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CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ESTABILIDADE DE TALUDES CONSIDERANDO O EFEITO DA SISMICIDADE NATURAL NO BRASIL Luis Felipe Figueiredo do Nascimento Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Prof. Leonardo de Bona Becker, D.Sc. Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc. Rio de Janeiro Agosto de 2013

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CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ESTABILIDADE DE TALUDES CONSIDERANDO

O EFEITO DA SISMICIDADE NATURAL NO BRASIL

Luis Felipe Figueiredo do Nascimento

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadores:

Prof. Leonardo de Bona Becker, D.Sc.

Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc.

Rio de Janeiro

Agosto de 2013

ii

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ESTABILIDADE DE TALUDES CONSIDERANDO

O EFEITO DA SISMICIDADE NATURAL NO BRASIL

Luis Felipe Figueiredo do Nascimento

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

Prof. Leonardo de Bona Becker, D.Sc.

Prof. Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc.

Prof. Fernando Artur Brasil Danziger D.Sc.

Prof. Maurício Ehrlich, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

AGOSTO de 2013

iii

Nascimento, Luis Felipe Figueiredo do

Contribuição ao Estudo da Estabilidade de Taludes

Considerando o Efeito da Sismicidade Natural no Brasil/

Luis Felipe Figueiredo do Nascimento. – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2013.

xii, 151 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Leonardo de Bona Becker, Marcos

Barreto de Mendonça.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2013.

Referências Bibliográficas: p. 61-67.

1. Sismicidade Natural. 2. Análise de Estabilidade de

Taludes. 3. Análise Pseudo-Estática 4. Método de Spencer.

5. Análises Paramétricas.

I. Becker, Leonardo de Bona et al. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia Civil. III. Contribuição

ao Estudo da Estabilidade de Taludes Considerando o

Efeito da Sismicidade Natural no Brasil.

iv

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais Regina Maria e Roberto que me mostraram a

importância do conhecimento e da educação, me incentivando a dar o melhor de mim

sempre.

Ao meu irmão Victor, que em breve poderá ser mais um engenheiro na família.

Aos meus avós Custódio, Hylas (in memoriam) Lídia e Maria Amélia que me orgulham

tanto por suas trajetórias de vida.

v

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, a inteligência suprema e causa primária de todas as

coisas.

Aos meus pais, Regina Maria e Roberto, que tudo fizeram e fazem buscando sempre o

meu melhor, mesmo que muitas vezes eu não tenha compreendido isso. Obrigado por

todo amor e carinho, todos os valores transmitidos e até mesmo todas as broncas bem

dadas. Se hoje eu estou aqui é porque vocês estiveram sempre me apoiando.

Ao meu irmão Victor, por tantos momentos de diversão e bobeiras, que ajudaram a

tornar essa dura jornada um pouco mais leve. Obrigado também por ter se tornado

meu “despertador” nessa nova fase da minha vida, sempre cuidando dos horários das

minhas medicações e preocupado com meu sono.

À minha família por tantos momentos de descontração, mas em especial aos meus

avós Custódio, Hylas (in memoriam) Lídia e Maria Amélia. Suas trajetórias de vida, tão

diferentes, são exemplos de vida para mim. Obrigado por cada gesto de carinho, por

cada almoço de domingo, por cada história contada, por tudo.

À minha namorada Viviane, por todo seu apoio e incentivo ao longo de 3 anos e meio

de namoro. Minha companheira em momentos de alegria e tristeza, momentos calmos

e difíceis, minha melhor amiga. Obrigado por estar ao meu lado por todo esse tempo,

mesmo com tantas dificuldades. E obrigado por ter me tornado uma pessoa melhor,

reavivando em mim um lado espiritual adormecido, um gosto ainda maior pela leitura,

me fazer dar ainda mais valor à minha família e aos estudos.

Aos meus amigos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por esses anos todos

de convivência. Foram muitos momentos marcantes (alguns impublicáveis) que serão

lembrados por nós para sempre, tenho certeza. Obrigado a vocês por cada encontro,

cada conversa à mesa, cada momento de risadas descontroladas por uma bobeira dita

e até mesmo por dividirmos cada momento de tensão durante as provas e nas

reuniões de trabalhos, virando noites, “perdendo” fins de semana. Enfim, obrigado a

todos vocês: André Santini, Arthur Fernandes, Bruno Lery, Cássio Pacheco, Diego

Mello, Diego Rezende, Isaac Balster, Luiz Augusto Berger, Raphael Santos e Tiago

Eller.

vi

Aos meus bons e velhos amigos do Colégio de Aplicação da UERJ que me

acompanharam em muitos momentos dessa jornada, seja batendo papo em algum

encontro de turma ou até mesmo me acompanhando ao Maracanã, para vermos o

nosso Flamengo vencer. Em especial agradeço a: Bernardo Gama, Caio Araújo,

Felipe Candol, Thiago Sbano e Victor Eleutério.

À PCE Engenharia pela minha primeira oportunidade profissional. Agradeço pela

convivência, o aprendizado e o conhecimento da rotina de um escritório de

engenharia. Os projetos desenvolvidos lá ajudaram bastante na escolha do tema deste

projeto. Um abraço especial a algumas pessoas que tornaram minhas manhãs e

tardes extremamente prazerosas durante os dois anos na empresa: Alberto, André

(Dedé), Cláudio, Carlos Alberto (Carlão), Fabiano, Gilmar, Gustavo Vasconcellos,

Isabela, Isaías, Juarez (in memoriam), Marcelo, Marcos Vinícius e Tiago. Um

agradecimento especial ao engenheiro Gustavo Domingos, sempre disposto a me

ajudar, ensinar ou tirar qualquer dúvida que fosse.

Aos meus orientadores Leonardo de Bona Becker e Marcos Barreto de Mendonça,

que tanto colaboraram para um bom desenvolvimento deste trabalho, sempre

motivando a discussão e a pesquisa sobre o tema, me incentivando a buscar ainda

mais informações. Gostaria de parabenizá-los, também, pela qualidade das aulas,

sempre tornando o assunto interessante e atual. A disciplina de Mecânica dos Solos I,

ministrada pelos dois, foi fundamental na minha escolha pela Geotecnia e cada vez

tenho mais certeza de que fiz a escolha certa.

Ao professor Fernando Artur Brasil Danziger faço um agradecimento especial. Além de

ser um dos melhores professores que já tive na vida, este se mostrou um ser humano

excepcional Sua ajuda na busca por uma nova oportunidade de estágio foi

fundamental. Agradeço por ter confiado no meu potencial e ter se disponibilizado a

colaborar nessa empreitada.

Aos professores e funcionários da Universidade Federal do Rio de Janeiro que direta

ou indiretamente participaram da minha formação profissional. A participação de cada

um de vocês foi importantíssima, seja ela do tamanho que for.

Bem, sei que deixei vários nomes passarem, mas a todos vocês MUITO OBRIGADO!

vii

“O mundo não é um mar de rosas. É um lugar ruim e asqueroso, e

não me importo quão durão você é ele te deixará de joelhos e te

manterá assim se permitir. Nem você, nem eu, nem ninguém baterá

tão forte quanto a vida. Mas isso não se trata de quão forte pode

bater. Se trata do quão forte pode ser atingido e continuar seguindo

em frente. Quanto você pode receber e continuar seguindo em

frente. É assim que a vitória é conquistada!”

(Rocky Balboa)

viii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ESTABILIDADE DE TALUDES CONSIDERANDO

O EFEITO DA SISMICIDADE NATURAL NO BRASIL

Luis Felipe Figueiredo do Nascimento

Agosto/2013

Orientadores: Leonardo de Bona Becker

Marcos Barreto de Mendonça

Curso: Engenharia Civil

O estudo do efeito dos sismos na estabilidade de taludes merece uma atenção

especial, em função da complexidade envolvida. Muitas vezes, este efeito é

determinante na segurança de uma região ou obra, que pode vir a ser afetada pela

ruptura de um talude. Contudo, há certa dificuldade em avaliar a maneira de se

considerar corretamente os efeitos destes tremores em obras, sendo estes muitas

vezes desprezados ou aplicados incorretamente. E a própria ABNT, mesmo

recomendando a análise da sismicidade para determinados casos, não indica como

realizar os procedimentos. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo dar uma

pequena contribuição para o melhor entendimento dos efeitos da sismicidade natural

na estabilidade de taludes. Fez-se uma breve revisão bibliográfica sobre sismos e sua

consideração na análise de estabilidade de taludes, abordando procedimentos para a

consideração do efeito sísmico (obtenção de parâmetros e coeficientes). Também

foram apresentados valores destes parâmetros e coeficientes voltados à realidade

brasileira. Através do Método de Spencer e de análises paramétricas em um talude de

aterro fictício buscou-se entender como a variação do efeito sísmico influencia o

coeficiente de segurança do talude. Foram feitas também análises do efeito da

variação da coesão e da inclinação da superfície do talude na segurança do mesmo

para cada situação sísmica considerada. Para tal, contou-se com o auxílio do software

SLOPE/W 2007. As análises foram realizadas considerando os dados sísmicos do

território brasileiro.

Palavras-chave: Sismicidade Natural; Análise de Estabilidade de Taludes; Análise

Pseudo-Estática; Método de Spencer; Análises Paramétricas.

ix

Abstract of Undergraduation Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

CONTRIBUTION TO THE STUDY OF THE SLOPE STABILITY CONSIDERING THE

EFFECT OF NATURAL SEISMICITY IN BRAZIL

Luis Felipe Figueiredo do Nascimento

August/2013

Advisors: Leonardo de Bona Becker

Marcos Barreto de Mendonça

Course: Civil Engineering

The study of earthquakes effects on slope stability deserves special attention, due to

the complexity involved. These effects are often crucial to the security of a region or

construction site, which could be affected by the rupture of a slope. However, there is

some difficulty in evaluating a way to address properly the effects of these earthquakes

in construction sites and such effects end up disconsidered or or applied incorrectly.

And ABNT, even recommending the analysis of seismicity for specific cases, doesn't

show how to perform the procedures. So, this paper aims to give a small contribution to

a better understanding about the effects of natural seismicity in slope stability. Thus, is

made a brief literature review on earthquakes and their consideration in the analysis of

slope stability, addressing procedures for the consideration of the seismic effect

(obtaining parameters and coefficients). Also were presented values of these

parameters and coefficients for the Brazilian reality. Using Spencer Method and

parametric analyses in a fictitious landfill slope, it sought to understand how the

variation of the seismic effect influences the safety factor of the slope. In addition, were

done analyses of the effect of the variation of cohesion and surface inclination of the

slope in the safety for each seismic situation considered. To help this, the software

SLOPE/W 2007 was used. The analyses were done considering the seismic data of

the Brazilian territory.

Keywords: Natural Seismicity; Slope Stability Analysis; Pseudo-Static Analysis;

Spencer Method; Parametric Analyses.

x

Sumário

1 Introdução ............................................................................................ 1

1.1 Considerações Iniciais e Objetivos ..................................................................... 1

1.2 Estrutura da Monografia .................................................................................... 2

2 Sismologia e Caracterização das Ações Sísmicas ................................... 3

2.1 O Conceito de Sismo ........................................................................................... 3

2.2 Estrutura Interna da Terra e Teoria da Tectônica de Placas .............................. 4

2.2.1 Estrutura Interna da Terra ............................................................................ 4

2.2.2 Teoria da Tectônica de Placas ....................................................................... 6

2.3 Alguns Conceitos Envolvendo Sismos ................................................................ 8

2.3.1 Hipocentro, Epicentro e Distância Focal ....................................................... 8

2.3.2 Ondas Sísmicas .............................................................................................. 9

2.3.3 Magnitude Sísmica ........................................................................................ 9

2.3.3.1 Escala Richter ou Escala de Magnitude Local (ML) ................................. 9

2.3.3.2 Escala de Magnitude do Momento Sísmico (MW) ................................ 11

2.3.3.3 Escalas de Magnitude de Ondas Volumétricas (MB) e Ondas de Superfície (MS) .................................................................................................. 12

2.3.4 Intensidade Sísmica ..................................................................................... 13

2.4 Sismicidade no Brasil e no Mundo ................................................................... 14

3 Estabilidade de Taludes ...................................................................... 19

3.1 Introdução ........................................................................................................ 19

3.2 Movimento de Massas ..................................................................................... 20

3.3 Análises de Estabilidade de Taludes ................................................................. 21

3.3.1 Introdução ................................................................................................... 21

3.3.2 Teoria do Equilíbrio Limite .......................................................................... 22

3.3.2.1 Considerações Iniciais ........................................................................... 22

3.3.2.2 Tensões Totais X Tensões Efetivas ........................................................ 23

3.3.2.3 Métodos de Estabilidade ...................................................................... 24

3.3.2.3.1 Método do Talude Infinito (1957) .................................................. 24

3.3.2.3.2 Método de Culmann (1866) ........................................................... 25

3.3.2.3.3 Método das Cunhas ........................................................................ 26

xi

3.3.2.3.4 Método das Fatias .......................................................................... 26

3.4 A Sismicidade na Análise de Estabilidade de Taludes ...................................... 32

3.4.1 Aceleração de Pico ...................................................................................... 32

3.4.2 Métodos de Análise .................................................................................... 34

3.4.2.1 Métodos Pseudo-Estáticos (Método de Spencer) ................................ 34

3.4.2.1.1 Considerações Iniciais ..................................................................... 34

3.4.2.1.2 Efeito das Forças Pseudo-Estáticas no Método de Spencer .......... 38

3.4.2.2 Métodos Dinâmicos (Método de Newmark) ........................................ 39

3.5 Fatores de Segurança Recomendados ............................................................. 40

4 Descrição do Problema ....................................................................... 42

4.1 Considerações Iniciais ....................................................................................... 42

4.2 O SLOPE/W ....................................................................................................... 42

4.3 Método do Talude Infinito com Sismicidade.................................................... 44

4.4 Parâmetros de Projeto ..................................................................................... 45

4.4.1 Parâmetros Iniciais ...................................................................................... 45

4.4.2 Parâmetros Reduzidos ................................................................................ 47

4.4.3 Resumo dos Parâmetros de Projeto Adotados ........................................... 47

5 Resultados e Análise ........................................................................... 49

5.1 Resultados Obtidos ........................................................................................... 49

5.2 Análise dos Resultados ..................................................................................... 49

5.2.1 Análises Preliminares .................................................................................. 49

5.2.2 Análises Principais ....................................................................................... 50

5.2.2.1 Efeito da Coesão ................................................................................... 50

5.2.2.2 Efeito da Inclinação ............................................................................... 50

5.3 Análises Especiais: Sismo Vertical .................................................................... 52

5.3.1 Considerações Iniciais ................................................................................. 52

5.3.2 Coeficiente Sísmico Vertical ........................................................................ 54

5.3.3 Resultados Obtidos ..................................................................................... 54

6 Conclusões ......................................................................................... 58

7 Bibliografia ......................................................................................... 61

xii

APÊNDICES ............................................................................................ 68

APÊNDICE A – Resultados das Análises de Estabilidade de Talude sob Influência de Sismicidade Horizontal ........................................................................................... 69

APÊNDICE B – Método do Talude Infinito .............................................................. 76

APÊNDICE C – Saídas do SLOPE/W para Sismicidade Horizontal ........................... 78

APÊNCIDE D – Saídas do SLOPE/W para Sismicidade Horizontal e Vertical ......... 141

APÊNDICE E – Mapas Sísmicos Mundiais ............................................................. 148

1

1 Introdução

1.1 Considerações Iniciais e Objetivos

Os princípios que envolvem os escorregamentos e a estabilização de taludes já foram

amplamente estudados e discutidos por décadas em todo o mundo. Uma das

considerações envolvendo o tema merece uma atenção especial: o efeito dos sismos.

Trata-se de um tópico muitas vezes determinante na segurança de uma região ou

obra, que pode vir a ser afetada pela ruptura de um talude. Contudo, há certa

dificuldade para definir a maneira de se considerar corretamente os efeitos destes

tremores em obras, sendo estes, muitas vezes, desprezados ou utilizados

incorretamente. A não consideração ou o subdimensionamento do efeito sísmico pode

gerar uma falsa sensação de segurança através dos resultados obtidos, assim como o

superdimensionamento deste efeito pode acabar inviabilizando um projeto.

