Controlo de contaminantes e patogénios alimentares final (1)
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escado
Instituto Superior de Agronomia
Universidade Técnica de Agronomia
Ano Lectivo 2011/12
Doutora LUISA BRITO
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Discentes: João Pereira; Maria Margarida Roldão; Marta Beijoca; Sandra Santos
Objetivo
Estudar as características intrínsecas do pescado e
analisar os principais microrganismos de alteração do
mesmo, procedendo à exposição, sumária, de alguns
métodos de conservação aplicáveis.
Planificação
Caracterização da Matriz
Microbiota Característica
Metodologias de Conservação
Fatores de Perecibilidade
Considerações Iniciais
escado conceito variável e relativo, dependente da localização
ode definir-se pescado como todos os seres vivos aquáticos
eixe, molúsculos e bivalves
escado ou produtos da pesca no caso de existir processamento
ou transformação. Designação adotada , especialmente, pela legislação europeia.
utilizados na alimentação humana, direta ou indiretamente.
geográfica, da cultura, dos hábitos pessoais, da época do ano.
ortugueses consomem uma média anual de pescado 57kg, per capita,
mais do dobro da média europeia (que se fica pelos 21,5kg).
rincipais espécies capturadas em Portugal sardinha, bacalhau, atum, carapau, peixe-espada, cavala, pescada e a sarda.
Perecibilidade do Pescado
1. Características intrínsecas da matriz;
2.Rápida entrada no rigor mortis;
3. Formação de muco na pele.
Composição muito variável, de acordo com a espécie, idade, época
do ano e ambiente envolvente.
Água Peixes gordos: 60-70% Peixes magros: 80-85%
Lípidos
Proteínas Pescado geral: 15-23% Moluscos:10%
Hidratos de Carbono 0.01-0.7%
Vitaminas
Sais Minerais (0.9 a 2%)
Na, K, Ca, Fe e P
Peixes gordos >5% Peixes semi-gordos: 2-5% Peixes magros <2%
Lipossolúveis A,D,E e K e as vitaminas B1, B12 e C
aw=0,95-1
pH=6-7
Perecibilidade do Pescado 1. Caracterização da Matriz
Perecibilidade do Pescado
Evitar a Deterioração
do Pescado:
RETARDAR AO MÁXIMO O RIGOR MORTIS
CAPTURA
O2 ATP Ácido láctico pH 6-6.5
RIGOR MORTIS
Congelação em pré-rigor aumenta
o tempo de conservação do
produto
Condições para o crescimento logarítmico dos microrganismos presentes.
2. Rápida Entrada em Rigor Mortis
Em algumas
espécies pode mesmo chegar
até 2,5% do peso do pescado
Muco
Substrato
para bactérias
Glucoproteína
Deterioração
Perecibilidade do Pescado 3. Formação de Muco
Causas de Deterioração do Pescado
Enzimáticas
▪ Enzimas autolíticas –
perda inicial de qualidade
do pescado fresco.
Físico-Químicas
▪ Oxidação dos lípidos –
“Rancificação do pescado”
Biológicas
▪ A deterioração é devida
principalmente à ação das
bactérias;
▪ Elevada carga na superfície
externa e nas vísceras.
Perecibilidade do Pescado
Bactérias Patogénicas
Vírus
•Hepatite A •Calicivírus •Astrovírus •Norwalk
Biotoxinas •Ficotoxinas •Ciguatoxina
•PSP/DSP/NSP/ASP
•Tetradonxina
Parasitas
•Nemátodos •Céstodos
•Tremátodos
Escombrotoxina
•Envenenamento por histamina
Biológicas
Local de captura
Método de captura do pescado
Espécie capturada
Microbiota do Pescado
A microbiota existente em pescado recém
capturado está mais dependente do meio de
captura do que da espécie capturada (Shewan, 1977).
Estação do ano
Microbiota do Pescado
As bactérias patogénicas, tipicamente,
existentes no pescado podem agrupar-se em
duas grandes categorias
(FAO, 1997). Bactérias Não
Indígenas
Bactérias Indígenas
Microbiota do Pescado
•Yersinia enterocolitica
•Salmonella spp.
•Shigella spp.
•Staphylococcus aureus
•Escherichia coli
•Edwardsiella tarda
•Aeromonas hydrophila
•Clostridium botulinum
•Plesiomonas shigelloides
•Listeria monocytogenes
•Vibrio spp.
•Shewannella putrefaciens
Adaptado de: FAO,1997
Presença maioritária em ambientes de água doce,
mas também pode ser isolada em espécies de água salgada (Knøchel,
1989).
Conservados fumados e
fermentados representaram as duas
categorias mais perigosas (FAO, 1997).
Encontram-se em água doce e
salgada (Arai et al., 1980). A sua natureza mesófila leva a uma
variação sazonal muito acentuada no número de microrganismos isolados de águas, sendo muito mais elevado nos períodos mais
quentes (FAO,1997).
