadas. La dogmática

tiene un carácter híbrido: descripción y prescripción.

Hay que distinguir entre derecho y ciencia del derecho. KELSEN señaló que la función de

la norma es prescribir y la de la proposición jurídica es describir. La función del derecho es

prescriptiva y la de la ciencia del derecho es descriptiva.

Se ha venido discutiendo la capacidad de la Dogmática para el cambio del Derecho,

alegando su actividad con carácter exclusivo de lege data, mientras que la política del Derecho lo

haría de lege ferenda, pero el jurista teórico ha cumplido siempre una labor prescriptiva, ha

contribuido a formar el Derecho.

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PERSPECTIVAS ANALÍTICAS ACERCA DE LAS CIENCIAS

SOCIALES EN AMÉRICA LATINA

ANALYTIC PERSPECTIVES ABOUT SOCIAL SCIENCES IN LATIN

AMERICA

David Luquetta Cediel. Universidad Autónoma del Caribe (Colombia)

[email protected]

Este texto nace como un producto de la reflexión de miembros de los grupos de investigación Comunicación y Región del programa de Comunicación Social – Periodismo de la Universidad Autónoma del Caribe, articulados por el proyecto de investigación “Convergencias y divergencias epistemológicas de la Facultad de Ciencias Sociales y Humanas de la Universidad Autónoma del Caribe” (2015).

Resumen

El presente texto tiene como objetivo exponer la inquietud que ha surgido en el ámbito de las

ciencias sociales con base en la homogeneización de la globalización como objeto de

proyectos investigativos. En general las ciencias sociales se ha olvidado del individuo como

sujeto de estudio, así como del valor de las relaciones materiales, inmateriales, interpersonales

y externas que establece el ser humano con su entorno, tanto cultural como medioambiental –

el territorio-, razón por la cual se presente invitar a pensar en el retorno al individuo como

elemento principal del sujeto de investigaciones en ciencias sociales.

Palabras claves: Metodología de investigación, epistemología de las ciencias sociales, objeto

o sujeto de estudio, individuo, globalización.

Abstract

This text aims to expose the concern that has arisen in the field of social sciences based on the

homogenization of globalization as an object of research projects. In general the social

sciences has forgotten the individual as a subject of study, as well as the value of material,

immaterial, interpersonal and external relations which human being establishes with their

surroundings, both cultural and environmental and social reason which arises in the return to

the individual as a subject of social research.

Keywords: Methodology, object of study, subject of study, individual, globalization.

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1. Diferencias metodológicas

Existen distintas maneras de ver el desarrollo y los planteamientos de las ciencias sociales en

la actualidad. Por una parte, hay investigadores, para quienes las ciencias sociales deben su

importancia a la rigurosidad de la relación sujeto-objeto o investigador-objeto, donde la

capacidad de análisis y razonamiento del investigador no debe ser contaminada por la

subjetividad del objeto de estudio. Para citar un ejemplo, Bronislaw Malinowski llevó a cabo

su etnografía de Los Argonautas del Pacífico Occidental (1922) apartado en una tienda de

camping sin establecer relaciones subjetivas o interpersonales, a nivel profesional o

investigativo, con la población nativa. Para otros integrantes de la comunidad científica de las

ciencias sociales, la calidad de sus estudios está supeditada a la lasitud existente en la

interacción sujeto-sujeto, donde el investigador, despojado de toda objetividad, se encuentra

inmerso en el rol de participante activo dentro de la comunidad donde está realizando sus

observaciones, metodología que llevó a Orlando Fals Borda a recrear en 4 volúmenes la

Historia doble de la Costa (2002).

Otras tendencias llevan a pensar que las ciencias sociales clásicas europeas se ajustan más a

las problemáticas de las nuevas organizaciones sociales que emergen con el fenómeno de la

globalización. Por último, también está la convicción de que el posmodernismo y las teorías

interpretativas norteamericanas, son las más adecuadas para profundizar en los nuevos

fenómenos sociales que se entrelazan en la cultura humana. Verbigracia Clifford Geertz

(1992) tuvo la habilidad de incluir en el análisis social, la simbología que los seres humanos, a

través de la cultura, utilizan para trasmitir sus saberes e interactuar con sus semejantes y su

entorno. Siendo el encuadre teórico-práctico apto para realizar una lectura exegética de lo que

está manifestando la sociedad; cuáles son los contenidos culturales que se están

intercambiando en la realidad y lo que los medios masivos nos muestran de manera sesgada.

A pesar de que en este momento se ofrece un amplio abanico de posibilidades a los

investigadores sociales para la escogencia de la metodología o enfoque teórico que puede

utilizar para el abordaje de una investigación, se bosqueja un panorama no muy prometedor

para los cientistas sociales. Se comienza a escuchar en los recintos donde se reproduce el

conocimiento, universidades, congresos; y en las tendencias de las publicaciones científicas,

que en la actualidad las ciencias sociales se están quedando sin objeto de estudio definido, y

que ahora, a partir de la incursión del concepto de interdisciplinariedad, todos pueden echar

mano de todas las teorías o metodologías existentes para abarcar cualquier objeto o sujeto de

estudio.

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Por su propia naturaleza, la enseñanza de las ciencias sociales en las universidades, se ha visto

volcada hacia una problemática de transmisión de conocimientos y formación integral de

investigadores. En este sentido se toma como soporte el planteamiento que Gugliano y

Robertt retoman de Bourdieu y Passeron (1982) en lo que respecta al problema que plantea la

selección y enseñanza de los conocimientos en las aulas universitarias, …una educación que

es transmitida no sólo a través de la selección de contenidos, sino también mediante la

manera cómo estos son presentados. Se trata de la forma cómo, en situaciones específicas,

los valores de sectores o clases dominantes son desanclados de su especificidad de origen y

presentados como universales. (Gugliano & Robertt, 2010: 62) Esto significa una educación

sesgada y orientada hacia las necesidades no de la realidad circundante, sino a las tendencias

que se manejan a nivel mundial en la investigación en ciencias sociales. A lo que apuntan los

autores es que la formación investigativa en ciencias sociales debe girar en torno al contexto

regional y local.

El proceso de construcción de conocimiento aplicado a la investigación en ciencias sociales

debe satisfacer la necesidad y la sed que tiene el investigador por comprender su realidad.

Más allá de intentar conocer el mundo de manera tangencial en muchos elementos sociales,

económicos, políticos, religiosos, etc. a lo que debe apostarle la formación en ciencias

sociales, desde el pregrado hasta la formación doctoral, es a brindar las herramientas teórico-

prácticas para comprender su medio más cercano e inmediato. En cambio, lo pensado para los

investigadores es depositar conocimientos descontextualizados en las cabezas de los

investigadores en formación. Los currículos universitarios están en mora de ofrecer espacios

de aprendizaje y aplicación de técnicas y métodos de investigación, trabajos de campo,

salidas, proyectos de investigación tutorados desde los inicios de las carreras, en resumidas

cuentas, ofrecer flexibilidad.

“La dificultad inicial que puede presentarse en estos programas es el riesgo de

terminar ofreciendo más de lo mismo, reproduciendo esquemas pedagógicos

propuestos en las formaciones de grado, es decir, etapas monótona y burocráticamente

estipuladas, con concepciones dominantes de “depósito” de conocimientos” y con

docentes individualmente responsables en forma a veces quijotesca de la formación

científica de los estudiantes” (Gugliano & Robertt, 2010: 63)

Las universidades a través de la educación al nivel de posgrado legitiman la elitización del

conocimiento en la esfera de maestrías y doctorados, en vez de enraizarlo en la formación de

básica del pregrado. Se educa a los jóvenes para realizar actividades profesionales, se educan

para ejercer un oficio. No se tienen en cuenta los problemas del entorno, se carece de

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preguntas fundantes. En síntesis, la educación está orientada al manejo de herramientas

tecnológicas y de una segunda lengua para “conquistar” el mundo global. Pero no se educa a

los jóvenes para investigar o generar conocimiento de su sociedad. Carreras como

antropología, historia, sociología, comunicación social o incluso filosofía, han quedado

relegadas a puestos alejados de los top en los rankings locales, nacionales e internacionales.

Tanto que el mismo conocimiento que se produce y publica, en las áreas mencionadas, en

revistas científicas, está subvalorado por los índices y bases bibliográficas mundiales.

Mientras que carreras de administración, negocios y relaciones, todas internacionales, entre

otras, sin menospreciarlas, se roban la atención de la “clientela” en las universidades.

Demostrando así, la monetización de las universidades, vistas ya como empresas que ofrecen

servicios, no educación. Sin ahondar en el terreno nacional, en Colombia la educación de

calidad y los aportes estatales están centralizados en la zona andina o enfocados a las áreas del

conocimiento de la ingeniería, medicina, que no dejan de ser necesarias, o la muy exaltada

innovación. En este orden de ideas cabe la siguiente cuestión, ¿las universidades están

preparadas para ser las plataformas para impulsar la investigación en Latinoamérica? (Santos,

2004)

No se trata en este punto de pensar en volver a una educación clásica limitada, sino que la

integralidad o interdisciplinaridad genere competencias en los profesionales para realiza

miradas críticas de la realidad que nos circunda, es decir, a los problemas de nuestro universo

latinoamericano, guerras internas, gobiernos totalitaristas, a la izquierda o a la derecha. Las

tendencias por fuera del mundo iberoamericano, están volviendo al ser humano como objetivo

y sujeto de la realidad y por ende de su formación. Todavía no hemos sido capaces de caer en

cuenta que las crisis que se viven se deben a los problemas que la globalización nos ha

mostrado como el futuro de todas las sociedades “globalizadas”. Homogeneización cultural,

masificación, deslocalización, sobreexplotación de la mano de obra, libre comercio,

inequidad, ampliación de la brecha entre países ricos y pobres.