No entanto, considerando o caso brasileiro, não existe uma determinação explícita em

norma sobre como se considerar o efeito sísmico em taludes. A Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT), por meio de suas normas NBR 11682, que trata da

estabilidade de encostas, e NBR 15421, que trata do projeto de estruturas resistentes

a sismos, não traz muitas informações neste aspecto. A primeira, apesar de citar

superficialmente os sismos como ação a ser levada em conta, não aborda sua

consideração no método de cálculo. A segunda não aborda o dimensionamento para

taludes. O Manual de Segurança e Inspeção de Barragens (2002) e as Orientações

para a Elaboração e Apresentação de Projeto de Barragem (2009), ambos

documentos desenvolvidos pelo Ministério da Integração Nacional, apresentam

algumas recomendações para a consideração da sismicidade em taludes de

barragens, mas ainda assim são incompletos, pois também não trazem metodologias

de cálculo.

Desta forma, este trabalho tem por objetivo dar uma pequena contribuição no melhor

entendimento dos efeitos da sismicidade na estabilidade de taludes. Buscar-se-á

abordar procedimentos para a consideração do efeito sísmico (obtenção de

parâmetros e coeficientes) na análise de estabilidade, bem como apresentar valores

destes parâmetros e coeficientes voltados à realidade brasileira. Além disso, através

do Método de Spencer e de análises paramétricas buscou-se entender o efeito dos

sismos naturais em um talude de aterro. Para tal, contou-se com o auxílio do software

2

SLOPE/W 2007, da GEO-SLOPE. Cabe ressaltar que os sismos artificiais – gerados

por ações humanas – não serão abordados neste trabalho.

1.2 Estrutura da Monografia

O capítulo 1 faz a apresentação do trabalho, trazendo as considerações iniciais e os

objetivos que se pretende alcançar com os estudos aqui desenvolvidos.

O capítulo 2 apresenta uma breve revisão sobre sismologia. Inicia-se com o estudo

interno do planeta terra, buscando-se entender a causa dos sismos naturais. Em

seguida são introduzidos alguns conceitos básicos sobre o assunto, desde

nomenclaturas, passando pelas ondas sísmicas, até as famosas escalas Richter,

Mercalli, entre outras.

O capítulo 3 trata da estabilidade de taludes de uma forma geral. Aborda-se a Teoria

do Equilíbrio Limite e seus diferentes métodos, dando ênfase ao Método de Spencer, a

base deste trabalho. Ainda é feita uma consideração especial para a influência da

sismicidade nas análises de estabilidade de taludes. Nesta parte do capítulo é

introduzido um conceito fundamental: a aceleração de pico, ligada ao movimento do

solo durante o sismo horizontal. Explica-se como obtê-la e aplicá-la nos cálculos de

estabilidade.

O capítulo 4 aborda o problema estudado neste trabalho, apresentando os parâmetros

geométricos e geotécnicos considerados para o problema em questão. Faz-se uma

breve explicação sobre as diferentes considerações realizadas pelo SLOPE/W acerca

das influências da sismicidade durante a análise de estabilidade.

O capítulo 5 apresenta os resultados obtidos das análises de estabilidade através do

SLOPE/W e uma discussão dos mesmos.

Por fim, no capítulo 6, são apresentadas as conclusões e considerações finais sobre o

trabalho.

3

2 Sismologia e Caracterização das Ações Sísmicas

2.1 O Conceito de Sismo

Os sismos, popularmente chamados de terremotos, são fenômenos de vibração da

superfície da terra. Ocorrem de forma brusca, tendo origem nos movimentos

subterrâneos de placas tectônicas (subdivisões da superfície terrestre que se

movimentam interagindo entre si – vide item 2.2.2), atividade vulcânica ou por

deslocamento de gases no interior da Terra, e sendo causados por uma liberação de

grandes quantidades de energia sob curto espaço de tempo que se propaga sob a

forma de ondas sísmicas. São observados principalmente nas fronteiras das placas e

nas zonas de falha (descontinuidades formadas pela fratura das rochas superficiais da

Terra e que podem variar de centenas de metros a milhares de quilômetros).

Sendo assim, segundo Monteiro (2007), a Sismologia é a ciência que estuda as

causas e os mecanismos de propagação dos sismos; determinação dos parâmetros

que caracterizam a propagação de ondas sísmicas através das camadas da Terra; e

realiza estudos da previsão da sua ocorrência, principalmente em regiões de elevado

risco sísmico. É uma área de conhecimento de grande importância para a Engenharia

Civil, já que o desempenho das obras é diretamente afetado pelas variações no

comportamento da superfície terrestre. A Figura 1 traz um exemplo de estrutura civil

destruída durante sismo ocorrido no Chile em fevereiro de 2010.

Figura 1 – Desastre sísmico no Chile ocorrido em 27 de Fevereiro de 2010 (GAZETA..., 2010)

4

Um dos papéis principais da Sismologia é a previsão da ocorrência de grandes

sismos. No entanto, por mais que os estudos nesta área tenham avançado, ainda não

é possível se fazer previsões com precisão satisfatória. Contudo, por meio de uma

análise de registros históricos e do acompanhamento dos movimentos das placas é

possível definir zonas no globo onde o risco sísmico é elevado e, consequentemente,

os efeitos das ações sísmicas passam a ter grande importância no cálculo (REBELO,

2004).

2.2 Estrutura Interna da Terra e Teoria da Tectônica de Placas

2.2.1 Estrutura Interna da Terra

Para entender a sismicidade da Terra é importante conhecer sua estrutura interna. O

planeta é dividido internamente de duas formas, baseado em suas características

físicas ou químicas, conforme pode ser observado na Figura 2.

De acordo com o modelo químico a Terra se divide em: crosta, manto e núcleo. A

crosta terrestre, a camada mais superficial, divide-se em continental e oceânica. A

primeira atinge até 70 km de profundidade e é composta basicamente por granito,

enquanto que a segunda, bem mais fina, varia entre 5 e 8 km, sendo composta

principalmente por basalto. O manto divide-se em superior e inferior e é composto de

peridotito (rocha ultrabasáltica). A camada superior atinge 700 km de profundidade,

enquanto que a inferior chega aos 2900 km abaixo da superfície. Por fim, o núcleo

terrestre, que se divide em externo e interno e é composto por ferro e níquel. O núcleo

externo possui 2250 km de espessura e o interno 1221 km.

Já o modelo físico divide a Terra em: litosfera, mesosfera, astenosfera e endosfera. A

litosfera é a camada superficial sólida, composta pela crosta terrestre e parte do manto

superior. Nas regiões de crosta oceânica chega a atingir 100 km de profundidade,

podendo alcançar o dobro nas zonas continentais. A astenosfera localiza-se abaixo da

litosfera, alcançando até 700 km de profundidade. Trata-se de uma camada plástica,

possibilitando o movimento das placas (conforme será visto a seguir). É também a

responsável por fornecer o material expelido pelos vulcões. A mesosfera prolonga-se

dos 700 km aos 2900 km de profundidade. Mesmo com as altas temperaturas no

interior do planeta, a mesosfera encontra-se no estado sólido, devido às elevadas

pressões. Finalmente, a endosfera é composta pelo núcleo terrestre. O núcleo externo

encontra-se no estado líquido enquanto que o núcleo interno é sólido. Assim como no

5

caso da mesosfera, as elevadas temperaturas no núcleo interno não são capazes de

sobrepujar o efeito das imensas pressões.

Figura 2 – Modelos Químico e Físico da Terra (Adaptado de USGS, 1999a)

6

2.2.2 Teoria da Tectônica de Placas

A teoria da tectônica de placas diz que a litosfera está fraturada em 7 placas rígidas

principais e diversas outras menores que se movimentam, conforme observado na

Figura 3. Essas movimentações ocorrem porque a litosfera, mais leve e fria, “flutua”

sobre a astenosfera.

As placas deslizam ou colidem umas contra as outras a uma velocidade variável de 1

a 10 cm/ano. Nas regiões onde se chocam ou se atritam, crescem os esforços de

deformação nas rochas e, periodicamente nesses pontos, ocorrem os grandes

terremotos. É justamente nos limites das placas, ao longo de faixas estreitas e

contínuas, que se concentra a maior parte da sismicidade da Terra (SIS-UnB, 2013a).

Figura 3 – Placas tectônicas (USGS, 2011)

Todo o movimento entre as placas ocorre devido a um mecanismo conhecido por

corrente de convecção, esquematizado na Figura 4. Neste processo o material mais

quente sobe até a base da litosfera, passando a se movimentar lateralmente e

perdendo calor. Assim, tende a descer novamente e dando lugar ao material mais

quente que está subindo, formando um ciclo. À medida que o material se desloca

lateralmente ele entra em atrito com as placas da litosfera, levando-as ao movimento.

7

Figura 4 – Correntes de convecção (WICANDER e MONROE, 2009, p. 19)

Desta forma, devido ao movimento relativo entre as placas, podemos definir 3 tipos de

limites entre elas:

i. Convergente: ocorre quando duas placas se chocam, podendo ocorrer ou não

subducção (a placa mais densa mergulha sob a outra) e/ou soerguimento

(levantamento da placa). Pode se dar entre duas placas oceânicas (ex:

formação das ilhas japonesas), entre uma placa oceânica e uma continental

(ex: formação da cordilheira dos Andes) ou entre duas placas continentais (ex:

formação da cordilheira do Himalaia e da vasta planície do Tibete).

ii. Divergente: ocorre o distanciamento entre duas placas, formando uma lacuna

que é preenchida pelo material ascendente da astenosfera. Pode se dar entre

duas placas continentais (ex: vale em rifte no Leste da África) ou duas placas

oceânicas (ex: dorsal Mesoatlântica)

iii. Transformante: envolve o deslocamento relativo entre placas, sem geração ou

destruição delas (ex: Falha de Santo André, na Califórnia). Isso não significa,

no entanto, que neste tipo de limite não ocorram abalos sísmicos. O principal

exemplo é a Falha de Santo André, na Califórnia (EUA), entre a placa do

Pacífico e a placa Norte-americana.

A Figura 5 traz um exemplo para cada limite de placa tectônica.

8

Figura 5 – Tipos de limites entre as placas tectônicas (CIENTIFIC, 2013)

2.3 Alguns Conceitos Envolvendo Sismos

2.3.1 Hipocentro, Epicentro e Distância Focal

Por mais que a geração de um sismo tenha o envolvimento de uma superfície de

muitos quilômetros quadrados, dado o tamanho do planeta pode-se considerar que foi

provocado por uma fonte pontual. Este ponto é chamado de hipocentro ou foco

sísmico. A projeção vertical deste ponto na superfície terrestre é chamada de

epicentro e é em torno dele que geralmente ocorrem os principais estragos causados

pelos terremotos. A distância entre hipocentro e epicentro é conhecida por distância

focal. O hipocentro e o epicentro estão evidenciados na Figura 6, sendo a distância

focal a linha tracejada entre eles.

Figura 6 – Hipocentro e epicentro (DIAS, 2006)

É importante citar que não existe uma relação direta entre a energia liberada pelo

sismo e os estragos causados por ele. Um sismo pode liberar grande quantidade de

energia e ser menos destrutivo que outro menos potente, caso seu hipocentro esteja

situado em região mais profunda e/ou seu epicentro no mar ou em zonas desabitadas.

9

2.3.2 Ondas Sísmicas

Conforme citado anteriormente, os sismos são movimentos vibratórios (ondas) da

crosta terrestre, que ocorrem devido à libertação rápida de energia de deformação

acumulada devido, principalmente, aos movimentos das placas tectônicas (REBELO,

2004). Estas ondas sísmicas podem ser de dois tipos principais: ondas de compressão

ou longitudinais (ondas P) e ondas de cisalhamento ou transversais (ondas S). Ambas

são denominadas ondas interiores ou volumétricas.

Existem também as ondas de torção (ondas de Love ou L) e as ondas circulares

(ondas de Rayleigh ou R) que são ondas de superfície. Estas ondas são formadas

quando as ondas volumétricas atingem a superfície e são as principais causadoras

das destruições provocadas pelos grandes sismos. As ondas L são resultado da

interação das ondas S paralelas à superfície (ondas SH) e a própria superfície. As

ondas R são o resultado da interação das ondas P com as ondas S perpendiculares à

superfície (ondas SV) e a própria superfície. Na Figura 7 encontra-se um esquema das

ondas P, S, Rayleigh e Love. (KRAMER, 1996)

Figura 7 – Tipos de ondas sísmicas (Adaptado de BOLT, 1976, p. 48)

2.3.3 Magnitude Sísmica

A magnitude sísmica é uma grandeza relacionada à quantidade de energia liberada

pela ruptura geológica que a originou. Existem diversos métodos para se medir a

magnitude de um sismo. Aqui serão citados alguns deles.

2.3.3.1 Escala Richter ou Escala de Magnitude Local (ML)

Em 1935, Charles F. Richter e Beno Gutenberg desenvolveram uma maneira de se

comparar os sismos através de uma escala adimensional. O sistema opera em escala

10

logarítmica de base 10, medindo a amplitude das ondas sísmicas gravadas por um

sismógrafo, conforme a seguinte equação (DAY, 2002):

ML = log A − log A0 = logA

A0, (2.1)

sendo:

ML: magnitude do sismo;

A: amplitude máxima detectada (em mm) por um sismógrafo padrão Wood-

Anderson localizado a exatamente 100 km do epicentro (existem gráficos e

tabelas para ajustar a distância do epicentro ao sismógrafo caso esta não seja

de exatamente 100 km);

A0: amplitude de referência correspondente a 0,001 mm.

A Tabela 1 apresenta uma comparação entre a frequência dos sismos de acordo com

sua magnitude medida pela escala criada por Richter.

Tabela 1 – Categoria e frequência dos sismos na escala a ML (ENCYCLOPÆDIA BRITTANICA, 2013)

Categoria Magnitude

Richter Frequência normalmente

observada (por ano)

Micro < 1,0 - 2,9 > 100 mil

Pequeno 3,0 - 3,9 12 mil - 100 mil

Leve 4,0 - 4,9 2 mil - 12 mil

Moderado 5,0 - 5,9 200 - 2 mil

Forte 6,0 - 6,9 20 - 200

Grande 7,0 - 7,9 20 - 200

Importante > 8,0 < 3

A medição das ondas sísmicas é realizada por meio da combinação da ação entre um

sensor e um registrador. O sensor (sismômetro) capta os movimentos e estímulos na

superfície de forma bastante precisa e transmite os dados obtidos ao registrador

(sismógrafo), que por sua vez produz um sismograma. O método consiste na obtenção

de um ponto relativamente fixo no espaço, enquanto a Terra se move. Schilindwein e

Macedo (2013) explicam que os aparelhos mecânicos os movimentos verticais são

medidos através de uma massa de grande inércia suspensa por uma mola em espiral

presa a um suporte, o que garante que o corpo manterá a sua posição fixa no espaço

durante o sismo. Nesta massa existe uma pena que toca suavemente um papel

envolvendo um cilindro que gira por movimento de relógio. Se a crosta está em repouso, a

pena marca uma linha horizontal. No entanto, se ocorre um tremor vertical a massa oscila

11

e a pena passa a traçar uma linha relativamente ondulada, conforme a intensidade do

movimento. Os movimentos horizontais são medidos com uma massa presa na

extremidade de um fio, que por sua vez é preso ao suporte. O sistema de marcação na

folha é semelhante ao observado para os movimentos verticais. A Figura 8 traz um

esquema de funcionamento de um sismógrafo mecânico.

Figura 8 – Sismógrafo mecânico (DIAS, 2000)

2.3.3.2 Escala de Magnitude do Momento Sísmico (MW)

Hanks e Kanamori (1979) introduziram a escala MW, que surgiu como um avanço à

escala Richter. Embora popularmente não seja tão conhecida quanto sua antecessora,

a escala MW se tornou o principal método para determinar a magnitude para todos os

grandes sismos modernos (TARANTOLA, 2013). Diferente da escala ML, que se

baseia na medição da amplitude das ondas, a escala de momento utiliza-se de uma

teoria tectônica diferente: o deslocamento elástico, proposto por F. A. Dahlen, em

1972. De acordo com a teoria proposta por Dahlen, a energia liberada por um sismo é

proporcional à área de superfície na falha, à distância média do deslocamento da falha

e à estrutura do terreno no entorno. Desta forma, tem-se que:

MO = μ ⋅ S ⋅ D, (2.2)

sendo:

MO : momento sísmico (10−7 N.m);

μ: módulo de cisalhamento dos materiais ao longo do plano de fraqueza

(geralmente 3x1010 N/m² para a crosta e 7x1012 N/m² para o manto);

S: área do plano de fraqueza;

D: deslocamento médio da falha.