Parece ser mais comum nas áreas tropicais (Fuchs e
Reilly, 1992; Karunasagar et al., 1992).
As espécies patogénicas são principalmente mesófilas,
ocorrendo geralmente em águas tropicais e em número mais
elevado no final do Verão/ inicio do Outono (FAO,1997).
Foi demonstrado, recentemente, que a E. coli
pode ser encontrada em águas tropicais quentes não poluídas, onde pode
sobreviver indefinidamente (Hazen, 1988; Fujioka et al., 1988;
Toranzos et al., 1988).
O pescado pode estar contaminado com Staphylococcus provenientes de
manipuladores. Pode existir a proliferação rápida e a produção de toxina estafilocócica no pescado pré-cozinhado (e.g. camarão) se existir
recontaminação com S. aureus e se o binómio tempo/temperatura permitir
o seu desenvolvimento (FAO,1997).
Diversos alimentos,
incluindo cocktail de camarão e saladas de
atum, têm sido a causa de surtos causados por
Shigella(FAO,1997).
Ambientes poluídos com excrementos humanos ou
animais. A sobrevivência na água depende de alguns
parâmetros: biológicos (interação com outras bactérias) e físicos
(temperatura)(FAO,1997).
Microbiota do Pescado
Carga microbiana típica no pescado
•Pele: 10²-10⁷UFC/cm²;
•Brânquias e Intestinos: 10³ a 10⁹ UFC/g
(Shewan, 1962)
Microbiota do Pescado
Shewanella putrefaciens
• Bactéria mais importante no que diz respeito à deterioração do pescado mesmo em condições de refrigeração;
• Gram negativa; • Ambiente marinho; • Anaeróbia facultativa.
Produz sulfureto de hidrogénio,
trimetilamina e outros sulfuretos
voláteis
Odor e sabor desagradáveis no peixe
Aminas Biogénicas
Envenenamento por histamina
Envenenamento por histamina
Intoxicação química por ingestão de alimentos com
elevados níveis de histamina Cavala
Atum
Formada no peixe post mortem por descarboxilação bacteriana do aminoácido histidina
Enterobacteriaceae, Vibrio sp., Clostridium,
Lactobacillus sp, Morganella morganii,
Klebsiella pneumoniae e Hafnia alvei
Bactérias responsáveis
Envenenamento por histamina
Doença de
carácter
benigno
Período de
incubação e
duração da doença
muito curto
Prevenção da Doença
• Manutenção do peixe a temperatura
baixa durante a armazenagem;
• A armazenagem a aproximadamente
0°C limita a formação de histamina.
Aminas Biogénicas
Consequências da Perecibilidade do
Pescado Deterioração
Sinais de deterioração
Causas de deterioração do pescado
Microbiológica Química
(oxidação) Autolítica Física
Cheiros e Sabores desagradáveis + + + -
Formação de muco + - - -
Coloração + + + + Alteração da
textura + - + + Adaptado de: FAO,1997
Métodos de Conservação
Método de conservação
Grupos Processamento
Tradicionais Secagem; Fumagem;
Salga
Uso de Frio Refrigeração;
Super-arrefecimento; Congelação
Uso de calor Cozedura;
Pasteurização; Apertização
Uso de radiações Irradiação;
Radiações UV; Microondas
Uso de substâncias conservantes Aditivos;
Antibióticos (hoje probióticos)
Uso de armazenamento especial Sob vácuo;
Atmosfera modificada ou controlada: Armazenagem hipobárico
Adaptado de: Pires,2006
Métodos de Conservação
Principais efeitos nos
microrganismos
Grupos Processamento
Atraso do desenvolvimento microbiano
Refrigeração; Armazenagem sob atmosfera modificada ou
controlada; Salga
Paragem do desenvolvimento microbiano
Congelação; Liofiliação
Morte dos microrganismos Irradiação; Apertização
Adaptado de: Pires,2006
Métodos de Conservação
Pontos Críticos:
•Distribuição não uniforme
do gelo;
•Quantidade insuficiente;
•Gelo contaminado.
•Aumenta o tempo de duplicação com
consequente diminuição da taxa específica
de crescimento da microbiota.
•Diminuição da velocidade das reacções
enzimáticas.
REFRIGERAÇÃO (0° C)
• Meio sólido (gelo ou superfícies arrefecidas)
• Meio líquido (água ou salmoura arrefecidas
•Meio gasoso (ar/outros gases arrefecidos)
Pescado - Casa do Consumidor
2 °C Adaptado de: http://www.smegtech.com
Adaptado de: European Food Information Council, 2012
Congelador
Frigorífico
Método de conservação mais antigo Desidratação do pescado (diferença osmótica)
Salga a seco, salga “molhada” ou salmoura
SALGA •Retarda a decomposição do pescado
(degradação enzimática e microbiológica);
•Influi no sabor do produto final.
