Controle Vetores

VIGILNCIA AMBIENTAL EM SADE

Controle de Vetores Procedimentos de SeguranaManual do Supervisor de Campo

Braslia, novembro de 2001

2001. Ministrio da Sade. .undao Nacional de Sade. 1 Edio permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Editor: Assessoria de Comunicao e Educao em Sade - Ascom/Pre/.UNASA Ncleo de Editorao e Mdia de Rede Setor de Autarquias Sul, Quadra 4, Bl. N, 5 Andar - Sala 517 CEP.: 70.070-040 - Braslia/D. Distribuio e Informao: Coordenao Geral de Vigilncia Ambiental, Centro Nacional de Epidemiologia, .undao Nacional de Sade/MS. SAS Setor de Autarquias Sul, Quadra 04, Bl. N, 7 Andar - Sala 712 Telefone: (061) 314.6388/314.6492 CEP.: 70.070-040 - Braslia/D. Tiragem: 6.000 exemplares. Impresso no Brasil / Printed in Brazil.

.icha Catalogrfica Controle de Vetores Procedimento de Segurana Manual do Supervisor de Campo, elaborado por Eng. Paulo Cesar da Silva, Eng. .arnsio Lus Guimares e Assistente Social Raimunda Nonata Carlos .erreira, 1 edio Braslia : Ministrio da Sade : .undao Nacional de Sade, 2001. 124 p. il. 1. I. Ministrio da Sade. II. .undao Nacional de Sade. III. Centro Nacional de Epidemiologia. IV. Coordenao Geral de Vigilncia Ambiental.

Apresentao

A histria do controle de vetores no Brasil remonta ao incio do sculo XX. A atuao de sanitaristas ilustres como Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e tantos outros cientistas, levou o Brasil vanguarda da sade pblica mundial. O trabalho desses pioneiros de nada serviria se, junto a eles, no estivesse uma fora tarefa capaz de colocar em prtica as descobertas de laboratrio, levando s mais remotas regies desse pas, os procedimentos epidemiolgicos e as informaes sanitrias que minoram o sofrimento das populaes excludas. Muitas vezes, esse trabalho insalubre e annimo, no devidamente reconhecido, feito colocando em risco a sade do prprio servidor de campo, que se expe a substncias txicas e situaes precrias, em regies inspitas, longe de suas casas, do convvio de sua famlia e de seus filhos. Embora as diversas instituies que deram origem .UNASA tenham apontado regras de segurana, elas o fizeram de maneira pouco extensa e incipiente. Este fato decorre da falta de informaes, as quais, quando disponveis, esto direcionadas ao uso de praguicidas na agricultura. Este manual tem como objetivo consolidar todas as informaes dispersas, de modo a instituir e difundir a cultura de proteo e preveno da sade do trabalhador em todas as aes de sade pblica.

Mauro Ricardo Machado Costa Presidente da .UNASA

Sumrio1. Introduo ............................................................................................................... 7 2. Tipos de controle ....................................................................................................... 9 2.1. Controle mecnico ............................................................................................. 9 2.2. Controle biolgico .............................................................................................. 9 2.3. Controle legal .................................................................................................... 9 2.4. Controle qumico ............................................................................................. 10 2.5. Controle integrado de vetores .......................................................................... 10 2.6. Aes educativas .............................................................................................. 10 3. O uso de praguicidas em sade pblica .................................................................. 11 3.1. Classificao dos praguicidas ........................................................................... 11 3.1.1. .inalidade do uso .................................................................................. 11 3.1.2. Origem .................................................................................................. 11 3.1.3. Grupos qumicos .................................................................................... 12 3.1.4. .ase de vida do inseto ........................................................................... 12 4. Vias de penetrao ................................................................................................. 13 5. Caractersticas dos grupos qumicos usados em sade pblica ................................ 15 5.1. Clorados .......................................................................................................... 15 5.2. .osforados ....................................................................................................... 16 5.3. Carbamatos ..................................................................................................... 16 5.4. Piretrides ........................................................................................................ 16 6. .ormulaes .......................................................................................................... 17 7. Toxicidade 19 7.1. Informaes bsicas sobre toxicologia .............................................................. 20 7.2. Tipos de intoxicaes ........................................................................................ 20 8. Equipamentos de proteo ...................................................................................... 21 8.1. Equipamentos de proteo coletiva .................................................................. 21 8.2. Equipamentos de Proteo Individual (EPI) ........................................................ 21 8.2.1. Tipos de equipamentos de proteo individual ....................................... 21 8.2.1.1. Equipamentos de Proteo Dermal (EPD) .................................. 21 8.2.1.2. Equipamentos de Proteo Auditiva (EPA) .................................. 22 8.2.1.3. Equipamentos de Proteo Visual (EPV) ..................................... 23 8.2.1.4. Equipamentos de Proteo Respiratria (EPR) ............................ 23 9. Tipos de mscaras respiradoras .............................................................................. 25 9.1. .ator de proteo dos respiradores .................................................................. 25 9.2. A escolha de EPR para as atividades de controle de vetores .............................. 25 9.3. Restries ao uso de respiradores ..................................................................... 26 10. .iltros purificadores ................................................................................................. 27 10.1. Validade dos filtros ......................................................................................... 27

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11. Testes de vedao ................................................................................................... 29 11.1. Ensaio de vedao ......................................................................................... 29 11.2. Verificao de vedao................................................................................... 29 12. Pasta de segurana individual ................................................................................. 31 13. Cuidados com os EPI ............................................................................................... 33 13.1. Cuidados com as mscaras respiratrias ........................................................ 33 13.2. Preparo de solues desinfetantes .................................................................. 34 14. Cuidados no transporte, armazenamento, destino de embalagens vazias e lavagem ... segura de roupas contaminadas .............................................................................. 35 14.1. Cuidados durante o transporte ....................................................................... 35 14.2. Cuidados no armazenamento ........................................................................ 35 14.3. Descarte seguro de embalagens vazias .......................................................... 35 14.4. Lavagem segura de roupas contaminadas ...................................................... 36 15. Classificao das atividades de controle de vetores ................................................. 39


1. Introduo

O uso de praguicidas nas atividades de controle de vetores possui razes histricas, tendo sido utilizado com sucesso por Oswaldo Cruz na eliminao da transmisso da febre amarela, no Rio de Janeiro, muito embora, feito com produtos considerados primitivos, como o enxofre. A campanha de eliminao de Anopheles gambiae no Brasil, no final da dcada de 1930, alcanou grande sucesso devido perseverana dos tcnicos envolvidos e o uso de produtos com melhores caractersticas de controle, como o verde paris e o piretro. A permanncia desse mosquito africano nas Amricas teria contribudo para agravar, muitas vezes, o atual problema da malria nesses continentes. Essa campanha reconhecida mundialmente, estabeleceu as bases tcnicas e operacionais para as futuras campanhas de erradicao da malria no mundo todo, as quais tiveram incio no final da dcada de 1950. Atualmente, o uso de praguicidas no controle de vetores deve ser relegado a um segundo plano, devendo-se utilizar metodologias alternativas, como os exemplos que sero apresentados neste Manual.


2. Tipos de controleAs atividades de controle de vetores so de grande importncia e necessrias para controlar pragas agrcolas, como tambm, aquelas que transmitem doenas ao homem. Existem vrias tcnicas disponveis para uso tanto na agricultura, como em sade pblica para se controlar essas pragas. Podemos classific-las em:

2.1. Controle mecnicoSo tcnicas muito simples e eficazes. Consistem na utilizao de medidas que dificultem o desenvolvimento do ciclo de vida do inseto, ou que possam contribuir para diminuir o contato homem/vetor. No caso do controle da malria pode-se realizar drenagens, retificao de cursos de gua, telagem de janelas, incentivo ao uso de mosquiteiros pela populao, etc. A destruio de criadouros preferenciais do mosquito Aedes aegypti, assim como a limpeza de terrenos baldios so tambm exemplos de controle mecnico. As atividades de controle mecnico podem ter algum custo inicial, mas com o passar do tempo o investimento realizado torna-se compensatrio, uma vez que muitas dessas aes podem ser definitivas.