12

Para calcular a magnitude do momento sísmico, utiliza-se a equação construída

por Hanks e Kanamori (1979):

MW = −10,7 + log MO (2.3)

A Tabela 2, apresenta a relação entre a magnitude da Escala de Momento e a energia

liberada em um sismo:

Tabela 2 – Comparação entre a escala MW e a energia equivalente (Adaptado de LOPES, 2010)

Magnitude (MW)

Energia (Joules)

Equivalente de energia liberada

Explosivo TNT

Bombas de Hiroshima

(un.) Fontes diversas

1 2,0 x 106 0,5 kg - -

2 6,3 x 107 15 kg - -

3 2,0 x 109 480 kg -

0,3 barril de petróleo; 2 meses de ar condicionado de 18.000 btu.

4 6,3 x 1010

15 ton. - 10 barris de petróleo

5 2,0 x 1012

480 ton. 0,03 330 barris de petróleo

6 6,3 x 1013

15 kton. 1,2 10 mil barris de petróleo

7 2,0 x 1015

480 kton. 37 330 mil barris de petróleo

8 6,3 x 1016

15 Mton. 1.157 10 milhões de barris de petróleo;

energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu em 52 dias.

8,5 3,6 x 1017

85 Mton. 6 mil 60 milhões de barris de petróleo;

energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu em 215 dias.

9 2,0 x 1018

480 Mton. 37 mil Energia produzida pela hidrelétrica

de Itaipu em 4,5 anos.

9,5 1,1 x 1019

2,7 Gton. 183 mil Energia produzida pela hidrelétrica

de Itaipu em 25 anos.

2.3.3.3 Escalas de Magnitude de Ondas Volumétricas (MB) e Ondas de

Superfície (MS)

A escala MB, desenvolvida por Gutenberg em 1945, utiliza a amplitude da onda P de

terremotos com distância epicentral (ângulo formado por um raio terrestre passando

pelo epicentro e um passando pelo ponto considerado) entre 20o e 100o. A onda P

empregada na calculo da magnitude MB deve ter período entre 0,5 e 2,0 segundos. A

escala MS, criada por Gutenberg e Richter em 1936, baseia-se na amplitude das

ondas R e é baseada em ondas com período de aproximadamente 20 segundos. É

uma das escalas mais empregadas pela sismologia para a avaliação da magnitude de

grandes sismos (DAY, 2002; KRAMER, 1996).

13

2.3.4 Intensidade Sísmica

A intensidade de um sismo é uma medida da destruição e da reação das pessoas

observada em uma determinada região afetada. Proposta inicialmente pelo italiano

Giuseppe Mercalli, em 1902, e modificada posteriormente por Richter, em 1956, trata-

se de uma classificação qualitativa e, de certa forma, subjetiva. Os efeitos causados

pelo sismo são classificados por numerais romanos de I a XII, sendo I um tremor não

sentido pelas pessoas e XII a alteração calamitosa do relevo da região afetada. Na

Tabela 3 encontra-se a Escala de Mercalli modificada e sua equivalência com a escala

Richter (PRESS et al., 2006; KRAMER, 1996; DATTA, 2010):

Tabela 3 – Escala de intensidade sísmica e comparação com Escala Richter (DATTA, 2010, p. 17;

DEFESA CIVIL-CE, 2008 apud SOUZA, 2009)

Grau Avaliação Descrição dos Efeitos Escala Richter

I Insignificante Não é sentido. Detectado apenas por aparelhos especiais (Sismógrafos).

1,0 - 1,9

II Muito leve Sentido por poucas pessoas, geralmente situadas em edifícios altos. Objetos suspensos podem balançar suavemente.

2,0 - 2,9

III Leve Sentido por pessoas dentro de casas. Ruídos semelhantes à passagem de caminhão pesado. Duração pode ser estimada.

3,0 - 3,9

IV Moderado Sentido dentro e fora de casas. Pode acordar pessoas. Vibrações de louças, janelas e portas. Rangido de paredes.

4,0 - 4,9

V Pouco forte Sentido por muitas pessoas. Quebram-se louças. Portas e janelas são abertas ou fechadas repentinamente. Objetos instáveis podem cair.

VI Forte Sentido por todos. Pessoas abandonam suas casas. Excitação geral. Mobílias pesadas podem mover-se. Danos leves como queda de reboco.

5,0 - 5,9 VII Muito Forte Assusta a todos. Pequenos danos em edifícios. Consideráveis danos em construções ruins. Queda de telhas e platibandas.

VIII Destrutivo Medo geral, próximo do pânico. Consideráveis danos em construções de qualidade regular, inclusive com colapso parcial.

IX Ruinoso Pânico geral. Danos consideráveis em estruturas de grande porte. Parte das estruturas pode deslocar-se dos alicerces. Quebra de tubulações subterrâneas.

6,0 - 6,9

X Desastroso Rachaduras no solo e ondulações em pavimentos de cimento e estradas asfaltadas. Grandes deslizamentos de terra. Trilhos entortados.

7,0 - 7,9

XI Desastroso ao extremo

Quase nenhuma estrutura de alvenaria permanece erguida. Pontes destruídas. Grandes rachaduras no terreno. Tubulações subterrâneas inutilizadas.

XII Catastrófico Danos totais. Praticamente todos os tipos de construções são totalmente danificadas ou destruídas. Objetos são atirados para cima.

8,0 - 8,9

14

2.4 Sismicidade no Brasil e no Mundo

Ao longo de sua história a humanidade vem sofrendo com as ações dos sismos,

afetando tanto as sociedades quanto o próprio planeta. Tremores, alteração no

movimento de rotação da Terra, tsunamis, surgimento de falhas, deslizamentos de

terra, destruição das construções humanas e mortes são alguns dos problemas

causados pelos sismos. Na Figura 9 e na Figura 10 são apresentadas a distribuição

dos sismos que ocorreram entre 1965 e 1995 e a distribuição dos vulcões com

atividade recente (dada escala geológica de tempo) respectivamente.

Figura 9 – Distribuição dos sismos pelo mundo (LNEG, 2007)

Figura 10 – Distribuição dos vulcões ativos pelo mundo (LNEG, 2007)

15

Esta distribuição, tanto dos sismos quanto dos vulcões, serviu como orientação na

delimitação dos limites das placas, ajudando a fundamentar a teoria da tectônica de

placas (SIS, 2013b). Analisando as duas figuras anteriores e comparando-as com a

Figura 3 no item 2.2.2, observa-se que os sismos e as atividades vulcânicas

concentram-se nas bordas das placas.

De acordo com D’Agrella Filho (2010), de 75 a 80% da energia liberada anualmente

pelos terremotos ocorre ao longo do chamado “Anel de Fogo do Pacífico”,

apresentado na Figura 11, em alusão à presença de vulcões coincidentes com os

sismos. Além disso, de 15 a 20% ocorre ao longo da zona “Mediterrânea-

Transasiática”, que começa nos Açores (Oceano Atlântico), passando pelo Norte da

África, Itália, Alpes, Turquia, Irã, Himalaia, Sul da China, até se unir ao “Círculo de

Fogo do Pacífico”. O sistema formado pelas cadeias meso-oceânicas representa uma

terceira zona de atividade sísmica, com cerca de 3 a 7% de energia liberada

anualmente.

Figura 11 – Anel de Fogo do Pacífico (USGS, 1999b)

O restante da Terra é considerado como sendo assísmico. Entretanto, nenhuma

região da Terra pode ser considerada como completamente livre de terremotos. Cerca

16

de 1% da sismicidade global é devida a terremotos em regiões intraplacas, mais

distantes das maiores zonas sísmicas. Os sismos intraplacas ocorrem pelas tensões

geradas nas bordas que são transmitidas para todo o interior, e geralmente são de

magnitudes mais baixas. Há, no entanto, relatos de grandes terremotos nessas

regiões, como os ocorridos em 1811 e 1812 em Nova Madrid, no estado americano do

Missouri, no Vale do Mississipi.

Anualmente ocorrem algumas centenas de milhares de tremores em todo planeta, mas

muitos deles não são percebidos. Contudo, alguns deles foram marcantes na história

mundial. Tudo indica que o mais avassalador tenha sido o de Shanxi, na China, no

ano de 1556. Acredita-se que tenha matado cerca de 830 mil pessoas. Apesar das

consequências, o terremoto de Shanxi não foi o de maior magnitude. Especialistas

estimam que ele tenha atingido 8,3 graus na escala MW. É um valor altíssimo –

terremotos que passam dos 8 graus costumam causar caos e morte em um raio de até

100 km de distância – mas não o maior já registrado. O mais violento sismo já

registrado cientificamente ocorreu no Chile em 1960. Alcançou 9,5 graus na escala MW

e deixou 1600 mortos, 300 feridos e 2 milhões de desabrigados. Na Figura 12 pode-se

ver um exemplo do estrago causado pelo terremoto de Valdivia.

Figura 12 – Terremoto de Valdivia (Chile), 1960 (NGDC, 1960)

A Tabela 4 apresenta os 15 maiores sismos registrados no mundo, em magnitude,

enquanto que a Tabela 5 apresenta os considerados mais destrutivos (em número de

mortes).

17

Tabela 4 – Maiores sismos já registrados ou estimados - escala MW (USGS, 2013)

Data Localização Magnitude

(MW)

22/05/1960 Valparaíso, Chile 9.5

28/03/1964 Prince William Sound, Alaska (EUA) 9.2

26/12/2004 Costa oeste do norte do Sumatra, Indonésia 9.1

11/03/2011 Proximidade da costa leste de Honshu, Japão 9.0

04/11/1952 Península de Kamchatka, Russia 9.0

13/08/1868 Arica, Chile 9.0

26/01/1700 Zona de subducção de Cascadia ≈ 9

27/02/2010 Mar de Bio-Bio, Chile 8.8

31/01/1906 Entorno da costa de Esmeraldas, Equador 8.8

04/02/1965 Ilhas Rat, Alaska 8.7

01/11/1755 Lisboa, Portugal 8.7

08/07/1730 Valparaíso, Chile 8.7

11/04/2012 Costa oeste do norte do Sumatra, Indonésia 8,6

28/03/2005 Norte do Sumatra, Indonésia 8,6

09/03/1957 Assam, Tibet 8,6

Tabela 5 – Sismos mais destrutivos da história em número de mortes - escala MW (USGS, 2010b)

Data Localização Número de

Mortes Magnitude

(MW)

23/01/1556 Shanxi , China 830 mil ≈ 8

12/01/2010 Porto Príncipe, Haiti 316 mil 7.0

27/07/1976 Tangshan, China 242.769 7.5

09/08/1138 Alepo, Síria 230 mil ≈ 8,5

26/12/2004 Ilhas Andaman, Sumatra 227.898 9.1

22/12/856 Damghan, Irã 200 mil -

16/12/1920 Haiyuan, China 200 mil 7.8

23/03/893 Ardebil, Irã 150 mil -

01/09/1923 Kanto, Japan 142.800 7.9

05/10/1948 Ashgabat, Turcomenistão 110 mil 7.3

27/09/1290 Chihli, China 100 mil ≈ 6,8

12/05/2008 Sichuan Ocidental, China 87.587 7.9

08/10/2005 Paquistão, norte da Índia e Afeganistão 86 mil 7.6

11/1667 Shemakha, Azerbaijão 80 mil -

18/11/1727 Tabriz, Irã 77 mil -

Quanto ao Brasil, popularmente diz-se que o país é livre de terremotos, uma ideia

equivocada. O Brasil encontra-se praticamente no centro da placa Sulamericana,

conforme visto na Figura 3. Como foi dito anteriormente, a sismicidade intraplacas

corresponde a uma porcentagem pequena da atividade sísmica mundial, mas mesmo

assim, não deve deixar de ser considerada. Os tremores “brasileiros” têm causas na

existência de falhas que surgem por desgastes na placa Sulamericana ou então são

reflexos de sismos com epicentro em outras regiões (SANTOS e AGUIAR, 2012).

18

Desta forma, pode-se dizer que os abalos sísmicos brasileiros apresentam

características diferentes dos que ocorrem, por exemplo, no Japão ou na Califórnia

(Estados Unidos), que são interplacas.

A cada ano o Brasil é atingido por apenas um sismo de magnitude até 4 na Escala

Richter, ocorrendo sismos maiores em intervalos médios mínimos de 5 anos

Assumpção (2005). O maior sismo já registrado com epicentro dentro do país ocorreu

em 1955, na Serra do Tombador, no Mato Grosso e atingiu 6,6 graus na Escala

Richter. Além disso, só há registro de uma vida perdida devido a um abalo sísmico.

Em 2007 uma criança de 5 anos morreu vítima de um tremor de 4,9 graus na Escala

Richter. A Figura 13 traz o mapa da distribuição dos sismos no território brasileiro.

Figura 13 – Distribuição dos sismos no território brasileiro (IAG-USP, 2013)

19

3 Estabilidade de Taludes

3.1 Introdução

Este capítulo tratará dos conceitos de estabilidade de taludes. Serão apresentados os

conceitos de talude e movimento de massa e, em seguida, introduzidos os objetivos,

tipos de análises de estabilidade, considerações e métodos envolvidos.

Os taludes ou encostas naturais são superfícies inclinadas de maciços terrosos,

rochosos ou mistos, originados em processos geológicos e geomorfológicos ou pela

ação humana. Entender e estudar os mecanismos e processos de instabilização de

taludes e suas formas de contenção é importante e necessário, devido aos danos que

as rupturas dos taludes podem causar.

Segundo Gerscovich (2009) as análises de estabilidade têm os seguintes objetivos:

i. Encostas naturais, cortes ou escavações – Estudar a estabilidade de taludes,

avaliando a necessidade de medidas de estabilização.

ii. Barragens e aterros – Estudar as diferentes seções e definir a configuração

economicamente mais viável. São levados em conta diversos momentos da

obra como: final de construção, operação, rebaixamento, sismo etc.

iii. Rejeitos – Muitas vezes há a necessidade de se desfazer de ou estocar

volumes em grande quantidade e em curto espaço de tempo em áreas com

solo de baixa resistência.

iv. Retro-análise – Averiguação de taludes rompidos permitindo a reavaliação de

parâmetros.

Em linhas gerais, o processo de instabilização do talude ocorre quando a tensão

cisalhante atuante no maciço é maior do que a resistência ao cisalhamento do solo.

Desta forma, surge uma superfície de cisalhamento contínua na massa de solo, cujo

material no entorno desta superfície perde as características originais durante o

processo de ruptura, o que leva à formação da zona cisalhada, conforme pode ser

observado na Figura 14 (GERSCOVICH, 2009). Após atingir a ruptura, o solo rompido

pode se deslocar por ação da gravidade.

20

Figura 14 – Zona fraca, zona cisalhada e superfície de cisalhamento (LEROUEIL, 2001 apud

GERSCOVICH, 2009)

3.2 Movimento de Massas

Movimento de massas é o nome dado ao processo de desprendimento e transporte do

solo e/ou rocha. Pode ocorrer de diversas formas, das quais podem-se destacar as

seguintes (AUGUSTO FILHO E VIRGILI, 1998 apud PIMENTA JUNIOR, 2005):

i. Escorregamentos – Apresentam poucos planos de escorregamento externos e

velocidades médias a altas. Podem ocorrer em geometria planar, circular ou

em cunha;

ii. Rastejos – Apresentam vários planos de deslocamentos internos e velocidades

muito baixas (mm/ano a cm/ano), podendo acelerar bruscamente em caso de

perturbações (cm/ano a m/ano). Costumam ocorrer em solos coluvionares com

nível do lençol freático elevado;

iii. Quedas e tombamentos – Não apresentam planos de deslocamento. Ocorrem

em material rochoso e de geometria variável, podendo apresentar altas

velocidades;

iv. Corrida de detritos – Apresenta muitas superfícies de deslocamento e

velocidades médias a altas. Possui caráter bastante destrutivo, pois a massa

de solo passa a se comportar como fluido viscoso e costuma carregar tudo que

está em seu caminho. Não possui geometria definida e pode alcançar limites

muito além do pé da encosta.

