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MARCO ANTONIO BATISTA DA SILVA
CONTROLE DA QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS: PROPOSTA DE BULA E
METODOLOGIA PARA O CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO DE
Schinus terebinthifolius RADDI.
BRASÍLIA, 2015
2
Universidade de Brasília
Faculdade de Ciências da Saúde
Curso de Farmácia (noturno)
CONTROLE DA QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS: PROPOSTA DE BULA E
METODOLOGIA PARA O CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO DE
Schinus terebinthifolius RADDI.
Marco Antonio Batista da Silva 10/0113974
Orientadora: Profa. Dra. Dâmaris Silveira
3
Esse trabalho é parte do projeto “Avaliação da qualidade e interações de
medicamentos fitoterápicos de interesse para o SUS”, coordenado pela Profa Dra Yris Maria
Fonseca-Bazzo e financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, FAP-
DF, por meio do Edital PPSUS 03/2014.
SILVA, Marco Antonio Batista
Controle da qualidade de fitoterápicos: proposta de bula e metodologia para o
controle de qualidade físico-químico de Schinus terebinthifolius Raddi. / Marco Antonio
Batista Silva; orientador Dâmaris Silveira. -- Brasília, 2015. 54 p.
Trabalho de conclusão de curso (TCC) -- Universidade de Brasília, 2015.
1. Controle de qualidade físico-químico. 2. Bula. 3. Schinus terebinthifolius Raddi.
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 09
1.1 FITOTERÁPICOS 09
1.2 Schinus terebinthifolius Raddi (AROEIRA) 10
1.2.1 COMPOSIÇÃO QUIMICA 12
1.2.2 MECANISMO DE AÇÃO DA Schinus terebinthifolius Raddi 16
1.3 REGISTRO DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS 16
1.4 IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS 18
1.5 REGULAMENTAÇÃO DAS BULAS 21
1.6 FORMA FARMACÊUTICA GEL 24
1.7 CONTROLE DA QUALIDADE DE MEDICAMENTOS FITOTERAPICOS 26
1.8 CONTROLE DA QUALIDADE DO PRODUTO ACABADO 28
1.9 MARCADOR QUÍMICO PARA Schinus terebinthifolius Raddi 28
1.9.1 TANINOS 29
1.9.2 ÁCIDO GÁLICO 30
1.9.3 CATEQUINA 31
2 OBJETIVOS 32
3 MATERIAL E MÉTODO 32
3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE Schinus terebinthifolius Raddi 33
3.2 ELABORAÇÃO DA BULA DA Schinus terebinthifolius Raddi 33
3.3 ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE CONTROLE DE QUALIDADE
FÍSICO-QUÍMICO PARA O GEL VAGINAL DE Schinus terebinthifolius Raddi
33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 34
4.1 PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA O CONTROLE DA QUALIDADE
DE GEL VAGINAL A BASE DE Schinus terebinthifolius RADDI
34
4.2 VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA ANALÍTICA 38
4,3 ELABORAÇÃO DE UMA BULA PADRÃO PARA Schinus
terebinthifolius Raddi
42
4.4 PROPOSTA DE BULA PADRONIZADA 42
5. CONCLUSÃO 49
6. REFERENCIAS 50
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Alguns monoterpenos e sesquiterpenos presentes no óleo essencial extraído
dos frutos de Schinus terebinthifolius Raddi.
13
Figura 02 - Triterpenos presentes nas cascas de Schinus terebinthifolius Raddi. 14
Figura 03 - Alguns compostos fenólicos presentes em Schinus terebinthifolius Raddi. 15
Figura 04 - Taninos Hidrolisáveis. 29
6
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BPFC - Boas Práticas de Fabricação e Controle
CBPFC - Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle
CCD - Cromatografia em camada delgada
CG - Cromatografia gasosa
CLAE - Cromatografia liquida de alta eficiência
DIMED - Divisão de Medicamentos
DOU - Diário Oficial da União
FB - Farmacopeia Brasileira
FFFB - Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira
IN - Instrução Normativa
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada
RE – Resolução
SAC - Serviço de Atendimento ao Consumidor
SNFMF - Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia
SNVS - Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária
SVS - Secretaria de Vigilância Sanitária
USP - United States Pharmacopeia
7
RESUMO
Schinus terebinthifolius Raddi é uma espécie nativa brasileira, pertencente à família
Anacardiaceae. É uma árvore mediana de 5 a 10 m de altura. Possui copa larga, o tronco
podendo variar de 30 a 60 cm de diâmetro, com casca grossa. Seus nomes comuns são:
aroeira–da-praia, aroeira, aroeira-vermelha, pimenta-rosa, cambuí, (American, Mexican or
Brazilian) pepper tree. O extrato aquoso de Schinus terebinthifolius Raddi, apresenta
emprego tradicional na desinfecção vaginal, especificamente em cervicite e cervico-vaginite
crônica, além de apresentar propriedade anti-inflamatória. De acordo com a Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC) nº 26/2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), para o registro de Medicamentos Fitoterápicos são necessários, entre outros
documentos, a bula do medicamento fitoterápico e o laudo de controle da qualidade de um
lote do produto para cada um dos fornecedores de matéria-prima qualificados. A bula é uma
fonte de informação ao paciente e aos profissionais da saúde, podendo aumentar a adesão de
pacientes e auxiliar no uso racional dos medicamentos, logo sua importância é grande. Esta
é regulamentada pela RDC Nº 47/2009, da Anvisa, que estabelece regras para elaboração,
harmonização, atualização, publicação e disponibilização de bulas de medicamentos para
pacientes e para profissionais de saúde. O controle da qualidade físico-químico de um
produto envolve ensaios como: aspecto, cor, odor, determinação de pH, determinação de
viscosidade, identificação e doseamento. O ensaio de identificação e o doseamento são
realizados por meio de cromatografia liquida de alta eficiência (CLAE) e devem ser
devidamente validados conforme a Resolução (RE) n º 899/2003, da Anvisa, que determina
a publicação do "Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos". Ácido gálico
(ácido 3,4,5-triidroxibenzoico) e catequina foram utilizados em alguns estudos como
marcadores químico para a Schinus terebinthifolius Raddi. O objetivo deste trabalho é propor
subsídios aos requisitos necessários para o processo de solicitação de registro de um
medicamento fitoterápico à base de Schinus terebinthifolius Raddi. Para tanto, foi feita uma
análise documental sobre a espécie Schinus terebinthifolius Raddi junto a legislação atual
para a elaboração de uma proposta de bula padrão e uma proposta de metodologia analítica
para o controle da qualidade de um gel ginecológico à base de extrato de Schinus
terebinthifolius Raddi.
Palavras chave: 1. Controle de qualidade físico-químico. 2. Bula. 3. Schinus
terebinthifolius Raddi.
8
ABSTRACT
Schinus terebinthifolius Raddi is a Brazilian native species belonging to the family
Anacardiaceae. It is a median tree 5 to 10 m in height. Has extensive canopy, the trunk
ranging 30-60 cm in diameter, with thick bark. Its common names are: mastic-the-beach,
mastic, mastic-red, pink pepper, cambui, and (American, Mexican or Brazilian) pepper tree.
The aqueous extract of Schinus terebinthifolius Raddi, is known at traditional medicine, as
useful to vaginal disinfection, specifically in cervicitis and chronic cervico-vaginitis, as well
as presenting anti-inflammatory property. According to the Collegiate Board Resolution
(RDC) No 26/2014, from the National Health Surveillance Agency (Anvisa), for the
registration of Herbal Medicines are required, among other documents, the leaflet and the
quality control protocol and report of a batch of product for each of the qualified raw material
suppliers. The leaflet is a source of information to patients and healthcare professionals, and
may increase patient compliance and assist in the rational use of drugs, so its importance is
great. This is regulated by RDC No. 47/2009, Anvisa laying down rules for the preparation,
harmonization, updating, publication and availability of inserts of medicines to patients and
healthcare professionals. The control of physical and chemical quality of a product involves
tests such as appearance, color, odor, pH determination, determination of viscosity, and test
procedures. The identification test and dosing are performed by high performance liquid
chromatography (HPLC) and should be fully validated under Resolution No. 899/2003 from
Anvisa, which determines the publication of the "Guide for validation of analytical methods
and Bioanalytical ". Gallic acid (3,4,5-triidroxibenzóico acid) and catechin have been used
in some studies as chemical markers for Schinus terebinthifolius Raddi. The objective of this
work is to propose subsidies to requirements for the registration process of applying for an
herbal medication containing Schinus terebinthifolius Raddi. To this end, it made a
documentary analysis of the Schinus terebinthifolius Raddi species with the current
legislation for the preparation of a proposal for a standard package insert and a proposed
analytical methodology for the quality control of a gynecological gel-based Schinus
terebinthifolius Raddi extract.
Keywords: 1. Physical and chemical quality control. 2. Bull. 3. Shinus terebinthifolius
Raddi.
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 FITOTERÁPICOS
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 26/2014 (1) planta medicinal
é definida como espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos;
droga vegetal é definida como planta medicinal, ou suas partes, que contenha as substâncias
responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta/colheita, estabilização, quando
aplicável, e secagem, podendo estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.
Fitoterápico, por sua vez, é definido como produto obtido de matéria-prima ativa vegetal,
exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo
medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples, quando o
ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo é
proveniente de mais de uma espécie vegetal; medicamentos fitoterápicos são os obtidos com
emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e eficácia sejam
baseadas em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua qualidade
(1).
Plantas medicinais muitas vezes apresentam tradição de uso em uma determinada
população ou comunidade (2). Assim, produto tradicional fitoterápico é definido como
aquele obtido com emprego exclusivo de matérias-primas vegetais, para o qual a segurança
e a efetividade sejam alicerçadas no longo histórico de utilização demonstrado em
documentação técnico-científica, sem evidências conhecidas ou informadas de risco à saúde
do usuário e que seja caracterizado pela constância de sua qualidade (1).
Os medicamentos fitoterápicos, assim como todos os medicamentos, são
caracterizados pelo conhecimento da eficácia (capacidade de um medicamento, na dose
recomendada, em produzir efeitos benéficos em circunstâncias ideais) e dos riscos de seu
uso, bem como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. A eficácia e a segurança
devem ser validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização,
documentações tecnocientíficas em bibliografia e/ou publicações indexadas e/ou estudos
farmacológicos e toxicológicos pré-clínicos e clínicos (3).
