Convivio Especial de Missao

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Um carisma a serviço da missão da Igreja

Ide por todo mundo, proclamei o Evangelho a toda criatura - Mc 16,15

Como Irmãs Servas de Maria Reparadoras, estamos em

tempo de fazer memória, tempo de gratidão, de ação de

graças, tempo de festa!

É tempo de dar graças a Deus, de ter o sentimento do coração

cheio de júbilo em comunhão com as Irmãs que, há 90 anos,

se dispuseram a dizer sim a um apelo de Deus, através da

atitude corajosa, profética, de entusiasmo pelo anúncio de

Jesus Cristo, de Madre Elisa, que envia as Irmãs “em terras

distantes”, entregando-as confiantemente nas mãos de Deus.

É tempo de agradecer a Deus pela sensibilidade com que

Madre Elisa percebeu as enormes necessidades do mundo e da Igreja do seu tempo. Ela, de

fato, viveu numa época profundamente conturbada pelas consequências da segunda guerra

mundial. Tempo turbulento no qual Elisa trabalhou identificando os desafios, alguns

permanentes, outros circunstanciais; com profundo espírito evangélico ela buscou

respostas, abriu caminhos, vislumbrou horizontes. De fato, ao olhar o mundo com o olhar

de Jesus Cristo missionário do Pai, Elisa sentiu a necessidade de “despertar a fé e a

consciência do chamado de discípulas e missionárias” (DA) de suas irmãs, sensibilizando-as

para a missão Ad gentes.

É, portanto, tempo de agradecer e de deixar-nos envolver pelo coração apostólico e

missionário de nossa fundadora, para percebermos hoje os apelos de Deus no campo da

evangelização, buscar novos métodos despojando-nos de tudo o que nos afasta da

fidelidade ao anúncio apaixonado dos valores do Reino.

Caríssimas Irmãs, então, olhemos com esperança para o futuro e acolhamos os atuais

desafios conscientes de que Jesus Cristo está junto de nós. Ele é o mesmo “ontem, hoje e

sempre” (Hb 13,8)! Ele nos dará o seu Espírito que nos guiará rumo a novos caminhos,

estará junto à missão de cada uma, no aqui e agora, independente do lugar onde fomos

enviadas.

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É tempo de agradecer as experiências vividas pelas irmãs que nos precederam e,

como discípulas missionárias, renovarmos o presente, vislumbrarmos o futuro com audácia

e muita esperança.

É tempo de agradecer, de recuperar a atitude de peregrinas e dizer como Moisés:

“Sou peregrina em terra estrangeira” (Ex 2,22) a fim de que, animadas pelo carisma e

espiritualidade SMR, nos tornemos peregrinas da esperança, quem sabe, nos cinco

Continentes!

É tempo de agradecer a Deus por Madre Elisa ter sonhado um sonho comunitário.

Olhando a presença e o trabalho da Família SMR no mundo, constatamos que o seu sonho,

se tornou realidade, porque ela não sonhou sozinha. Lembro aqui das palavras de Dom

Hélder Câmara: “Se alguém sonha sozinho, é apenas um sonho. Mas quando sonhamos

todos juntos, é o começo de uma nova realidade”. De fato, existem, hoje, sinais que nos

animam a continuar sonhando! Portanto, com a força do carisma herdado de Madre Elisa e,

atendendo ao apelo do Evangelho, queremos continuar qualificando nosso estilo de missão

como discípulas missionárias, conscientes da centralidade do Senhor na nossa vida e fonte

geradora de toda missão. Dom Pedro Casaldáliga, missionário exemplar no Brasil, assim

se expressa: “Se sou batizado, sou missionário, se não sou missionário, não sou cristão”.

Santa Maria, discípula, continue caminhando conosco e nos proteja com o Filho que

nos abençoa. Amém!

Irmã Maria Corina Bressan

Priora Provincial

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I. Testemunhos de vida missionária

Celebrando comunitariamenteCelebrando comunitariamenteCelebrando comunitariamenteCelebrando comunitariamente

a memória dos 90 Anos de vida Missionária da Congregaçãoa memória dos 90 Anos de vida Missionária da Congregaçãoa memória dos 90 Anos de vida Missionária da Congregaçãoa memória dos 90 Anos de vida Missionária da Congregação

DDDDiante desta data significativa para a nossa Família religiosa, depois de termos

acolhido e feito a leitura da expressiva Carta da Priora geral sobre o evento missionário que estamos comemorando, comunitariamente, dedicamos alguns dias de reflexão pessoal, a fim de que cada uma, à luz da própria experiência missionária, deixasse repercutir o que significava para si mesma esta memória, cuja origem está no apelo de Deus que ouve o clamor do seu povo, e na resposta corajosa, profética e cheia de entusiasmo pelo anúncio de Jesus Cristo, de Madre Elisa, nossa fundadora, e das primeiras irmãs missionárias. Partilhamos alguns aspetos:

LLLLembrar o passado é vivenciar e trazer para o presente inúmeras situações vividas

para serem novamente saboreadas com aquela doçura e satisfação que vem do fundo do coração, que faz levantar as mãos em ação de graças, louvar e agradecer a Deus pelo seu amor, sua fidelidade, sua paciência em momentos difíceis tornando-os fonte de vida para muitas pessoas. Não é fácil, por quanto queiramos não conseguimos expressar todo o amor que o Senhor nos prodigalizou e que nos fez experimentar com grande ternura. Isaias (41,22-

23), nos convida rever o passado para podermos entender o futuro. A história sagrada nos mostra o caminho que o povo antigo buscava lembrar os grandes feitos de Deus ao seu povo para construir o futuro no caminho certo. Na narrativa de Lucas (24, 31-32), os discípulos de Emaús, após a ressurreição do Senhor se lhe abriram os olhos entendendo o que Jesus havia dito trazendo a memória do passado que iluminou a estrada a ser percorrida no futuro.

Madre Elisa, recebendo a solicitação dos Servos de Maria para participar da missão do Alto Acre e Purus, no Brasil, e ao mesmo tempo era uma solicitação do Papa para catequizar os povos. Certamente ela sentiu no fundo do seu coração, que já havia percorrido um grande caminho e que tinha chegado a hora de cumprir um desejo que nutria: «Que Jesus Cristo seja amado e servido». Porém, não conhecendo a realidade ficou perplexa e, confiando em Deus, deu uma resposta de fé e profecia aos novos sinais dos tempos que despontavam no horizonte da humanidade exigindo uma adesão, num momento tão inseguro com apenas 21 anos de vida da Congregação. Ela sentiu profundamente que o novo é gerado com dores de parto e que nada supera a alegria que nasce do fruto do Espírito (cf Jo 16,21), a leva lançar-se incondicionalmente, consciente da pobreza e das dificuldades que vinha enfrentando com a nova fundação.

Elisa viu que era chegado o momento e que não poderia se omitir. Mesmo contestada por essa adesão, ela ficou firme em vista do sofrimento do povo daquele lugar, relatado na carta do bispo dom Próspero Bernardi, OSM, dirigida a ela.

Certa de que Deus não a abandonaria, enviou um grupo de seis irmãs para uma terra longínqua e desconhecida, porém a motivação mais profunda de todo o ser e agir era maior, Jesus Cristo, que dá sentido a qualquer sacrifício. Depois de uma longa e penosa viagem, as irmãs chegaram em missão a Sena Madureira, foram bem recebidas pelo povo e antes

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mesmo de aprender a língua, já se entrosaram no trabalho. Para elas, a maior dificuldade foi a falta de comunicação com a família e com a Congregação por causa não só da distância mas também da guerra e da pobreza no seu País. Mas estavam cientes de que este era o primeiro sacrifício exigido da irmã missionária: deixar a família, parentes, amigos e a própria terra para cumprir o mandato de Jesus: «Ide pelo mundo e levai e Evangelho a toda criatura» (Mc 16,15). Elas assumiram com tanta fé e empenho que o sorriso nos lábios, a alegria e a disponibilidade lhe eram permanentes, além do impulso no trabalho acionado pela oração, meditação, muita fé e confiança em Jesus, e na proteção da Virgem Maria Dolorosa. Tudo isso as leva a não perder a coragem de ser uma força transformadora na missão e na Congregação.

Atraídas pelo seu exemplo, muitas jovens se apresentaram para serem admitidas, outras pessoas as admiravam pelo seu modo de ser e de proceder. Vindo mais algumas missionárias, a Congregação pode se estender em outros Estados do Brasil, começando por Rio de Janeiro, depois Santa Catarina, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Piauí.

