Controle de Qualidade de Água de Abastecimento

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  • Neste mdulo voc vai estudar

    4A importncia sanitria da qualidade da gua para a

    sade pblica

    4As diferentes etapas envolvidas no abastecimento

    da gua potvel

    4Os processos de tratamento da gua

    4Os principais parmetros para monitorar a qualida-

    de das guas

    4Os principais processos de purificao das guas

    MDULO 2

    CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUADE ABASTECIMENTO

  • CAPTULO 1 SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E TRATAMENTODE `GUA

    A `gua

    gua que entra em um estabelecimento de sade deve ter qua-

    lidade compatvel com seu uso. Um exemplo: a gua necessria

    para a limpeza dos corredores no precisa ter a mesma qualidade da gua

    utilizada nos laboratrios de anlises. Assim, para a obteno de diferentes

    qualidades de gua, necessrio que os tratamentos aplicados assim como os

    parmetros utilizados na avaliao destas guas sejam tambm diferenciados.

    Fica claro, ento, que a gua, quando no apresentar qualidade com-

    patvel com o seu uso, pode acarretar uma srie de problemas para o

    estabelecimento de sade, tanto na perspectiva tcnica como jurdica. Na

    perspectiva jurdica, por exemplo, h casos onde necessria a interdio

    das atividades do estabelecimento de sade. Casos como entupimento das

    canalizaes de vapores, que pode provocar exploses nas caldeiras e/ou

    autoclaves, so comumente enquadrados na perspectiva tcnica, mas, po-

    dem ser, inseridos tambm na perspectiva jurdica.

    Um exemplo de risco na utilizao da gua de qualidade imprpria o

    caso da contaminao dos pacientes por agentes patgenos quando da

    higienizao de ferimentos ou no processo de hemodilise. Fica evidente, en-

    to, a importncia do tratamento da gua atravs de anlises peridicas para

    avaliao de sua qualidade da nos estabelecimentos de sade.

    A gua sempre foi e sempre ser uma preocupao vital para todas as

    formas de vida. No incio do processo civilizatrio, os seres humanos habi-

    taram as vizinhanas de fontes, rios e lagos. A localizao deste recurso

    A

  • 96 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    natural condicionou, assim, o desenvolvimento da humanidade e ocupa um

    lugar de destaque nas discusses sobre o seu futuro.

    Os seres humanos so constitudos essencialmente por gua. Para subs-

    tituir a gua perdida durante os processos fisiolgicos, devemos

    ingeri-la vrias vezes ao dia.

    Uma quantidade maior de gua ser necessria se esta for utiliza-

    da para outros fins, tais como: higiene pessoal, lavagem de roupas e de

    louas. Um acesso fcil e, uma quantidade e qualidade suficientes de gua,

    principalmente para fins higinicos, so fundamentais para uma boa sade,

    ou, em outros termos, para se ter uma boa qualidade de vida.

    Em suma, levando-se em considerao o estilo de vida atual, a ingesto de

    vrios litros de gua por dia essencial para nossa sobrevivncia e bem-estar.

    A `gua na Natureza

    A gua abrange quase 4/5 da superfcie terrestre; deste total, 97,0%

    referem-se aos mares e os 3% restantes, s guas-doces. Quanto s guas-

    doces, 2,7% so formadas por geleiras, vapor-dgua e lenis existentes em

    grandes profundidades (mais de 800 m); no entanto, no economicamente

    vivel seu aproveitamento para o consumo humano. Em conseqncia, cons-

    tata-se que somente 0,3% do volume total de gua do planeta pode ser

    aproveitado para nosso consumo, sendo 0,01% encontrado em fontes de su-

    perfcie (rios, lagos) e o restante, ou seja, 0,29%, em fontes subterrneas

    (poos e nascentes). A precipitao pluvial mdia anual na Terra de apro-

    Processos fisiolgicos urina, suor, lgrimas e res-pirao.

    GR`FICO 1 DISTRIBUIO DA `GUA NO PLANETA

  • 97MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    ximadamente cerca de 860 mm. Entre 70% e 75% dessa precipitao volta

    atmosfera.

    Esses nmeros permitem concluir que a gua no um recurso ines-

    gotvel e, portanto, devemos us-la de forma racional, eliminando os maus

    costumes que levam ao desperdcio deste recurso valioso.

    Aqui cabe uma pergunta: qual o comportamento da gua em nosso

    planeta? Para comear a responder vejamos a seguir como se constitui o

    ciclo hidrolgico.

    Ciclo Hidrolgico

    O ciclo hidrolgico o contnuo movimento da gua em nosso planeta

    (Figura 6). a representao do comportamento da gua no globo terrestre,

    incluindo ocorrncia, transformao, movimentao e relaes com a vida

    humana. um verdadeiro retrato dos vrios caminhos da gua em interao

    com os demais recursos naturais.

    Figura 6 Ciclo hidrolgico (LORA, 2000)

  • 98 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Como podemos observar, a gua percorre os diferentes compartimentos

    (ar, solo, sedimento) que compem os ecossistemas. Neste ciclo hidrolgico, a

    gua entra em contato com diferentes substncias qumicas e, como a gua

    considerada o solvente universal, fica fcil de entender por que as

    guas de localidades diferentes apresentam composies diferenciadas.

    DOENAS RELACIONADAS COM A ` GUA

    A gua pode afetar a sade do homem de diversas ma-

    neiras:

    1. na ingesto direta;

    2. na preparao de alimentos;

    3. na higiene pessoal;

    4. na agricultura;

    5. na higiene do ambiente;

    6. nos processos industriais ou nas atividades de lazer.

    Os riscos para a sade relacionados com a gua podem ser distribu-

    dos em duas categorias:

    4 riscos relacionados com a ingesto de gua conta-

    minada por agentes biolgicos atravs de contato

    direto, ou por meio de insetos vetores que necessi-

    tam da gua em seu ciclo biolgico;

    4 riscos derivados de poluentes qumicos e radioati-

    vos, geralmente efluentes de esgotos industriais, ou cau-

    sados por acidentes ambientais.

    As bactrias patognicas encontradas na gua e/ou alimentos constitu-

    em uma das principais fontes de morbidade e mortalidade em nosso meio.

    Elas so responsveis por inmeros casos de enterites, diarrias infantis e

    Solvente universal dissolveum grande nmero de substn-cias, as quais passam a fazerparte de sua constituio.

    Os principais agentes biolgicos encon-trados nas guas contaminadas so asbactrias patognicas, os vrus e os pa-rasitas (NEVES, 1988; PEREIRANETO, 1993).

  • 99MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    doenas epidmicas, que podem resultar em casos letais.

    No Brasil existem 5,5 milhes de casos de esquistossomose.

    J a desidratao causada por diarria responsvel por 30% das mortes de

    crianas com menos de 1 ano de idade. No mundo, 10 milhes de pessoas

    morrem todo ano por doenas transmitidas atravs da gua. A OMS estima

    que 80% de todas as doenas existentes no mundo esto associadas m

    qualidade da gua. A Tabela1 nos mostra os principais tipos de doenas

    relacionadas com a gua, bem como as medidas profilticas para evitar

    esses problemas de sade.

    Os riscos relacionados com derivados de poluentes qumicos e radioa-

    tivos presentes na gua so difceis de sere avaliados, pois geralmente a

    fonte poluidora difusa (ex: adubos usados na agricultura). Os efeitos txi-

    cos dessas guas contaminadas so perceptveis somente quando o nvel de

    contaminao elevado. Alm do mais, existem inmeros compostos qu-

    micos solveis que so de difcil deteco analtica.

    Transmisso

    Pela gua

    Doena

    Clera

    Febre tifide

    Leptospirose

    Giardase

    Amebase

    Hepatite infecciosa

    Diarria aguda

    Agente Patognico

    Vibrio cholerae

    Salmonella typhi

    Leptospira interrogans

    Giardia lamblia

    Entamoeba histolytica

    Hepatite virus A

    Balantidium coli,Cryptosporidium, Baccilus cereus,S.aureus, Campylobacter, E. colienterotoxognica e enteropatogni-ca, Shigella, Yersiniaenterocolitica, Astrovirus, Calicivi-rus, Norwalk,Rotavirus A e B

    Medidas Profilticas

    Implantar sistema de abastecimen-to e tratamento da gua, comfornecimento em quantidade equalidade para consumo, usodomstico e coletivo.

    Proteo de contaminao dosmananciais e fontes de gua.

    TABELA 1 TIPOS DE DOENAS VEICULADAS PELA `GUA

    continua

    Doenas epidmicas o clera ea febre tifide, por exemplo.

  • 100 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    A partir dessa viso geral sobre o grande nmero de doenas veicula-

    das pela gua, estudaremos, a seguir, aspectos essenciais referentes ao

    abastecimento de gua potvel.

    Sistemas de Abastecimento de `gua

    Um Sistema de Abastecimento de `gua caracteriza-se pela retirada da

    gua da natureza, da adequao de sua qualidade, do transporte at os aglo-

    merados humanos e fornecimento populao em quantidade e qualidade

    compatveis com suas necessidades (LEME, 1984).

    Transmisso

    Pela falta delimpeza,higienizaocom a gua

    Atravs devetores que serelacionamcom a gua

    Associada gua

    Doena

    Escabiose

    Pediculose (piolho)

    Tracoma

    Conjuntivitebacteriana aguda

    Salmonelose

    Tricurase

    Enterobase

    Ancilostomase

    Ascaridase

    Malria

    Dengue

    Febre amarela

    Filariose

    Esquistossomose

    Agente Patognico

    Sarcoptes scabiei

    Pediculus humanus

    Clamydia trachoma

    Haemophilus aegyptius

    Salmonella typhimurium

    Trichuris trichiura

    Enterobius vermiculares

    Ancylostoma duodenale

    Ascaris lumbricoides

    Plasmodium vivax, P. malarie e P.falciparum

    Grupo B dos arbovirus

    RNA virus

    Wuchereria bancrofti

    Schistosoma mansoni

    Medidas Profilticas

    Implantar sistema adequado deesgotamento sanitrio.

    Instalar abastecimento de guapreferencialmente com encanamen-to no domiclio.

    Instalar melhorias sanitriasdomiciliares e coletivas.

    Instalar reservatrio de guaadequado com limpeza sistemtica.

    Eliminar o aparecimento decriadouros com inspeosistemtica e medidas decontrole (drenagem, aterro eoutros).

    Dar destinao final adequada aosresduos slidos.

    Controle de vetores e hospe-deiros intermedirios.