10
Para serem disponibilizados à população, tanto o medicamento fitoterápico quanto o
produto tradicional fitoterápico devem apresentar requisitos semelhantes de qualidade,
diferenciando-se nos requisitos de comprovação de segurança e eficácia e efetividade
(diferença entre a capacidade de um medicamento, na dose recomendada, em produzir
efeitos benéficos em circunstâncias ideais e reais), bulas/folheto informativo, embalagens,
restrição de uso e de Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFC) (4).
A qualidade deve ser alcançada mediante o controle das matérias-primas, do produto
acabado, materiais de embalagem e estudos de estabilidade (3).
1.2 Schinus terebinthifolius Raddi (AROEIRA)
Schinus terebinthifolius Raddi é uma espécie brasileira nativa, pertencente à família
Anacardiaceae. É uma árvore mediana de 5 a 10 m de altura, que possui copa larga, o tronco
podendo ter de 30 a 60 cm de diâmetro, com casca grossa, mas é frequentemente menor em
encostas e solos mais pobres. As folhas são compostas, com 3 a 10 pares de folíolos
imparipenados, aromáticos, medindo de 3 a 5 cm de comprimento por 2 a 3 cm de largura
(as espécies semelhantes, S. molle e S. lentiscifolius têm folíolos mais estreitos). As flores
são pequenas, masculinas e femininas, em panículas piramidais. Os frutos são drupas e
apresentam uma coloração vermelho vivo, com 4 a 5 mm diâmetro. São aromáticos,
conferindo uma beleza notável à árvore (5).
Seus nomes comuns são: aroeira–da-praia, aroeira, aroeira-vermelha, pimenta-rosa,
cambuí, (American, Mexican or Brazilian) pepper tree (5, 6).
Schinus terebinthifolius Raddi foi primeiro citado pelo nome indígena como
medicinal por Piso, holandês que visitou o nordeste entre 1637-1644 (7) e consta entre as
seis espécies registradas pelo médico João Ferreyra da Rosa na sua campanha contra o que
parece ser febre amarela em Pernambuco, descrita em 1694 (8). A planta está entre as 39
espécies medicinais citadas por naturalistas que viajaram por Minas Gerais no século 19,
entre eles von Martius e St. Hilaire, e que são listadas na 1ª Farmacopeia Brasileira (7). O
médico Alfredo da Matta citou o uso do decocto e da resina da casca como antifebril e
antirreumático, respectivamente (9); e Chernoviz descreveu o uso do decocto da casca em
11
banho contra o edema nas pernas e citou o emprego da resina das folhas desta e de outras
espécies do gênero em emplastro para o reumatismo, ou sobre úlceras (10).
Embora mais frequente ao longo do litoral brasileiro desde o Ceará até o Sul do país,
S. terebinthifolius pode ser encontrada no interior, como evidenciam os trabalhos históricos
de uso provenientes da Amazônia e de Minas Gerais, entre outras regiões. Provavelmente
abrange a maior parte da América do Sul e foi largamente introduzida em outros países, entre
eles os Estados Unidos, como ornamental (11).
O emprego de um extrato da casca de S. terebinthifolius, geralmente um decocto de
uso tópico, para desinfecção vaginal – especificamente contra cervicite e cervico-vaginite
crônica, tem apoio em ensaios clínicos e experimentais. Amorim e Santos (2003) testaram a
eficácia e a tolerância do gel de Schinus terebinthifolius Raddi para tratamento da vaginose
bacteriana e chegaram à conclusão que este é efetivo e seguro para o tratamento da vaginose
bacteriana (12). Além disso, sugeriram que o fitoterápico possuía potenciais efeitos
benéficos para a flora vaginal (12, 13). A evidência resultou no lançamento do medicamento
de aplicação tópica Kronel® (11).
Leite et al. (2011) realizaram um estudo clínico randomizado utilizando um gel
vaginal a 7,4% de Schinus terebinthifolius Raddi e compararam com metronidazol vaginal
0,75%, ambos fabricados pelo Laboratório Hebron®, para o tratamento de vaginose
bacteriana, usado ao deitar, durante 7 noites. Em conclusão, a taxa de cura para a vaginose
bacteriana usando o gel vaginal a 7,4% de Schinus terebinthifolius Raddi [17 mulheres
(12,4%)] foi menor do que o índice obtido com gel vaginal de metronidazol 0,75% [79
mulheres (56,4%)]. Contudo, os efeitos secundários foram pouco frequentes e não grave em
ambos os grupos (14).
Santos et al. (2010) compararam a eficácia da Schinus terebinthifolius Raddi na
forma de comprimidos, com omeprazol em pacientes com gastrite e sintomas dispépticos em
um estudo randomizado e duplo-cego. Esta se mostrou tão eficiente quanto omeprazol no
tratamento dos sintomas dispépticos em pacientes com gastrite (15).
Schmourlo et al. (2005) mostraram que o extrato aquoso de Schinus terebinthifolius
Raddi (decocto 30% da ‘parte aérea’, presumivelmente de folhas e casca do caule) é mais
ativo que anfotericina B em Candida albicans (CIM 120 ng/mL contra 950 ng/mL). A
cromatografia em camada delgada (CCD) mostrou que a atividade residia em uma substância
apolar (16).
12
O uso caseiro do extrato da entrecasca (casca desprovida da parte suberosa externa)
de S. terebinthifolius como anti-inflamatório foi relatado por Lorenzi e Matos (2008) (5).
Medeiros et al. (2007) avaliaram a propriedade anti-inflamatória de um fitoterápico
composto das plantas Eucalyptus globulus Labill, Peltodon radicans Pohl e Schinus
terebinthifolius Raddi em álcool a 13,3° GL; para tal, utilizaram as técnicas de edema de
orelha em camundongos (17).
O uso das folhas na lavagem de feridas e úlceras tem apoio no estudo de Ribas et al.
(2006) que avaliaram o modo de ação e os efeitos terapêuticos da Schinus terebinthifolius
Raddi, no combate ao processo inflamatório, no processo de reparo do tecido sobre as lesões
ulceradas da mucosa bucal de rato (18). O trabalho de Cavalher-Machado et al. (2008)
mostrou o efeito antialérgico da fração de S. terebinthifolius, que incluia a inibição da
formação do edema e a liberação de histamina causada por desgranulação de mastócitos e
influxo de eosinófilos na cavidade pleural, provavelmente por diminuição dos níveis de
quimiocinas no fluido recuperado de lavagem pleural (19).
A literatura cita o emprego de frutos como cicatrizante e anti-inflamatório, mas a
eficácia e a segurança do uso destas preparações não parecem ter sido, ainda, comprovadas
cientificamente (20, 21).
Santos et al. (2008) descreveram um levantamento etnobotânico no município de
João Pessoa, onde a Schinus terebinthifolius Raddi aparece como uma das plantas mais
utilizadas em aplicações odontológicas e infusões orais como anti-inflamatório (22).
1.2.2 COMPOSIÇÃO QUIMICA
Genericamente, as folhas e frutos da Schinus terebinthifolius Raddi são ricos em taninos
hidrolisáveis e óleo essencial (1,5-10 %) (23), que apresenta composição química
predominante de monoterpenos (85,1%), sendo os mais abundantes δ-3-careno (30,37%),
limoneno (17,44%), α-felandreno (12,60%), α-pineno (12,59%), mirceno (5,82%) e o-
cimeno (3,46%), seguidos pelos sesquiterpenos (5,34%) trans-cariofileno, Y-muuruleno,
E,E-α-farneseno, δ-cadineno e epi-acadinol (24, 25).
Na figura 01 são mostradas as estruturas dos principais monoterpenos e sesquiterpenos
encontrados no óleo essencial de folhas e frutos de S. terebinthifolius.
13
-3-careno
limoneno -felandreno
-pineno
mirceno
trans-cariofileno
o-cimeno
Figura 01 – Alguns monoterpenos e sesquiterpenos presentes no óleo essencial extraído
dos frutos de Schinus terebinthifolius Raddi.
Análises fitoquímicas da entrecasca mostraram alto teor de tanino, óleo essencial e
saponinas (26). Campelo e Marsaioli (1975) descreveram a presença de baurenona, alfa-
amirina e alfa-amirona nas cascas (27) (Figura 02).
Bernardes et al. (2011) em seu trabalho de quantificação dos teores de taninos e
fenóis totais e avaliação da atividade antioxidante dos frutos de Schinus terebinthifolius,
identificaram a presença de taninos condensados que se encontram concentrados nas cascas
dos frutos da planta (28).
14
O
baurenona
HO
-amirina
O
-amirona
HO
COOH
ácido ursólico
O
COOH
ácido terebenthifólico
O
COOH
ácido masticadienoico
O
COOH
terebinthona
HO
COOH
schinol
Figura 02 –Triterpenos presentes nas cascas de Schinus terebinthifolius Raddi.
15
O perfil fitoquímico, obtido a partir de extrato hidroalcóolico oriundo das cascas do
caule de Schinus terebinthifolius, apresentou uma predominância de compostos
polifenólicos e terpenoides (29).
Ácido gálico foi encontrado nas cascas (30), folhas (19) e nos frutos (31). Catequina
foi identificada nas cascas (32). Nas folhas foram identificados galato de etila, galato de
metila, miricetrina, miricetina e quercitrina (33, 34), cujas estruturas são mostradas na Figura
03.
COOR
HO
OH
OH
R= H ácido gálicoR= CH3 galato de metila
R= CH2CH3 galato de etila
O
R1
OH
OH
OH
HO
R2
R1= OH, R2 = H catequina
R1= H, R2 = OH epi-catequina
O
OOH
HO
OH
OH
OH
OH
miricetina
O
OOH
HO
OH
OH
OH
O-rham
miricetrina
O
OOH
HO
OH
OH
O-rham
quercitrina
Figura 03 – Alguns compostos fenólicos presentes em Schinus terebinthifolius Raddi
16
1.2.2 MECANISMO DE AÇÃO DE Schinus terebinthifolius Raddi
Múltiplos mecanismos de ação têm sido descritos para o Schinus terebinthifolius
Raddi, demonstrando atividade anti-inflamatória pela inibição competitiva específica da
fosfolipase A2 por dois de seus componentes, o schinol e o ácido masticadienóico (35, 36)
(Figura 02). Por outro lado, os biflavonoides, que são dímeros precursores dos taninos,
componentes do S. terebinthifolius , também apresentam ação anti-inflamatória (37); e
diversas substâncias presentes no extrato do S. terebinthifolius apresentam atividade
antimicrobiana, como a terebinthona (E-ácido masticadienoico), o ácido
hidroximasticadienoico (schinol), o ácido terebinthifólico e o ácido ursólico (12) (Figura
02).