Quando entrei na Congregação, em 1950, havia 50 irmãs missionárias vindas da Itália, das quais 2 já haviam falecido. Eu conheci e convivi com cinco das seis irmãs do primeiro grupo. Para mim, todas elas foram um grande testemunho de doação, oração, serviço, aceitação da pobreza e de abnegação, pela alegria com que superavam os contratempos, pela humildade, paciência e trabalho incansável, na Paróquia, na escola, com as crianças e jovens, tornando um trabalho admirado por todos. Isto, era fruto da solidez e da boa vontade, confiando sempre em Deus e na Virgem Maria Dolorosa. Foi com elas que aprendi ser forte, viver na alegria sem medir esforços. Vivi com irmã Margherita Dametto e Peregrina Franceschi, em Xapuri; com as irmãs Constantina Gian, Ester Bressan e Rosária Vettoratto, no Rio de Janeiro. Irmã Rosária, Priora Regional, nos lembrava as recomendações da Madre fundadora: «Ter cuidado com a saúde não só espiritual, mas também física sem a qual não se pode trabalhar», proporcionando assim momentos de encontros, retiro e formação profissional.

As irmãs conquistaram não só a simpatia do povo da cidade, mas também dos agricultores que as visitavam com carinho levando-lhes pão, frutas e produtos da roça. Diziam que as irmãs pareciam anjos de tão delicadas e alegres. Ali surgiram outras vocações favorecendo a abertura de Comunidades Eclesiais de Base, nova frente da Igreja, para atender e estar com os mais pobres dos Bairros e Favelas. Hoje, com a mudança dos tempos e diante de muita violência e drogas, a Igreja e toda a vida religiosa recuou, mas deve se preparar melhor para enfrentar os desafios que surgem continuamente.

Toda esta peregrinação de 90 Anos a serviço dos irmãos foi regada e sustentada pela força da Ressurreição do Senhor, do amor mútuo, da fidelidade e da oração. Olhando bem, foram 90 Anos que trazem no bojo de uma história, mais luzes do que sombras. Por isso, celebrar 90 Anos de vida religiosa vivida na sua intensidade, como Servas de Maria Reparadoras, e celebrá-los como caminho para o futuro, significa continuar lançando as redes confiando na sua Palavra (cf Lc 5,4). É também confessar a própria fraqueza proclamando as maravilhas do Senhor, sentindo sua presença junto a nós: «Eis que estarei convosco todos os dias até o fim do mundo» (Mt 28, 20).

Irmã M. Paula Grezele

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Louvo e agradeço a Deus Pai, gratuidade infinita!

É com alegria, reconhecimento e humildade que partilho algum aspecto destas queridas Irmãs, primeiras missionárias que vieram para o Brasil em 1921, que tive a sorte de conhecer e marcaram a minha vida.

Irmã M. Rosária Mulher forte, decidida. Para ela não existia barreiras, desafios, pois tudo enfrentava com segurança. Era exigente até consigo mesma. Uma vez ia fazer negócios, comprar algo, quando o vendedor a viu chegar disse ao colega: “Ela está chegando... Ninguém pode

com ela”. E era verdade! Nós devemos a ela o patrimônio que hoje temos em Campo Grande, o Colégio Nossa Senhora do Rosário, cujo nome deve-se a ela. Também o terreno do atual Centro de Espiritualidade se deve à coragem da Irmã Rosária. Ela amava as Irmãs e as noviças. Era atenta às necessidades de cada uma. Passeava com as Irmãs e com satisfação valorizava a vida de oração e a vida comunitária.

Eu gostava tanto dela que, quando foi se despedir das noviças eu não sabia para onde ela ia. Então, pedi para que me levasse junto. Aí ela me disse: “Agora você não pode ir porque é noviça”.

Irmã M. Constantina

Era exigente e muito segura no que dizia e fazia. Amava a Congregação, a vida comunitária, a oração. Falava com entusiasmo sobre a vida de Madre Elisa. Falava com alegria sobre a sua experiência missionária. Era amiga das irmãs, das jovens e vocacionadas. Amava a todas. Rezava sempre pela sua “perseverança final”. Rezava até ao último instante de vida, quando Deus a chamou junto a si. Obrigada Irmã Constantina, querida vozinha, pela vida vivida e doada entre nós SMR!

Irmã M. Ester

Irmã amante da Congregação, missionária ativa, dava prioridade à oração, à vida comunitária. Era amiga de todas. Era bondosa, exigente, sábia prudente, compreensiva. Lecionava Matemática com muita facilidade no Colégio Nossa Senhora do Rosário. Foi ela quem me ensinou a amar Madre Dolores. Um dia pedi a ela para que me ensinasse uma novena de Nossa Senhora e então ela me disse: “Não tenho novena de Nossa Senhora, mas te dou esta de Madre Dolores que é a mesma coisa, é igual”. Então comecei a gostar de Madre Dolores e quis conhecer a sua vida.

Irmã Ester, obrigada pelo exemplo de fidelidade ao chamado!

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Irmã M. Peregrina Irmã humilde, caridosa, amante da Congregação e de Madre Elisa. Era fervorosa, exigente, prudente. Ela dava preferência aos pobres no atendimento no Hospital. Ela era meiga, irmã das irmãs e de todos. Dialogava com paciência e atenção.

Irmã Peregrina, obrigada pelo exemplo, dom da acolhida do seu Amado. Obrigada pelo seu exemplo de paciência e obediência!

Irmã M. Margheritta

Tinha dom e carisma para a missão generosa e gratuita. Foi um exemplo de oração, amante de Madre Elisa e da Congregação. Falava sempre com entusiasmo e humildade. Era sempre atenciosa, respeitosa com todas e todos que atendia.

Obrigada a todas que cooperaram para o bom

êxito desta nossa Celebração dos 90 Anos de missão; pela coragem de Madre Elisa em aceitar o convite para abrir-se à Missão e pelo envio das primeiras seis irmãs missionárias, heróicas e corajosas. Obrigada, Deus gratuidade infinita, por teu imenso amor por nós, humildes filhas da amada Madre Elisa. Amém!

Irmã M. Severina Lanhi

RRRRevivendo a história de nossa missão e contemplando a abertura de espírito de

Madre Elisa, colocando este novo Carisma a serviço da Igreja, e celebrando a memória dos 90 Anos de vida missionária da nossa Família religiosa, alegro-me intensamente, pois, trata-se de uma adesão ao dom precioso do Espírito Santo, em benefício de muitos. Alegro-me porque, graças à atitude de escuta, de abertura e de acolhida de nossa fundadora, nós também estamos aqui como SMR, somando forças, procuramos dar continuidade a este projeto de Deus assumido por Madre Elisa e as primeiras irmãs.

Pessoalmente, sinto muita alegria no coração pela minha participação nesta história de 90 Anos de vida missionária SMR. Reconheço ter aprendido muito na experiência dos primeiros anos de missão a serviço do Reino, procurando sempre ser uma «com». Nunca me senti ou me considerei ensinando, mas aprendendo, através da Palavra de Deus que iluminava meu caminho. Foi olhando e considerando as pessoas que encontrava no dia a dia como mensageiras, que elas me indicavam o caminho do seguimento, da fé genuína que brota do coração terno de Jesus e se instala em cada ser humano.

Ainda hoje, muitas experiências profundas continuam gravadas em meu coração, como também a alegria de ouvir da boca dos pequenos: «O Deus de lá é o mesmo Deus daqui»! E a expressão carinhosa de dom Giocondo Grotti, OSM, quando cheguei ao Acre: «para ser boa missionária, precisa aprender rezar bem, alimentar bem e dormir bem»!

A alegria da convivência comunitária e a abertura ao serviço do Reino, me ajudou crescer no caminho de discipulado, a exemplo de Maria; estar atenta «onde não há mais vinho» (Jo 2), o vinho da falta de saúde, do relacionamento, da partilha, do perdão; estar

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«com» sem interferir, sendo uma presença de irmã que caminha lado a lado, que estende a mão, que acolhe, conforta, que se deixa evangelizar, pisar no chão da vida e, como diz São Paulo: «Aprendi viver na abundância e na necessidade»! Tudo isto me faz sentir ainda hoje, a alegria de ter um só Senhor! É ele que sustenta na caminhada”.

Nesta experiência de vida missionária, considero uma grande graça ter conhecido e vivido com Irmã Bernardina Assunção, a primeira irmã SMR brasileira. Ela falava de Madre Elisa com tanta familiaridade, alegria e gratidão, que um dia, interrogada se havia conhecido a fundadora, respondeu: «não a conheci, mas as primeiras irmãs me falaram muito dela». Irmã Bernardina, foi uma pessoa muito dedicada ao serviço gratuito, à oração e intimidade com Deus, a devoção a Nossa Senhora, ao despojamento e espírito de sacrifício. Era muito solidária, alegre, simples e transparente como a água. Ela, simplesmente, pediu duas graças e as alcançou: fazer cinquenta anos de vida religiosa, e completar 80 anos de idade porque, como diz o Salmo: «a setenta anos vai a duração de nossa vida, fato notável quando chega a oitenta»!

Irmã Bernardina rezava o terço até cinco ou mais vezes ao dia. Quando suas forças foram diminuindo, ela ia aumentando a oração principalmente a reza do terço; sempre foi muito aberta e dedicada na caminhada da Igreja e acompanhava com carinho e interesse através da leitura dos documentos da CNBB, do Vaticano II, e da CLAR.