    Fonte: adaptado de Saunders, 1976

  • 101MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Considerando o aspecto sanitrio e social, o abastecimento de gua

    visa:

    1. controlar e prevenir doenas;

    2. implantar hbitos higinicos na populao, como, por

    exemplo, a lavagem das mos, o banho e a limpeza de

    utenslios e higiene do ambiente;

    3. facilitar a limpeza pblica;

    4. facilitar as prticas desportivas;

    5. propiciar conforto, bem-estar e segurana;

    6. aumentar a expectativa de vida da populao;

    Considerando-se o aspecto econmico, com o abastecimento de gua

    possvel:

    1. aumentar a vida produtiva do indivduo, pelo aumen-

    to da vida mdia e pela reduo de afastamentos do

    trabalho causados por doenas;

    2. facilitar a instalao de indstrias, inclusive a de turis-

    mo, e, conseqentemente, o maior progresso das comu-

    nidades; e

    3. facilitar o combate a incndios.

    Soluo para Abastecimento de `gua

    Basicamente, existem dois tipos de soluo para o abastecimento

    de gua. A soluo coletiva aplica-se em reas urbanas e reas rurais

    com populao mais concentrada, com os custos de implantao dividi-

    dos entre os usurios. A soluo individual aplica-se, normalmente, em

    reas rurais de populao dispersa, ou quando a demanda de gua por

    um estabelecimento to grande que justifica a implantao de seu

    prprio sistema de abastecimento.

  • 102 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Mananciais para Abastecimento de `gua

    toda fonte de gua utilizada para abastecimento domstico, comerci-

    al, industrial e outros fins. De maneira geral, quanto origem, os mananciais

    so classificados em mancial superficial, mancial subterrneo e guas

    metericas.

    a) MANANCIAL SUPERFICIAL

    toda parte de um manancial que escoa na superfcie terrestre, com-

    preendendo os crregos, ribeires, rios, lagos e reservatrios artificiais. As

    precipitaes atmosfricas, logo que atingem o solo, podem se armazenar

    nas depresses do terreno, nos lagos e nas represas, ou alimentar os cursos

    dgua de uma bacia hidrogrfica, transformando-se, assim, em escoamento

    superficial. A outra parcela se infiltra no solo.

    A bacia hidrogrfica uma rea da superfcie terrestre, drenada por

    um determinado curso dgua e limitada perifericamente pelo divisor de

    guas (Figura 7). A rea drenada pelo rio principal chama-se bacia e as

    reas drenadas pelos afluentes chamam-se sub-bacias.

    Figura 7 Bacia hidrogrfica

  • 103MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    b) MANANCIAL SUBTERRNEO

    a parte do manancial que se encontra totalmente abaixo da superf-

    cie terrestre, compreendendo os lenis fretico e profundo, tendo sua

    captao feita atravs de poos rasos ou profundos, galerias de infiltrao

    ou pelo aproveitamento das nascentes.

    c) `GUAS METERICAS

    Compreendem a gua existente na natureza na forma de chuva, neve

    ou granizo.

    Escolha do Manancial

    A escolha do manancial se constitui na deciso mais importante na

    implantao de um sistema de abastecimento de gua, seja ele de carter

    individual ou coletivo. Havendo mais de uma opo, sua definio dever

    levar em conta, alm da predisposio da comunidade ou estabelecimento a

    aceitar, as guas do manancial a ser adotado. Os seguintes critrios devem

    ser observados na escolha (Fundao Nacional de Sade FUNASA, 2002):

    1 critrio anlise da qualidade da gua: indispensvel a realiza-

    o prvia de anlises de componentes orgnicos (ex.: pesticidas), inorgnicos

    (ex.: metais pesados) e bacteriolgicos (ex.: coliformes fecais) das guas do

    manancial, para verificao dos teores de substncias prejudiciais, limitados

    pela resoluo n 20 do CONAMA;

    2 critrio vazo da gua: clculo da vazo mnima do manancial

    necessria para atender demanda por um determinado perodo de anos;

    3 critrio iseno de tratamento: mananciais que dispensam tra-

    tamento da gua incluem guas subterrneas no sujeitas a qualquer possi-

    bilidade de contaminao;

    4 critrio desinfeco: mananciais que exigem apenas desinfec-

    o incluem as guas subterrneas e certas guas de superfcie bem prote-

    gidas, sujeitas a baixo grau de contaminao biolgica;

  • 104 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    5 critrio tratamento simplificado: mananciais que exigem tra-

    tamento simplificado compreendem as guas de mananciais protegidos,

    com baixos teores de cor e turbidez, sujeitas apenas a filtrao lenta e

    desinfeco;

    6 critrio tratamento convencional: mananciais que exigem tra-

    tamento convencional compreendem, basicamente, as guas de superfcie

    com turbidez elevada, que requerem tratamento compreendendo coagula-

    o, floculao, decantao, filtrao e desinfeo.

    Formas de Captao da `gua

    De acordo com o manancial a ser aproveitado, podem ser utilizadas as

    seguintes formas de captao:

    4superfcie de coleta (gua de chuva);

    4galeria filtrante (fundo de vales);

    4poo tubular profundo (lenol subterrneo);

    4tomada direta de rios, lagos e audes (mananciais de

    superfcie);

    4caixa de tomada (nascente de encosta);

    4poo escavado (lenol fretico).

    a `GUA DE CHUVA

    A gua de chuva pode ser armazenada em cisternas, que so peque-

    nos reservatrios individuais. A gua cai no telhado, escorrega pelas calhas,

    destas aos condutores verticais e, finalmente, ao reservatrio. Os reservat-

    rios mais simples encontrados nos estabelecimentos de sade so os de

    tambor metlico, de cimento amianto e os de plstico.

  • 105MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    b CAIXA DE TOMADA FONTE DE ENCOSTA

    O aproveitamento da gua de encosta realizado por meio da capta-

    o em caixa de tomada. Para prevenir a poluio da gua, essa caixa deve

    ter as paredes impermeabilizadas, tampa, canaletas para afastamento das

    guas de chuvas, bomba para retirada da gua, ser afastada de currais,

    pocilgas, fossas e ter sua rea protegida por uma cerca.

    c GALERIA DE INFILTRAO FONTE DE FUNDO DE VALE

    O aproveitamento da fonte de fundo de vale conseguido por meio de

    um sistema de drenagem sub-superficial, sendo, em certos casos, possvel usar

    a tcnica de poo raso para a captao da gua. Normalmente, a captao

    feita por um sistema de drenos que termina em um coletor central e deste vai a

    um poo. A construo e a proteo do poo coletor so feitas obedecendo-se

    aos mesmos requisitos usados para o poo raso ou fonte de encosta.

    d POOS ESCAVADOS

    Tambm conhecidos como poos rasos ou freticos, com dimetro

    mnimo de 90 centmetros, so destinados tanto ao abastecimento individual

    como coletivo. Esta soluo permite o aproveitamento da gua do lenol

    fretico, atuando, geralmente, entre 10 e 20 metros de profundidade, po-

    dendo-se obter de dois a trs mil litros de gua por dia.

    e POO TUBULAR PROFUNDO (POO ARTESIANO)

    Os poos tubulares profundos captam gua do reservatrio denomina-

    do artesiano ou confinado, localizado abaixo do lenol fretico, entre duas

    camadas impermeveis e sujeitas a uma presso maior que a atmosfrica.

    f CAPTAO DE `GUAS SUPERFICIAIS

    A captao de guas superficiais depende de cuidados que devem ser

    levados em conta quando da elaborao do projeto. Qualquer tipo de capta-

  • 106 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    o dever atender em qualidade e quantidade a demanda prevista da po-

    pulao futura no alcance do projeto.

    Dispositivos encontrados na captao das guas superficiais so (LEME,

    1984):

    4 Barragem de nvel: so obras executadas em um rio

    ou crrego, ocupando toda a sua largura, com a finalida-

    de de elevar o nvel de gua do manancial, acima de um

    mnimo conveniente e predeterminado;

    4 Grades: so dispositivos destinados a impedir a pas-

    sagem de materiais flutuantes e em suspenso, bem como

    slidos grosseiros, s partes subseqentes do sistema;

    4 Caixas de areia: so dispositivos instalados nas cap-

    taes destinados a remover da gua as partculas por ela

    carregadas com dimetro acima de um determinado valor.

    Um exemplo possvel das solues para tomada de gua em mananci-

    al de superfcie : Tomada de `gua Flutuante

    Essa a soluo ideal para a captao quando a Estao de Tratamento

    de `gua est prxima ao manancial, de modo a permitir um nico recalque

    (Figura 8).

    Figura 8 Esquema de Tomada de ` gua Flutuante

  • 107MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Abastecimento Pblico de ` gua

    Na perspectiva sanitria, a soluo coletiva a mais indicada, por ser

    mais eficiente para o controle dos mananciais e da qualidade da gua distri-

    buda populao.

    As solues individuais para as reas perifricas no devem ser des-

    prezadas, pois so teis, salvam muitas vidas e diminuem sofrimentos en-

    quanto se aguardam solues gerais, tais como o tratamento/distribuio da

    gua potvel, que envolve grandes gastos e, muitas vezes, so de

    implementao demorada.

    O Sistema Pblico de Abastecimento de `gua constitudo de:

    1. manancial;

    2. captao;

    3. aduo;

    4. tratamento;

    5. reservao;

    6. rede de distribuio;

    7. estaes elevatrias; e

    8. ramal predial.

    CARACTERIZAO DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    J vimos que, para se obter uma gua considerada potvel, devemos

    em primeiro plano avaliar as caractersticas do manancial a ser utilizado

    (OPAS, 1993; BARROS et al., 1995).

    No Brasil, os recursos hdricos so classificados segundo

    a Resoluo n 20 do CONAMA, de 18/06/1986, em nove classes,

    e para cada classe existem limites quantitativos para parmetros fsico-qu-

    micos e microbiolgicos.

    Recursos hdricos as guas do-ces, salobras e salinas

  • 108 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    A caracterizao da gua, para definio da qualidade, inclusive para

    a potabilidade da mesma, est relacionada com os aspectos fsicos, qumi-

    cos e microbiolgicos da seguinte forma:

    4 Aspectos fsicos - temperatura, turbidez, cor, gosto

    e odor, condutividade, slidos.

    4 Aspectos qumicos - acidez (pH), alcalinidade, agen-

    tes tensoativos sintticos, pesticidas, arsnio, brio, cd-

    mio, chumbo, cianeto, cloretos, cobre, cromo, flor, cl-

    cio e magnsio, dureza temporria (bicarbonatos de Ca,

    Mg), dureza permanente (sulfatos ou cloretos de Ca, Mg),

    ferro e mangans, fosfato, mercrio, nitratos e nitritos,

    selnio, sulfatos, zinco.

    4 Aspectos microbiolgicos coliformes (indicado-

    res biolgicos).

    Um estabelecimento de sade que compra gua potvel de um forne-cedor deve receb-la com uma qualidade compatvel com os limitese condies previstos nessa resoluo. Para tanto, o estabelecimen-to de sade deve requisitar empresa fornecedora da gua os laudosreferentes s anlises de controle da qualidade do produto. Almdisso, o estabelecimento de sade deve ter seu prprio controle.