A atividade do extrato aquoso de Schinus terebinthifolius Raddi foi demonstrada in
vitro contra Klebsiella pneumoniae, Alcaligenes faecalis, Pseudomonas aeruginosa,
Leuconostoc cremoris, Enterobacter aerogenes, Proteus vulgaris, Clostridium sporogenes,
Acinetobacter calcoacetica, Escherichia coli, Beneckea natriegens, Citrobacter freundii,
Serratia marcescens, Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus e várias espécies de fungos
do gênero Aspergillus e outros (37).
1.3 REGISTRO DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS
A RDC 26/2014 regulamenta o registro de Medicamentos Fitoterápicos e o registro
e a notificação de Produtos Tradicionais Fitoterápicos. Essa norma também se aplica a
produtos que sejam constituídos de fungos multicelulares e algas como insumos
farmacêuticos ativos, até que seja publicada regulamentação específica para essas classes
(1).
Os Medicamentos Fitoterápicos sempre terão que ser registrados na Anvisa. Esse
registro, caso seja de Medicamentos Fitoterápicos contendo espécies de conhecimento
difundido na literatura técnico-científica, pode ser simplificado. Os Produtos Tradicionais
Fitoterápicos, por sua vez, além do registro e registro simplificado, também poderão ser
somente notificados, quando seus insumos farmacêuticos ativos vegetais estiverem descritos
17
no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (FFFB) e possuírem monografias
de controle da qualidade em farmacopeia reconhecida (4).
Pode ser solicitado registro para Medicamentos Fitoterápicos e Produtos Tradicionais
Fitoterápicos em todas as formas farmacêuticas previstas na literatura técnico-científica. Na
classe de Produtos Tradicionais Fitoterápicos, poderão ser notificados chás medicinais e
outras formulações descritas no FFFB. Na notificação, as formas farmacêuticas sempre
devem ser aquelas descritas no FFFB (4).
Para solicitar um registro de Medicamentos Fitoterápicos e Produtos Tradicionais
Fitoterápicos na Anvisa, o solicitante deverá cumprir todos os requisitos do art. 7º da RDC
nº 26/2014 (1), referentes à parte documental, a saber:
I - formulários de petição, FP1 e FP2, devidamente preenchidos,
carimbados e assinados;
II - comprovante de pagamento da Taxa de Fiscalização de Vigilância
Sanitária -TFVS e respectiva Guia de Recolhimento da União-GRU, ou isenção,
quando for o caso;
III - cópia da autorização de funcionamento, emitida pela Anvisa para a
empresa solicitante do registro do medicamento;
IV - cópia do Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle
(CBPFC), válido, emitido pela Anvisa, para a linha de produção na qual o
fitoterápico será fabricado, ou ainda, cópia do protocolo de solicitação de
inspeção para fins de emissão do certificado de BPFC;
V - relatório técnico separado para cada forma farmacêutica; sendo que
o relatório técnico deve conter as seguintes informações:
1 - dados das matérias-primas vegetais, incluindo:
a) nomenclatura botânica completa; e
b) parte da planta utilizada;
2 - layout dos rótulos das embalagens primária e secundária;
3 - layout de bula para medicamento fitoterápico ou folheto informativo
para produto tradicional fitoterápico;
18
4 - documentação referente a cada local de fabricação, caso a empresa
solicite o registro em mais de um local de fabricação;
5 - relatório do estudo de estabilidade;
6 - relatório de produção;
7 - relatório de controle da qualidade;
8 - relatório de segurança e eficácia/efetividade, quando aplicável;
9 - descrição de sistema de farmacovigilância, conforme RDC nº 4, de
10 de fevereiro de 2009 (4), que dispõe sobre as normas de farmacovigilância
para os detentores de registro de medicamentos de uso humano, ou suas
atualizações; e
10 - laudo de controle da qualidade de um lote do fitoterápico para cada
um dos fornecedores qualificados, sendo aceitos, no máximo, três fornecedores
de IFAV por forma farmacêutica a ser registrada.
VI - cópia do Certificado de Responsabilidade Técnica (CRT),
atualizado, emitido pelo Conselho Regional de Farmácia.
1.4 IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS
A não aderência ou baixa adesão (decisão do paciente em não cumprir com as
recomendações do profissional da saúde, o que envolve participação e compromisso) e o não
cumprimento ao tratamento medicamentoso (iniciativa do paciente em não alterar a dieta
e/ou estilo de vida, como aconselhado pelo profissional) são considerados graves problemas
de saúde pública e podem comprometer a eficácia terapêutica em muitas doenças crônicas e
agudas, ocasionando várias situações clínicas que vão de infecções até hipertensão. Neste
sentido, o uso inadequado de medicamentos está associado ao aumento das taxas de
hospitalização e dos custos de saúde, invalidez e mortalidade (38).
Os processos de aderência e de cumprimento são complexos e podem ser
influenciados por vários fatores: características do paciente, do tratamento, da doença, do
sistema e da equipe de saúde, além de fatores sociais e econômicos (38). As estimativas de
19
adesão à terapêutica variam de 4 até 92% nos países desenvolvidos, mas para tratamento
crônico, a média de adesão é de 50%. Entretanto, nos países em desenvolvimento, os índices
são mais baixos e estão relacionados, provavelmente, ao baixo nível de alfabetização da
população, que muitas vezes não entende as informações disponibilizadas nas bulas de
medicamentos e na relação profissional-paciente (39).
As bulas dos medicamentos são consideradas uma das principais fontes de
informação aos usuários do medicamento para um melhor esclarecimento quanto à sua
enfermidade e tratamento. São consideradas secundárias em importância apenas em relação
às informações fornecidas pelo médico, de forma oral e escrita, por intermédio do receituário
(40). Embora seja possível postular numerosas razões sociais, psicológicas e econômicas
para esse fato, os problemas com o seguimento do tratamento podem ser ocasionados, em
parte, pela insuficiência de informação sobre o medicamento prescrito (41). Nesse contexto,
tanto a informação verbal quanto a escrita são importantes e complementares na educação
do paciente. A informação verbal fornecida pelo médico é frequentemente insuficiente,
tendo em vista que, na consulta, o paciente pode priorizar as informações recebidas sobre a
doença e o diagnóstico, prestando menor atenção às informações sobre o medicamento
prescrito. Além disso, o paciente pode não compreender a informação verbal, não aceitá-la
ou mesmo esquecer parte dela após a consulta (40).
Geralmente, os pacientes recorrem às bulas e folhetos educativos para obterem
informações sobre os medicamentos utilizados, mas estes materiais são, muitas vezes,
difíceis de serem entendidos, principalmente para aqueles que apresentam baixo nível de
letramento em saúde, pois são escritos em um nível de linguagem muito culta para a maioria
dos consumidores, geralmente carregada de jargões técnicos e as letras possuem dimensões
pequenas, dificultando a leitura (42).
A bula assume papel fundamental na promoção do uso racional de medicamentos, ao
alertar sobre os riscos da automedicação, da interrupção do tratamento, bem como quanto à
necessidade da prescrição, no que se refere à dispensação de medicamentos tarjados, está
consoante ao processo educativo dos usuários, um dos pontos que merece ênfase segundo os
propósitos da Política Nacional de Medicamentos (43, 44). No entanto, os benefícios das
bulas podem ser reduzidos em relação à educação dos pacientes para o uso racional de
medicamentos, uma vez que algumas não apresentam informações adequadas sobre os
cuidados de administração, interrupção do tratamento, reações adversas e a probabilidade de
20
ocorrência desses efeitos e a sua influência na continuidade do tratamento não são
devidamente esclarecidas. Além disso, há vários termos técnicos e outros de difícil
compreensão (40).
A qualidade da informação dos medicamentos prescritos é fundamental ao paciente.
De acordo com Wolf et al. (2005), há três questões que devem ser claramente dirigidas para
garantir melhores informações escritas: a informação deve estar facilmente disponível ou
divulgada aos pacientes; o conteúdo tem de ser abrangente, preciso e específico o suficiente
para ser útil e as informações devem ser formatadas de maneira que sejam facilmente lidas
e compreendidas pelos pacientes (45).
As bulas de medicamentos são utilizadas para prover informações relacionadas aos
cuidados nos tratamentos medicamentosos. Tais informações são essenciais tanto do ponto
de vista dos usuários e prescritores, quanto das autoridades regulatórias. Um aspecto a ser
considerado na atenção primária em saúde é saber se as informações verbais emitidas pelos
profissionais de saúde e escritas relacionadas à prescrição dos profissionais médicos chegam
aos usuários e se estas são compreendidas e assimiladas (44).
As bulas encontradas no mercado não são uniformes e trazem informações distintas
e, às vezes, até conflitantes, fazendo com que o mesmo derivado vegetal apresente
indicações diferentes de acordo com a empresa que o comercializa, além do risco resultante
da omissão de contraindicações, reações adversas e interações medicamentosas. Sob o ponto
de vista legal, o medicamento é um produto de consumo, e o paciente/usuário do
medicamento é um consumidor que tem direito a receber todas as informações necessárias
para a adequada utilização e conservação do medicamento adquirido (45).
Pacientes com baixo nível de letramento em saúde apresentam uma melhor
compreensão das informações sobre medicamentos quando essas lhes são oferecidas por
meio de textos contendo ilustrações ou textos com ilustrações ao lado de orientações verbais.
No entanto, a grande maioria dos pacientes não possui acesso às orientações dos
profissionais de saúde e apresenta dificuldade em compreender as bulas dos medicamentos
(43). Provavelmente, estes materiais que acompanham os medicamentos não são úteis,
principalmente, aos pacientes com habilidade limitada de letramento, fazendo com que
procurem outras fontes de informação informal, podendo incluir a família, os cuidadores
informais, os amigos, a internet e outros materiais (45).
21
Destacam-se duas questões fundamentais diante do problema do baixo ou inexistente
cumprimento ao tratamento medicamentoso: primeiro, estão os aspectos relacionados à
maneira como as bulas dos medicamentos são elaboradas, ou seja, com uma linguagem
inacessível para os pacientes com baixo letramento, inclusive com a ausência de ilustrações
que possam facilitar a devida utilização do referido medicamento. Em segundo lugar, coloca-
se o desempenho do profissional de saúde enquanto personagem letrado e que possui um
importante papel no sentido de auxiliar os pacientes, sobretudo os menos letrados, a respeito
da correta utilização dos medicamentos (43).