¿Qué se quiere decir con lo esbozado anteriormente? Para tratar de responder esta

interrogante, es necesario establecer el origen del dilema y definir si la dispersión entre las

ciencias sociales y su objeto o sujeto de estudio está enraizado en cuestiones epistemológicas

de las mismas ciencias o en la academia misma. Al parecer no existe articulación entre la

academia y la investigación, cuando son las universidades e instituciones de educación

superior las llamadas a propiciar la construcción de conocimiento útil, que responda a las

necesidades reales del entorno, que impacte en la sociedad sin miramientos de mediciones de

grupos o de currículos investigativos personales.

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Es claro que a nivel metodológico, teórico y práctico no se evidencia la capacidad de

enfrentar, de forma sintética, los nuevos fenómenos y las nuevas sociedades o subculturas que

se originan a partir del desarrollo de la globalización, los avances tecnológicos,

comunicaciones, redes sociales y tejidos sociales, entre otras, o en el caso extremo, las

trasformaciones culturales que se dan al interior de comunidades étnicas, al parecer, lejanas

del contacto con las sociedades “modernas”.

Otro aspecto a tener en cuenta, es el hecho de que el mismo desarrollo de la humanidad,

presenta a los cientistas sociales nuevos retos que en un principio no tienen cabida en los

planteamientos metodológicos clásicos. Pero a pesar de que el dinamismo existente en la

relación entre desarrollo social y necesidades humanas crece de manera acelerada, la

globalización ha puesto en marcha la generación de nuevas técnicas o métodos para abordar

estos procesos. Sin embargo, a este respecto, habría que definir, si este fenómeno es una

creación social, o si las ciencias sociales al quedar desprovistas de objeto o sujeto de estudio

lo han idealizado como su futuro próximo.

¿Por qué decir que las ciencias humanas evidencian una dispersión de su objeto o sujeto de

estudio? En la literatura existente para las ciencias sociales en Latinoamérica se pueden

encontrar trabajos significativos, entre principios y mediados de siglo XX. Estos aportes

representan una muestra clara de esfuerzos sesudos por descifrar el panorama social que fue

actual en su momento. Un ejemplo es el trabajo de Sergio Bagú (1952), el cual logra

establecer una base metodológica para interpretar fenómenos sociales actuales a partir de la

descripción sintética y sobria de la dimensión latinoamericana, y que además permite

establecer un orden cronológico del desarrollo social, económico y político continental.

¿Cómo lo hace y cuál es su importancia? Siendo Bagú un cientista social integral -periodista,

abogado, historiador y sociólogo-, hace una descripción etnohistórica que parte de las

comunidades nativas agrarias de Latinoamérica. De esta manera, logra detallar el orden

socioeconómico y político latinoamericano, basado en la reconstrucción cultural de los grupos

indígenas precolombinos. El autor establece el grado de desarrollo autónomo que habían

logrado los grupos nativos, antes de la llegada de los españoles, de igual manera que logró

identificar a partir de revisiones bibliográficas que el elemento cohesionador de estas

comunidades era y sigue siendo el territorio:

Cuando los conquistadores establecen su dominio en estas partes de América, los

pueblos indígenas que tienen organización social más estable y signos de más

avanzada civilización conservan aún, como célula económico-social de su

organismo, la comunidad agraria primitiva. […] Núcleo éste de economía agraria

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cerrada, con propiedad colectiva de la tierra, con medios de producción muy poco

desarrollados y cuyos productos están casi todos destinados al consumo propio, no

ha sido aún disuelto por la apropiación individual de los medios de producción, la

producción para el mercado y el intercambio comercial… (Bagú 1952:15)

Aduce Bagú en su primer argumento que “Determinar la filiación histórica de la colonia

hispano-lusa es el paso previo necesario para el estudio de sus clases sociales”(Bagú

1952:43). De tal manera, que a partir de esta reconstrucción socio-histórica de las colonias

oriundas de la Península Ibérica, realiza una exposición de cómo implementaron los españoles

el sistema colonial a su llegada. Procesos capitalistas similares a los que habían iniciado en la

Península Ibérica tras la caída del feudalismo.

De esta manera, se puede exaltar la importancia de este trabajo, en la medida en que es capaz

de integrar, comprender y trasmitir todos los aspectos materiales e inmateriales, históricos y

actuales de un continente, bajo la mirada de un solo autor, brindando una herramienta para

llevar a cabo labores interpretativas sobre la crisis socioeconómica y política que actualmente

se vive a nivel Latinoamericano. Asimismo, otro de los aspectos destacables de esta obra, es

la manera en que se hace la composición de un análisis descriptivo que integra distintos

grupos humanos (europeos, colonos, nativos y africanos) y distintos aspectos objeto de

análisis, tales como la etnohistoria, economía y política. Este trabajo es clara evidencia de la

posibilidad de que en las ciencias sociales existían investigadores facultados con un discurso

válido, para enfrentar un problema de investigación de tal magnitud y plasmarla en la forma

en que lo hizo Bagú.

Otra manifestación de este tipo de trabajos, son los aportes de José Luís Romero (1976). En

siete capítulos describe la formación de las ciudades latinoamericanas, partiendo desde la

planificación urbana de Europa, hasta la imposición de este modelo en América Latina; y a su

vez, cómo afectó este proyecto urbanístico el desarrollo integral de todo el continente.

…intenta responder a la pregunta de cuál es el papel que las ciudades han

cumplido en el proceso histórico latinoamericano. Diverso hasta parecer caótico,

ese proceso tiene sin duda un hilo conductor. Seguramente es difícil halarlo

porque cierta homogeneidad originaria se ha desvanecido a lo largo de los

profundos conflictos que se desencadenaron con las guerras de la independencia.

(Romero 1976:11)

Romero detalla cómo entre los fenómenos locales y el modelo urbanístico importado de

Europa dio pie para que se forjaran culturas híbridas de carácter anómico que a su vez llegaría

a transformar la fisonomía de las mismas ciudades.

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El fenómeno latinoamericano seguía de cerca al que se había producido en los

países europeos y en los Estados Unidos, pero adquirió caracteres socioculturales

distintos. En algunas ciudades comenzaron a constituirse esos imprecisos grupos

sociales, ajenos a la estructura tradicional, que recibieron el nombre de masas. Y

allí donde aparecieron, el conjunto de la sociedad urbana comenzó a masificarse.

Cambió la fisonomía del hábitat y se masificaron las formas de vida y las formas

de mentalidad. A medida que se masificaban, algunas ciudades de intenso y

rápido crecimiento empezaron a insinuar una transformación de su fisonomía

urbana: dejaron de ser estrictamente ciudades para transformarse en una

yuxtaposición de guetos incomunicados y anómicos. (Romero 1976:388)

Así como Bagú, Romero manifiesta la capacidad para elaborar una obra detallada que

describe uno a uno los sucesos, la importancia e influencia que estos hechos lograron tener en

América Latina.

De ahí en adelante, gran parte de las investigaciones sociales, se han enfocado en comprender

el fenómeno de la globalización. Esto no significaría un problema, si se analizara con una

mirada holística, donde las ciencias se enfocaran en ver la globalización como contenedor de

todo un abanico de aspectos culturales, políticos, económicos y religiosos, o como catalizador

de nuevos hechos sociales que la humanidad está presenciando y que exigen una nueva

manera de interpretación.

Sin embargo, las ciencias sociales parecen no estar preparadas para lograr los objetivos que

esta nueva tarea le asigna, razón por la cual, sí manifiesta ser un problema. Desde el punto de

vista académico, teórico y práctico, no hay una formación adecuada para cumplir con esta

meta, por el contrario, deben surgir nuevas maneras de aproximación y abordaje para no solo

conocer, sino comprender estas nuevas dinámicas sociales y al mismo tiempo, saber

mediatizarlas y convertir los canales de comunicación para difundir contenidos, no solamente

replicar la agenda de los medios corporativos trasnacionales o que responden a intereses de

las familias de las élites del poder.

En este punto es donde la interdisciplinaridad entra a jugar un papel importante en el ámbito

académico e investigativo dentro de las ciencias sociales. Esta nueva manera de trabajar, ha

surgido como respuesta a las exigencias que la escena global ha puesto en escena. Contrario al

análisis que plantea Giddens que se orienta a tomar todo como un fenómeno referente a una

comunidad global. La importancia de esta forma de construir conocimiento, radica en que las

fortalezas de cada área que entran a hacer parte de la mencionada complementariedad

disciplinar, aborda las falencias de las otras y viceversa. Tal vez, el problema de la

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interdisciplinariedad radica en la dificultad o temor que los mismos investigadores tienen al

momento de hablar de los paradigmas cualitativos o cuantitativos, que se puede derribar al

momento de pensar en un paradigma mixto que puede llegar a funcionar adecuadamente

dependiendo del contexto en que se aplica. Que al mismo tiempo legitima la posición de los

cientistas sociales en la medida en que se tengan en cuenta los números -datos estadísticos-

que al parecer justifican cualquier posición.

Sin embargo, retomando la premisa de que el conocimiento debe ser útil para transformar las

realidades locales y regionales, podemos visitar la pugna que ronda el saber popular o el saber

ancestral de las comunidades étnicas que hacen también parte del panorama Nacional. En este

sentido, se propone volver no a la mirada romántica del buen salvaje, sino en co-construir el

conocimiento útil y la comprensión de los diálogos de las intersubjetividades de los que nos

rodean. El reparo no está en temas metodológicos, asumimos que las talanqueras las han

planteado la legitimación de modelos iterados de otrora y de otras realidades distintas a las

propias. Las limitantes consisten en que no hemos repensado la realidad nacional desde las

aulas con las personas que serán los próximos profesionales. Nos hemos estancado en pensar

en la academia en los pasillos y en cafeterías universitarias, incluso en congresos

internacionales, pero no le damos la rigurosidad investigativa que merece, no teorizamos

sobre el respecto.