2.2. Controle biolgicoAs tcnicas de controle biolgico de pragas e vetores, consistem em utilizar algum tipo de inimigo natural especfico. Esses inimigos naturais podem ser predadores, parasitos ou patgenos. Os predadores so insetos ou outros animais (como algumas espcies de peixe) que eliminam as pragas, seja sugando a hemolinfa (sangue dos insetos) ou se alimentando de seus tecidos. Alguns dos parasitos utilizados no controle biolgico, so determinadas espcies de fungos e nematides (pequenos vermes), que vivem se alimentando dos tecidos do animal parasitado, aproveitando o tempo para completar o seu ciclo biolgico. Os patgenos como alguns fungos, bactrias e vrus atuam sobre as pragas provocando doenas e diminuindo a sua populao. Existem atualmente inmeras pesquisas em andamento para desenvolvimento de inseticida biolgico, como o Bacillus thuringiensis var. israelensis (Bti) e B. sphaericus, que se mostraram eficazes contra diversas espcies de vetores. Algumas dessas pesquisas so, inclusive, financiadas pela .undao Nacional de Sade. Os inseticidas biolgicos at agora testados possuem apenas ao larvicida, no eliminando os vetores adultos. Isto pode se constituir, s vezes, num impedimento ao uso desses produtos, pois a ao residual sobre os adultos de fundamental importncia para o seu controle. O seu uso como larvicida no programa da dengue pode ser desvantajoso em relao ao temephs, j que esse produto oferece uma ao residual na gua tratada, o que favorece muito a ao de controle do Aedes aegypti. Muitos desses inseticidas biolgicos mostram eficcia em laboratrio, mas no se comportam assim quando aplicados no campo. Logicamente, quando se dispuser de um inseticida biolgico realmente eficaz, a substituio dos inseticidas qumicos se far de forma natural.

2.3. Controle legalO controle legal feito quando se utiliza instrumentos que normalizam ou restringem aes relacionadas sade pblica. Esta regulamentao pode ser feita por leis, portarias, etc. uma importante ferramenta quando bem aplicada. As autoridades municipais podem regulamentar aes que devem ser cumpridas pelos muncipes, como limpeza de terrenos baldios, educao ambiental, controle de algumas atividades econmicas (ferro velho, borracharias), etc..UNASA - novembro/2001 - pg. 9

2.4. Controle qumicoO controle qumico representa o uso de algum tipo de substncia qumica para eliminar ou controlar vetores ou pragas agrcolas. Em virtude de vrios problemas adversos que esse tipo de controle provoca, deve ser considerado como a ltima alternativa a ser adotada. Convm procurar, sempre que possvel, aplicar qualquer outro mtodo, usando o controle qumico apenas quando no houver mtodo alternativo. Nem sempre possvel dispor de uma alternativa que substitua os inseticidas. Em algumas situaes necessrio o seu uso imediato pois, se essa medida no for posta em prtica, a populao exposta a riscos pode sofrer graves conseqncias. o caso, entre outros exemplos, de um surto de dengue em uma cidade.

2.5. Controle integrado de vetoresCada mtodo de controle possui vantagens e desvantagens. Em decorrncia disso, atualmente se procura controlar vetores, sempre que possvel, de maneira integrada. Levando-se em considerao as facilidades e restries locais, deve ser usada uma combinao de mtodos que estejam disponveis. O uso de inseticidas sob essa nova viso deve ser relegado a um segundo plano, com a tendncia de se diminuir progressivamente o seu uso. Porm no devemos pensar que esses produtos possam ser abolidos de imediato, pois em algumas situaes, a sua utilizao de grande importncia.

2.6. Aes educativasAs aes educativas so de fundamental importncia para o sucesso dos trabalhos de rotina e tambm para apoiar a implantao de mtodos alternativos de controle. Quando essas aes so devidamente apoiadas, pode-se reduzir ou mesmo evitar o uso de substncias qumicas no controle de vetores.


3. O uso de praguicidas em sade pblicaA utilizao de praguicidas em sade pblica segue as recomendaes de um Grupo de Especialistas da Organizao Mundial de Sade. Esses produtos esto descritos no documento Chemical Methods for the Control of Vectors and Pests of Public Health Importance (Mtodos de Controle Qumico para Controle de Vetores e Pragas de Importncia em Sade Pblica). Nesse documento os especialistas indicam uma srie de inseticidas para uso em diversos tipos de tratamento e suas dosagens. A escolha desses produtos para uso em sade pblica deve recair sempre sobre aqueles mais seguros (toxicidade de mdia a baixa). O uso de praguicidas deve ser realizado dentro de critrios tcnicos, usando-se uma tecnologia de aplicao adequada a cada caso. de fundamental importncia que se conhea os hbitos e costumes da praga que se quer controlar. Este conhecimento diz respeito durao do seu ciclo biolgico, hbitos alimentares, locais de alimentao e repouso, etc. Desse modo, busca-se conhecer seus possveis pontos fracos, onde a aplicao desses produtos produziria o efeito desejado.

3.1. Classificao dos praguicidasOs praguicidas podem receber diversas classificaes. importante conhec-las para melhor aplicar esses produtos, buscando obter resultados sem produzir efeitos danosos sade humana ou ambiental. 3.1.1. .inalidade do uso Quanto finalidade de uso, podem ser:Produto Inseticidas Acaricidas * .ungicidas * Rodenticidas Moluscicidas Herbicidas * Usado para o controle de: Insetos caros .ungos Roedores Moluscos Ervas daninhas Nome Comercial Cythion, .yfanon, K-Othrine Temik, Acricid Captan, Zineb, Dithane Klerat, Rodilon Baluscid Tordon, Lao, Gesaprim, Gramoxone

* Uso na agricultura. - Nome registrado pela empresa fabricante.

3.1.2. Origem Os praguicidas podem ser obtidos de diversas maneiras e fontes, alguns, de modo natural e outros por processos qumicos. Os produtos orgnicos so originados do carbono, elemento com caractersticas qumicas especficas. Inmeros produtos modernos (combustveis, fertilizantes, praguicidas, tintas, tecidos, explosivos, etc.) so de origem orgnica e a principal fonte de matria-prima o petrleo. Os produtos originados dos diversos outros elementos fazem parte da qumica inorgnica.Origem Natural Vegetal Mineral Inorgnicos Orgnicos Produtos Nicotina, rotenona leo queimado1 Arsenicais, mercuriais, cpricos2 Clorados, fosforados, piretrides, etc.

Sinttica

(1) usado antigamente nos tratamentos de criadouros (petrolagem). (2) inseticidas antigos, no mais usados.


Normalmente, tanto os praguicidas de origem inorgnica ou orgnica tomam o nome de algum elemento importante na molcula, ou seja, os produtos clorados possuem cloro, os fosforados possuem o elemento fsforo e assim por diante. 3.1.3. Grupos qumicos Os grupos de praguicidas usados em sade pblica so muito restritos, quando comparados queles usados na agricultura. Os grupos mais comuns usados no controle de vetores so os que esto no quadro abaixo. Deve ficar claro que, embora os inseticidas clorados (sendo o DDT e o BHC os seus principais representantes) no sejam mais usados para controle de vetores no Brasil, vamos fazer referncia a eles, pois foram muito usados no passado para controle da malria e doena de Chagas.Grupo Qumico Clorados .osforados Nome Tcnico DDT BHC Malathion .enitrothion Temephs Carbamatos Piretrides Carbaril Deltametrina Lambdacyalotrina Cypermetrina Nome Comercial Cythion, .yfanon, Malatol Sumithion, .olithion Abate .icam K-Othrine Icon Cymperator

3.1.4. .ase de vida do inseto Dependendo das aes a serem desenvolvidas nas atividades de controle de vetores, necessrio intervir em determinada fase da vida do vetor. O controle residual visa a atingir os mosquitos adultos e o trabalho focal, as larvas. Para uso em sade pblica no existe nenhum produto com ao efetiva contra os ovos (ovicida)..ase de Vida Ovos Larvas Adultos Caractersticas Ovicida Larvicida Adulticida, Imagocida Grupo Qumico .osforado Piretrides Nome Comercial Abate Icon, K-Othrine


4. Vias de exposioAs portas de entrada ou vias de exposio so os locais por onde os txicos podem se introduzir no organismo. Os locais que permitem a entrada de substncias txicas so a boca, a pele e o aparelho respiratrio. Estas vias so conhecidas tambm como oral, drmica e respiratria. Com base nessas portas de entrada os inseticidas podem ser classificados pelo seu modo de ao, conforme abaixo:

Vias de Exposio Oral Drmica Respiratria

Local de Entrada Aparelho bucal Quitina Espirculo

Tipo de Inseticida Ingesto Contato .umigantes/Respiratrios

Produto Lindano1 Malathion .osfina2

(1) Nome tcnico do BHC, no mais usado em sade pblica. (2) Usado no controle de gros armazenados (silos e armazns).

Geralmente, um inseticida pode agir de vrias formas (ingesto, contato ou fumigao), mas so mais especficos de uma determinada maneira. A maioria dos tratamentos feitos para controle de vetores so do tipo contato, podendo ser de superfcie ou espacial (UBV).


5. Caractersticas dos grupos qumicos usados em sade pblicaTodos os praguicidas usados atualmente em sade pblica, so produtos orgnicos e atuam sobre o Sistema Nervoso Central do inseto e, tambm, do organismo humano. Essa ao sobre o homem ocorre quando os mesmos so utilizados de maneira incorreta e sem o uso de Equipamentos de Proteo Individual (EPI).