Foi obediente até ao morrer. Um final de ano, quando as irmãs da comunidade foram saudá-la antes de ir de férias, ela lhes disse: «Nós não vamos mais nos ver»! Por quê? Perguntou a priora. Ela respondeu: «Porque vou morrer». Então, a priora lhe disse: «Onde está a obediência? Daqui há um mês as irmãs voltarão das férias». E ela: «É para esperar?». «Sim», respondeu a priora. E Bernardina: «Então eu espero!». Ao tempo previsto, as irmãs, uma por uma, voltaram para casa. A última chegou no sábado, e irmã Bernardina perguntou: «Todas as irmãs estão em casa»? «Sim», respondemos. E, na segunda-feira, ela partiu para junto de Deus. Ela amava intensamente a vida comunitária!

Também irmã Ildebranda Da Prá, foi uma missionária que marcou minha vida. Entre nós, era uma irmã alegre, coerente, dedicada, amorosa e enérgica ao mesmo tempo. Quando alguém se queixava com ela da outra, com um sorriso perguntava: «E você, o que fez para melhorar a situação»?

Em relação à Igreja e escola, era terna, dedicada, solidária, audaciosa, destemida, aberta ao diálogo, ouvia e encorajava a todos. Foi uma mulher consagrada de muita oração e de ardor missionário”

Irmã Maria Antonia Lanhi

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Na oração, em agradecimento a Deus, pelos 90 anos de chegada de nossas Irmãs missionária no Brasil, lembrei-me de duas Irmãs: Alfreda e Constanza, com as quais

convivi em comunidade e que me marcaram pela fidelidade e amor à missão a elas confiada. Tive a felicidade de conviver com a Irmã Alfreda, em Xapuri no Colégio Divina Providência, em Rio Branco, nos Colégios São José e Imaculada Conceição. Em ambos, sempre admirei esta nossa irmã na sua dedicação. No Colégio Divina Providência, assumia os serviços gerais, aula de arte, ajudava em tudo o que podia na Paróquia. Quando inauguraram a Escola, na estrada para Rio Branco, encontrou tempo para dar assistência aos alunos e pais. Arrumando uma mine-moto, lá ia ela para sua evangelização, feliz, sem mostrar nenhum cansaço. Aos sábados, atravessava o rio, e lá ia ela para sua missão junto às famílias dos seringais, próximos da cidade

atravessando rios e pastos de gado. E ainda assumia os desfiles de 7 de setembro e as festas de fim de ano. Tudo com alegria e entusiasmo que só Deus e seu amor pela vida e pelo que fazia lhe davam forças. Nos Colégios São José e Imaculada Conceição, a sua dedicação era a mesma: pronta a servir dentro e fora dos Colégios. À noite rezava o terço e a novena de Natal com as famílias vizinhas.

Com a ajuda que conseguiu na Itália, ajudou muitas famílias a terem um pouco mais de vida digna e também na construção e manutenção de uma escola no Bairro Papoco. Tudo isso com verdadeiro espírito missionário.

Irmã Constanza, com quem convivi em Guajará-mirim, no Hospital Bom Pastor, dedicava-se ao bom funcionamento do Hospital, especialmente aos pacientes. Com muito carinho e atenção, sempre tentou amenizar o sofrimento de cada um.

Irmã M. Lúcia Figueira

Irmã Margarida Dametto foi uma mulher de fé e de

oração, muito contemplativa e dedicada no seu ofício de professora de trabalhos manuais e outras atividades. Sempre procurava agir com diplomacia e buscava meios para solucionar os problemas. Dizia: “É melhor passar por cima de certas situações do que se aborrecer”. Por esse seu jeito delicado, era muito amada pelas alunas e por todos que a conheciam.

Os obstáculos foram muitos, mas as vitórias também. Certa vez, pediram para ela costurar um casaco, mas ela nunca havia feito esse tipo de roupa e, como nunca costumava dizer não, aceitou o desafio. Então, desmanchou todo o casaco e cortou o outro por cima. Foi tão bem sucedida que as pessoas passaram a trazer roupas para ela costurar.

Quando eu cheguei ao Rio de Janeiro pela primeira vez, no ano 1952, conheci diversas Irmãs no Sanatório Santa Juliana, onde premaneci três meses. Fiquei muito

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impressionada com a Madre Rosária Vetoratto e irmã Flávia Andretta pelas suas atividades e entusiasmo pela vida religiosa, o cuidado das Irmãs e do próximo.

Madre Rosária era uma mulher cheia de boa vontade, não parava um minuto, trabalhando continuamente com a Irmã Carolina pelo bem das comunidades de Campo Grande. Isso me fazia muito bem, sobretudo no início da minha experiência no Rio de Janeiro e sentia saudades do Acre, minha terra natal. Mas o amor que nos era dedicado preenchia toda saudade. Agradeço a Deus por essas irmãs e desejo-lhes um bom lugar lá no céu.

Irmã M. Gesualda Rabelo

Estamos celebrando os 90 anos da nossa primeira missão em terras brasileiras. Toda a Congregação está vivendo este momento celebrativo com muita alegria. Com o passar do tempo, abrimo-nos para outras realidades dando continuidade ao espírito missionário de Madre Elisa Andreoli, nossa querida fundadora. A missão é hoje parte ativa da nossa Congregação. Com esperança aguardamos novas aperturas em outros Territórios.

Como experiência pessoal, eu sempre vivi o sentido profundo da missão no trabalho que exerci e que faço até hoje. No tempo do juniorato eu desejei fazer uma experiência missionária no Acre. Porém, esta experiência foi vivida por mim nas casas com atividades como: Hospital, Colégio, Centro de Espiritualidade, Sede provincial e hoje, Casa per ferie. Assim mesmo, sempre mantive vivo o desejo de ser missionária, de viver a missão com grande espírito de doação onde fui designada.

A missão assumida pela Congregação, em várias dimensões sociais, como por exemplo, o Sanatório Santa Juliana, marcou minha primeira experiência religiosa, no serviço aos mais pobres e excluídos da sociedade, onde muitas irmãs viveram tal experiência, muitas vezes dolorosa, levando mensagem de esperança, anunciada por Jesus Cristo, aos pobres e excluídos por mais de 62 anos.

Para mim, a missão não se reduziu a educar no Colégio, pois evangelizar é também educar; os jovens são a esperança do futuro e a evangelização deve atingir toda a família.

A missão de trabalhar nos hospitais é desafiadora, pois deve cuidar da vida. Jesus disse: “que todos tenham vida e vida em abundancia”. O serviço das comunidades de inserção nos meios populares é evangelização. No serviço nas casas de repouso se exerce as obras de misericórdias, recomendadas por Jesus: “estive doente e você me visitou...”. Missão que exige paciência e caridade, também com nossas irmãs idosas e doentes.

O serviço de responsabilidade na Sede provincial é uma missão que nós mesmas delegamos para algumas irmãs, que gostariam de estar muitas vezes mais em comunicação com o povo, mas transformam este serviço em missão.

Minha alegria, trabalhando nas obras, era de poder atuar também em algum grupo de jovens, pastoral da saúde, pastoral vocacional, retiro na vida e grupos da associação Nossa Senhora das Dores, ali podia fazer algo mais do que muitas vezes só trabalho burocrático.

No momento atual, ser presença no meio de tantas pessoas e famílias que chegam para férias, cursos, etc. é um desafio muito grande. O modo de ser e fazer exige um testemunho autêntico e coerência de vida evangélica. O desafio da missão é continuo, e isso me ajuda a manter viva a chama de ser missionária.

“Ide e evangelizai todos os povos” (Mt 28, 19-20). Jesus continua ainda hoje a fazer este convite a cada uma de nós. Comemorarmos 90 anos significa comemorar a coragem de

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uma grande mulher como foi Madre Elisa Andreoli, ao aceitar o convite dos Servos de Maria, enviando em missão as primeiras irmãs, como Abraão que ouviu o chamado de Deus: “Sai da tua terra e da tua parentela, e vai onde te mostrarei...” (Gn 12,1).

Que essa experiência vivida por cada uma de nós, seja o recomeçar de outras futuras missões em outros países. Vai, vai, missionário do Senhor, / vai trabalhar na messe com ardor. Cristo também chegou para anunciar, não tenhas medo de evangelizar!

Irmã Adelaide Frigo

Experiência Missionária Domingo passado foi o dia das Missões. A homilia do padre Francisco versou sobre

este tema e me ajudou a refletir sobre o nosso dever de ser missionárias na Igreja e no mundo atual, no qual predomina: violência gerando violência, como aconteceu a poucos dias na Líbia. Tenho certeza de que o nosso testemunho de amor e respeito pela vida do ser humano e do mundo ecológico que nos cerca, transformará pouco a pouco a realidade triste e desafiante que vemos através dos meios de comunicação. É chocante ver a grande capacidade do ser humano em destruir o próprio ser humano de maneira cada vez mais violenta e de criar armas sempre mais potentes, capazes de destruir a vida no planeta terra.

Hoje, a reflexão sobre as experiências missionárias, levou-me a área educacional, porque sempre investi muito no poder da educação como fator importante para a integração interior de um homem ou de uma mulher, capazes de direcionar a própria vida na transformação e edificação de um ser no seu processo de crescimento nas diversas etapas da vida.