21

A Tabela 6 apresenta alguns fatores causadores de movimentos de terra.

Tabela 6 – Fatores deflagradores dos movimentos de massa (VARNES, 1978 apud GEORIO, 2000,

p. 13)

Ação Fatores Fenômenos geológicos / antrópicos

Aumento da

solicitação

Remoção de massa (lateral ou da base)

Erosão, escorregamentos

Cortes

Sobrecarga

Peso da água de chuva, neve, granizo etc.

Acúmulo natural de material (depósitos)

Peso da vegetação

Construção de estruturas, aterros etc.

Solicitações dinâmicas Terremotos, ondas, vulcões etc.

Explosões, tráfego, sismos induzidos

Pressões laterais Água em trincas, congelamento, material expansivo

Redução da

resistência

Características inerentes ao material (geometria, estruturas etc.)

Características geomecânicas do material, tensões

Mudanças ou fatores variáveis

Intemperismo: redução na coesão, ângulo de atrito

Elevação do N.A.

3.3 Análises de Estabilidade de Taludes

3.3.1 Introdução

De acordo com Dyminski (2011) a análise de estabilidade de taludes possui alguns

objetivos principais:

i. Avaliar a estabilidade de taludes das obras geotécnicas sob diferentes

condições de solicitação ou elaborar projetos de estabilização de taludes já

rompidos;

ii. Avaliar o risco de escorregamento em taludes naturais ou artificiais, por meio

de análises de sensibilidade, verificando a influência relativa de determinados

parâmetros;

iii. Retroanálise em escorregamentos já ocorridos, possibilitando o entendimento

dos mecanismos de ruptura e da influência de fatores ambientais.

A análise de estabilidade possibilita estimar o quão seguro está ou estará um talude.

Isso se reflete no cálculo de um fator de segurança, que é o menor valor da relação

22

entre a tensão cisalhante resistente do solo e a tensão cisalhante mobilizada pelos

esforços atuantes considerando as possíveis superfícies potenciais de ruptura:

FS =τres

τmob, (3.1)

sendo:

FS: fator de segurança;

τres : tensão cisalhante resistente;

τmob : tensão cisalhante mobilizada.

De acordo com o valor de FS, tem-se:

i. FS > 1,0 → obra estável;

ii. FS = 1,0 → ocorre ruptura por escorregamento;

iii. FS < 1,0 → sem significado físico.

3.3.2 Teoria do Equilíbrio Limite

3.3.2.1 Considerações Iniciais

Existem duas formas de se abordar o fator de segurança nas análises da estabilidade

de taludes: Teoria do Equilíbrio Limite e Análise de Tensão x Deformação. A segunda,

por fugir do escopo deste trabalho, não será apresentada aqui.

Na década de 10 do século XX, foram desenvolvidos na Suécia métodos de análise de

estabilidade em uso até os dias atuais. São baseados no conceito de equilíbrio limite,

o que pressupõe que:

i. O solo comporta-se como material rígido-plástico, ou seja, rompe-se

bruscamente, sem se deformar;

ii. Considera-se que a ruptura só ocorre quando a resistência for atingida em

todos os pontos ao longo da superfície;

23

iii. Existe uma superfície de ruptura de forma conhecida e, acima dela, uma

porção de solo instável. Sob ação da gravidade esta massa de solo instável se

movimenta como corpo rígido;

iv. O solo segue o critério de resistência de Mohr-Coulomb ao longo da superfície

de ruptura, conforme a Equação (3.2):

τres = c + σV ⋅ tanϕ, (3.2)

sendo:

τres : resistência ao cisalhamento total do solo;

c: coesão do solo;

σV: tensão vertical atuante;

Φ: ângulo de atrito interno do solo.

O método busca estabelecer o grau de estabilidade do terreno por meio do cálculo do

equilíbrio de uma massa ativa de solo com base nas seguintes condições:

i. Arbitra-se uma determinada superfície potencial de ruptura, passando a

considerar a massa de solo acima como corpo livre;

ii. Calcula-se o equilíbrio na massa de solo com base nas equações da estática

( FV = 0, FH = 0 e M = 0).

Vale ressaltar que os métodos que seguem o equilíbrio limite nem sempre satisfazem

todas as 3 condições da estática. Alguns ignoram o equilíbrio de forças, outros

ignoram o equilíbrio de momentos. Alguns métodos por sua vez conseguem satisfazer

as 3 condições. A seguir serão apresentados alguns métodos de análise de

estabilidade de taludes que consideram o equilíbrio limite, dando ênfase ao Método de

Spencer que será utilizado neste trabalho.

3.3.2.2 Tensões Totais X Tensões Efetivas

É muito importante definir corretamente os parâmetros de resistência do solo para se

garantir um resultado coerente nas análises de estabilidade de talude. Tais análises

podem ser feitas a partir tanto em termos de tensões totais quanto em termos de

tensões efetivas. Sendo assim, deve-se avaliar corretamente a situação considerada

24

para se aplicar o método correto. Vale ressaltar que há situações que permitem a

utilização das duas abordagens.

A análise em tensões totais é utilizada para solicitações não drenadas quando não se

conhecem as poro-pressões geradas pela solicitação. Este tipo de análise é adequada

para solicitação de curto prazo, pois a longo prazo o excesso de poro-pressão se

dissipa e deve-se optar pela análise em tensões efetivas. Neste caso a resistência ao

cisalhamento é determinada a partir dos parâmetros totais c e ϕ ou Su (resistência não

drenada da argila), obtendo-se:

τ = c + σV ⋅ tanϕ (3.3)

τ = Su (3.4)

A análise em tensões efetivas é utilizada quando se conhecem as poro-pressões

geradas pela solicitação ou quando essas poro-pressões foram dissipadas (caso

contrário não é possível determinar as tensões efetivas ao longo da superfície de

ruptura). Essa analise é aplicada para solicitações em solos argilosos submetidos a

carregamentos lentos ou quando estes são a carregamento rápido a longo prazo.

Também é aplicada para solos de permeabilidade elevada. Neste caso, tem-se:

τ = cpico′ + σV ⋅ tanϕpico

′ (3.5)

τ = σV ⋅ tan ϕresidual′ (3.6)

3.3.2.3 Métodos de Estabilidade

3.3.2.3.1 Método do Talude Infinito (1957)

O Método do Talude Infinito (SKEMPTON & DELORY, 1957), considera um

escorregamento predominantemente translacional, paralelo à superfície do talude,

bem como as linhas de fluxo (em caso de percolação). Um talude é dito infinito quando

tem sua extensão muito maior do que sua espessura. É comumente observado em

contatos solo-rocha, colúvio-solo residual ou em pilhas de material granular.

O problema é analisado admitindo-se que a massa de solo movimenta-se como um

corpo rígido. Para tal, consideram-se as tensões atuantes na base de uma fatia

25

vertical genérica de largura unitária com um nível d’água (NA) qualquer. Como as

seções verticais são idênticas (característica inerente ao método) as tensões atuantes

nestas seções podem ser desconsideradas, conforme a Figura 15.

Figura 15 – Método do Talude Infinito (SKEMPTON & DELORY, 1957 apud BECKER 2013)

FS =c′ + γ − m ⋅ γw ⋅ h ⋅ cos2 β ⋅ tanϕ′

γ ⋅ h ⋅ cosβ ⋅ sen β (3.7)

3.3.2.3.2 Método de Culmann (1866)

O Método de Culmann (CULMANN, 1866) baseia-se na hipótese de uma superfície de

ruptura plana passando junto/próximo ao pé do talude. Assim, define-se a cunha a ser

analisada considerando-a como um corpo rígido deslizando ao longo da superfície

plana, conforme Figura 16.

Figura 16 – Método de Culmann (CULMANN, 1866 apud BECKER, 2013)

26

3.3.2.3.3 Método das Cunhas

Muitas vezes a superfície potencial de ruptura pode ser constituída por dois ou mais

planos. Isso se dá quando existem camadas ou zonas de menor resistência no interior

do maciço. O Método das Cunhas, então, propõe que a análise seja feita considerando

que a massa de solo potencialmente instável seja dividida em duas ou mais cunhas,

como pode ser observado na Figura 17. A solução é obtida por processo iterativo.

Figura 17 – Método das Cunhas (GERSCOVICH, 2009)

3.3.2.3.4 Método das Fatias

O Método das Fatias divide a massa potencialmente instável em diversas fatias

verticais que são analisadas individualmente como um único bloco de

escorregamento, sofrendo de maneira independente o efeito das variáveis do terreno

(tipo de solo, nível d’água, carregamentos externos etc.), conforme a Figura 18:

Figura 18 – Método das Fatias

onde:

Wi: peso da fatia;

xi: projeção da base da fatia;

27

li: base da fatia;

θi: inclinação da base da fatia em relação a horizontal;

Ei: tensões normais que atuam na face esquerda;

Xi: tensões cisalhantes que atuam da face esquerda;

Ei+1: tensões normais que atuam na face direita;

Xi+1: tensões cisalhantes que atuam na face direita;

Ue e Ud : resultantes das poro-pressões nas faces verticais;

ai e ai+1: ponto de aplicação das tensões normais nas faces esquerda e direita

da fatia, respectivamente;

Ni′ : resultante das tensões efetivas normais à base;

bi: posição de N′i em relação a base da fatia;

Ti: resultante das tensões cisalhantes mobilizadas na base;

Ui: resultante das poro-pressões na base Ui = ui ∙ li . ui é a poro-pressão

média atuando na base da fatia.

As grandezas Wi, xi, li e θi são conhecidas pela geometria do problema. Ue, Ud e Ui

são obtidos pela rede de fluxo. A Tabela 7 apresenta um resumo das incógnitas do

sistema, enquanto que a Tabela 8 traz a lista de equações conhecidas na solução do

fator de segurança.

Tabela 7 – Resumo das incógnitas do sistema

Incógnitas Descrição

n Módulo da força normal à base de cada fatia: N'

n Ponto de aplicação da força normal à base: b

n-1 Módulo da força normal à interface entre as fatias: Z

n-1 Ponto de aplicação da força normal à interface entre as fatias: a

n-1 Módulo da força de cisalhamento na interface entre as fatias: X

1 Fator de Segurança: FS

5n-2 Número total de incógnitas

Tabela 8 – Equações conhecidas na solução de FS

Equações Descrição

n Somatório das forças horizontais é nulo

n Somatório das forças verticais é nulo

n Somatório dos momentos é nulo

3n Número total de equações

28

Observa-se que um total de 5n − 2 incógnitas para 3n equações, resultando em 2n − 2

incógnitas a mais no sistema. Sendo assim, o sistema é indeterminado. Desta forma,

torna-se necessário adotar hipóteses simplificadoras de forma a reduzir o número total

de incógnitas e tornar o problema possível de ser solucionado analiticamente.

Uma destas hipóteses adotadas é a de que a força normal atua no centro da fatia, o

que torna o valor de b conhecido, reduzindo o número de incógnitas para 4n − 2.

Assim, restam apenas n − 2 incógnitas a mais no sistema.

Método de Fellenius (1927, 1936)

O Método de Fellenius considera a superfície de ruptura circular e adota a hipótese de

que não há interação entre as fatias (as forças Ei, Ei+1, Xi, e Xi+1 se anulam

mutuamente). Além disso, considera que Wi, N′i e Ui atuam no centro da base da fatia.

FSFellenius =c′ ⋅ L + tan ϕ′ ⋅ Wi ⋅ cosθi − Ui

Wi ⋅ senθi , (3.8)

sendo: L = li

O método satisfaz o equilíbrio de forças em cada fatia segundo a direção

perpendicular à base e o equilíbrio de momentos global, segundo o centro da

superfície de deslizamento. O Método de Fellenius pode gerar fatores de segurança

com erros grosseiros, geralmente a favor da segurança (FSFellenius < FSreal ).

Método de Janbu Simplificado (1954)

O método original de Janbu baseia-se em equilíbrio de forças e momentos. A versão

simplificada, por sua vez, é baseada no equilíbrio de forças, desprezando as

componentes Xi, e Xi+1, referentes às forças de atrito lateral entre as fatias. Janbu

busca satisfazer parcialmente o equilíbrio de momentos através de um fator de

correção empírico 𝑓0. Este depende do tipo de solo e da forma da superfície de

deslizamento.

FSJanbu =

𝑓0cosθi ⋅ mθ

⋅ c′ ⋅ li ⋅ cosθi + tanϕ′ ⋅ Wi − Ui ⋅ cosθi

Wi ⋅ tanθi , (3.9)

sendo: mθ = cosθi +tan ϕ′ ⋅sen θi

FS

29

Diferente dos dois métodos anteriores, o Método de Janbu Simplificado pode ser

aplicado tanto para superfícies circulares quanto para superfícies não circulares,

tornando-o uma ferramenta importante na análise de estabilidade de taludes.

Método de Bishop Simplificado (1955)

O Método de Bishop Simplificado também considera a superfície de ruptura circular e

adota a hipótese de que a força de atrito entre as fatias pode ser desprezada, ou seja,

a resultante dos esforços entre as fatias é horizontal. O equilíbrio de forças se dá na

direção vertical e, desta forma, além de atender ao equilíbrio de momentos, o método

também atende o equilíbrio de forças verticais.

FSBishop =

1mθ

⋅ c′ ⋅ li ⋅ cosθi + tanϕ′ ⋅ Wi − Ui ⋅ cos θi

Wi ⋅ senθi , (3.10)

sendo: mθ = cosθi +tan ϕ′ ⋅sen θi

FS

Observa-se que o fator de segurança aparece em ambos os lados da equação, o que

sugere o uso de processos iterativos na resolução do método. Contudo, a

convergência tende a ser rápida. Diferente do método anterior, o fator de segurança

encontrado pelo Método de Bishop Simplificado costuma se aproximar bastante do

fator de segurança real do talude, o que torna o método bastante satisfatório.

Método de Morgenstern & Price (1965)

O Método de Morgenstern & Price é considerado um dos métodos mais rigorosos para

análise de estabilidade de taludes, atendendo todas as condições de equilíbrio de

forças e momentos e podendo ser aplicado a qualquer superfície de ruptura. Contudo,

é um método complexo e necessita do auxílio de um computador para o

desenvolvimento dos cálculos.

A hipótese adotada considera que:

X = λ ⋅ f x ⋅ E, (3.11)

sendo:

λ: constante a ser determinada por processo iterativo;

f(x): função arbitrária

30

A função f(x) geralmente costuma ser arbitrada como arco de seno, devido à pouca

influência no valor final do fator de segurança. No entanto, a função pode assumir

valor constante, arco de seno incompleto, trapezoidal etc. Vale ressaltar que quando

f x = 0 a solução torna-se idêntica à Bishop e quando f x = constante o método

torna-se idêntico ao de Spencer.

Método de Spencer (1967)

O Método de Spencer adota a hipótese de que todas as resultantes dos esforços entre

as fatias (Q) são paralelas entre si. Há um ângulo δ de inclinação das resultantes.

Desta forma, diminuem-se n − 2 incógnitas, restando 3n incógnitas para 3n equações

(Figura 19).

Observa-se, que o Método de Spencer atende às 3 condições de equilíbrio, sendo,

portanto, considerado um método rigoroso. Além disso, é aplicável a superfícies não-

circulares.

Figura 19 – Simplificação do Método de Spencer (BECKER, 2013)

Através do equilíbrio das forças paralelas e normais à base da fatia, obtem-se:

Fn = 0

Ni + Ui − Wi ⋅ cosθi + Qi ⋅ sen(θi − δ) = 0

Ni = Wi ⋅ cosθi − Ui − Qi ⋅ sen(θi − δ) = 0 (a)

Ft = 0

Ti − Wi ⋅ senθi − Qi ⋅ cos(θi − δ) = 0

31

Ti =c′ ⋅ li

FS+

Ni ⋅ tan ϕ′

FS

c′ ⋅ li

FS+

Ni ⋅ tanϕ′

FS= Wi ⋅ senθi + Qi ⋅ cos(θi − δ) (b)

Substituindo a em b:

Q =

c′ ⋅ liFS +

tanϕ′

FS Wi ⋅ cosθi − Ui − Wi ⋅ sen θi

cos(θi − δ) 1 +tanϕ′ ⋅ tan(θi − δ)

FS (3.12)

Observa-se que Q é função de FS e δ. Aparentemente, trata-se de uma situação sem

solução. Contudo, como dito anteriormente, a força Q é a força entre as fatias, ou seja,

uma força interna. Logo, não havendo carregamento externo, tem-se que:

Qi

n

i=1= 0 (c)

Além disso, é suposto que as direções de W, N e U passam pelo centro da base da

fatia. Como o somatório entre as forças atuantes (as citadas anteriormente e Q) vale

zero, então, para que o somatório dos momentos na fatia seja nulo, a direção de Q

também deve passar pelo centro.

