Convocatória e Programação Espaço Paralelo

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Divulgamos aqui a carta e a programação do Espaço Paralelo ao CONEB da UNE que se realizará dia 15 de janeiro na Universidade Federal Fluminense, construído por coletivos e entidades que buscam, diante das enormes limitações organizativas e políticas do CONEB da UNE, manter o propósito de discutir de fato o Movimento Estudantil e seus desafios. Fica também o convite para que mais estudantes, grupos e entidades se somem nessa construção. Outras informações e adesões divulgaremos em breve. Libertar as palavras de seus chavões e construir uma nova práxis para o Movimento Estudantil brasileiro! “A constante fundamental, é meu profundo descontentamento com nossa universidade tal qual é. Descontentamento com sua conivência com as forças responsáveis pela dependência e o atraso da América Latina. Descontentamento com a mediocridade de seu desempenho cultural e científico. E descontentamento com sua irresponsabilidade frente aos problemas dos povos que a mantêm.” Darcy Ribeiro Nas primeiras semanas de janeiro grande parte do Movimento Estudantil se encontrará no CONEB da UNE. Porém, poucas vezes a proximidade de um evento nacional do ME foi encarado com tanta indiferença. Não estamos nos referindo somente ao atraso na confirmação do cronograma, dos locais do congresso, do alojamento, dos nomes que comporão as mesas de debate, ou seja, da já institucionalizada “desorganização organizada” do evento. A indiferença neste ano é muito mais significativa. Cientes de que nada de importante ocorrerá no calor da capital fluminense, a maioria dos coletivos e partidos organizam suas bases para, no máximo, “medirem forças” até o próximo Congresso da UNE, onde são eleitos os diretores da entidade pelos próximos dois anos. Assim, o cenário mais se parece com um campo de batalha onde os exércitos apresentam suas tropas, intimidam e medem o poderio de seus adversários, para logo se retirarem até o combate decisivo a ocorrer no CONUNE de 2011. Nenhum debate de fôlego, nenhuma resolução que expresse as lutas estudantis do último ano. Contra tal situação, os setores críticos à atual direção majoritária da entidade utilizam o espaço para vociferar contra o aparelhamento da UJS e sua política subordinada às decisões do governo. De fato, a juventude do PCdoB tem utilizado a entidade que deveria ser “dos estudantes brasileiros” para fortalecer sua política de apoio ao governo Lula. Todavia, o que nossas críticas muitas vezes ocultam é que a UJS faz isso porque consegue levar o maior número de delegados para os congressos. E isto ocorre há mais ou menos duas décadas! Como pode a esquerda do ME limitar sua ação na mesma crítica por tanto tempo? Por que temos sidos incapazes de alterar esse quadro que tanto criticamos?

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Convocação para atividade paralela ao Coneb da UNE, no dia 15/01

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Page 1: Convocatória e Programação Espaço Paralelo

Divulgamos aqui a carta e a programação do Espaço Paralelo ao CONEB da

UNE que se realizará dia 15 de janeiro na Universidade Federal Fluminense, construído

por coletivos e entidades que buscam, diante das enormes limitações organizativas e

políticas do CONEB da UNE, manter o propósito de discutir de fato o Movimento

Estudantil e seus desafios.

Fica também o convite para que mais estudantes, grupos e entidades se somem

nessa construção.

Outras informações e adesões divulgaremos em breve.

Libertar as palavras de seus chavões e construir uma nova práxis para o Movimento

Estudantil brasileiro!

“A constante fundamental, é meu profundo descontentamento com nossa universidade

tal qual é. Descontentamento com sua conivência com as forças responsáveis pela

dependência e o atraso da América Latina. Descontentamento com a mediocridade de

seu desempenho cultural e científico. E descontentamento com sua

irresponsabilidade frente aos problemas dos povos que a mantêm.”

Darcy Ribeiro

Nas primeiras semanas de janeiro grande parte do Movimento Estudantil se

encontrará no CONEB da UNE. Porém, poucas vezes a proximidade de um evento

nacional do ME foi encarado com tanta indiferença. Não estamos nos referindo somente

ao atraso na confirmação do cronograma, dos locais do congresso, do alojamento, dos

nomes que comporão as mesas de debate, ou seja, da já institucionalizada

“desorganização organizada” do evento.

A indiferença neste ano é muito mais significativa. Cientes de que nada de

importante ocorrerá no calor da capital fluminense, a maioria dos coletivos e partidos

organizam suas bases para, no máximo, “medirem forças” até o próximo Congresso da

UNE, onde são eleitos os diretores da entidade pelos próximos dois anos. Assim, o

cenário mais se parece com um campo de batalha onde os exércitos apresentam suas

tropas, intimidam e medem o poderio de seus adversários, para logo se retirarem até o

combate decisivo a ocorrer no CONUNE de 2011. Nenhum debate de fôlego, nenhuma

resolução que expresse as lutas estudantis do último ano.

Contra tal situação, os setores críticos à atual direção majoritária da entidade

utilizam o espaço para vociferar contra o aparelhamento da UJS e sua política

subordinada às decisões do governo. De fato, a juventude do PCdoB tem utilizado a

entidade que deveria ser “dos estudantes brasileiros” para fortalecer sua política de

apoio ao governo Lula. Todavia, o que nossas críticas muitas vezes ocultam é que a UJS

faz isso porque consegue levar o maior número de delegados para os congressos. E isto

ocorre há mais ou menos duas décadas! Como pode a esquerda do ME limitar sua ação

na mesma crítica por tanto tempo? Por que temos sidos incapazes de alterar esse quadro

que tanto criticamos?