Sempre tive a grande graça de exercer o magistério, como simples educadora, num colégio Estadual ou nos colégios da Congregação, como missionária sem muitas palavras, mas com o testemunho de vida, cujas raízes estavam fincadas nos ensinamentos evangélicos; entre eles: o amor à pessoa humana sem discriminação de raça ou poder econômico; a justiça, como é difícil viver este dom, é quase um arriscar a própria vida, para que o outro tenha vida em abundância; e, a fé, não uma fé vazia de conteúdo, mas cheia de convicções e esperança, tendo como luz irradiante a palavra de Jesus: que nos diz “eu estou contigo e te dou a PAZ!”. Estas três raízes: amor, justiça e fé são instrumentos autênticos para quem quiser ser missionário na Igreja e na sociedade; meios eficazes para atingir a meta de uma educação integrante e transformadora. É como o fermento que se utiliza para fazer o pão: não se vê a sua ação, mas o resultado é de um alimento nutritivo e saudável para a pessoa se fortalecer e lutar para vencer na vida.

Como educadora, sempre exerci esta missão com espírito de missionária. Isto, eu agradeço a Deus, a minha família que me formou e criou dentro destes valores e a minha Congregação, de modo muito especial a Madre Elisa, que nunca pisou nas terras de missão, todavia foi verdadeira missionária.

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Tanto numa sala de aula como em todos os serviços que me confiavam e confiam sempre procuro ver através deles o meu grande ideal: ser missionária, sem sair do lugar que me foi destinado por Deus, a quem amo com amor esponsal. E, enfrentar os desafios com coragem, tentando exercer na Congregação, na Igreja e na sociedade o serviço de missionária, que sempre vê uma luz irradiante do amor de Deus nas suas criaturas.

Fui missionária quando trabalhei no Acre, em Sena Madureira, lugar aonde chegaram as primeiras missionárias, em 1921, onde tudo era muito precário, mas havia tanta vida nos alunos, nas famílias e no ambiente ecológico que nos envolvia com aquela delicadeza própria do Deus Criador. Hoje, na simplicidade do meu serviço, tenho certeza de que a meta é a mesma: Serva de Maria Reparadora a serviço da missão onde me encontro. Obrigada meu Deus e Senhor, por tantas graças recebidas!

Irmã Maria de Jesus Eiras

NA AQUARELA DOS 90 ANOS, NA AQUARELA DOS 90 ANOS, NA AQUARELA DOS 90 ANOS, NA AQUARELA DOS 90 ANOS,

A MISA MISA MISA MISSÃO SMR EM CACULÉ SÃO SMR EM CACULÉ SÃO SMR EM CACULÉ SÃO SMR EM CACULÉ

Segundo dados históricos, coletados no livro de crônicas das Servas de Maria Reparadoras,

encontrado na sede da Província Nossa Senhora Aparecida – Rio de Janeiro e de relatos das primeiras irmãs residentes, a presença das irmãs em Caculé se deu a partir de uma longa e sinuosa trajetória de vida pastoral.

A primeira comunidade das Servas de Maria Reparadoras na diocese de Caetité foi fundada em 30 de março de 1975, em Igaporã-Ba, com a chegada das irmãs:

Bernadete Donzelli, Romana da Rosa e Gabriela Soares, acompanhadas da Priora Provincial: Madre Tarcisia Stoppiglia. As referidas irmãs foram apresentadas na paróquia pelo bispo D. Elizeu M. Gomes de Oliveira neste mesmo dia.

No ano seguinte, por ocasião da visita conônica, a Madre Geral: Ir. Mirta Del Favero e a Priora Provincial: Ir. Tacisia Stoppiglia, por motivos pastorais viram a necessidade de abrir mais uma comunidade de irmãs nesta diocese. No dia 08 de março de 1976, realizou-se a abertura oficial de uma nova comunidade em Caetité-Ba, situada à rua São Sebastião nº 168, com a presença das seguintes irmãs: Ir. Marta Gama Santos, Ir. Lúcia Figueira e Ir. Maria José Ferreira dos Santos. Durante dois anos a comunidade de Caetité ficou como centro de intercâmbio entre as diversas comunidades rurais, tanto de Caetité quanto de outras paróquias circunvizinhas, sob a coordenação da Pastoral Diocesana. As irmãs Marta e Maria José davam assistência às paróquias de Caculé, Urandi, Ibiassucê, Maetinga, Guanambi e ao povoado de Malhada de São Francisco. Realizavam encontros de formação de comunidades; participavam de reuniões de formação em Brumado; auxiliavam o

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trabalho pastoral em Bom Jesus da Lapa, que era feito por rodízio entre as dioceses circunvizinhas e participavam das desobrigas em Sebastião Laranjeiras.

As irmãs, em busca de um lugar mais central para o atendimento das diversas localidades, optaram por se estalarem em Urandi. No dia 27 de março de 1978, as irmãs: Marta Gama Santos, Clarice Figueira de Jesus, Maria José Ferreira dos Santos e Germana Buratto, foram a Urandi a fim de organizar a futura residência, a qual teve abertura oficial 13 de abril do mesmo ano.

Por motivos estruturais do trabalho pastoral, as irmãs só permaneceram na paróquia de Urandi por 01 ano. Em 26 de março de 1979, a comunidade, composta pelas irmãs supra citadas, foi transferida para Caculé, com a finalidade de desenvolver atividades pastorais e de inserção, bem como, para colaborar com os sacerdotes que trabalhavam nesta paróquia naquela época. Inicialmente as irmãs ficaram hospedadas na casa paroquial, na Praça Sagrado Coração de Jesus e alguns dias depois fixaram residência à Rua Amélia Maria Neves - Casa da Congregação Mariana de Caculé e cedida às irmãs pela paróquia. A nova comunidade das irmãs recebeu o nome de “Nossa Senhora do Caminho”, pelo fato de estar localizada num lugar por onde se passavam e hospedavam pessoas que vinham de outras paróquias e iam em direção à sede da diocese - Caetité.

Em 1980, com a ajuda de um projeto feito a Adveniat, foi construída a casa para as irmãs, num terreno cedido pela Congregação Mariana, na Rua Silva Jardim nº 460. Permaneciam as primeiras irmãs com exceção da Irmã Marta que retornou ao Rio de Janeiro no início deste ano. A comunidade tinha por mandato “a vida inserida no meio do povo, o trabalho pastoral e a acolhida de jovens que tinham o desejo de entrar na Congregação”. De 1979 a 1990, moraram na comunidade de Caculé 20 irmãs, umas por mais outras por menos tempo.

As Servas de Maria Reparadoras, numa primeira fase, prestaram serviço à paróquia de Caculé, durante 11 anos, nos mais diversos serviços pastorais e na área da saúde preventiva. Em 17 de janeiro de 1990 foi fechada esta comunidade e assim permaneceu por mais 11 anos. Após muitos pedidos do bispo diocesano, D. Antônio Alberto G. Rezende, do pároco de Caculé vigente na época: Pe Marcos Balzan e de muitos paroquianos, sobretudo, membros do Clube de Mães de Caculé e do Apostolado da Oração da mesma cidade, o Conselho Provincial decidiu que as Servas de Maria Reparadoras

retornassem a esta paróquia. A reabertura oficial da nova comunidade se deu com a apresentação das irmãs durante a celebração Eucarística do dia 22 de dezembro de 2002, na Igreja Matriz de Caculé, presidida pelo Pe. José Mazzocco, com a presença da Priora Provincial: Ir. Carmem Andreoni e da Secretária Provincial: Ir. Filomena de Jesus Rodrigues da Conceição. A Comunidade foi constituída pelas seguintes irmãs: Ir. Mª Ana Aparecida Ferreira, Ir. Mª Ida Marcon e Ir. Mª Marlene Matos de Oliveira e com o seguinte nome: “Comunidade Santa Maria da Luz”. A atual comunidade recebeu o mandato de “promover as pastorais juvenil e vocacional, acompanhar as jovens para o discernimento vocacional, favorecer a formação das pré-noviças inserindo-as gradualmente no estilo de vida das SMR e na experiência de Deus, acompanhar o grupo da Associação Nossa Senhora

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das Dores, inserir-se na comunidade eclesial e no mundo do trabalho inspirando-se constantemente em Maria, Mãe e Serva do Senhor”.

A comunidade Santa Maria da Luz, em comunhão com toda a congregação, celebra os 90 anos de Missão SMR no Brasil com uma nova experiência de ação missionária que se concretiza na extensão comunitária fundada em 2009 na paróquia de Ganambi e com um grupo de 34 irmãos e irmãs da Associação Nossa Senhora das Dores (ANSD).