5.1. CloradosOs inseticidas clorados foram os primeiros usados em grande escala no mundo. So bastante antigos, tendo sido descobertos por acaso, na Alemanha, em 1874 e, redescoberto como inseticida de poder residual, em 1939. Devido sua importncia, achamos necessrio repassar algumas informaes ao pessoal de campo, uma vez que, at a poucos anos, ainda se fez uso do produto. O DDT, principal representante do grupo, foi o primeiro inseticida que se comprovou eficaz para o controle da malria. Seu uso intenso no controle da doena deu-se aps a Segunda Guerra Mundial e a Organizao Mundial de Sade incentivou a criao das campanhas de erradicao da malria, em vrios pases do mundo, na dcada de 1950. A principal caracterstica dos inseticidas clorados possuir a molcula muito estvel, isto , no se quebra com facilidade. Isso determina sua permanncia por mais tempo no meio ambiente, passando a fazer parte da cadeia alimentar. O produto fica presente nos tecidos gordurosos dos animais. Na natureza, como os seres vivos se alimentam de outros, o DDT vai se concentrando e passa tambm para o homem. Devido sua permanncia no ambiente foram denominados COP (Compostos Orgnicos Persistentes), produtos que esto em vias de proibio de fabricao e uso. O seu emprego na agricultura foi o responsvel principal pela contaminao ambiental, uma vez que o volume usado em sade pblica foi muitas vezes menor. Alguns compostos persistentes como o DDT, possuem uma caracterstica denominada efeito gafanhoto, ou seja, o inseticida aplicado sobre o solo em diversos perodos, evapora-se em temperaturas elevadas, sobe para a atmosfera, podendo ser transportado para outras regies, caindo em outros lugares distantes, repetindo indefinidamente o fenmeno. A partir da dcada de 1970, comeou sua restrio em plano mundial, devido principalmente ao problema ambiental. No existem at agora, embora muito se tenha pesquisado, indcios de ligao entre a presena de DDT no organismo humano e a ocorrncia de cncer. Embora sem essas evidncias, o fato de poder induzir a formao de tumores em algumas espcies de ratos de laboratrio, suficiente para que se aprofunde os estudos sobre os possveis efeitos dessa substncia em seres humanos. A presena desse inseticida no organismo pode ter tido origem de vrias maneiras, dentre elas, a contaminao profissional/ocupacional (pessoas que trabalharam na fabricao, formulao e aplicao do produto) e a contaminao alimentar a que todas as pessoas ainda esto sujeitas. Apesar da presena do DDT no organismo ser um fenmeno mundial, seus ndices tendem a decrescer com a reduo do seu uso. O DDT presente no organismo diminui pela metade, a cada trs a quatro anos, o que se chama meia vida de uma substncia txica. O DDT vai aos poucos se transformando em DDA, sendo eliminado pela urina. A ao dos clorados sobre o sistema nervoso ocorre bloqueando a passagem da corrente eltrica atravs das membranas das clulas nervosas. A Organizao Mundial de Sade ainda preconiza o uso do DDT para controle de malria e leishmaniose, tendo em vista que muitos pases pobres ainda dependem do produto. No Brasil, fez-se a opo por proibir o seu uso, passando-se a utilizar inseticidas mais modernos, como os piretrides. O WW. (World Wildlife .und), entidade no governamental que cuida de questes ambientais, prev que at o ano de 2007, seja proibida em todo o mundo a fabricao de DDT. Atualmente, o WW. estima que ainda sejam fabricadas cerca de 35 mil toneladas/ano do produto. At que se proba definitivamente a fabricao e uso do DDT e a molcula presente no ambiente seja naturalmente degradada, devido ao efeito gafanhoto, todas as pessoas estaro, em maior ou menor grau, expostas sua presena..UNASA - novembro/2001 - pg. 15

5.2. .osforadosOs inseticidas organofosforados so mais antigos que os clorados. A primeira sntese ocorreu, tambm por acaso, em 1820. No entanto, seu uso intenso em agricultura e sade pblica deu-se somente na dcada de 1960. Esses inseticidas so originados do cido fosfrico, tendo como caracterstica principal a facilidade com que a sua molcula se degrada, fazendo com que ela no resista no ambiente. O produto se destri facilmente em contato com a gua e no permanece no organismo mais do que 72 horas. Dentro desse grupo existem representantes com vrios graus de toxicidade, desde o temephs, indicado pela OMS como um dos poucos produtos que pode ser aplicado em gua de consumo humano, at os gases de uso militar como o Sarin, o Tabun e o Soman, extremamente txicos ao homem, causando morte imediata. Os inseticidas fosforados so txicos para os mamferos, pois competem com a enzima colinesterase, causando sua inibio. Esta enzima hidroliza a acetilcolina em duas substncias: acetil (cido actico) e a colina, que tem funo de ponte qumica nas transmisses nervosas, sendo de importncia fundamental para o funcionamento do sistema nervoso. O inseticida fosforado, no organismo, aloja-se em um lugar especfico que o ponto de ao da colinesterase. Esta enzima, no podendo atuar, determina um acmulo de acetilcolina no organismo, advindo da os sintomas de intoxicao. Os fosforados determinam uma inibio definitiva da enzima, ou seja, a colinesterase bloqueada por esses inseticidas no tem mais ao. Nesse caso, existem medicamentos especficos que arrancam a molcula do inseticida da enzima, a qual passa a funcionar novamente. Estas substncias so usadas em casos de intoxicao.

5.3. CarbamatosOs carbamatos so usados, tanto na agricultura, como em sade pblica, sendo considerados inseticidas mais seguros, eles tambm pertencem ao grupo de produtos que inibem a colinesterase. A inibio da colinesterase, resultante da ao desses inseticidas, reversvel, ou seja, a enzima bloqueada, depois de algum tempo, pode voltar sua ao normal, com a sada natural do inseticida. O seu uso em controle de vetores mais restrito, pois so produtos de sntese mais cara. No Brasil utilizado, exclusivamente, para o controle da pulga transmissora da peste bubnica (Xenopsyla cheops).

5.4. PiretridesA flor de piretro conhecida por ter ao inseticida e foi usada desde a antigidade. Era utilizada na Prsia para afugentar insetos, advindo da o nome de p da prsia. um excelente inseticida natural, embora o princpio ativo extrado da flor seja estvel por pouco tempo, quebrando-se com facilidade. A partir da dcada de 1930, cientistas ingleses descobriram a aletrina, que possua a mesma ao da molcula natural, era um pouco mais estvel e tinha excelente ao inseticida. A sntese da aletrina indicava que o homem podia fabricar uma molcula que imitasse a natural, e significava a possibilidade do surgimento de inmeros outros produtos com as mesmas caractersticas. Esses produtos foram denominados, ento, de piretrides sintticos. Com o passar do tempo, foram descobertos produtos com molculas mais estveis, determinando um poder residual maior. Os piretrides no tm nenhuma ao sobre a colinesterase, atuando da mesma maneira que os clorados, ou seja, sobre a membrana das clulas nervosas. Uma das principais caractersticas dos piretrides a pouca quantidade necessria na sua utilizao, sendo considerados bastante seguras. Alguns possuem ao alergnica, ou seja, podem desencadear processos alrgicos em pessoas sensveis. Esses indivduos devem ser alertados para no executarem trabalhos com esses inseticidas, podendo desempenhar outras atividades, com produtos de outros grupos. Ao contrrio dos clorados, a molcula dos piretrides quebra-se com facilidade, no permanecendo ativa no ambiente e no organismo por muito tempo, podendo ser desmontada pela ao da gua e da luz..UNASA - novembro/2001 - pg. 16

6. .ormulaesOs inseticidas antes de serem usados, passam por um processo industrial denominado de formulao. Este processo visa misturar o ingrediente ativo (produto puro) com outras substncias inertes, chamadas de coadjuvantes. Quando se refere formulao, deve ser informado tambm em que concentrao se encontra aquela mistura. O uso das formulaes, ao invs do produto puro (Grau Tcnico), tem uma srie de vantagens, como a facilidade de manuseio, transporte, alm do aumento da segurana do produto. Considera-se grau tcnico a forma mais pura de se poder adquirir o produto. Concentraes a partir de 93% so assim qualificadas, desde que no tenham sido misturadas a outras substncias. As formulaes permitem o manuseio dos produtos com segurana e a colocao da dose exata do princpio ativo, na superfcie a ser tratada. No quadro abaixo esto os principais tipos de formulaes:

.ormulao Soluo a 50% P Molhvel a 40% Suspenso Concentrada Granulado

Smbolo S 50 PM 40 SC 5 G1

Conc. de i.a. 50% 40% 5% 1%

Usado nos Tratamentos UBV (dengue, malria) Residual perifocal (dengue) Residual (malria, calazar) Larvicida (dengue)

A concentrao da formulao comercial chamada de concentrao inicial. Aps a diluio para preparao da calda para aplicao, denominada concentrao final.