Cerrando el paréntesis anterior, y a pesar de lo explicitado anteriormente y así como un

equipo interdisciplinario puede llegar a cumplir labores que le triplicaría el esfuerzo a un solo

investigador, también podría llegar a caer en un significativo error. El hecho de no establecer

límites de acción entre una y otra disciplina, podría significar la generación de un nuevo

conocimiento ecléctico, que puede dejar de ser integral y que puede llevar al dilema que se

planteó al inicio de este texto, la disolución del objeto o sujeto de estudio, razón por la cual, se

puede afirmar que sí hay un error epistemológico al interior de las ciencias como

consecuencia de la misma dispersión.

Gino Germani argumenta que existe una unidad sociocultural, la cual permea el ámbito

académico – investigativo, y conlleva a converger en un objeto o sujeto de estudio. Todas las

ciencias sociales, dando por sentado la aceptación de la interdisciplinaridad. “…la

reafirmación de la unidad del mundo humano es simplemente una postura metodológica que

se halla en los supuestos de todo enfoque interdisciplinario, y cuya aceptación por parte de la

mayoría de los sociólogos es obvia, pues en gran parte se halla en el punto de partida de sus

estudios.” (Germani 1962:15)

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Como se puede ver, la interdisciplinaridad, según este autor en la década de los 60s, ya se

hacía necesaria, dado que las sociedades, locales y nacionales comenzaban a sufrir la

desintegración de su organización social e institucional internamente, de manera que se

encontraban en un período de reestructuración y nueva orientación hacia la supuesta unidad

social mundial, que como es de suponer, se traduce hoy en un término que ya se ha

mencionado a lo largo de este texto, globalización. En fin, el objeto de las ciencias sociales,

según este argumento, es la unidad mundial (globalización), partiendo de la definición de este

concepto, no sólo como un fenómeno que abarca nada más que movimientos económicos o

políticos, sino que encierra toda una nueva complejidad cultural, religiosa y social.

Según Germani, a partir de la desestructuración social de las culturas locales y nacionales, y

actualmente –al cual se debe añadir un nuevo orden institucional y orgánico de la sociedad- ha

surgido una asincronicidad que no permite la articulación de las partes en un todo, sino que

produce un malfuncionamiento donde, además de que cada engranaje gira sobre su propio eje,

deja de generar movimientos sincrónicos concomitantes sobre las demás piezas. Esta falta de

sincronización en el desarrollo de las diferentes partes de nuestra sociedad no solo puede

impedir recoger los frutos de las conquistas técnicas y científicas sino que coloca a la

humanidad frente al inminente peligro de una catástrofe irreparable. El totalitarismo expresa

en el orden político de la organización social las profundas contradicciones a que se ha

aludido. (Germani, 1948)

Conceptos en boga hoy como sociedad líquida, acuñados por Bauman, y sociedad del

riesgo de Beck, reflejan fenómenos que Germani había observado en el transcurso de su

carrera. […] describen la modernidad como una suerte de institucionalización de la

duda, agravado ulteriormente por una secularización de las certezas. Para Germani,

desde los años cuarenta el fenómeno más inquietante y lleno de consecuencias negativas

era justamente el carácter expansivo de la secularización por un lado, y por otro la

necesidad de mantener un núcleo central prescriptivo mínimo suficiente para la

integración de los valores universalmente aceptados sin los cuales ninguna sociedad

puede existir. (Germani, A., 2010: 45)

A todos estos fenómenos, Germani los denominó como transición, adelantándose a lo que los

investigadores hoy llaman globalización, y es debido a la complejidad y a la celeridad con que

ocurre, que la historia de la humanidad y su pluralidad de culturas se han transformado y un

nuevo tipo de sociedad ha nacido.

En términos de Jürgen Habermas (1982, 1987) la crisis que está sufriendo las ciencias

sociales, gravita en la aplicabilidad de los fundamentos epistemológicos. Habermas se ha

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preocupado hasta el momento por esclarecer los conceptos que en las ciencias sociales se

manejan para que en la praxis suponga una racionalidad y una validez a los conocimientos

que se generan o construyen en una investigación acerca de la nueva sociedad. Esta situación

suscita un problema más grande que se remite a la aplicación de estos conceptos. Cada

investigador se mueve en un mundo social y académicamente subjetivo, crea sus propias

percepciones de la realidad que lo abriga, por esta razón da un matiz distinto al de otro

investigador con el que esté trabajando en conjunto. Se convierte así, en deber y reto personal

el hecho de hallar una aplicación adecuada a la fundamentación que nos presenta Habermas

con tanta especificidad, es decir, cada investigador deberá desarrollar una metodología que le

permita entrar en escena y no verse afectado por ninguna clase de subjetividad, que afecte la

comprensión objetiva del sujeto; que admita la racionalidad debida en la producción

intelectual; y que por último, no genere choques internos a nivel ontológico.

2. Las ciencias sociales en Latinoamérica

En América Latina, se está evidenciando una crisis socioeconómica y política que afecta a

todos los latinoamericanos. Problemas tales como, conflictos entre los países ex–integrantes

de la Gran Colombia: Colombia, Ecuador, Nicaragua y Venezuela; crisis internas en

Colombia o Venezuela, solo para mencionar algunos, son los que en la actualidad están

demandando un nuevo análisis, una mirada objetiva de la subjetividad de todo este entramado

de hechos sociales, económicos, políticos que son presentados mediaticamente por las

empresas que manejan los canales de información de manera sesgada y parcial. En este punto,

es donde las ciencias sociales deben elaborar y construir herramientas interpretativas que

redunden en análisis del panorama social que se vive desde el interior del problema, pero

además, las maneras adecuadas de generar contenidos para todo público y los canales

alternativos adecuados a cada contexto.

El hecho es que Latinoamérica, se está quedando sin cientistas sociales del calibre de Bagú,

Germani, Romero o Fals Borda. Cada vez son menos visibles, y las que sobresalen, se han

enfocado en hablar de la globalización. Verbigracia, Néstor García Canclini, Arturo Escobar,

y sin ser latinoamericano el sociólogo francés Alain Touraine, quien ha demostrado mucho

interés por el estudio de lo social en este continente, lo cual no se convierte en un problema en

sí. Se hace necesario hacer un análisis desde el punto de vista epistemológico, para llegar al

punto que se pretende demostrar con este texto.

Para Touraine es evidente que desde la inserción de los nuevos modelos progresistas en el

ámbito económico, político y social de la humanidad, la relación directa que existía entre el

individuo y el universo se ha mostrado difusa. En estos momentos, el individuo se ha visto

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relegado a un lugar poco primordial, casi nulo en los pilares del desarrollo. “percibimos cómo,

en nosotros y a nuestro alrededor, se separan, se disocian por un lado el universo de las

técnicas, los mercados, los signos, los flujos, en los que estamos sumergidos, y, por el otro, el

universo interior que cada vez con más frecuencia llamamos el de nuestra identidad.”

(Touraine 1997). Incluso, hasta la incursión de los avances modernistas, la sociedad se

centraba y se desarrollaba per se. El individuo negaba su existencia con relación a un grupo

social. No se representaba en una organización humana, por el contrario, su ontología estaba

orientada hacia la individualización. A medida que fue avanzando el tiempo, se volcaron

todas las miradas sobre el desarrollo individual. Las libertades que se le dieron al hombre

sirvieron de base para que creara su propio universo. “Se trata sobre todo de una concepción

política de la sociedad, y el ideal humano que propone es el del ciudadano. Por lo tanto, está

mucho más cerca del modelo ateniense o romano y de la libertad de los antiguos, tal como la

definía Benjamin Constant, que de la libertad de los modernos, más individualista que

participativa según el mismo autor”, (Ídem) es decir, entre más libertad, menos participación

social activa, y la única argamasa entre el individuo y la sociedad, son las instituciones

políticas.

Lo que se puede observar en este análisis que Touraine hace de la nueva sociedad, además de

ser un análisis bien argumentado, es que su objeto de estudio no es la sociedad o el individuo

en sí o la relación existente entre estos, de hecho desindividualiza la sociedad, su objeto de

análisis es la globalización y sus efectos sobre el desarrollo social, y es ahí, donde se hace

hincapié en el hecho de que las ciencias sociales han hallado a su objeto o sujeto de estudio

disperso, diluido en las nuevas teorías sociales globalizistas o neodesarrollistas.

Es menester de los investigadores sociales, ya sean antropólogos, sociólogos o psicólogos,

entre otros, establecer vínculos e interacción con los individuos desde el interior de la

sociedad, basado en una o distintas ópticas teóricas o metodológicas, ya que es poco probable

pensar que la individualidad o la localidad se halle dispersa en la globalización; o que no

encontremos aspectos culturales vernáculos de grupos humanos, sean rurales o urbanos, que

conserven su tradición sin ser trastocada por la globalidad. El objetivo es identificar los

símbolos que se están presentando en el entorno más inmediato donde se puedan abstraer

elementos que evidencien si se están generando transformaciones culturales al interior de la

sociedad. Este entorno inmediato son las relaciones interpersonales e intersubjetivas que se

establecen entre los individuos, entre ellos mismos, con su territorio y con los intermediarios

políticos, económicos, etc. función que cumplen los medios.

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3. A manera de discusión

A través de este texto se ha presentado argumentación necesaria, que prueba que el punto para

retomar la esencia de las ciencias sociales, sin obviar los nuevos retos que el desarrollo trae

consigo, está unido a una solidez epistemológica, ya que, si no se tiene definida una estructura

interna consistente que pueda soportar los cambios que devienen con el transcurrir de los

tiempos, se podría estar cayendo en el equívoco de invertir todos los esfuerzos hacia un solo y

único objetivo, olvidando la red de interacciones sociales que se tejen alrededor de un

individuo, y que obviamente al final de todo, quién mejor puede manifestar y comprender los

problemas sociales al interior de una sociedad es el mismo ser humano.

