Carlos Augusto Bohana Filho

Conversas Divertidas de Netos

que todos gostam de ouvir

Autor Carlos Augusto Bohana Filho

Conhecido simplesmente como Bohana, bancário,

nascido em 26.11.1959, baiano natural de Salvador, foi morar em Aracaju, Sergipe, em 1981, onde iniciou a carreira de bancário.

Em Aracaju, junto com a esposa Beatriz, constituiu uma família formada por três filhos, Tatiana, Vinicius e Gustavo.

Apaixonado por crianças aguardava ansiosamente a chegada de um neto.

Por dois anos consecutivos, em abril de 2007 e abril de 2008, Tatiana e Ronaldo, resolveram quebrar essa ansiedade presenteando-o com dois netos, Cauã e Rafael.

Durante o primeiro ano de vida de cada um, escreveu um diário da vida deles. O de Cauã, um diário tradicional, porém divertido. O de Rafael relatado através de fotos dos 12 meses iniciais de vida e alguns poucos escritos. Os dois não foram publicados e foram visto apenas pelos familiares.

Finalmente, após quatro anos, surgiu a oportunidade de escrever outra vez, porém dessa vez com publicação. Um livro que relata os diálogos divertidos de seus netos no dia a dia e que fazem os pais, avós e tios se divertirem.

PERSONAGENS

Além do autor e da sua esposa Beatriz, que muitas vezes participou dos diálogos engraçados aqui narrados, esse livro cita em vários momentos outras pessoas que abaixo são apresentadas:

Cauã e Rafael (Rafa) Personagens principais.

Tatiana (Tati)

Mãe dos personagens centrais.

Ronaldo Pai dos personagens centrais.

Vinicius (tio Vi)

Tio dos meninos e padrinho de Cauã.

Gustavo Tio dos meninos e padrinho de Rafael.

Dominique e Michelle

Esposa e namorada de Vinicius e Gustavo respectivamente.

DEDICATÓRIA

Este livro é dedicado exclusivamente aos meus netos Cauã e Rafael, que além de serem os mentores e protagonistas das “obras primas” aqui relatadas, são minha fonte inspiradora para registrar e escrever tudo de interessante sobre eles.

Após o registro não publicado do primeiro ano de vida de cada um deles acreditava que não iria ter a oportunidade de escrever mais nada sobre eles. Passei então, assim como boa parte de familiares, a colecionar fotos, vídeos e fatos da maioria dos lugares e eventos que estavam presentes. Para isso, eu estava sempre buscando para meu computador um HD com maior capacidade.

De repente, comecei a me divertir com as “tiradas” que eles diziam no dia a dia e percebi que a cada nova “tirada” nem eu nem ninguém lembrava com clareza as anteriores. Isso foi como um alerta para me incentivar a começar a escrever de novo.

No início dessa seleção, em março de 2011, Cauã estava com quatro e Rafael com três anos. Conversando sobre minha idéia com Tatiana, minha filha querida e uma mãe exemplar, soube que ela já estava anotando desde o início do ano em uma cadernetinha de bolso alguns diálogos interessantes que tinha com eles. Juntei aos que eu já tinha colecionado.

O que está registrado nesse material não apresenta nada de especial dos meus netos. Eles fazem e dizem coisas que qualquer criança na idade deles também fazem e dizem. Apenas pretendo com esse material propiciar a meus netos um dia, ao lerem tudo que escrevo sobre eles, sentirem o quanto eles foram curtidos e amados desde que nasceram. Mostrar para eles a importância que tiveram nas nossas vidas, através da alegria e do amor que nos ofereceram.

Estes relatos pretendem ainda mostrar a todos que lerem este livro o quanto é importante a participação e o registro de tudo que ocorre na vida de uma criança, pois é difícil guardar tudo na memória em uma vida tão dinâmica.

Amor, amor, amor, são as únicas palavras que podem descrever o que eu e Beatriz sentimos por esses meninos. Eles nos possibilitaram dar continuidade ao amor que sempre demos aos nossos filhos. Três pessoas maravilhosas que, como a maioria dos filhos, fazem o mundo dos pais mais felizes.

Como avós, procuramos nos dedicar o máximo possível aos nossos netos, sem, no entanto ocupar o espaço dos pais sem abandonar os nossos afazeres diários. Procuramos, dentro do possível, sermos parceiros na educação e na formação de Cauã e Rafael, sem esquecermo-nos de colocar uma pitada de amor que só quem é avó e avô podem fazê-lo. A Tati e a Ronaldo, a nossa eterna gratidão por nos darem esses netos tão carinhosos e maravilhosos.

SINAL DE TRÂNSITO Janeiro / 2011

Na escola, Rafael começa a aprender as letras. Como

todo aprendizado do alfabeto ele começa a aprender as vogais. A associação de letras a objetos, animais, frutas, etc. é a

forma mais fácil de aprender. A de avião, E de elefante, I de Igreja e assim por diante.

A educação de trânsito também é algo que se aprende desde cedo. Propagandas na televisão, ensinamentos nas escolas e até em casa os pais se preocupam cedo com a orientação aos filhos. Até os brinquedos vêem com sinais de trânsito, facilitando assim o aprendizado.

Com tanta informação é normal as crianças da idade deles misturem as coisas que aprendem.

Certo dia, no turno da tarde, Tati sai para levar Cauã e Rafael para o judô na escola. Os dois vão sentados nas cadeirinhas, no banco de trás do carro. Todos em silêncio, apenas o som do radio é ouvido. O carro para em uma sinaleira (*) e de repente Tati ouvi a voz de Rafa:

_ Mamãe, é proibido elefante na rua. Tati, sem entender, perguntou: _ O que Rafa? Apontando para um sinal de trânsito, de proibido

estacionar, ele disse: _ Olhe ali, mamãe. E de elefante. É proibido elefante

na rua. (*) Semáforo, sinal, farol.

HOMEM ARANHA x TOSSE Janeiro/2011

O aniversário de Cauã e de Rafael é no mês de abril. Para fazer duas festas em um mesmo mês as coisas têm

que ser planejadas com bastante antecedência, pois os custos e a trabalheira não são desprezíveis.

Ainda no mês de fevereiro Tati e Ronaldo já pensam no que vão fazer ou até mesmo se vão fazer. Sem que os pais saibam os meninos também fazem os planejamentos deles. A prova disso esta ai:

Com um pouco de gripe, Rafael passa dias e dias tossindo.

Após mais uma das tantas tossidas que ele dá no mesmo dia, Tati comenta em tom de brincadeira:

_ Rafa, tem tantos dias que você está tossindo, que você vai fazer aniversário de tosse.

Sem entender a brincadeira de Tati e já pensando no tema do seu próximo aniversário, Rafa diz:

_ Não mamãe, de tosse não, meu aniversário vai ser de homem aranha.

QUERO UM GOLFINHO DE ESTIMAÇÃO Janeiro/2011

Qual a criança que algum dia não pensou em ter um

bichinho de estimação? Claro que a primeira idéia quase sempre é um cachorro.

Porém, morando em apartamento e sem a aprovação de Tati e Ronaldo, os únicos animais que os meninos tinham eram de brinquedo.

Rafael vivia dizendo que queria um cachorrinho de verdade. A desculpa que Tati e Ronaldo sempre davam era que não podia porque cachorro fazia xixi e cocô toda hora.

Um belo dia ele ganhou um golfinho de brinquedo. O assunto voltou à tona e Rafael passou a questionar Tati, gerando o seguinte diálogo:

_ Mamãe, esse golfinho é de verdade? _ Não Rafa, é de brinquedo. _ Mas eu queria um de verdade, mamãe. _ Rafa, um golfinho de verdade é muito grande para ter em casa. _ Mas a gente coloca ele no outro quarto, mamãe. Golfinho não faz xixi nem cocô (lembrando da desculpa referente ao cachorro) _ Rafa, golfinho vive na água. _ A gente coloca ele na piscina do condomínio, mamãe.

CARRO VOADOR Fevereiro/2011

Apesar de Aracaju não ser uma grande metrópole, o

trânsito aos poucos começa a ficar complicado, afinal, a cada dia que passa mais pessoas estão optando por morar nesta maravilhosa cidade, aumentando a população e principalmente a quantidade de veículos nas ruas.

Dia de semana. Sete horas da manhã. Centenas de pais levando filhos para a escola. Tati é uma entre essas pessoas. O trânsito está lento. Tati dirigindo, Cauã e Rafa nas suas cadeirinhas, esperando pacientemente o carro andar.

Um carro atrás do de Tati, não para de buzinar. Sempre tranquila no trânsito, Tati não se abala. O motorista continua a buzinar. Sem afobação, Tati fala bem tranquila, de forma que só eles que estão no carro ouvem: _ Oh estressado, quer que eu passe por cima dos

carros, é? Rafael, atento, e com um vocabulário ainda reduzido,

diz: _ “Só se era” um carro voador, com asas, não é

mamãe?

ESPERANDO PARA BRINCAR Fevereiro/2011

Tati passou quase toda a tarde no médico com Rafael,

pois ele estava com febre. Claro que não levou Cauã, pois sair com os dois ao mesmo tempo não é tarefa fácil ainda mais para um programa nada divertido.

Cauã ficou em casa com a babá. Ao retornar para casa, Rafael pega o boneco do homem-

aranha para brincar. Ai aconteceu um fato cuja verdade não será conhecida

nunca. Ou Cauã queria o mesmo brinquedo de Rafael e quis fazer uma chantagem emocional ou realmente o que ele disse era verdade.

Ao ver Rafa pegando o boneco do homem-aranha para brincar, Cauã, com a voz bem mansa disse:

_ Rafa, eu queira brincar disso de tarde, mas você não tava aqui...... Vamos brincar agora, né? Rafa, sensibilizado e acreditando no irmão, divide com ele a brincadeira com o homem-aranha.

Ainda bem.

ONDE ESTÁ O SUPER HOMEM? Fevereiro/2011

Atualmente os brinquedos e programas de super-heróis

são a grande paixão de toda criança, principalmente de meninos.

Cauã e Rafael não são diferentes. O Homem-aranha, o Batman, o Lanterna Verde, o Capitão América e tantos outros os deixam bastante entretidos quando passam na televisão.

Certo dia Ronaldo saiu com Cauã para alugar um DVD. Ele aproveita e pede para alugar um para ele.

Quando chegou em casa estava todo empolgado para assistir ao DVD que havia alugado e que tinha na capa o desenho de vários super heróis, inclusive o super-homem. Ele mesmo ligou o aparelho, colocou o DVD e começou a assistir.

Quase duas horas depois de ver o filme todo e comparando tudo o que viu com o desenho que estava na capa, ele se dirigiu até Tati e falou indignado:

_ Mamãe, enganaram a gente! Não tem super-homem nesse filme.

VOCÊ DECIDE Fevereiro/2011

Ainda faltam dois meses para o aniversário de Cauã e

Rafael. Beatriz já pensa com que vamos presenteá-los e como

sempre quer que eles escolham o presente para não correr o risco de comprar um que não agrade, pois isso é muito desagradável e frustrante para os avós ou mesmo para outras pessoas com maior proximidade que presenteiam os aniversariantes.

Aproveitando um momento de tranquilidade enquanto está com Cauã em uma das tardes da semana em que ela fica com eles, enquanto Tati e Ronaldo trabalham, Beatriz pergunta a Cauã:

_ Cauã, o que você vai querer de presente no seu aniversário?

Ele para, pensa, olha para a avó e diz: _ Vovó, você faz assim, entra em uma loja de brinquedo

e vai olhando. Aí você vê um brinquedo e pensa: “Será que Cauã vai gostar desse? E vai olhando outro e diz “Será que Cauã vai gostar desse?

Aí você compra, tá?

PREOCUPADO COM O DESCANSO DO PAPAI Março/2011

Além do trabalho durante o dia, Ronaldo à noite é

professor do curso de Direito em uma Universidade de Aracaju, portanto, nem sempre tem a oportunidade de colocar os meninos para dormir durante a semana. Por isso essa tarefa na maioria das vezes é de Tati.

Certo dia, na hora de dormir, Cauã disse para Tati que queria dormir com Ronaldo.

Tati explicou que Ronaldo estava dando aula e só ia chegar mais tarde e por isso ele tinha que dormir logo e não dava para esperar papai.

Muito compreensivo ele dorme sem problema. No outro dia pela manhã ele se dirige até Ronaldo e diz: _ Papai, você tem que dormir mais cedo! Ronaldo sem saber da conversa da noite anterior,

pergunta: _ Porque Cauã? Espertinho, Cauã responde: _ Porque senão você vai ficar muito cansado de dormir

tão tardão.

É DEVAGAR, É DEVAGAR.... DEVAGARINHO Abril/2011

Rafael é um daqueles meninos que adora chocolate,

refrigerante e outras guloseimas. Mas quando o cardápio é comida saudável, haja paciência para fazê-lo comer.