7. ToxicidadeA toxicidade de uma substncia, seja ela praguicida ou no, definida pelo tamanho do dano que pode provocar sade. Pode-se dizer que o que determina o veneno a dose, ou seja, qualquer substncia, a princpio, pode ser venenosa e o que leva a isso, a quantidade da substncia que penetra no organismo. obrigatrio que todos os praguicidas disponveis no mercado, tenham sido testados por cerca de 10 a 12 anos, antes de estarem registrados e disponveis para utilizao. Geralmente, os grandes laboratrios pesquisam cerca de 40 mil novas molculas por ano, selecionando apenas uma para desenvolver as pesquisas subseqentes. O desenvolvimento dessa molcula exige investimento de cerca de 50 milhes de dlares. So realizados testes que seguem regras rigorosas de organismos internacionais, como a Organizao Mundial de Sade (OMS) e Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e Alimentao (.AO), alm de rgos federais de vrios pases, como a Envirommental Protection Agency - Agncia de Proteo Ambiental (EPA) dos Estados Unidos. Entre os testes feitos, constam estudos de toxicologia humana e ambiental. Qualquer problema detectado durante estes testes srio fator impeditivo para o lanamento comercial do produto. Os testes de DL50 (dose letal 50) so os primeiros a serem realizados e permitem saber o grau de toxicidade de uma substncia. Esses testes so feitos em animais de laboratrio, podendo ser orais, drmicos ou respiratrios. A DL50 representa a menor dose do txico que mata metade da populao testada, geralmente ratos de laboratrio. Logo, quanto menor os valores da DL50, mais txico a substncia. A unidade de medida da DL50 miligramas do produto por quilo de peso vivo (mg/Kg/PV 1 mg = 1g/ 1000). Os estudos para registros de produtos incluem testes que so muito mais rgidos que a DL50, como o (NOEL) No Observed Effect Level. O NOEL representa o limite da dose empregada que no induz o aparecimento de qualquer efeito adverso. Os valores de DL50 estabelecem a classificao toxicolgica dos praguicidas. Na tabela abaixo, pode-se ter uma idia da toxicidade de alguns praguicidas usados em sade pblica, comparados a outros de grande toxicidade, utilizados na agricultura. Pode ocorrer tambm que, devido adoo de critrios mais rgidos pelos rgos registradores, um produto venha a ser colocado numa faixa de toxicidade mais restrita ou mesmo, ter proibida a sua fabricao. Classificao Toxicolgica de Alguns Praguicidas (DL50 do produto puro)Classificao I. Extremamente Txicos II. Moderadamente Txicos III. Ligeiramente Txicos DL50 oral (lquidos) (mg/Kg/PV) 20 a 200 200 a 2.000 2.000 a 6.000 Uso em Cor da Tarja no Rtulo Vermelho Amarelo Azul Verde Produto Comercial .olidol, Rhodiatox, etc. Icon, K-Othrine .yfanon Abate

Agricultura Agricultura e Sade Pblica Agricultura e Sade Pblica

IV. Praticamente maior que 6.000 Sade Pblica Atxicos .onte: Praguicidas em Sade Pblica - Ministrio da Sade

Quando se prepara um inseticida, faz-se uma diluio e a DL50 aumenta consideravelmente, diminuindo a toxicidade do mesmo. Deve ser compreendido que a DL50 indicada no quadro acima, refere-se ao produto puro. Um praguicida classificado como moderadamente txico, ao ser formulado e diludo para aplicao, pode passar a ser classificado como praticamente atxico, como o caso dos piretrides..UNASA - novembro/2001 - pg. 19

7.1. Informaes bsicas sobre toxicologiaA toxicologia a cincia responsvel pelo entendimento dos efeitos adversos de uma substncia. Pelo exposto, compreende-se que no estuda unicamente os efeitos dos venenos. Qualquer substncia, a princpio, pode ser txica, dependendo da dose empregada. Os estudos toxicolgicos podem ser feitos sobre os organismos vivos ou sobre seus efeitos no ambiente (toxicologia humana e ambiental). A funo do toxicologista no , basicamente, prestar atendimento a pessoas intoxicadas para indicar tratamento. Isto pode ser realizado por mdicos clnicos, uma vez que j existem procedimentos padronizados para tratamento dos casos mais comuns de intoxicao. Um outro ponto que deve ser esclarecido e que tem causado enorme dvida nos servidores de campo, diz respeito aos conceitos de contaminao e intoxicao. Os produtos organoclorados, como o DDT, devido sua persistncia, contaminou grande parte dos seres vivos. Em anlises de sangue de pingins que vivem em regies onde nunca houve aplicao do produto, assim como em sangue de recm-nascidos, detecta-se a presena desse praguicida. Diz-se ento que esses seres esto contaminados. A contaminao pelos organoclorados adquire um aspecto mais srio, quando a quantidade do produto no organismo atinge limites crticos, passando ento a ser considerada intoxicao. comum ouvir-se comentrios que essas intoxicaes no tem cura, o que traz, s vezes, desconforto e preocupao, principalmente, queles que trabalharam com o produto. Realmente, no existe tratamento especfico para as intoxicaes crnicas por esses produtos, sendo apenas administradas, nesses casos, medicaes sintomticas. A presena do DDT no organismo dos seres vivos tende a diminuir e at mesmo a desaparecer, uma vez que a fabricao e a aplicao mundial dessa substncia vem sendo proibidas. Mesmo aps a proibio da utilizao de inseticidas organoclorados, em mbito mundial, podero ser detectados resduos desses produtos por vrios anos, tanto no solo como nos seres vivos. Esse fato deve-se alta estabilidade da sua molcula no ambiente e a eliminao lenta pelos organismos vivos.

7.2. Tipos de intoxicaesOs trabalhadores encarregados do manuseio (fabricao, formulao e aplicao) de praguicidas esto sujeitos a intoxicaes chamadas laborais ou profissionais. Aqueles que atuam na fabricao e formulao desses produtos, por executarem atividades em ambiente industrial, podem estar mais protegidos, uma vez que trabalham em locais controlados. Os servidores responsveis pela aplicao desses produtos no campo, podem estar, s vezes, mais expostos, devido s caractersticas dessa atividade. As intoxicaes podem ser agudas ou crnicas. As intoxicaes agudas so caracterizadas por um contato com uma grande dose do txico em determinado momento, como um acidente de vazamento sobre a roupa, inalao importante ou ingesto. As intoxicaes crnicas so aquelas causadas pelo contato freqente de pequenas doses dirias. Se o produto for cumulativo, a quantidade absorvida pode ir se juntando no organismo, at o aparecimento dos sintomas.


8. Equipamentos de proteoToda empresa deve procurar usar substncias qumicas que sejam menos txicas ou menos agressivas ao organismo humano e ao ambiente. Caso isso no seja possvel, deve-se buscar instalar ou fornecer equipamentos de proteo que diminuam ou evitem o contato com essas substncias perigosas. Os equipamentos de proteo so classificados em:

8.1. Equipamentos de Proteo Coletiva (EPC)Os equipamentos de proteo coletiva visam diminuir a fonte de contaminao no ambiente de trabalho. So comuns em fbricas e indstrias, podendo se adotar equipamentos que faam a ventilao, exausto ou confinamento de uma fonte de contaminao ou rudo.

8.2. Equipamentos de Proteo Individual (EPI)So usados quando os Equipamentos de Proteo Coletiva esto em fase de implantao ou quando estes no eliminam os riscos, ou ainda, se no for possvel a sua adoo, como o caso das atividades de controle de vetores. 8.2.1. Tipos de equipamentos de proteo individual So chamados de Equipamentos de Proteo Individual todo objeto que possa evitar o contato com um contaminante, oferecer proteo contra rudos e outros riscos presentes no ambiente de trabalho (quedas, ferimentos, etc.). Estes objetos podem se constituir de equipamentos ou vesturios. Em razo do importante papel da proteo drmica, a roupa pode tambm ser considerada um EPI. As trs vias de exposio pelas quais um txico penetra no organismo so: digestiva, drmica e respiratria. .az-se, ento, necessrio oferecer proteo aos rgos suscetveis de contaminao (boca, pele e o trato respiratrio). Os olhos e os ouvidos devem tambm ser protegidos, dependendo do tipo de tarefa executada. Para fins didticos e considerando as vias de exposio, optou-se por classificar os EPI em quatro grupos: Equipamentos de proteo dermal; Equipamentos de proteo auditiva; Equipamentos de proteo visual; Equipamentos de proteo respiratria.