1.5 REGULAMENTAÇÃO DAS BULAS
De 1953 a 2006, foram publicados quatro atos normativos sobre a estrutura e o
conteúdo das bulas: a Portaria n°. 49, de 10 de agosto de 1959 (46), do Serviço Nacional de
Fiscalização da Medicina e Farmácia (SNFMF); a Portaria nº. 65, de 28 de dezembro de
1984 (47), da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS); a Portaria nº. 110, de 10
de março de 1997 (48), da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS); e a RDC n°. 140, de 29
de maio de 2003 , da Anvisa (49).
O primeiro regulamento específico para as bulas, no qual foi definida a ordem dos
itens, ocorreu em 1959 com a Portaria n°. 49 (46). Essa norma regulamentou a apresentação
e o exame de rótulos e textos de bulas; entretanto dispensou a sua obrigatoriedade quando
as informações constassem na rotulagem. Além disso, determinou que a mesma não poderia
conter informações diferentes daquelas apresentadas no ato da licença da especialidade
farmacêutica (50).
Posteriormente, em 1977, o Decreto n°. 79.094 (51), regulamentou a Lei n°.
6.360/1976, e submeteu medicamentos e outros produtos e serviços à vigilância sanitária;
ambas as normas estão em vigor. No Título X, Da Rotulagem e Publicidade desse Decreto,
são descritas regras para bulas, rótulos, etiquetas e materiais impressos dos produtos de
interesse sanitário. A bula, além de outros materiais impressos, deveria ter dimensões
necessárias à fácil leitura visual, observado o limite mínimo de 1 mm de tamanho de letra.
Além disso, contraindicações, precauções e efeitos colaterais deveriam ser impressos em
tipos maiores dos que os utilizados nas demais indicações e em linguagem acessível ao
22
público. Foi a primeira a tratar do tamanho mínimo de letra e da necessidade de linguagem
acessível ao leigo (50).
A Portaria n°. 65 (47), da SNVS, instituiu o roteiro para texto de bula (modelo padrão
de bula). A Divisão de Medicamentos (DIMED) ficou responsável pelos estudos dos textos,
inicialmente por classe terapêutica e posteriormente produto a produto, determinando quais
itens de informação obrigatória e, quando fosse o caso, quais textos padrões deveriam ser
reproduzidos, o que na prática não ocorreu. Além disso, a portaria dividiu as informações
em identificação do produto, informação ao paciente, informação técnica e dizeres legais
(50).
Em 1997, a SVS publicou a Portaria n°. 110 (48) mantendo essa estrutura, com a
inclusão de outros itens obrigatórios. Seguindo a tendência da Portaria nº. 65 de 1984 (47),
a SVS se comprometeu a elaborar dizeres de bula para cada princípio ativo ou associação,
de acordo com a respectiva classe terapêutica. A inovação foi a classificação das
informações em mínimos essenciais e máximos essenciais. Nos primeiros, os itens não
poderiam ser omitidos e as novas informações deveriam ser baseadas cientificamente. Os
mínimos essenciais compreendiam toda informação ao paciente e os subitens da informação
técnica: contra-indicações, advertências, interações medicamentosas, reações adversas,
superdosagem, pacientes idosos. Os máximos essenciais se referiam às indicações e
posologia, e não poderiam ser acrescentadas informações além daquela padronizada. Ficou
a cargo da SVS a publicação em Diário Oficial da União (DOU) os mínimos e máximos
essenciais. Os demais itens, que dependiam das especificações do produto, caberiam à
empresa elaborá-los. Publicações dos mínimos e máximos essenciais foram efetivadas
apenas para os medicamentos bromocriptina e terfenadina (50).
A legislação específica de bulas foi reformulada e publicada como RDC n°. 140, de
29 de maio de 2003 (49), que dividiu as bulas em duas: bula para o paciente (identificação
do medicamento, informações ao paciente, dizeres legais) e bula para o profissional de saúde
(identificação do medicamento, informações técnicas aos profissionais de saúde, dizeres
legais). Na informação ao paciente observa-se o reforço para a utilização de linguagem
acessível ao organizar o texto em forma de perguntas e respostas, o que estabelece um
“diálogo” entre a bula e o leitor (50).
A RDC 47/09 (52) define bula padrão como critério de informação para
harmonização das bulas de medicamentos específicos, fitoterápicos, genéricos e similares,
23
cujos textos são publicados no Bulário Eletrônico. Para os medicamentos específicos e
fitoterápicos, as Bulas Padrão são elaboradas pela Anvisa. Para os medicamentos genéricos
e similares, as Bulas Padrão são as bulas dos medicamentos eleitos como medicamentos de
referência;
As bulas padronizadas passam por consulta pública em período determinado,
geralmente de 30 a 60 dias, quando são apresentadas, por meio do portal eletrônico da Anvisa
ou no DOU, para receber contribuições da população e do setor regulado. Os interessados
em participar das consultas públicas devem acessar o portal eletrônico da Anvisa e obter
formulário de contribuições, que deve ser preenchido e enviado à Anvisa, de forma
eletrônica ou manual. O formulário é composto por questões estruturadas e semiestruturadas,
em que se avalia se a população concorda com o assunto proposto e pode opinar sobre o seu
texto (53).
Para acessar as bulas padronizadas ou outras bulas de medicamentos registrados,
basta acessar ao bulário eletrônico da Anvisa. O bulário eletrônico é uma ferramenta
desenvolvida pela Anvisa que permite consultar as bases de dados de bulas de
medicamentos, podendo ser acessada por profissionais de saúde ou população em geral (54).
Atualmente, a análise de bulas é individual por especialista da Anvisa com base nas
informações apresentadas pela empresa e subsidiada por uma das quatro formas de
comprovação de segurança e eficácia já mencionadas. Esse procedimento pode levar a uma
discrepância ainda maior entre as informações para um mesmo medicamento, caso seja
analisada por técnicos diferentes. Sendo assim, diferentes informações podem ser
apresentadas para a mesma espécie por diferentes empresas, conforme a comprovação
utilizada, fazendo com que diferentes informações sejam aprovadas e constem nas bulas
(55).
Com o intuito de reduzir essas diferenças, o projeto de padronização de bulas na
Anvisa foi iniciado em 2008, no qual cada um dos especialistas tornou-se responsável pela
elaboração de determinada bula, com o auxílio de associações do setor regulado, com
informações baseadas em teor científico (55).
O processo de padronização de bulas não possui um procedimento operacional
padrão, o que faz com que cada especialista seja o responsável pela busca de informações
científicas em sites confiáveis, porém aleatórios, o que configura uma ação específica sem
padronização e dependente da visão e conhecimento do próprio especialista. Assim, essas
24
bulas, depois de elaboradas, passam por consulta pública e por fim, antes de sua aprovação,
são avaliadas pela câmara técnica de medicamentos fitoterápicos. A partir da publicação da
bula, todas as empresas que possuam produtos contendo aquela espécie devem seguir o
padrão (55).
As primeiras bulas a serem padronizadas foram de espécies que se encontravam na
Instrução Normativa (IN) n°5/08 (56) e que possuíam na época o maior número de registros.
Atualmente, à luz da RDC 47/09 (52), existem bulas padronizadas para 14 espécies vegetais:
Actaea racemosa, Aesculus hippocastanum, Allium sativm, Cynara scolymus, Echinacea
purpurea, Frangula purshiana, Ginkgo biloba, Glycine max, Hypericum perforatum,
Paullinia cupana, Piper methysticum, Senna alexandrina, Serenoa repens, Valeriana
officinalis.
Uma espécie muito utilizada como medicinal é a Schinus terebinthifolius Raddi. Para
essa espécie há relatos de solicitação de registros na Anvisa. Há 41 solicitações na categoria
cosméticos e 3 medicamentos fitoterápicos: o gel ginecológico Kronel® (registro vencido
em 07/2011), o fitoterápico composto Água rabelo® (registro vencido em 11/2013) e o elixir
Sanativo® (registro vencido em 09/2011). Atualmente há 12 cosméticos contendo S.
terebinthifolius com o registro deferido (53). Não há uma bula padronizada para Schinus
terebinthifolius Raddi.
1.6 FORMA FARMACÊUTICA GEL
Sistemas ideais de aplicação de medicamento por via vaginal devem ser de fácil
utilização, discretos, de aplicação reversível, indolores para a paciente, rentáveis,
amplamente disponíveis e seguros para administração contínua. Devem igualmente permitir
a auto-administração, com o mínimo de interferência no funcionamento do corpo e da vida
cotidiana, e obter uma alta biodisponibilidade com outros medicamentos (57, 58). As
vantagens da administração por via vaginal são evitar o metabolismo hepático de primeira
passagem, uma redução na incidência e severidade dos efeitos secundários gastrointestinais,
uma diminuição dos efeitos secundários hepáticos de drogas, tais como esteroides, e
superação da dor, danos nos tecidos, e provável infecção observada com vias parentais (59).
25
O transporte de fármacos através da membrana vaginal ocorre principalmente por
três grandes vias, em primeiro lugar transcelular por meio de difusão dependente de
concentração através das células; em segundo, paracelularmente, por meio de tight junctions
(zônulas de oclusão); e por último é vesicular ou mediado por receptores de transporte. A
absorção do fármaco a partir do sistema de liberação vaginal ocorre principalmente em duas
etapas principais: a dissolução do fármaco no lúmen vaginal e penetração de membrana,
portanto, quaisquer fatores relacionados à fisiologia ou formulação que afetem as etapas
acima mencionadas potencialmente irão alterar o perfil de absorção e transporte da droga
por via vaginal (60).
Cremes e géis, como um sistema de liberação intravaginal, são usados principalmente
para a liberação tópica de contraceptivos e drogas antibacterianas. Esses sistemas de
liberação são confusos de usar, desconfortáveis, podem não proporcionar uma dose exata
por causa da falta de uniformidade e a perda. Os cremes vaginais metronidazol e
clindamicina utilizados no tratamento de vaginose bacteriana já provaram ser tão eficazes
quanto a administração oral (60). Du Bouchet et al. (1998) realizaram um estudo para
comparar a eficácia e segurança de um gel vaginal com metronidazol a 0,75% e metronidazol
oral ambos para o tratamento da vaginite provocada por Trichomonas (61). Francois et al.
(2003) desenvolveram uma formulação de itraconazol creme muco adesivo a base de
ciclodextrina que mostrou ação terapêutica eficaz no candidíase vaginal (62).