Ir. M. Ana Aparecida Ferreira

90 Anos de Sabedoria e Luz. Os dias se passaram, a história percorreu como num piscar de olhos. Quanta vida brotou ao longo destes anos, quase um século, andando pelas vilas, praças, metrópoles, varadouros, bairros, becos e favelas. Na procura de apontar saídas vislumbrando Luz no fim do túnel, passando por ali umas centenas e milhares de pessoas indo e vindo buscando saídas, soluções, marcando história pessoal, familiar, social, eclesial e congregacional. Graças te dou Pai dos Céus e da Terra por Madre Elisa ter sido a Mulher que foi, destemida, corajosa, confiante, determinada, convicta, mulher frágil e forte. Porém, na sua fragilidade não teve receio de deixar a porta do corredor aberta onde Deus pode entrar casa adentro, encontrando espaço, acolhida, e ali fez

morada no seu interior na ação da sua dinamicidade confiante na moção do Espírito, enviando em terras tão distantes suas irmãs, plantando a semente no chão da vida da América Latina, Sena Madureira – Acre.

Das seis primeiras irmãs, tive a oportunidade de conhecer e viver com a Irmã Constantina Gian no meu noviciado. O seu olhar brilhava quando falava de Madre Elisa e da missão iniciada. A Irmã Constantina, na sua idade avançada, nos deixou frases muito marcantes; ela rezava sempre pela sua perseverança na missão e vocação. Posso dizer que, o que ela falava era verdadeiro: “Não tem nada que supere Deus”; e, com São Paulo: “tudo é lixo”. Acredito que as primeiras irmãs foram pessoas convictas na preparação do terreno e na semeadura; elas não se intimidaram em desbravar e ampliar o espaço geográfico pesquisando o que poderia ser feito para não abafar o ECO da VIDA e para contribuir lá onde a vida era ameaçada. Faço-me uma pergunta inquietante: Será que hoje temos esta garra, coragem e abertura como Madre Elisa e nossas primeiras Irmãs? Arriscar o incerto pela Paixão pelo Reino? Graças a estas irmãs missionárias é que hoje existimos e somos SMR colhendo frutos abundantes. A riqueza que cada irmã traz é grande. Muitas dentre nós são fonte de Sabedoria e de Luz. No entanto, precisamos alargar nossa tenda para não manipular e aprisionar a novidade do Espírito. Nestes 90 anos, Deus seja a fonte de Sabedoria que nos ilumina, a fim de acolhermos a novidade do Espírito, a exemplo da confiança inabalável em Deus de Madre Elisa, abrindo a primeira missão na América Latina. “Acorda América chegou a hora de ...”

Maria, Mãe e Mestra do Amor, fale a seu Filho da gratidão que sinto pelas dores experimentadas diante de tanta Vida que foi gerada por Amor ao Reino de Deus.

Ir. Adelina Bressan

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II. Extensão do Carisma e da Missão entre os leigos/as 1. Associação Nossa Senhora das Dores (ANSD)

“Eis a tua Mãe” Acolhe-a como dom do Senhor.

Movimento de espiritualidade mariana, promovido por

Maria Inglese (1866-1928), Terciária dos Servos de Maria, com o nome de “Pia Obra Reparadora”, em 1899. Foi renovada segundo a orientação do Concílio Vaticano II e aprovada pelo Bispo de Ádria-Rovigo – Itália, dom Martinho Gomiero, em 1994.

A ANSD, promove a vida cristã e a piedade mariana, segundo a tradição dos Freis Servos de Maria e da Congregação das Servas de Maria Reparadoras (SMR). Apóia os seus membros na oferta da própria vida a Deus através da oração, da solidariedade, e do serviço aos irmãos e irmãs, colaborando com Cristo, a exemplo de Maria, no anúncio dos valores do Evangelho.

Neste ano de 2011, celebramos com gratidão ao Bom Deus o evento histórico dos 90 Anos de vida missionária, no Brasil, das SMR, iniciando com a chegada das seis primeiras irmãs, em Sena Madureira – Acre, vindas da Itália, em 1921.

Nós, Associados e Associadas, somos felizes por ter sido chamados a viver o compromisso do nosso batismo, à luz desta espiritualidade, na família, no nosso trabalho e serviço apostólico na Igreja de Deus. Portanto, participando deste evento de missionariedade eclesial em favor do povo da família SMR, compartilhamos algo que brota do nosso coração em relação à vida gerada em nós e nos grupos locais:

“O grupo local Maria Mãe da Graça completa seus 18 anos de existência. Sim, 18 anos se passaram e o que foi esta caminhada como membros da Associação Nossa Senhora das Dores? Foram anos de oração que nos ajudou a estar junto aos irmãos e irmãs da comunidade, venerando Aquela que é a maior de todas as Mães, por ser a Mãe de Jesus. E, iluminados pelo seu Olhar Misericordioso, nos empenhamos a viver a espiritualidade da Congregação das Servas de Maria Reparadoras. Fazia-se necessário viver esta espiritualidade mariana reparadora fora dos muros religiosos para levar ao mundo leigo a figura de tão bela criatura, que foi exemplo de mulher, esposa, companheira e principalmente Mãe. A formação mariana que recebemos das SMR no decorrer dessas duas décadas proporcionou-nos, como membros da Associação, a oportunidade de conhecer e aproximar mais desta figura incomparável de Maria, que nos estimula a sermos perseverantes seguidores e seguidoras do seu Filho, Jesus Cristo. Foram momentos de crescimento pessoal e coletivo; pessoal por descobrir dentro do nosso próprio

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eu a identificação de sua pessoa; coletivo por vivermos em comunhão e em comunidade rica de dons colocados a serviço do próximo.

Houve no decorrer da caminhada muitos desafios a serem superados; houve quedas, desânimos e afastamentos que serviram para nos fortalecer e estimular a nos reerguer como pessoas, como grupo e principalmente como cristãos. Nossos encontros nos convergem à espiritualidade mariana, para que possamos vivê-la com intensidade no ambiente da família, do trabalho e do laser. Ser membro da ANSD é ser fiel aos compromissos assumidos no Ato de Empenho que fizemos diante da comunidade; é estar atentos aos sofrimentos dos outros e principalmente dos mais próximos. Hoje, a caminhada continua, embora mais envelhecidos(as) e mais cansados(as), mas estamos aí tendo sempre em mente os desafios que ainda teremos que superar para atingir a plenitude. Porém, contamos sempre com a presença encorajadora de Maria, para levarmos a frente o nosso trabalho e a realização de um mundo melhor. Não podemos deixar de ressaltar o empenho e a presença das SMR na diversidade de regiões e cidades, levando a todos sem exceção a presença de Maria que nos acompanha no discipulado de Jesus. Orgulhamo-nos em dizer que somos membros da Associação de Nossa Senhora das Dores”.

Mauricio de Andrade Silva Grupo local Maria Mãe da Graça - Campo Grande - Rio

“Acolhi com alegria o chamado para fazer parte da Família das SMR e estou muito feliz. Aprofundando esta espiritualidade e tentando vivê-la, sinto a presença amorosa de Maria no meu cotidiano. O que mais me chama atenção neste tempo de pertença ao grupo da ANSD são o cultivo e a perseverança na unidade com os demais Associados/as, a colaboração nas iniciativas de oração, de confraternização e de solidariedade com espírito de reparação”.

Rosilane Ferreira Camargo Grupo local: Maria, Mãe da Graça – Campo Grande - RIO

“Estar na Associação é motivo de muita alegria para mim. Caminhar ao lado das irmãs SMR, é bom demais, é pura graça de Deus. Na ANSD aprendi muito e mudei meu modo de pensar, de falar, de ser. Isto ajuda me ajuda muito na minha missão em família nas visitas aos doentes e levando-lhe a Comunhão, nos Círculos Bíblicos, reza do terço, etc. Esta espiritualidade que nos encontros de formação mariana vamos aprofundando me ajudou a entender o que é a verdadeira liberdade, a caminhar servindo a Jesus no rosto das pessoas necessitadas, assim como Maria também viveu”.

Maria das Graças Grupo local: Maria Mãe da Graça – Campo Grande – RIO

“Celebrando os 90 Anos de vida missionária da Congregação das SMR, partilho com alegria minha gratidão a Deus que, há quase vinte anos, participo da espiritualidade desta Família religiosa como membro da ANSD. Cultivo esta espiritualidade participando dos encontros de oração mariana no primeiro sábado do mês e esta é uma experiência maravilhosa. Também a formação mariana que nos é dada um vez por mês, vai acrescentando alguma coisa a mais em relação ao conhecimento de Maria, como também os retiros, os momentos de confraternização, de espiritualidade, de peregrinação anual a um santuário mariano. Através das irmãs, tivemos ainda a feliz oportunidade de conhecer muita coisa sobre o início da Associação, em Rovigo, Itália”.

Nadir Leal Castro Grupo local: Maria Mãe da Graça – Campo Grande – RIO.

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“Sou muito agradecida a Deus pelos meus quase vinte anos que participo da espiritualidade das SMR. Durante este tempo vivi muitas experiências bonitas, alcancei objetivos, superei dificuldades; em alguns momentos senti que Maria me carregava para perto do seu Filho e Ele me deu forças para ir em frente, especialmente no falecimento do meu marido. Neste momento, a ANSD esteve muito perto e me ajudou com sua presença carinhosa e sua oração. É maravilhoso para mim fazer parte desta grande Família. Sinto todos os dias a presença de Maria em minha vida. Obrigada”.