    Tratamento de `gua

    A gua in natura nunca pura, ela contm solutos inorgnicos (ex.:

    clcio, magnsio), solutos orgnicos (ex: cidos hmicos) e tambm alguns

    gases dissolvidos (ex.: CO2, O

    2). Aps o ltimo contato com o solo, seja por

    percorrer a superfcie terrestre ou penetrar pelas camadas rochosas, as im-

    purezas contidas na gua so incrementadas devido ao grande poder de

    dissoluo que ela possui. Da a necessidade de se tratar essa gua antes

    de us-la (RICHTER e AZEVEDO Neto, 1991; DI BERNARDO, 1993; VON

    SPERLING, 1996).

    Resoluo do CONAMA n 20 de18/06/1986 www.mma.gov.br/port/conama/index.html

  • 109MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    MTODOS DE TRATAMENTO

    A escolha de processo de tratamento de gua depende muito do tipo

    de gua a ser tratada. A seguir, so apresentadas alguns tipos de processos

    clssicos de tratamento (CETESB, 1973; 1987).

    a) Fervura

    O mtodo mais seguro de tratamento para a gua de beber em reas

    desprovidas de outros recursos a fervura. Ferver a gua para beber um

    hbito que se deve infundir na populao para ser adotado quando sua

    qualidade no merea confiana durante a ocorrncia de epidemias ou de

    situaes de emergncia.

    b) Sedimentao Simples

    A gua tem grande poder de dissolver e de conduzir substncias. Esse

    poder aumenta ou diminui com a velocidade da gua em movimento. Ao

    diminuir a velocidade da gua, o seu poder de carrear substncias tambm

    diminui, pois estas se depositam no fundo. Alm disso, estas partculas

    slidas arrastam consigo microorganismos presentes na gua, o que melhora

    a qualidade desta. Obtm-se a sedimentao fazendo-se a gua passar ou

    ser retida a gua em reservatrios, onde sua velocidade diminui.

    Quando a gua captada em pequenas fontes superficiais, deve-se

    ter uma caixa de areia antes da tomada. A funo dessa caixa decantar

    a areia, protegendo a tubulao e as bombas contra a obstruo e o

    desgaste excessivo. Mesmo os filtros lentos devem ser protegidos por

    caixas de areia.

    c) Filtrao Lenta

    um mtodo de tratamento da gua adotado principalmente para co-

    munidades de pequeno porte, cujas guas dos mananciais apresen-

    tem baixos teores de turbidez e cor. O processo consiste em

    fazer a gua passar atravs de um meio granular com a finalida-

    de de remover impurezas fsicas, qumicas e biolgicas. Meio granular areia, porexemplo.

    Baixos teores de turbidez menor que 50 unidades deturbidez.

  • 110 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    d) Aerao

    A gua retirada de poos, fontes ou regies profundas de grandes

    represas pode ter ferro e outros elementos dissolvidos, ou ainda ter perdido

    o oxignio em contato com as camadas que atravessou e, em conseqncia,

    seu gosto desagradvel. Torna-se necessrio, portanto, arej-la para que

    melhore sua qualidade. Para as pequenas instalaes, a aerao pode ser

    feita no prprio reservatrio de gua; basta que este seja bem ventilado e

    que, ao passar para o reservatrio, a gua seja forada a uma queda livre.

    TRATAMENTO CONVENCIONAL COM COAGULAO, FLOCULAO, DECANTAO,FILTRAO, DESINFECO E FLUORETAO

    As guas que possuem partculas finamente divididas em suspenso e

    partculas coloidais necessitam de um tratamento qumico capaz de propiciar a

    deposio desses materiais, com um baixo perodo de deteno. Esse trata-

    mento realizado provocando-se a coagulao, sendo geralmente empregado

    o sulfato de alumnio ou o cloreto frrico. O sulfato de alumnio, normalmente,

    o produto mais utilizado, tanto pelas suas propriedades como pelo seu menor

    custo (Figura 9).

    a) Coagulao e Floculao

    Figura 9 Processo de tratamento convencional

  • 111MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Coagulao o processo de neutralizao das cargas negativas das

    partculas que faz com que estas se atraiam, promovendo aglomerao,

    formando partculas maiores, aumentando assim a velocidade

    de sedimentao. Os ctions de alumnio ou ferro so os

    mais utilizados para esse propsito.

    Floculao o processo fsico que promove a aglutinao das partcu-

    las j coaguladas, facilitando o choque entre elas devido agitao lenta

    imposta ao escoamento da gua. A formao de um floco de impureza

    facilita sua posterior remoo por sedimentao sob ao da gravidade,

    flotao ou filtrao. A dosagem ideal de produtos coagulantes e floculantes

    pode ser determinada experimentalmente atravs de teste laboratorial cha-

    mado Teste do Jarro.

    b) Decantao ou Sedimentao

    Os flocos do coagulante sero removidos da gua por sedimentao.

    Para isto podem ser usados decantadores convencionais (baixa taxa) e

    decantadores com escoamento laminar (elementos tubulares ou de placas),

    denominados decantadores de alta taxa. A funo do decantador em um

    tratamento de gua de abastecimento ou de guas residurias , como disse-

    mos, o de permitir que os flocos sedimentem-se, clarificando a gua.

    c) Filtrao

    A maioria das partculas fica retida no decantador, porm uma parte

    ainda persiste em suspenso, no seio da gua. Dessa forma, faz-se o lquido

    passar atravs de uma camada filtrante, constituda por um leito arenoso, de

    granulometria especificada, suportada por uma camada de cascalho. A gua

    filtrada, numa operao bem conduzida, lmpida. A remoo de bactrias

    nesse estgio j , no mnimo, igual a 90%. O principal fator influente na

    velocidade de filtrao a granulometria da areia, isto , o tamanho de seus

    gros. De acordo com essa granulometria, a filtrao pode ser lenta ou rpi-

    da. A camada filtrante dupla deve ser constituda de camadas sobrepostas de

    areia e antracito (carvo).

    Fonte de ctions de alumnio ouferro Al

    2(SO

    4)3.18 H

    2O

    FeCl3.6 H

    2O

  • 112 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    d) Correo de Acidez Excessiva

    obtida pelo aumento do pH, com a adio de cal ou carbonatos

    (calcreos). Nas reas rurais, consegue-se a correo fazendo-se a gua

    passar por um leito de pedra calcria.

    e) Remoo de Odor e Sabor Desagradveis

    Depende da natureza das substncias que os provocam. Como mtodos

    gerais, usam-se:

    a) carvo ativado;

    b) filtrao lenta;

    c) tratamento completo.

    f) Desinfeco

    Desinfectar uma gua significa eliminar os microorganismos patognicos

    presentes. D-se o nome de clorao operao de injeo de um compos-

    to qumico clorado, altamente oxidante, na gua. A finalidade dessa opera-

    o oxidar os materiais de origem orgnica, principalmente, quando a

    clorao efetuada logo aps a captao de gua, ela chamada de pr-

    clorao e tem por objetivo oxidar as matrias visando modificar o carter

    qumico da gua. Tecnicamente, aplica-se a simples desinfeco como meio

    de tratamento para guas que apresentam boas caractersticas fsicas e qu-

    micas, a fim de garantir seu aspecto bacteriolgico. o caso das guas de

    vertentes ou nascentes, guas de fontes ou de poos protegidos, que se

    encontram enquadradas na classe Especial da Resoluo CONAMA n 20/

    86. Na prtica, a simples desinfeco, sem outro tratamento, muito aplica-

    da. Em pocas de surtos epidmicos, a gua de abastecimento pblico deve

    ter a dosagem de desinfetante aumentada. Em casos de emergncias, deve-

    se garantir, por todos os meios, a gua potvel, e a desinfeco, em alguns

    casos, mais prtica que a fervura. A desinfeco tambm aplicada

    gua aps seu tratamento (clarificao), para eliminar microorganismos

    patognicos porventura presentes no sistema de distribuio.

  • 113MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Mtodos Qumicos de Desinfeco: Possibilidades de Uso

    Vrios fatores devem ser considerados na escolha do produto/proces-

    so de desinfeo, destacando-se custos, poder de desinfeo, facilidade de

    aplicao/manuseio e ao residual, isto , se o agente desinfetante conti-

    nua sua ao depois de ter sido aplicado (DANIEL, 2001).

    Oznio (O3): um desinfetante poderoso. No deixa cheiro na gua

    mas origina um sabor especial, ainda que no desagradvel. Apresenta o

    inconveniente de no ser um mtodo prtico e de no ter ao residual.

    Iodo (I2): desinfeta bem a gua aps um tempo de contato de meia

    hora. , entretanto, economicamente invivel para ser empregado em siste-

    mas pblicos de abastecimento de gua.

    Prata (Ag+): bastante eficiente; sob forma coloidal ou inica no

    deixa sabor nem cheiro na gua e tem uma ao residual satisfatria. Porm,

    para guas que contenham certos tipos de substncias, tais como cloretos,

    sua eficincia diminui consideravelmente.

    Cloro (Cl2): constitui o mais importante entre todos os elementos

    utilizados na desinfeco da gua. Alm dessa aplicao, ele tambm

    usado no tratamento de guas para:

    4 eliminar odores e sabores;

    4 auxiliar no combate proliferao de algas;

    4 auxiliar na coagulao de matrias orgnicas;

    4 colaborar na eliminao de matrias orgnicas; e

    4 diminuir a intensidade da cor.

    O cloro o desinfetante mais empregado e considerado bom porque:

    4 age sobre os microorganismos patognicos presentes

    na gua;

    4 no nocivo ao homem na dosagem requerida para

    desinfeco;

  • 114 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    4 apresenta baixo custo;

    4 no altera outras qualidades da gua depois de

    aplicado;

    4 de aplicao relativamente fcil;

    4 deixa um residual ativo na gua, isto , sua ao

    continua depois de aplicado; e

    4 tolerado pela grande maioria da populao.

    FLUORETAO DAS `GUAS

    Com a descoberta da importncia dos sais de flor na preveno da

    crie dental, quando aplicados aos indivduos na idade suscetvel, isto , at

    os 14 anos de idade, generalizou-se a tcnica de fluoretao de abasteci-

    mento pblico como meio mais eficaz e econmico de controle da crie den-

    tal. As aplicaes no abastecimento de gua fazem-se por meio de aparelhos

    dosadores, sendo usados o fluoreto de sdio (NaF), o fluorsilicato de sdio

    (Na2SiF

    6), o cido fluorsilcico (H

    2SiF

    6) e fluoreto de clcio (CaF

    2).

    CASOS ESPECIAIS

    Quando o estabelecimento de sade utilizar outra fonte de gua (ex.:

    poo artesiano), sugere-se a seqncia de tratamento descrita na figura 10

    para se obter uma gua com alto grau de pureza.