Pontos Críticos:
•Concentração de NaCl
inadequada;
•Tempo inadequado.
•Desidratação do pescado (diferença osmótica)
•Salga a seco, salga “molhada” ou
salmoura
Métodos de Conservação
FERMENTAÇÃO
Pontos Críticos:
•Concentração de NaCl;
• Limitação de O2; •pH.
•Inativação enzimática e
microbiológica.
•Condições de anaerobiose - Ação de batérias
produtoras de ácido lático que baixam o pH e
controlam a pressão osmótica do produto,
provocada pelo sal.
Métodos de Conservação
CONGELAÇÃO (-18° C)
•Diminuição da velocidade das reações
enzimáticas;
•Temperaturas que não permitem o
desenvolvimento microbiano.
• Câmaras de congelação.
Pontos Críticos:
•Atingir a temperatura de
congelação;
•Autólise;
•Congelação lenta.
Métodos de Conservação
Degradação Sensorial
ITENS EM ANÁLISE PESCADO FRESCO PESCADO ALTERADO
ASPECTO GERAL Pigmentação viva e brilhante; sem descoloração.
Pigmentação baça, sem brilho e muco opaco
COR Típica da espécie; sem manchas. Tons variáveis; com manchas.
CHEIRO Leve e agradável; cheiro a “mar” Muito desagradável; ácido ou amoniacal
CORPO Rígido, arqueado Mole
CONSISTÊNCIA Firme e elástica. Mole; marcas de pressão persistem.
RIGIDEZ Elevada. Reduzida ou nula.
CARNE Firme, branca ou da cor da espécie; corte liso. Opaca; pouco consistente; elasticidade diminuída.
MUCO Pouco abundante; transparente. Abundante; viscoso e opaco.
ESCAMAS Bem aderentes à pele; brilhantes Levantadas, retirando-se facilmente
PELE Bem estendida, colorida Rugosa, descolorada
OLHOS Transparentes, salientes (convexos); pupila negra.
Vidrado, opaco, afundados (côncavo); pupila embaciada.
BRÂNQUIAS Cor vermelha brilhante, sem descoloração; muco transparente.
Cor castanha, amarelada ou esverdeada; muco opaco e viscoso.
Adaptado de: Pires,2006
No Mundo Experimental…
10-2 10-3
10-2 10-3 10-1
SAL VINAGRE AZEITE
Controlo
32000 ufc/g
aw
Vinagre Salmoura Azeite
35000 ufc/g 6700 ufc/g Incontável
No Mundo Experimental…
Tempo 1
Opescadoéumdosalimentosmaissusceptíveisàdeterioraçãodevidoaosseusfactoresintrínsecoseextrínsecos.
Considerações Finais •O pescado representa um dos géneros alimentícios
mais problemáticos no que respeita à deterioração
devido a fatores intrínsecos e extrínsecos, sendo
fundamental controlar o desenvolvimento microbiano.
•A existência de Boas Práticas de Fabrico e de Higiene e
o controlo da temperatura assumem-se como
preponderantes.
• Informações adicionais: grupo1ccpa.blogspot.com
Bibliografia •Arai, T. N. Jkejima e T. Itoh. (1980). A survey of Plesiomonas shigelloides from aquatic environments, domestic
animals, pets and humans. J.Hyg. 84, 203–211. cit. por FAO,1997.
• Fuchs, R. S. e P. J. A. Reilly. (1992). The incidence and significance of Listeria monocytogenes in seafoods. In
Quality Assurance in the Fish Industry. Eds: H. H. Huss, M. Jakobsen and J. Liston. Elsevier Science Publishers,
217–230. cit.por FAO, 1997.
•Hazen, T. (1988). Fecal coliforms as indicators in tropical waters: A review. Toxic Assess. 3, 461–477. cit. por
FAO, 1997.
• Knøchel, S. ( 1989). Aeromonas spp.— Ecology and significance in food and water hygiene. Ph.D. Thesis. The
Royal Veterinary and Agricultural University, Copenhagen, Denmark. Cit.por FAO,1997.
• Pires, P.V. (2006).Tecnologia do Pescado. Intituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Universidade do
Porto.
• Reilly, P. J. A., D. R. Twiddy e R. S. Fuchs. ( 1992). Review of the occurrence of salmonella in cultured tropical
shrimp. FAO Fisheries Circular No. 851. FAO, Rome. cit. por FAO, 1997.
•Shewan, J.M. (1977). The bacteriology of fresh and spoiling fish and the biochemical changes induced by
bacterial action. In: Proceedings of the Conference on Handling, Processing and Marketing of Tropical Fish., Tropical
Products Institute, London. 51-66. cit. FAO, 1997.
• FAO (1997). Assurance of seafood quality.FAO Fisheries Technical Paper. Acedido em:
http://www.fao.org/DOCREP/003/T1768P/T1768P10.htm#ch8 a 04-05-2012.
Co
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