Por las razones presentadas anteriormente, se insiste en redirigir los esfuerzos hacia el

agotamiento del objeto o sujeto de estudio inmediato, el individuo y su entorno, para luego

pensar en abarcar de manera integral, si es posible, la totalidad de los fenómenos que rodean a

este individuo y su sociedad. De esta manera, se estaría a un paso de recrear y reproducir una

identidad propia, no basada en emulaciones teóricas y planteamientos foráneos, y a un paso

más cerca de poder comprender y enfrentar los problemas que afectan las sociedades y la

realidad latinoamericana. No se pueden conocer, mucho menos comprender, problemáticas

que afectan a una sociedad tratando de percibirlas de afuera hacia adentro. Por el contrario,

hay que partir del reconocimiento del conocimiento propio y de la esencia interna para

comprender la subjetividad de un grupo y cómo se ve representado a nivel nacional o global,

con el objetivo de establecer niveles de relacionamiento externo o social.

Bibliografía

Bagú, S. (1952). Estructura social de la colonia. Buenos Aires: Librería El Ateneo.

Borda, O. F. (2002, tomo IV). El retorno a la tierra. Historia doble de la costa. Bogotá: El

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Geertz, C. (1992). La interpretación de las culturas. Barcelona: Gedisa.

Germani, G. (1962). Política y sociedad en una época de transición: de la sociedad

tradicional a la sociedad de masas. Buenos Aires: Paidos.

Giddens, A. (2000). Un mundo desbocado. Madrid: Grupo Santillana de Editores S.A.

Gugliano, A., & Robertt, P. (2010). La Enseñanza de las Metodologías en las Ciencias

Sociales en Brasil. Cinta Moebio, 61-71.

Habermas, J. (1982). Conocimiento e interés. Madrid : Taurus.

Habermas, J. (1987). Teoría de la acción comunicativa I. Madrid: Taurus.

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Malinowski, B. (1975). Los argonautas del Pacífico occidental: un estudio sobre comercio y

aventura entre los indígenas de los archipiélagos de la Nueva Guinea melanésica.

Barcelona: Ediciones Península.

Romero, J. L. (1976). Latinoamérica: Las ciudades y las ideas. Medellin: Universidad de

Antioquia.

Touraine, A. (1997). ¿Podemos vivir juntos? México: Fondo de Cultura Económica.

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UNA APROXIMACIÓN BAYESIANA ENTRE EL OBJETIVISMO Y EL

SUBJETIVISMO

A BAYESIAN APPROXIMATION BETWEEN OBJECTIVISM AND

SUBJECTIVISM

Milton Quero Virla. Universidad del Zulia (Venezuela).

 [email protected]

Nelson Romero Suárez. Universidad del Zulia (Venezuela).

  [email protected]

Resumen.

Nuestro objetivo es proponer al Bayesianismo o Epistemología Bayesiana, una teoría de

aprendizaje en incertidumbre, como aproximación potencial que puede darse entre el

Objetivismo y el Subjetivismo, enmarcados en el problema de la esencia del conocimiento

estudiado por Hessen (1925). Las argumentaciones y propuestas, son inducidas-deducidas

mediante la comparación constante y el contraste de los documentos-textos, dentro de una

indagación documental hermenéutica.

Igualmente, se argumentan posibles aproximaciones entre el Objetivismo y el

Subjetivismo, y se recomendó no tipificar las investigaciones como cuantitativas o

cualitativas o complementarias, sino como Objetivistas, Subjetivistas (o Construccionistas).

Palabras clave: Bayesianismo, Objetivismo, Subjetivismo, Cuantitativo, Cualitativo. 

Abstract.

Our objective is to propose Bayesianism or Bayesian Epistemology, a theory of learning

under uncertainty, as a potential approximation that may arise between Objectivism and

Subjectivism, under the framework of the essence of knowledge problem which was studied

by Hessen (1925). Argumentations and proposals are induced-deduced by means of constant

comparison and contradistinction of documents-texts, within a documental hermeneutic

inquiry.

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Likewise, there were made argumentations regarding possible approximations between

Objectivism and Subjectivism, and it was recommended not to typify social research as

quantitative, qualitative, or complementary, but as Objectivist, Subjectivist (or

Constructionist).

Key words: Bayesianism, Objectivism, Subjectivism, Quantitative, Qualitative.

1.- Introducción.-

Esta disertación se desarrolla siguiendo una indagación documental hermenéutica. Un

objetivo inicial se orienta a identificar aproximaciones posibles entre el Objetivismo y el

Subjetivismo. El centro de esta indagación se ubica en las soluciones pre-metafísicas dadas

por Hessen (1925) a la esencia del conocimiento, dentro de la teoría general del

conocimiento. Este resultado se emplea para contrastar la afirmación taxativa referida a lo

“problemático” de intentar ser objetivista y subjetivista a la vez (Crotty, 1998: 15), contraste

que se enmarca no solo en las soluciones pre-metafísicas de Hessen, sino en los cuatro

elementos de cualquier proceso de investigación, sugeridos por Crotty (1998: 2).

El marco de esa indagación se conecta con la revisión de otra afirmación más discutida:

“una investigación social no puede ser cualitativa y cuantitativa a la vez”, y que ha intentado

ser superada por la noción de complementariedad. Como resultado de esta revisión, se

sugiere no tipificar las investigaciones sociales en el nivel operativo, técnico y a lo sumo

metodológico, es decir, como cualitativa o como cuantitativa, y en su lugar, más bien se

sugiere calificarla como Objetivista o Subjetivista (o Construccionista), o mejor, con un

término que defina la conjunción posible de esas dos posiciones esencialmente conciliables,

más próximas que distantes.

Ya alcanzados estos resultados, a partir de un amplio encuadre de la Epistemología, sobre

esta base se revisan definiciones, comentarios, y términos relacionados con el Bayesianismo o

la Epistemología Bayesiana, se revisan las conexiones entre esas categorías o temas

bayesianos y los elementos que conceptualizan una epistemología. En este nivel del análisis-

síntesis, ya es posible postular al Bayesianismo como una posible posición fluctuante entre el

Objetivismo y el Subjetivismo, como una solución optativa al problema de la esencia del

conocimiento, bien con una cierta jerarquía epistemológica o como una perspectiva teórica u

opción metodológica, que formal y concretamente puede integrar evidencias objetivas y

subjetivas en una investigación social.

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El Bayesianismo, o Epistemología Bayesiana, es una teoría de aprendizaje en

incertidumbre, una aplicación de los métodos bayesianos a los problemas del conocimiento, y

estudia las propiedades y dinámicas de los grados de creencia, entendidos como

probabilidades. Para las investigaciones sociales cuyo entorno es dinámico, incierto,

conflictivo, “complejo, multivariante y preferiblemente no fraccionable” (Quero y col., 2013:

47), el Bayesianismo se presenta como una opción frente a la epistemología tradicional, y que

apoyándose en grados de credibilidad o creencia previos del investigador social individual o

colectivo, integra evidencias tanto objetivas como subjetivas obtenidas mediante una

diversidad de métodos y técnicas, que continua y dinámicamente permiten ajustar esos grados

de credibilidad iniciales, obteniendo así estimaciones posteriores de dichas creencias.

2.- Fundamentos teóricos.-

En esta sección se presentan las premisas y marco de consideraciones, con respecto a los

cuales se realizará el análisis e integración derivados de la indagación documental

hermenéutica, es decir, acá se da un conjunto de premisas relativas a la filosofía, la

epistemología y la ciencia, y a sus formas de argumentación y relaciones. Es necesario

comentar que los ejemplos dados a las premisas resumen una solución epistemológica dada a

un problema epistemológico que no se ha explicado o detallado en nuestra redacción, y

precisamente sirven solo para ejemplificar formas razonamiento o argumentaciones.

2.1.- Premisas y marco de consideraciones.

a.- En los estudios filosóficos y epistemológicos los análisis y conclusiones están

naturalmente determinados por la propia postura de quien filosofa (el “filosofante”), y de la

derivada definición y clasificación que de la filosofía él de. De tal forma, que entre otras

consecuencias a esta actitud, no sea sorprendente conseguir evidencias documentales de cómo

alguien quien filosofa puede dar interpretaciones divergentes respecto a las de otro

filosofante, en referencia a alguna dirección o posición epistemológica determinada, o bien

cómo ambos pueden divergir en referencia a en cuál posición específica puede ubicarse a

algún filósofo en particular.

Afirmaciones como: i) “En realidad, Parménides no es un idealista … Parménides es el

filósofo griego que establece las bases del realismo filosófico…” (García Morente: 87); y, ii)

“Berkeley, George. … Su filosofía ha sido calificada por ello de muy diversas maneras: un

idealismo sensualista (o sensacionalista), un espiritualista empirista y antiinanista, etc”

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(Ferrater Mora: 356); son dos casos, entre la abundancia, que ejemplifican esta primera

premisa.

b.- Dos posiciones, direcciones o soluciones epistemológicas, pertenecientes a un mismo

problema epistemológico, o bien, dos posiciones, direcciones o soluciones epistemológicas,

pertenecientes a dos problemas epistemológicos diferentes, pueden aproximarse, aliarse,

mediar o derivarse, según la interpretación que a ellas de quien filosofa. Por problema

epistemológico entendemos, por ejemplo, el de la posibilidad del conocimiento, cuyo

cuestionamiento asociado es: ¿puede el sujeto aprehender realmente el objeto? (Hessen, 2006:

32), y su solución pudiera ser el dogmatismo o el escepticismo, entre otros. Otro ejemplo de

problema epistemológico pudiera ser, el origen del conocimiento, cuya cuestión asociada es:

¿es la razón o la experiencia la fuente o base del conocimiento? (Hessen, 2006: 32), y su

solución pudiera ser el racionalismo o el empirismo, entre otros.