Iolanda Grupo local: Maria Mãe da Graça – Campo Grande – RIO.

A espiritualidade das SMR me ajuda a viver o amor, o carinho e a dedicação aos mais necessitados. As irmãs SMR têm contribuído muito na formação religiosa e humana do grupo da ANSD e do povo brasileiro. Sua vivência Comunitária é um exemplo de vida e esforço na realização dos desígnios do Senhor. Elas são modelos de simplicidade, humildade e trabalho na comunidade eclesial. Parabéns a todas as Servas de Maria Reparadora pela vida dedicada à missão.

Maria Bernadete e seu esposo Angelo Garbossa Neto ANSD – Curitiba – PR

Fazendo memória dos 90 anos de missão das SMR, nós do grupo Maria discípula da Palavra, nos consideramos fruto do trabalho formativo das Irmãs e hoje nós mesmos já

colaboramos com elas na missão entre os mais necessitados. Lemos e aprofundamos a História de como nasceu a Congregação, também a Espiritualidade Litúrgica de um Nome, o Carisma da Congregação, Estatuto da ANSD. Aos poucos fomos entendendo a vida das irmãs, nos seus hábitos, na sua forma de viver, de dividir com a comunidade a sua vida missionária. E foram chegando e conquistando os nossos corações e mostrando-nos o quanto é importante o seguimento de Jesus, a espiritualidade mariana, nas nossas vidas de família, de

Igreja, de sociedade, de trabalho. Diante de toda essa realidade, com sede de servir, fomos nos envolvendo e gostando, pois fomos preparados a olhar o ser humano e agir diante de suas necessidades. Fomos nos encantando por esse trabalho percebendo que poderíamos crescer e contribuir neste modo de viver o carisma. De fato, crescemos participando de retiros, encontros de formação, criando e estreitando laços, mantendo os mesmos entre as

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pessoas, participando de um momento no Capitulo Provincial, Retiro contemplativo sobre a espiritualidade SMR, criando dentro de nós o sentido de pertença a esta Família religiosa. E sabe de uma coisa? Mesmo que você queira se desligar desse carisma não consegue, pois alguns vão, mais tarde voltam, pois nos encanta nas SMR sua humildade, paciência e generosidade na missão despertando em nós a atitude da fidelidade como associados.

Podemos citar alguns momentos inesquecíveis de ações concretas que realizamos na comunidade: Show de Mágica no Asilo na época de Natal; Dia da criança da comunidade Santa Monica e Vila Nossa Senhora Aparecida; Doações de fralda geriátrica entre outras não menos importantes. O Show de mágica teve a finalidade de arrecadar fundos para colaborar na viagem de um nosso irmão associado que nos representou em Rovigo, Itália, no encontro internacional da Associação.

Grupo Local Maria Discípula da Palavra

Belo Horizonte - MG

Gostaríamos de expressar a nossa alegria como Associados pela celebração de 90 anos de missão SMR e agradecer a Deus pela presença das irmãs na nossa paróquia para dar

assistência às comunidades existentes como também a nós da ANSD, Deus nos presenteou com anjos queridos, as irmãs desta Congregação que fazem um trabalho missionário nunca visto, fazendo crescer o nosso compromisso de cristãos batizados. As sementes plantadas por elas dão muitos frutos. Além do acompanhamento a ANSD, cada uma tem o seu trabalho voltado para o bem da sociedade entre outros vale a pena ressaltar: a Irmã Ana Aparecida como Assistente Social no Projeto de serviço ao Menor; a irmã Ida na Escola de Formação Integral e acompanhamento às comunidades rurais; irmã Neide Bizerra no acompanhamento da Pastoral da Juventude e

outros. Pedimos as luzes do Espírito Santo por estas irmãs para que iluminadas e fortalecidas pelos seus dons continuem sendo apóstolas e evangelizadoras respondendo aos apelos de Jesus "Ide pelo mundo e levai o evangelho a todas as criaturas" (Mc 16,15). Obrigada, Irmãs pelo trabalho sério e gratificante de vocês, fazendo crescer o nosso amor a Deus e ao próximo.

Grupo local: Nossa Senhora da Assunção Caculé - Bahia

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2. Juventudes

"A beleza dos Jovens é o seu vigor" (Pro. 20,29))

No empenho de solidificar a partilha e a vivência do nosso carisma com as juventudes e Pastoral Vocacional, abrindo-nos a novos horizontes que o Espírito nos indica a partir do ardor missionário que as primeiras irmãs nos deixaram como herança, acolhemos como dom alguns testemunhos que iluminam o nosso agir:

A missão que Jesus deu aos seus Discípulos foi “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). É com esta cena evangélica que quisemos dar continuidade à atitude missionária das primeiras Irmãs SMR enviadas ao Acre, meditando sobre a missão da Pastoral da Juventude que hoje estamos realizando por zonais em três paróquias da Diocese de Caetité-Ba. Jesus ensinou aos seus discípulos que para ser verdadeiros, o que implica ser disponíveis e abertos para acolher a todos, sem distinção de raças, religiões e culturas.

O missionário deve ser o primeiro e o grande apaixonado pela Palavra de Deus. Assim, com o seu testemunho de vida anuncia com as palavras e os gestos a mensagem do Evangelho a todos os povos. O zonal de Caculé, Ibiassucê, Ibitira e Rio do Antônio, reuniu cerca de sessenta jovens, que, acolhendo o chamado de Deus, passaram dias diferentes. Saíram do conforto de suas casas para levar a Palavra, ouvir, aconselhar, sentir junto, amar... As experiências ficarão marcadas em cada mente, em cada coração. Jovens que estão dispostos a levar a verdadeira Luz para os que ainda não conhecem o

Cristo. Em um mundo onde cresce a cada dia o número de jovens envolvidos em assassinatos, suicídios, roubos, drogas, tráfico, prostituição... aparece uma juventude que se doa, que está atenta a situação do outro, que é diferente do que o mundo banalizou, que mostra que ser cristão é colocar ação nas palavras, É SER SAL E LUZ!

A proposta desta missão foi evangelizar jovens com um jeito jovem. Claro que o grupo não se dirigiu apenas às pessoas de uma

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determinada faixa etária, mas as famílias de uma forma geral. Infelizmente a maioria da juventude não participou da evangelização, ocupam-se com outras coisas e acabam por se afastar da caminhada religiosa. Todos devem ser missionários em suas atividades diárias, com nosso entusiasmo e

presença, sendo testemunhas do amor de Jesus, o verdadeiro missionário do Pai. Oremos para que possamos perseverar em nossa fé, em nossa vocação, viver o encontro com Jesus Cristo implica necessariamente amor, gratuidade, unidade, fidelidade, perdão e reconciliação. Sejamos testemunhas do Ressuscitado. É para isso que Ele nos envia.

Silvia Castro e Coordenação da PJ

Caculé - BA

Discernimento vocacionalDiscernimento vocacionalDiscernimento vocacionalDiscernimento vocacional O encontro sobre discernimento vocacional foi um fortalecimento para nossas vidas.

Tivemos a oportunidade e experiência de conhecer Deus mais um pouquinho. Cada palavra que foi falada foi direcionada por profetas escolhidos pelo Senhor. A convivência com as Irmãs nos possibilitou conhecer o seu dia a dia. Foi significativo para nós conhecer também outras colegas, e um pouco de história da Congregação Servas de Maria Reparadoras.

Franciele, Ana Maria, Letícia, Smara, Crislaine

Capinzal SC

Foi uma experiência indescritível. Em particular, conhecer melhor a mim mesma e um pouco da história da Congregação. Valeu a pena participar do encontro, conversar com as irmãs e com o grupo de jovens. Acho muito importante e interessante o serviço de doação das irmãs às pessoas que mais precisam. Pude descobrir, ou pelo menos saber um pouco mais sobre a Vida Religiosa, a qual talvez, eu seguirei!

Crislaine Rita Otfinoski Capinzal SC

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No dia 07 de agosto alguns alunos e alunas que participam das comunidades da

pastoral estudantil de Fe y Alegria 65, visitaram a comunidade das irmãs. Foi um momento de convivência breve, porém intenso, no qual algumas alunas expressaram o desejo de tornarem-se Serva de Maria Reparadora, dizendo que “sonham” ser como as irmãs e

seguirem ao Senhor amando, servindo e reparando.

Deste encontro, além das professoras Alina, Marina, Rocio y Jackeline também participou a jovem Cecília, que desde o dia 03/10 está com as irmãs para uma semana de convivência a fim de discernir sua vocação. Alunas que expressaram o desejo de ser SMR. Perseverança. Muuuuuita perseverança!!