A Farmacopeia Brasileira 5º ed. (63) define gel como forma farmacêutica
semissólida contendo um ou mais princípios ativos e um agente gelificante para fornecer
firmeza a uma solução ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimensão
coloidal – tipicamente entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uniformemente através do
líquido). Um gel pode conter partículas suspensas.
A conformidade é um dos principais atributos que os excipientes devem fornecer aos
sistemas de liberação de fármacos de uso vaginal. Classes de excipiente geralmente
adicionados para géis vaginais incluem agentes gelificantes, conservantes, umectantes e
veículos (64).
As propriedades do gel em que estão incluídos os microbicidas são conhecidas por
afetarem a velocidade de permeação da mucosa de microbicidas e suas propriedades
microbicidas. Um gel (Carbopol® 974P 1,0-1,5% e ácido poliacrílico 1,0-1,5%) mostrou ser
uma base de gel microbicida com boa liberação do ativo, podendo constituir-se como uma
26
abordagem ideal para sistema de liberação controlada por via vaginal de microbicidas contra
doenças sexualmente transmissíveis (65). Além disso, o desenvolvimento de um gel padrão
pode ser necessário a fim de assegurar que a preparação não distorça, quer no sentido de
segurança ou eficácia, as avaliações de microbicidas. Tien et al. (2005) desenvolveram um
gel base de hidroxietilcelulose propondo-o como um padrão adequado, podendo ser utilizado
em estudos clínicos sem que haja muitas variações nos resultados (66).
1.7 CONTROLE DA QUALIDADE DE MEDICAMENTOS FITOTERAPICOS
Fitoterápicos são largamente utilizados no país. Para seu registro e disponibilização
à população, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia diversos critérios
de qualidade, segurança e eficácia, exigindo requisitos similares aos requeridos para os
medicamentos convencionais. Este controle tem o objetivo de desvincular os fitoterápicos
da ideia de serem produtos de qualidade inferior ou sem potencial de risco tóxico (2).
A transformação de uma planta em medicamento deve visar à preservação da
integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a constância de sua ação
biológica e segurança de utilização. Para alcançar esses objetivos, a produção de
fitoterápicos requer estudos prévios relativos ao desenvolvimento de metodologias analíticas
e tecnológicas. É justamente essa fundamentação que diferencia o medicamento fitoterápico
propriamente dito das plantas medicinais e das preparações utilizadas na medicina popular
(67).
O uso de plantas medicinais e fitoterápicos deve se dar de maneira orientada, de modo
que o uso inadequado não ocasione problemas à saúde que vão desde a ineficácia terapêutica
a reações adversas severas, dependendo da forma de uso. Por isso, é importante que seja
realizado o controle sanitário destes produtos e a conscientização da população sobre seus
riscos, visto que a ideia de que produto de origem natural não faz mal à saúde ainda encontra-
se amplamente disseminada (2).
Os cuidados a serem tomados com o uso de fitoterápicos são os mesmos destinados
aos outros medicamentos: buscar informações com os profissionais de saúde; informar ao
médico o uso de plantas medicinais ou fitoterápicos, principalmente antes de cirurgias, além
do aparecimento de reações desagradáveis, caso estas aconteçam; observar os cuidados
27
especiais com gestantes, lactantes, crianças e idosos; adquirir fitoterápicos apenas em
farmácias e drogarias autorizadas pela Vigilância Sanitária; seguir as orientações da bula e
embalagem; observar a data de validade, nunca utilizar medicamentos vencidos; e ter
cuidado ao associar medicamentos, o que pode promover a diminuição dos efeitos ou
provocar reações indesejadas (2).
A regulamentação dos medicamentos fitoterápicos é realizada pela Anvisa, órgão
federal do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, responsável pelo registro de
medicamentos e outros produtos destinados à saúde. A Vigilância Sanitária age em um vasto
campo de atuação, representando a intervenção do Estado nas atividades de produção e
consumo, sobrepondo interesses sanitários aos econômicos em defesa da saúde da população
(3).
A RDC n° 14/2010 (68), regulamentação em vigor para o registro de medicamentos
fitoterápicos, determina que, para efeito de registro, se faz necessário a elaboração de um
relatório de controle de qualidade, incluindo análises qualitativas e quantitativas dos
princípios ativos e/ou marcadores. O marcador é o composto ou classe de compostos
químicos (ex.: alcaloides, flavonoides, ácidos graxos, etc.) presentes na matéria-prima
vegetal, preferencialmente tendo correlação com o efeito terapêutico, que é utilizado como
referência no controle da qualidade da matéria-prima vegetal e do medicamento fitoterápico.
Todos os fitoterápicos industrializados devem ser registrados na Anvisa antes de
serem comercializados, a fim de garantir que a população tenha acesso a medicamentos
seguros, eficazes e de qualidade comprovada. Com esse procedimento, minimiza-se a
exposição a produtos passíveis de contaminação e padroniza-se a quantidade e a forma certa
que deve ser usada, permitindo uma maior segurança de uso (2).
Deve ser utilizada metodologia descrita em farmacopeias ou formulários oficiais
reconhecidos pela Anvisa, ou validar a metodologia analítica no controle de qualidade. Se
houver a metodologia na Farmacopeia Brasileira (FB), esta deve ser obrigatoriamente a
seguida, em relação às demais conhecidas, devendo-se dar prioridade à edição mais recente.
Métodos farmacopeicos nem sempre são os mais avançados do ponto de vista científico, mas
são os métodos oficiais nos quais serão baseadas as decisões em caso de dúvida ou litígio
(69).
Não havendo a metodologia nos compêndios oficiais, deve ser feita a validação com
o objetivo de demonstrar que o método é apropriado para a finalidade pretendida, ou seja, a
28
determinação qualitativa, quantitativa e/ou semiquantitativa de fármacos e outras
substâncias em produtos farmacêuticos. Para tanto, o método deve apresentar os parâmetros
especificados para validação de métodos analíticos explicitados na RE 899/03 (70). Todas
as metodologias utilizadas no controle da qualidade devem ser enviadas para a Anvisa com
a indicação da fonte bibliográfica ou de desenvolvimento (69).
1.8 CONTROLE DA QUALIDADE DO PRODUTO ACABADO
Produto acabado/terminado é aquele produto que, após ter passado por todas as fases
de produção e acondicionamento, está pronto para a venda/consumo. Antes de ser liberado
para o mercado, todo lote de produto fabricado deve ser aprovado pelo controle da qualidade,
conforme as especificações estabelecidas e mediante processo claramente definido e
documentado. Somente o controle de qualidade tem autoridade para liberar um produto
acabado (71).
Na ausência de uma substância específica identificada, podem ser quantificados
vários marcadores e estabelecida uma relação fixa entre eles que caracterize o extrato e o
produto final. Os flavonoides podem ser citados como exemplo de componentes
inespecíficos: o extrato de Ginkgo biloba L é padronizado pela relação fixa entre três
flavonoides (quercetina, canferol e isoramnetina) e terpenolactonas (bilobalídeo, gincolídeos
A, B, C e E). Todos esses componentes devem ser quantificados. No caso de associações, é
necessário que se determine um marcador específico para cada planta. A soma das
quantidades medidas de um mesmo marcador em diferentes plantas no produto final pode
não ser correta, por não possibilitar a avaliação da proporção de cada planta no produto
acabado (69).
1.9 MARCADOR QUÍMICO PARA Schinus terebinthifolius Raddi
O marcador é o composto ou classe de compostos químicos (ex: alcaloides,
flavonoides, ácidos graxos, etc.) presentes na matéria-prima vegetal, preferencialmente
29
tendo correlação com o efeito terapêutico, que é utilizado como referência no controle da
qualidade da matéria-prima vegetal e do medicamento fitoterápico (68).
Taninos são substâncias polifenólicas naturais altamente distribuídas no reino
vegetal, solúveis em água e possuem a capacidade de precipitar proteínas e alcaloides de
relativo peso molecular estes estão entre os constituintes químicos mais pesquisados em
Schinus terebinthifolius Raddi devido à sua alta concentração e atividades biológicas
relacionadas. Trabalhos realizados têm demonstrado as atividades anti-inflamatória,
antimicrobiana, anticarcinogênica, antimutagênica e antioxidante presentes nos extratos de
várias espécies de plantas ricas nesse componente (72-74), justificando seu uso como
marcador (75).
1.9.1 TANINOS
Hillis (2014) se referiu aos taninos como sendo compostos fenólicos naturais
apresentando pesos moleculares compreendidos entre 500 e 3000 Dalton (76). Os taninos
vegetais ou naturais são por definição substâncias que apresentam a propriedade de se
associar e de se combinar com proteínas e com certos poliois. Este comportamento é à base
das propriedades tanantes que eles exercem sobre o colágeno da pele dos animais ao curso
de sua transformação em couro e para suas propriedades como o controle de insetos, fungos,
bactérias, adstringência, inibição enzimática, tanto quanto para suas atividades
farmacológicas (77).
Segundo Pizzi (1993), o termo "tanino" tem sido usado frequentemente para definir
duas classes diferentes de compostos químicos de natureza fenólica: os taninos hidrolisáveis,
encontrados em dicotiledôneas herbáceas e lenhosas e os taninos condensados, que ocorrem
mais em gimnospermas e angiospermas (78).
Para Metche (1980), os taninos hidrolisáveis com ácidos, bases ou enzimas são
considerados como poliésteres da glicose e caracterizam-se por possuírem um poliol central
(79). Podem ser classificados em duas categorias; (a) os galotaninos, que por hidrólise ácida
liberam o ácido gálico e seus derivados; (b) os elagitaninos, que por hidrólise liberam o ácido
elágico, ácido valônico, sendo o ácido elágico o mais importante (77) (Figura 04) (80).
30
Figura 04 – Taninos Hidrolisáveis (80)
Testes in vitro realizados com extratos ricos em taninos ou com taninos puros tem
identificado diversas atividades biológicas, podendo ser citadas: ação bactericida e fungicida
(81), antiviral (82); moluscicida (83); inibição de enzimas como glicosiltransferase de
Streptococcus mutans e Streptococcus sobrinus (84), inibição da peroxidação de lipídeos e
sequestrador de radicais livres (85) e ação antitumoral (86).
Acredita-se que as atividades farmacológicas dos taninos são devidas, pelo menos
em parte, a três características gerais: 1) complexação com íons metálicos, como cobre (87)
e o ferro (88), 2) atividade antioxidante e sequestradora de radicais livres e 3) habilidade de
complexar com outras moléculas incluindo macromoléculas tais como proteínas e
polissacarídeos (77).