Afirmaciones como las siguientes ejemplifican esta segunda premisa: i) “El subjetivismo y

el relativismo son, en el fondo, escepticismo” (Hessen, 2006: 43); estas tres posiciones

epistemológicas son soluciones propuestas al mismo problema epistemológico de la

posibilidad del conocimiento, soluciones que en este caso se aproximan; ii) “Si ponemos el

intelectualismo y el apriorismo en relación con las dos posiciones antagónicas entre las cuales

quieren mediar, descubrimos en seguida que el intelectualismo se acerca al empirismo; el

apriorismo por el contrario, al racionalismo” (Hessen, 2006: 65); estas cuatro posiciones

epistemológicas son soluciones propuestas al problema epistemológico del origen del

conocimiento, soluciones que en este caso median y se aproximan; iii) “El objetivismo

fenomenológico se alía en Husserl con el idealismo epistemológico, … ; en Scheler, por el

contario, el objetivismo fenomenológico contrae alianza con el realismo epistemológico”

(Hessen, 2006: 72). Acá, el objetivismo, el idealismo y el realismo son soluciones del mismo

problema epistemológico de la esencia del conocimiento (no mencionado hasta ahora): ¿qué

relación existe entre el sujeto cognoscente y el objeto de conocimiento?, solo que el

fenomenalismo, el idealismo y el realismo son consideradas dentro de la solución metafísica,

mientras que el objetivismo se corresponde con una solución pre-metafísica. Las primeras

responden a la pregunta mediante la intervención del carácter ontológico, y la segunda lo hace

sin decir nada acerca de ese carácter ontológico (Hessen, 2006: 70). En este caso hay alianza

y aproximación entre las soluciones dadas.

c.- Una postura epistemológica específica puede resolver un problema particular que otra

posición epistemológica antagónica o aproximada no logra resolver. Pero si ninguna postura o

posición epistemológica específica no logra resolver un problema particular, un abordaje

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holístico del problema justificaría soluciones eclécticas, esto último entendido en el estricto

sentido filosófico: como holístico, la concepción de la realidad como un todo distinto de la

suma de las partes que la componen; como ecléctico, la conciliación de doctrinas que parecen

mejores o más verosímiles, aunque procedan de diversos sistemas. La siguiente afirmación

pueden ejemplificar estas premisas:

i) El intelectualismo logra resolver este problema más fácilmente, dado que pone

la realidad empírica en íntima relación genética con la conciencia cognoscente,

(…) El apriorismo evita ambos escollos. Ni hace aquella suposición metafísico-

cosmológica, ni realiza esta construcción metafísico-psicológica. Pero con esto

no se ha probado aún que su solución sea exacta. A esta cuestión solo puede

responderse cuando esté resuelto el verdadero problema central de la teoría del

conocimiento, el problema de la esencia del conocimiento (…) (Hessen, 2006:

69).

En cierta forma, el tercer ejemplo de la segunda premisa, puede considerarse también como

ejemplificación de esta tercera premisa.

d) En cuanto al hecho de conocer, al hecho del conocimiento, se asumirá acá una posición

aproximadamente fenomenológica. En este sentido se interpretará ese hecho del conocimiento

como una relación entre el sujeto y el objeto, y que supone, a partir de lo indicado por García

Morente (2005: 173), una acción simultánea entre el sujeto y el objeto, acción que produce el

pensamiento.

Además, esta posición aproximadamente fenomenológica nuestra, de la afirmación: “la

fenomenología (…) reconoce la necesidad del sujeto y del objeto sin precisar en qué consiste

cada uno de ellos; sin detenerse en averiguar la naturaleza de cada uno de ellos o de

cualquiera supuesta realidad previa a ellos o consistente en la fusión de ellos” (Ferrater Mora,

2004: 658), solo asume estrictamente el reconocimiento del sujeto y el objeto, pero bien

pudiera admitir la necesidad de considerar tanto la consistencia, como la naturaleza de cada

uno de ellos, así como la realidad previa de su fusión.

e) La Filosofía y la Ciencia están inexorablemente vinculadas, se solapan y yuxtaponen,

pero no se cubren, son diferentes: i) La filosofía considera su objeto siempre desde un punto

de vista universal y totalitario, mientras que una ciencia se sale de la filosofía cuando

renuncia a considerar su objeto desde un punto de vista universal y totalitario (García

Morente, 2005), ii) Los objetos de la filosofía y de la ciencia son diferentes, el objeto de la

ciencia es real, ficticio o ideal, el de la filosofía no es ni real, ni ficticio, ni ideal: es otra cosa,

tan otra cosa que no es cosa, es radicalmente distinto a todos los demás; La Epistemología (y

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la Ontología) forma parte de la Filosofía: lo que corresponde a la filosofía, corresponde

también a la epistemología (y a la ontología); La Ciencia y la Filosofía procuran

reconocimiento mutuo: La ciencia sustenta sus procesos metodológicos y técnicos, visándolos

en los niveles superiores de la filosofía, donde reside la epistemología (y la ontología). Esto,

no obstante se afirme que, “la filosofía no sea un saber estricto sino que es un saber distinto”

(Marías, 1971), y se objete el rigor de ese saber filosófico. Así como se habla de la filosofía de

la ciencia, se habla de la filosofía como ciencia.

3.- Metodología.-

Las argumentaciones y propuestas de este trabajo, son inducidas-deducidas mediante la

comparación constante y el contraste de los documentos-textos de referencia seleccionados,

los cuales constituyen técnicas específicas consistentes con la perspectiva hermenéutica y la

metodología documental empleadas e integradas en una indagación documental

hermenéutica; y sus conclusiones, en términos de lo que se argumenta y propone, están

circunscritas dentro de las referencias bibliográficas usadas y de las interpretaciones

particulares de los autores. A partir de abordajes holísticos, se asumen posturas eclécticas.

Dentro de lo que se correspondería con una tipificación estándar vigente, esta investigación se

pudiera calificar como “interpretativista” y cualitativa, sin embargo, una clasificación quizás

más pertinente, quedará diferida hasta que algunas de las argumentaciones y propuestas de

esta disertación sean definitivamente sometidas a arbitrio.

Entre las referencias documentales más relevantes pueden mencionarse, sin menoscabo de

las no destacadas acá, la Teoría del Conocimiento, de Hessen (2006), publicada

originalmente en 1925, The Foundations of Social Research, Meaning and perspectives in the

research process, por Michael Crotty (1998), y Bayesian Epistemology por Talbott, William

(2015), publicado en The Stanford Encyclopedia of Philosophy (el original fue publicado en

2001, y revisado sustancialmente en el 2008). Igualmente, mención especial requieren las

obras Principios de la Teoría de la Decisión (1977) por D. V. Lindley, y Análisis de la

Decisión Empresarial (1978) por Howard Raiffa, a partir de las cuales se han venido

conformando las ideas fundamentales de la postura y punto de vista bayesiano de los autores

de este trabajo.

Dos referencias más deben mencionarse: en primer lugar, Historia de la Filosofía por

Julián Marías (Primera edición de 1941, vigesimotercera edición en 1971, con Prólogo de

Xavier Xubiri, y Epílogo de José Ortega y Gasset); y, la también contribuyente referencia:

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Lecciones Preliminares de Filosofía por Manuel García Morente (2005, con primera

publicación en 1938).

Por tratarse de una investigación hermenéutica documental, se utilizó un muestreo teórico

de las diversas referencias documentales disponibles y pertinentes. Estas referencias pudieran

clasificarse de manera general en las áreas epistemológica y bayesiana. El procedimiento de

análisis-síntesis, estructuración-integración se llevó a cabo mediante recensiones de la

literatura y variantes del análisis temático (Quero: 2013).

4.- Análisis e Integración.-

En esta sección, como ya se indicó, se lleva a efecto la indagación documental

hermenéutica mediante el procedimiento de análisis-síntesis y estructuración-integración,

como resultado de las recensiones de la literatura y variantes del análisis temático (Quero:

2013). En general, a partir de abordajes holísticos, se asumen posturas eclécticas.

4.1.- Elementos de una Epistemología.

A continuación se darán elementos operativos que caracterizan a la epistemología en un

sentido lato, derivados a partir de diversos autores que son indicados. Estos elementos

permitirán estructurar y valorar un amplio marco piloto de referencia, quizás difuso, no

exhaustivo, no excluyente, y tampoco formalmente definitorio, pero que ha servido para crear

una primera aproximación de lo bayesiano a lo epistemológico.

1.- La epistemología es una “rama de la filosofía” (Damiani, 2009: 27), una “disciplina

filosófica” (Hessen, 2006: 11), también considerada como “filosofía de la ciencia” (Díaz,

2010: 23). “Como teoría de la ciencia, analiza la ciencia misma. Es una disciplina meta-

científica” (Damiani, 2009: 29-30).

2.- La epistemología es una forma de entender y explicar cómo sabemos lo que sabemos

(Crotty, 1998: 3). “La epistemología (…) trata con la naturaleza del conocimiento, su

posibilidad, alcances, y su base general” (Hamlyn, 1995: 242 en Crotty, 1998: 8).

3.- La epistemología responde a la cuestión “esencia del conocimiento”: cuál es la relación

entre el “sujeto cognoscente” y el “objeto del conocimiento” (Ferrater Mora, 2004: 658), es

decir, la relación entre el “estudioso” y la “realidad estudiada” (Corbetta, 2007: 8), o de otra

manera, ¿Cuál es la naturaleza de esa relación?¿cómo se conoce? (Sandín, 2003: 29-30).