Em um almoço na praça de alimentação de um dos shoppings de Aracaju, Ronaldo fala uma, duas, três, várias vezes para Rafael comer, pois ele só estava enrolando.

Na última advertência feita por Ronaldo que logicamente já estava um pouco impaciente, Rafa olha para ele e diz:

_Papai você tem que se acalmar! Sem acreditar no que ouvia, Ronaldo pede explicação: _ Se acalmar como, Rafa? Então vem a resposta: _ Falar assim, mais devagarinho, né!

“VELHOS” NÃO PODEM NAMORAR Maio/2011

Após morar e trabalhar nos EUA por um ano, Vinicius retorna em 2009 com Dominique, uma carioca que ele conheceu por lá.

Decidem que vão viver juntos em Aracaju, pois oferece melhores condições que no Rio De Janeiro onde mora a família dela. Essa decisão consiste em morarem em minha casa, afinal não tinham condições ainda de terem a própria moradia e era uma chance de juntarem dinheiro economizando em algumas despesas.

Quase dois anos depois, ambos com emprego estabelecido e seguro eles decidem montar a própria casa.

Cauã e Rafael, que são acostumados a freqüentar a nossa casa, sabiam que Vinicius e Dominique faziam parte do ambiente. Então nos preocupamos em explicar a eles sobre a saída do casal para um novo lar.

Beatriz explica para os dois que tio Vi e tia Dodo vão morar em uma casinha só deles e não vão mais morar na casa de vovó e vovô.

Após algumas perguntas e respostas, Cauã diz: _ E você, vovó, vai morar onde? Beatriz responde: _ Eu vou continuar na minha casinha junto com vovô,

onde a gente sempre esteve. Cauã exclama: _ Ah, porque vocês já se namoraram, né?

SEGREDO BEM GUARDADO Junho/2011

O dia dos namorados está se aproximando, Tati sai para passear com os meninos e aproveita para comprar o presente de Ronaldo.

Depois de muita procura e indecisão, coisa comum a muita gente que freqüenta centro comercial, ela decide comprar um livro. Voltando para casa, Tati, com receio que Cauã e Rafa revelassem para Ronaldo o presente que acabara de comprar, conversa enquanto dirige com os meninos sobre o assunto e conclui pedindo: _ Olha, esse livro é para mamãe dar ao papai no dia dos namorados, mas vocês não podem dizer a ele, tá? Prontamente eles concordam. Tati estava despreocupada, o segredo estava guardado a sete chaves. Chegando em casa Tati percebe que Ronaldo já havia chegado e vai imediatamente guardar o presente. Enquanto isso Rafa, para garantir a guarda do segredo, procura Ronaldo e diz: _ Papai, mamãe não comprou um livro para você, viu?

COM ESSA, NÃO TEM MURIÇOCA QUE MORDA Julho/2011

Como uma mãe zelosa, Tati ensina Cauã e Rafael a

rezarem na hora de dormir. Além de ensinar a oração “Santo Anjo do Senhor”, ela

orienta aos meninos que eles podem, além de sempre agradecer, pedir a Papai do Céu saúde, felicidade e outras coisas que eles queiram.

Há alguns dias as muriçocas têm incomodado um pouco os meninos no final da tarde, obrigando Tati a fechar cedo as janelas e colocar pomada neles em alguns locais em que as muriçocas mordem apesar de todos os cuidados.

Hora de dormir, barriga cheia, ar condicionado ligado, hora de rezar. Após o “Santo Anjo do Senhor”, Cauã fala.

_ Papai do céu, que nenhuma muriçoca morda nem eu, nem mamãe, nem papai, Rafa, vovó, vovô, tio Vi, tia Dodo, tio Gustavo e tia Michelle.

EU SOU VITÓRIA DE CORAÇÃO Agosto / 2011

Bisnetos, netos, filhos e sobrinhos de fanáticos

torcedores do Esporte Clube Vitória, time de tradição do futebol baiano e brasileiro, Cauã e Rafael já nasceram com um enxoval repleto de fraldas, camisetas, chupetas, sapatinhos e muito mais do time da família.

Na escola, participando de um evento em comemoração a semana do folclore, a professora de Cauã pede que ele pinte uma figura que represente o boi-bumbá (*).

Ao meio-dia Tati chega para pegá-lo na escola. Imediatamente ele mostra para ela o boi pintado de vermelho e preto. A professora se aproxima e crente que vai agradá-lo diz:

_ Você pintou com as cores do flamengo, né Cauã? Com expressão séria e compenetrada ele simplesmente

responde: _ Não. É vermelho e preto, do VITÓRIA.

* Bumba-meu-boi, boi-bumbá ou pavulagem é uma dança do folclore popular brasileiro, com personagens humanos, animais fantásticos e elementos da tradição portuguesa e espanhola, que gira em torno da morte e ressurreição de um boi, como forma de crítica social.

APRENDENDO A ESCREVER Agosto/2011

Já tendo aprendido as letras e a formar as palavras Cauã

agora começa a iniciar o aprendizado de fazer frases. E o começo desse aprendizado é escrevendo o próprio nome em letra de forma.

Algum tempo depois ele chega em casa após a aula, todo feliz e diz:

_Papai, mamãe, eu já sei escrever meu nome com letras “cursivas” (*).

Espantados com o comentário, Tati e Ronaldo pegam o dever feito na escola (**) no qual ele escreveu o nome dele com a tal letra cursiva e parabeniza-o.

Passa alguns dias e Rafael aprende a escrever no dever o nome dele em letra de forma. Lembrando da alegria de Cauã dias atrás e da satisfação de Tati e Ronaldo com a letra cursiva que o irmão tinha aprendido ele não perde a sua vez:

_ Mamãe, papai, já sei fazer meu nome com letra “impulsiva” (*) Letra cursiva são letras conectadas. Diferente de letra de forma. (**)

A PROPAGANDA É A ALMA DO NEGÓCIO Agosto/2011

O investimento em propaganda atualmente é algo que

envolve muito dinheiro, pois a propaganda bem feita é retorno garantido.

Na disputa pelo mercado de automóveis as empresas divulgam seus lançamentos até em canais infantis, afinal os pais tanto podem estar acompanhando os filhos que assistem programas desse gênero, como também recebem influência desses cada vez mais atentos consumidores.

Em um dia em que Tati, Ronaldo, eu e Beatriz não podíamos pegar Cauã e Rafael na escola, Tati solicitou ajuda de uma amiga, mãe de um colega de sala e melhor amigo de Cauã, para ficar com essa incumbência. No caminho, a amiga de Tati observa a passagem de um carro novo e recém lançado no mercado e comenta:

_ Que carro bonito! Cauã, ouvindo o comentário, olha o carro e dizendo até

o modelo fala: _ Bonito mesmo tia. É um carro novo (*) que tem até

sete lugares e um malão. (**) A amiga de Tati pergunta como ele sabe e ouve a

resposta: _ Eu vi na televisão.

(*) Ele cita o modelo do carro com precisão, pois passa a propaganda do veículo em um dos canais de desenho que ele assiste diariamente. (**) Referindo-se ao porta-malas, da mesma forma que diz na propaganda.

BISCOITO RECHEADO Agosto/2011

Tem biscoito mais gostoso do que biscoito recheado?

Afinal, todo biscoito é biscoito. O diferencial é o recheio. Então, nada melhor do que comer só o recheio.

Mas qual o pai ou mãe que deixa o filho comer só o recheio? Acredito que nenhum, pois se o filho comer só o recheio quem vai comer o biscoito sem o recheio?

Penso que para resolver esse e outros impasses Deus criou o vovô.

Quando Cauã e Rafael vão para minha casa o biscoito recheado está sempre a disposição deles. E eu estou sempre a disposição para comer só o biscoito quando eles quiserem só o recheio. Mas eu faço questão de avisar que isso é só lá em casa, pois na casa deles ou de outras pessoas eles tem que comer o biscoito e o recheio.

Certa tarde, na casa deles, o lanche era o delicioso biscoito recheado. Rafael pega o biscoito, separa e come só o recheio.

Cauã, vendo a “arte” do irmão e lembrando-se do meu ensinamento, disse:

_ Rafa, tem que comer tudo. Não pode fazer assim. Só na casa de vovô e quando ele estiver lá é que pode fazer isso, porque ele come o biscoito.

NEM SEMPRE A BRINCADEIRA É A QUE A GENTE PENSA

Setembro / 2011

É difícil ir à casa dos meninos e não tirar alguns minutos só para brincar com eles. Carrinho, pega-pega, futebol, super-herói, qualquer coisa.

Nesse dia eu tinha ido direto do trabalho para a casa deles pegar Beatriz, que havia passado à tarde com eles. Eu estava com roupa de trabalho. Calça social, camisa de manga comprida e gravata.

Estávamos indo embora e eu segurava um documento que Tati havia me dado. Já estávamos na porta nos despedindo dando beijos neles, quando Tati puxou alguma conversa com Beatriz.

Enquanto elas conversavam olhei para os meninos dei uns passos rápidos em direção a eles e disse de forma rápida:

_ Vou pegar. Pronto, começou a folia. Para brincar melhor, eu

colocava o papel na boca e tirava apenas para dizer “vou pegar”, levando o papel de novo para a boca, deixando as minhas mãos livres para pegá-los. Eles corriam em volta de mim e davam muitas risadas, enquanto eu alternava segurando um ou outro.

Após alguns minutos, resolvemos definitivamente ir embora. Já dentro do elevador, ouvimos o grito de Cauã:

_ Vovô, amanhã vamos brincar disso de novo. Não se esqueça de trazer esse papel.

Ingenuamente perguntei: _ Para que Cauã? A resposta foi imediata: _ Pra botar na boca, vovô!

DESPERDIÇANDO OU NÃO? Setembro/2011

Na escola os meninos já começam a ter noção de

reaproveitamento de lixo. Na televisão eles assistem a um programa que ensina a fazer brinquedos com objetos descartados. Portanto, já começam a ter idéia de reaproveitamento, desperdício, etc.

Certo dia, além de Cauã e Rafael, Tati também vai levar um colega de sala de Cauã para o colégio,

Quando ele entra no carro, Cauã observa que ele está com um adesivo de primeiros socorros na perna e diz, apontando para o local:

_ A muriçoca lhe mordeu?Você se machucou? O colega responde: _ Não Cauã, é que lá em casa tem uma caixa cheia

disso. Aí eu estou usando para não desperdiçar. De pronto, Cauã rebate: _ Se você não está precisando, aí é que você está

desperdiçando.

DIA DO ADULTO Setembro/2011

Entre uma data e outra no qual se presenteia as pessoas, Ronaldo e Tati, com o objetivo de não presenteá-los com tudo que pedem, às vezes respondem a algum pedido deles citando a próxima festividade como a data a ganhar presente.

Após o aniversário deles que ocorre em abril, às próximas datas para ganhar presente são o dia das crianças e o natal. Portanto, logo após o aniversário a resposta que eles mais ouvem quando pedem um presente fora de hora é:

_ Presente só no dia das crianças. Chega o mês de setembro. Passeando no shopping, Ronaldo pensando no

aniversário dele que se aproxima (03/10) olha as vitrines pensando no presente que vai escolher para ganhar. Ao passar por uma loja ele diz para Tati:

_ Acho que eu quero uns óculos de presente. Rafa, ligado na conversa e aproveitando o ensinamento

do dia a dia, imediatamente detona: _ Papai, presente só no dia dos adultos (*).

(*) Apesar de muita gente não saber, o dia 15 de janeiro é considerado o dia do adulto.

CARINHO DE IRMÃO MAIS VELHO Setembro/2011

Ao colocar os meninos para dormir, além de rezar, Tati

tem o costume de contar historinhas para eles. Já com a historinha bem adiantada, ela olha para um

lado e vê que Rafael já dorme com sono pesado. Ele está de pijama e calçado com um par de meias. Cauã interrompe a história que Tati conta e pergunta:

_ Mamãe, você pode tirar a meia de Rafa e depois botar de novo?

Tati, mesmo sem entender, responde que sim e faz o que ele pede.

Após Tati tirar a meia de Rafael, Cauã vai até a cama dele, beija o pé de Rafa e diz:

_ Cheiroso! Em seguida vai até o ouvido de Rafa e diz alguma

coisa. Tati pergunta o que ele disse, e recebe a seguinte

resposta: _ Segredo, mamãe

Tati, com a curiosidade a flor da pele, insiste: _ Diga Cauã, o que foi que você falou.

Ele responde bem baixinho o que disse no ouvido de Rafa: _ Durma bem!

DIA É DIA, NOITE É NOITE Outubro/2011

Rafael adora tomar leite fermentado. Que é bom todo

mundo sabe (alguns não consideram. Como eu). Mas como tudo na vida, em exagero não faz bem.