Qi

n

i=1⋅ yi ⋅ cos δ + xi ⋅ senδ = 0, (d)

sendo xi e yi as coordenadas do centro da base da fatia “i”.

A solução final para o problema pode ser obtida seguindo as seguintes etapas:

i. Arbitra-se um valor para δ e determina-se o fator de segurança para o equilíbrio

de forças (FSf – Equação c) e de momentos (FSm – Equação d);

ii. Traçam-se curvas de variação de FSf e FSm por δ, até se encontrar a interseção

de ambas. O ponto definido identifica o fator de segurança crítico do talude,

conforme pode ser visto no exemplo da Figura 20.

32

Figura 20 – Determinação do Fator de Segurança para o Método de Spencer (SPENCER, 1967)

3.4 A Sismicidade na Análise de Estabilidade de Taludes

3.4.1 Aceleração de Pico

Quando se fala da ocorrência de eventos sísmicos para os cálculos de estabilidade,

considera-se que os taludes são submetidos a acelerações adicionais causadas pelos

movimentos registrados no interior do planeta. Para os cálculos de estabilidade de

taludes é de extrema importância definir-se o valor da aceleração de pico do terreno. A

aceleração de pico do solo (PGAsoil – Peak Soil Acceleration) ou da rocha (PGArock –

Peak Rock Acceleration), de acordo com Day (2002), podem ser calculadas por

diversos métodos, dentre os quais pode-se citar:

i. Eventos históricos – Para eventos históricos mais recentes é possível obter os

dados de sismógrafos, enquanto que para os mais antigos a localização, a

magnitude e os registros de danos são as ferramentas. No entanto, vale

ressaltar que este método não deve ser a única fonte para a determinação da

aceleração de pico, dado o curto intervalo de duração das medições antigas.

ii. Códigos ou exigências regulamentares – Muitos lugares têm regulamentos

definindo a aceleração de pico para dimensionamento em projetos.

iii. Máximo terremoto potencial (Maximum Credible Earthquake – MCE) – Maior

terremoto que é possível ocorrer conhecendo dados geo e sismológicos do

local. De forma simplificada, trata-se do maior sismo que uma falha ativa pode

33

produzir considerando as evidências geológicas de movimentos antigos e os

sismos registrados.

iv. Máximo terremoto provável (Maximum Probable Earthquake – MPE) – Está

relacionado ao tempo de recorrência. Pode ser entendido como o maior

terremoto previsto que a falha pode gerar em um intervalo específico, como 50

ou 100 anos.

v. Mapas sísmicos da USGS (U.S. Geological Survey) – Outro método é

determinar o valor da aceleração de pico com possibilidade de ser excedido

após um determinado tempo. Os diversos mapas da USGS mostrando a

aceleração de pico com 2, 5 e 10 por cento de probabilidade de exceder em 50

anos fornecem ao usuário a possibilidade de escolher o nível de perigo mais

adequado à situação.

A USGS fornece, em seu site1, um aplicativo reunindo os dados sísmicos de diversas

regiões do planeta. Através do aplicativo é possível se obter, de acordo com diferentes

fontes, os valores de Ss e S1. O primeiro valor corresponde à aceleração de resposta

espectral do terremoto para períodos curtos (0,2 segundos), enquanto que o segundo

corresponde a períodos longos (1,0 segundo). Tomando-se por base os dados

fornecidos pelo GSHAP (Global Seismic Hazard Assessment Program) encontra-se o

valor de PGA com probabilidade de 2 e 10 por cento de exceder 50 anos.

PGA2%−50 anos =SS

2,5 ou

S1

1,0 (3.13)

PGA10%−50 anos =SS

5,0 ou

S1

2,0 (3.14)

A Figura 21 apresenta a mapa sísmico com as acelerações de pico para o Brasil,

considerando 10 por cento de probabilidade de exceder 50 anos:

1 Disponível em: <https://geohazards.usgs.gov/secure/designmaps/ww/application.php>. Acesso em:

04/06/2013

34

Figura 21 – Mapa sísmico brasileiro com a distribuição das acelerações de pico - PGArock (USGS,

2012c)

3.4.2 Métodos de Análise

Para a análise de taludes em condição de sismo podem ser considerados os métodos

pseudo-estáticos ou os métodos dinâmicos. Neste trabalho será dada ênfase ao

primeiro, com sua influência no Método de Spencer.

3.4.2.1 Métodos Pseudo-Estáticos (Método de Spencer)

3.4.2.1.1 Considerações Iniciais

Os métodos pseudo-estáticos ou Métodos do Coeficiente Sísmico tratam-se de uma

extensão dos métodos da Teoria do Equilíbrio Limite. O efeito sísmico é considerado

por meio do acréscimo de forças estáticas adicionais, cujo módulo é obtido por meio

35

do produto do peso W da massa de solo potencialmente instável por um coeficiente k,

conhecido como coeficiente sísmico. Desta forma, de acordo com Day (2002), Kramer

(1996) e Duncan & Wright (2005), tem-se a força de inércia gerada pelo carregamento

dinâmico. Assim:

Fh = kh ⋅ W (3.15)

Fv = ±kv ⋅ W (3.16)

Contudo, de acordo com Day (2002) é comum nas análises pseudo-estáticas que a

componente vertical da força de inércia seja desprezada. Isto se deve ao fato de que a

componente vertical causa um efeito muito menor na estabilidade de taludes. Além

disso, os valores da aceleração de pico horizontal são maiores do que os da vertical.

O coeficiente sísmico, de acordo com Duncan & Wright (2005), é definido como:

k =aref

g⋅

a

aref, (3.17)

sendo:

aref : aceleração de referência de pico;

g: aceleração da gravidade;

a aref : multiplicador de aceleração.

A aref consiste na aceleração de pico na base rochosa subjacente à camada de solo

(PGArock) ou na superfície do talude (PGAsoil). Geralmente, utiliza-se o PGArock, pois

para a obtenção dos dados em solo costumam ser necessárias análises dinâmicas, o

que torna o processo mais complicado. Na Tabela 9 encontram-se valores para aref e

a/aref.

Observa-se ainda na Tabela 9 a existência de um fator de redução na resistência no

solo. Conforme as referências citadas na tabela, para solos argilosos, solos granulares

secos ou parcialmente saturados e para solos granulares densos saturados, onde não

se espera significativa perda de resistência devido ao fenômeno da liquefação,

recomenda-se a utilização de 80% da resistência não drenada estática como valor da

resistência dinâmica do solo. Observou-se em ensaios de laboratório um

comportamento elástico das amostras de solo quando submetidas a um grande

36

número de ciclos (superior a 100 ciclos) de até 80% da resistência não drenada

estática (SOTO MOROTE, 2006). Duncan & Wright (2005), no entanto, consideram

que este fator PODE ser ignorado para materiais não propensos à liquefação devido

aos efeitos da velocidade de aplicação do carregamento sísmico. A maioria dos solos

sujeita a carregamentos cíclicos rápidos exibe uma resistência não drenada entre 20%

a 50% superior à determinada em ensaios estáticos convencionais de laboratório, o

que contrabalançaria as recomendações de redução da resistência.

Vale ressaltar que cada um dos métodos propostos é completo por si só e devem ser

encarados da seguinte forma: se a análise pseudo-estática calculada por meio do

coeficiente sísmico apresentado anteriormente e o fator de redução da resistência

acarretarem em um fator de segurança maior ou igual ao mínimo descrito então os

deslocamentos permanentes induzidos pelo sismo não serão maiores do que os

mostrados na tabela. A Figura 22 traz um resumo dos fatores de segurança e dos

coeficientes sísmicos para os diferentes métodos abordados na Tabela 9.

Tabela 9 – Métodos sugeridos para realização de análises pseudo-estáticas (DUNCAN & WRIGHT,

2005, p. 165)

Referência

Aceleração de

Referência, aref

Multiplicador de

Aceleração, a/aref

Fator de Redução de Resistência

do Solo

Fator de Segurança

Mínimo

Deslocamento Tolerável

Makdisi & Seed (1978)

0,2 g (M ≈ 6 ½)

0,5 0,8 1,15 Aprox 1,0 m

Makdisi & Seed (1978)

0,75 g (M ≈ 8 ¼)

0,2 0,8 1,15 Aprox 1,0 m

Hynes-Griffin & Franklin

(1984) PHArock 0,5 0,8 1,0 1,0 m

Bray et al. (1998)

PHArock 0,75

Recomendado o uso de forças conservadoras (por exemplo,

residual)

1,0

0,30 m para a superfície de

aterros; 0,15 m para a base de deslizamento

de aterros

Kavazanjian et al. (1997)

PHAsoil

0,17 se a análise de resposta é realizada

0,8 para argilas totalmente

saturadas ou sensitivas

1,0 1,0 m 0,5 se a

análise de resposta não é realizada

37

Figura 22 – Intervalo de variação do coeficiente sísmico k em função do fator de segurança,

conforme propostas da literatura (CGS, 1997)

Ainda de acordo com Duncan & Wright (2005), o Método de Hynes-Griffin & Franklin

(1984), assim como o de Bray et al. (1998), definem a aceleração de referência com

base na aceleração de pico no maciço rochoso (PHArock), enquanto que Kavazanjian et

al. (1997) propõe um método através da utilização dos dados obtidos na superfície do

solo (PHAsoil). O Método de Makdisi & Seed (1978) baseia-se em valores específicos

da escala de magnitude de momento, o que não o torna um método tão abrangente.

Quanto aos dois primeiros métodos, Duncan & Wright (2005) ainda traz uma diferença

quanto à aplicabilidade. O Método de Hynes-Griffin & Franklin (1984) se aplica a

taludes de barragens, considerando materiais não passíveis de liquefação sob ação de

sismos de magnitude 8 ou inferior. O Método de Bray et al. (1998) é voltado para

aterros considerando parâmetros residuais de resistência. Por este trabalho se voltar

para o Brasil, onde não se esperam sismos de magnitude próximas a 8, serão

seguidas as recomendações de Hynes-Griffin & Franklin, considerando também a

condição de não liquefação do solo. Mesmo com as ressalvas citadas por Duncan &

Wright (2005), serão aplicadas as reduções na resistência do solo.

Quanto ao uso do método pseudo-estático, este não deve ser aplicado em taludes

formados por solos granulares saturados fofos ou medianamente densos, sendo

necessária a utilização de um método mais sofisticado de análise para previsão do

desenvolvimento de poro-pressões, redistribuição destas com o tempo e total perda de

resistência (liquefação). Solos granulares altamente permeáveis podem ser

considerados um caso particular, visto que as poro-pressões induzidas pelo sismo são

38

dissipadas rapidamente. No entanto, em solos granulares saturados finos, como siltes

e areias, nota-se que a condição crítica de estabilidade nem sempre ocorre durante o

terremoto, mas pode, de fato, acontecer minutos ou horas após o evento, justificando

a necessidade de análises pós-sismos especiais com especial atenção à redistribuição

das poro-pressões (SOTO MOROTE, 2006). Desta forma, torna-se essencial a

realização de ensaios de resistência CIU para a determinação dos parâmetros ϕ e c.

Sendo impossível a realização destes, qualquer decisão tomada a respeito dos

parâmetros torna-se arbitrária, visto que não haverá um conhecimento do

comportamento real do solo.

3.4.2.1.2 Efeito das Forças Pseudo-Estáticas no Método de Spencer

Adotando-se o Método de Spencer e levando-se em conta a presença da componente

sísmica, tem-se, conforme a Figura 23:

Figura 23 – Simplificação do Método de Spencer com a consideração da componente sísmica

Fn = 0

Ni + Ui − Wi ⋅ cosθi + Qi ⋅ sen(θi − δ) + k ⋅ Wi ⋅ sen θi = 0

Ni = Wi ⋅ cosθi − Ui − Qi ⋅ sen(θi − δ) − k ⋅ Wi ⋅ senθi = 0 (a)

Ft = 0

Ti − Wi ⋅ senθi − Qi ⋅ cos(θi − δ) − k ⋅ Wi ⋅ cosθi = 0

Ti =c′ ⋅ li

FS+

Ni ⋅ tan ϕ′

FS

39

c′ ⋅ li

FS+

Ni ′ ⋅ tanϕ′

FS= Wi ⋅ senθi + Qi ⋅ cos(θi − δ) + k ⋅ Wi ⋅ cosθi (b)

Substituindo a em b:

Q =

c′ ⋅ liFS

+tan ϕ′

FS Wi ⋅ cosθi ⋅ 1 − k − Ui − Wi ⋅ senθi ⋅ 1 − k

cos(θi − δ) 1 +tanϕ′ ⋅ tan(θi − δ)

FS (3.18)

A partir do valor de Q calculado acima e o método proposto apresentado no item

3.3.2.3.4, desenvolve-se o Método de Spencer com a consideração de sismos.

3.4.2.2 Métodos Dinâmicos (Método de Newmark)

Os métodos de análise pseudo-estática, podem até fornecer a superfície potencial de

ruptura e seu fator de segurança, mas não são capazes de informar a respeito dos

deslocamentos permanentes surgidos durante os períodos de sismo. Inclusive, isto

pode até comprometer a servicibilidade do talude.

Considerando que as acelerações provocadas pelos sismos são variáveis no tempo,

tem-se que as forças induzidas e os fatores de segurança correspondentes são

também variáveis. Caso estas forças se tornem grandes o suficiente de modo que as

forças ativas sobreponham a resistência ao cisalhamento então o fator de segurança

será menor do que 1 (desequilíbrio estático). Baseado nesta ideia, em 1965, Nathan

Mortimore Newmark desenvolveu um método de cálculo para os deslocamentos

permanentes. O Método de Newmark baseia-se em diversas hipóteses

simplificadoras, sendo elas:

i. O solo comporta-se como material rígido-perfeitamente plástico;

ii. Os deslocamentos do talude ocorrem ao longo de uma única e bem definida

superfície plana;

iii. O solo não sofre perda de resistência devido ao carregamento sísmico;

iv. A resistência ao cisalhamento é igualmente mobilizada ao longo da superfície

potencial de deslizamento.

40

3.5 Fatores de Segurança Recomendados

Para a escolha do fator de segurança adequado para a análise de estabilidade a NBR

11682 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (2009) recomenda os

seguintes valores, conforme a Tabela 10:

Tabela 10 – Fatores de segurança mínimos recomendados pela NBR 11682 (ABNT, 2009, p. 18)

Nível de segurança contra danos a vidas humanas

Nível de segurança contra

danos materiais e ambientais Alto Médio Baixo

Alto 1,5 1,5 1,4

Médio 1,5 1,4 1,3

Baixo 1,4 1,3 1,2

Tratando-se dos danos a vidas humanas, os níveis de segurança podem ser definidos

como (ABNT, 2009):

i. Alto – Áreas com intensa movimentação e permanência de pessoas

(edificações públicas, residenciais ou industriais, estádios, praças e demais

locais, urbanos ou não, com possibilidade de elevada concentração de

pessoas); ferrovias e rodovias de tráfego intenso;

ii. Médio – Áreas e edificações com movimentação e permanência restrita de

pessoas; ferrovias e rodovias de tráfego moderado;

iii. Baixo – Áreas e edificações com movimentação e permanência eventual de

pessoas; ferrovias e rodovias de tráfego reduzido.

Analisando os danos materiais e ambientais, tem-se como critérios (ABNT, 2009):

i. Alto – Danos materiais: locais próximos a propriedades de alto valor histórico,

social ou patrimonial, obras de grande porte e áreas que afetem serviços

essenciais. Danos ambientais: locais sujeitos a acidentes ambientais graves,

tais como nas proximidades de oleodutos, barragens de rejeito e fábricas de

produtos tóxicos;

ii. Médio – Danos materiais: locais próximos a propriedades de valor moderado.