Responde además, a preguntas relacionadas con la posibilidad del conocimiento (¿puede el

sujeto aprehender realmente al objeto?); con el origen del conocimiento (¿es la razón o la

experiencia la fuente o base del conocimiento?); con las especies del conocimiento (¿cuáles

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son las formas que puede tomar el conocimiento?); y, finalmente, con el criterio de la verdad

(¿cuál criterio nos dice si un conocimiento es o no verdadero?) (Hessen, 2006).

4.- La epistemología, no obstante lo señalado en el ítem número 3 anterior guarda íntima

relación con lo ontológico, lo metodológico (y a su vez con los métodos y técnicas en

particular) (Corbetta, 2007: 8); dimensiones aquellas que responden a las preguntas: ¿cuál es

la naturaleza de lo cognoscible?, y, ¿cómo debería proceder la investigación para descubrir lo

cognoscible?, respectivamente (Sandín, 2003: 29-30). Este planteamiento es reforzado con la

afirmación: “los problemas ontológicos y los problemas epistemológicos tienden a aparecer

juntos” (Crotty, 1998: 10).

5.- Una epistemología general trata respecto a la reflexión sobre el conocimiento científico

que rebasa las fronteras de una especialidad, ocupándose de problemas estructurales comunes

a diferentes ciencias partiendo de la interdisciplinariedad (Flórez, 1994: xxxiv-xxxv).

6.- “Una epistemología regional trata el estudio sobre una ciencia en particular, sus

principios y fundamentos, su estructura organizativa, sus criterios de verificación” (Flórez,

1994: xxxiv-xxxv), y sus criterios de valoración y rigurosidad.

7.- “La epistemología se ocupa de proporcionar una base filosófica para decidir qué tipo de

conocimiento son posibles y cómo podemos asegurar que sean aceptables y legítimos”

(Marynard, 1994:10 en Crotty, 1998: 8). De ahí la necesidad de identificar, explicar y

justificar la postura epistemológica que se ha adoptado. “La epistemología nos soporta

fuertemente sobre la vía que tomó nuestra investigación” (Crotty, 1998: 9).

4.2 Argumentaciones y relaciones.

En esta subsección se dan las argumentaciones y relaciones referidas a los dos principales

objetivos del trabajo: i) Identificar aproximaciones posibles entre el Objetivismo y el

Subjetivismo; y, ii) A partir de un amplio encuadre de la Epistemología, postular al

Bayesianismo como una posible posición fluctuante entre el Objetivismo y el Subjetivismo,

como una solución optativa al problema de la esencia del conocimiento, bien con una cierta

jerarquía epistemológica o como una perspectiva teórica u opción metodológica.

Iniciemos desarrollando el primer objetivo, el de las aproximaciones posibles entre el

Objetivismo y el Subjetivismo. En correspondencia con la premisa “e.i” se tiene que la

ciencia, quizás por vínculos bien con el realismo, o bien con el idealismo, adoptan un punto

de vista parcial y limitado en el conjunto total del ser y de la realidad (García Morente, 2005).

Se ha argumentado que como consecuencia de no superarse este punto de vista desde la

metafísica u ontología, se han aplicado métodos inadecuados, que no le son propios o

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peculiares, que implican a su vez al nacimiento forzoso de “equívocos, errores o malas

interpretaciones, que conducen a las ciencias a faltas garrafales” (García Morente, 2005: 364).

Desde la dimensión ontológica, se diferencian las propiedades o características del objeto

en cuanto objeto: las categorías ónticas, de las propiedades que ese mismo objeto adquiere

luego de su elaboración producto del esfuerzo del conocimiento: las categorías ontológicas

(García Morente, 2005). Así, ambas categorías pasan a constituir las llamadas regiones de la

objetividad: la de los objetos reales y la de los objetos ideales, y cada región tiene sus

categorías ónticas específicas: las categorías ónticas estructurales y fundamentales. Diversas

subdivisiones que pueden darse dentro de estas regiones principales de la objetividad, no

serán detalladas acá (un estudio detallado puede revisarse en García Morente, 2005), pero

“solo atendiendo a las categorías ónticas estructurales de cada región, de cada subregión, de

cada subsuregión, hasta llegar si se quiere al individuo, puede la ciencia aplicar los métodos

congruentes y convenientes para el conocimiento del grupo ontológico” (García Morente,

2005: 367).

Hasta acá tenemos, la adopción de un punto de vista parcial de la ciencia, en cuanto a su

objeto de estudio, y ésta, asociada a la aplicación de métodos muy específicos que pudieran

no ser congruentes y consistentes con las categorías ónticas estructurales propias de cada

región, aunado todo esto, a vínculos extremistas con el realismo o el idealismo, soluciones

éstas, que están enmarcadas dentro de la llamada solución metafísica (u ontológica), dada al

problema de la esencia del conocimiento, según Hessen (2006). Dentro de las diversas formas

de realismo que puedan considerarse lo común es la tesis de que “hay objetos reales

independientes de la conciencia” (Hessen, 2006: 81), o de otra forma, “además de los objetos

ideales hay objetos reales independientes del pensamiento” (Hessen, 2006: 70); mientras que

en el idealismo, su tesis es que “el objeto de conocimiento no es nada real, sino algo ideal”

(Hessen, 2006: 85), “todos los objetos poseen un ser ideal, mental” (Hessen, 2006: 70). Es

oportuno completar esta clasificación ontológica o metafísica, agregando una tercera solución

que intenta conciliar entre el realismo y el idealismo: el fenomenalismo, “teoría según la cual

no conocemos las cosas como son en sí, sino como nos aparecen, (…) hay cosas reales pero

no podemos conocer su esencia” (Hessen, 2006: 86), y es esta parte final de la afirmación la

que coincide con el realismo y el idealismo, respectivamente.

Hemos tocado hasta este momento entonces las soluciones metafísicas u ontológicas,

dadas al problema epistemológico de la esencia del conocimiento, según Hessen (2006).

Ahora se revisarán las soluciones pre-metafísicas, que según este mismo filósofo, responden

al mismo problema de la esencia del conocimiento: el Objetivismo y el Subjetivismo, y que

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son consideradas pre-metafísicas porque estudian la relación entre el sujeto y el objeto, “sin

decir nada sobre el carácter ontológico del sujeto y el objeto” (Hessen, 2006: 70). Por su

parte, para el Objetivismo el centro de gravedad del conocimiento reside en el objeto, el reino

objetivo de las Ideas o esencias es el fundamento sobre que descansa el edificio del

conocimiento; mientras el Subjetivismo, por el contrario, trata de fundar el conocimiento

humano en el sujeto (Hessen, 2006: 73).

Se ha revisado hasta acá, para el mismo problema epistemológico de la esencia del

conocimiento, dos de las soluciones que según Hessen (2006), permiten abordarlo: las pre-

metafísicas: el Objetivismo y el Subjetivismo, y las metafísicas (u ontológicas): el realismo, el

idealismo y, mediando entre ellas, el fenomenalismo; y con un realismo y un idealismo

posiblemente asociados a la adopción de un punto de vista parcial y limitado en el conjunto

total del ser y de la realidad, por parte de la ciencia. Ya con este primer marco definido, es

pertinente formularse los cuestionamientos: en esa adopción del punto de vista parcial y

limitado de la ciencia, ¿cuánta influencia puede asignársele al Objetivismo y al

Subjetivismo?; ¿existen relaciones entre las soluciones pre-metafísicas y las metafísicas u

ontológicas?

Dando respuesta a la segunda pregunta, se pudiera esbozar una respuesta a la primera. Del

mismo filósofo Hessen tenemos las siguientes afirmaciones: la primera, ya fue dada en el

tercer ejemplo de la segunda premisa, donde se muestra la alianza del Objetivismo

fenomenológico con el idealismo epistemológico y con el realismo epistemológico; una

segunda afirmación, “mientras el Subjetivismo descrito llega en el ‹platónico cristiano› a una

síntesis con el realismo, en los modernos kantianos aparece en el marco del riguroso

idealismo” (Hessen, 2006: 74). Y una tercera afirmación, entre las tantas que puedan

presentarse: “El realismo se toma a menudo para implicar el Objetivismo. (…). En algunos

casos incluso nos encontramos con el realismo identificado con el Objetivismo” (Crotty,

2006: 10). ¿A cual conclusión se puede llegar? Sí existen relaciones entre las soluciones pre-

metafísicas y las metafísicas u ontológicas.

Pero más allá de concluir que sí existen esas relaciones, es permitido inferir, por una parte,

que existen posiciones intermedias dentro del Objetivismo y del Subjetivismo, y, por otra

parte, que esas posiciones intermedias o extremas se conectan con posturas extremas o

medianas de sus contrapartes metafísicas u ontológicas, el realismo y el idealismo. Respecto a

la primera pregunta: ¿cuánta influencia puede asignársele al Objetivismo y al Subjetivismo,

por esa adopción del punto de vista parcial y limitado de la ciencia?, habiendo respondido la

segunda y juntándose esta respuesta con la definición misma de Objetivismo y Subjetivismo,

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pudiera resultar lógico responder parcialmente que sí hay influencia, pero al igual que la

afirmación misma de atribuirle la influencia al realismo y al idealismo, solo es posible

asignarle una posibilidad, y no certeza absoluta.

Y a propósito de esas posiciones intermedias dentro de las clásicas posiciones del

Objetivismo y del Subjetivismo, sería natural considerar la inserción de posiciones

intermedias entre los irreconciliables Objetivismo y Subjetivismo. Caso específico es el del

construccionismo, el cual rechazando la idea de que hay una verdad objetiva esperando para

ser descubierta, sino que la verdad, o el significado, llega a existir dentro y fuera de nuestra

relación con las realidades de nuestro mundo. El sujeto y el objeto emergen como socios en la

generación del significado, y asume que personas distintas pueden construir significados de

diferentes formas (Crotty, 1998: 8-9). Una breve indicación de sus antecedentes históricos

pueden verse en Sandín (2003: 48).