1.9.2 ÁCIDO GÁLICO
Ácido gálico (ácido 3,4,5-triidroxibenzóico) é um ácido orgânico aromático, de
fórmula C7H6O5 descoberto em 1786 por C.W. Scheele. É o constituinte básico dos taninos
hidrolisáveis, originado pela rota biossintética via ácido chiquímico, sendo derivado do ácido
benzoico, encontrado amplamente em plantas lignificadas, frequentemente na forma do seu
dímero, o ácido elágico. (77).
31
É considerado um antioxidante, agindo como inibidor de radicais livres, sendo que a
concentração tipicamente usada como adjuvante farmacêutico é de 0,1%. Também possui
características adstringentes. É de ocorrência comum nos chás, vinhos vermelhos, frutas e
em várias plantas medicinais (89).
A sua estrutura química exibe intensa absorção na região ultravioleta, o que permite
sua avaliação por CCD, cromatografia de alta eficiência (CLAE-UV) e cromatografia em
papel (77).
Os mais antigos e tradicionais métodos de doseamento de taninos são o método da
hemoanálise, baseado na formação do complexo tanino-hemoglobina; o método com pó de
pele, fundamentado na capacidade dos taninos de se ligarem às proteínas da pele e; o método
espectrofotométrico no qual é utilizado o reagente de Folin-Denis ou de Folin-Ciocalteau
(90). Tais métodos são trabalhosos e inespecíficos (75).
1.9.3 CATEQUINA
As catequinas pertencem à família dos 3-flavanóis e são constituídas por um anel
floroglucinol (A), um anel pirânico (B) e um anel catecol (C). Possui centros quirais, dos
quais resultam 4 isômeros: (+), (-)-catequina e (+), (-)-epicatequina. Na natureza, os
isômeros mais abundantes são a (+)-catequina e a (-)- epicatequina. São amplamente
distribuídas em frutas e bebidas, incluindo chá verde, vinho tinto, maçãs e chocolate (91).
Desenvolver um método simples e robusto por CLAE comum ao marcador, ácido
gálico representante de tanino hidrolisável e catequina representante de tanino condensado,
faz-se necessário para o controle da qualidade de fitoterápicos com compostos fenólicos.
Métodos complexos, com reagentes de custos elevados e em constante falta no mercado são
descritos na literatura o que dificulta a realização contínua da análise dos produtos (75).
32
2 OBJETIVOS
Geral:
Propor subsídios aos requisitos necessários para o processo de solicitação de registro
de um medicamento fitoterápico.
Específicos:
Propor um modelo de bula padronizado para o gel ginecológico a base de Schinus
terebinthifolius Raddi.
Propor uma metodologia para o controle da qualidade físico-químico de um gel
ginecológico a base de Schinus terebinthifolius Raddi.
3 MATERIAL E MÉTODO
Para a elaboração desse trabalho, foi utilizada a análise documental sobre a espécie
Schinus terebinthifolius Raddi utilizando uma abordagem qualitativa exploratória descritiva.
Na primeira etapa foi realizado um levantamento bibliográfico sobre a espécie
Schinus terebinthifolius Raddi, utilizando as seguintes bases de dados Google Academico
(92), PubMed (93), SciFinder (94), Scielo (95), Scopus (96), Web of Science (97), além de
livros, teses e dissertações.
Em seguida, com base nas informações obtidas e com base na RDC Nº 47/2009 (52),
foi elaborada uma proposta de bula padrão.
A segunda etapa consistiu na proposta de um método de análise para o controle da
qualidade do o extrato aquoso de Schinus terebinthifolius Raddi.
33
3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE Schinus terebinthifolius Raddi
A busca nos bancos de dados PubMed (93), SciFinder (94), Scielo (95), Scopus (96),
Web of Science (97), livros, teses e dissertações, bem como a utilização de ferramentas de
busca Google Acadêmico (92), utilizando o termo Schinus terebinthifolius Raddi permitiu a
obtenção de aproximadamente 400 trabalhos. Desses, mais de 200 eram repetidos e as
duplicatas foram eliminadas; mais de 100 não referiam-se ao assunto em questão e foram
eliminados. Assim, para este trabalho foram utilizados aproximadamente 100 artigos, teses,
dissertações e livros.
3.2 ELABORAÇÃO DA BULA DA Schinus terebinthifolius Raddi
Para a padronização da bula foi preenchido o modelo de bula presente na RDC 47/09
(ANEXO A) (52) com as informações obtidas por meio da revisão bibliográfica conforme
descrito no item 3.1.
3.3 ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-
QUÍMICO PARA O GEL VAGINAL DE Schinus terebinthifolius Raddi
Para a elaboração da metodologia analítica utilizada no controle da qualidade do gel
ginecológico a base de Schinus terebinthifolius Raddi, foi utilizada a Farmacopeia Brasileira
5º edição volume 1 (63) métodos gerais além de teses e dissertações.
34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA O CONTROLE DA QUALIDADE DE GEL
VAGINAL A BASE DE Schinus terebinthifolius RADDI
Aspecto
Observa-se visualmente se a amostra em estudo mantém as mesmas características
“macroscópicas” da amostra de referência (padrão) ou se ocorreram alterações do tipo
separação de fases, turvação, etc.
Cor
A análise da cor (colorimetria) pode ser realizada por meio visual ou instrumental.
Na análise visual (colorimetria visual) compara-se visualmente a cor da amostra com a cor
de um padrão armazenado em frasco da mesma especificação. Pode-se efetuar essa análise
sob condições de luz “branca” natural ou artificial ou ainda em câmaras especiais, com várias
fontes de luz (ou seja, vários comprimentos de onda).
A análise instrumental substitui o olho humano como detector e pode ser feita por
meio da colorimetria fotoelétrica ou da colorimetria espectrofotométrica.
Odor
A amostra e o padrão de referência, acondicionados no mesmo material de
embalagem, devem ter seu odor comparado diretamente através do olfato.
35
Determinação de pH
Procedimento
Aferição do peagâmetro
Retirar o béquer contendo solução de KCl na qual está mergulhado o eletrodo quando
o medidor não está em uso;
Lavar o eletrodo com jatos de água destilada e enxugar com papel filtro;
Imergir o eletrodo em solução tampão de referência, verificando-se a temperatura em
que se vai operar;
Ajustar o valor de pH até o valor tabelado, mediante o valor de calibração;
Lavar o eletrodo com várias porções da segunda solução tampão de referência,
imergir o eletrodo e verificar o valor de pH registrado. O valor de pH não deve apresentar
variações que superem 0,07 do valor tabelado para a segunda solução padrão. Há aparelhos
que possuem frascos acoplados com detergentes aniônicos, empregados como soluções de
lavagem entre cada uma das operações de aferição dos valores de pH. A água também se
presta a essa função;
Se não houver precisão nas medidas, verificar possíveis danos nos eletrodos e trocá-
los.
Determinação do pH na solução amostra
Após a aferição conveniente, lavar o eletrodo com água (ou soluções próprias) e com
várias porções da solução amostra. Para diluição das amostras, usar água destilada isenta de
dióxido de carbono;
A primeira determinação fornece valor variável, havendo necessidade de proceder a
novas leituras. Os valores encontrados posteriormente não deverão variar mais do que 0,05
de unidade em três leituras sucessivas;
Para determinações que exijam alta precisão, as temperaturas das soluções-tampão e
amostra, dos eletrodos e das águas de lavagem não devem estar acima de 2 ºC entre si. Assim,
para que se reduzam os efeitos de histerese térmica ou elétrica dos eletrodos, as soluções
devem estar início da operação;
36
É importante que, após a utilização do aparelho, se conserve o eletrodo em solução
apropriada, normalmente de KCl.
Contaminações das soluções-estoque devem ser evitadas pela adoção de
procedimentos sistemáticos, tais como o fechamento imediato dos frascos contendo as
soluções, a fim de prevenir introduções acidentais de pipetas ou bastões, o uso de pipetas
individuais para cada solução.
O pH final dos géis devem ser ajustados em torno de 4,5 a 5,5 para torná-los
compatíveis com o pH da cavidade vaginal. O pH vaginal é um parâmetro muito importante
envolvido na eficácia de um sistema de liberação de fármacos em nível de mucosa vaginal,
apresentando uma significativa associação (98).
Determinação de viscosidade
VISCOSÍMETRO BROOKFIELD
A viscosidade de uma forma farmacêutica vai ser determinada por um viscosímetro
de Brookfield, que mede a viscosidade pela força necessária para girar o spindle no líquido
que está sendo testado.
Para utilizar esse aparelho, deve-se proceder da seguinte forma:
• Adicionar a amostra a ser analisada no recipiente coletor do aparelho, até a marca
desejada;
• Programar o aparelho, escolhendo um número de spindle e uma rotação a serem
testados, de acordo com a metodologia;
• Imergir o spindle na amostra a ser analisada;
• Acionar o aparelho e, após estabilização do valor, que aparecerá no display do aparelho,
anotar esse valor que será expresso em centipoise (cP); caso não haja estabilização do valor,
teste novamente, utilizando outro número de spindle ou outra rotação.
37
Identificação e Doseamento
Bezerra (2012) desenvolveu e validou uma metodologia analítica para o
desenvolvimento e validação de método analítico por CLAE/UV/DAD para separação e
quantificação simultânea de ácido gálico (ACG) e catequina (CQT) no elixir Sanativo® um
fitoterápico composto por por 20% de angico (Piptadenia colubrina Benth); 20% de aroeira
(Schinus terebinthifolius Raddi); 1,7% de camapu (Physalis angulata Linná) e 1,7% de
mandacaru (Cereus peruvianus Miller). (75). A proposição para o ensaio de identificação e
doseamento nesse trabalho teve como base essa metodologia.
A determinação do teor de ácido gálico por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE/UV/DAD). O sistema cromatográfico utilizará as seguintes condições:
Coluna cromatográfica: C18, 15,0 cm x 4,6 mm, partícula de 5μm.
Pré-coluna: C18, 4,0 cm x 4,6 mm, partícula de 5μm.
Temperatura do forno da coluna: 35 °C.
Volume de injeção: 10 uL.
Fluxo: 1,0 mL/min.
Detecção em 270 e 210 nm.
A fase móvel será composta por:
Água acidificada com ácido acético, pH 3,5; e metanol nas proporções 88:12 (v/v),
sob vazão de 1 mL/min.