Danos ambientais: locais sujeitos a acidentes ambientais moderados;

41

iii. Baixo – Danos materiais: locais próximos a propriedades de valor reduzido.

Danos ambientais: locais sujeitos a acidentes ambientais reduzidos.

GeoRio (2000), por sua vez, propõe valores de segurança um pouco menores,

conforme Tabela 11:

Tabela 11 – Fatores de segurança mínimos recomendados pela GeoRio (GEORIO, 2000, p. 5)

Nível de segurança contra danos

a vidas humanas

Nível de segurança contra danos materiais e ambientais

Alto Médio Baixo

Alto 1,5 1,4 1,4

Médio 1,4 1,3 1,2

Baixo 1,4 1,2 1,1

Contudo, em ambas as fontes não há uma definição clara para o fator de segurança a

ser adotado em uma análise sísmica. Eletrobrás (2003), baseando-se no USACE2,

recomenda que seja adotado o valor unitário para esta condição, conforme

apresentado na Tabela 12. Vale ressaltar que as recomendações encontradas em

Eletrobrás (2003) são voltadas principalmente para barragens.

Tabela 12 – Fatores de segurança mínimos recomentados pela Eletrobrás (ELETROBRÁS, 2003, p.

197)

Caso FS Resistência ao Cisalhamento

Final de Construção 1,3 Ensaio UU ou CD

Rebaixamento Rápido 1,1 a 1,3 Ensaio CU ou CD

Percolação - estável 1,5 Ensaio CU ou CD

Análise Sísmica 1,0 Ensaio CU ou CD

2 USACE - U.S. Army Corps of Engineers, 2003, Design Manual EM - 1110-1-1902 - Stability of Earth and

Rockfill Dams, Washington DC, USA.

42

4 Descrição do Problema

4.1 Considerações Iniciais

A ideia de estudar o efeito da sismicidade na análise de estabilidade de taludes surgiu

em 2012, durante período de estágio na empresa PCE Engenharia, que atua bastante

em projetos de barragens na América do Sul e Central. Muitos destes projetos

envolvem áreas de elevada sismicidade. Sendo assim, foi proposto um estudo mais

aprofundado no tema, aproveitando-se de algum caso real desenvolvido pela empresa

para estudo neste trabalho. Entretanto, o estágio não teve prosseguimento, mas a

ideia principal do trabalho foi mantida. No entanto, ao invés do estudo de um caso real

optou-se pela realização de análises paramétricas em um talude de aterro

simplificado, tendo por objetivo comparar os efeitos das mudanças de parâmetros

geométricos, geotécnicos e sísmicos na estabilidade.

Para a realização das análises de estabilidade foram considerados taludes de aterro,

com altura máxima de 50 metros, sendo compostos por apenas um tipo de solo sobre

um substrato rochoso horizontal. Dentre os parâmetros do solo, foi variado o valor da

coesão, sendo mantidos constantes o ângulo de atrito e o peso específico. Não foi

considerada poro-pressão.

Conforme citado anteriormente, as análises neste trabalho foram embasadas no

Método de Spencer. No entanto, uma das condições adotadas foi a de coesão nula e

para esta situação específica a análise foi realizada pelo Método do Talude Infinito.

Para as análises com o primeiro método foi utilizado o software SLOPE/W 2007, da

GEO-SLOPE. No segundo caso, os cálculos foram realizados manualmente e

apresentados em tabela.

4.2 O SLOPE/W

Ao realizar a análise de estabilidade considerando a influência da sismicidade no

SLOPE/W deve-se levar em conta 3 parâmetros de entrada (Figura 24):

i. Coeficiente sísmico horizontal;

ii. Coeficiente sísmico vertical;

43

iii. Ignorar ou não o efeito da sismicidade nos cálculos da resistência ao

cisalhamento da base.

Figura 24 – Entrada dos parâmetros sísmicos no SLOPE/W (printscreen do software SLOPE/W no

sistema operacional Windows 7)

GEO-SLOPE (2008) afirma que sob certas condições a carga dinâmica atua tão

rapidamente que a resistência do solo se comporta de forma não drenada, como pode

ser observado em solos argilosos saturados (mas não em cascalhos insaturados ou

enrocamentos).

Pelos fundamentos do Equilíbrio Limite, determina-se um equilíbrio em cada fatia de

modo que o fator de segurança seja igual todas elas. A partir do momento em que

uma força dinâmica é aplicada, as forças na fatia serão reajustadas e isso inclui o

reajuste da resistência ao cisalhamento na base. O software permite manter a

resistência na base inalterada, mesmo quando esta força é aplicada. Caso esta seja a

opção do usuário, o software realizará os cálculos inicialmente sem levar em conta

nenhuma força sísmica, de forma a estabelecer a resistência ao cisalhamento. Em

seguida, este valor é transformado em uma resistência não drenada equivalente. A

partir daí os cálculos são realizados normalmente, com a consideração da ação

sísmica.

A idéia de transformar em resistência não drenada, segundo GEO-SLOPE (2008) está

relacionada ao fato de que, por não ser mais função da tensão normal, a resistência

ao cisalhamento deixa de sofrer o efeito da ação sísmica.

GEO-SLOPE (2008) propõe que a escolha entre usar ou não esta opção depende de

cada caso e deve ser analisada cuidadosamente, visto que há ligeira diferença entre

os valores do fator de segurança obtidos em ambas as análises.

44

4.3 Método do Talude Infinito com Sismicidade

Conforme citado, para os casos de coesão nula o Método das Fatias não é a melhor

opção, visto que a ruptura do solo tem comportamento aproximadamente planar.

Sendo assim, para estes casos foi adotado o Método do Talude Infinto. Deve-se

observar que para as condições estudadas neste trabalho o fator de segurança

definido no item 3.3.2.3.4 não será mais válido. Desta forma, considerando que não há

poro-pressão no problema abordado, a partir da Figura 25 tem-se:

Figura 25 – Método do Talude Infinito com Sismo (Adaptado de BECKER, 2013)

Fn = 0

N − W ⋅ cosβ + k ⋅ W ⋅ sen β = 0

N = W ⋅ cosβ − k ⋅ W ⋅ senβ (a)

Ft = 0

T − W ⋅ senβ − k ⋅ W ⋅ cosβ = 0

T =c ⋅ l

FS+

N ⋅ tanϕ

FS

c ⋅ l

FS+

N ⋅ tanϕ

FS= W ⋅ sen β + k ⋅ W ⋅ cosβ (b)

Substituindo a em b:

45

c ⋅ l

FS+

W ⋅ cosβ − k ⋅ W ⋅ sen β ⋅ tan ϕ

FS= W ⋅ senβ + k ⋅ W ⋅ cosβ

Mas c = 0, então:

cosβ − k ⋅ senβ ⋅ tan ϕ

FS= sen β + k ⋅ cosβ

FS = tanϕ ⋅ cos β − k ⋅ sen β

senβ + k ⋅ cosβ (4.1)

Para a condição de k = 0 tem-se:

FS =tanϕ

tanβ (4.2)

4.4 Parâmetros de Projeto

Quanto aos parâmetros de projeto, como explicado no item 4.1, alguns destes foram

variados para a realização das análises. Foram escolhidos, nesta condição, a

inclinação do talude, o coeficiente sísmico horizontal e a coesão do solo,

permanecendo o ângulo de atrito e o peso específico constantes. Contudo, conforme

dito ao final do item 3.4.2.1 as análises sísmicas neste trabalho seguem as

recomendações do método de Hynes-Griffin & Franklin (1984). Desta forma, foi

considerada uma redução de 80% na resistência ao cisalhamento na base do solo.

Isto foi feito reduzindo os parâmetros de entrada ϕ e c. É importante citar que neste

trabalho os parâmetros não foram definidos através de ensaios laboratoriais, mas sim

maneira arbitrária, visando apenas o estudo da variação dos mesmos para a

estabilidade do talude. Desta forma, considerando tudo o que foi dito no item 3.4.2.1,

considera-se aqui que o solo não sofre o efeito da liquefação durante uma solicitação

não drenada.

4.4.1 Parâmetros Iniciais

Os parâmetros foram definidos da seguinte forma:

i. Ângulo de atrito do solo – Foi definido para o ângulo de atrito do solo o valor:

ϕ = 30°

46

ii. Peso específico – Para o peso específico foi definido o valor:

γ = 18 kN/m³

iii. Inclinação do talude – Foram consideradas 7 situações diferentes para a

geometria do talude. A inclinação variou a partir da relação 1 V : X H , com X

assumindo valores entre 1,5 e 3, com intervalos de 0,25 entre eles.

iv. Coesão – Foram definidos 4 valores diferentes para a coesão do solo a partir

da relação:

c = r ⋅ γ ⋅ H,

sendo:

r: fator de redução correspondente a 0, 1, 2 e 5%;

H: altura máxima do aterro, definida como 50 metros

Os valores de coesão adotados encontram-se resumidos na Tabela 13:

Tabela 13 – Valores de coesão iniciais de projeto

r γ (kN/m³) H (m) c (kPa)

0

18 50

0

0,01 9

0,02 18

0,05 45

Coeficientes sísmicos horizontais – Foram baseados na equação proposta por Duncan

& Wright (2005) e no Método de Hynes-Griffin & Franklin, conforme item 343.4.2.1. Os

valores das acelerações de pico (PGArock) foram obtidos através do mapa sísmico

brasileiro proposto pela USGS (Figura 21). A Tabela 14 traz um resumo dos

coeficientes sísmicos horizontais adotados:

k =aref

g⋅

a

aref

47

Tabela 14 – Valores de coeficiente sísmico horizontal

aref (m/s²) g (m/s²) 𝐚

𝐚𝐫𝐞𝐟 kh

0,2

9,81 0,5

0,01

0,4 0,02

0,8 0,04

1,6 0,08

2,4 0,12

4.4.2 Parâmetros Reduzidos

Para considerar a redução na resistência ao cisalhamento na base proposta por

Hynes-Griffin & Franklin os parâmetros ϕ e c foram reduzidos:

i. Ângulo de atrito reduzido – A Equação (4.3) o método de cálculo para o ângulo

de atrito reduzido ϕ∗:

tan ϕ∗ = 0,8 ⋅ tanϕ → ϕ∗ = tan−1 0,8 ⋅ tan 30° (4.3)

ϕ∗ = 24,79°

ii. Coesão reduzida – A Equação (4.4)(4.3) apresenta o método de cálculo para a

coesão reduzida c∗. Os resultados são apresentados na Tabela 15:

c∗ = 0,8 ⋅ c (4.4)

Tabela 15 – Valores de coesão reduzidos

c (kPa) c* (kPa)

0 0

9 7,2

18 14,4

45 36

4.4.3 Resumo dos Parâmetros de Projeto Adotados

Nas tabelas a seguir encontram-se resumos dos parâmetros geotécnicos e sísmicos

adotados nas análises de estabilidade de talude:

48

Tabela 16 – Resumo dos parâmetros de inclinação adotados

1(V):X(H) β (°)

1,5 33,69

1,75 29,74

2 26,57

2,25 23,96

2,5 21,80

2,75 19,98

3 18,43

Tabela 17 – Resumo dos parâmetros geotécnicos adotados para condição estática

k φ (°) c (kPa) γ (kN/m³)

0 30

0

18,0 9

18

45

Tabela 18 – Resumo dos parâmetros geotécnicos adotados para condição pseudo-estática

k φ (°) c (kPa) γ (kN/m³)

0,01 0,02 0,04 0,08 0,12

24,79

0

18,0 7,2

14,4

36

Atenta-se para a utilização dos valores iniciais de ϕ e c no caso de k = 0. Isto se deve

ao fato de que ao se utilizar o coeficiente nulo a análise deixa de ser sísmica e, desta

forma, não necessidade de se aplicar as reduções propostas no item 3.4.2.1.

Quanto à análise no SLOPE/W, foi escolhido o método que desconsidera a influência

da sismicidade na resistência ao cisalhamento na base da fatia transformando-a em

resistência não drenada.

49

5 Resultados e Análise

5.1 Resultados Obtidos

No APÊNDICE A encontram-se, em forma de tabela, os resultados dos fatores de

segurança quanto à estabilidade de taludes considerando diferentes condições de

sismicidade e condicionantes geotécnicos. A primeira coluna e a segunda coluna

trazem o valor da inclinação considerada para o talude. A terceira e quarta colunas

trazem os parâmetros sísmicos obtidos conforme item 4.4.1. As 3 colunas seguintes

trazem os parâmetros considerados para o solo de acordo com cada situação,

conforme apresentado resumidamente no item 4.4.3. As duas últimas colunas

apresentam o fator de segurança obtido e a relação entre este e o fator de segurança

estático (k = 0). No APÊNDICE B encontram-se tabelas com os cálculos através do

Método do Talude Infinito e no APÊNDICE C as saídas do SLOPE/W para sismicidade

horizontal.

5.2 Análise dos Resultados

5.2.1 Análises Preliminares

Aqui serão apresentadas algumas observações gerais obtidas a partir da análise dos

valores dos fatores de segurança obtidos. São constatações básicas, que permitem

verificar alguns conceitos da análise de estabilidade:

Para mesma coesão e mesma inclinação: quanto maior o valor do coeficiente

sísmico, menor o fator de segurança;

Para mesma coesão e mesmo coeficiente sísmico: quanto maior a inclinação

do talude, menor o fator de segurança;

Para mesmo coeficiente sísmico e mesma inclinação: quanto maior a coesão,

maior o fator de segurança.

Observa-se, portanto, que o aumento da coesão possui efeito estabilizante, enquanto

que o aumento da inclinação ou do coeficiente sísmico possui efeito instabilizante, o

que está de acordo com o esperado.

50

5.2.2 Análises Principais

Nesta seção serão apresentadas as análises principais realizadas sobre os resultados

obtidos com as análises de estabilidade de talude. Para tal, procurou-se fazer uma

correlação entre os efeitos da coesão e da inclinação (parâmetros variados) com o

coeficiente sísmico horizontal. Para tal utilizou-se da relação FSpseudo −estático FSestático

(FSps est FSest ) como forma de se fazer uma comparação relativa entre os parâmetros.

5.2.2.1 Efeito da Coesão

Para uma mesma inclinação e um mesmo valor de k observou-se que a coesão

causou influência desprezível na relação FSps est FSest . Tomando o exemplo da

inclinação 1(V):2,5(H) e do coeficiente sísmico horizontal k = 0,04, observa-se que

para todos os valores de coesão o valor de FSps est FSest foi de 0,78.

Pode-se observar, contudo, que para alguns casos na condição c = 0 o valor

encontrado para FSps est FSest diferiu um pouco dos demais. Vale lembrar que para

estes casos com c = 0 foi utilizado o Método do Talude Infinito. No entanto, a diferença

máxima obtida entre os valores de FSps est FSest para uma mesma inclinação e mesmo

valor de k foi de 6%, o que ainda permite considerar a conclusão sobre o efeito da

coesão satisfatória.

Apesar de não causar nenhuma influência direta na análise sísmica, observou-se, que

a coesão alterou o formato da superfície crítica de ruptura. Para menores valores de

coesão o raio de curvatura foi maior, tornando a superfície crítica de ruptura mais

abatida, enquanto que para maiores valores de coesão o raio foi menor, o que gerou

superfícies mais acentuadas. No APÊNDICE C podem ser observadas as superfícies

de ruptura para os casos com c ≠ 0 (Método de Spencer).

5.2.2.2 Efeito da Inclinação

Quanto maior a inclinação da base da fatia, menor será o efeito da sismicidade no

fator de segurança. Ou seja, mais próxima da unidade será a relação FSps est FSest .

Este efeito é mais pronunciado para maiores valores de k. Cabe ressaltar que a

inclinação média da base das fatias da superfície crítica guarda relação com a

inclinação da face do talude.