De esta manera, puede considerarse medianamente cubierto el primer objetivo de esta

disertación, el de identificar aproximaciones posibles entre el Objetivismo y el Subjetivismo,

pero no será hasta abordar el segundo objetivo, cuando se valorará la necesidad de haberlo

desarrollado. Antes de entrar al segundo objetivo, se comentará respecto a la sugerencia de no

tipificar las investigaciones sociales en el nivel operativo, técnico y a lo sumo metodológico,

es decir, como cualitativa o como cuantitativa, y en su lugar, más bien se sugiere calificarla

como Objetivista o Subjetivista (o Construccionista). Esta sugerencia en específico de no

calificar en términos de cualitativa o cuantitativa una investigación social, no es atribuible a

Crotty, sin embargo, lo que sí es parte de su propuesta, son las cuatro dimensiones:

epistemológica, perspectiva teórica, metodología y métodos, sugeridas como elementos

asociados a las preguntas que deben formularse al momento de realizar cualquier proceso de

investigación (Crotty, 1998: 2-17).

Previo a la aclaratoria de esta sugerencia, consideremos: “Nuestra investigación puede ser

cualitativa o cuantitativa, o tanto cualitativa como cuantitativa, sin que esto sea de ninguna

manera problemático” (Crotty, 1998: 15). Esta afirmación bien pudiera corresponderse con la

ya bastante divulgada propuesta de complementariedad, y que acá no será detallada. Ahora

bien, según el dimensionamiento de los cuatro elementos ya mencionados y propuestos por

este autor, entendemos que su afirmación pudiera quedar justificada casi de manera

inmediata, tan solo basta considerar que esas instancias cualitativas o cuantitativas, residen

más propiamente en el nivel de las dimensiones metodología y/o métodos, quizás más lo

segundo que lo primero, y , a lo sumo, en la dimensión superior perspectiva teórica, pero no

esencialmente en la dimensión más alta, la epistemología, en la cual sí debería tipificarse

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sustantivamente la investigación, es decir, nuestras investigaciones sociales quedarían

ampliamente clasificadas como Objetivistas, Subjetivistas, o Construccionistas (o

Constructivistas).

En este punto, es pertinente preguntarse: ¿existe asociación entre el Objetivismo, el

Subjetivismo o el Construccionismo con lo cualitativo y lo cuantitativo? La respuesta en sí

misma es compleja y afirmativa aunque de manera relativa, una especie de relación indirecta,

lo cual es determinante para justificar la propuesta dada, insistimos, dentro de este marco pre-

metafísico y metafísico que se ha venido considerando.

Primeramente debe recordarse que el Objetivismo, el Subjetivismo (y el construccionismo)

responden esencialmente a qué relación (pre-metafísica) se da entre el sujeto y el objeto de

investigación, sin atender a la naturaleza metafísica u ontológica del objeto de investigación

(Realismo, Idealismo o Fenomenalismo). De tal manera, que si una investigación es

Objetivista “pura” es porque se está considerando una relación que recae o se fundamenta

sobre el objeto de conocimiento, pero a éste, bien pudiera asignársele propiedades o

características cuantitativas o cualitativas (lo cual a la postre definirán las escalas de

“medición” pertinentes, asociadas a su vez con los métodos propios de las regiones ónticas);

mientras que en una investigación Subjetivista “pura” el conocimiento se funda

primordialmente en el sujeto, no obstante igualmente sean consideradas propiedades o

características cuantitativas o cualitativas en el objeto. De la carga o balance de lo cuantitativo

y lo cualitativo se establecerá una continuidad potencial entre el Objetivismo y el

Subjetivismo, donde pueden definirse posiciones intermedias entre los dos (v.g. el

construccionismo) y dentro de cada uno, y sus respectivos vínculos con las soluciones

ontológicas (realismo, idealismo y fenomenalismo, donde sí pudieran manifestarse más

directamente las conexiones con lo cuantitativo y lo cualitativo, de ahí lo de la ya mencionada

afirmación relativa de la respuesta), pero sin asociar exclusivamente lo cuantitativo al

Objetivismo y lo cualitativo al Subjetivismo.

Es una necesidad aclarar que para Crotty (1998: 15), “sí debe ser problemático cualquier

intento de ser a la vez objetivista y construccionista (o subjetivista)”. No aceptamos de

manera apodíctica esta afirmación, y, entre otras cosas, basta considerar por lo menos, las

aproximaciones que ya se mencionaron dentro del Objetivismo y del Subjetivismo con

respecto al Realismo y el Idealismo, confirmándose que esas mediaciones dentro, ya

identificadas, pueden terminar resultando como aproximaciones de las posiciones extremas, y

como ejemplo se tiene al construccionismo, a pesar de las diferencias que pueda guardar con

el Objetivismo y el Subjetivismo.

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Ahora sí nos es permitido abordar el segundo objetivo: postular al Bayesianismo como una

posible posición intermedia entre el Objetivismo y el Subjetivismo, como una solución

optativa al problema de la esencia del conocimiento. Primeramente, se revisan definiciones,

comentarios, y términos relacionados con el Bayesianismo o la Epistemología Bayesiana, y

luego se establecen sus conexiones con los elementos que conceptualizan un amplio encuadre

de una Epistemología, para finalmente argumentar la postulación.

De la sección 4.1 “Elementos de una Epistemología”, se resumen acá las preguntas que

pudieran estar asociadas a los elementos más operativos de nuestra definición o

conceptualización de Epistemología. Del elemento 3 tenemos, resumiendo:

A.- En cuanto a la esencia del conocimiento: ¿Cuál es la relación entre el sujeto y el

objeto?¿cuál es la naturaleza de esa relación?¿cómo se conoce? (Acá está contenido en un

sentido amplio lo pre-metafísico y lo metafísico u ontológico).

B.- En cuanto a la posibilidad del conocimiento: ¿Puede el sujeto aprehender realmente al

objeto?

C.- En cuanto al origen del conocimiento: ¿Es la razón o la experiencia la fuente o base del

conocimiento?

D.- En cuanto a las especies del conocimiento: ¿Cuáles son las formas que puede tomar el

conocimiento?

E.- En cuanto al criterio de la verdad: ¿cuál criterio nos dice si un conocimiento es o no

verdadero?

Del elemento 4 tenemos:

F.- En cuanto a lo ontológico: ¿cuál es la naturaleza de lo cognoscible?

G.- En cuanto a lo metodológico: ¿cómo debería proceder la investigación para descubrir lo

cognoscible?

Y en correspondencia con nuestro referente de Crotty (1998), se agrega:

H.- En cuanto a los métodos y técnicas: ¿cuáles actividades se realizarán para recoger y

analizar los datos?

Es oportuno mencionar, que a propósito del dimensionamiento propuesto por Crotty

(1998): epistemología, perspectiva teórica, metodología y métodos, queda claramente

diferenciada la epistemología del resto de las otras tres dimensiones. Este autor incluye, como

ya se dijo, al “Objetivismo, Construccionismo, Subjetivismo (y sus variantes)” (Crotty, 1998:

5) en la epistemología. Sin contar el construccionismo, esta clasificación se corresponde con

la solución pre-metafísica dada por Hessen al problema de la esencia del conocimiento, que

trata la relación entre el sujeto y el objeto, incluyendo al Objetivismo y al Subjetivismo. Se ha

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decidido ampliar los elementos operativos de la epistemología, para poder tener y valorar

una primera aproximación epistemológica del Bayesianismo, que pueda refinarse y hacerse

más precisa posteriormente.

Un listado de las categorías o temas bayesianos identificados a partir de las definiciones

centrales y algunos comentarios que los autores dan respecto al asunto bayesiano (y que no

serán transcriptos acá), derivados de las recensiones de las referencias bibliográficas

bayesianas principales y los análisis temáticos que servirían de insumo para una

estructuración-integración, se da a continuación, sin ningún criterio de orden preestablecido:

Carrier (2012): procedimiento metodológico, campo empírico, metodologías,

“frecuentismo” epistémico, razonamiento-método, probabilidades epistémicas.

Braun (2012): actualización de creencias, manera correcta de pensar, debate filosófico.

Hohwy (2013): inferencia perceptual, estados de cosas, fenomenología, inferencia causal,

método bayesiano.

Hájek and Hartmann (2010): epistemología bayesiana, métodos bayesianos, problemas

epistemológicos, bayesianismo, programa de investigación, epistemología tradicional.

Hartmann and Sprenger (2010): epistemología bayesiana, problemas epistemológicos,

epistemología tradicional, intuición matemática, intuición epistémica.

Bravo de Guenni (2008): análisis bayesiano, inferencia, decisión, conclusiones,

información.

Bernardo and Smith (1994): estadística bayesiana, contextos de incertidumbre.

Wonnacott and Wonnacott (1986): estadística bayesiana, estimaciones modificadas,

conocimiento.

Box and Tiao (1973): método, estado de conocimiento o ignorancia.

Las categorías-temas propios o rutinarios del Teorema (o regla) de Bayes, han sido

excluidos del listado anterior, específicamente: eventos, probabilidades anteriores,

probabilidades posteriores, evidencias, verosimilitudes, probabilidades condicionales,

probabilidades conjuntas.