Preparo do padrão:
Ácido Gálico: pesar exatamente 10 mg e diluir com água em balão volumétrico de
10 mL, colocar em ultrassom até total solubilização da amostra, retirar a alíquota de 1 mL e
fazer nova diluição para balão volumétrico de 10 mL, em seguida, aferir com água e
homogeneizar.
Concentração final: 0,1 mg/mL.
Catequina: pesar exatamente 10 mg e diluir com água em balão volumétrico de 10
mL, colocar em ultrassom até total solubilização da amostra, retirar a alíquota de 1 mL e
fazer nova diluição para balão volumétrico de 10 mL, em seguida, aferir com água e
homogeneizar.
38
Concentração final: 0,1 mg/mL.
Preparação da amostra:
Pesar exatamente 10 mg do gel ginecológico e diluir com água em balão volumétrico
de 10 mL, colocar em ultrassom até total solubilização da amostra, retirar a alíquota de 1 mL
e fazer nova diluição para balão volumétrico de 10 mL, em seguida, aferir com água e
homogeneizar.
Concentração final: 0,1 mg/mL.
Após diluição na fase móvel, a amostra será injetada no cromatógrafo após ter sido
filtrada em membrana, assim como o padrão de ácido gálico, catequina e a solução contendo
ambos. Os picos referentes aos padrões e a amostra devem ser comparados a partir de seu
tempo de retenção e de sua área. Os espectros das amostras obtidos no ultra violeta (UV)
também devem ser comparados ao padrão. (75).
4.2 VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA ANALÍTICA
Segundo a RE nº 899/2003 (70), o objetivo de uma validação é demonstrar que o
método é apropriado para a finalidade pretendida, ou seja, a determinação qualitativa,
semiquantitativa e/ou quantitativa de fármacos e outras substâncias em produtos
farmacêuticos. Esta aplica-se a: técnicas analíticas que façam uso de métodos de
cromatografia gasosa (CG) ou cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE); métodos
não-cromatográficos, desde que estes ofereçam uma seletividade aceitável (por ex.
titulometria, espectrofotometria UV-VIS); testes imunológicos ou microbiológicos, desde
que observado o grau de variabilidade usualmente associado a estas técnicas. A validação
deve garantir, por meio de estudos experimentais, que o método atenda às exigências das
aplicações analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados. Para tanto, deve
apresentar especificidade, linearidade, intervalo, precisão, sensibilidade, limite de
quantificação, exatidão, adequados à análise (70).
A United States Pharmacopeia (USP) (99) traz que a validação de métodos assegura
a credibilidade destes durante o uso rotineiro, sendo algumas vezes mencionado como o
“processo que fornece uma evidência documentada de que o método realiza aquilo para o
qual é indicado para fazer”.
39
O teste a ser realizado se classifica na categoria I da RE nº 899/2003 que tem como
finalidade testes quantitativos para a determinação do princípio ativo em produtos
farmacêuticos ou matérias-primas (70), logo os ensaios necessários para a validação do
método analítico serão: Especificidade, Linearidade, Intervalo, Precisão Repetibilidade,
Exatidão e Robustez.
Especificidade e seletividade
A seletividade de um método instrumental de separação é a capacidade de avaliar, de
forma inequívoca, as substâncias em exame na presença de componentes que podem
interferir com a sua determinação em uma amostra complexa. Esta avalia o grau de
interferência de espécies como outro ingrediente ativo, excipientes, impurezas e produtos de
degradação, bem como outros compostos de propriedades similares que possam estar,
porventura, presentes. Sendo que ela garante que o pico de resposta seja exclusivamente do
composto de interesse (99, 100).
Linearidade
A linearidade corresponde à capacidade do método em fornecer resultados
diretamente proporcionais à concentração da substância em exame, dentro de uma
determinada faixa de aplicação (63, 99).
Os dados podem ser tratados por regressão linear pelo método dos mínimos
quadrados dos pontos médios de três curvas de calibração autênticas. O critério mínimo
aceitável do coeficiente de correlação (r) deve ser igual a 0,99 para métodos analíticos (70).
40
Intervalo
Segundo a RE nº 899/2003 intervalo é a faixa entre os limites de quantificação
superior e inferior de um método analítico. Pode ser derivado do estudo de linearidade e
depende da aplicação pretendida do método (70).
Precisão
Representa a dispersão de resultados entre ensaios independentes, repetidos de uma
mesma amostra, amostras semelhantes ou padrões, sob condições definidas (101).
De acordo com a RE nº 899/2003 (70) esta é considerada em três níveis:
Repetibilidade (precisão intra-corrida): concordância entre os resultados dentro de
um curto período de tempo com o mesmo analista e mesma instrumentação. A repetibilidade
do método é verificada por, no mínimo, 9 (nove) determinações, contemplando o intervalo
linear do método, ou seja, 3 (três) concentrações, baixa, média e alta, com 3 (três) réplicas
cada ou mínimo de 6 determinações a 100% da concentração do teste;
Precisão intermediária (precisão inter-corridas): concordância entre os resultados do
mesmo laboratório, mas obtidos em dias diferentes, com analistas diferentes e/ou
equipamentos diferentes. Para a determinação da precisão intermediária recomenda-se um
mínimo de 2 dias diferentes com analistas diferentes.
Reprodutibilidade (precisão inter-laboratorial): concordância entre os resultados
obtidos em laboratórios diferentes como em estudos colaborativos, geralmente aplicados à
padronização de metodologia analítica, por exemplo, para inclusão de metodologia em
farmacopeias. Estes dados não precisam ser apresentados para a concessão de registro. A
precisão de um método analítico pode ser expressa como o desvio padrão ou desvio padrão
relativo (coeficiente de variação) de uma série de medidas. A precisão pode ser expressa
como desvio padrão relativo (DPR) ou coeficiente de variação (CV%), segundo a fórmula:
41
𝐷𝐷𝑅 =𝐷𝑃
𝐶𝑀𝐷 × 100
Em que, DP é o desvio padrão e CMD, a concentração média determinada. O valor
máximo aceitável deve ser definido de acordo com a metodologia empregada, a
concentração do analito na amostra, o tipo de matriz e a finalidade do método, não se
admitindo valores superiores a 5%.
Exatidão
Representa o grau de concordância entre os resultados individuais encontrados em
um determinado ensaio e um valor de referência aceito como verdadeiro (102).
A exatidão é calculada como porcentagem de recuperação da quantidade conhecida
do analito adicionado à amostra, ou como a diferença percentual entre as médias e o valor
verdadeiro aceito, acrescido dos intervalos de confiança (70).
É determinado através de três concentrações: baixa, média e alta, com três réplicas
cada, perfazendo um total de nove determinações. E exatidão é expressa pela relação entre
a concentração média determinada experimentalmente e a concentração teórica
correspondente. A exatidão deve estar entre 80 – 120% do valor nominal da concentração.
𝐸𝑥𝑎𝑡𝑖𝑑ã𝑜 =𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙
𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑎 × 100
Robustez
De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) (101), a robustez de um
método mede a sensibilidade que este apresenta face a pequenas variações. Diz-se que um
método é robusto quando ele não é afetado por uma modificação pequena e deliberada em
seus parâmetros. A robustez de um método cromatográfico é avaliada, por exemplo, pela
42
variação de parâmetros como a concentração do solvente orgânico, pH e força iônica da fase
móvel em CLAE, programação da temperatura, natureza do gás de arraste em GC, bem como
o tempo de extração, agitação, etc. (70, 100).
4,3 ELABORAÇÃO DE UMA BULA PADRÃO PARA Schinus terebinthifolius
Raddi
Do levantamento bibliográfico realizado nas fontes PubMed, Scielo e Google
Acadêmico utilizando o termo aroeira foram encontradas mais de 200 fontes no Google
acadêmico, 44 fontes no PubMed e 89 no Scielo, destas cerca de 190 estavam repetidas a
foram descartadas. Das referências válidas cerca de 133 não tratavam do assunto em questão
e não foram utilizadas. Sendo assim foram utilizadas 10 referências para a elaboração da
bula padrão, que foi elaborada em conformidade com a RDC nº 47/2009.
4.4 PROPOSTA DE BULA PADRONIZADA
I – IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
MEDICAMENTO FITOTERÁPICO
Nomenclatura botânica oficial: Schinus terebinthifolius Raddi
Nome popular: Aroeira
Família: Anacardiaceae
Parte da planta utilizada: Cascas do caule
FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÃO
Gel ginecológico: embalagem com X bisnaga(s), contendo XX g de gel
vaginal, acompanhada(s) de XX aplicador(es) descartável(eis).
USO ADULTO
COMPOSIÇÃO
Cada X g de gel vaginal contém:
Extrato aquoso de Aroeira ................................................... X mL
43
Veículo q.s.p. ....................................................................... X g
II - INFORMAÇÕES AO PACIENTE:
1. PARA QUÊ ESTE MEDICAMENTO É INDICADO?
Este medicamento é destinado ao tratamento de vaginose bacteriana,
cervicites e cérvico-vaginites.
2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?
É utilizado em processos infecciosos e inflamatórios, entre os quais
as vaginites (inflamação da vagina) e cérvico-vaginites (inflamação do colo da
vagina).
3. QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO?
Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um
dos componentes da fórmula não devem fazer uso do produto.
Este medicamento não deve ser utilizado durante a gravidez, exceto
sob orientação médica.
4. O QUE DEVO SABER ANTES DE USAR ESTE MEDICAMENTO?
Em casos de hipersensibilidade ao produto, recomenda-se
descontinuar o uso e consultar o médico.
É aconselhável não realizar o tratamento durante a menstruação, pois
pode ocorrer perda do produto.
Ao utilizar o medicamento fitoterápico, recomenda-se o uso de
absorvente higiênico. O possível refluxo do produto poderá manchar a peça
íntima.
"Não há casos relatados que o uso deste produto interfira na capacidade
de dirigir veículos e operar máquinas"
"Informe ao seu médico ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de
algum outro medicamento."
5. ONDE, COMO E POR QUANTO TEMPO POSSO GUARDAR ESTE
MEDICAMENTO?
Este medicamento deve ser guardado dentro da embalagem original,
à temperatura entre X e X °C, ao abrigo da luz e umidade. Nestas condições,
44
o prazo de validade do medicamento é de X meses, a partir da data de
fabricação. Ao adquirir o medicamento, confira sempre o prazo de validade
impresso na embalagem do produto.
"Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem."
"Não use medicamento com o prazo de validade vencido."
"Para sua segurança, mantenha o medicamento na embalagem original."