51

Tal fato pode ser explicado analisando-se a Figura 26:

Figura 26 – Influência da inclinação na componente sísmica instabilizante

Neste trabalho considera-se que o solo se comporta de forma não drenada, que a

sismicidade não tem influência na resistência ao cisalhamento na base da fatia e que

as forças laterais não influenciam Ti (como no Método de Fellenius). Sendo assim,

observa-se que as forças instabilizantes tangenciais têm uma componente estática

(causada pelo peso da fatia) e uma componente devido à ação sísmica horizontal. A

Equação (5.1) traz uma forma de se medir o grau de influência da componente sísmica

nas forças instabilizantes tangenciais, por meio de uma comparação entre a condição

de ação sísmica e a condição estática (sem levar em conta a componente sísmica).

I = Finst . ps est

Finst . est=

Comp. tangencial sísmica + Comp. tangencial estática

Comp. tangencial estática (5.1)

Condição sísmica:

Finst . ps est = Wi ⋅ sen θi − k ⋅ Wi ⋅ cosθi → W ⋅ senθi + k ⋅ cosθi

Condição estática:

Finst . est = Wi ⋅ sen θi

I =sen θi + k ⋅ cosθi

senθi (5.2)

Na Figura 27 são apresentados os resultados obtidos para cada situação sísmica

(pseudo-estática) e os diferentes valores de inclinação:

52

Figura 27 – Influência da componente sísmica nas forças instabilizantes da fatia vs. inclinação do

talude

Observando-se a Figura 27, percebe-se que o aumento de k faz com que as forças

tangenciais instabilizantes pseudo-estáticas sejam maiores que as estáticas,

provocando, portanto, redução no fator de segurança. Nota-se, também, que este

efeito é mais pronunciado nas menores inclinações de base, que correspondem, em

média, aos taludes mais abatidos. Esta conclusão vai ao encontro às constatações

feitas no início do item 5.2.2.2.

5.3 Análises Especiais: Sismo Vertical

5.3.1 Considerações Iniciais

Este trabalho está voltado para a análise da estabilidade de taludes considerando o

efeito da sismicidade, dado uma aceleração horizontal. No entanto, realizaram-se

também análises extras considerando o efeito das acelerações horizontal e vertical

atuando em conjunto, para avaliar o efeito que esta consideração pode ter em

projetos.

0.950

1.000

1.050

1.100

1.150

1.200

1.250

1.300

1.350

1.400

18 20 22 24 26 28 30 32 34

sen

θ+

k ·

co

sen

θ

Inclinação da base da fatia θ (graus)

k = 0 k = 0,01 k = 0,02 k = 0,04 k = 0,08 k = 0,12

53

Conforme o item 3.4.2.1, a força sísmica vertical pode atuar tanto para baixo quanto

para cima, como mostra a Figura 28. A escolha da direção correta vai influenciar

diretamente no cálculo do fator de segurança do talude, podendo provocar aumento ou

diminuição do fator de segurança.

Figura 28 – Forças sísmicas horizontal e vertical (para cima e para baixo)

Partindo das mesmas considerações idealizadas no item 5.2.2.2 (resistência não

drenada, sismicidade sem influencia na resistência ao cisalhamento na base da fatia e

fazendo uma analise simplificada do fator de segurança em termos de forças, sem

considerar forças laterais), tem-se:

No caso de força sísmica vertical para baixo:

Ti

FS− Wi ⋅ sen θi − kv ⋅ Wi ⋅ senθi − kh ⋅ Wi ⋅ cosθi = 0

Ti

FS= W ⋅ sen θi + kv ⋅ senθi + kh ⋅ cosθi

FS↓ =Ti

W ⋅ senθi + kv ⋅ senθi + kh ⋅ cosθi

No caso de força sísmica vertical para cima:

Ti

FS− Wi ⋅ sen θi + kv ⋅ Wi ⋅ senθi − kh ⋅ Wi ⋅ cosθi = 0

Ti

FS= W ⋅ sen θi − kv ⋅ senθi + kh ⋅ cosθi

FS↑ =Ti

W ⋅ senθi − kv ⋅ senθi + kh ⋅ cosθi

54

Assim, para as condições propostas neste trabalho, o sismo vertical para baixo será

mais desfavorável que o para cima. Isso não significa que esta situação se repetirá

sempre. Observa-se que o sismo vertical atua na mesma direção do peso da fatia.

Desta forma, pode-se considerar que ele atua aumentando ou aliviando este peso. No

entanto, ao mesmo tempo, a componente normal na base fatia também sofrerá

acréscimo ou alívio, o que por sua vez influenciará diretamente na resistência ao

cisalhamento na base, caso esta seja definida em termos de tensões efetivas

(solicitações drenadas). Portanto, deve-se analisar caso a caso para verificar se a

desconsideração ou não do sismo vertical no cálculo de estabilidade estará indo

contra ou a favor da segurança do talude.

5.3.2 Coeficiente Sísmico Vertical

Eletrobrás (2003) recomenda, para a análise pseudo-estática em barragens, a adoção

de cargas sísmicas correspondentes a acelerações de 0,05g na direção horizontal e

0,03g na direção vertical. Os valores, no entanto, podem ser majorados, caso as

condições geológico-estruturais do local sejam desfavoráveis.

Para este trabalho, contudo, será adotada uma relação de 2/3 entre o coeficiente

sísmico vertical e o horizontal, bem próximo da relação de 60% observada entre os

coeficientes em Eletrobrás (2003). Assim:

kv = ±2

3⋅ kh (5.3)

5.3.3 Resultados Obtidos

Por se tratar de uma análise complementar, ela será feita apenas para o Método de

Spencer e para os casos que apresentaram o pior valor de FSps est /FSest em cada

inclinação. Conforme os resultados obtidos no item 5.1, percebe-se que os casos

selecionados correspondem à condição de maior aceleração sísmica horizontal e

maior coesão. Os parâmetros geotécnicos e sísmicos adotados nas análises

considerando sismicidade vertical encontram-se na Tabela 19:

Tabela 19 – Resumo dos parâmetros de projeto adotados considerando sismicidade vertical

kh kv γ (kN/m³) φ (°) c (kPa)

0,12 ±0,08 18 24,79 36

55

Da Tabela 20 a Tabela 26 são apresentados os resultados obtidos para as análises de

estabilidade de taludes considerando o efeito da sismicidade horizontal e vertical. Foi

considerado que a inclinação do talude corresponde a inclinação média da base da

fatia. A segunda coluna de Análises traz a razão entre o fator de segurança pseudo-

estático e o fator de segurança para a condição estática. A terceira coluna traz a razão

entre o fator de segurança obtido nas análises considerando sismo horizontal e vertical

e o fator de segurança das análises com sismo horizontal somente. As saídas do

SLOPE/W encontram-se no APÊNCIDE D.

Tabela 20 – Resultados obtidos considerando sismicidade vertical para talude 1(V):1,5(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Coeficiente Coeficiente γ

φ (°) c

FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐤𝐡 𝐞 𝐤𝐯

𝐅𝐒𝐤𝐡

kh kv (kN/m³) (kPa)

1,5 33,69

0,00 - 18,0 30,00 45,0 1,545 1,00 -

0,12

-

18,0 24,79 36,0

1,038 0,67 1,00

0,08 0,973 0,63 0,94

-0,08 1,113 0,72 1,07

Tabela 21 – Resultados obtidos considerando sismicidade vertical para talude 1(V):1,75(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Coeficiente Coeficiente γ

φ (°) c

FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐤𝐡 𝐞 𝐤𝐯

𝐅𝐒𝐤𝐡

kh kv (kN/m³) (kPa)

1,75 29,74

0,00 - 18,0 30,00 45,0 1,716 1,00 -

0,12

-

18,0 24,79 36,0

1,125 0,66 1,00

0,08 1,056 0,62 0,94

-0,08 1,203 0,70 1,07

Tabela 22 – Resultados obtidos considerando sismicidade vertical para talude 1(V):2(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Coeficiente Coeficiente γ

φ (°) c

FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐤𝐡 𝐞 𝐤𝐯

𝐅𝐒𝐤𝐡

kh kv (kN/m³) (kPa)

2 26,57

0,00 - 18,0 30,00 45,0 1,888 1,00 -

0,12

-

18,0 24,79 36,0

1,208 0,64 1,00

0,08 1,135 0,60 0,94

-0,08 1,290 0,68 1,07

56

Tabela 23 – Resultados obtidos considerando sismicidade vertical para talude 1(V):2,25(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Coeficiente Coeficiente γ

φ (°) c

FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐤𝐡 𝐞 𝐤𝐯

𝐅𝐒𝐤𝐡

kh kv (kN/m³) (kPa)

2,25 23,96

0,00 - 18,0 30,00 45,0 2,058 1,00 -

0,12

-

18,0 24,79 36,0

1,288 0,63 1,00

0,08 1,212 0,59 0,94

-0,08 1,373 0,67 1,07

Tabela 24 – Resultados obtidos considerando sismicidade vertical para talude 1(V):2,5(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Coeficiente Coeficiente γ

φ (°) c

FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐤𝐡 𝐞 𝐤𝐯

𝐅𝐒𝐤𝐡

kh kv (kN/m³) (kPa)

2,5 21,80

0,00 - 18,0 30,00 45,0 2,232 1,00 -

0,12

-

18,0 24,79 36,0

1,363 0,61 1,00

0,08 1,284 0,58 0,94

-0,08 1,451 0,65 1,06

Tabela 25 – Resultados obtidos considerando sismicidade vertical para talude 1(V):2,75(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Coeficiente Coeficiente γ

φ (°) c

FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐤𝐡 𝐞 𝐤𝐯

𝐅𝐒𝐤𝐡

kh kv (kN/m³) (kPa)

2,75 19,98

0,00 - 18,0 30,00 45,0 2,402 1,00 -

0,12

-

18,0 24,79 36,0

1,435 0,60 1,00

0,08 1,354 0,56 0,94

-0,08 1,526 0,64 1,06

Tabela 26 – Resultados obtidos considerando sismicidade vertical para talude 1(V):3(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Coeficiente Coeficiente γ

φ (°) c

FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐤𝐡 𝐞 𝐤𝐯

𝐅𝐒𝐤𝐡

kh kv (kN/m³) (kPa)

3 18,43

0,00 - 18,0 30,00 45,0 2,578 1,00 -

0,12

-

18,0 24,79 36,0

1,505 0,58 1,00

0,08 1,422 0,55 0,94

-0,08 1,598 0,62 1,06

Observa-se que a consideração da ação sísmica vertical para baixo provocou

reduções de 6% no fator de segurança em relação ao obtido considerando somente a

ação do sismo horizontal, independente da inclinação do talude. Dada a mesma

comparação, desta vez para a consideração da aceleração sísmica vertical para cima,

observou-se que esta provocou aumento de 6 a 7% no fator de segurança obtido na

57

condição de sismo horizontal. Conclui-se, que o coeficiente sísmico vertical causa

pouca influência na análise de estabilidade de taludes, o que não significa que este

deve ser ignorá-lo simplesmente.

58

6 Conclusões

Inicialmente, é importante lembrar que os métodos, parâmetros e resultados obtidos

neste trabalho se fundamentam no método pseudo-estático. Trata-se de uma análise

simplificada, que não deve ser aplicada em sem um conhecimento do comportamento

do solo. É um procedimento de cálculo aceitável para argilas, solos argilosos, solos

granulares secos ou parcialmente saturados e solos granulares saturados densos, que

não apresentem perda de resistência excessiva devido aos ciclos de carregamento

imposto pelo evento sísmico ou por altas poro-pressões (SEED, 1979 apud SOTO

MOROTE 2006).

A sismologia se mostra uma aliada importante da engenharia, uma vez que

atua principalmente estudando as causas e mecanismos de propagação dos

sismos e realizando estudos de previsão de ocorrência dos mesmos. Desta

maneira, ela fornece base para um melhor planejamento e desenvolvimento de

obras civis.

Os dados fornecidos pelo GSHAP, utilizados tanto pela USGS em seu

aplicativo (ver nota 1 no rodapé da página 33) quanto no desenvolvimento de

mapas sísmicos mundiais (apresentados no APÊNDICE E), se mostram

ferramentas importante para a obtenção das acelerações de pico, utilizadas no

cálculo dos coeficientes sísmicos neste trabalho.

Em relação aos coeficientes sísmicos apresentados neste trabalho, estes

foram obtidos a partir de Duncan & Wright (2005) e para as condições impostas

por Hynes-Griffin & Franklin (1984). Para a realidade brasileira, os valores

destes coeficientes podem ser resumidos na tabela a seguir:

kh =aref

g⋅

a

aref

aref = PHArock

a

aref= 0,5

kv = ±2

3⋅ kh

59

Tabela 27 – Valores de coeficiente sísmico horizontal e vertical

aref (m/s²) g (m/s²) 𝐚

𝐚𝐫𝐞𝐟 kh kv

0,2

9,81 0,5

0,01 ±0,007

0,4 0,02 ±0,013

0,8 0,04 ±0,027

1,6 0,08 ±0,053

2,4 0,12 ±0,080

As conclusões seguintes não são válidas para solos que se liquefazem (perda

de resistência com deformação). O método pseudo-estático não deve ser

utilizado em taludes formados por solos nesta condição, sendo necessário um

método mais sofisticado:

Os resultados obtidos para a análise da influência da coesão, considerando

somente o efeito de sismo horizontal, mostraram que esta não influencia

diretamente nas análises sísmicas, uma vez que a redução do fator de

segurança é constante dada uma mesma inclinação e mesmo valor de

coeficiente sísmico.

Quanto à influência da inclinação, acreditava-se que os taludes mais

inclinados seriam os mais afetados pela queda no fator de segurança

imposta pelo efeito da sismicidade. Contudo, os resultados obtidos

mostraram exatamente o oposto: dadas as condições abordadas neste

trabalho, quanto menor a inclinação do talude (taludes mais abatidos),

maior a influência do sísmico nas ações instabilizantes na base do talude.

Consequentemente, maior será a redução do fator de segurança em

comparação com o caso estático.

A consideração do efeito da sismicidade vertical teve pouca influência na

análise de estabilidade. O fator de segurança obtido considerando este

efeito apresentou pouca variação em relação ao fator de segurança para a

condição de sismicidade horizontal somente. Para situações como esta,

pode-se, portanto, aplicar a recomendação acerca da desconsideração do

sismo vertical na análise de estabilidade. No entanto, é importante sempre

avaliar o problema com cuidado. Além disso, deve-se atentar para a

consideração da direção correta da ação sísmica vertical, já que esta

condição pode provocar o aumento ou a diminuição do fator de segurança.

60

Deve-se ter em conta que o foco deste trabalho está na análise da influência

da coesão, da inclinação e do coeficiente sísmico no fator de segurança obtido

em análises pseudo-estáticas. A análise do valor absoluto do fator de

segurança foge do escopo deste projeto. O que se pretende é analisar as

tendências de variação do fator de segurança em diversos cenários, ao invés

de fornecer valores absolutos para uso em projeto.