No existe um EPI especfico para evitar a contaminao oral, uma vez que a introduo de produtos txicos no organismo por essa via, pode se dar de maneira intencional, no caso de tentativa de suicdio ou quando a pessoa se alimenta ou fuma durante a sua aplicao. Para evitar esse tipo de contaminao, o aplicador deve estar consciente da importncia de adotar determinadas prticas, e entre elas, no comer, beber ou fumar durante o trabalho. Tambm no deve preparar alimentos ou comer em locais onde se guarda inseticidas. 8.2.1.1. Equipamentos de Proteo Dermal (EPD) Qualquer cobertura que se interponha entre a pele e o agente txico, pode ser considerado um Equipamento de Proteo Dermal. As caractersticas apresentadas abaixo dizem respeito aos EPD para uso em controle de vetores. So exemplos:.UNASA - novembro/2001 - pg. 21

Calados: O tipo ideal a botina que protege os ps e o tornozelo. Deve ser engraxada com freqncia, o que permite uma maior impermeabilidade do couro. Bota de borracha: A bota de borracha impermevel deve ser usada para execuo de tarefas em criadouros, onde seja necessrio entrar em contato com a gua. Capacete de aba total: O capacete de aba total tem importante papel na proteo do crnio, seja prevenindo insolao ou impedindo o contato da nuca e pescoo com partculas dos produtos. Graas s caractersticas dos trabalhos de controle de vetores, no existe risco de impacto de objetos em queda livre. Bon: A principal funo do bon proteger a cabea contra a insolao, uma vez que muitas das atividades so executadas durante o dia, s vezes, sob pleno sol. Calas e camisas de mangas curtas e longas: As calas e camisas de brim cqui tem importante funo na proteo da pele. Durante os trabalhos de aplicao de inseticidas, as partculas geradas pelos equipamentos so pequenas, o que determina que essas gotculas caiam sobre o tecido em quantidades que no causem graves riscos de intoxicao, principalmente por causa da baixa toxicidade do produto utilizado e as diluies sofridas. Entretanto, as trocas desses EPD devem ser feitas diariamente para que no ocorra o acmulo de partculas de vrios dias de trabalho, passando o tecido a ser fonte de contaminao. Para isso, cada servidor dever receber 5 (cinco) conjuntos de calas e camisas anualmente, uma vez que existem dificuldades para lavagem durante a semana. Aventais: Por causa das caractersticas dos servios de controle de vetores, onde se aplicam praguicidas qumicos, no existe a necessidade de que todas as tarefas de aplicao sejam feitas com avental. Para que um avental proteja totalmente a vestimenta contra as gotculas geradas, ele deve ser de cobertura total, ou seja, que resguarde o aplicador pela frente e pelas costas. Um avental com essas caractersticas traz um srio desconforto ao usurio, pelo intenso calor acumulado. Em condies tropicais, o trabalho com roupa de brim e com um avental de cobertura total, pode causar grande desconforto ao usurio. Em decorrncia do exposto, deve ser indicado o uso de avental de cobertura frontal do peito e pernas, apenas para as tarefas de preparao de solues (mistura de inseticida e leo vegetal) e abastecimento de tanques de nebulizadores (pesados e portteis). Nesse caso, existe risco de projeo ou derramamento de produto concentrado na vestimenta. Mesmo durante a preparao de cargas para equipamentos de asperso, graas facilidade de diluio das modernas preparaes, no existe necessidade de qualquer tipo de avental, uma vez que, se o produto for um formulado de qualidade, basta jogar a carga ou o p diretamente no tanque do aplicador, no necessitando de mistura prvia no balde. Luvas nitrlicas: As luvas de nitrili puro resistem passagem de praguicidas, isolando as mos desse tipo de produto. Devem ser utilizadas em todas as atividades que envolvam o manuseio de praguicidas qumicos. Luvas de raspa de couro: As luvas de raspa de couro devem ser indicadas para trabalhos em que exista risco de ferimentos nas mos, em atividades nas quais se faz uso de ferramentas, como servios de limpeza de criadouros, captura e/ou conteno de animais. Luvas de ltex (procedimentos): As luvas de ltex para procedimentos no cirrgicos, devem ser usadas em todas as atividades de laboratrio. Aps cada procedimento, devem ser descartadas. 8.2.1.2. Equipamento de Proteo Auditiva (EPA) Em todas as operaes de controle de vetores que se utilizam equipamentos motorizados pesados ou costais, devem ser usados os protetores auriculares. Por causa da necessidade do uso de capacete, os protetores auriculares devem ser de insero..UNASA - novembro/2001 - pg. 22

Este equipamento fabricado com silicone ou outro material macio que permita sua colocao no orifcio auricular. Geralmente, o par preso por um cordo e acondicionado em caixa plstica. O protetor auricular deve ser limpo, higienizado e de uso individual. 8.2.1.3. Equipamentos de Proteo Visual (EPV) Os Equipamentos de Proteo Visual destinam-se a proteger os olhos de agresses decorrentes de agentes externos. Esses agentes podem ser radiaes ou projeo de materiais mecnicos, qumicos ou biolgicos. No caso especfico das atividades de laboratrio, determinadas tarefas podem trazer srios riscos de contaminao pela projeo de material biolgico contaminado. Para essas atividades devem ser usados os culos de segurana, de acrlico ou policarbonato, com hastes do mesmo material. Este tipo de equipamento, alm de ser leve, possui grande transparncia e promove um bom isolamento da rea dos olhos, protegendoa dos agentes perigosos. 8.2.1.4. Equipamentos de Proteo Respiratria (EPR) Os equipamentos aplicadores de praguicidas usados na agricultura ou em sade pblica, necessitam fragmentar e impulsionar partculas para serem colocadas em determinada superfcie ou massa de ar. Durante a execuo dessas tarefas, o aplicador est sujeito a respirar uma grande quantidade de gotculas. O aparelho respiratrio conformado de tal maneira a evitar que as partculas maiores cheguem ao interior do pulmo, as quais ficam retidas nas dobras nasais e no muco ali presente. Essa proteo, entretanto, no tem eficcia contra partculas muito pequenas que podem chegar ao interior dos alvolos. Mesmo as partculas maiores retidas no muco, podem causar uma contaminao digestiva, caso o muco protetor venha a ser deglutido pelo operador. de fundamental importncia que os aplicadores de praguicidas qumicos utilizem equipamentos apropriados para proteo respiratria. Esses equipamentos so chamados de mscaras, peas faciais, purificadores de ar ou respiradores. Seria conveniente adotar a denominao de peas faciais ou mscaras, como forma de padronizar as referncias.


9. Tipos de mscaras respiradoras (EPR)Os Equipamentos de Proteo Respiratria podem ser fabricados com material macio, devendo ser de boa qualidade, proporcionar um bom assentamento, no ser pesado e no escorregar pela face. Uma das principais caractersticas de um bom EPR o conforto. Outro importante fator num respirador o cansao respiratrio. Esse inconveniente causado pelo chamado espao morto. Algumas mscaras, em conseqncia de falhas de projeto, apresentam uma distncia muito grande entre a parede do respirador e a face do usurio, ocasionando um depsito de ar respirado e que no sai para o exterior. A cada nova inspirao, parte daquele ar viciado respirado novamente, ocasionando um cansao progressivo. Os EPR para uso em atmosferas normais so as peas faciais que oferecem proteo da boca, queixo, nariz e olhos.EPR Pea facial de 1/4 Pea facial de 1/2 Pea facial completa Boca e nariz Boca nariz e queixo Boca, nariz, queixo e olhos Regio Protegida

9.1. .ator de proteo dos respiradoresAs peas faciais destinadas proteo respiratria devem obedecer a determinadas normas e padres, estabelecidos por rgos oficiais nacionais e internacionais. Uma dessas padronizaes diz respeito ao fator de proteo atribudo. O .ator de Proteo dos respiradores fornece uma idia do grau de proteo que se espera alcanar, em determinado ambiente de trabalho, quando um aplicador treinado utiliza uma pea facial em bom estado e, corretamente ajustada face. .atores de proteo atribudos de algumas peas faciaisTipo Pea facial de 1/4 Pea facial de 1/2 Pea facial completa Proteo Boca e nariz Boca, nariz e queixo Boca, nariz, queixo e olhos rea do Rosto Protegida 5% 50% 100 % .ator de Proteo 10 10 100