  • 115MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Essa seqncia de tratamento necessita um alto investimento inicial e

    uma manuteno permanente. Geralmente, opta-se por um sistema de abaste-

    cimento prprio quando se dispe de um grande manancial de gua prximo

    ao estabelecimento de sade, no qual o consumo muito alto. A gua obtida

    em um poo artesiano pode conter vrios tipos de ons, o que confere a essa

    gua um certo grau de salinidade e de dureza. Assim, um tratamento inicial com

    uma resina e uma torre de descarbonao eliminaro essas impurezas. O filtro

    de areia e os pr-filtros consecutivos filtram as partculas que porventura ainda

    estejam presentes na gua. Depois da Desinfeco por Clorao, a gua j

    pode ser considerada potvel, mas so os resultados das anlises que permiti-

    ro classificar essa gua como sendo potvel. Em seguida, essa gua pode

    passar por uma srie de tratamentos, dependendo do uso a que ela esteja

    destinada. O Captulo 2 detalhar estes tratamentos.

    EXEMPLO:POO ARTESIANO

    `GUA PARA USO GERAL

    `GUA PARA USOSESPECFICOS

    gua dura + ons

    Resina catinica

    Filtro de areia

    Pr-filtrosconsecutivosde 10 a 5 mm

    Torre de descarbonao

    Tanque de colorao(resduo final de 2 a 5 ppm)

    Filtros de carvo

    Pr-filtro decartucho

    Deionizador

    Pr-filtro de 1 mm

    Tanque de gua

    Osmose reserva Rejeito

    Reservatrio 2Reservatrio 1

    Figura 10 Seqncia detratamento para obter gua pura.

  • 116 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    RESUMO

    A gua imprescindvel para todas as formas de vida. O ser humanodesenvolveu maneiras de captar, armazenar e tratar a gua para diver-sos uso. Para tanto, muitas tcnicas foram desenvolvidas e suas aplica-es dependem de consideraes socioeconmico-geogrficas. Em ter-mos de sade, a gua natural pode conter milhes e milhes demicroorganismos ou outras propriedades fsico-qumicas que podemtrazer problemas de sade para quem a ingere. Nesse sentido, muitaateno est sendo dada qualidade da gua.

    Neste captulo, vimos os primeiros passos para atingirmos a auto-suficincia na questo do abastecimento de gua, bem como vimos osprocessos que levam a gua natural (quando imprpria para consumo)a se tornar potvel e fonte de sade. Mais detalhes tcnicos sobre ostemas abordados, assim como a legislao pertinente, podem ser en-contrados no seguinte endereo: www.funasa.gov.br/pub/manusane/manusan00.htm

  • 117MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    REFERNCIAS BIBLIOGR`FICAS

    BARROS, R. T. V. et al. Saneamento. Belo Horizonte: Escola deEngenharia da UFMG, 1995. 221 p. Manual de Saneamento e ProteoAmbiental para os Municpios, 2.

    BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria n. 36, de 19 de janeiro de 1990.Dispe sobre as normas e padres de potabilidade de gua para consumohumano. Dirio Oficial, 23 jan. 1990, Seo I.

    CASTRO, P. S.; VALENTE, F. Aspectos tcnico-cientficos domanejo de bacias hidrogrficas. Viosa, MG: Universidade Federalde Viosa, 1997.

    CETESB. Operao e manuteno de ETA. So Paulo: CETESB/ASCETESB, 1973. Patrocinado pelo convnio BNH/ABES/CETESB, 8. v. 2.

    CETESB. Tcnica de abastecimento e tratamento de gua:tratamento de gua. 3. ed. So Paulo: CETESB/ASCETESB, 1987. v. 2.

    CETESB. Guia de coleta e preservao de amostras de guas.So Paulo: CETESB/ASCETESB, 1998. cap. 3, 5.

    CONAMA. Resoluo n. 20, de 18 de junho de 1986. Estabelececlassificao das guas doces, salobras e salinas do territrio nacional.

    DANIEL, L. A. Processos de desinfeco e desinfetantes alternativos na produode gua potvel. So Carlos: PROSAB, 2001. ISBN: 85-86552-18-6.

    DI BERNARDO, L. Mtodos e tcnicas de tratamento e gua. Riode Janeiro: ABES, 1993. v. 2, cap. 15.

    FUNASA. Publicaes tcnicas e cientficas. Disponvel em:. Acesso em: 4 out. 2002.

    LEME, F. P. Engenharia do saneamento ambiental. Rio de Janeiro:Livros Tcnicos e Cientficos, 1984. ISBN: 85-216-0342-8.

    LORA, E. E. S. Preveno e controle da poluio nos setoresenergtico, industrial e de transporte. Braslia: ANEEL, 2000.ISBN: 85-87491-04-0.

    NEVES, D. P. Parasitologia humana. 7. ed. So Paulo: Atheneu, 1988.

    PEREIRA NETO, J. T. Ecologia, meio ambiente e poluio. Viosa:Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Viosa, 1993.

    RICHTER, C.; AZEVEDO NETTO, J. M. Tratamento de gua:tecnologia atualizada. So Paulo: Edgard Blucher, 1991.

    SAUNDERS, R. J. Abastecimento de gua em pequenas comunidades:aspectos econmicos e polticos nos pases em desenvolvimento. Rio de Janeiro:ABES/BNH, Braslia: CODEVASF, 1983. 252 p.

    VON SPERLING, M. Princpios do tratamento biolgico de guasresidurias: introduo qualidade das guas e ao tratamento de esgotos.2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 1996. v. 1. ISBN: 85-7041-114-6.

  • 118 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    SAIBA MAIS

    4www.who.int/phe

    4www.ana.gov.br

    4www.funasa.gov.br/pub/manusane/manusan00.htm

    4www.tratamentodeagua.com.br/agua/agua.htm

    4www.ocaminhodaagua.hpg.ig.com.br/as.html

    4www.saneamentobasico.com.br

    4www.sabesp.com.br

    4www.hypocal.com.br

    4www.universidadedaagua.org.br

    4www.cetesb.com.br

    4www.sanepar.pr.gov.br/prosab

  • 119MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    ATIVIDADE DE AUTO-AVALIAO

    Assinale V para as afirmaes verdadeiras e F para as falsas:

    a. ( ) Clera, febre tifide, amebase, hepatite e diarria sodoenas relaconadas contaminao da gua.

    b. ( ) Lenol fretico um manancial subterrneo de gua muitopura (sem contaminantes).

    c. ( ) A fervura um mtodo de desinfeco da gua muito tilpara reas onde no se tem tratamento da gua.

    d. ( ) A maioria absoluta da populao ferve a gua antes deingeri-la.

    e. ( ) Decantao, coagulao-floculao, filtrao, desinfecoe fluoretao fazem parte de um sistema convencional de tratamen-to da gua.

    f. ( ) O pH o principal parmetro usado para corrigir a durezada gua.

    g. ( ) Oznio, iodo, prata e cloro fazem parte dos principaismtodos qumicos de desinfeco da gua.

    h. ( ) As grades de reteno de material flutuante s devem serusadas nas estaes de purificao da gua.

    i. ( ) O sulfato de alumnio muito utilizado para desinfectar agua contaminada.

    j. ( ) Quando a gua captada em pequenas fontes superficiais,no necessrio ter uma caixa de areia para proteger a tubulao.

  • 120 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    EXERCCIOS PARA ELABORAO DO PLANO

    Com base no que vimos at agora, preencha o for-

    mulrio FCA-01 (Sistema de Abastecimento de ` gua),

    com as caractersticas das fontes de captao da gua

    utilizada para as diferentes finalidades no estabele-

    cimento. No caso de captao de gua da rede pbli-

    ca, procure saber qual a origem desta gua (rio, poo

    artesiano).

  • 121MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    CAPTULO 2 ARMAZENAMENTO E MONITORAMENTODA QUALIDADE DA `GUA

    consumo de gua por um estabelecimento de sade varia em

    funo dos tipos de procedimentos realizados no cotidiano. A

    OMS estima que um estabelecimento de sade de porte mdio consuma

    cerca de 230 litros de gua por dia/paciente. A grande maioria dos estabe-

    lecimentos de sade tem acesso gua fornecida por companhias pblicas

    ou privadas. Alguns estabelecimentos de sade tm uma fonte prpria de

    abastecimento de gua (ex. poo artesiano) ou utilizam os dois sistemas

    simultaneamente

    Neste captulo, consideramos que a gua que chega ao estabelecimen-

    to de sade satisfaz os critrios de potabilidade definidos pela CONAMA.

    Se o estabelecimento de sade possuir sistema de abastecimento prprio, o

    sistema utilizado para garantir a potabilidade da gua depender da qualida-

    de do manancial. As tcnicas de tratamento utilizadas para esse fim enqua-

    dram-se entre as estudadas no Captulo 1 desta Unidade.

    O estabelecimento de sade deve possuir os laudos (ou cpias) que ates-

    tam a qualidade da gua utilizada, independentemente de sua origem. Alm dos

    laudos, o estabelecimento de sade pode exigir tambm informaes sobre o

    sistema de tratamento de gua utilizado para potabilizar a gua, quando esta

    comprada de um fornecedor. A gua potvel que chega a um estabeleci-

    mento de sade inicialmente ser armazenada em reservatrios. Um trata-

    mento mais especfico poder ser necessrio dependendo do uso e destino

    da gua. As anlises prvias sobre a qualidade da gua que orientaro

    sobre qual o tratamento mais adequado para tornar a gua til nos casos

    mais especficos. O esquema a seguir mostra-nos as diferentes possibilida-

    des de uso da gua nos estabelecimentos de sade, bem como os riscos

    envolvidos no tratamento/armazenamento ineficaz dessa gua.

    Owww.who.int

    Resoluo n 20/86

  • 122 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Riscos Associados a um Tratamento/ArmazenamentoIneficiente da `gua

    Caldeiraria e Canalizaes (Cozinha, Lavanderia,Climatizao)

    4Corroso

    4Incrustaes

    4Exploses

    Geral (Limpeza,

    Lavanderia)Cozinha

    Caldeiraria/

    Canalizaes

    LaboratriosAnlises e Pesqui-

    sas

    Dilise

    Usos

    Farmcia

    Tipos de`guas

    Potvel Potvel Sem Dureza Pura e UltrapuraPura ou

    UltrapuraPura e

    Ultrapura

    `gua no estabelecimento desade

  • 123MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Laboratrio de Anlises Bioqumicas ou de Pesquisa

    4Danos aos sistemas de purificao/ultrapurificao da gua

    4Danos nos aparelhos/equipamentos analticos

    4Contaminao da vidraria

    4Interferncia nos resultados analticos

    4Contaminao dos meios de cultura

    Farmcia

    4Danos aos sistemas de purificao da gua

    4Contaminao das vidrarias e solues

    4Contaminao de medicamentos

    Dilise

    4Danos aos sistemas de purificao/ultrapurificao da gua

    4Danos nos aparelhos de dilise

    4Contaminao dos pacientes por substncias qumicas

    4Contaminao dos pacientes por microorganismos (ex.,

    choque sptico)

    Geral

    4Gosto desagradvel na gua potvel

    4Ineficcia da higienizao

    4Contaminao por microorganismos

  • 124 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    A seguir, detalharemos alguns aspectos com relao ao armazenamento

    e tratamento/purificao da gua Fundao Nacional da Sade (FUNASA).