Comunidad Nuestra Señora del Carmen Lima - Peru

Cecilia, jovem em discernimento vocacional

Alunos e professoras que participaram do encontro

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No encontro com jovens da PJ Niño Jesus, refletimos sobre a realidade juvenil em geral. A partir da pergunta: O que você JOVEM, mais necessita neste momento de sua vida? Surgiu a seguinte resposta e reflexão:

Necessitamos de momentos silenciosos para encontrar-nos conosco e com Deus! Comovida com esta resposta, pois nunca esperamos que isso saia da boca de um

jovem, convidei para alargarmos mais o tema, para enriquecê-lo e podermos colher melhores frutos disso. Ao alargar a reflexão os jovens disseram:

Sabemos que nossas cidades não oferecem hoje um clima propício para quem deseja buscar um pouco de silêncio e de paz para encontrar-se consigo mesmo e com Deus. É difícil libertar-nos do barulho permanente e do assédio constante de todo tipo de chamadas e de mensagens. Por outro lado, as preocupações, os problemas, as pressas de cada dia nos levam de um lado a outro, sem nos permitir sermos donos de nós mesmos.

Nem se quer em nossas casas, cenário de múltiplas tensões, invadidas pela televisão e internet, é fácil encontrar o sossego e o recolhimento indispensáveis para descansar em Deus.

É nestes momentos que necessitamos, mais do que nunca, de lugares de silêncio, de recolhimento e oração, e ao invés disso,nós abandonamos nossas igrejas e só vamos a ela “massivamente”, para a eucaristia aos domingos, e olha lá!

Esquecemos de frear, de interromper por uns minutos nossas pressas, de deixar por uns momentos nossas tensões e deixar-nos penetrar pelo silêncio e a calma de um ambiente sagrado. Muitos jovens se surpreenderiam ao descobrir que, com frequência, basta parar e estar em silêncio por um momento para aquietar o espírito e recuperar a serenidade e a paz, entrando em contato conosco mesmos para recuperar nossa liberdade e resgatar nossa energia interior.

Sem esse silêncio interior não se pode escutar a nós mesmos e a Deus, reconhecer sua presença em nossa vida e crescer desde dentro como jovens de fé.

Irmã Marlene Matos

Lima Peru

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3. Colaboradores em nossas Obras e Missão “Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de sólida formação doutrinal,

pastoral, espiritual e adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do Reino, no âmbito da vida social, econômica, política e cultural” (DA 212).

Reconhecemos o valor da presença do leigo/a na vivência do nosso carisma e na prática da missão, pois eles e elas nos ajudam dar continuidade à obra evangelizadora iniciada por Madre Elisa na Igreja e na sociedade. Destacamos alguns testemunhos:

Escrever este artigo é uma alegria e um desafio. Uma alegria, pois a experiência que

vivenciamos sobre os servos e servas de Maria é ímpar. Um desafio, porque após o panorama histórico e a participação no Congresso da Rede Internacional das Escolas Servitas (ISSN), só aumenta a responsabilidade, pois viver a Identidade Mariana nas instituições educacionais, implica viver intensamente a verdadeira opção pela vida. Vida em abundância. Um começo... Monte Senario, local de origem dos Servos, comunidade acolhedora onde tivemos momentos de reflexão e silêncio que teve seu ápice em uma ceia lembrando o nosso compromisso com o próximo.

Caminhamos... e chegamos a Vidor, a casa de origem das Servas de Maria Reparadoras, o início de um grupo de mulheres que há 111 anos são guiadas pelo propósito de amar, servir e reparar.

Aglugliaro e a casa de Madre Elisa? Maravilhoso e emocionante, por sinal EMOCIONANTE é a palavra que marca a nossa chegada a Adria, a Escola Materna de Madre Elisa, lugar lindo e alegre, afinal território infantil, não poderia ser diferente!

Frente a frente com o túmulo de Madre Elisa Andreoli, o que falar e o que fazer? Oramos juntas por uma sociedade mais fraterna e pedimos perseverança na nossa caminhada educativa. Em Rovigo participamos do encontro da INIFASI, Celebração Eucarística e confraternização com a presença de autoridades religiosas e políticas da cidade.

No dia seguinte, chegamos a Misano Adriático, no Istituto San Pellegrino, para participarmos do Congresso da Rede Internacional das Escolas Servitas, com o tema: Maria opção pelos pobres. Com a presença de países de todos os continentes, com idiomas diferentes, mas um desafio comum: viver o carisma servita nos diferentes contextos mundiais, tendo como exemplo de Maria, a serva do Senhor! Começávamos o dia com a Celebração Eucarística e após o café da manhã tínhamos as Conferências com os temas: Identidade Mariana, onde foi ressaltado que não é possível falar de identidade mariana sem falar em identidade humana; Maria e a opção pelos pobres, onde refletimos sobre a necessidade das escolas terem sua missão, visão e valores e que não falte generosidade e serviço; Quem é Maria de Nazaré? A mulher que viveu intensamente as experiências de viver Cristo e compartilhou com os outros; por fim Maria na história da Salvação, a

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participação de Maria na coletividade, nas lutas diárias, em oração com os apóstolos e com todos nós.

Aconteceu também trabalhos em grupos divididos por idiomas, apresentação das realidades e projetos das escolas, inclusive do Brasil, representado pelas escolas de Santa Catarina, Rio de Janeiro e Acre.

Concluímos os nossos trabalhos elegendo a nova equipe do Conselho que consta de duas brasileiras: Ir. Maria Carmen Andrioni e Jorgete Corrêa Lima Miguez. Fica o desafio: como podemos unir os ideais de escolas de contextos diferentes? Como ser fiel à Identidade que nos une? A Identidade Mariana. Seguir os propósitos e o desafio de seguir a Cristo como Maria, construir projetos em conjunto, termos um elo de comunicação, acolher a diversidade cultural e estarmos sempre prontos a superar desafios.

Maria das Graças Almeida Diretora Pedagógica do Colégio Nossa Senhora do Rosário

Seguindo a missão de Madre Elisa Andreoli que há 111 anos fundou a Congregação das Servas de Maria Reparadoras, acreditamos que o convívio diário com crianças, adolescentes, jovens, educadores e Irmãs continuam, de forma significativa, a colaborar na nossa

formação ética e profissional, fazendo com que possamos contribuir na construção de uma sociedade mais humanitária, imbuída nos valores de um ser solidário, consciente de sua cidadania e de justiça. Nós, educadoras, comprometidas e crentes na missão que norteia a Congregação, nos sentimos privilegiadas de fazer parte da família Rosariana, onde as Irmãs dão exemplos da missão social da Mulher em partilhar conosco o amor, a

espiritualidade e a construção do saber. Tantas trocas de experiências pontilhadas de emoções continuam nos deixando

marcas carinhosas de serem vividas e eternamente lembradas. Agradecemos, primeiramente a Deus e a todas as Irmãs, algumas que, embora por

um momento breve, outras, por um tempo maior, de certa forma nos alicerçaram para colaborarmos na transformação de um mundo mais fraterno, pautado nos valores humanos e cristãos.

Cátia Lage do Nascimento

Coordenadora Pedagógica

Marília Teixeira Quinhões Supervisora Pedagógica

Colégio Nossa Senhora do Rosário- Rio de Janeiro

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Falar de minha relação com a Congregação das Servas de

Maria e o Colégio Rosário não é algo muito difícil, mas também não tão fácil assim. É uma relação que se mistura com minha história profissional, quando aqui comecei a entender sobre os primeiros passos na ação de educar e educar com qualidade.

Sempre assessorada por profissionais competentes, tive todo o respaldo que uma iniciante precisa para tornar-se firme naquilo que, anos mais tarde, seria verdade absoluta para mim. VERDADE no sentido amplo e terno da palavra.

A Congregação, que tem proposta clara de promover educação com base nos preceitos do Evangelho, auxilia aqueles que dela fazem parte, com um toque especial, traduzido nas palavras de Maria.

Maria foi mãe; eu também sou. Por intuição, a gente vai aprendendo a cuidar dos nossos pequenos educandos como se fossem fruto de nossa gestação: sofremos com sua dor, suas lágrimas, sua saudade.

Hoje, vinte e cinco anos depois de ter a oportunidade de conviver e conhecer as entranhas dessa maravilhosa história de amor e resignação, sinto-me uma profissional completa, plena, madura.

Ao Colégio Nossa Senhora do Rosário e à Congregação daa Servas de Maria Reparadoras, só tenho a agradecer por terem ajudado a escrever parte da minha história, enquanto as Irmãs, atendendo ao chamamento, escreviam as suas: na área da Educação, na Saúde ou Inserção.

Eliane Pereira da Silva

Professora no Colégio N. Srª do Rosário desde 1987

A presença da Congregação das Servas de Maria Reparadoras no Brasil,

especialmente em Santa Catarina/São José, contribuiu para o aprendizado de muitas gerações e, consequentemente, para o crescimento da região de Barreiros, São José. Havia dois lugares que poderiam ser escolhidos para a criação do Colégio e as irmãs optaram por Barreiros, uma região com poucos recursos, necessitando de uma boa escola. Essa opção reflete o pensamento de madre Elisa Andreoli: “Meu desejo é fazer que Jesus se torne amado e conhecido por muitos corações”. Ir para onde havia mais necessidade era um desejo de Madre Elisa e que era seguido pelas irmãs da Congregação.