9.2. A escolha de EPR para as atividades de controle de vetoresOs trabalhadores que exercem atividades de controle de vetores, por causa de uma srie de fatores, podem s vezes, estar expostos a um risco maior que aqueles que aplicam praguicidas na agricultura. Os aplicadores agrcolas, embora possam utilizar produtos muito mais txicos, esto sujeitos a situaes, provavelmente, mais amenas, ou seja, trabalham em ambientes abertos e aplicam o produto apenas durante uma.UNASA - novembro/2001 - pg. 25

fase da cultura. Os aplicadores em sade pblica, ao contrrio, atuam muitas vezes em ambientes fechados e com uma freqncia muito maior, pois diariamente e durante todo o ano, esto expostos a esses produtos. Outro fator de risco diz respeito s concentraes utilizadas uma vez que, para uso em sade pblica, os produtos embora de toxicidade mais baixa, so utilizados em concentraes maiores que aquelas usadas na agricultura. Considerando as premissas apresentadas, adotou-se os seguintes EPR para uso nas atividades de controle de vetores: Pea facial de ou pea semifacial Em virtude de seu baixo fator de proteo atribudo, deve ser utilizada apenas no momento da colocao do larvicida granulado (temephs) em frascos de boca larga e manuseio de embalagens. Os condutores de veculos que forem realizar viagens de curtas e longas distncias, devem levar esse tipo de equipamento para uso em caso de acidentes de transporte. Os servidores que trabalham em depsitos, devem tambm fazer uso dessa pea durante as operaes de carregamento e descarregamento, acidentes em armazns e em servios de limpeza (varrer, lavar). Pea facial completa necessrio indicar um EPR que fornea uma proteo superior, uma vez que, conforme referido, nossos aplicadores esto sujeitos a trabalhar em ambientes contaminados por partculas, de maneira muito mais freqente e intensa. Por este motivo, foi preconizado o uso das Peas .aciais Completas, considerando que seu fator de proteo atribudo 100 (cem), ou seja, dez vezes mais que uma simples pea semifacial. As peas semifaciais, alm de deixar parte da superfcie do rosto desprotegida, exigiria o uso de EPI complementar, como as viseiras ou os culos de proteo. O uso cada vez mais freqente de piretrides, graas ao seu potencial alergnico, exige que toda a superfcie do rosto seja protegida, o que no se consegue com as peas semifaciais. Embora o preo inicial desse tipo de equipamento possa ser mais elevado, trar um benefcio maior, desde que o usurio seja conscientizado para que tenha os devidos cuidados, fazendo a sua higienizao, lavagem e guarda, conforme recomendao prvia. Nessas condies, esse tipo de equipamento pode durar at 5 (cinco) anos.

9.3. Restries ao uso de respiradoresOs servidores que apresentam problemas respiratrios e/ou cardacos, devem ser submetidos a exame mdico prvio, podendo, em alguns casos, serem impedidos de usar esse tipo de equipamento. Nesse caso, o servidor poder exercer outra atividade que no necessite do uso de respirador. Alm dos problemas acima, outros fatores impedem que as mscaras sejam usadas com segurana, tais como: alterao de peso de 10 Kg ou mais, ocorridos aps o teste de vedao; cicatrizes significantes na rea de vedao da face; mudanas importantes na arcada dentria, extraes mltiplas sem prtese; colocao de dentaduras; cirurgia plstica ou reconstrutiva; presena de barba e costeletas. Dentre esses fatores, a presena de barba ou costeletas talvez seja o fator mais comum entre o pessoal de campo. Quem trabalha em atividades de aplicao de inseticidas, no deve fazer uso de barba ou costeleta, uma vez que a vedao da mscara poder ser seriamente prejudicada.


10. .iltros purificadoresOs diversos modelos de mscaras podem ser acopladas a diferentes tipos de filtros, dependendo do contaminante a ser filtrado. Durante a pulverizao ou nebulizao de praguicidas em sade pblica, o aplicador pode entrar em contato com os seguintes contaminantes: Vapores orgnicos: formados pela evaporao dos componentes do produto, constitudos, normalmente, de gases com odor caracterstico; Gotculas de pulverizao: partculas lquidas de diversos tamanhos, formadas pelo equipamento aplicador; Ps em suspenso: partculas slidas, formadas pelo levantamento de ps ou produtos granulados, durante o manuseio e aplicao. Para que se possa proteger o aparelho respiratrio dos contaminantes, acima descritos, devem ser usados os filtros combinados: qumico e mecnico. Os filtros qumicos recomendados para uso em sade pblica, devero ser os de Classe 1 para gases e vapores orgnicos (pesticidas). A filtragem ocorre atravs de uma camada de carvo ativado, com grande poder de absoro. Os filtros mecnicos P2 so usados para reter partculas slidas e gotculas que ficam presas na sua trama. Elas oferecem excelente proteo e exigem pouco esforo respiratrio. Os vapores orgnicos tm livre passagem pelo filtro mecnico, mas so absorvidos pelo filtro qumico. A montagem dos filtros deve ser feita colocando-se o filtro mecnico na frente do filtro qumico.

10.1. Validade dos filtrosA questo da validade dos filtros deve ser bem entendida, uma vez que causa de freqentes dvidas. No existe a obrigatoriedade de se estipular um prazo de validade para os filtros respiratrios, aps aberta a embalagem lacrada de fbrica. Geralmente, os produtores garantem os filtros por um perodo de 3 (trs) anos, a partir da sada da fbrica, desde que a embalagem original no tenha sido violada. Uma vez que a embalagem original tenha sido aberta, no h um prazo predeterminado para a sua substituio, uma vez que, vrios fatores influem para que o filtro tenha uma durao menor ou maior, como por exemplo: - tamanho do cartucho; - tipo e concentrao do contaminante a ser filtrado; - intensidade de respirao; - fatores climticos. Devido aos fatores acima que contribuem para maior ou menor esgotamento da capacidade de filtrao dos componentes, no existe prazo predeterminado para descartar o cartucho. Na prtica, ele deveria ser trocado sempre que o usurio sentir cheiro, gosto ou irritao ocular. Entretanto, em virtude das pessoas reagirem de maneira diferente ao gosto ou ao cheiro de determinada substncia, recomenda-se que os filtros sejam trocados a cada 4 (quatro) meses. Nesse caso, a data de incio da utilizao deve ser anotada no prprio cartucho filtrante. Mesmo dentro desse perodo, se o servidor comear a sentir cheiro, gosto ou ardncia nos olhos, independentemente de se esgotar o prazo, deve se substituir o cartucho por outro novo.


11. Testes de vedaoOs testes de vedao consistem em ensaios de vedao e verificao de vedao, e so utilizados para se verificar se o equipamento est oferecendo uma boa proteo, no permitindo a passagem de ar contaminado para o interior.

11.1. Ensaio de vedaoOs ensaios de vedao devem ser realizados por pessoas especialmente treinadas para tal procedimento. imprescindvel que a escolha da mscara seja feita pelo prprio usurio, separando a de tamanho que melhor se adapte ao formato do seu rosto. Aps a seleo, indispensvel que o usurio seja submetido a um ensaio de vedao, utilizando-se fumo irritante. Antes da realizao do ensaio, o aplicador deve mostrar ao usurio o equipamento gerador de fumo e fazer com que ele sinta a presena da fumaa, para que o mesmo no estranhe durante o teste. .az-se necessrio que o ambiente seja ventilado para no haver acmulo de fumaa. Durante a aplicao do fumo, ao redor da mscara, os olhos devem ser mantidos fechados, evitando que ocorra irritao ocular, caso haja vazamento. O usurio, aps colocar a mscara, necessita fazer ajustes que a posicionem melhor em sua face. Aps colocada, recomenda-se usar o respirador por cerca de 10 (dez) minutos. Durante a realizao do teste, o aplicador deve efetuar diversos movimentos com a cabea, falar e realizar outros procedimentos recomendados. importante evitar tocar a mscara nos ombros ou peito. Caso a vedao no tenha sido perfeita, o usurio acusar a presena da fumaa, devendo a mscara ser rejeitada, escolhendo-se outra. recomendvel a repetio do ensaio de vedao a cada semestre.

11.2. Verificao de vedaoA verificao de vedao um teste simples, feito no campo pelo prprio aplicador, no incio de cada jornada de trabalho. Consiste em retirar os filtros, tampar os orifcios com as palmas das mos e fazer uma forte inspirao. Caso se perceba a mscara grudar na face sem haver vazamento, a vedao estar ocorrendo. Aps o teste acima, as vlvulas de inalao devem ser tampadas, fazendo-se uma forte expirao. Se o usurio sentir uma presso dentro da mscara, sem haver vazamento nas laterais, a vedao tambm ser considerada satisfatria.