61

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68

APÊNDICES

69

APÊNDICE A – Resultados das Análises de Estabilidade de

Talude sob Influência de Sismicidade Horizontal

Tabela 28 – Resultados obtidos para o talude 1(V):1,5(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Aceleração Coeficiente

γ φ c FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

(m/s²) kh

1,50 33,69

0,00 0,00 18,0 30,00

0,0 0,866 1,00

9,0 1,092 1,00

18,0 1,227 1,00

45,0 1,545 1,00

0,20 0,01 18,0 24,79

0,0 0,678 0,78

7,2 0,861 0,79

14,4 0,967 0,79

36,0 1,217 0,79

0,40 0,02 18,0 24,79

0,0 0,664 0,77

7,2 0,848 0,78

14,4 0,952 0,78

36,0 1,198 0,78

0,80 0,04 18,0 24,79

0,0 0,636 0,73

7,2 0,824 0,75

14,4 0,925 0,75

36,0 1,163 0,75

1,60 0,08 18,0 24,79

0,0 0,586 0,68

7,2 0,779 0,71

14,4 0,874 0,71

36,0 1,097 0,71

2,40 0,12 18,0 24,79

0,0 0,540 0,62

7,2 0,739 0,68

14,4 0,829 0,68

36,0 1,038 0,67

70

Tabela 29 – Resultados obtidos para o talude 1(V):1,75(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Aceleração Coeficiente

γ φ c FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

(m/s²) kh

1,75 29,74

0,00 0,00 18,0 30,00

0,0 1,010 1,00

9,0 1,244 1,00

18,0 1,385 1,00

45,0 1,716 1,00

0,20 0,01 18,0 24,79

0,0 0,790 0,78

7,2 0,978 0,79

14,4 1,088 0,79

36,0 1,348 0,79

0,40 0,02 18,0 24,79

0,0 0,772 0,76

7,2 0,961 0,77

14,4 1,070 0,77

36,0 1,324 0,77

0,80 0,04 18,0 24,79

0,0 0,738 0,73

7,2 0,930 0,75

14,4 1,034 0,75

36,0 1,279 0,75

1,60 0,08 18,0 24,79

0,0 0,677 0,67

7,2 0,872 0,70

14,4 0,969 0,70

36,0 1,197 0,70

2,40 0,12 18,0 24,79

0,0 0,622 0,62

7,2 0,821 0,66

14,4 0,912 0,66

36,0 1,125 0,66

71

Tabela 30 – Resultados obtidos para o talude 1(V):2(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Aceleração Coeficiente

γ φ c FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

(m/s²) kh

2 26,57

0,00 0,00 18,0 30,00

0,0 1,155 1,00

9,0 1,396 1,00

18,0 1,541 1,00

45,0 1,888 1,00

0,20 0,01 18,0 24,79

0,0 0,901 0,78

7,2 1,094 0,78

14,4 1,208 0,78

36,0 1,480 0,78

0,40 0,02 18,0 24,79

0,0 0,879 0,76

7,2 1,073 0,77

14,4 1,184 0,77

36,0 1,450 0,77

0,80 0,04 18,0 24,79

0,0 0,838 0,73

7,2 1,033 0,74

14,4 1,140 0,74

36,0 1,395 0,74

1,60 0,08 18,0 24,79

0,0 0,764 0,66

7,2 0,962 0,69

14,4 1,060 0,69

36,0 1,295 0,69

2,40 0,12 18,0 24,79

0,0 0,700 0,61

7,2 0,899 0,64

14,4 0,991 0,64

36,0 1,208 0,64

72

Tabela 31 – Resultados obtidos para o talude 1(V):2,25(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Aceleração Coeficiente

γ φ c FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

(m/s²) kh

2,25 23,96

0,00 0,00 18,0 30,00

0,0 1,299 1,00

9,0 1,548 1,00

18,0 1,697 1,00

45,0 2,058 1,00

0,20 0,01 18,0 24,79

0,0 1,012 0,78

7,2 1,211 0,78

14,4 1,327 0,78

36,0 1,609 0,78

0,40 0,02 18,0 24,79

0,0 0,986 0,76

7,2 1,185 0,77

14,4 1,299 0,77

36,0 1,574 0,76

0,80 0,04 18,0 24,79

0,0 0,936 0,72

7,2 1,135 0,73

14,4 1,245 0,73

36,0 1,507 0,73

1,60 0,08 18,0 24,79

0,0 0,849 0,65

7,2 1,048 0,68

14,4 1,149 0,68

36,0 1,389 0,67

2,40 0,12 18,0 24,79

0,0 0,775 0,60

7,2 0,973 0,63

14,4 1,066 0,63

36,0 1,288 0,63

73

Tabela 32 – Resultados obtidos para o talude 1(V):2,5(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Aceleração Coeficiente

γ φ c FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

(m/s²) kh

2,5 21,80

0,00 0,00 18,0 30,00

0,0 1,443 1,00

9,0 1,698 1,00

18,0 1,853 1,00

45,0 2,232 1,00

0,20 0,01 18,0 24,79

0,0 1,122 0,78

7,2 1,325 0,78

14,4 1,446 0,78

36,0 1,741 0,78

0,40 0,02 18,0 24,79

0,0 1,091 0,76

7,2 1,294 0,76

14,4 1,411 0,76

36,0 1,699 0,76

0,80 0,04 18,0 24,79

0,0 1,033 0,72

7,2 1,235 0,73

14,4 1,346 0,73

36,0 1,619 0,73

1,60 0,08 18,0 24,79

0,0 0,931 0,65

7,2 1,131 0,67

14,4 1,233 0,67

36,0 1,480 0,66

2,40 0,12 18,0 24,79

0,0 0,846 0,59

7,2 1,044 0,61

14,4 1,137 0,61

36,0 1,363 0,61

74

Tabela 33 – Resultados obtidos para o talude 1(V):2,75(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Aceleração Coeficiente

γ φ c FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

(m/s²) kh

2,75 19,98

0,00 0,00 18,0 30,00

0,0 1,588 1,00

9,0 1,849 1,00

18,0 2,009 1,00

45,0 2,402 1,00

0,20 0,01 18,0 24,79

0,0 1,232 0,78

7,2 1,440 0,78

14,4 1,563 0,78

36,0 1,869 0,78

0,40 0,02 18,0 24,79

0,0 1,195 0,75

7,2 1,402 0,76

14,4 1,522 0,76

36,0 1,819 0,76

0,80 0,04 18,0 24,79

0,0 1,128 0,71

7,2 1,332 0,72

14,4 1,446 0,72

36,0 1,727 0,72

1,60 0,08 18,0 24,79

0,0 1,011 0,64

7,2 1,212 0,66

14,4 1,315 0,65

36,0 1,568 0,65

2,40 0,12 18,0 24,79

0,0 0,913 0,57

7,2 1,111 0,60

14,4 1,205 0,60

36,0 1,435 0,60

75

Tabela 34 – Resultados obtidos para o talude 1(V):3(H)

Parâmetros Análises

Inclinação Sísmicos Solo

1(V):X(H) β (°) Aceleração Coeficiente

γ φ c FS 𝐅𝐒𝐩𝐬−𝐞𝐬𝐭

𝐅𝐒𝐞𝐬𝐭

(m/s²) kh

3 18,43

0,00 0,00 18,0 30,00

0,0 1,732 1,00

9,0 2,001 1,00

18,0 2,166 1,00

45,0 2,578 1,00

0,20 0,01 18,0 24,79

0,0 1,341 0,77

7,2 1,554 0,78

14,4 1,682 0,78

36,0 2,001 0,78

0,40 0,02 18,0 24,79

0,0 1,298 0,75

7,2 1,510 0,75

14,4 1,634 0,75

36,0 1,944 0,75

0,80 0,04 18,0 24,79

0,0 1,221 0,70

7,2 1,429 0,71

14,4 1,546 0,71

36,0 1,835 0,71

1,60 0,08 18,0 24,79

0,0 1,088 0,63

7,2 1,290 0,64

14,4 1,396 0,64

36,0 1,654 0,64

2,40 0,12 18,0 24,79

0,0 0,978 0,56

7,2 1,176 0,59

14,4 1,271 0,59

36,0 1,505 0,58

76

APÊNDICE B – Método do Talude Infinito

Tabela 35 – Resultados obtidos com o Método do Talude Infinito para o talude 1(V):1,5(H)

Parâmetros Fator de

Segurança Inclinação da face do talude Coeficiente Ângulo de

atrito φ (°) 1(V):X(H) β (°) sen β cos β k

1,50 33,69 0,555 0,832

0,00 30,00 0,866

0,01 24,79 0,678

0,02 24,79 0,664

0,04 24,79 0,636

0,08 24,79 0,586

0,12 24,79 0,540

Tabela 36 – Resultados obtidos com o Método do Talude Infinito para o talude 1(V):1,75(H)

Parâmetros Fator de

Segurança Inclinação da face do talude Coeficiente Ângulo de

atrito φ (°) 1(V):X(H) β (°) sen β cos β k

1,75 29,74 0,496 0,868

0,00 30,00 1,010

0,01 24,79 0,790

0,02 24,79 0,772

0,04 24,79 0,738

0,08 24,79 0,677

0,12 24,79 0,622

Tabela 37 – Resultados obtidos com o Método do Talude Infinito para o talude 1(V):2(H)

Parâmetros Fator de

Segurança Inclinação da face do talude Coeficiente Ângulo de

atrito φ (°) 1(V):X(H) β (°) sen β cos β k

2 26,57 0,447 0,894

0,00 30,00 1,155

0,01 24,79 0,901

0,02 24,79 0,879

0,04 24,79 0,838

0,08 24,79 0,764

0,12 24,79 0,700

Tabela 38 – Resultados obtidos com o Método do Talude Infinito para o talude 1(V):2,25(H)

Parâmetros Fator de

Segurança Inclinação da face do talude Coeficiente Ângulo de

atrito φ (°) 1(V):X(H) β (°) sen β cos β k

2,25 23,96 0,406 0,914

0,00 30,00 1,299

0,01 24,79 1,012

0,02 24,79 0,986

0,04 24,79 0,936

0,08 24,79 0,849

0,12 24,79 0,775

77

Tabela 39 – Resultados obtidos com o Método do Talude Infinito para o talude 1(V):2,5(H)

Parâmetros Fator de

Segurança Inclinação da face do talude Coeficiente Ângulo de

atrito φ (°) 1(V):X(H) β (°) sen β cos β k

2,5 21,80 0,371 0,928

0,00 30,00 1,443

0,01 24,79 1,122

0,02 24,79 1,091

0,04 24,79 1,033

0,08 24,79 0,931

0,12 24,79 0,846

Tabela 40 – Resultados obtidos com o Método do Talude Infinito para o talude 1(V):2,75(H)

Parâmetros Fator de

Segurança Inclinação da face do talude Coeficiente Ângulo de

atrito φ (°) 1(V):X(H) β (°) sen β cos β k

2,75 19,98 0,342 0,940

0,00 30,00 1,588

0,01 24,79 1,232

0,02 24,79 1,195

0,04 24,79 1,128

0,08 24,79 1,011

0,12 24,79 0,913

Tabela 41 – Resultados obtidos com o Método do Talude Infinito para o talude 1(V):3(H)

Parâmetros Fator de

Segurança Inclinação da face do talude Coeficiente Ângulo de

atrito φ (°) 1(V):X(H) β (°) sen β cos β k

3 18,43 0,316 0,949

0,00 30,00 1,732

0,01 24,79 1,341

0,02 24,79 1,298

0,04 24,79 1,221

0,08 24,79 1,088

0,12 24,79 0,978

78

APÊNDICE C – Saídas do SLOPE/W para Sismicidade

Horizontal

Inclinação 1(V):1,5(H)

Figura 29 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0; c = 9 kPa; ϕ = 30°

Figura 30 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0; c = 18 kPa; ϕ = 30°

79

Figura 31 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0; c = 45 kPa; ϕ = 30°

Figura 32 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,01; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

80

Figura 33 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,01; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 34 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,01; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

81

Figura 35 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,02; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 36 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,02; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

82

Figura 37 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,02; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 38 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,04; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

83

Figura 39 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 40 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,04; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

84

Figura 41 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,08; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 42 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,08; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

85

Figura 43 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 44 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,12; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

86

Figura 45 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,12; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 46 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,12; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

87

Inclinação 1(V):1,75(H)

Figura 47 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0; c = 9 kPa; ϕ = 30°

Figura 48 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0; c = 18 kPa; ϕ = 30°

88

Figura 49 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0; c = 45 kPa; ϕ = 30°

Figura 50 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,01; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

89

Figura 51 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,01; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 52 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,01; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

90

Figura 53 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,02; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 54 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,02; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

91

Figura 55 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,02; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 56 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,04; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

92

Figura 57 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 58 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,04; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

93

Figura 59 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,08; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 60 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,08; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

94

Figura 61 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 62 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,12; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

95

Figura 63 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 64 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,12; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

96

Inclinação 1(V):2(H)

Figura 65 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0; c = 9 kPa; ϕ = 30°

Figura 66 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0; c = 18 kPa; ϕ = 30°

97

Figura 67 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0; c = 45 kPa; ϕ = 30°

Figura 68 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,01; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

98

Figura 69 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,01; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 70 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,01; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

99

Figura 71 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,02; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 72 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,02; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

100

Figura 73 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,02; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 74 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,04; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

101

Figura 75 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 76 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,04; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

102

Figura 77 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,08; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 78 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,08; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

103

Figura 79 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 80 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,12; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

104

Figura 81 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 82 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,12; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

105

Inclinação 1(V):2,25(H)

Figura 83 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0; c = 9 kPa; ϕ = 30°

Figura 84 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0; c = 18 kPa; ϕ = 30°

106

Figura 85 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0; c = 45 kPa; ϕ = 30°

Figura 86 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,01; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

107

Figura 87 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,01; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 88 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,01; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

108

Figura 89 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,02; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 90 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,02; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

109

Figura 91 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,02; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 92 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,04; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

110

Figura 93 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 94 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,04; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

111

Figura 95 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,08; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 96 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,08; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

112

Figura 97 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 98 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,12; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

113

Figura 99 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 100 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,12; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

114

Inclinação 1(V):2,5(H)

Figura 101 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0; c = 9 kPa; ϕ = 30°

Figura 102 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0; c = 18 kPa; ϕ = 30°

115

Figura 103 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0; c = 45 kPa; ϕ = 30°

Figura 104 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,01; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

116

Figura 105 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,01; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 106 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,01; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

117

Figura 107 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,02; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 108 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,02; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

118

Figura 109 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,02; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 110 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,04; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

119

Figura 111 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 112 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,04; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

120

Figura 113 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,08; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 114 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,08; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

121

Figura 115 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 116 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,12; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

122

Figura 117 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 118 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,12; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

123

Inclinação 1(V):2,75(H)

Figura 119 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0; c = 9 kPa; ϕ = 30°

Figura 120 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0; c = 18 kPa; ϕ = 30°

124

Figura 121 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0; c = 45 kPa; ϕ = 30°

Figura 122 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,01; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

125

Figura 123 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,01; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 124 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,01; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

126

Figura 125 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,02; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 126 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,02; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

127

Figura 127 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,02; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 128 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,04; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

128

Figura 129 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 130 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,04; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

129

Figura 131 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,08; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 132 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,08; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

130

Figura 133 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 134 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,12; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

131

Figura 135 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 136 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,12; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

132

Inclinação 1(V):3(H)

Figura 137 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0; c = 9 kPa; ϕ = 30°

Figura 138 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0; c = 18 kPa; ϕ = 30°

133

Figura 139 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0; c = 45 kPa; ϕ = 30°

Figura 140 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,01; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

134

Figura 141 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,01; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 142 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,01; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

135

Figura 143 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,02; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 144 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,02; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

136

Figura 145 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,02; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 146 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,04; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

137

Figura 147 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 148 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,04; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

138

Figura 149 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,08; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 150 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,08; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

139

Figura 151 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 152 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,12; c = 7,2 kPa; ϕ = 24,79°

140

Figura 153 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,04; c = 14,4 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 154 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,12; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

141

APÊNCIDE D – Saídas do SLOPE/W para Sismicidade

Horizontal e Vertical

Inclinação 1(V):1,5(H)

Figura 155 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,12; Kv = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 156 – Inclinação 1(V):1,5(H); Kh = 0,12; Kv = -0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

142

Inclinação 1(V):1,75(H)

Figura 157 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,12; Kv = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 158 – Inclinação 1(V):1,75(H); Kh = 0,12; Kv = -0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

143

Inclinação 1(V):2(H)

Figura 159 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,12; Kv = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 160 – Inclinação 1(V):2(H); Kh = 0,12; Kv = -0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

144

Inclinação 1(V):2,25(H)

Figura 161 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,12; Kv = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 162 – Inclinação 1(V):2,25(H); Kh = 0,12; Kv = -0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

145

Inclinação 1(V):2,5(H)

Figura 163 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,12; Kv = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 164 – Inclinação 1(V):2,5(H); Kh = 0,12; Kv = -0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

146

Inclinação 1(V):2,75(H)

Figura 165 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,12; Kv = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 166 – Inclinação 1(V):2,75(H); Kh = 0,12; Kv = -0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

147

Inclinação 1(V):3(H)

Figura 167 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,12; Kv = 0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

Figura 168 – Inclinação 1(V):3(H); Kh = 0,12; Kv = -0,08; c = 36 kPa; ϕ = 24,79°

148

APÊNDICE E – Mapas Sísmicos Mundiais

Figura 169 – Mapa sísmico das Américas (GSHAP, 2000)

149

Figura 170 – Mapa sísmico da África, Europa e Oriente Médio (GSHAP, 2000)

150

Figura 171 – Mapa sísmico da Ásia Oriental (GSHAP, 2000)

151

Figura 172 – Mapa sísmico do Sudoeste do Pacífico (GSHAP, 2000)