Entre las relaciones que pueden destacarse está, que las categorías-temas más relacionados

con epistemología, conocimiento, investigación, inferencia perceptual, inferencia causal, y

específicamente epistemología bayesiana, pudieran asociarse a las referencias de data más

reciente. Sin embargo, esto no debe tomarse como determinante, ya que referencias como la

registrada en la década de los 70 en el Volumen 119 de Contribution to economic analysis

(1977): “New developments in the applications of Bayesian methods”, por Aykac y Brumat,

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entre otras, muestran profundizaciones no solo en el nivel de las técnicas bayesianas y de los

asuntos epistemológicos, sino en superiores elevados de la filosofía.

La metodología de este trabajo incluye recensiones de las referencias bibliográficas, y esto

implica, entre otras cosas, la lectura a fondo de toda la obra, o bien una lectura superficial de

toda la obra y en profundidad la de varios de sus capítulos o unidades claves para el propósito

perseguido. De esta forma, más allá de estas categorías-temas identificados y resumidos, un

recensor puede percatarse de las intenciones y significados de las referencias bibliográficas

analizadas, pudiendo mencionarse, que en los libros clásicos bayesianos el uso de la regla o

teorema de Bayes, como método o técnica para la resolución de problemas específicos, es

evidentemente innegable, mientras que en las obras modernas se destaca ya no solo como

método o técnica, sino como una concepción metodológica e incluso epistemológica, el

asunto bayesiano.

Como resultado de toda la indagación documental hermenéutica se postula la siguiente y

debatible estructuración-integración preliminar de los elementos de una Epistemología

Bayesiana o del Bayesianismo: Una teoría de aprendizaje en incertidumbre con la cual

personas, investigadores, científicos, individuales o colectivos, aprenden o conocen

respecto a eventos o estados aleatorios e inciertos de las cosas, de la naturaleza, de la

realidad, a partir de sus opiniones iniciales, creencias, juicios intuitivos, datos anteriores o

históricos, o de considerar el supuesto clásico de resultados igualmente probables,

expresados mediante probabilidades a priori subjetivas o grados de creencia –certeza o

ignorancia relativa− , objetivas o de ambas, referidas a aquellos eventos o estados y que

representan el conocimiento inicial o su parcial ignorancia; las que luego son ajustadas o

revisadas, derivando en probabilidades a posteriori u opiniones finales, sobre la base de

evidencias y contra-evidencias muestrales objetivas y subjetivas −y sus verosimilitudes

asociadas− obtenidas mediante cualquier procedimiento fáctico de campo, intelectual o

documental de recolección de información; probabilidades éstas que representan el nuevo

conocimiento o aprendizaje acerca de aquel estado e evento incierto, sea en forma de

inferencias, como de decisiones sobre cursos de acción. Este aprendizaje puede revisarse o

actualizarse permanentemente siempre a la luz de nueva evidencia.

Ahora contrastaremos esta integración-estructuración de elementos de la Epistemología

Bayesiana con algunos de los elementos más operativos de nuestra definición o

conceptualización de Epistemología: i) En cuanto la relación entre el Objetivismo y el

Subjetivismo, como solución pre-metafísica del problema de la esencia del conocimiento,

tenemos una situación muy particular de conocimiento en la cual el énfasis recae tanto sobre

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el objeto como en el sujeto, tanto en los estados de la realidad como en el individuo o

colectivo; ii) En atención al origen del conocimiento para dar respuesta a si es la razón o la

experiencia la fuente o base del conocimiento, podemos por lo menos considerar el tipo de

insumo requerido: opiniones y creencias, así como los procedimientos de obtención de

evidencias. En resumen, se da una conjunción de la razón y la experiencia; iii) En relación a la

cuestión de la posibilidad del conocimiento y su pregunta puntual de si puede el sujeto

aprehender realmente el objeto, el tratamiento probabilístico de las inferencias o decisiones

que esencialmente representan el conocimiento, dan una primera respuesta a la pregunta

formulada; iv) En lo que respecta a las dimensiones metodológicas y de métodos,

específicamente la técnica bayesiana como mero procesamiento de datos, responde de forma

natural a esos dimensionamientos; finalmente, v) Más allá de la argumentación básica dada

respecto a que la relación de conocimiento recae de forma compartida sobre el objeto y el

sujeto como solución pre-metafísica, si se considerase su naturaleza ontológica, esta

consideración serviría más bien para profundizar la argumentación de que el énfasis de la

relación recae tanto en el objeto como en el sujeto, elevando a un nivel de complejidad la

naturaleza dual objetiva-subjetiva del objeto y el sujeto: en cuanto al objeto de conocimiento

tenemos estados o eventos inciertos de la naturaleza probabilística subjetiva y/u objetiva, y en

lo que respecta al sujeto cognoscente bayesiano, le es naturalmente permitido el

procesamiento subjetivo y objetivo de la información recogida, información ésta que es a la

vez, subjetiva y objetiva: “una adecuada postura alternativa global” (tomamos prestada esta

frase de J. M. Bernardo, quien escribió el Prefacio para la edición española de la obra de

Lindley, 1977: 11).

Como complemento, debe comentarse la publicación del Artículo Bayesian epistemology

(Talbott, 2015) en The Stanford Encyclopedia of Philosophy, publicado por primera vez en el

año 2001 y revisado sustancialmente en el año 2008, como una referencia muy significativa al

momento de valorar el estatus del asunto bayesiano en los niveles epistemológicos y

filosóficos. Se destaca, en esta referencia la Teoría de la Confirmación Bayesiana en el

análisis de la práctica científica como una de sus aplicaciones más importantes. De igual

manera resalta, la Estadística Bayesiana como una rama relevante de la estadística (un

universo paralelo al de la estadística clásica, con técnicas homólogas a todas las de ésta, y

quizás con mayor número de aplicaciones), basada en los principios bayesianos; la Teoría de

Aprendizaje Bayesiano enmarcada en la psicología y también basada en los principios

bayesianos; y la Teoría de Decisión Bayesiana, basada en la idea de análisis racional de los

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grados de creencia, y que constituye ahora el modelo teórico dominante en el análisis de

decisiones descriptivas y normativas.

Aplicaciones que van desde investigaciones que incluyen tratamientos muy cuantitativos,

hasta aquellas de procesamientos más cualitativos, pueden abordarse desde un enfoque

bayesiano. Entre ambas, encontramos por ejemplo, desde las que se apoyan en los diagramas

de influencias, “ayudas gráficas cuali-cuantitativas alternativas a los más populares árboles de

decisión, para tratar situaciones de decisiones secuenciales” (Quero, 2003: 11), con el apoyo

de programas computacionales específicos y que han conseguido su asidero en distintas áreas

científicas; hasta las que pudieran tener un uso menos complejo, aunque igualmente

importantes, de las técnicas o análisis bayesiano, como en la planificación y evaluación de

proyectos sociales o comunitarios (Quero, 2013). Además, es menester mencionar la

importante contribución que puede dar la reciente e interesante obra “Proving History: Baye´s

theorem and the quest for historical Jesus” por Richard Carrier (2012), en la cual se aplica la

técnica y metodología bayesiana para “elicitar” la probabilidad de ocurrencia de hechos

históricos.

Estas referencias, sumadas a la ya innumerable cantidad de artículos y libros publicados en

relación a este tema, constituyen evidencias del continuo e indetenible crecimiento de las

áreas de aplicación de las herramientas bayesianas y del pensamiento bayesiano en general, y

permiten justificar la merecida posición epistemológica del asunto bayesiano, con un conjunto

propio y estructurado de principios (no detallados acá). Todo esto sin perder de vista las

necesarias autocríticas y revisiones permanentes que tienen lugar, así como la definición de

caminos para las investigaciones futuras como las indicadas por Hájek y Hartmann (2010:

102-104).

De esta manera, tenemos hasta acá, una Epistemología Bayesiana o Bayesianismo con una

posición reconocida en el mundo científico, y que sumada a las anteriores argumentaciones,

puede ahora dar por cerrada la argumentación correspondiente al segundo objetivo: postular al

Bayesianismo como una posible posición fluctuante entre el Objetivismo y el Subjetivismo,

como una solución optativa al problema de la esencia del conocimiento. 

5.- Conclusiones.

De esta disertación, partiendo de un conjunto de premisas relativas a la filosofía, la

epistemología y la ciencia, a sus formas de argumentación y relaciones, y de un amplio

encuadre de los elementos de una epistemología, se han alcanzado las siguientes

conclusiones. En primer lugar, se concluyó respecto a la consideración de posibles

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aproximaciones entre el Objetivismo y el Subjetivismo. Paralelo a esto, se recomendó no

tipificar las investigaciones como cuantitativas o cualitativas, sino como Objetivistas,

Subjetivistas (o Construccionistas).

En segundo lugar, se pudo postular a la Epistemología Bayesiana o Bayesianismo como

una posición fluctuante entre el Objetivismo y el Subjetivismo, como una solución optativa al

problema de la esencia del conocimiento, y como una epistemología que pudiera tener un

natural asidero en las investigaciones enfocadas en una realidad social compleja, dinámica,

multivariante, preferiblemente no fraccionable, contentiva de eventos caracterizados por la

incertidumbre y el cambio continuo, y que a la postre pudiera propiciar un floreciente

acercamiento entre la Ciencia y la Filosofía, aproximando lo parcial y lo totalitario, lo

derivado y lo universal, mediante una Epistemología conciliadora.

Quedan ya identificados puntos de estudio o cuestiones posteriores. Debe profundizarse el

estudio de las argumentaciones que proyectan al Bayesianismo como una “adecuada postura

alternativa global” que posiblemente de respuesta a varias cuestiones epistemológicas clásicas

de manera simultánea. Los posibles vínculos entre el Bayesianismo y el Construccionismo, y

quizás la fenomenología, obligatoriamente constituyen también un interesante y pendiente

tema de estudio, así como la revisión con profundidad de argumentos provenientes de la

detracción Bayesiana.

6.- Referencias documentales.-

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