12. Pasta de segurana individualEm razo da necessidade de se manter registros sobre a questo da segurana do trabalhador, conveniente estabelecer um sistema de informaes sobre o assunto. Em cada Distrito deve ser montado um arquivo de pastas suspensas, para guardar uma srie de informaes a respeito das questes de segurana. Essa pasta de grande importncia para subsidiar supervises dos membros da Comisso Regional de Sade do Trabalhador, de mdicos e engenheiros do trabalho, aes legais, etc. As informaes dizem respeito aos seguintes aspectos: - recibo de entrega de EPI, com declarao de uso; - informaes biomtricas do servidor; - tipo de atividade que desenvolve e produtos utilizados; - EPI fornecido, informando marca, modelo e n do CA/MTb; - data dos testes de vedao das mscaras; - data da distribuio de filtros; - cursos e reciclagens sobre segurana qumica; - ficha de investigao de acidente por intoxicao; - exames de colinesterase realizados; - encaminhamentos mdicos; - supervises realizadas, etc. Para anotao dessas informaes existem formulrios e modelos apropriados, devendo ser preenchidos pelos supervisores de campo e responsveis pelo programa de proteo respiratria. Devero ser registrados os resultados das supervises feitas, observando o dia, local e horrio e, se o servidor, na ocasio, estava ou no usando os EPI fornecidos.


13. Cuidados com os EPI muito importante limpar e guardar os Equipamentos de Proteo Individual (EPI). Isto determina que, alm do conforto e segurana de sempre estar sendo usado um equipamento limpo e sem odores, a sua durabilidade estar assegurada. O usurio precisa entender que os EPI existem para proteger sua sade de possveis danos decorrentes do trabalho executado, por isso, necessitam ser tratados com respeito e cuidado. Dessa forma, estar protegendo a sua sade. imprescindvel que os EPI que no estiverem em uso (mscaras, luvas, botas, etc.) sejam guardados em local adequado e longe de fontes de contaminao, como inseticidas ou outros produtos. Um EPI sujo e malcuidado importante fonte de contaminao. So apresentadas a seguir, algumas informaes sobre os cuidados que se devem dispensar aos diversos EPI recomendados para uso em controle de vetores: Calado de segurana (botina): Engraxar semanalmente, uma vez que o couro engraxado tem maior poder de impermeabilizao. A botina de segurana deve proteger os ps e o tornozelo. Bota de borracha: Inspecionar freqentemente para detectar possveis vazamentos. Aps o uso, lavar com gua e sabo e secar ao sol. Para eliminao de possveis odores, lavar com desinfetante (gua sanitria, produtos base de pinho, eucalipto, etc). Capacete de aba total: Limpar diariamente para eliminar os resduos de inseticidas presentes na superfcie. Desmontar e higienizar o sistema de amortecedor (carneira) e o absorvedor de suor com gua e sabo, sempre que necessrio. Bon: Lavar semanalmente ou quando necessrio. Calas e camisas de mangas curtas e longas: Trocar diariamente as calas e camisas usadas. As peas sujas devem ser guardadas em saco plstico para o transporte. As recomendaes sobre a lavagem caseira das roupas esto descritas no item 14.4. Aventais: Limpar diariamente com gua e sabo e colocar para secar. Luvas Nitrlicas: Lavar diariamente com gua e sabo e colocar para secar pelo avesso. Recomendase que a troca seja mensal e que se destine um par ao servio de lavagem de roupas. Luvas de raspa de couro: Lavar sempre que estiver suja. Para a eliminao de possveis odores, utilizar desinfetante (gua sanitria, produtos base de pinho, eucalipto, etc). Protetores Auriculares de Insero: Higienizar esses protetores diariamente com pano embebido em lcool para a retirada das secrees. Em seguida, lavar com gua e sabo e guard-los em caixa prpria. culos de Segurana: Limpar com freqncia com gua e sabo. Secar com pano macio. No usar substncias solventes que possam danificar o material. Mscaras Semifacial e .acial Completa EPR: Em conseqncia de sua complexidade, limpar esses equipamentos obedecendo certas regras que sero descritas a seguir.

13.1. Cuidados com as mscaras respiratrias (EPR)Os cuidados relativos aos EPR constam de higienizao, lavagem e desinfeco. A higienizao consiste numa limpeza diria, aps o turno de trabalho, com um pano macio embebido em gua morna e sabo. A higienizao recomendada para eliminar a presena de inseticida acumulado durante o dia e o suor decorrente do seu uso. O pano deve ser constantemente enxaguado, procurando atingir a parte externa e as dobras internas do equipamento. A higienizao permitir ao usurio ter sempre mo um equipamento limpo, resguardando o mesmo de maus odores decorrentes da transpirao e contaminao de produtos txicos..UNASA - novembro/2001 - pg. 33

A lavagem deve ser executada uma vez por semana ou por perodos mais espaados, e ser feita aps desmontagem cuidadosa dos componentes, seguindo-se alguns passos como os descritos abaixo: Retirar os tirantes, os receptculos dos filtros, as caixas protetoras das vlvulas de inalao e exalao, o diafragma de voz (quando houver), a mascarilha interna, etc. Tomar especial cuidado com as vlvulas, uma vez que, em razo de sua fragilidade, necessitam ser manuseadas com bastante ateno. Verificar, durante o processo de desmontagem, o estado dos componentes e aproveitar para realizar a manuteno preventiva. Caso seja necessrio trocar componentes, usar somente peas originais, seguindo as recomendaes do fabricante. Lavar os componentes com um pano ou escova macia, gua morna, sabo ou detergente comum, no sendo recomendado o uso de outros produtos nem escovas metlicas. Todo o interior da mscara deve ser lavado, especialmente as dobras internas. Secar as peas com um pano macio e enxuto, no as colocando para enxugar diretamente ao sol. Aps a secagem, mont-las com o mesmo cuidado dispensado na desmontagem. Depois do processo de montagem, deve se fazer uma verificao de vedao, tampando-se, alternadamente, as entradas das vlvulas de inalao e exalao. Guardar a mscara em caixa prpria ou em saco plstico, evitando-se dobr-la para no deformar a borracha. Em hiptese alguma, deve ser guardada em caixas de inseticida vazias ou com outros EPI contaminados. Proceder desinfeco empregando solues desinfetantes, sempre que a mscara utilizada por um servidor se destinar a outro, desde que ainda esteja em condies de uso.

13.2. Preparo de solues desinfetantesAs solues desinfetantes podem ser preparadas base de cloro ou de iodo, com produtos encontrados nas farmcias ou supermercados. a) Dissolver 3ml (uma colher das de sobremesa) de gua sanitria por litro de gua, num recipiente adequado para conter as peas a serem desinfetadas. Essa soluo conter aproximadamente 50ppm de cloro. b) Dissolver 1ml (uma colher das de caf) de soluo de iodo por litro de gua, num recipiente adequado para conter as peas a serem desinfetadas. Essa soluo conter aproximadamente 50ppm de iodo.


14. Cuidados no transporte, armazenamento, destino de embalagens vazias e lavagem segura de roupas contaminadas14.1. Cuidados durante o transporteO transporte dos praguicidas, do depsito central at os postos de abastecimento, deve ser feito levando-se em considerao alguns cuidados. Recomenda-se que no sejam transportadas no mesmo veculo: pessoas, animais, alimentos e medicamentos. Devero ser observadas e obedecidas as normas prescritas na legislao sobre o transporte de cargas de produtos txicos. necessrio que o motorista faa reviso mecnica minuciosa do veculo e que, de preferncia, seja acompanhado por um auxiliar, durante a viagem. O Condutor deve usar o uniforme indicado (calas e camisas de brim cqui). O veculo deve conduzir enxadas, ps e os seguintes Equipamentos de Proteo Individual: mscara semifacial; luvas nitrlicas. prudente que o motorista evite vias de trfego intenso, dando preferncia aos horrios de menor volume de trnsito. Para prevenir acidentes por abalroamento, conveniente no estacionar em acostamento de rodovias por tempo prolongado. Em caso de acidente, o local dever ser sinalizado e isolado de curiosos. Caso os produtos transportados sejam lquidos, necessrio que suas embalagens sejam roladas para evitar maiores vazamentos. Os produtos derramados no cho devero ser contidos com valetas ou colocao de terra. Ser indispensvel realizar todo esforo para prevenir a contaminao de redes de esgoto e cursos de gua. A descontaminao dever ser feita em local adequado, usando uma soluo fraca de soda custica. Lavar o veculo aps esse processo, com bastante gua corrente para evitar corroso das partes metlicas. Caso o acidente ocorra em centros urbanos, o condutor do veculo dever entrar em contato com o Corpo de Bombeiro local que poder auxiliar nessas situaes.

14.2. Cuidados no armazenamentoOs produtos distribudos no campo para uso das equipes ou frentes de trabalho, devem ser armazenados nos chamados postos de abastecimento PA, onde so guardadas pequenas quantidades de inseticidas. O responsvel por esses locais devem seguir as normas gerais de armazenagem, apesar das dificuldades existentes. estocar os produtos em cima de estrados de madeira; no misturar larvicidas a serem usados em gua de consumo humano com outros produtos; controlar a distribuio, observando os prazos de validade (o que entra primeiro, sai primeiro); manusear o produto utilizando os EPI indicados; o local deve ser ventilado; no dormir, cozinhar ou se alimentar no mesmo local de guarda do praguicida.