    Processos de Limpeza e Desinfeco de Reservatriose Caixas d`gua

    Reservatrios

    Os reservatrios so sempre um ponto susceptvel de contaminao no

    sistema de distribuio de gua. Para evitar sua contaminao, necessrio que:

    1 sejam protegidos com estrutura adequada, tubo de

    ventilao, impermeabilizao, cobertura, sistema de dre-

    nagem, abertura para limpeza, registro de descarga, in-

    dicador de nvel e sada para o lquido excedente;

    2 Sua limpeza e desinfeco sejam realizadas rotinei-

    ramente (no mnimo semestralmente);

    3 seja observada a capacidade de reservao, reco-

    mendando-se que o volume armazenado seja igual ou

    maior que 1/3 do volume de gua consumido referente

    ao dia de maior consumo. Especificamente para a lavan-

    deria, o volume armazenado deve ser igual ou maior

    que 100% do volume de gua consumido de acordo com

    a capacidade nominal mxima instalada.

    De acordo com sua localizao e forma construtiva, os reservatrios

    podem ser:

  • 125MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    4reservatrio de montante: situado no incio da rede

    de distribuio, sendo sempre o fornecedor de gua

    para a rede;

    4reservatrio de jusante: situado no extremo ou em

    pontos estratgicos do sistema, podendo fornecer ou

    receber gua da rede de distribuio;

    4elevados: construdos sobre colunas quando h neces-

    sidade de aumentar a presso em conseqncia de con-

    dies topogrficas;

    4apoiados, enterrados e semi-enterrados: aqueles cujo

    fundo est em contato com o terreno.

    Materiais utilizados na construo de reservatrios:

    4concreto armado;

    4ao;

    4fibra de vidro;

    4alvenaria;

    4argamassa armada;

    4ferrocimento.

    PROTEO

    A proteo do poo escavado ou reservatrios semi-enterrados tm a

    finalidade de dar segurana sua estrutura e, principalmente, evitar a con-

    taminao da gua.

    A seguir, apontamos os possveis meios de contaminao do poo e as

    respectivas medidas de proteo.

  • 126 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Infiltrao de guas da superfcie, atravs do terreno,atingindo a parede e o interior do poo:

    4proteo: impermeabilizar a parede at a altura mnima de trsmetros e construir plataforma (calada) de concreto com um metrode largura, em volta da boca do poo;

    4sabe-se que, durante a infiltrao das guas de superfcie noterreno, suas impurezas ficam retidas numa faixa do solo, a qual,para segurana dos poos, indicada com trs metros. Por essarazo, o revestimento impermeabilizado deve atingir essa cota. Aconstruo da calada, em volta do poo, evita lamaal e impede,tambm, a infiltrao das guas de superfcie na rea.

    Escoamento de guas da superfcie e enxurradas atravsda boca do poo para seu interior:

    4proteo: construir uma caixa (camisa) sobre a boca dopoo, feita de concreto ou alvenaria de tijolos. A referidacaixa poder ser construda, fazendo-se o prolongamentoexterno da parede de revestimento do poo. Dever ter alturaentre 50 e 80 centmetros, a partir da superfcie do solo.

    Entrada de objetos contaminados, animais, papis,etc., atravs da boca do poo:

    4proteo: fechar a caixa da boca do poo com coberturade concreto ou de madeira, deixando abertura de inspeocom tampa de encaixe.

    DESINFECO

    Aps a construo ou qualquer reparo em poos ou reservatrios, os

    mesmos devero ser desinfetados. S assim a gua a ser fornecida estar em

    condies de uso.

    Quantidade de desinfetante a usar:

    4 soluo a 50mg/l de Cl2 - tempo de contato 12 horas;

    4 soluo a 100mg/l de Cl2 - tempo de contato 4 horas;

    4 soluo a 200mg/l de Cl2 - tempo de contato 2 horas.

  • 127MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    PASSOS NA DESINFECO:

    4calcular o volume ou capacidade do reservatrio ou

    poo a ser desinfetado, em unidades cbicas;

    4calcular o desinfetante a ser usado;

    4preparar a soluo desinfetante a 5%, pesando o pro-

    duto e despejando-o em gua limpa. Agitar bem e de-

    pois deixar em repouso;

    4desprezar a borra e derramar a soluo no poo.

    Observaes:

    4A desinfeco com soluo forte de 100 mg/l de Cl2 deve serprecedida de limpeza, com escovas, de todas as superfcies dopoo, paredes, face interna da tampa, tubo de suco.

    4As amostras para anlise bacteriolgica devem ser colhidas apsas guas no apresentarem mais nenhum odor ou sabor de cloro.

    4A desinfeco de um poo elimina a contaminao presente nomomento, mas no tem ao sobre o lenol de gua propriamentedito, cuja contaminao pode ocorrer antes, durante e depois dadesinfeco do poo.

    Reservatrios domiciliares para gua (caixas dgua)

    Os reservatrios domiciliares so pontos fracos do sistema, onde a gua

    est mais sujeita contaminao. Sua limpeza e desinfeco devem ser reali-

    zadas periodicamente. A seguir, sero mostradas as instrues para melhor

    limpeza e desinfeco de caixa dgua:

    1 - feche o registro impedindo a entrada de gua na

    caixa ou amarre a bia;

    2 - esvazie a caixa dgua abrindo as torneiras e dando

    descargas;

    3 - firme bem a escada e tenha cuidado com fios eltricos;

  • 128 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    4 - quando a caixa estiver quase vazia, tampe a sada

    para que a gua que restou seja usada na limpeza, e

    para que a sujeira no desa pelo cano. Esfregue as

    paredes e o fundo da caixa;

    5 - use somente panos e escova para a limpeza;

    6 - nunca use sabo, detergente ou outros produtos;

    7 - retire a gua e o material que restaram da limpeza

    (balde, escova e panos), deixando a caixa totalmente

    limpa;

    8 - deixe entrar gua na caixa at encher e acrescente 1

    litro de gua sanitria para cada 1.000 litros de gua;

    9 - no use de forma alguma esta gua por 2 horas;

    10 - passadas essas duas horas, feche o registro ou a

    bia para no entrar gua na caixa;

    11 - ao esvaziar a caixa, esta gua servir tambm para

    limpar e desinfetar os canos;

    12 - Tampe a caixa dgua para que no entrem peque-

    nos animais ou insetos;

    13 - anote do lado de fora da caixa a data da limpeza; e

    14 - finalmente abra a entrada de gua.

  • 129MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Monitoramento da ` gua Consumida

    Aps os processos de tratamento e armazenamento, a gua dever

    encontrar-se dentro dos padres de potabillidade para consumo humano

    (OPAS, 1987; MINISTRIO DA SADE, 2000).

    Definies Importantes

    4`gua potvel gua para consumo humano cujos parmetros

    microbiolgicos, fsicos, qumicos e radioativos atendam ao padro de

    potabilidade e que no ofeream riscos sade.

    4Vigilncia da qualidade da gua para consumo humano con-

    junto de aes adotadas continuamente pela autoridade de sade pblica

    para verificar se a gua consumida pela populao atende aos padres

    legais e para avaliar os riscos que os sistemas e as solues alternativas de

    abastecimento de gua representam para a sade humana.

    4Coliformes totais (bactrias do grupo coliforme) bacilos gram-

    negativos, aerbios ou anaerbios facultativos, no formadores de esporos,

    oxidase-negativas, capazes de se desenvolver na presena de sais biliares ou

    agentes tensoativos que fermentam a lactose com produo de cido, gs e

    aldedo a 35,0 0,5 oC em 24-48 horas, e que podem apresentar atividade da

    enzima -galactosidase. A maioria das bactrias do grupo coliforme pertence

    aos gneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, embora vrios

    outros gneros e espcies pertenam ao mesmo grupo.

    4Coliformes termotolerantes subgrupo das bactrias do grupo

    coliforme que fermentam a lactose 44,5 0,2 oC em 24 horas; tem como

    principal representante a Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal.

    4Escherichia coli - bactria do grupo coliforme que fermenta a

    lactose e manitol, com produo de cido e gs a 44,5 0,2 oC em 24 horas;

    produz indol a partir do triptofano, oxidase negativa, no hidroliza a uria e

    apresenta atividade das enzimas -galactosidase e -glucoronidase, sendo

    considerada o indicador mais especfico de contaminao fecal recente e de

    eventual presena de organismos patognicos.

  • 130 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    4Contagem de bactrias heterotrficas determinao da densida-

    de de bactrias que so capazes de produzir unidades formadoras de colnias

    (UFC), na presena de compostos orgnicos contidos em meio de cultura

    apropriada, sob condies preestabelecidas de incubao: 35,0 0,5 oC por

    48 horas.

    4Cianobactrias microorganismos procariticos autotrficos, tam-

    bm denominados como cianofceas (algas azuis), capazes de ocorrer em

    qualquer manancial superficial, especialmente naqueles com elevados n-

    veis de nutrientes (nitrognio e fsforo), podendo produzir toxinas com

    efeitos adversos sade.

    4Cianotoxinas toxinas produzidas por cianobactrias que apre-

    sentam efeitos adversos sade por ingesto oral, incluindo:

    a) microcistinas: hepatotoxinas heptapeptdicas cclicasproduzidas por cianobactrias, com efeito potente de inibi-o de protenas fosfatases dos tipos 1 e 2A e promotorasde tumores;

    b) cilindrospermopsina: alcalide guanidnico cclicoproduzido por cianobactrias, inibidor de sntese protica,predominantemente hepatotxico, apresentando tambm efeitoscitotxicos nos rins, bao, corao e outros rgos;

    c) saxitoxinas - grupo de alcalides carbamatos neurotxicosproduzido por cianobactrias, no sulfatados (saxitoxinas) ousulfatados (goniautoxinas e C-toxinas) e derivados do decarbamil,apresentando efeitos de inibio da conduo nervosa por bloqueiodos canais de sdio.

    Padres de Potabilidade

    A gua prpria para o consumo humano, ou gua pot-

    vel, deve obedecer a certos requisitos de ordem fsico-qumica

    e microbiolgica.

    Resoluo n 20 do CONAMA de18/06/1986, www.mma.gov.br/port/conama/index.htmlPortaria n 1469 do Ministrio da Sa-de - Norma de qualidade de gua paraconsumo humano,de 29/12/2000 .

  • 131MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    a) MICROBIOLGICOS

    A gua normalmente habitada por vrios tipos de microorganismos

    de vida livre e no parasitria, que dela extraem os elementos indispens-

    veis sua subsistncia. Ocasionalmente, so a introduzidos organismos

    parasitrios e/ou patognicos que, utilizando a gua como veculo, podem

    causar doenas, constituindo, portanto, um perigo sanitrio potencial. in-

    teressante notar que a quase-totalidade dos seres patognicos incapaz de

    viver em sua forma adulta ou reproduzir-se fora do organismo que lhe serve

    de hospedeiro e, portanto, tem vida limitada quando se encontra na gua,

    isto , fora do seu habitat natural. A gua potvel deve estar em conformi-

    dade com o padro microbiolgico, conforme Tabela 2.