Com o objetivo de não deixar que ele tome toda hora um frasquinho, Tati combinou com ele:

_ Rafa, vamos fazer assim, você toma um por dia, ta certo?

Ele prontamente aceitou o acordo. À noite, brincando para lá e pra cá, Rafael se dirige até

Tati e pede para tomar o produto. Nesse mesmo momento, Gustavo, meu filho, queria

beber água e pergunta a Tati se tem copo descartável na casa dela. Tati responde a Gustavo apontando para onde está o copo.

Rafael, parado na frente de Tati, continua esperando a resposta em relação ao pedido dele de tomar o leite fermentado.

Em resposta a Rafael, Tati imediatamente lembra a ele o acordo que fizeram pela manhã:

_ Rafa, nós combinamos que seria um por dia. Sem pensar duas vezes e com a certeza que ia ganhar a

“briga’ ele rebateu: _ Mas mamãe, já tá de noite. Sorrindo, Tati desiste de argumentar e vai buscar a

bebida que Rafael pediu. Feliz da vida por ter saído vitorioso na “queda de

braço” com Tati, ele chama Gustavo, mostra a garrafinha e diz: _ Tio Gustavo, a garrafinha também é “descascável”.

ANIVERSÁRIO TEM QUE TER BRINQUEDO Outubro/2011

Se você perguntar a uma criança o que é um

aniversário, certamente vai receber como resposta tipo: É uma festa com bolo, docinhos, salgadinhos,

lembrancinhas, animação e com certeza presentes, que para eles é sinônimo de brinquedo.

Dia 03 de outubro, segunda feira, aniversário de Ronaldo. Convenhamos que não seja um bom dia de semana para fazer uma festa.

Mas, mesmo sem festa, nós tivemos que marcar presença na casa dele para abraçá-lo. Afinal Cauã e Rafael não iam permitir que em um aniversário não tivesse algum convidado, e muito menos bolo, parabéns, brigadeiro e casadinho. Para eles, sem esses itens não é aniversário.

As exigências mínimas deles foram atendidas, inclusive um bolo para cantar os parabéns. Após apagar as velas, Rafa, referindo-se ao bolo todo preto, diz:

_ Papai, seu aniversário foi do Batman. Na hora de dormir, pensando na “festa”, Rafa diz: _ Papai, seu aniversário foi muito legal, mas todo

mundo só trouxe coisa de vestir.

TUDO É UMA QUESTÃO GRAMATICAL Outubro/2011

Mesmo sem recreadora (*) a presença dos tios, primos e

avós já são suficientes para deixar os meninos eufóricos em qualquer aniversário.

No aniversário de Ronaldo, lógico que não havia recreadora, mas mesmo assim Rafael pulava e corria para todos os lados, divertindo-se com a “festa”.

Em uma dessas corridas ele vai para a cozinha onde estavam Vinicius e Gustavo e uma sobrinha de Ronaldo.

Quando ele estava entrando na cozinha a sobrinha de Ronaldo estava saindo. Ela tenta pegá-lo. Rafael rapidamente se abaixa e escapa dela.

Ao chegar à cozinha ele diz para Vinicius e Gustavo: _ Ela quis me pegar e eu “se abaixei”. Gustavo, querendo orientar a forma certa dele se

expressar diz: _ É “me abaixei” Rafa, e não “se abaixei”.

A resposta vem de imediato: _ Quem se abaixou foi eu, tio Gustavo, e não você.

(*) Pessoa contratada para animar, coordenar e conduzir as brincadeiras infantis

PORQUE FAZER SE PODE COMPRAR Outubro/2011

É interessante como o mundo de hoje é consumista e

mais interessante ainda é observarmos como as crianças acabam assimilando bem rápido os aprendizados do mundo moderno.

Novembro é o mês do meu aniversário. Nunca gostei de comemorar, mas no dia sempre tem um salgadinho, uma torta e um refrigerante para servir àqueles que resolvem me dar um abraço pessoalmente.

Depois da chegada dos netos é que não pode faltar o de sempre e nem um brigadeiro.

A data está chegando e Beatriz comenta com Cauã: _ Cauã, o próximo aniversário agora é do vovô. Vamos

fazer bolo de chocolate e brigadeiro, né? Ele rebate imediatamente o comentário de Beatriz de forma bem carinhosa e com a voz bem pausada:

_ Não vovó, fazer não. A gente compra.

MATEMÁTICA – UMA QUESTÃO DE PONTO DE VISTA

Outubro/2011 Quem disse que filhos depois que casam abandonam os

pais? Pura ilusão. Faltou alguma coisa em casa, liga para casa de mamãe e papai.

Tati liga para Beatriz pedindo para ela levar um pouco de amaciante, pois havia esquecido de comprar e precisava colocar umas roupas na máquina de lavar.

Beatriz leva um frasco novinho e diz a Tati: _ Eu tinha quatro frascos lá em casa, então trouxe um

cheio. Cauã, ainda aprendendo as letras e números, ouviu a

conversa e disse: _ Vovó, então “ficou” três em sua casa, né? Logo depois, sem mais nem menos, Cauã perguntou: _ Vovó, você tem quantos anos? Beatriz responde: _53. Ele pergunta em seguida: _ E vovô? Beatriz responde: _ 52 Rapidamente ele diz: _ Então você é maior que vovô?

ELE QUER VOVÓ OU VOVÔ? Outubro/2011

Beatriz foi para o shopping com Tati, Cauã e Rafa. Ficou combinado que depois eles voltariam para a casa

de Tati e no final da tarde eu pegaria Beatriz lá. A tarde está chegando ao fim e eles ainda não saíram do

shopping. Tati diz: _ Vamos logo que vovô vai chegar lá em casa e não tem

ninguém lá. Alguns minutos depois, saem do shopping. Ao entrarem

no carro, Cauã faz uma pergunta para Beatriz com uma expressão bastante questionadora.

_ Vovó, vovô vai ficar na minha casa ou vai só pegar você?

Beatriz responde: _ Ele vai me pegar, Cauã. Com uma carinha desconsolada ele diz: _ Ah, ta! Beatriz, percebendo a expressão dele, completa: _ Mas ele vai ficar lá um pouquinho, viu?

O sorriso ficou estampado no rosto dele. (*) (*) Uma dúvida ficou pairando no ar. Ele não queria que Beatriz fosse embora ou queria que vovô ficasse um pouco na casa dele?

BOLA CHEIA E BOLA MURCHA Outubro/2011

Após uma semana de trabalho para os pais e uma

semana de escola para as crianças, nada melhor do que um domingo de sol para passeio e diversão entre pais e filhos.

Domingo ensolarado. Tati e Ronaldo vão com os meninos passar o dia na casa de um casal amigo.

Chegando lá encontraram outros amigos, com seus respectivos filhos.

Muita alegria e folia com banho de piscina, futebol, etc. Dentre as brincadeiras para entreter as crianças, uma

das mães entrega papel e lápis para a cada uma delas desenhar. Uma das pessoas que estava na casa vai mandando

desenhar bichos, casa, árvore, carrinho, etc. Até que surge um desafio:

_ Vamos ver quem desenha a bola mais bonita? Todas as crianças querem ganhar o desafio.

Cauã, após desenhar a sua bola, olha para a de Rafa e observa que o desenho dele não está com um círculo perfeito e diz:

_ Rafa, a bola tem que ser bem redondinha. Rafael não gostando da observação do irmão, responde

de imediato, sem pensar duas vezes: _ É porque ta bola tá murcha!

BRINCANDO DE SUPER HEROIS Outubro/2011

Apesar de sempre ter sido um pai presente, talvez eu

não tenha brincado tanto com os meus filhos como brinco com os netos. Dizem que avós são mais bestas ou saibam a importância dessa relação para a formação dos netos e disponham de mais tempo para isso. Pode ser essa a explicação.

Segunda feira, Tati e Ronaldo estão trabalhando e Beatriz foi ficar com os meninos.. Como trabalhei só pela manhã, fui também acompanhar Beatriz. Final de tarde e Cauã chega para mim e diz:

_ Vovô, vamos brincar de super herói. Eu sou Super-Homem, Rafa é Batman, vovó é Mulher Maravilha e você é o Lanterna Verde.

Além de não ter tido a chance de negar, tive que me contentar em ser um super herói que eu nem conhecia.

Brincadeira pra lá, brincadeira prá cá, e eu e Beatriz aproveitamos um vacilo deles para sentarmos e ficarmos só observando.

Cauã tentando me levar de volta para a brincadeira, diz em tom de super herói:

_ Lanterna verde, preciso de sua ajuda. Imediatamente respondo de forma bem pausada e

relaxada: _ Acho que a lanterna verde está sem pilha.

Cauã olha para mim, com um sorriso no rosto e diz: _ Tá sem pilha ou tá com sono?

QUEM TEM IRMÃO, TEM TUDO Outubro/2011

Além das atividades escolares pela manhã, os meninos

fazem judô pela tarde, duas vezes por semana, no próprio colégio que estudam.

Quase 16 horas e Tati vai buscá-los. Chegando lá encontra os dois sentados e mais um

coleguinha esperando os pais. Tati pega Cauã e Rafael e manda os dois darem tchau

para o coleguinha. Os dois se despedem dele e o coleguinha fica sozinho esperando quem vai lhe buscar.

Cauã segurando a mão de Tati e com um semblante um tanto quanto pensativo se afasta do colega diz para Tati:

_ Mamãe, ele vai ficar sozinho esperando a mãe dele, é?

Tati responde: _ É Cauã, mas ela chega já. Cauã completa: _ Pena que ele não tem irmãozinho né, mamãe? Se

fosse eu, não ia ficar sozinho. Eu ficava com Rafa.

MEDALHA, SE NÃO GANHAR, TOMA EMPRESTADA Outubro/2011

Final de ano no colégio dos meninos e começam as apresentações esportivas para os pais verem o desenvolvimento dos filhos. Segunda-feira, competição de futebol de Cauã. Além de Tati e Ronaldo, eu e Beatriz também estávamos presentes e vibrando com o desempenho de Cauã, que até fez um gol. Ao final da apresentação todos receberam medalhas, independente do resultado. A medalha de Cauã foi entregue por Rafael. Chegando em casa, Rafael diz um pouco triste: _ Mamãe, pena que eu não tenho uma medalha, né? Cauã, imediatamente, vai ao armário dele e paga a medalha que havia recebido no ano anterior e leva até Rafael, dizendo: _ Não tem problema não, Rafa, Eu lhe empresto a minha. Deixando Rafa muito feliz. No dia seguinte, terça- feira foi à apresentação de judô de Cauã e Rafa. E assim como no dia anterior, os dois recebem as suas medalhas. Em casa, Rafa, feliz, diz para Tati: _ Mamãe, agora eu não preciso mais da medalha de Cauã emprestada, né? Eu ganhei uma!

DIAS DAS CRIANÇAS TEM QUE TER PADRINHO (ou presente do padrinho?)

Outubro/2011

Qual a melhor coisa do dia das crianças? Ganhar presentes do papai e mamãe, de vovó e vovô, do padrinho e por aí vai.

Dia 10 de outubro, Cauã e Rafael estão ansiosos para a chegada do dia das crianças.

Vinicius, padrinho de Cauã, vai viajar a trabalho para São Paulo.

Beatriz diz a Cauã: _ Cauã, você sabia que tio Vinicius vai viajar para São

Paulo? Ele para, fica pensativo e diz: _ E o presente do dia das crianças, vovó? Sem nem esperar alguma consideração de Beatriz, ele

lembrou que tio Vi é casado e pode deixar o presente “por procuração” e completa:

_ Ah! Mas tia Dodo dá, né?

VOVÓ E VOVÔ. TEM COISA MELHOR? Outubro/2011

Algumas vezes Tati pede que eu e Beatriz peguemos os

meninos no colégio. Não é uma rotina tão frequente, mas também não tão esporádica. No entanto, para os meninos é uma alegria danada.

Há algum tempo que não temos sido solicitados para essa maravilhosa ajuda. Mas já estava combinado para a próxima quinta-feira.

É terça feira, Tati vai entrando no carro para levá-los ao colégio e Cauã pergunta.

_ Mamãe, quem vai pegar a gente na escola hoje é vovó e vovô?

Tati responde: _ Hoje não Cauã. Ele continua. _Vai ser amanhã? Tati responde: _ Amanhã, não Cauã. E antes que ele continue, ela se antecipa: _ Vai ser quinta-feira. Cauã abre um grande sorriso, entra no carro e começa a

cantar uma linda música: _ É quinta- feira, é quinta- feira, é quinta-feira, é

quinta-feira ..........