14.3. Descarte seguro de embalagens vaziasAs embalagens vazias devem ser descartadas, observando-se certos cuidados bsicos. O fluxograma apresentado a seguir, fornece uma idia da maneira correta de tratar esse tipo de material..UNASA - novembro/2001 - pg. 35

Sempre que a embalagem permita colocar gua sem se deteriorar, recomendvel realizar a trplice lavagem. Este procedimento possibilita retirar a quase totalidade do praguicida da embalagem, podendo ser descartada com segurana, aps a deformao, para evitar o seu uso posterior. As embalagens plsticas de temephs (sacos de 500 g), devido segurana do produto, no necessitam ser submetidas trplice lavagem, porm, para o descarte, deve-se obedecer s regras recomendadas. A trplice lavagem deve ser feita aps o esvaziamento total do contedo. O tempo de escorrimento deve durar cerca de 30 segundos. Em seguida, colocar 1/3 de gua, tampar e agitar vrias vezes, vertendo o contedo no tanque da bomba. Este procedimento deve ser repetido por 3 (trs) vezes. A gua da trplice lavagem deve ser colocada no tanque do aplicador, atentando-se para que o volume no ultrapasse o indicado. Aps a realizao da trplice lavagem e destruio (perfurao, esmagamento, etc.), as embalagens devero ser coletadas e conduzidas a um ponto de onde podero ser juntadas, de modo que fiquem armazenadas em um local apropriado no depsito central do estado. Aps, podero ser devolvidas ao fornecedor ou destinadas a outras finalidades como reciclagem industrial, por exemplo. Os Subdistritos Sanitrios devero se adequar para o recebimento dessas embalagens, destinando uma rea coberta para a sua guarda provisria. Este procedimento permite atender nova legislao sobre embalagens de praguicidas agrcolas, conforme descrito no Decreto n 3.550 de 27 de julho de 2000. Observar no fluxograma as possibilidades de descontaminao, destruio e descarte dos vrios tipos de embalagens existentes.

14.4. Lavagem segura de roupas contaminadasEmbora os inseticidas usados no controle de vetores sejam produtos com toxicidade mdia ou baixa e no apresentem maiores problemas, quando devidamente manuseados e aplicados, recomenda-se alguns procedimentos sobre a lavagem das roupas usadas. A observao desses cuidados eliminar ou minimizar a contaminao da pessoa encarregada dessa tarefa, a qual no dever ser realizada por gestantes ou crianas. O transporte das roupas de campo utilizadas deve ser feito dentro de sacos plsticos, fornecidos pela Instituio. As roupas usadas durante as aplicaes e/ou manuseio de inseticidas devem ser separadas, por ocasio da pr-lavagem, das demais peas de roupa. Antes do processo de lavagem propriamente dita, as peas sero submetidas a trs molhos com gua e sabo. Para a execuo desse procedimento, necessrio o uso de luvas nitrlicas, devendo-se destinar um par a esse servio. A roupa dever permanecer de molho por cerca de 1 (uma) hora. Aps ficarem de molho, as roupas podero ser manuseadas com segurana, sem haver, praticamente, risco de contaminao. As guas de descarte dos molhos, devido grande diluio do produto, podem ser liberadas na rede comum de guas servidas, sem maiores problemas. Quando as condies locais e as caractersticas do trabalho permitam, conveniente que se instale uma estrutura, para proceder lavagem mecanizada dos uniformes. Esse procedimento deve ser adotado no caso das Centrais de Ultra Baixo Volume ou quando os aplicadores trabalhem sediados em um determinado local, com retorno dirio.



15. Classificao das atividades de controle de vetoresPara que se possa melhor indicar os Equipamentos de Proteo Individual (EPI), necessrio, antes de tudo, classificar cada atividade de campo ou laboratrio. Para isso, foi idealizada uma .icha de Atividade Laboral (.AL), onde se procurou caracterizar o tipo de atividade, os programas onde so desenvolvidas, os produtos utilizados e as tarefas executadas, os possveis riscos para sua execuo, os EPI necessrios, com indicao de quantidade/ano/servidor, alm das observaes relacionadas aos cuidados necessrios para melhor funcionamento do equipamento. A padronizao das atividades permite, tambm, melhor controle sobre a distribuio e uso dos equipamentos, no que se refere quantidade de peas destinadas a cada trabalhador, freqncia de reposio, garantia de reposio de componentes e, principalmente, que se evite a formao de estoques elevados. Para cada atividade de campo e laboratrio foi instituda uma ficha com todas as suas caractersticas. Essas fichas podero ser consideradas procedimentos operacionais escritos, onde o servidor tomar conhecimento sobre o nmero, tipo, quantidade de EPI que dever receber e, como cuidar, guardar e quando realizar as trocas. O servidor dever analisar, entre as fichas apresentadas, a atividade exercida e procurar familiarizar-se com os EPI indicados e os cuidados envolvendo limpeza, guarda e substituio de cada item. Grupo 1 Aplicao de praguicidas 1.1. Aplicao de larvicida qumico em criadouros de Aedes aegypti, Anopheles e Culex sp; 1.2. Aplicao residual de inseticidas; 1.3. Aplicao espacial de inseticidas por UBV ou .OG com equipamentos pesados e portteis; 1.4. Aplicao de insetfugo (desalojante). Grupo 2 Atividade em criadouros 2.1. Aplicao de moluscicida por asperso ou gotejamento; 2.2. Limpeza, drenagem e retificao de criadouros; 2.3. Coleta de larvas de mosquitos em criadouros naturais; 2.4. Eliminao de criadouros artificiais de Aedes aegypti. Grupo 3 Coleta de material de laboratrio no campo 3.1. Coleta de sangue humano/animal em lminas ou papel de filtro; 3.2. Coleta de sangue humano em tubo vacutainer; 3.3. Coleta de sangue ou fragmento de tecido animal; 3.4. Coleta de contedo de gnglio linftico (bubo); 3.5. Retirada de falange digital ou outros fragmentos em cadveres; 3.6. Viscerotomia; 3.7. Coleta de gotas de aplicao a Ultra Baixo Volume a frio para controle de qualidade. Grupo 4 Captura/coleta de animais 4.1. Captura de ces para exame ou sacrifcio; 4.2. Coleta de caramujos; 4.3. Captura de macacos selvagens; 4.4. Captura de roedores silvestres; 4.5. Captura de mosquitos com isca humana; 4.6. Captura de triatomneos; 4.7. Coleta de pulgas em roedores silvestres. Grupo 5 Atividade em laboratrio 5.1. Exames coproscpicos e malacolgicos; 5.2. Dissecao de triatomneos;.UNASA - novembro/2001 - pg. 39

5.3. Exame de xenodiagnstico para doena de Chagas; 5.4. Manipulao de pulicdeos, preparao de macerado e cultura microbiolgica; 5.5. Inoculao de roedores; 5.6. Dissecao / Necrpsia de roedores e macacos silvestres; 5.7. Prova de suscetibilidade em larvas e mosquitos; 5.8. Exame para determinao de teor de iodo em sal de consumo humano; 5.9. Lavagem de lminas de microscopia, vidrarias e equipamentos/instrumentos de laboratrio. Grupo 6 Exame e medicao no campo 6.1. Realizao de Imunoteste; 6.2. Exame e tratamento de tracoma; 6.3. Tratamento com esquistossomicida; 6.4. Administrao de antimalricos; 6.5. Administrao de medicamento para oncocercose. Grupo 7 - Transporte e manuseio de praguicidas 7.1. Transporte de praguicidas de curtas e longas distncias; 7.2. Operaes de carregamento e descarregamento em depsitos. Grupo 8 Atividades em oficinas 8.1. Atividades em oficina mecnica; 8.2 Atividades em oficina de carpintaria.


Anexo 1.icha de Atividade Laboral - .AL 1.1



.icha de Atividade Laboral - .AL 1.2





















































































































Autores:Eng. Agr. Paulo Csar da Silva CENEPI/.UNASA Eng. Agr. .arnsio Lus Guimares CORE/GO/.UNASA Assist. Social Raimunda Nonata Carlos .erreira CGRH/DEADM/DA/.UNASA

Reviso do Texto:Dra. Maria Jos Coelho de Medeiros Lda - CGRH/.UNASA

Ilustraes:Arquiteto .bio .erreira Goinia/GO

Diagramao, Normalizao Bibliogrfica, Reviso Ortogrfica e Capa:ASCOM/PRE/.UNASA


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