    TABELA 2 PADRO MICROBIOLGICO DE POTABILIDADE DA `GUA PARA CONSUMO HUMANO

    b) FSICO-QUMICOS

    Alguns dos parmetros fsico-qumicos de potabilidade para consumo

    humano so mostrados na Tabela 3. Recomenda-se que o teor mximo de

    cloro residual livre (excesso de cloro na gua para prevenir a contaminao

    por microorganismos), em qualquer ponto do sistema de abastecimento,

    seja de 2.0 mg/l.

  • 132 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    TABELA 3 ALGUNS PADRES FSICO-QUMICOS DE POTABILIDADE DA `GUA PARACONSUMO HUMANO

    As metodologias analticas para determinao dos parmetros fsicos,

    qumicos, microbiolgicos e de radioatividade devem atender:

    1. s normas nacionais que disciplinem a matria;

    2. s normas da edio mais recente da publicao Stan-

    dard Methods for the Examination of Water and Was-

    tewater, de autoria das instituies American Public He-

    alth Association (APHA), American Water Works Associ-

    ation (AWWA) e Water Pollution Control Federation

    (WPCF); ou

    3. s normas publicadas pela ISO (International Standar-

    tization Organization).

    NOTAS: (1) Valor mximo permitido. (2) Unidade Hazen (mg Pt-Co/L). (3) critrio dereferncia (4) Unidade turbidez

    www.iso.ch

  • 133MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Planejamento e Coleta de Amostras de `gua para Anlise

    A qualidade da gua avaliada por meio de anlises. Analisar toda a

    massa de gua destinada ao consumo impraticvel; por isso, colhem-se

    amostras e, atravs de sua anlise conclui-se qual a qualidade da gua. Os

    mtodos de anlise, fixam o nmero de amostras e o volume de gua neces-

    srio, a fim de que o resultado seja o mais correto possvel ou, em outras

    palavras, represente melhor o que realmente se passa em uma massa lquida

    cuja qualidade se deseja saber.

    O resultado da anlise de uma amostra de gua revela, unicamente, as

    caractersticas apresentadas pela gua no momento em que foi coletada. A

    amostra de gua para anlises fsico-qumicas comuns deve ser coletada em

    frasco apropriado e convenientemente tampado. As amostras devem ser envia-

    das com a mxima brevidade ao laboratrio. Planejamento a elaborao de

    um roteiro para realizao de determinada tarefa. Ao coletar um material,

    deve-se realizar um planejamento para obter uma amostra representativa e

    resultados satisfatrios dentro da realidade da amostragem. Um bom planeja-

    mento de amostragem inclui: metodologia de coleta; tipos de amostras (sim-

    ples ou composta); pontos de amostragem; tempo de coleta; preservao;

    transporte; equipamentos necessrios; coletor bem treinado; parmetros a

    serem analisados.

    Processos de Purificao de `gua

    As guas de abastecimento pblico no apresentam alto grau de pure-

    za, assim, quando so utilizadas para fins especiais, precisam ser purificadas

    adequadamente. `guas para fins laboratoriais, farmacuticos e de dilise

    devem possuir alto grau de pureza.

  • 134 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Importncia da Purificao

    Muitos contaminantes podem estar presentes na gua

    de abastecimento. Quando ingeridos em grandes quantida-

    des ou alta concentrao podem afetar a sade humana. En-

    tre as principais, destacamos (SANTOS FILHO, 1987; RICHTER e AZEVEDO

    NETO, 1991):

    a) Exemplos de solutos inorgnicos

    b) Exemplos de compostos orgnicos

    SOLUTOS ORGNICOS NATURAIS

    Solutos orgnicos antropognicos: herbicidas, organoclorados, ftalatos,

    inseticidas, bifenil policlorados e poliaromticos.

    c) Exemplos de partculas e colides

    Partcula Colides

    Cl-, NO3, SO4=

    PO4-3, CO3 =, ClO-,

    SiO4, SiO2, Si207, SiO2

    Na+, Ca++, AL+++,

    Fe++, Mn ++

    Pb+

    SAIS

    NIONS C`TIONS

    HO

    COOR

    HO

    HO R

    R

    R

    R

    R

    OH

    TANINOS

    FENIS

    PIROGENOSCH CHCOOH

    LIGNINA `CIDOS HMICOS

    Contaminantes sais; compostos or-gnicos; partculas/colides;microorganismos; gases dissolvidos.

  • 135MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    d) Tipos de microrganismos: bactrias; fungos; vrus

    e) Gases

    4 oxignio (O2);

    4 radnio (Ra);

    4 nitrognio (N2);

    4 gs carbnico (CO2).

    Classificao do Grau de Pureza da `gua

    As guas purificadas so classificadas quanto ao seu grau de pureza,

    ou seja, dependendo de pureza, elas podem ser usadas para diversos fins:

    4preparao de meios microbiolgicos, tampes, rea-

    gentes qumicos e bioqumicos;

    4gua para instrumentao (cmaras climticas, umidifi-

    cadores, analisadores clnicos) e gua purificada (farma-

    copia), absoro atmica, cromatografia, analisadores de

    Carbono Orgnico Total (COT), eletroforese capilar;

    4seqenciamento de DNA/protenas, cultura de clulas;

    4microeletrnica.

    Uma classificao muito usada a da American Society for Testing and

    Materials (ASTM), dos Estados Unidos. A Tabela 4 nos mostra os padres de

    pureza para os diferentes tipos de gua pura.

  • 136 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    TABELA 4 PADRES DE PUREZA SEGUNDO A ASTM, DOS ESTADOS UNIDOS

    ASTM Tipo I TipoII TipoIII

    Condutividade a 25 C (microhos/cm) 0,056 1,0 0,250

    Resistividade a 25 C (megohms/cm) < 1,0 1,0 4,0

    Total de Silica (mg/l) 3,0 3,0 500

    Carbono Orgnico Total (mg/l) 10 50 200

    Cloro (mg/l) 1,0 5,0 10,0

    Sdio mx (mg/l) 1 5,0 10

    Bactrias, mxima UFC/l 10 100 10000

    Endotoxinas, Ue/ml < 0,03 < 0.25 N.A.

    APLICAES DA `GUA TIPO I (ULTRAPURA):

    4Absoro/Emisso atmica

    4Cromatografia

    4Analisadores de TOC

    4Monocamadas de Langmuir

    4Eletroforese capilar

    4Seqenciamento de DNA/protenas

    4Cultura de clulas

    4Microeletrnica

    4Estudos em toxicologia

    4Fertilizao in vitro

    4Eletroforese 2D

    4Biologia molecular

  • 137MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Tcnicas de obteno de `gua Tipo I: resinas de troca inica, carvo

    ativado, filtrao com membranas (precedidas obrigatoriamente por destila-

    o, osmose reversa, resina de troca inica simples e carvo ativado).

    APLICAES DA `GUA TIPO II:

    4Preparo de meios microbiolgicos

    4Preparao de tampes

    4Preparao de reagentes: qumicos e bioqumicos

    4`gua para instrumentao (cmaras climticas, umidi-

    ficadores, analisadores clnicos, etc.)

    4`gua purificada (farmacopia)

    Tcnicas de obteno de `gua Tipo II: destilao, resinas de troca

    inica, carvo ativado, eletrodeionizao.

    APLICAES DA `GUA TIPO III:

    4Uso geral em laboratrio

    4Preparo de meios microbiolgicos

    4Alimentao de mquinas de lavagem de vidraria

    4Alimentao de sistemas de gua ultrapura

    Tcnicas de obteno de `gua Tipo III: destilao, osmose reversa,

    resinas de troca inica simples, carvo ativado, filtrao com membranas.

    A seguir, detalhamos as diferentes tcnicas disponveis para a purifi-

    cao da gua.

  • 138 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Tcnicas de Purificao

    Existem diversos caminhos para descontaminar ou purificar a gua

    potvel ou no potvel. As tcnicas mais conhecidas so: filtrao com

    Carvo ativado, osmose reversa, deionizao, adsoro orgnica, filtrao

    microporos, ultrafiltrao, oxidao por ultravioleta e destilao. Todas es-

    sas tcnicas so usadas em combinao para produo de gua ultra-pura,

    principalmente para uso em laboratrio bioqumico ou farmacutico, ou

    ainda, para centros de dilise. Como exemplo, a Figura 11 nos mostra uma

    escala dimensional de substncias/organismos com os respectivos proces-

    sos de separao por filtrao com membranas.

    Figura 11 Compostos/microorganismos separados por diferentes tcnicas queusam membranas de filtrao

  • 139MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    a) DEIONIZAO

    o mtodo mais usado em laboratrios para produzir gua purificada

    e capaz de purificar a gua com uma resistividade mxima. Este um

    mtodo conveniente, rpido, e pode ser suficiente para muitas aplicaes.

    Consiste basicamente na remoo de slidos dissolvidos e gases.

    Consegue-se a deionizao (ou desmineralizao) de gua ao pass-la

    por colunas de resinas catinicas na forma H+ e aninicas na forma OH-,

    separadamente, ou ento em uma s coluna que tenha esses dois tipos de

    resinas (leito misto). No primeiro caso, deve-se passar a gua primeiramen-

    te pelas resinas catinicas, pois estas so mais resistentes que as aninicas,

    tanto qumica, como fisicamente. Desse modo, as resinas catinicas podem

    proteger as aninicas, funcionando como um filtro e aparando certos consti-

    tuintes danosos s resinas aninicas. Esse mtodo troca ons hidrognio por

    ctions e ons hidroxila por nions, os quais esto presentes na gua. Aps

    certas quantidades de impurezas, todos os hidrognios e hidroxilas na resi-

    na so substitudos; neste caso, as resinas podem ser substitudas ou regene-

    radas. Exemplo:

    Vantagens: efetiva remoo de ons (Resistividade de 1-10 Megaohm.cm);

    instalao simples; baixo investimento; regenervel.

    Desvantagens: no remove partculas, material orgnico ou microorganismos;

    resinas regeneradas podem gerar partculas, orgnicos ou promover crecimento

    de bactrias; altos custos de operao, regenerao, transporte; qualidade

    da gua varivel; glbulos danificados.

    18 Megaohm.cm a 25 0C

    NaClResina

    CatinicaR - H

    H ClResina

    AninicaR - OH

    H2O

  • 140 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    b) FILTRAO COM CARVO ATIVADO

    O carvo ativado usado para remover cloro e compostos orgnicos

    dissolvidos. As membranas usadas na osmose reversa so sensveis ao cloro

    e tambm a alguns orgnicos dissolvidos, por isso o carvo ativado colo-

    cado em duas etapas nesses tipos de purificao.