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Ao tentar responder esses questionamentos é que começam a se revelar nossas

limitações. Os diversos setores que compõem a Oposição de Esquerda (OE)

compartilham uma característica comum: a apreciação de que o centro dos problemas

do ME nacional se deve ao governismo e burocratização da UNE. Reduz-se, assim, o

debate a uma infantil tautologia: o problema é o governismo e a burocratização da UNE

promovida pela sua Direção Majoritária, e esta direção é majoritária porque é governista

e burocrática! Se queremos realmente mudar este quadro deveríamos nos perguntar: por

que a esquerda há 20 anos não consegue derrotar uma gestão governista e burocrática?

“Não sei se me entende, mas o que eu digo é que a maioria que ficasse nesse lugar

faria o mesmo, e quando tem uma oportunidade o faz mesmo.”

Bnegão - Nova Visão

A incapacidade de responder a tal pergunta decorre da prática dos

partidos/coletivos da OE. Alguns, maiores, buscam aumentar seu quórum de delegados

visando aumentar seus cargos na direção da UNE. Ao assumirem o cargo, estas

organizações utilizam-no para autoperpetuação, “esquecendo-se” de fortalecer a

Oposição de Esquerda e, principalmente, abrindo mão da construção de uma prática

política alternativa ao que anteriormente criticavam. Por outro lado, os coletivos

menores utilizam o espaço da OE como ambiente de sobrevivência. Contando, via de

regra, com baixíssimo – ou nenhum – respaldo na base do ME, fazem uso do

denuncismo para cooptar e formar novos quadros, reproduzindo-se assim em sua

pequenez.

No limite, a crítica, elemento indispensável à uma prática transformadora,

esteriliza-se por sua existência alienada - quando não passa de mera retórica - e termina

por aparecer quase como uma concessão da Direção Majoritária à oposição, pois aquela

sabe que pouco é afetada por esta em sua hegemonia. A esquerda “lava a alma” na

crítica e se encerra nela; a UJS governa com tranqüilidade, “intacta” pelas acusações

inofensivas. Ao fim, todos concorrem para manter a situação do ME nacional em que

nos encontramos hoje.

Diante de tudo isso, passa por alto a tão pregada e esquecida auto-crítica entre

nós. Uma apreciação sincera comprovaria que, em grande medida, acabamos por

reproduzir nas próprias entidades de base em que atuamos, algumas das práticas que

mais criticamos: partidarização, aparelhamento, autoconstrução, burocratização e

afastamento da base. Quantas das nossas intervenções não são mais do que a posição da

“organização dirigente” coberta com o envoltório legitimador da “entidade de base”?

Em quantas entidades construímos realmente gestões onde cada ação é expressão de um

trabalho de massas?

O verdadeiro problema do ME brasileiro não está na direção burocrática e

adesista da UNE, mas na inexistência de uma práxis política capaz de derrotá-la e

superá-la! Em nenhum momento negamos a existência de condições objetivas que

limitam a ascensão de um movimento estudantil de massas. Mas são justamente os

períodos de refluxo os mais privilegiados para a reflexão sobre nossa militância, e este é

o momento! Se quisermos que nossos discursos se façam realmente ouvir e não se

apaguem em meio às resmas de panfletos que circulam cotidianamente nas

universidades, é urgente libertar as palavras dos chavões a que têm sido aprisionadas

no Movimento Estudantil e dar um significado real ao que defendemos! Os

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termos democracia, horizontalidade, radicalidade, criatividade, etc., devemos adjetivá-

los com experiências concretas de superação e congregá-los no esforço de construção

uma nova práxis para o Movimento estudantil brasileiro. Já são várias as entidades e

organizações no país erguem a bandeira de uma nova cultura política, de uma nova

práxis política, de um novo jeito de fazer política, todas com contribuições importantes

mas que, no isolamento, pouca força têm para alterar o cenário nacional.

O Coletivos e entidades que assinam esta carta, seguros de que esta reflexão

é decisiva para o futuro do Movimento Estudantil brasileiro nos próximos

períodos, convocam a todos os estudantes, entidades e organizações presentes no

13º CONEB da UNE no Rio de Janeiro a construir no sábado, 15 de janeiro, um

espaço autônomo e paralelo de reflexão e discussão sobre o tema. É o momento de

somarmos forças, unirmos experiências e radicalizarmos na construção de uma nova

práxis política para a esquerda brasileira. Ou inventamos, ou estamos perdidos.

Coletivo 21 de Junho

Coletivo Levante

DCE-UFF

Camila Sousa – militante independente – UFU

Espaço Paralelo

“A necessidade e os desafios de uma nova práxis política no

Movimento Estudantil"

15/01/2011 no DCE da UFF

Programação

9 h – 12 h – local: Auditório do ICHF, segundo andar do Bloco O do Campus do

Gragoatá da UFF

Mesa inicial sobre a Conjuntura: Debatedores:

Nildo Ouriques – UFSC

Chico Alencar

Carlos Walter Porto Gonçalves – UFF

12 h – 13:30 h

Almoço

13:30 h – 14:30 h – local: Auditório do ICHF, segundo andar do Bloco O do Campus

do Gragoatá da UFF

Oficina “Não aos Leilões do Nosso Petróleo e Gás” SINDIPETRO

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14:30 h – 18 h – local: Auditório do ICHF, segundo andar do Bloco O do Campus do

Gragoatá da UFF

Plenária “A necessidade e os desafios de uma nova práxis política no ME"

19:30 h – 21:30 h – Campo do Morro do Estado – Centro de Niterói

Cine Clube “Direitos Humanos e a Criminalização Pobreza”

Exibição do Filme Entre Muros e Favelas Debatedores:

Deputado Estadual Marcelo Freixo

MC Leonardo - APAFUNK

22:30 h – Campo do Morro do Estado – Centro de Niterói

Festa com a APAFUNK – Roda de Funk com MC’s e DJ’s