Hoje, o Colégio é uma referência em termos de qualidade de ensino, evangelização e transmissão de valores.

Em 1987, passei a fazer parte da família Elisa Andreoli. A diretora Irmã Firmina depositou toda confiança em meu trabalho, deixando-me livre para agir. Já são 24 anos de muito aprendizado, muitas experiências e grandes lembranças. Lembranças de alunos,

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colegas de profissão, pais, pessoas que contribuíram para o meu crescimento, tanto pessoal quanto profissional.

Madre Elisa dizia para suas irmãs de Congregação: “Em tudo amar, servir e reparar.” Procuro vivenciar essa frase todos os momentos da minha vida, pois tudo que é feito com amor a serviço dos demais, buscando a reparação, se torna prazeroso e gratificante.

Lidia Márcia Alves Velleda Rodrigues Profª do Colégio Elisa Andreoli

A Congregação das Irmãs Servas de Maria Reparadoras perpassa pela presença viva e

vivência de valores que contribuem para a melhoria do ser humano no âmbito geral. Existentes há 90 anos no Brasil fazem a diferença pelo engajamento nas áreas de educação, saúde, formação de jovens, projetos sociais e missões. Trilham caminhos, vencem obstáculos, transmitem a mensagem do Evangelho pautada no seu legado espiritual e educacional, em tudo: Amar, Servir e Reparar de forma incondicional. Frente a este panorama, eu posso dizer, com satisfação que faço parte desta caminhada. É muito gratificante poder contribuir para que estes ensinamentos possam proliferar e frutificar cada vez mais por nosso Brasil, especialmente no Colégio Elisa Andreoli, onde leciono há 06 anos.

Imbuídos do carisma das Servas de Maria Reparadoras, semeamos com amor e carinho todo o ensinamento repassado. A missão destes 90 anos faz diferença no Elisa Andreoli, pois os educandos e educadores têm os ensinamentos de Maria como luz na caminhada.

É com imensa alegria que a minha trajetória profissional é enriquecida com as experiências adquiridas nesta família, que transforma o amor em serviço e repara o que necessita ser modificado acerca dos ensinamentos de Jesus e Maria.

É tempo de comemorar, de revitalizar e fortalecer os valores que dão sustentação a toda esta missão. O caminho está aberto e os peregrinos estão apostos, os desafios lançados e os frutos idealizados. Com Maria chegaremos num tempo de colheita.

Um tempo que não cessa, um tempo de testemunhar os ensinamentos e ser presença viva nos mais diferentes lugares que as Servas de Maria estão presentes.

“O bom Deus cuida de nós com carinho especial” (Madre Elisa Andreoli)

Josiane Goulart

Profª do Colégio Elisa Andreoli

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A PRESENÇAA PRESENÇAA PRESENÇAA PRESENÇA DAS SERVAS DE MARIA DAS SERVAS DE MARIA DAS SERVAS DE MARIA DAS SERVAS DE MARIA REPARADORAS REPARADORAS REPARADORAS REPARADORAS NA MINHA NA MINHA NA MINHA NA MINHA

VIDA E NA COMUNIDADEVIDA E NA COMUNIDADEVIDA E NA COMUNIDADEVIDA E NA COMUNIDADE DE BARREIROS DE BARREIROS DE BARREIROS DE BARREIROS

A presença da CSMR na minha vida começou em 1976, quando fui matriculado na turma do jardim I e estudei até concluir o Ensino Fundamental (8ª série) em 1985.

Esses anos foram fundamentais para o resto de minha vida, pois aprendi valores não só acadêmicos, mas também cristãos pautados no carisma da Congregação: a reparação.

Nesse período a participação da Congregação na comunidade de Barreiros também foi importantíssima, pois desenvolvia programas de cunho social e evangelizador. Programas esses que continuam até os dias de hoje.

Barreiros é um dos bairros mais prósperos da grande Florianópolis e isso se deve com certeza à presença da Congregação das Servas de Maria Reparadoras. Desde agosto de 1990 leciono a disciplina de Matemática no Colégio Elisa Andreoli e posso afirmar, com grande orgulho, que faço parte dessa linda história de amor e dedicação. História essa que vai continuar, pois todos que estudam ou estudaram no ”Elisa” levam consigo a marca da Congregação.

Alexandre Socas (40 anos) Professor de Matemática do Colégio Elisa Andreoli.

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4. Agradecimento

Dou-te graças, ó Deus, pelos 90 Anos de Missão e por tudo o que nos presenteaste

ao longo destes anos de abertura e generosidade da nossa fundadora, Madre Elisa Andreoli, que, através de cada irmã, continua doando a vida e compartilhando-a com tantos irmãos e irmãs, a exemplo de Maria, Mãe e discípula do teu Filho.

Dou-te graças por podermos perceber, na nossa história de missão, a dinamicidade do Amor que circula e projeta-nos para o novo que persiste de geração em geração na diversidade de Países e cultura diferentes.

Graças, Senhor, por continuares chamando a cada irmã para abrir-se à experiência do Amor trinitário, nas diferentes situações da vida e missão.

Graças, Senhor, pelo caminho percorrido entre luzes e sombras e pelas respostas ao teu chamado, nas múltiplas formas de serviço, gerando vida e vida em abundância (Cf. Jo 10,10).

Dou-te graças, ó Deus, por estes anos dos quais, 64 foram vividos com gratiudade através do serviço e dedicação de muitas Irmãs ao Hospital Nossa Senhora das Dores. Nele, nós acolhemos muitas vidas, às quais defino como a primavera que embeleza o planeta; muitas vidas recuperadas; tantas outras assistidas e orientadas para o encontro definitivo com o Pai que acolhe seus filhos e filhas na sua infinita misericórdia.

Ó Deus, Bondade infinita, como é gratificante olhar para nossa missão que, perante tantos desafios, sentimos tua fidelidade. Na tua graça, Senhor, construímos nossa história qual colcha de retalho, costurada na diversidade de cores, através de tantas Irmãs que por aqui passaram deixando parte de suas vidas, compartilhando e semeado alegrias, vitórias, e, sobretudo, responsabilizando-se com teu Projeto de vida abundante para todos.

Graças, Senhor, por nos sustentares na caminhada dando-nos coragem e lucidez. Amém!

Irmã M. Helena da Silva Cunha

OOOObrigada, Senhor, por tudo e para sempre!

Fazendo memória dos 90 Anos em terras brasileiras agradeço a fidelidade de Deus que não abandona nenhum filho, nenhuma filha jamais.

Ouço Madre Elisa Andreoli dizer com a confiança inabalável em Deus que sempre viveu: «Coragem e avante»! Há caminhos novos a percorrer. Esta herança perdura através dos tempos.

Bendito e louvado Deus será para sempre em cada SMR e toda a Família Servita que fazemos parte.

OOOObrigada, Senhor, pelas irmãs e irmãos de caminhada que partilham a mesma

gratidão por tantos sonhos realizados juntos! O que é marcante é a busca inquieta da vontade de Deus e, Ele nos lança sempre mais além.

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Com certeza, as irmãs que nos precederam no encontro definitivo com Deus intercedem por nós e por todas que no futuro serão SMR continuando a história.

DDDDou-te graças, Senhor, de maneira especial, por todas as pessoas com quem nos

relacionamos. O mistério divino se desvela e lança a novos horizontes.

* Madre Elisa indica a proclamação do Magnificat para agradecer a Deus.

MMMMagnificat pela coragem de ouvir e acolher a Palavra de Deus.

MMMMagnificat por reconhecer o rosto de Deus nos irmãos e irmãs mais vulneráveis e

esquecidos à margem....

MMMMagnificat pela audácia de madre Elisa que nos estimula a nos lançar a novos

horizontes.

MMMMagnificat pela busca em criar relações que constroem e harmonizam o ser

pessoa.

MMMMagnificat pelo cuidado com a vida que se manifesta em toda a criação.

MMMMagnificat pela atitude de doação que animou as primeiras irmãs missionárias.

MMMMagnificat pelo chamado a sermos discípulas de Jesus Cristo, inspirando-nos em

Santa Maria!

Comunidade Maria Mãe da Vida Campo Grande – Rio de Janeiro RJ

Magnificat Magnificat Magnificat Magnificat Magnificat Magnificat Magnificat

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S U M Á R I OS U M Á R I OS U M Á R I OS U M Á R I O

Um carisma a serviço da missão da Igreja....................................................................... 02

Testemunhos de vida missionária.................................................................................... 04

Louvo e agradeço a Deus Pai........................................................................................... 06

Experiência missionária................................................................................................... 11

Na Aquarela dos 90 anos.................................................................................................. 12

90 Anos de Sabedoria e Luz............................................................................................. 14

Extensão do Carisma e da Missão entre os leigos............................................................ 15

Juventudes........................................................................................................................ 19

Discernimento Vocacional............................................................................................... 20

Colaboradores em nossas Obras e Missão....................................................................... 23

A presença das SMR na minha vida................................................................................ 27

Agradecimentos................................................................................................................ 28