    Deve-se ressaltar que, se o percurso entre o carvo ativado e o uso

    final da H2O for o mesmo, pode ocorrer contaminao dependendo do grau

    de manuteno e da idade do sistema de tubulaes e reservatrio.

    c) ADSORO ORGNICA

    A limpeza orgnica um processo pelo qual a gua a ser purificada

    passa por uma resina recheada com carbono sinttico especial. Essa tcnica

    usada em combinao com a osmose reversa para remover traos de

    contaminantes orgnicos at nveis baixos como 5 g/l.

    d) MEMBRANA FILTRANTE

    A membrana f i l t rante serve para remoo de par t cu las e

    microorganismos. um complemento til a qualquer sistema que usa filtra-

    o por carvo ativado ou deionizao. Este sistema remove partculas fi-

    nas, fragmentos de resinas e bactrias. Nesse sistema usa-se membrana com

    um tamanho de poro absoluto de 0,2 micron, a qual previne a passagem de

    qualquer contaminante maior.

  • 141MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    e) OSMOSE REVERSA

    A osmose reversa uma tcnica muito usada para remoo de subs-

    tncias inorgnicas dissolvidas na gua. A osmose reversa consiste na passa-

    gem de gua por uma membrana semi-permevel, a qual permite somente a

    passagem da gua e no de outros materiais. Esse processo depende da

    adsoro da gua na superfcie da membrana, que constituda por acetato

    de celulose ou poliamida. A gua pura adsorvida na camada , sob presso,

    passada pelos poros da membrana.

    Vantagens: remove uma certa porcentagem de todos os tipos de

    contaminates da gua (ons, compostos orgnicos, pirgenos, vrus, bactri-

    as, partculas e colides); baixos custos de operao devido pouca utiliza-

    o de enegia eltrica; manuteno mnima e bom controle dos parmetros

    operacionais.

    Desvantagens: contaminantes no so suficientemente removidos; mem-

    branas de osmose reversa esto sujeitas a incrustaes e obstrues no

    longo prazo (se no forem apropriadamente protegidas); consumo de gua

    semelhante ao dos destiladores.

    guapurificada

    `guacontaminada

    M+ H2O X- M+ H2O X

    - M+ H2O X- M+ H2O X

    - M+ H2O X- `gua

    H2O M+ X- H2O M

    + X- H2O M+ X- H2O M

    + X- H2O M+ X- contaminada

    H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O adsoro de gua

    MEMBRANA H2O MEMBRANA H2O MEMBRANA

    H2O H2O

    H2O H2O

    `gua `gua

    Purificada Purificada

  • 142 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    f) ULTRAFILTRAO

    Nesta tcnica, usa-se um filtro de membrana com poros muito finos

    (microporos). Este sistema capaz de reter partculas, micoorganismos e

    tambm pirgenos. A ultrafiltrao parceira nas aplicaes farmacuticas,

    uma vez que os filtros microporos (osmose reversa) no removem muito

    bem os pirgenos. um sistema muito usado para remover pirgenos de

    guas j purificadas de outros contaminates.

    g) OXIDAO ULTRAVIOLETA

    A purificao dgua por oxidao ultravioleta outro mtodo que

    pode ser acoplado a outros sistemas de purificao (DANIEL, 2001). Porm,

    no aconselhvel sua utilizao em estabelecimentos de sade, em funo

    da dificuldade de aferio e manuteno da fonte de luz ultravioleta. Esse

    mtodo consiste na eliminao de bactrias e tambm realiza um excelente

    trabalho na ionizao de compostos orgnicos. A radiao ultravioleta no

    comprimento de onda a 254/nm causa inativao das bactrias.

    Bactria

    Luz ultravioleta

    Bactriamorta

    Figura 13 Oxidao ultravioleta

    Figura 12 Sistema de ultrafiltrao

  • 143MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Vantagens: converso de traos de contaminantes orgnicos em espcies com

    carga e ao final em CO2 (185 + 254 nm); destruio limitada de micororganismos

    e vrus (254 nm); baixo consumo de energia; fcil operao.

    Desvantagens: tcnica de polimento; pode ser prejudicada se a concentra-

    o de compostos orgnicos na gua de alimentao for muito alta; compos-

    tos orgnicos so convertidos e no removidos; efeito limitado sobre outros

    contaminantes; projeto tem de ser bem adequado para garantir eficcia.

    h) DESTILAO

    o mtodo de purificao que consiste na condensao do vapor

    dgua.

    Vantagens: remove uma grande porcentagem de impurezas; produz gua

    com resistividade entre 0,2 e 1,0 Megaohm.cm; investimento mdio e tcni-

    ca reconhecida como de fcil operao.

    Desvantagens: nem todos os contaminantes so removidos e alguns so

    introduzidos durante o processo; sem controle do nvel de pureza; altos

    custos de operao por aquecimento eltrico (0,8 kw/l) e resfriamento (15

    litros consumidos por litro destilado); requer manunteno regular (limpeza

    cida) ou pr-tratamento para assegurar bom desempenho.

    Reforsus Mod 2 - fig 010

    Figura 14 Destilao

  • 144 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    i) ELETRODI`LISE (ED)

    A eletrodilise consiste na remoo de contaminates inicos da gua

    atravs de uma corrente eltrica, utilizando membranas seletivas. A ED tem

    muitas desvantagens para produzir gua de grau laboratorial e raramente

    usada em instalaes laboratoriais. limitada na remoo de contaminantes,

    no remove orgnicos, pirgenos e metais fracamente carregados ou sem

    carga superficial. O sistema requer uma escala operatria e manunteno

    rotineira. Muitos colides e detergentes podem ocupar os poros da mem-

    brana, reduzindo a habilidade de transporte inico, requerendo assim lim-

    peza freqente. um sistema caro.

    j) ELETRODEIONIZAO (EDI)

    Baseia-se no efeito que se consegue quando uma corrente eltrica

    contnua passa pela gua e numa sucesso de membranas trocadoras de

    ctions e nions colocados alternadamente. Os ctions passam pelas mem-

    branas trocadoras de nions, o que provoca uma diminuio da salinidade

    num compartimento e um aumento no seguinte, e assim sucessivamente ao

    longo de todo o equipamento. um mtodo que apresenta baixo custo de

    operao e baixa manuteno, fcil de usar e ecologicamente correto.

    l) Exemplos de Montagem Seqencial de Cartuchos de Purificao

    Segundo o grau de pureza desejado para a gua, este pode ser obtido

    por uma seqncia de cartuchos que nada mais so do que colunas preen-

    +

    Na+ Cl- membrana

    Anodo

    Cl- Na+ catodo

    Figura 15 Migrao de ons em um campo eltrico

  • 145MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    chidas com materiais especiais por onde a gua passar. Imaginemos quatro

    classes (qualidades) de gua:

    Tipo A: gua de uso corrente (rinagem de vidrarias, uso

    em baterias, umidificadores, laboratrio fotogrfico);

    Tipo B: gua para laboratrio de anlises bioqumicas

    (dosagem de soros, anlises fsico-qumicas, meios de

    culturas no-estreis);

    Tipo C: gua para laboratrio de pesquisa mdica e

    farmacutica (meios de cultura estreis, enzimologia, ab-

    soro atmica, microscopia eletrnica, microbiologia);

    Tipo D: gua especial (sem colides) para laboratrio

    de anlises bioqumicas (microeletrnica, imunologia,

    biologia molecular, cromatografia).

    A seguir, mostrada uma seqncia de montagem de cartuchos para

    obterem-se as quatro classes (tipos) de guas de pureza diferenciada. Os n-

    meros da tabela expressam a quantidade de cartuchos para cada tipo de uso.

    TABELA 5 SEQNCIA DE CARTUCHOS

    `gua/Cartucho Tipo A Tipo B Tipo C Tipo D

    Carvo Ativo 1 1 1 1

    Troca Inica Simples 2 1 - 1

    Troca Inica - 1 2 2

    Esterilizao - 1 1 1

    Monitoramento da Pureza da `gua

    Os parmetros de monitoramento da qualidade da gua mais usados

    no controle da purificao da gua so:

  • 146 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    4condutividade e resistividade: medidas feitas com apa-

    relhos analgicos;

    4matria orgnica total (COT): pode ser determinada

    por oxidao fsico-qumica ou por equipamento dispo-

    nvel no mercado;

    4anl ise bacter iolgicas: mtodos padronizados

    (Ex.: tubos mltiplos).

    Nas paredes internas dos reservatrios, possvel que se formem

    biofilmes (orgnicos, partculas, bactrias). Entretanto, a desinfeco com

    NaOCl eficiente somente nas superfcies em contato direto com a gua

    (tanque e circuito de distribuio) e ineficaz em superfcies acima do nvel

    da gua (ex.: gotculas de condensao, no topo do tanque). Para garantir a

    qualidade da gua j purificada, uma lmpada de ultravioleta no interior do

    reservatrio pode ser usada como manuteno preventiva.

    Esvaziamento incompleto. Sem volume morto Acmulo de contaminantes. Esvaziamento completo

    Maisapropriado

    Fundo Chato Fundo cnico

    Pontode uso

    Figura 16 Formas de armazenagem da gua purificada

  • 147MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    Figura 17 A ao da lmpada UV254 por 10-30 min/dia protege todo o interiordo tanque contra a formao de biofilme e tem ao direta sobre a gua

    armazenada.

    Casos Especficos

    A) QUALIDADE DA `GUA PARA DI`LISE

    A pessoa que apresenta insuficincia renal precisa ser tratada por

    meio da dilise, que o processo de filtrao do sangue para eliminar as

    impurezas acumuladas no organismo. As formas mais comuns de dilise

    incluem a hemodilise e a dilise peritonial. A hemodilise o proces-

    so de filtrao no qual o sangue retirado do organismo com a ajuda de

    uma bomba uma mquina com filtro especial que retira as substncias

    txicas e o excesso de gua. A segurana do tratamento dialtico tem como

    um de seus fatores determinantes a qualidade da gua empregada no pro-

    cesso de dilise. Para tanto, existem portarias especficas regulamentando

    os servios de dilise.

    Como exemplo, mostramos abaixo as caracterst icas f s icas e

    organolpticas da gua para uso em dilise, com a respectiva freqncia de

    anlise (Tabela 6).

    Ministrio da Sade, Porta-ria n 1469, de 29/12/2000Ministrio da Sade Porta-ria n 82, de 02/01/2000.

    FiltroLuz UV254

    Dreno Sada

  • 148 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    TABELA 6 CARACTERSTICAS FSICAS E ORGANOLPTICAS DA `GUA PARA USO EM DI`LISE

    Caracterstica Parmetro aceitvel Freqncia de verificao

    Cor aparente Ausente Diria

    Turvao Ausente Diria

    Sabor Ausente Diria

    Odor Ausente Diria

    Cloro residual livre 0,2 mg/l Diria

    pH 6,5 a 8,5 Diria

    Os procedimentos de manuteno dos sistemas de armazenamento de

    gua devem ser realizados de acordo com a freqncia prevista no Quadro I.