Este medicamento fitoterápico é um gel vaginal que vem
acompanhado de X aplicadores.
"Antes de usar, observe o aspecto do medicamento."
"Caso você observe alguma mudança no aspecto do medicamento que
ainda esteja no prazo de validade, consulte o médico ou o farmacêutico
para saber se poderá utilizá-lo."
"Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças."
6. COMO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO?
Fazer a aplicação de 6 g (conteúdo do aplicador cheio) à noite, ao
deitar, durante 10 dias ou a critério médico.
1. Após retirar a bisnaga da embalagem, com a própria tampa da mesma virada
para baixo, furar a bisnaga. (Figura 01)
2. A seguir, colocar o aplicador no bocal da bisnaga e girar até encaixar
completamente. (Figura 02)
3. Após o encaixe, pressionar a bisnaga de baixo para cima, de modo a
preencher completamente o aplicador. (Figura 03)
4. Virar a bisnaga para baixo, retirar o aplicador. (Figura 04)
5. Deitada, com os joelhos afastados, inserir o aplicador no canal vaginal, o
mais profundamente possível e empurrar o êmbolo do aplicador, inserindo
todo o conteúdo no canal vaginal. (Figura 05).
Figuras 01,02,03,04 e 05 – Modo de aplicação do medicamento.
"Siga corretamente o modo de usar. Em caso de dúvidas sobre este
medicamento, procure orientação do farmacêutico. Não desaparecendo os
sintomas, procure orientação de seu médico ou cirurgião- dentista."
45
7. O QUE DEVO FAZER QUANDO EU ME ESQUECER DE USAR ESTE
MEDICAMENTO?
"Em caso de dúvidas, procure orientação do farmacêutico ou de seu
médico, ou cirurgião-dentista."
8. QUAIS OS MALES QUE ESTE MEDICAMENTO PODE ME CAUSAR?
Relatos esporádicos de ardor e queimor, de baixa intensidade, foram
relatados em mulheres que fizeram uso do medicamento fitoterápico logo após
uma relação sexual.
Em um ensaio clínico randomizado com 48 mulheres utilizando o gel
de Schinus terebinthifolius Raddi o único efeito colateral referido durante o
uso foi ardor em um caso (4%).
O uso das preparações de Schinus terebinthifolius Raddi deve ser
cauteloso por causa da possibilidade do aparecimento de fenômenos alérgicos
na pele e mucosas.
"Informe ao seu médico, cirurgião-dentista ou farmacêutico o
aparecimento de reações indesejáveis pelo uso do medicamento."
"Informe a empresa sobre o aparecimento de reações indesejáveis e
problemas com este medicamento, entrando em contato através do
Sistema de Atendimento ao Consumidor (SAC)."
9. O QUE FAZER SE ALGUÉM USAR UMA QUANTIDADE MAIOR DO
QUE A INDICADA DESTE MEDICAMENTO?
Não há relatos de intoxicações por superdosagem na literatura.
"Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure
rapidamente socorro médico e leve a embalagem ou bula do
medicamento, se possível."
"Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de
mais orientações sobre como proceder."
III - INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
1. INDICAÇÕES
Este medicamento é destinado ao tratamento de vaginose bacteriana,
cervicites e cérvico-vaginites.
2. RESULTADOS DE EFICÁCIA
46
Em um ensaio clínico randomizado, Amorin e Santos (2003) testaram
a eficácia e a tolerância do gel de Schinus terebinthifolius Raddi para
tratamento da vaginose bacteriana, este mostrou-se efetivo e seguro para o
tratamento da vaginose bacteriana. Além disso, os autores sugeriram
potenciais efeitos benéficos na flora vaginal.
Em uma pesquisa científica, Warnick e Bandeira (1974) mostraram
sua atividade anti-inflamatória e cicatrizante em mulheres com cervicites e
cérvico-vaginites.
Martorelli et al. (2011) avaliaram o efeito anti-inflamatório e
cicatrizante do Extrato Hidroalcoólico de Schinus terebinthifolius Raddi 30%
em Orabase, em um estudo in vivo realizado em ratos Wistar machos e albinos,
e concluíram que o extrato aplicado diariamente apresentava efeito anti-
inflamatório e cicatrizante em feridas eletroproduzidas em dorso de ratos.
O extrato aquoso de Schinus terebinthifolius Raddi foi eficiente no
tratamento de candidíase por Candida albicans.
Silva et al. (2003) realizaram uma avaliação clínica preliminar com
diferentes formulações de uso vaginal (decocto, gel e emulsão) à base de
Schinus terebinthifolius Raddi. Foi realizado um ensaio clínico comparativo,
simples cego, unicentro e randomizado com um total de cem pacientes.
Concluíram que há grande possibilidade de tratamento com as formulações de
uso vaginal à base de Schinus terebinthifolius Raddi, quando comparadas aos
tratamentos convencionais, uma vez em que os grupos comparados não
demonstram diferenças estatisticamente significativas.
3. CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS
Múltiplos mecanismos de ação têm sido descritos para o Schinus terebinthifolius Raddi, demonstrando atividade anti-inflamatória não
esteroidal pela inibição competitiva específica da fosfolipase A2 por dois de
seus componentes, o schinol e o ácido masticadienóico. Por outro lado, os
biflavonoides, que são dímeros precursores dos taninos, componentes do S.
terebinthifolius, também apresentam ação anti-inflamatória, e diversas
substâncias presentes no extrato do S. terebinthifolius apresentam atividade
antimicrobiana, como a terebinthona, o ácido hidroximasticadienóico, o ácido
terebinthifólico e o ácido ursólico.
4. CONTRA-INDICAÇÕES
Mulheres grávidas ou em amamentação, não devem fazer uso deste
medicamento.
5. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES
Em um ensaio clínico randomizado com 48 mulheres utilizando o gel
de Schinus terebinthifolius Raddi, o único efeito colateral referido durante o
uso foi ardor em um caso (4%).
47
O uso das preparações de Schinus terebinthifolius Raddi deve ser
cauteloso por causa da possibilidade do aparecimento de fenômenos alérgicos
na pele e mucosas.
Não há dados na literatura suficientes para comprovar a segurança de
seu uso em paciente grávidas. Portanto este medicamento é contraindicado em
caso de mulheres gestantes.
6. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Não há relatos de interações medicamentosas na literatura.
7. CUIDADOS DE ARMAZENAMENTO DO MEDICAMENTO
Este medicamento deve ser guardado dentro da embalagem original, à
temperatura entre X e X °C, ao abrigo da luz e umidade. Nestas condições, o
prazo de validade do medicamento é de X meses, a partir da data de fabricação.
Ao adquirir o medicamento, confira sempre o prazo de validade impresso na
embalagem do produto.
"Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem."
"Não use medicamento com o prazo de validade vencido."
"Para sua segurança, mantenha o medicamento na embalagem original."
"Antes de usar, observe o aspecto do medicamento."
"Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças"
8. POSOLOGIA E MODO DE USAR
Fazer a aplicação de 6 g (conteúdo do aplicador cheio) à noite, ao deitar,
durante 10 dias ou a critério médico.
1. Após retirar a bisnaga da embalagem, com a própria tampa da mesma virada
para baixo, fure a bisnaga. (Figura 01)
2. A seguir, coloque o aplicador no bocal da bisnaga e gire até encaixar
completamente. (Figura 02)
3. Após o encaixe, pressionar a bisnaga de baixo para cima, de modo a
preencher completamente o aplicador. (Figura 03)
4. Vire a bisnaga para baixo, retire o aplicador. (Figura 04)
5. Deitada, com os joelhos afastados, insira o aplicador no canal vaginal, o
mais profundamente possível e empurre o êmbolo do aplicador, inserindo todo
o conteúdo no canal vaginal. (Figura 05).
48
Figuras 01, 02, 03, 04 e 05 – Modo de aplicação do medicamento.
"Siga corretamente o modo de usar. Em caso de dúvidas sobre este
medicamento, procure orientação do farmacêutico. Não desaparecendo os
sintomas, procure orientação de seu médico ou cirurgião- dentista."
9. REAÇÕES ADVERSAS
Em um ensaio clínico randomizado com 48 pessoas apenas um único
efeito colateral foi referido durante o uso de Schinus terebinthifolius Raddi que
foi o ardor.
10. SUPERDOSE
Se usado conforme indicado, não há perigo de superdosagem do
produto.
"Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de
mais orientações sobre como proceder."
MS:
Farmacêutico Responsável:
Razão social e endereço
Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC)
49
5. CONCLUSÃO
Com o intuito de desenvolver alguns dos requisitos necessários no processo de
solicitação de registro de medicamentos junto à Anvisa foi possível a elaboração de uma
bula padrão e a proposição dede uma metodologia analítica para o controle da qualidade
físico-químico para o medicamento fitoterápico a base de Schinus terebinthifolius Raddi,
com base na literatura científica.
A segurança na utilização dos medicamentos é algo primordial para uma boa
aderência do paciente ao tratamento medicamentoso, logo uma ferramenta como a bula foi
proposta para este medicamento fitoterápico com o propósito de ser uma fonte de informação
clara e com as informações necessárias ao paciente. Porém, com base na literatura
consultada, ainda não há dados suficientes para a elaboração de uma bula completa no que
se refere a interações medicamentosas, toxicologia, características farmacológicas e contra-
indicações. Assim, é necessário que a bula aqui proposta passe por revisões à medida que
dados sobre a espécie sejam disponibilizados nos bancos de dados e na literatura.
O controle da qualidade de medicamentos é uma etapa crítica; logo, a proposta de
metodologia analítica apresentada pode servir como referência para a área reguladora e
regulada, pois tal metodologia não se encontra na FB (63). O ácido gálico e a catequina
poderiam ser utilizados como marcadores para a Schinus terebinthifolius Raddi podendo ser
utilizados nos ensaios de identificação e doseamento por CLAE/DAD/UV, sendo que uma
validação desta metodologia analítica é necessária. Quanto aos ensaios que envolvem as
propriedades organolépticas (aspecto, cor, odor), esses vão variar segundo o fabricante do
medicamento fitoterápico. Os ensaios de concentração hidrogeniônica e viscosidade são
necessário para a forma farmacêutica em questão junto com os outros sugeridos.
Sendo a bula e o controle de qualidade de medicamentos fitoterápicos itens
imprescindíveis no processo de registro de fitoterápicos junto à Anvisa espera-se que este
trabalho possa contribuir com o setor regulado e com o setor regulador.
50
6. REFERENCIAS
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