CIÚME OU SINCERIDADE? Outubro/2011

Papel de anotação ao lado de um telefone é algo comum

em qualquer residência. Quando chegam lá em casa adoram pegar esses

papeizinhos para riscarem e rabiscarem. Hoje, Rafael ao invés de riscos e rabiscos, disse que ia

fazer desenhos, na ótica dele, claro. Assim, cada papel que ele risca, ele dobra e leva para alguém e diz:

_ Fiz para você. Todos que recebem, sem ensaiar, dizem com cara de

“felicidade”: _ Para mim? Que bonitinho. Obrigado. Isso ele faz com todos que estão no ambiente. Ao

entregar um “desenho” para Gustavo a cena se repete: _ Tio Gustavo, fiz para você. Assim como todos, Gustavo responde: _ Para mim? Que bonitinho. Obrigado. Cauã está ao lado de Gustavo olhando a cena. Ele

espera Rafa sair e diz para Gustavo: _Tio Gustavo, todo mundo diz “bonitinho”, mas ele não

sabe fazer!

MARCANDO UM ENCONTRO Outubro/2011

Após a apresentação de futebol no colégio, Tati, Ronaldo, Cauã e Rafael vão lanchar em uma conhecida e bem movimentada casa de lanche perto da casa deles.

Após alguns minutos no local Cauã vê uma colega de sala, chegando com a mãe. Ela se aproxima dele. Ele segura a mão dela e vão brincar com Rafael. Algum tempo depois a mãe dela chama para lanchar.

Enquanto ela lancha, Cauã fica esperando o retorno da colega, andando de um lado para o outro. Quando ela retorna, ele diz:

_ Você demorou, hein? Ela responde: _ Eu estava lanchando, Cauã. Em seguida voltam a brincar. Logo depois a mãe dela

chama para ir embora. Incentivada pela mãe dela, eles se abraçam, se despedindo.

Ela sai em direção ao carro, enquanto Cauã fica do lado de dentro da lanchonete vendo-a ir embora. De repente ele fala para ela em alto tom:

_Vamos fazer assim. Depois de amanhã a gente se encontra aqui de novo, tá?

A mãe dela para, olha para Tati e diz surpresa e sorrindo:

_ Ele está marcando encontro com ela? Todos sorriem e eles se despendem.

COMIDA, SÓ DO DIA Novembro/2011

Acredito que seja comum na maioria das casas, caso haja sobra de comida do almoço, comer a mesma comida no jantar ou até no almoço do dia seguinte, com algum complemento.

Sempre que essa sobra ocorre na casa de Tati, ela aproveita, mas faz questão de determinar que para Cauã e Rafael seja feita comida nova.

Eu e Beatriz fomos designados para pegar Cauã e Rafael no colégio e em seguida levá-los para a casa deles. Coisa que eles não gostam muito, pois se depender deles o caminho é da escola para nossa casa.

Como sempre, muita folia e sorriso. Ao entrar no carro, pensando que iria almoçar em nossa

casa, Cauã pergunta: _ Vovó, o que você vai almoçar hoje? Beatriz responde: _ Ah, Cauã, vovó hoje não fez almoço, eu e vovô vamos

almoçar o mesmo de ontem. Atento as recomendações caseiras de Tati ele exclama? _ E nós vovó? A gente não come comida de outro dia!

QUEM DISSE QUE PROPAGANDA NÃO É A ALMA DO NEGÓCIO?

Novembro/2011 Quando vão fazer compras no supermercado com os meninos, Tati e Ronaldo mandam que eles peguem um carrinho só para colocar “as compras” deles, com biscoitos, salgadinhos, etc. Prejuízo na certa, mas controlado. Caminhando pelos corredores de produtos, passam pelo setor de material de limpeza. Rafael, apontando para um produto que ele viu propaganda na televisão, fala:

_ Olha mamãe, aquele que deixa o branco mais branco. Cauã então complementa citando o nome do produto que é em inglês.

Tati pergunta: _ O que Cauã? Ele repete o nome todo do produto. Ela resolve conferir na embalagem o que estava escrito

e achou o nome exatamente como ele disse e perguntou: _ Como é que você sabe Cauã? _ Eu ouvi na televisão, mamãe.

EXAME DE LABORATÓRIO Novembro/2011

Às vezes, Cauã e Rafael passam a tarde na nossa casa.

Uma das grandes alegrias deles é ir com Beatriz comprar pão no supermercado que fica próximo.

É um trecho pequeno, mas um passeio divertido. No caminho, é comum encontrar sujeiras de cachorro

no passeio decorrente de donos inconscientes desses animais, que não recolhem os dejetos.

Em um desses dias que foram comprar pão com Beatriz, eles encontraram pelo caminho cocô de cachorro no chão. Beatriz comenta para terem cuidado para não pisarem.

Cauã adverte: _ Rafa, tem cocô de cachorro no chão, cuidado. Rafael, mais detalhista observa: _ Cauã, e é de duas cores. Alguns dias depois de novo lá em casa, vão fazer o

mesmo “passeio” com Beatriz. Na hora que estão saindo para o supermercado Ronaldo

chega para pegá-los e levar para casa. No entanto, resolve fazer companhia a eles ao “passeio”.

No caminho, lembrando do ocorrido dias antes, Cauã alerta a Ronaldo:

_ Papai, cuidado para não pisar no cocô do cachorro. Rafa, completa: _ E é preto e amarelo, papai.

RACIOCINO RÁPIDO E LÓGICO Novembro/2011

Como Cauã e Rafael sempre estão lá em casa, eles têm toda estrutura de higiene pessoal a disposição deles: toalha de banho, escova de dente, xampu, sabonete, etc.

Já precisando trocar as escovas de dente, Beatriz comprou duas novas para eles. A de Cauã azul e a de Rafael laranja. Cores preferidas deles. Ontem, foi o dia do meu aniversário e eles dormiram na minha casa, afinal eu tinha direito a terminar o meu dia com alegria total. Ao acordarem, Beatriz mostrou as escovas novas para eles. Ficaram muito felizes. Para nossa surpresa Cauã disse que queria uma na cor laranja igual à de Rafa. Como não podia realizar a vontade dele naquele momento, Beatriz disse: _ Tá bom Cauã, quando eu sair eu compro uma de cor laranja para você igual à de Rafa e quando chegar em casa eu coloco a letra R na dele e C na sua para não atrapalhar quando for usar. Imediatamente ele comentou: _ Não precisa colocar a letra nas duas escovas vovó, basta em uma. A que não tiver letra nenhuma é a do outro.

CUIDADO COM A IMITAÇÃO Novembro/2011

Como ocorre com muitas famílias, domingo é dia de comer pizza.

Com os netos em casa, a pizza fica melhor ainda. Como toda criança, Cauã e Rafael foram educados a comerem com garfo e faca. Claro que eu também fui educado para comer com garfo e faca, mas em casa eu adoro comer pizza na mão, com guardanapo. Eles sempre observem eu comer desse jeito lá em casa, mas nunca comentaram nada.

Em um dia do tradicional passeio no shopping, Tati e Ronaldo resolveram lanchar e a escolha do cardápio foi pizza.

Cauã pediu duas fatias. Ronaldo cortou em pedaços uma das fatias para ele comer com garfo. A outra fatia ficou inteira, pois Cauã não deixou cortar.

Tati, já um pouco desconfiada do que ele estava preparando, perguntou:

_ Cauã, porque você não quer que corte esse pedaço? Ele olhou para ela e respondeu: _ Para eu comer igual a vovô!

CHEGA DE SERMÃO Novembro/2011

Época de arrumar a árvore e ornamentação de natal. Sempre fizemos isso com os filhos. Agora, como eles já estão grandes e trabalhando, essa atividade passou a ser feita com os netos.

Cauã e Rafael foram passar à tarde lá em casa para ajudarem eu e Beatriz a fazermos essa tarefa maravilhosa de final de ano. Folia pura. Ao pegarem os papais noéis animados percebemos que faltavam as pilhas. Melhorando ainda mais a folia, eu, Cauã e Rafa fomos andando para o supermercado comprarmos as pilhas. Já na fila, Cauã pediu uma embalagem de bala. Logicamente que consenti. Rafa me olhou com os olhos esbugalhados e perguntou:

_ Posso pegar também vovô? Claro que concordei. Voltamos para casa e concluímos o serviço de natal. Uma maravilha. Quatro bonecos de Papai Noel, cada um tocando música diferente, junto com as lâmpadas musicais da árvore. Só vovô e vovó para suportar, tanta melodia ao mesmo tempo. Já lanchando, biscoitos intercalados pelas balas compradas no supermercado, Rafa sentado no meu colo pediu a Cauã:

_ Cauã, você me dá uma? A resposta negativa e tradicional de irmão foi dada com

a cabeça. Observando a conversa, comecei a dizer a Cauã que ele

devia dar uma bala para Rafa. Ele contra argumentou: _ Ah, vovô, eu não comi a balinha dele porque eu não

gosto, é de hortelã. Agora eu tenho que dar uma minha balinha para ele?

Enquanto eu continuava a argumentar ele resolveu dar uma bala para Rafa. Mesmo após ele dar a balinha para Rafael eu continuava a falar, quando ele olhou para mim e disse em tom um tanto sério:

_ Prooooonto vovô, já dei! (*) (*) tradução: Pare de falar. Chega de sermão, já fiz o que você pediu.

PENSA QUE ME ENGANA? Novembro/2011

Quando saio de carro com Cauã e Rafa tenho o costume

de brincar dizendo que meu carro só funciona quando eles me dão um beijo.

Sorrindo, meio acreditando e meio sem acreditar eles me beijam e enquanto isso eu ligo o carro sem eles perceberem, fazendo o carro funcionar imediatamente, deixando-os bastante feliz.

Ontem saímos para almoçar no shopping. Todos almoçavam e eu apenas olhava ainda sem saber o que comer. Cauã observando, me perguntou: _ Não vai almoçar vovô?

Lembrando da brincadeira do carro, respondi: _ Vovô só vai ter fome quando cada um de vocês me

derem um beijo. Imediatamente Cauã me beijou. Rafa que estava

almoçando no colo de Ronaldo não me beijou. Continuei sem comer.

Em seguida Cauã pediu para eu levá-lo ao banheiro. Ao sair com ele, Rafa entrou na folia e disse que também queria fazer xixi.

Para aproveitar a volta da energia de Rafa, no caminho, me abaixei e disse para ele:

_ Me dê um beijo para eu ficar com fome. Ainda fazendo charme e mesmo com a insistência de

Cauã ele se recusou a me beijar. Vendo a preocupação de Cauã com a minha “falta” de

apetite, eu disse para ele bem baixinho, sem Rafa ouvir: _ É brincadeirinha! Imediatamente ele disse bem baixinho para mim: _ O beijo do carro também é brincadeirinha, né vovô?

CAVALO FERIDO NÃO VAI AO MÉDICO Novembro/2011

Tenho costume de ir à feira comprar frutas e verduras

todos os sábados. Algumas vezes com Beatriz. Em uma sexta-feira Cauã e Rafa dormiram lá em casa. No dia seguinte eles e Beatriz me acompanharam nessa rotina. Para eles foi tudo uma novidade, pois nunca tinham ido

a uma feira. Olharam tudo com muita atenção. Comeram pastel e compraram as frutas preferidas deles.

Na hora de ir embora, andando em direção ao carro, vimos um cavalo na praça próxima da feira. Paramos para eles verem o animal de perto e eles perceberam que havia um pequeno ferimento perto do olho.

Na semana seguinte fui sozinho para a feira e vi o mesmo cavalo. Com a praticidade de um celular, tirei uma foto e enviei imediatamente para eles através de mensagem ao celular de Tati.

Quando me encontrei com eles perguntei se tinham visto a foto e completei dizendo que o cavalo havia perguntado por eles. Nesse momento imitei o som do cavalo. Eles ficaram parados, atentos e sorridentes me ouvindo dar o “recado” do cavalo. Nada perguntaram sobre o ferimento do animal.

Mais um sábado e novamente fui à feira de onde sai direto para a casa deles levando água de coco, manga e amendoim, que eles me pediram. Ao chegar, ouvi a seguinte pergunta:

_ Vovô, o cavalo estava lá? Respondi que não estava e eles perguntaram o motivo. Como o cavalo estava ferido quando eles o viram, dei a

desculpa que ele tinha ido ao médico cuidar do ferimento. Cauã de imediato me consertou:

_ No médico não vovô. No veterinário.

MUITO CHAMEGO COM VOVÓ E VOVÔ Dezembro/2011

Eu, Beatriz, Tati, Ronaldo, Cauã e Rafael já fizemos

algumas viagens e passeios juntos para Maceió, Salvador, Feira de Santana e Praia de Pirambu, por exemplo.

Recentemente eles fizeram uma viagem para um parque aquático na praia de Maria Farinha em Pernambuco. Nós não fomos e eles quando retornaram disseram que na próxima viagem que fizessem eles queriam que nós fôssemos.

Um dos locais turísticos mais divertidos e encantadores tanto para criança como para adultos é o Beach Park localizado em Fortaleza, Ceará.

Tati e Ronaldo vão entrar de férias em janeiro e decidiram dar de presente aos meninos esse passeio, pois eles tinham visto na televisão e sempre falavam que desejavam ir.

Na companhia deles foram alguns casais amigos e seus filhos, que também são amigos dos meninos. Mais uma vez nós não íamos participar dessa viagem. Mas até então Cauã e Rafa não sabiam da nossa ausência.

Após comprarem as passagens e reservarem a hospedagem, Tati e Ronaldo perguntaram aos meninos:

_ Vocês sabem que nós vamos para o Beach Park? Adivinhem quem vai conosco?

Na certeza que nós íamos, a resposta veio imediata e cheia de alegria.

_ VOVÓ E VOVÔ!

ECOLOGICAMENTE CORRETO – parte 1 Dezembro/2011

Saímos para levar Tati e os meninos para conhecerem um shopping recém inaugurado na cidade de Nossa Senhora do Socorro, vizinha a Aracaju. Sem ter tomado café, Tati foi comendo uma pêra no carro. Ao terminar, logicamente não jogou pela janela; seguindo as regras que aprendeu em casa desde criança, ficou segurando até achar um lugar próprio para jogar fora.

Ao chegarmos ao shopping desci do carro com a pêra na mão em busca de um lixo. De imediato observei que na entrada do shopping havia recipientes coloridos para acondicionar lixos de vários tipos. Apontei para o lugar e disse:

_ Ali tem lugar para jogar lixo. Vamos lá. Cauã olhou para o local que eu indicava e disse: _ Vovô, ali não vai poder jogar porque não tem lugar

para lixo orgânico. Ficamos completamente pasmos. E Tati perguntou: _ Como é que você sabe que não pode jogar ali, Cauã? Ele Respondeu: _ Porque ali tem lixo azul, amarelo, verde e vermelho,

não tem marrom que é para lixo orgânico. Todos nós demos a ele os parabéns pelo conhecimento e

pelo aprendizado e entramos no shopping a procura de um local apropriado para jogar fora o resto da pêra.

ECOLOGICAMENTE CORRETO – parte 2 Dezembro/2011

Alguns dias depois da história dos lixos coloridos do

shopping, eu e Beatriz levamos Cauã e Rafa para conhecerem o Museu da Gente Sergipana, recém inaugurado em Aracaju.

Antes de iniciar a visita ao museu é passado um filme com cenas de várias cidades do interior de Sergipe apresentando rios, feiras, cultura das cidades e algumas festas das cidades sergipanas.

Dentre as festas apresentadas tem a Festa do Mastro (*) do município de Capela, no qual, para realização, tem uma cena em que a população derruba uma árvore visando dar início a folia. Ao verem a cena, Cauã e Rafa disseram:

_ Vovó, não pode derrubar árvore, prejudica a natureza.

Apesar de estarem corretos, demos a eles uma explicação que a árvore estava doente e por isso derrubaram para não prejudicar as outras árvores, mas no fundo ficamos muito orgulhosos dos conceitos que eles estão adquirindo. (*) A festa do Mastro ou festa do levantamento do Mastro é uma cerimônia em que um grupo de pessoas levantam um tronco de árvore seca. É uma tradição ancestral, de origem pagã que simboliza a força e fertilidade masculina. Em Capela, região nordeste do estado de Sergipe, a festa marca a semana de comemoração dos festejos de São Pedro e o encerramento dos festejos juninos.

SE A FRUTA TEM CAROÇO, TIRA. Dezembro/2011

Sempre que vou à feira compro algumas coisas para Cauã e Rafael, tais como: manga, amendoim, água de coco e uva sem semente, que Cauã diz que são melhores que as do supermercado, que é onde Tati e Ronaldo compram.

Certo dia, as compras da feira foram incompletas, pois não havia a uva sem semente que eles tanto gostam. Chegando a casa deles com água de coco, melancia, amendoim, etc., Cauã perguntou: _ E a uva vovô? Achando que ele ia compreender, respondi:

Não comprei Cauã, pois só tinha uva com semente. Procurei muito a sem semente e não achei. Após a minha explicação eu ouvi a seguinte advertência de Cauã: _ Podia ter comprado vovô. Mamãe tira a semente para eu comer.

CRIANÇA FAMINTA, MÃE DESNATURADA Dezembro/2011

Reveillon chegando e o costume de comprar roupa branca para usar na festa já é ensinado às crianças desde cedo.

Tatiana vai ao shopping para comprar uma camisa branca para os meninos usarem na passagem do ano e leva os dois juntos. A babá deles os acompanha. Na saída do shopping, Cauã pede para lanchar. Tati nega o pedido lembrando que ela havia mandado fazer cachorro quente para comerem em casa.

Cauã insiste: _ Então só batata frita, mamãe! Por favor, por favor. Tati não se sensibiliza e nega mais uma vez. Ao chegarem ao carro, a babá coloca a mão na barriga de Cauã e percebe o movimento da mesma, e ouve um ronco de fome. Em seguida ela diz: _ Cauã, sua barriga esta roncando! Sabendo que Tati estava ouvindo, ele simplesmente responde: _ É. Eu estou muito faminto.

CONHEÇO VOVÔ PELO ASSOBIO Dezembro/2011

Sempre quando vou deixar Beatriz na casa de Tati,

tenho costume de assobiar da rua, embaixo do edifício onde eles moram apenas para que apareçam na varanda e então eu possa jogar beijos para eles ao vê-los.

O som do assobio é conhecido de todos da família e até de amigos e vizinhos.

Certo dia Beatriz estava com Vinicius e Dominique no shopping e de lá eles levaram Beatriz para a casa de Tati.

Chegando lá Vinicius perguntou: _ Será que se eu assobiar os meninos aparecem na

varanda? Beatriz disse a ele que eu faço isso com freqüência e

que com certeza eles apareceriam. Diante disso Vinicius não pensou duas vezes e fez soar o assobio da família.

Cauã e Rafa correm para a varanda e olham para a rua procurando o carro do vovô. Como não acharam o meu carro, disseram com tom de tristeza:

_ Vovô já foi. A babá que estava na varanda com eles, viu o carro de

Vinicius e mostrou a eles, transformando a tristeza deles em alegria e com certeza a alegria de Vinicius também.

UM HOTEL TEM SEUS ENCANTOS Janeiro/2012

De férias em Salvador, Tati, Ronaldo, Cauã e Rafa ficam hospedados em um hotel com piscina, parquinho e as demais mordomias que um hotel oferece.

Como de bobo eles não tem nada, comentam que gostariam de morar em hotel.

Em um dos dias de passeios em Salvador eles passam um final de tarde visitando meus pais, os “bisos” Bohana e Therezinha. Já 9 da noite, voltando para o hotel, Ronaldo comenta com Tati:

_ Precisamos passar no mercado para comprar água mineral.

Cauã, que estava sentado na cadeirinha no banco de trás do carro, ouve a conversa e faz um comentário e uma intimação:

_ Mercado? Ah, não! Antes deixe eu e Rafa no hotel. O “grito de independência” até que foi um ato de

coragem para quem tem apenas quatro anos, mas não adiantou muito, pois é lógico que Tati e Ronaldo não os deixaram no hotel, mas também não foram ao supermercado.

DIA SIM, DIA NÃO. DIA SIM, DIA SIM TAMBÉM Janeiro/2012

De férias, Cauã pede a Tati que todos os dias, antes dela

sair para o trabalho, acorde-o para dar um beijo. Tati tenta tirar essa idéia da cabeça dele, alegando que ele iria acordar cedo sem necessidade. Mas ele insiste no pedido.

Encontrando um meio termo, Tati consegue com ele o acordo de fazer o que ele pediu, dia sim, dia não.

Assim sendo, Tati no dia seguinte, antes de sair, acorda ele para dar um beijo. No segundo dia, sexta feira, ela não acorda ele, conforme o combinado.

Segunda feira, Tati achando que com o final de semana Cauã teria esquecido o pedido que ele fez, sai e não o acorda para dar um beijo. Ilusão. Quando ele desperta e percebe que Tati havia saído sem beijar-lo, começa a chorar. A babá o distrai e a vida segue.

Ao chegar para almoçar, Cauã reclama com ela pela quebra do acordo. Ela tenta se explicar, mas ele não aceita e ainda completa:

_ Mamãe, agora você vai ter que me acordar dois dias seguidos para me dar um beijo.

POR QUE FAZER HOJE SE PODE FAZER AMANHÃ? Fevereiro/2012

Início das aulas para Cauã e Rafael. Já é o terceiro ano de Rafael e o quarto de Cauã, mas

mesmo assim, meio desconfiado, Cauã chorou nos primeiros dias, sem querer ir.

Dentre alguns argumentos para ele parar de chorar e ficar na escola, Tati, promete que vai buscá-lo antes da aula terminar. Acordo aceito. Alguns dias se passaram e já buscando motivos para acabar com esse acordo, Tati diz a Cauã que não vai poder buscá-lo mais cedo, pois precisa comprar um biquíni, para usar na viagem que eles fariam para Fortaleza alguns dias depois. Cheio de argumentos e negociações, Cauã pergunta: _ Mamãe, quantos dias faltam para a gente viajar? Tati responde: _ Dois dias, Cauã. Para não perder a chance de Tati pegá-lo mais cedo e ganhar mais um dia do acordo, ele sugere. _ Então deixe para comprar o biquíni amanhã!

CRIANÇA OUVE, CRIANÇA REPETE Fevereiro/2012

Dois dias após o início das aulas, Ronaldo, Tati, Cauã e

Rafa ainda fazem uma breve continuidade das férias e vão para um belo passeio em Fortaleza, com direito a Beach Park, passeio de bugre, etc.

Ao chegarem ao local do passeio de bugre, famoso por dar ao turista a opção de ser “com emoção” ou “sem emoção” Tati e Ronaldo tiveram dificuldade em contratar um passeio “sem emoção”, pois a grande maioria dos turistas procura “com emoção”. Como eles estavam com Cauã e Rafa o passeio tinha que ser “maneiro”.

Conversa com um bugreiro, conversa com outro, e as crianças ficam só observando sem dizerem nada. Finalmente, depois de algum tempo, conseguem um bugre para fazer o passeio “sem emoção”.

Passeio legal pelas dunas, divertido, deixando as crianças maravilhadas.

Final do dia e no retorno, em um ônibus do próprio hotel, Cauã pede uns carrinhos de brinquedo que estavam guardados na bolsa de Tati. Ele se acomoda em um canto do ônibus e começa a brincar. Tati observa a brincadeira e o ouve dizer, após colocar um carrinho em cada mão e deslizá-los pelo banco do ônibus:

_ Vrummm, vrumm..... Com emoção, sem emoção... Com emoção, sem emoção.

QUEM SE LEMBRA DO PAPAI? Fevereiro/2012

Minha sogra, que mora em Salvador, veio passar uns

dias em Aracaju, na minha casa. 29 dias depois, em um domingo de sol, nada de almoçar

fora de casa, pois minha sogra iria pegar um avião para retornar a Salvador no início da tarde.

Comida rápida e do agrado de todos. Tinha que ser lasanha.

De repente, a casa enche. Com a desculpa de se despedir de minha sogra, Tati, Cauã e Rafael chegam para almoçar conosco, Ronaldo não veio, pois estava de plantão o dia todo. Que falta de sorte a dele, pois adora lasanha. Alguns minutos depois, chegam Vinicius e Dominique com a mesma desculpa. Se despedir de minha sogra.

O milagre do pão acontece com a lasanha. Multiplica-se. Se não bastasse o surgimento inesperado de tanta gente, na hora do almoço surge Cauã cheio de preocupação com o pai.

Ele se aproxima de Beatriz e diz: _ Vovó, posso contar um segredo? Logicamente Beatriz concorda. Mas o que ele fala não é

um segredo. É um pedido: Vovó guarde um pouquinho para papai, porque ele

gosta muito de lasanha. Obs.: Como uma boa sogra e excelente avó, ela guarda um

pouco de lasanha para Ronaldo.

ESTUDAR OU DECORAR? Fevereiro/2012

Nos primeiros dias de aula Cauã já começa a aprender sílabas e montar palavras. Pela regra da escola só passa para o exercício seguinte quem acertar o exercício que foi determinado para estudar em casa. Após o almoço começa o processo de dever e exercícios que a escola passa para ser feito em casa.

Estudando com Tati, começa a odisséia de aprender as sílabas. Como na maioria dos colégios de alfabetização, é mais ou menos assim: _ Pa, pe, pi, po, pu...... Pato _ Pa, pe, pi, po, pu...... Pia _ Pa, pe, pi, po, pu...... Pau E assim vai seguindo........ Depois de muito treino, Tati pede para ele ler o exercício, porém fora da ordem, para ver se ele tinha realmente aprendido e assim ser bem avaliado no dia seguinte na escola e passar para novo exercício. Ele vai lendo direitinho lembrando-se do “pato, da “pia” que são citados no exercício. Ao chegar na hora do Pa, pe, pi, pó, pu... Pau, ele esquece o final, porém sabendo que pau é um pedaço de madeira e na certeza que iria acertar o exercício e deixaria a mamãe orgulhosa, Cauã diz: _ Pa, pe, pi, po, pu.... madeeeira!

A MINHA VÓ É UMA “GATA” Fevereiro/2012

Comumente quando se fala de vovó e vovô em histórias, filmes e livros, a imagem é sempre de pessoas idosas. Claro que eu e Beatriz não somos jovens, mas exceto pelos meus cabelos quase todos brancos, também não temos características comuns das vovós e dos vovôs dos livros, filmes e histórias.

Em um passeio de carro com os meninos, Tati e Beatriz ouvem Rafael falar ao ver uma velhinha andando na rua: _ Mamãe, olha uma vovó ali. Tati olha, vê uma senhora idosa, daquelas das histórias e filmes e pergunta: _ Ô, Rafa e sua vovó é velhinha? Em segundos, Rafael para, pensa no que Tati falou, lembra o que vê nos livros, filmes e história, olha para Beatriz que esta ao seu lado, faz mentalmente as devidas comparações e apontando para a velhinha que passava na rua, responde: _ Não mamãe, é que essa é uma vovó-bisa.

NÃO BASTA SER AVÓ. TEM QUE TER CREDIBILIDADE

Março/2012 O mundo se moderniza. A tecnologia avança em muitas regiões. Em alguns locais, os circos não podem mais ter animais nas suas apresentações, mas a palavra circo ainda encanta as crianças e os adultos.

A televisão anuncia a chegada de um grande circo em Aracaju. A propaganda é muito bem feita e mostra algumas atrações. Em uma das cenas percebe-se que um mágico faz aparecer um helicóptero no palco. Vinicius e Dominique, sabendo que Cauã e Rafael logicamente iriam gostar de ir ao espetáculo, resolvem levá-los. Alguns dias antes de irem, eles dizem para Beatriz: _ Vovó, tio Vi e tia Dodo vão levar a gente para o circo.

Beatriz diz a eles que o circo é muito bom e baseada no que viu na propaganda da TV avisa que eles vão ver um mágico que vai fazer um helicóptero aparecer no palco. Chega o grande dia. Já no circo, esperando começar as atrações, Cauã diz a Dominique: _ Tia Dodo, vai ter um mágico que vai fazer um helicóptero aparecer. Dodo, desejando criar um suspense, diz: _ Será que vai mesmo Cauã? Muito tranquilo. Convicto do que havia dito pela confiança nas palavras da avó dias atrás, Cauã diz: _ Se vovó disse, é porque vai. Dominique, que não é boba, não se atreveu a questionar

NÃO BASTA TER CHEIRO, TEM QUE TER GOSTO Março/2012

Alguém já imaginou ir a um espetáculo de circo e não comer pipoca, refrigerante, balas, etc.? Claro que não. Isso faz parte do espetáculo. Sabendo disso, na ida ao circo com Cauã e Rafael, Vinicius e Dominique oferecem a eles pipoca, refrigerante e outras guloseimas. Lógico que as crianças aceitaram tudo que foi oferecido.

Rafael, fã incondicional de refrigerante, não perdeu a oportunidade de exagerar, afinal Tati e Ronaldo seguram um pouco essa preferência dele não, permitindo que beba refrigerante durante a semana.

Já Cauã é adepto a suco e água de coco. Como não é muito fã de refrigerante pediu um suco de tangerina e teve o seu pedido atendido. Sentaram-se para lanchar e não fizeram nenhum comentário sobre o que estavam comendo e bebendo. Já “saboreando” o lanche, Vinicius pergunta para Cauã: _ o suco de tangerina está gostoso Cauã? Sem olhar para Vi e com expressão de “tanto faz” ele responde: _ É suco de nada com cheiro de tangerina.

PIRATA É O BANDIDO DOS MARES Março/2012

Em Aracaju, assim como ocorre pelo Brasil afora, a

venda de CD e DVD pirata é algo incontrolável. Isso é visto com freqüência nas praias, no comércio e de modo geral nos locais de grande movimento. E, lógico, não podia deixar de ser na frente das escolas.

Sexta- feira, meio-dia. Ronaldo vai pegar os meninos no colégio e na saída, Cauã, ao ver um vendedor de DVD pirata na frente do colégio, pergunta:

_ Papai, hoje é dia de comprar DVD? Ronaldo diz que não. Cauã insiste e diz: _ Papai, eu quero aquele do urso panda que luta Kung

Fu. Já um pouco mais distante do vendedor, Ronaldo

desejando explicar o motivo da negativa que ele deu minutos antes responde:

_ Cauã, papai não compra DVD pirata. Cauã sem saber o que é DVD pirata e achando que

Ronaldo não entendeu o que ele queria e também sem querer perder a disputa diz:

_ Mas papai, eu não quero o do pirata, eu quero o do panda que luta Kung Fu.

PRESENTE TEM QUE SER SURPRESA Março/2012

Eu e Beatriz não somos adeptos de dar presentes surpresa a Cauã e Rafael. Sempre pedimos para eles nos darem algumas opções de presente. Assim não corremos o risco deles não gostarem do que dermos.

Faltando pouco mais de um mês para o aniversário deles, Beatriz conversando com eles, diz: _ Cauã, Rafa, já esta perto do aniversário de vocês. O que vocês querem que vovó e vovô comprem para dar de presente a vocês? Cauã não se abala com a pergunta, enquanto Rafael que estava sentado no chão e sem saber dizer o nome do brinquedo que desejava levanta-se imediatamente e começa a descrever o brinquedo. Uma verdadeira apresentação de mímica. Mão pra lá, mão prá cá, gestos, narração de detalhes e Beatriz chega a uma conclusão e pergunta: _ É um taco de golfe, Rafa? Feliz com o entendimento de Beatriz, ele diz quase gritando:

_ É vovó, é isso mesmo. Beatriz então retorna a pergunta para Cauã que

continuava inabalável olhando a “apresentação” de Rafael: _ E você, Cauã, vai querer o que? Ele continua sentado e simplesmente responde: _ Vovó, presente não se escolhe. As pessoas compram e

dão o que quiserem pra gente.

VAI RESPONDER OU NÃO? Março/2012

Estou em casa na hora do almoço, sentado ao

computador esperando a comida ser servida. Cauã liga para meu celular e nem espera eu dizer alguma coisa e já vai perguntando:

_ Vovô, qual o maior país do Mundo? Dei risada. Ouvi a voz de Tati e entendi que eles

estavam conversando algo sobre o assunto e que Tati havia mandado ele me telefonar para fazer essa pergunta, afinal, como todo filho, Tati também acha que o pai sabe a resposta de tudo.

Para minha sorte eu estava com o computador ligado e sentado de frente para ele. Como tinha dúvida entre China, Canadá e Rússia (*), imediatamente fui fazer uma pesquisa na Internet. Não queria decepcioná-lo dizendo “não sei”, pois imaginei que Tati deve ter dito: Ligue para seu avô que ele sabe.

Enquanto pesquisava procurei distraí-lo com outra conversa e perguntei:

_ Foi para o colégio hoje? E ele respondeu que sim. Com a pesquisa já feita, fiz mais uma pergunta: _ Jogou futebol no colégio? E a resposta veio de imediato: _ Vovô, você vai responder qual o maior país do

mundo? Sem pensar duas vezes, deixei meu interrogatório pra lá

e respondi: _ Rússia.

(*) Os cinco maiores países do mundo são: Rússia, Canadá, China, EUA e Brasil

MUSICAS QUE MARCAM A INFÂNCIA Março/2012

Desde bebezinhos, eu colocava Cauã e Rafael para dormir cantando sempre duas músicas. Uma delas era a famosa “Como é grande o meu amor por você”, que eles acabaram aprendendo. Um dia desses, Tati senta entre as camas deles para colocá-los para dormir.

Bem baixinho ela começa a cantar uma música também conhecida que ela adaptou para eles, que diz assim:

“menininho não cresça mais não, fique pequeninho na minha canção.”

Cauã, curioso pergunta: _ Mamãe, essa musica vovó cantava para você dormir

quando você era pequeninha? Tati responde afirmativamente e ele volta a ficar quieto

ouvindo. Logo depois ela começa a cantar a música “Eu sei que vou te amar”. Cauã, já sonolento, vira para ela e diz: _ Essa é de vovô pra mim, né mamãe?

Mais uma vez ela responde afirmativamente e ele se vira para dormir.

........ E quando ela me contou eu fiquei rindo à toa, ou com vontade de chorar à toa, pois é muito bom saber que estamos nas lembranças boas das pessoas, principalmente de netos.

PROPAGANDA ENGANOSA Abril/2012

A páscoa está se aproximando e começam as

propagandas dos ovos de páscoa. Em uma delas que passa na televisão, com o objetivo de chamar ainda mais a atenção das crianças, dentro do ovo tem um brinde que sai e fica pulando.

Chega o dia da páscoa e é hora de ganhar o tão esperado ovo de chocolate. Um dos que Rafael ganhou era igual ao da propaganda e ele queria que o brinde que veio dentro pulasse, pois era na assim que acontecia na televisão.

Depois de muitas tentativas o brinde não pulou. Para encerrar o assunto, as tentativas e a ansiedade dele, Tati explicou que aquilo só acontecia na televisão e brincou dizendo:

_ Rafa, isso é propaganda enganosa. À noite, na hora de dormir, Tati o levou para escovar o

dente. Chegando ao banheiro Tati não achou a escova de dente no armário e disse:

_ Rafa, cadê a escova de dente que seu pai disse que estava aqui?

Ele respondeu: _ Mamãe, papai é “enganoso”.

QUEM FAZ COMIDA É VOVÔ Março/2012

Algumas vezes Ronaldo resolve fazer um churrasco na

casa dele. Às vezes na piscina, outras vezes no apartamento. Apesar do convite ser dele, quem acende a

churrasqueira sou eu. Quem suja a mão de carvão sou eu. Quem coloca a carne para assar sou eu. Ou seja, eu faço tudo e o dono da casa só come o churrasco.

Cauã e Rafa adoram quando o pai deles faz esses convites, pois na verdade além da presença minha e de Beatriz eles dizem que gostam do churrasco que o vovô faz. Dessa forma eles acabaram assimilando a idéia que quando vovô vai almoçar na casa deles, quem faz a comida é vovô.

Um dia desses Ronaldo nos chamou para irmos a casa dele comermos uma feijoada, que quem ia fazer era a cozinheira e não eu, afinal meus dotes culinários não são tão caprichados. Além do churrasco, acho que eu só sei fazer ovo cozido, pois até o mexido eu deixo grudar na frigideira.

Após o convite, Beatriz liga para Cauã e pergunta: _ Cauã, vovô e vovó vão almoçar feijoada na sua casa. E brinca: _ É você que vai fazer a feijoada? Ele responde:_ Eu não sei fazer. Beatriz: _ É seu pai que vai fazer? Cauã: _ Ele também não sabe fazer. Beatriz insiste: _Então quem vai fazer a feijoada? Lembrando dos churrascos ele respondeu: _ É vovô.

ISSO É QUE É DECLARAÇÃO Abril/2012

A família de Ronaldo é toda de Feira de Santana, cidade

baiana próxima de Salvador, motivo pelo qual ele vai visitá-los sempre que pode.

Aproveitando o feriado da Semana Santa, Tati, Ronaldo, Cauã e Rafael foram para lá passear.

Sempre que vão ficam na casa de dois irmãos de Ronaldo que moram perto do centro da cidade.

Sexta e sábado eles fizeram passeio ao shopping, visitaram os outros irmãos de Ronaldo e foram a um churrasco no sítio de um primo de Ronaldo.

Domingo pela manhã Tati e Ronaldo acordam e iniciam os preparativos para retornarem a Aracaju. Eles saem do quarto e deixam Cauã e Rafael dormindo.

Alguns minutos depois ao retornar para o quarto Tati percebe que os dois estão conversando na cama e fica ouvindo a conversa sem que eles percebam a presença dela.

A conversa fala de escola, de brinquedos, de colegas e de amigos até que ocorre uma breve pausa na conversa e em seguida ela ouve Rafael dizer para Cauã:

_ Cauã, eu vou ser sempre seu melhor amigo.

QUEM PENSA QUE CRIANÇA NÃO OBSERVA? Abril/2012

Tati e Ronaldo precisam ir a um evento às 19 horas. Como os meninos têm aula no dia seguinte, precisam dormir cedo, o que nem sempre acontece. Porém Tati também tem que se arrumar cedo para ir ao evento. Eu e Beatriz, então, vamos a casa deles no final da tarde, para dar a janta deles e colocá-los para dormir enquanto Tati e Ronaldo se arrumam. Cauã e Rafael já estão na cama, mas sem muita vontade de dormir. Em certo momento, Tati, que estava em outro quarto escolhendo que sapato calçar, percebe que Cauã sai do quarto e se dirige para a cozinha. Calçada com um sapato diferente em cada pé ela vai até ele e pergunta o que ele quer. Já na porta da cozinha, com um sorriso safado no rosto, ele responde: _ Quero água mamãe! Um tanto quanto agoniada ela diz: _ Então tá!

Ela pega um copo com água dá a ele e leva-o de volta até o quarto. Já na porta do quarto, ele para e diz: _ Mamãe, mas eu ainda não entendi.

Ela um pouco mais agoniada, pergunta: _ Não entendeu o que, Cauã? Ele responde: Porque os sapatos são diferentes?

DIVIDINDO CARINHO Abril/2011

Cauã cortava papéis e desenhava com lápis de cor. A sua melhor produção foi um triangulo que ele cortou e coloriu bastante. Ao terminar deu de presente para Beatriz. _ Vovó, fiz pra você. Feliz, Beatriz elogiou, agradeceu e guardou na bolsa.

Cauã passou a se envolver com outra atividade. Enquanto isso Tati guardou os lápis que ele desenhava.

Quando ele percebeu que os lápis não estavam mais a sua disposição, dirigiu-se até Beatriz e disse:

_ Vovó, você me dá aquele triangulo que eu fiz? Beatriz sem perguntar nada atendeu ao pedido e deu-lhe

o triangulo de papel. Observou que ele começou a rasgar a figura e perguntou:

_ Vai rasgar, Cauã? Ele respondeu: _ É que mamãe guardou o lápis de cor e eu não vou

poder fazer outro para ela, ai eu dou um pedaço pra você e outro pra ela.

SERÁ QUE MAMÃE É PREOCUPADA? Maio/2012

Feriado de 1º de maio.

Depois de uma manhã na praia com os meninos, à tarde Tati desce para brincar com eles no prédio onde moram. Como é normal nas mamães, as advertências são freqüentes:

_ Não corra! _ Cuidado para não cair! _ Devagar!

Brincando no pula-pula, Cauã percebe que a rede que fecha a entrada do pula-pula não está totalmente fechada. Ele continua pulando e apontando para o local ele diz para Tati: _ Mamãe ta aberto? Tati, percebendo que não tem risco, nada faz.

Ele insiste, apontando para a abertura da rede de proteção: _ Mamãe ta aberto? Despreocupada e sem dar explicação a ele da sua tranquilidade, Tati continua sem se movimentar para resolver o problema que Cauã tanto fala.

Conhecendo a mãe que tem, ele já impaciente pergunta: _ Mamãe, você não se preocupa não, é?

EU SOU VITÓRIA DE CORAÇÃO Maio/2012

Sexta feira. Tati vai buscar Cauã e Rafael na escola. Ao

entrar no carro, Cauã diz que não vai para o aniversário de seu melhor amigo e colega da escola.

Tati espantada pergunta o motivo. Cauã responde: _ Porque a festa vai ser do Flamengo. Tati questiona: _ E o que é que tem Cauã? Ele responde: _ Porque não é o meu time. Eu só vou se

for do Vitória ou do Brasil. Tati, encerrando o assunto, diz: _ Mas não tem problema Cauã. Se a festa é dele, tem

que ser o time dele. Quarta-feira, dia da festa. Sem saber do fato ocorrido na

sexta-feira, Beatriz liga para ele e comenta que é o dia do aniversário do seu melhor amigo.

Ele responde: _ Vovó, ainda não sei se eu vou. Espantada, ela pergunta o motivo. Ele responde: _ Porque vai ser festa do Flamengo. Eu

só vou se for do Vitória ou Brasil. Beatriz fica surpresa e não diz nada. Sabendo que eu

iria adorar saber do diálogo que ela acabava de ter com Cauã, me telefona imediatamente. Claro que eu ouvir, fiquei arrepiado e orgulhoso.

Obs.: Ele foi e ao chegarem à festa, Tati, Cauã e Rafael

foram recebidos com muita alegria pela mãe do menino, pois ela disse que o filho estava preocupado, pois Cauã havia dito a ele que não iria por que a festa seria do flamengo e não do Vitória.

CADA LIXO NO SEU LUGAR Maio/2012

Final da tarde. Passamos na casa de Cauã e Rafael para

matar um pouco a saudade e dar um beijo neles. Encontramos os dois brincando no quarto. Tati havia

saído e os deixado com a babá. Envolvemo-nos um pouco na brincadeira. Carrinho pra

lá, bonecos pra cá, desenhos na televisão, etc. Beatriz, que estava com um chiclete na boca, pega um

pedaço de papel na bolsa para jogar fora o chiclete e entrega o papel, já com o chiclete enrolado, a Rafael e pede para ele jogar no lixo, apontando para o banheiro, pois assim ele não saía da nossa vista.

Ele levanta e ao invés de ir ao banheiro conforme orientação de Beatriz sai correndo do quarto dizendo:

_ Vovó, doce a gente joga no lixo da cozinha. Quando ele voltou Beatriz perguntou por que ele não

jogou o papel no lixo banheiro. Olhando para ela e balançado os ombros com se

estivesse dançando ele deu a resposta: _ Porque se jogar doce no lixo do banheiro vai dar formiga.

MOTO BARULHENTA ATRAPALHA LANCHE DAS CRIANÇAS Maio/2012

Sábado, final de tarde. A família toda vai comer cachorro quente na casa de Vinicius e Dominique. A casa fica na orla da Atalaia. É uma casa em um condomínio fechado, pequena e aconchegante, com sala e cozinha no térreo e os quartos no andar superior. Para Cauã e Rafael, como sempre, tudo é folia, principalmente pela oportunidade de subir e descer escada a todo o momento, deixando Tati de cabelo em pé. Além disso, eles adoram jogar bola na garagem, andar de bicicleta na área externa, brincar com o passarinho que Vinicius tem. Depois de muito bate papo, brincadeiras e conversa fiada, finalmente o cachorro quente é servido. Como sempre as crianças são prioridade. Servidos, ele vão sentar no chão da garagem para comerem a vontade, sem se preocupar com sujar sofá, cadeira, etc. Os dois no chão, concentrados e de repente um barulho. Rafael espantado pergunta: _ Isso foi uma moto? Cauã, sério, comendo compenetrado, responde: _ Não. Fui eu que soltei um pum.

Dever 1 - TIRANDO A CRIATIVIDADE DA CRIANÇA Maio/2012

Como atividade do colégio para casa, Cauã tinha que fazer uma frase com a figura que estava no livro. Era uma figura de um gato com uma espinha de peixe na boca. Ele olhou a figura e disse? _ O dono do gato deu um peixe ao gato porque ele estava com muita fome e ele comeu o peixe todo.

Beatriz ouviu e disse: _Cauã, essa frase é muito grande. Não vai dar

para escrever nesse espaço pequeno. Diga outra frase menor. Cauã analisa de novo a figura e diz: _ O gato estava com muita fome e o seu dono deu a ele

um peixe. Ele comeu todo e ainda estava com fome. Abriu a geladeira e pegou a comida com a boca.

Beatriz sorriu e disse _ Isso é uma história Cauã. Faça uma frase com umas

quatro ou cinco palavras. Ele sorriu e disse: _ O gato comeu o peixe todo e ainda ficou com fome. Beatriz afirma que a frase ainda é grande e diz para ele

escrever apenas a primeira parte. Ele diz: _O gato comeu o peixe todo. Pronto. Dever concluído e a imaginação da criança

completamente tolhida.

Dever 2 - ME ENSINE QUE EU APRENDO Maio/2012

Solucionado o problema do primeiro dever, onde o espaço disponível para escrever a frase simplesmente obrigou Cauã a reduzir a sua criatividade, vem a segunda figura do dever. Era a figura de uma piscina, uma árvore e um sol e o dever era o mesmo, fazer uma frase dessa figura. Cauã analisa a figura e cria a sua frase já em tamanho reduzido para não sofrer o que sofreu no primeiro exercício.

_ A água da piscina é azul e esta muito quentinha. Ai a preocupação de Beatriz deixou de ser o tamanho da

frase e passou a ser a escrita de palavras desconhecidas por ele, e pergunta:

_ Mas Cauã, e você sabe escrever “quentinha”? Você não aprendeu ainda as escrever junto às letras “que”.

Ele responde: _ Mas se você me ensinar eu escrevo. Solução dada, exercício feito.

EU NÃO INVENTO, EU FALO O QUE OUÇO Maio/2012

Junto às crianças, a preocupação com o que dizemos tem que ser dobrada. Afinal, eles aprendem tudo rapidinho e nos imitam por sermos exemplo para eles.

Com o vocabulário reduzido eles nem sempre nos imitam ao pé da letra e reproduzem o que ouvem com palavras diferentes.

Eu mesmo tenho facilidade muito grande de dizer palavrão dentro de um diálogo comum. Perto dos meninos minha preocupação é grande.

Nos últimos dias Beatriz e Tati perceberam que Cauã às vezes se expressa, dizendo: _ Que toca! Pelo sentido da frase, quando ocorre essa expressão dele, elas interpretaram que ele tenta dizer “que droga”.

Tati chama Cauã e diz que dizer aquilo é feio e mais blá, blá blá. Ele ouve atentamente a tudo.

Passa alguns dias e algo acontece na rotina diária e Tati, que não tem costume de dizer palavrão, fala:

_ Que droga! Cauã ao lado, ouve e repreende Tati: _ Mamãe, você disse “droga”. Sem graça, Tati diz: _ Foi mesmo Cauã. Desculpe. Não é necessário dizer com quem ele aprendeu a dizer

“que toca”

FAZENDO CONTA DE CABEÇA Maio/2012

A rotina de fazer dever com crianças não é nada fácil. Eu e principalmente Beatriz passamos bons anos fazendo isso com Tatiana, Vinicius e Gustavo.

Pensando que estava livre dessa atividade agora que os meninos estão crescidos, surge para Beatriz a necessidade de acompanhar Cauã e Rafael nessa atividade porque em dois dias da semana Tatiana tem que trabalhar os dois turnos.

Beatriz estava fazendo dever de matemática com Cauã. Um dos exercícios pedia o resultado de 1+9 Beatriz observa-o responder o exercício, concentrado, sem contar nos dedos, e pergunta: _ Cauã, como é que você faz as contas?

Ele coloca um dedo de cada mão sobre o exercício e os leva até a cabeça dizendo: _ Assim vovó. Eu pego o número maior e coloco na minha cabeça. Depois pego o outro e coloco na minha cabeça. Depois é só somar. Beatriz, fazendo gestos com o dedo, continua:

_ Ah, pensei que você botasse o um e depois somasse com o dedo o nove.

Ele explica: _Não vovó, é mais fácil somar o nove com o um.

TRÂNSITO COMPLICADO Maio/2011

É muito comum nós vermos no dia a dia as pessoas querendo tirar vantagens de outras. Seja furando fila, estacionando em local inadequado, fazendo retorno em fila dupla, etc.

O dia amanheceu chuvoso e Tatiana estava levando Cauã e Rafael para a escola. Se com o dia ensolarado o trânsito já é complicado nesse horário, imagine com chuva. Tudo vai indo bem até que algum apressado resolve fazer uma manobra para tirar vantagem.

Tati dentro do carro comenta: _ E esse aí pensa que é o dono do mundo! Cauã ouve e diz: _ É mamãe, o dono do mundo é Deus! Mais tarde, acho que ainda pensando na conversa de

Tati e Cauã, Rafael pergunta: _ Mamãe, se Deus é invisível, então Ele não fala com a

gente, né? Tati para, pensa e responde: _ Ele fala sim, Rafa. Ele fala com o coração. Espantado com a resposta, Rafael, com olhos grandes

pergunta: _ Ah. Ele fala na minha barriga?

VOCÊ JÁ MATOU UM OVO? Maio/2012

A babá dos meninos esta fazendo cuzcuz (*) para eles comerem antes de dormir. Beatriz fica no quarto de brinquedo com Cauã e Rafael.

Por alguns segundos Rafael sai do quarto e volta chorando. Nesse momento Beatriz esta ao telefone com Tatiana que havia acabado de ligar. Ao ouvir o choro ela pergunta o que ocorreu e Beatriz, que ainda não sabia de nada, pergunta a Rafael porque ele estava chorando. Ele responde que a babá não deixou ele ajudar -la a fazer o ovo mexido para comerem com cuzcuz (*).

Tatiana explica a Beatriz que sempre que ela ou Ronaldo vão fazer ovo mexido eles deixam Rafael e Cauã quebrarem o ovo.

Diante disso, Beatriz o leva para a cozinha e ajuda-o a quebrar o ovo.

Feliz da vida, ele diz ao quebrar o ovo: _ Vovó, matei o ovo. Alguns minutos depois, cuzcuz no prato com ovo

mexido, chega a hora de comer. Rafael olha para a comida e diz:

_ Vovó, vou comer o ovo matado.

(*) Cuscuz é a massa de milho, pilada, temperada com sal, cozida ao vapor d’água

SAUDADE NÃO TEM TEMPO NEM DISTÂNCIA Maio/2012

Sexta feira. Tatiana pede que eu e Beatriz peguemos Cauã e Rafael na escola, pois eles iam sair mais cedo em função de uma missa que ia ser realizada na escola. Era a missa da coroação de Nossa Senhora. Chegamos ao colégio por voltada das 10h30min. Assistimos ao final da missa e ainda tiramos algumas fotos dele com a imagem de Nossa Senhora. Em seguida os levamos para a casa deles. Esperamos eles tomarem banho e fomos embora, pois eu tinha que trabalhar a partir de meio dia e Beatriz tinha um curso pela tarde. O resto do dia foi tudo tranquilo e nada fora do normal. Quase 8 horas da noite eu precisei falar com Tati e telefonei para ela. Para minha surpresa ela ainda estava colocando os meninos para dormir. Falei rapidinho e antes de desligar mandei o seguinte recado para Cauã e Rafael.

_ Diga aos meninos que eu mando um beijo e estou morrendo de saudades.

Ela da o recado e comenta com eles: _ Vovô ta com saudades. Mas ele não viu vocês hoje de

manhã? Cauã então comenta: _ É assim mesmo mamãe. Vovô passa um dia sem ver a gente e já fica com saudade.

POUCAS E BOAS

Rafael, feliz com a melhora de um machucado, diz para Tati: _ Mamãe, meu machucado ta “desaumentando”.

Com ferramentas de brinquedos na mão, Rafael diz: Vou fazer um “furaquinho” (furo + buraquinho)

Ronaldo compra caneleiras vermelha e preta para eles usarem no treino de futebol do colégio.

Ao abrirem a embalagem começam a comemorar: É do Vitória... É do Vitória...

Em um zoológico, os meninos vêem animais na jaula e pássaros na gaiola.

Certo dia, vendo um passarinho em uma gaiola e sem saber direito o que dizer, Rafael fala:

_Mamãe, olha o passarinho na jaulinha. (jaula+gaiolinha)

Já deitado na cama, pronto para dormir, Cauã diz: _ Mamãe, sabe o que eu mais gosto de fazer?

_ O que? Pergunta Tati. _ Ficar em casa, brincando com você, papai e Rafa.

VOCÊ SABE LER? Maio /2012

Já se passou um mês do aniversário de Cauã e Rafael.

Mas a única data disponível na escola deles para fazer uma festinha era no final de maio. Mesmo assim Tati agendou. Ocorreu na última segunda feira de maio.

Durante esse período na escola, Cauã já está aprendendo a juntar sílabas e montar palavras. Isso o leva a tentar ler tudo que está pela frente. Lógico, ele nem sempre consegue.

No sábado anterior à festinha, eu e Beatriz saímos com Tati para providenciarmos as últimas coisas que faltavam. Dentre elas o aluguel de algumas toalhas de mesa.

Chegamos à loja e enquanto Tati, Beatriz e Rafael entraram, eu fiquei sentado no passeio em frente da loja vendo o treino da fórmula um pelo celular. Cauã resolveu me fazer companhia e sentou ao meu lado.

De repente ele olha para trás e vê uma placa na porta da loja. Na placa está escrito a palavra ABERTO. Ele tenta ler, não consegue e soletrando diz:

_Vovô, aqui ta escrito A.....B....E.....R...T....O Percebendo a dificuldade dele entender o que estava

escrito completei: - Aberto. Esperto e sem querer sair “por baixo”, ele levanta, abre

a porta da loja, olha o outro lado da placa e diz rapidinho: _ Vovô, aqui está escrito FECHADO.

COM ÓCULOS NÃO PODE JOGAR Junho /2012

Segunda feira pela tarde. Beatriz costumeiramente fica

com Cauã e Rafael pela parte da tarde, na casa deles. Nesse dia eu trabalhei até as 14 horas. Depois de ir para casa almoçar e ir à academia, fui ficar com eles também.

Ao entrar na casa deles, após os abraços e beijos tradicionais, me chamaram para brincar com um novo brinquedo que tinham recebido de presente. Na sala mesmo fiquei. A apenas um metro da porta.

Sentamos no chão da sala, eu, eles, Beatriz e a babá. O jogo consistia em montar uma torre com umas peças de madeira, todas iguais. Após montada, um de cada vez tira uma das peças. Perde quem derrubar a torre ao tentar tirar a peça.

A cada rodada, risos, emoções e torcidas: _ Vai cair, vai cair, vai cair. Quando chega a minha vez e as peças estão mais

difíceis de tirar, eu pego os meus óculos que estão na mesa ao lado, analiso a situação, tiro uma peça e passo a vez para o jogador seguinte, colocando os óculos de volta na mesa.

Rodadas se passam. Rafael perde as duas partidas que jogamos. Estamos jogando pela terceira vez.

Após algumas rodadas onde eu às vezes uso os óculos para escolher a peça para tirar, chega mais uma vez a minha hora de jogar. Viro o corpo para pegar os óculos na mesa ao lado e Rafael, buscando uma forma de alguém, além dele, perder o jogo, imediatamente fala de forma enfática:

_ Não vale vovô. Não pode jogar de óculos que você ganha.

Todos nós sorrimos bastantes e eu fico impossibilitado de jogar usando óculos. Mas, dessa vez foi Cauã que perdeu.

QUE DEMORA EM DAR O PRESENTE Junho/ 2012

30 de junho. Aniversário de Beatriz. Na véspera, Tati compra um presente para os meninos

darem a Beatriz. Em casa, Rafa fica andando com a sacola de presente de um lado e para outro, dizendo seqüencialmente:

_ Esse presente é de vovó, não é para dizer a ela. Esse presente é de vovó, não é para dizer a ela......

Ainda bem que a compra foi no dia anterior à tarde. No dia seguinte, já dia 30, Tati telefona para Beatriz assim que eles acordam e manda que eles dêem os parabéns.

Cauã fala normalmente diz tudo que todo mundo diz. Vovó, alegre, ouve tudo com o sorriso no rosto e agradece. Cauã passa o telefone para Rafael que, ansioso com o

presente nem diz “parabéns”, começa logo falando: _ Seu presente ta aqui, vovó. Cauã ouve as palavras de Rafa e grita: _ Não é para dizer não, Rafa! De imediato Rafa conserta: _ Seu presente não ta aqui não, vovó. Enquanto isso a vovó fica no telefone ouvindo tudo e

dando boas risadas.

EXEMPLO DE OTIMISMO Junho /2012

Na minha casa, Cauã e Rafael adoram brincar com um

jogo antigo ainda da época dos nossos filhos, que até hoje mantemos em casa.

É um jogo de tabuleiro de papel, com uma trilha a ser percorrida, e diversos obstáculos até chegar ao final. Durante a partida, após jogar o dado, o jogador pode avançar várias casas, recuar, passar a vez, etc.

Cauã e Rafael estavam jogando, sentados no chão. Eu estava sentado no sofá perto deles, acompanhando o jogo, em silêncio.

Cauã já estava em uma situação bem avançada quando, após jogar o dado vai parar em uma casa que o obriga a recuar muitas casas, voltando quase para o começo do jogo. Observo a conclusão da jogada e digo:

_ Poxa Cauã, se deu mal. Foi quase para o começo do jogo!

Ele sorrindo me responde: _ Não é ruim não, vovô. Se eu tirar o número seis na

próxima jogada eu vou para essa casa (apontando com o dedo) e vou parar mais longe do que a que eu estava.

A casa que ele apontou tinha um desenho de uma escada que fazia subir muitas outras casas. Achei interessante o otimismo. Concordei com o que ele disse e continuei a observar.

Chega a vez dele jogar novamente. Ele tira o número seis no dado. Completamente sorridente olhou para mim e disse:

_ Tá vendo vovô. Tirei seis. Foi bom ter voltado.

QUEM DEVE TEM QUE PAGAR Julho /2012

O assunto gerava em torno de comprar/gastar/dinheiro.

Alguma coisa assim. Aproveitando o embalo Cauã pede: _ Papai, você me dá 10 reais. Ronaldo aceita o pedido e coloca uma nota de $10,00

na carteira de Cauã. Rafael na carona também ganha. Passam-se alguns dias e Tati, em casa, precisa de

$10,00 que para variar ela não tinha na bolsa. Lembrando do dinheiro que Ronaldo havia dado aos

meninos, a alternativa imediata é pedir emprestado a Cauã. Ele concorda e empresta.

Algumas semanas se passam e Cauã e Rafael pedem para Tati comprar tintas e telas para eles pintarem.

Tati vai ao shopping e entrega a cada um uma nota de $10,00 e diz:

_ Com esse dinheiro vocês compram a tinta e a tela que quiserem. Mas quando acabar o dinheiro, acabou. Tá certo?

Eles concordam, mas Cauã, preocupado que o dinheiro não fosse suficiente, aproveita e diz:

_ Mamãe, você vai me dar esses dez reais e mais aquele que você pegou na minha carteira?

Tati, esquecidinha, recupera a memória e afirma que vai pagar o que deve.

Cauã, seguro e precavido para não ser enrolado, completa:

_ Aí você dar um dinheiro para Rafa e dois para mim.

TEMOS QUE VER VOVÔ E VOVÓ Maio/2012

Até agora tenho seguido a ordem cronológica dos fatos

para montar esse livro. No entanto, essa história ocorreu em maio, mas eu a separei para ser a última a ser narrada.

Escolhi essa para ser a história final, pois acho que ela retrata tudo que eu e Beatriz representamos para Cauã e Rafael e vice versa. Durante um final de semana em que Tati e Ronaldo receberam visitas de parentes quem moram em Feira de Santana/BA, terra natal de Ronaldo, a programação deles é intensa. No sábado a programação dos adultos era sair à noite, o que levava os meninos a dormirem conosco, pois a babá esta de folga. Tudo combinado entre Tati e Beatriz. Mas eles ainda não sabem

No meio da tarde do sábado a programação muda e passa a ser um cachorro quente na casa deles, eliminando assim a “farra noturna” e a possibilidade deles dormirem lá em casa. Como eles não sabiam, essa mudança foi tranquila.

Tati sai para comprar pão e avisa aos meninos que vai passar lá em casa rapidinho para nós vermos eles um pouco. Depois irão voltar para casa para comerem cachorro quente com o pessoal.

Quando Tati chega à padaria, recebe uma ligação de Ronaldo dizendo que a programação mudou outra vez. Iriam comer pastel em uma tradicional pastelaria da orla de Atalaia.

Ronaldo pede a ela que após comprar o pão volte logo para casa para se arrumarem e irem se encontrar com o pessoal que já estava a caminho da pastelaria. Dessa forma, estava abortada a ida para minha casa.

Tati comunica aos meninos a mudança de programação e avisa que não iam passar mais lá em casa. Quando olha para eles, sentado no banco de trás do carro, vê os dois de cara feia e ouve a seguinte pergunta de Cauã:

_ A gente não vai pra casa de vovó e vovô não, é?

Certa que eles iam escolher comer pastel na orla com o pessoal e ia se livrar de ver eles de cara emburrada, Tati então manda que eles façam uma escolha:

_ Vocês querem comer pastel ou ir para casa de vovô e vovó?

Resposta conjunta: _ Os dois. Já derrotada, Tati então combina de deixarem eles um

pouquinho lá em casa enquanto ela vai se arrumar e depois volta com Ronaldo para pegá-los para irem comer pastel.

Eles mudam a expressão zangada e concordam com a programação. Tati liga para Beatriz, conta o ocorrido e pede que ela desça para pegar os meninos e assim não atrasar a ida para o pastel.

Ao chegarem lá em casa, sorridentes, abraçam Gustavo e a mim que assistíamos pela TV ao jogo do Vitória pelo campeonato brasileiro.

Ficam descalços, ligam a TV, pedem biscoitos e nos deixam completamente felizes, ao ponto de me fazer abandonar o jogo. Coisa muitíssimo rara de acontecer. Enquanto comiam biscoitos e viam TV, eu perguntei:

_ Quer dizer que vocês ficaram zangados quando mamãe disse que vocês não iam passar aqui em casa?

Cauã abre um sorriso safado e responde: _ A gente fez assim. (cara séria, fazendo um “bico” com

a boca e encostando o queixo no corpo).