    QUADRO I PROCEDIMENTOS DE MANUTENO DO SISTEMA DE ARMAZENAMENTODE `GUA PARA DI`LISE.

    Procedimentos Freqncia

    Limpeza do reservatrio de gua potvel Semestral

    Controle bacteriolgico do reservatrio de gua potvel Mensal

    Limpeza e desinfeco do reservatrio de gua tratada para dilise Mensal

    B) `GUA UTILIZADA EM CALDEIRAS E TORRE DE RESFRIAMENTO (AR-CONDICIONADO)

    As guas usadas nas caldeiras e torres de resfriamento precisam ser

    monitoradas, uma vez que as impurezas presentes ocasionam freqentemente

    deteriorao de equipamentos e canalizaes. Entre os principais problemas

    em caldeiras e torres de resfriamento esto as corroses, as incrustaes e o

    arraste (DREW, 1979).

  • 149MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    4Corroso

    A corroso nas caldeiras d-se em funo da presso e temperatura de

    operao, presena de contaminantes, tipos de tratamento da gua e outros

    fatores, inclusive de origem mecnica.

    4Incrustao

    A presena de sais na gua, entre eles o clcio e o

    magnsio nas formas de carbonatos e sulfatos (dureza),

    ou slica em alta concentrao, provoca a formao de

    incrustaes nas paredes internas das tubulaes.

    4Arraste

    O arraste de gotas dgua com o vapor diminui sensivelmente o

    rendimento energtico de vapor, provoca danos como a corroso nas turbi-

    nas, queima do superaquecedor, alm dos golpes de gua (umidade) nas

    mquinas alternativas.

    4Controle das guas de caldeira

    Recomenda-se o seguinte programa de anlises para o controle

    das guas de caldeiras:

    4`guas de alimentao: dureza, slica, oxignio dis-

    solvido, cloretos e pH;

    4`guas de caldeira: alcalinidade total; alcalinidade a

    fenolftalena; fostatos; slica; cloretos; pH; slidos totais

    dissolvidos e slidos em suspenso.

    A freqncia das anlises depende da qualidade da gua de alimenta-

    o (entre 6 e 12 horas).

    4Pontos de amostragem

    a) `gua de alimentao: tubulao de recalque ou

    diretamente do tanque de alimentao atravs de tu-

    bulao apropriada.

    b) `gua de caldeira: tubulao de purga.

  • 150 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Torre de resfriamento usada em diversas aplicaes industriais. Por

    exemplo: os sistemas de guas de refrigerao fechados com recirculao

    so muito usados para refrigerao de compressores, turbinas a gs, troca-

    dores de calor na indstria, ar-condicionado, sistemas de leo de lubrifica-

    o, etc.

    Alm do monitoramento qumico da gua para evitar a corroso e

    incrustao, alguns cuidados devem ser tomados no desenvolvimento

    microbiolgico no tanque de armazenamento de gua. Portanto, devem ser

    usados alguns agentes bactericidas e algicidas para resolver esse problema.

    Os parmetros sugeridos para um bom controle esto descritos na

    Tabela 7.

    TABELA 7 PARMETROS PARA TORRE DE REFRIGERAO (AR-CONDICIONADO).

    Anlise Unidade Parmetro

    Alcalinidade Total ppm CaCO3 At 200

    Amnia ppm N-NH3 Mx 1,0

    Cloreto ppm Cl At 150

    Cobre ppm Cu At 1,0

    Dureza Total ppm CaCO3 Mx 200 (aliment.)N.D. na sada

    Ferro Total ppm Fe At 1,0

    Ortofosfatos ppm PO43- At 40

    pH - 7,0 a 9,0

    Condutividade mS/cm 2.500

    INFORMAES B`SICAS SOBRE OS PARMETROS ANALISADOS

    a) Alcalinidade: a forma de expressar a presena de sais dissolvi-

    dos na gua em forma de bicarbonatos, hidrxidos e carbonatos. A impor-

    tncia de sua determinao que, ao decomporem-se, liberam gs carbnico

  • 151MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    (CO2) que reage com a gua formando cido carbnico (H

    2CO

    3), diminuindo

    o pH do meio, o qual tende a tornar-se corrosivo.

    b) Dureza Total: a dureza total na gua devida presena de

    bicarbonato, sulfatos, cloretos e nitratos de clcio e magnsio, que so os

    principais causadores de incrustaes.

    c) Oxignio dissolvido: quando presente na gua de caldeira, favo-

    rece o processo de corroso, razo pela qual deve existir um controle per-

    manente com finalidade de mant-lo no menor nvel possvel.

    d) Sulfito: um residual de sulfito de sdio na gua de caldeira indica

    que todo o oxignio dissolvido na gua de alimentao foi eliminado.

    e) Slica: a slica solvel presente na gua de caldeira acima do limite

    estabelecido para a mesma pode formar, principalmente com o clcio,

    incrustaes de difcil remoo, alm de reduzir a eficincia da caldeira.

    f) Cloretos: o cloreto um nion encontrado mais freqentemente

    em guas naturais, e sua concentrao varia de acordo com a regio.

    g) Fosfatos: o controle de teor de fosfato importante para certificar-se

    de que existe na gua um residual de fosfatos. Este residual indica que no

    existem sais de clcio e magnsio, isto , dureza zero, pois os mesmos esto

    continuamente sendo precipitados em forma de fosfatos.

    h) pH: o controle do pH serve para orientao na preveno de cor-

    roso, cujos limites de trabalho variam de acordo com o tipo e capacidade

    das torres de resfriamento ou caldeiras.

    i) Slidos em suspenso: os slidos em suspenso nas guas de

    caldeira devem ser medidos para o conhecimento do material em suspenso

    na gua (areia, lama, leo, matria-orgnica e outros), os quais devem estar

    sob controle dentro dos nveis estabelecidos para o tipo de caldeira.

    j) Slidos totais dissolvidos (STD): o acompanhamento deste teor

    permite avaliar se est tendendo ao valor mximo permissvel para o tipo

    de caldeira, estabelecendo-se, assim, uma freqncia de descarga ou a re-

    duo do nvel de STD.

  • 152 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    RESUMO

    Neste captulo, abordamos as tcnicas de proteo e desinfeco dosreservatrios dgua. Essas tcnicas devem ser aplicadas com a fre-qncia que se fizer necessria para manter a qualidade da gua den-tro das normas legais. O monitoramento da qualidade da gua defundamental importncia para resguardarmos a sade dos usurios dagua, porm as tcnicas de monitoramento so relativamente difceisde serem aplicadas, exigindo pessoal com qualificao, alm de infra-estrutura adequada para sua aplicao.

    Em virtude dos graves problemas que uma gua contaminada podeocasionar a um estabelecimento de sade, procuramos esclarecer asmetodologias disponveis para a purificao da gua. Essas tcnicasgeralmente demandam um treinamento especial, mas aqui foram apre-sentados os princpios fundamentais para a escolha e aplicao dessesprocessos.

  • 153MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    REFERNCIAS BIBLIOGR`FICAS

    APHA AWWA; WEF. Standard Methods for the Examination ofWater and Wastewater. 19. ed. Washington, D.C., 1995. p. 1060-9060.

    CETESB. Guia de coleta e preservao de amostras de guas.So Paulo: CETESB/ASCETESB, 1998. cap. 3, 5.

    DANIEL, L. A. Processos de desinfeco e desinfetantesalternativos na produo de gua potvel. So Carlos: PROSAB,2001. ISBN: 85-86552-18-6.

    DREW. Princpios de tratamento de guas industriais. DrewChemical Corporation, So Paulo, SP, 1979.

    FUNASA. Publicaes tcnicas e cientficas. Disponvel em:. Acesso em: 4 out. 2002.

    LORA, E. E. S. Preveno e controle da poluio nos setoresenergtico, industrial e de transporte. Braslia: ANEEL, 2000.ISBN: 85-87491-04-0.

    OPAS. Guias para la calidade del gua potable. Washington, D.C.,1987. Anexo 3, p. 76-83, v. 3.

    RICHTER, C.; AZEVEDO NETTO, J. M. Tratamento de gua:tecnologia atualizada. So Paulo: Edgard Blucher, 1991.

    SANTOS-FILHO, D. F. Tecnologia de tratamento de gua. 3. ed.So Paulo: Nobel, 1987. ISBN: 85-213-0039-5.

    VON SPERLING, M. Princpios do tratamento biolgico de guasresidurias: introduo qualidade das guas e ao tratamento deesgotos. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 1996. v. 1. ISBN: 85-7041-114-6.

    SAIBA MAIS

    www.anvisa.gov.br/legis/portarias/82_00.htm

    www.millipore.com.br

    www.tratamentodeagua.com.br

    www.saneamentobasico.com.br

    www.sabesp.com.br

    www.universidadedaagua.org.br

    www.cetesb.com.br

    www.sanepar.pr.gov.br/prosab

  • 154 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    ATIVIDADE DE AUTO-AVALIAO

    Assinale V para as afirmaes verdadeiras e F para as falsas:

    a. ( ) Aps a construo ou qualquer reparo em poos ou reserva-trios, estes devero ser desinfetados.

    b. ( ) 10 ppm de cloro residual na gua potvel uma quantidadeideal para o consumo.

    c. ( ) Cianotoxinas so toxinas produzidas por cianobactrias queapresentam efeitos adversos sade por ingesto oral.

    d. ( ) A presena de E. coli em grande quantidade na gua potvelsignifica contaminao de origem fecal recente.

    e. ( ) Bactrias so consideradas contaminantes orgnicosquando presentes na gua potvel.

    f. ( ) Osmose reversa uma tcnica especfica para reter matriaorgnica.

    g. ( ) Outras fontes alternativas de abastecimento de gua, como,por exemplo, poos artesianos, no precisam ter suas guasmonitoradas.

    h. ( ) ` guas usadas em caldeiras e torres de resfriamento noprecisam ser tratadas.

    i. ( ) Deionizao um mtodo de tratamento para retirar espci-es inicas das guas naturais.

    j. ( ) Um paciente em hemodilise nunca se contaminar, pois oaparelho que filtra o sangue retm os contaminantes presentes nagua.

  • 155MDULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE DA `GUA DE ABASTECIMENTO

    EXERCCIOS PARA ELABORAO DO PLANO

    Com o foi estudado nesta unidade, voc deve cole-

    tar as informaes necessrias e realizar as seguin-

    tes atividades:

    a) preencher o formulrio FCA-02 (Tratamento de

    `gua), caso seja realizado algum tipo de tratamento de

    gua em seu estabelecimento;

    b) preencher o formulrio FCA-03 (Manuteno da

    Qualidade da `gua) com as atividades realizadas para

    garantir a qualidade da gua no estabelecimento.

  • 156 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE